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2 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 RAIO X - DPE/PE AVISO IMPORTANTE Este material está protegido por direitos autorais (Lei nº 9.610/98), sendo vedada a reprodução, distribuição ou comercialização de qualquer informação ou conteúdo dele obtido, em qualquer hipótese, sem a autorização expressa de seus idealizadores. O compartilhamento, a título gratuito ou oneroso, leva à responsabilização civil e criminal dos envolvidos. Todos os direitos estão reservados. Além da proteção legal, este arquivo possui um sistema GTH anti- temper baseado em linhas de identificação criadas a partir do CPF do usuário, gerando um código-fonte que funciona como a identidade digital oculta do arquivo. O código-fonte tem mecanismo autônomo de segurança e proteção contra descriptografia, independentemente da conversão do arquivo de PDF para os formatos doc, odt, txt entre outros. 3 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 RAIO- X DO EDITAL DPE/PE1 Prezados alunos e futuros Defensores e Defensoras Públicas de Pernambuco, É com muita alegria e entusiasmo que a família ciclos vem desejar as boas-vindas ao nosso curso CICLOS DE REVISÃO DPE-PE! O Raio-X tem por objetivo montar um estudo estratégico e analítico dos pontos do edital, dando ênfase a matérias mais recorrentes nos concursos da DPE e demais certames da nossa banca CESPE, filtrando aquilo que merece um estudo mais conciso e mais voltado para a leitura da letra da lei. Neste momento inicial, o raio-x NÃO precisa ser lido na íntegra. Na verdade, ele serve para orientar o nosso estudo dia-a-dia, devendo ser lido gradativamente, sobre os pontos que forem surgindo no cronograma de vocês. O estudo para concurso público é formado por três pilares: Foco, Determinação e Estratégia. Os dois primeiros, não tenho dúvidas de que vocês já possuem! Mas, tão importante quanto ter determinação e foco nos estudos, é saber o que estudar com mais vigor e o que pode ser negligenciado sem tanto risco. Lógico que o ideal é dominar tudo e tudo muito bem, mas, como seres humanos, limitados que somos, precisamos saber na hora “H” o que pode ser sacrificado (leia-se menos explorado)!! Estratégia é a chave do sucesso! O erro mais comum quando nos deparamos com um edital dessa magnitude é querer batê-lo de ponta a ponta de maneira homogênea, dando a mesma importância a pontos de extremo relevo, como “Responsabilidade Civil do Estado”, e a outros com menor densidade de informações e indicação para cobrança na primeira fase, como “Fontes do Direito Penal. Conceito. Fontes formais e fontes materiais”. O resultado disso: um estudo corrido, sem oportunidade para revisão, pouco consolidado e ineficiente. Portanto, use este raio-x como seu companheiro diário de estudos, um verdadeiro manual que te dá o norte e o rumo estratégico de todos os pontos do edital. O Raio-X do Edital é organizado por legendas: 1 É importante destacar que, conforme informado na publicidade do curso, este arquivo trata-se de uma adaptação do RAIO X da turma DPE AL, com atualização e acréscimos pontuais e a inserção de matérias e temas exclusivos do Edital DPE-PE. Adaptações e novas inserções por Juliane Andrade. 4 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Os “assuntos diferentes”, apelidados de “pontos espinhosos”, estão destacados na cor rosa. Traremos algumas dicas especiais para ajudá-los a entender alguns desses assuntos, sobretudo aqueles que não são facilmente encontrados na doutrina, e indicaremos onde vocês poderão estudá-los. O grife azul indica os temas de maior relevância e que devem receber maior atenção no estudo, tanto na distribuição do tema no controle de blocos, como na hora de decidir o que sacrificar durante a execução do cronograma. Essa seleção é feita com base em um estudo da banca e das provas anteriores. Selecionamos em verde aqueles pontos em que é necessário um menor aprofundamento doutrinário, pois o domínio da letra da lei, junto com a leitura dos informativos e súmulas, tem mais probabilidade de ser cobrado na primeira fase do certame. Por fim, é importante acrescentar que poderá haver a combinação dessas marcações, ou seja, se um assunto for muito relevante e o seu estudo deva ser realizado prioritariamente na letra da lei, informativos e súmulas, sua marcação ficará assim: ponto exemplo. Vamos às matérias! 5 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Sumário DIREITO CIVIL ............................................................................................................................. 6 PONTOS DO EDITAL .................................................................................................................... 7 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ...................................................................................................... 49 DIREITO INSTITUCIONAL ........................................................................................................... 74 DIREITO PENAL ........................................................................................................................ 94 EXECUÇÃO PENAL................................................................................................................... 174 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ................................................................................................. 196 DIREITO PROCESSUAL PENAL .................................................................................................. 215 DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................................... 277 DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................................................... 311 DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE ................................................................................. 340 DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................................................... 364 DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................... 419 DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................. 444 DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................. 410 DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................................. 434 6 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 DIREITO CIVIL2 Análise geral = Questões X Temas X Formas de cobrança LINDB, Princípios, Bens, Negócio Jurídico, Prova Pessoas (natural e jurídica) Atos ilícitos e Responsabilidade civil Prescrição e Decadência Obrigações Contratos Propriedade e Posse Direito das coisas (outros temas) Casamento e União Estável Alimentos Família e Sucessões (outros temas) Legenda: Lei Seca Doutrina Jurisprudência 2 Por Marcelo Pimentel. Este material foi elaborado com base nas FUCS de Civil, no Manual de Direito Civil do Pablo Stolze, no Manual de Direito das Famílias de Maria Berenice Dias, bem como através de pesquisa no sítio eletrônico do Dizer o Direito. 7 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Fala, galera! Tudo bem? Como está a animação? A leitura da letra dos dispositivos legais já vai lhe ajudar bastante nessa trajetória, tendo em vista que, em análise de provas anteriores (Defensorias, Cespe, a partir de 2012), vários temas exigem, tão somente, o conhecimento da letra da lei (contratos,obrigações, LINDB e várias questões de prescrição e decadência). Informativos também ganham peso nesta prova. Então, vamos ficar ligados nos julgados e súmulas dos tribunais superiores para garantir essa aprovação. #AJUDAMARCINHO #CHUVADEJURISPRUDÊNCIA. Ótimos estudos, e que a força esteja com vocês! PONTOS DO EDITAL 1 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. 1.1 VIGÊNCIA, APLICAÇÃO, OBRIGATORIEDADE, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS LEIS. 1.2 APLICAÇÃO DAS LEIS NO TEMPO. 1.3 APLICAÇÃO DAS LEIS NO ESPAÇO. LINDB, Princípios, Bens, Negócio Jurídico, Prova 11% Pessoas (natural e jurídica) 9% Atos ilícitos e Responsabilidade civil 11% Prescrição e Decadência 11% Obrigações 9% Contratos 10% Propriedade e Posse 10% Direito das coisas (outros temas) 2% Casamento e União Estável 13% Alimentos 6% Família e Sucessões (outros temas) 8% DIREITO CIVIL 8 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 CONCEITOS IMPORTANTES DA LINDB Existência e vigência são conceitos distintos. Por exemplo, durante a vacatio legis, a lei existe, mas não vige. Via de regra, a lei entra em vigor 45 dias após a publicação. No entanto, pode-se estabelecer prazo diverso. Nos estados estrangeiros, a lei brasileira entra em vigor três meses após a publicação. Se, durante a vacatio, ocorrer nova publicação do texto da lei, o prazo para sua vigência será reiniciado. A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies. (a) ab-rogação: é a revogação total da lei. (b) derrogação: é a revogação parcial da lei. Repristinação: é o restabelecimento dos efeitos de uma lei que foi revogada pela revogação da lei revogadora. Só é admitida de forma expressa. #OLHAOGANCHO: Não confundir com o efeito repristinatório tácito das medidas cautelares em Ação Direta de Inconstitucionalidade (art. 11, § 2º da Lei 9.868/99)3 Princípio da Obrigatoriedade Relativa/Mitigada: a presunção de conhecimento da lei não é absoluta, uma vez que existem situações excepcionais expressamente previstas em lei em que se admite a alegação de erro de direito. Analogia: Por meio da analogia, compara-se uma determinada hipótese, não prevista em lei, com outra, já contemplada em lei. O seu fundamento é a igualdade jurídica. Lembre-se que a analogia não é forma de interpretação, mas de integração da lei (ou seja, somente se aplica em caso de lacuna). A analogia pode ter duas formas: (a) analogia legis: comparação de um caso não previsto com outro já previsto em lei. (b) analogia iuris: o juiz preenche a lacuna com a comparação do caso com o sistema como um todo. Dessa forma, compara-se a situação não prevista em lei com os valores do sistema e não com um dispositivo legal. #SELIGANADIFERENÇA ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA Rompe-se com os limites do que está previsto na norma (legislação) Apenas amplia-se o sentido da norma, havendo a subsunção (conhecimento) 3 § 2º A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. 9 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE SOLUÇÃO DOS CHOQUES ENTRE NORMAS Antinomia Aparente: Aquela que pode ser resolvida pelos critérios da especialidade, hierarquia e cronológico. Antinomia Real: quando não há na lei critério para a solução do conflito. ANTINOMIAS DE 2º GRAU: (a) Norma especial e anterior X norma geral posterior (especialidade x cronológico): Prevalece a primeira, em razão da especialidade. (b) Norma superior anterior X norma inferior posterior (hierárquico x cronológico): Prevalece a primeira, pela hierarquia. (c) Norma geral superior X norma especial inferior (hierárquico x especialidade): Não há uma metarregra geral de solução aqui, sendo esta, portanto, uma antinomia real, segundo Maria Helena Diniz, podendo-se preferir para a solução do conflito qualquer um dos critérios. Todavia, para Bobbio, deve prevalecer a lei superior. 2 PESSOAS NATURAIS. 2.1 CONCEITO. 2.2 INÍCIO DA PERSONALIDADE. 2.3 PERSONALIDADE. 2.4 CAPACIDADE. 2.5 DIREITOS DA PERSONALIDADE. 2.6 NOME CIVIL. 2.7 ESTADO CIVIL. 2.8 DOMICÍLIO. 2.9 AUSÊNCIA. Alguns pontos importantes sobre o tema: 1) Quanto ao início da personalidade, lembre-se das principais correntes sobre o tema: (a) Teoria natalista: a personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida (momento da primeira respiração). O nascituro não teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. (b) Teoria da personalidade condicional: a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas o nascituro titulariza direitos submetidos à condição suspensiva (ou direitos eventuais). () Teoria concepcionista: a personalidade jurídica se inicia com a concepção. Logo, o nascituro teria personalidade jurídica. (Prevalece entre os doutrinadores contemporâneos). #DEOLHONAJURIS #IMPORTANTE O STJ decidiu que, se uma gestante envolve-se em acidente de carro e, em virtude disso, sofre um aborto, ela terá direito de receber a indenização do DPVAT pela morte do feto. (INFO 547 DO STJ). 10 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 2) Não confundir: Art. 12, parágrafo único Art. 20, parágrafo único Regra geral. Trata de direito da personalidade de modo geral. Regra especial, pois só trata de determinados direitos da personalidade (imagem e direitos morais do autor). Legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau. Legitimados: ascendentes, descendentes e cônjuge. Colaterais Não! 3) Julgados importantes sobre direitos da personalidade: - STF (2015): Biografado não precisa autorizar publicação de sua biografia. - STJ (2015): Sujeito abandonado pelo pai em tenra idade tem justa causa para mudar o nome. - STJ (2013): Mesmo sem finalidade lucrativa, o uso da imagem de artista gera dano moral. 4) Atenção para esse importante julgado, admitindo indenização do seguro DPVAT por morte de nascituro: STJ. 4ª Turma. REsp 1.415.727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/9/2014 (Info 547). 5) É desnecessária realização de cirurgia de transgenitalização para que se retifique registro de nascimento de transexual (REsp 1.626.739/RS, T4, STJ, Rel. min. Luis Felipe Salomão, DJe: 01/08/2017). #TEMADEFENSORIA ATENÇÃO TOTAL às alterações sobre capacidade promovidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência: a) Somente o menor de 16 anos é absolutamente incapaz; b) A curatela é medida extraordinária, devendo durar o menor tempo possível; c) A curatela não atinge o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. Atenção também para a capacidade jurídica dos Indígenas: A disciplina normativa da capacidade jurídica dos Índios passou a ser remetida à legislação especial (art. 4º, parágrafo único do CC/02). O Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), por sua vez, considera o indígena, a princípio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. Essa representação se dá pela FUNAI, criada pela Lei 5.371/67. 11 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 3 PESSOAS JURÍDICAS. 3.1 DISPOSIÇÕES GERAIS. 3.2. CONCEITO E ELEMENTOS CARACTERIZADORES. 3.3 CONSTITUIÇÃO. 3.4 EXTINÇÃO. 3.5 CAPACIDADE E DIREITOS DA PERSONALIDADE. 3.6 DOMICÍLIO. 3.7 SOCIEDADES DE FATO. 3.8 ASSOCIAÇÕES. 3.9 FUNDAÇÕES. 3.10 GRUPOS DESPERSONALIZADOS. 3.11 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. 3.12 RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA E DOS SÓCIOS. Sobre Pessoas Jurídicas, vale destacar: 1) Desconsideração da personalidade jurídica: Teorias da desconsideração: a grande diferença entre as Teorias Maior e Menor é o fato de que a primeira precisa da comprovação de um ato concreto praticado pela PJ (abuso de poder, desvio de finalidade, falência, etc.), enquanto para a segunda basta a inadimplência. #PRANÃOESQUECER:MAIOR = MAIS REQUISITOS, MENOR = MENOS REQUISITOS. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO TEORIA ADOTADA HIPÓTESE DE CABIMENTO ART. 50, CC TEORIA MAIOR -abuso da personalidade (caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial). ART.28, CAPUT, CDC1 TEORIA MAIOR -abuso de direito; -excesso de poder; -infração da lei; -fato ou ato ilícito; -violação dos estatutos ou contrato social; -falência; -estado de insolvência; -encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. ART.28, § 5º, CDC TEORIA MENOR -sempre que personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 12 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 ART. 4°, LEI 9.605/98 (LEI AMBIENTAL) TEORIA MENOR -quando personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. ART. 34, LEI 12.529/2011 (LEI ANTITRUSTE) TEORIA MAIOR -abuso de direito; -excesso de poder; -infração da lei; -fato ou ato ilícito; -violação dos estatutos ou contrato social; -falência; -estado de insolvência; -encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. ART. 135, CTN TEORIA MAIOR -excesso de poderes; -infração de lei, contrato social ou estatutos. - Desconsideração incidental: O juiz pode determinar, de forma incidental, nos autos da execução singular ou coletiva, a desconsideração da personalidade jurídica. - (I)legitimidade da pessoa jurídica para recorrer contra a decisão que determina a desconsideração – TEMA POLÊMICO – #DIVERGÊNCIA #DIZERODIREITO - A desconsideração da personalidade já vinha prevista no art. 50 do CC/02 e agora há previsão de um incidente específico no NOVO CPC, em seus artigos 133 a 137 (nova espécie de intervenção de terceiros). Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 2) Desconsideração inversa da personalidade jurídica. Ainda, vale lembrar-se da figurinha da Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica (também contemplado no NCPC): “É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou companheiro empresário valer-se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta pessoa física, a fim de subtrair do outro cônjuge ou companheiro direitos oriundos da sociedade afetiva. (...) Se as instâncias ordinárias concluem pela existência de manobras arquitetadas para fraudar a partilha, a legitimidade para 13 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 requerer a desconsideração só pode ser daquele que foi lesado por essas manobras, ou seja, do outro cônjuge ou companheiro, sendo irrelevante o fato deste ser sócio da empresa. (REsp 1236916/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 28/10/2013)” #ATENÇÃO! Não se deve confundir, porém, desconsideração com despersonificação da pessoa jurídica. A desconsideração é a quebra da regra de que a pessoa jurídica não se confunde com seus membros. Há, portanto, uma ampliação de responsabilidades, sem que a pessoa jurídica seja extinta. A despersonificação está prevista no art. 51 do CC/02. 3) Julgados importantes envolvendo direitos da personalidade da pessoa jurídica: Súmula 227: a pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Todavia, é digno de nota que uma parcela da doutrina critica a tese do dano moral à pessoa jurídica: Enunciado 286 da IV Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.” STJ (2013): PJ de direito público não pode sofrer dano moral. Possibilidade de a pessoa jurídica ser titular dos direitos autorais. Assim, ocorrendo a utilização indevida da obra encomendada, sem a devida autorização, caberá à pessoa jurídica contratada pleitear a reparação dos danos sofridos. STJ, julgado em 11/10/2016 (Info 594). O art. 44, do CC, apresenta um rol não taxativo de pessoas jurídicas de direito privado, dentre as quais estão as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI). Sobre as fundações, atenção para as alterações feitas pela Lei nº 13.151/2015. 4 BENS. 4.1 DIFERENTES CLASSES. 4.2 BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS. 4.3 BENS NO COMÉRCIO E FORA DO COMÉRCIO. O CC/02 trata dos bens públicos do art. 99 ao 103, além da CF em seus art. 20 e 26 (#nãosouobrigado #ésim #lêlogo #vaicair). #SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO 14 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 STJ (549): A desconsideração da PJ não implica, necessariamente, no afastamento da proteção conferida aos bens de família. STJ (543): É considerado bem de família o imóvel no qual reside o filho do dono. STJ (575): Quando a vítima executar o infrator criminal no juízo cível, ela pode penhorar o bem de família adquirido com o produto do crime, ainda que tenha ocorrido a extinção da punibilidade do autor do crime pelo cumprimento da suspensão condicional do processo. O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, como está afetado à prestação de um serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (insuscetível de usucapião). STJ, julgado em 17/11/2016 (Info 594). Bens públicos não estão sujeitos a usucapião. #APOSTACICLOS #TÁNACARA #VIDADEDEFENSOR: É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical. STJ, julgado em 18/10/2016 (Info 594). Ver quadro abaixo: 1) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER PÚBLICO: Não terá direito à proteção possessória. Não poderá exercer interditos possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce mera detenção. 2) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro PARTICULAR: Terá direito, em tese, à proteção possessória. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse. #CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS: o art. 99 do Código Civil classifica os bens públicos de acordo com a sua destinação (ou afetação): #CAISEMPRE? #CAISEMPRE Bens de uso comum do povo Bens de uso especial Bens dominicais São aqueles destinados à utilização geral pelos indivíduos, podendo ser utilizados por todos em igualdade de condições, São aqueles utilizados pela Administração para a prestação dos serviços administrativos e dos serviços públicos em geral, São aqueles que não estão sendo utilizados para nenhuma destinação pública (estão desafetados), abrangendo 15 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 independentemente de consentimento individualizado por parte do Poder Público (uso coletivo). Exs: ruas, praças, rios, praias etc. ou seja, utilizados pela Administração para a satisfação de seus objetivos. Exs: prédio onde funciona um órgão público. o denominado domínio privado do Estado. Exs: terras devolutas, terrenos de marinha, prédios públicos desativados, móveis inservíveis, dívida ativa etc. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 5 FATO JURÍDICO. 6 NEGÓCIO JURÍDICO. 6.1 DISPOSIÇÕES GERAIS. 6.2 ELEMENTOS. 6.3 REPRESENTAÇÃO. 6.4 CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO. 6.5 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO. 6.6 EXISTÊNCIA, EFICÁCIA, VALIDADE, INVALIDADE E NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO. 6.7 SIMULAÇÃO. 7 ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS. Lembre-se: Fato jurídico em sentido amplo Fato jurídico em sentido estrito OrdinárioExtraordinário Fato humano Ato ilícito em sentido amplo Ato ilícito em sentido estrito Ato antijurídico Ato lícito (ato jurídico em sentido amplo) Ato jurídico em sentido estrito Negócio jurídico Ato-fato jurídico 16 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 #OLHONATABELINHA NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) Ato nulo atinge interesse público. O ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados. Opera-se de pleno direito. Não se opera de pleno direito. Não se admite confirmação (convalidação). Admite-se confirmação (convalidação) expressa ou tácita. Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício pelo juiz. Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados. A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença declaratória de efeitos ex tunc. A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva, cujos efeitos são ex nunc (há divergências por conta do art. 182 do CC). A nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo decadencial. A anulabilidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 anos (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, fraude contra credores) ou de 2 anos (nos casos em que a lei não estabelecer outro prazo). Hipóteses: (1) art. 166 + 167 (2) casos expressos espalhados pelo CC-nulidades expressas (3) quando a lei proíbe a prática de um ato e não sem estabelecer sanção – nulidade virtual. Art. 166, VII. Hipóteses: art. 171 (1) incapacidade do agente (2) vícios do CC (3) casos expressos. 8. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. 9.PROVA DO FATO JURÍDICO ESSA MATÉRIA É BEM ESPINHOSA, PESSOAL (MUITOS PRAZOS, REGRAS E JULGADOS). O CC/02 reúne os prazos prescricionais em dois únicos artigos: 205 (prazo prescricional extintivo máximo geral de 10 anos. CC/16: 20 anos) e 206 (prazos prescricionais especiais). Os prazos decadenciais (que sempre dizem respeito a direitos potestativos) estão espalhados por todo o CC e também constam de outros diplomas normativos. #COLANAGELADEIRA #SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO Qual é o prazo prescricional da ação de repetição de indébito envolvendo contrato de cédula de crédito rural? 1) Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/1916: 20 anos. 2) Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/2002: 17 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 3 anos. O termo inicial do prazo prescricional é a data do pagamento (efetiva lesão). STJ, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 592). Súmula 573-STJ: Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução. #SÚMULANOVA #CESPEAMA #ÉABANCAMODERNINHA #GOSTADETUDOSAINDODOFORNO É de 3 anos o prazo prescricional de ação proposta por entidade de previdência privada complementar contra terceiro que se apropriou indevidamente de verbas relativas a benefício previdenciário. Ex: o segurado morreu e, como a entidade de previdência não foi informada, continuou a depositar, todos os meses, o valor da aposentadoria; tais quantias foram sacadas indevidamente da conta bancária por uma sobrinha do falecido; a entidade terá o prazo de 3 anos para reaver os valores. STJ, julgado em 7/6/2016 (Info 588). Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência. Súmula 547-STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco anos se houver previsão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu art. 2.028. #NOVOCPC A prescrição intercorrente é aquela que se verifica no curso da demanda, após seu ajuizamento, quando o credor/autor/exequente fica inerte na prática de atos processuais, permitindo a paralisação do processo injustificadamente. Com efeito, o CPC/73 não trazia solução para tais casos, sequer tinha em seu bojo a palavra “intercorrente”, o mais próximo que chega do tema é artigo 475-L, VI, que previa em sede de impugnação de cumprimento de sentença a possibilidade de arguição de prescrição, desde que essa seja superveniente à própria sentença, logo, intercorrente. 18 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Contudo, a falta de legislação processual sobre o tema não afastou o debate jurisprudencial. Segundo interpretação dos tribunais, por exemplo, tem-se que o prazo prescricional para o cumprimento de sentença será o mesmo prazo para o ajuizamento das ações originárias. É o teor da Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal a qual estabelece que “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”. Assim, por exemplo, se a ação monitória pautada em cheque prescreve em cinco anos, nesse mesmo prazo prescreverá o cumprimento de sentença. O novo CPC inovou ao trazer o marco inicial para a contagem da prescrição intercorrente, nas hipóteses em que houver a suspensão do processo. Assim como, prestigiou a não decisão surpresa, visto que estabelece que o “juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo”. E mais, nos termos de seu artigo 924, V, estabeleceu expressamente que a execução se extinguirá quando ocorrer a prescrição intercorrente, o que se aplica até para as execuções em curso, quando da entrada em vigência do novo CPC, visto que legislação processual se aplica de imediato com sua vigência, tendo como marco inicial para a contagem do prazo exatamente a data de vigência do novo CPC, conforme regra de direito intertemporal do artigo 1.056. 10 OBRIGAÇÕES. 10.1 ELEMENTOS 10.2 PRINCÍPIOS. 10.3 BOA-FÉ. 10.4 OBRIGAÇÃO COMPLEXA (A OBRIGAÇÃO COMO UM PROCESSO). 10.5 OBRIGAÇÕES DE DAR. 10.6 OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER. 10.7 OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS. 10.8 OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS. 10.9 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS. 10.10 OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS, DE MEIO, DE RESULTADO E DE GARANTIA. 10.11 OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA. 10.12 OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS. 10.13 OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS. 10.14 OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. 10.15 TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES. 10.16 ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES. 10.17 INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES. Pessoal, aqui vai um resumo do resumo dos principais aspectos deste tópico. Se segurem: 19 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Fontes: a linha doutrinária moderna, em geral, costuma reconhecer como fontes das obrigações os 1. atos negociais, como o contrato ou a promessa de recompensa, e alguns 2. atos não negociais, como o fato da vizinhança e os atos ilícitos. Classificação: A classificação básica é formada pelas obrigações negativas e obrigações positivas. As obrigações negativas são as obrigações de não fazer e as obrigações positivas podem ser as de fazer e as de dar. As obrigações de dar podem ser as de dar coisa certa ou dar coisa incerta. Modalidades: a) Obrigação simples (mínima): é aquela que se apresenta uma única prestação tão somente (seja de dar, fazer ou não fazer4); b) Obrigação composta objetiva: é aquela que se apresenta com mais de uma prestação. b.1. Obrigação conjuntiva ou cumulativa: é aquela que se apresenta com mais de uma prestação,sendo certo que todas elas devem ser cumpridas pelo devedor, sob pena de mora ou inadimplemento absoluto. É identificada pela conjunção “e”. b.2. Obrigação alternativa ou disjuntiva: ela se apresenta com mais de uma prestação, sendo certo que apenas uma delas deve ser cumprida pelo devedor. É identificada pela conjunção “ou”. Solidariedade: As obrigações solidárias somente interessam se houver mais de um credor e/ou mais de um devedor, dentro da mesma obrigação (obrigações compostas subjetivas). Na solidariedade, seja ativa ou passiva, as partes são tratadas como se fossem uma só (“in solidum”). a) Solidariedade ativa: cada um dos credores solidários tem o direito de exigir do devedor comum o cumprimento da prestação por inteiro. Além disso, enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, o devedor poderá pagar a qualquer um dos credores Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. #ATENÇÃO #REDAÇÃOALTERADAPELONOVOCPC b) Solidariedade passiva: o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (opção de demanda, geralmente contra quem tem mais dinheiro). 4 #ATENÇÃO: #SINÔNIMO: #QUESTÃODESOBREVIVÊNCIA: O que são obrigações de não fazer transeuntes? São também denominadas obrigações negativas instantâneas, sendo aquelas que, quando descumpridas uma única vez, são irreversíveis, gerando inadimplemento absoluto, na medida em que é impossível retornar ao estado originário. Ex.: Obrigação de não divulgar segredo industrial de empresa. 20 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Não haverá renúncia da solidariedade no caso de propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Mesmo aquele devedor que paga uma parte da dívida pode ser cobrado pelo restante, pois, na solidariedade passiva, a relação externa é una. As relações obrigacionais são dinâmicas. A transmissão exemplifica esse caráter dinâmico das obrigações. O CC/1916 tratava apenas da cessão de crédito. O CC/2002 passou a tratar, além da cessão de crédito, da cessão de débito. Para matar esse ponto, se joga na letra da lei! Porém, a cessão de posição contratual é tratada apenas pela doutrina e jurisprudência, que pode ser encontrada na FUC 5 de Civil. 11 CONTRATOS. 11.1 PRINCÍPIOS. 11.2 CONTRATOS EM GERAL. 11.3 DISPOSIÇÕES GERAIS. 11.4 INTERPRETAÇÃO. 11.5 EXTINÇÃO. 11.6 ESPÉCIES DE CONTRATOS REGULADOS NO CÓDIGO CIVIL. 12 ATOS UNILATERAIS. A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO é um princípio importantíssimo! Não deixem de conferir (força que já tá chegando perto do final... do material e civil, claro): Conceito: princípio contratual de ordem pública (art. 2.035 CC), segundo o qual o contrato deve ser, necessariamente, interpretado/visualizado de acordo com o a sua função social. O principal impacto desse conceito é a mitigação ou relativização da autonomia privada e da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda). Sob essa ótica da função social do contrato, o contrato teria eficácia interna e externa (entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência). Dupla eficácia. Eficácia interna ou intersubjetiva: entre as partes. Enunciado 360 IV Jornada.5 Aplicações: - Proteção da dignidade da pessoa humana no contrato. Enunciado 23, I Jornada6: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz 5“O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes.” 6 CESPE adora esse enunciado. 21 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.” Ex. cláusula de celibato – proibição de casar (Canotilho). - Vedação da onerosidade excessiva (desequilíbrio contratual). Efeito gangorra; - Nulidade de cláusulas antissociais. Súmula 302 STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. #VIDADEDEFENSOR - Conservação contratual: a extinção do contrato é a última ratio. Enunciado 22, I Jornada: “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas”. Ex. Teoria do adimplemento substancial (substantial performance): quando o contrato for quase todo cumprido, sendo a mora insignificante não caberá a sua extinção, mas apenas outros efeitos como a cobrança. A análise é quantitativa e qualitativa. O percentual dependerá do caso concreto. Informativo 500 STJ (caso das carretas – uma empresa adquiriu 135 carretas – leasing. Das 36 parcelas pagou 30. A financeira entrou com reintegração de posse. O STJ disse que não cabe. Aqui há também a função social da empresa). - Proteção do vulnerável contratual. Protege o aderente. OBS: Contratos que violam o princípio da função social são contratos nulos de pleno direito (art. 2035, § un do CCB -Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos .). Chamada por alguns de nulidade virtual (aquela implícita, depreendendo-se da função da norma na falta de sanção expressa.). Eficácia externa ou transobjetiva: além das partes. O contrato também gera efeitos perante terceiros. Trata-se de uma exceção ao princípio da relatividade dos efeitos contratuais (que dá a ideia de que os contratos geram efeitos somente entre as partes). Enunciado 21, I Jornada7. Aplicações: - Tutela de direitos difusos e coletivos. Ex. função socioambiental do contrato. Propriedade ribeirinha de onde é retirada areia para venda a loja de material de construção. É bom para as duas partes, mas é prejudicial à sociedade por causar desequilíbrio ecológico. - Tutela externa do crédito. Possibilidade de o contrato gerar efeitos perante terceiros ou de condutas de terceiros repercutirem no contrato. Ex. Teoria do terceiro cúmplice. Art. 608 CC. Aquele que aliciar- BRAHMA- pessoas obrigadas em contrato escrito – ZECA PAGODINHO- a prestar serviço a outrem – NOVA SCHIN -pagará 7 “A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito.” 22 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 a este –NOVA SCHIN- a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos. Havia um contrato de nova Schin e Pagodinho. A Brahma aliciou Zeca e o contrato foi rescindido e ele voltou para a Brahma. Não existe nenhuma relação entre nova Schin e Brahma. A Brahma foi responsabilizada por ter violado o princípio da função social do contrato por ter aliciado Zeca. Princípios contratuais no CC: Enunciado 167, III Jornada - Com o advento do CC/02 houve forte aproximação principiológica entre o CC e o CDC, no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral do contrato. Teoria dos diálogos das fontes. Essa aproximação principiológica se deu basicamente através de três princípios – autonomia privada, boa fé objetivae função social do contrato. Essa aproximação por princípios propicia a aplicação concomitante (simultânea) das duas leis – CC e CDC- a determinados contratos (transportes, seguros, etc) por meio da Teoria do Diálogo das Fontes – Eric Jayme – alemão. Funções reativas/parcelares/desdobramentos do princípio da boa-fé objetiva: São conceitos intimamente ligados à boa-fé objetiva, havendo quem diga que sejam subprincípios. #CAIUNADPEMT Supressio: perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no tempo. Haveria uma perda por renúncia tácita do titular do direito não exercido em determinado período de tempo. Surrectio: é o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes. É o outro lado da moeda da supressio. Um perde o direito em razão de sua inércia e o outro ganha. Tu quoque: (“Até tu, Brutus?”). Traduz a regra de ouro da boa-fé. Não faça com o outro o que você não faria contra si mesmo. Visa a impedir que uma das partes na relação negocial surpreenda a outra, colocando-a em situação injusta de desvantagem. Exepctio doli: excepctio é defesa e doli é dolo. É a defesa contra o dolo alheio. Ex. exceção do contrato não cumprido. Venire contra factum proprium non potest: é a vedação de comportamento contraditório. 23 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Duty to mitigate the loss: a origem é Convenção de Viena sobre compra e venda - Art. 77. Enunciado 169, III Jornada8 – a boa-fé objetiva impõe ao credor o dever de mitigar o próprio prejuízo, evitando o aumento da dívida do devedor, quando possível. - ONEROSIDADE EXCESSIVA Conceito: nada mais é do que o desequilíbrio contratual, que demanda análise caso a caso. - O art. 478 fala em onerosidade excessiva para um e extrema vantagem para outro. Ora, se o debaixo desce o de cima sobe, não precisa provar. É uma gangorra. Enunciado 365 – IV Jornada. LETRA DA LEI: precisa provar a extrema vantagem do outro. Cuidado! Requisitos a mais do STJ. - Ausência de mora. Súmula 380 - A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização de mora do autor. - alegações verossímeis (perícia contábil) - depósito da parte incontroversa. NOVIDADE!! Esses requisitos acabam por tornar a revisão mais difícil. Eles acabaram sendo incluídos no CPC/73 e no CPC/2015: art. 330, §§ 2º e 3º. São, pois, requisitos processuais. Art. 330. (...) § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. Obs. O CDC não adotou a Teoria da Imprevisão. O art. 6º, V, do CDC adotou a Teoria da Base Objetiva, não exigindo do fato imprevisibilidade. Basta um fato novo que cause onerosidade excessiva. Exemplo disso no STJ: LEASING atrelado à variação cambial. Resp 374.351/RS. Havia a paridade cambial. O dólar passou para 1,90. O STJ dividiu a onerosidade excessiva entre o consumidor e a empresa. 8 “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.” 24 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 O próximo tema é beeeeeem importante e deve estar na ponta da língua! TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL Originaria do Direito Costumeiro Inglês, a Teoria do Adimplemento Substancial encontra amparo legal expresso no Código Civil Italiano, art. 1.455, onde consta que o contrato não será resolvido se o inadimplemento de uma das partes tiver escassa importância, levando-se em conta o interesse da outra parte. A Teoria do Adimplemento Substancial tem aplicação nos casos em que o contrato tiver sido cumprido quase que na sua totalidade, sendo a mora relativa à parcela de menos importância no conjunto de obrigações do devedor. Nestes casos, não caberá a extinção contratual, mas apenas os demais efeitos jurídicos, como o pedido de indenização por perdas e danos, por exemplo. Também, vale destacar o Enunciado nº. 361 CJF/STJ: “O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475”. Já o citado art. 475 do Código Civil trata do inadimplemento voluntário ou culposo do contrato, preceituando que a parte lesada pelo descumprimento pode exigir o cumprimento forçado da avença ou a sua resolução por perdas e danos. A teoria do adimplemento substancial se aplica a alienação fiduciária? Não. Em recente julgado, fevereiro deste ano, nos autos do REsp. nº 1622555 / MG, da segunda seção, sob a relatoria do Min. Marco Buzzi, o STJ, por maioria, entendeu que, pelo fato de a teoria do adimplemento substancial não ser prevista expressamente em lei, derivando de interpretação extensiva de dispositivos do Código Civil, ela não pode prevalecer sobre o texto expresso do Decreto-Lei 911/1969, que viabiliza a busca e apreensão do bem para satisfazer o direito do credor. Ficou decidido que mesmo havendo o pagamento de mais de 90% do débito, caso não haja a quitação, apesar do adimplemento substancial, o “sistema da alienação fiduciária é microssistema específico e por isso não daria ensejo à contaminação por essa teoria”. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599). #APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO #VIDADEDEFENSOR Sobre as espécies de contrato, é importante saber que o contrato de locação, de todos os contratos em espécie, foi o mais cobrado nas últimas provas objetivas de primeira fase de Defensoria feitas pelo CESPE (de 2012 até agora). Portanto, tenham um carinho com esse tipo de contrato e caprichem no ciclos de questões! 25 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 A combinação LEI + VADE MECUM DO DIZER O DIREITO é fundamental para arrebentar na prova. Pra vocês manterem a animação, vai aí um julgado bem interessante: #DEOLHONAJURIS DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIANÇA. FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL. INEXISTÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA N. 332/STJ. 1. Mostra-se de extrema relevância para a construção de uma jurisprudência consistente acerca da disciplina do casamento e da união estável saber, diante das naturais diferenças entre os dois institutos, quais os limites e possibilidades de tratamento jurídico diferenciado entre eles. 2. Toda e qualquer diferença entre casamento e união estável deve ser analisada a partir da dupla concepção do que seja casamento - por um lado, ato jurídico solene do qual decorre uma relação jurídica com efeitos tipificados pelo ordenamento jurídico, e, por outro, uma entidade familiar, dentre várias outras protegidas pela Constituição. 3. Assim, o casamento, tido por entidade familiar, não se difere em nenhum aspecto da união estável - também uma entidade familiar -, porquanto não há famílias timbradas como de "segunda classe" pela Constituição Federal de 1988, diferentemente do que ocorria nos diplomas constitucionais e legais superados. Apenas quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e solene é que as diferenças entre este e a união estável se fazem visíveis, e somente em razão dessas diferenças entre casamento - ato jurídico - e união estável é que o tratamento legal ou jurisprudencial diferenciado se justifica. 4. A exigência de outorga uxória a determinados negócios jurídicos transita exatamente por este aspecto em que o tratamento diferenciado entre casamento e união estável é justificável. É por intermédio do ato jurídicocartorário e solene do casamento que se presume a publicidade do estado civil dos contratantes, de modo que, em sendo eles conviventes em união estável, hão de ser dispensadas as vênias conjugais para a concessão de fiança. 5. Desse modo, não é nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da Súmula n. 332/STJ à união estável. 6. Recurso especial provido. (REsp 1299866/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 21/03/2014) 26 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 13 RESPONSABILIDADE CIVIL. 14 PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS #DEOLHONAJURIS STJ (INFO 589): A sociedade empresária proprietária de semirreboque pode figurar no polo passivo de ação de reparação de danos ajuizada em decorrência de acidente de trânsito envolvendo o caminhão trator ao qual se encontrava acoplado. STJ (INFO 589): Em ação de cobrança de seguro DPVAT, a intimação da parte para o comparecimento à perícia médica deve ser pessoal, e não por intermédio de advogado. STJ (INFO 592): Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil objetiva pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida extrauterina. STJ (INFO 598): A conduta de um adulto que pratica agressão verbal ou física contra criança ou adolescente configura elemento caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa. Ainda que tenha uma percepção diferente do mundo e uma maneira peculiar de se expressar, a criança não permanece alheia à realidade que a cerca, estando igualmente sujeita a sentimentos como o medo, a aflição e a angústia. As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ, julgado em 25/6/2013. O absolutamente incapaz, mesmo sem entender seus atos e os de terceiros, pode sofrer dano moral? SIM. O dano moral caracteriza-se por uma ofensa a direitos ou interesses juridicamente protegidos (direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser consequências do dano moral, mas não a sua causa. Dano moral: é a ofensa a determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo. Dor, sofrimento, humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente ocorrer para que haja a reparação). STJ. 4ª Turma. REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015 (Info 559). #IMPORTANTE: A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC. - Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima. 27 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 - Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante. - Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. A vítima de um ato ilícito praticado por menor pode propor a ação somente contra o pai do garoto, não sendo necessário incluir o adolescente no polo passivo. Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio necessário entre o genitor responsável pela reparação (art. 932, I, do CC) e o menor causador do dano. É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito, intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se um litisconsórcio facultativo e simples. (...) Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em relação aos atos praticados por seus filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. O art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos. Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. STJ, julgado em 2/2/2017 (Info 599). #NÃOCONFUNDIR: Obs: cuidado com o REsp 1.232.011-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015 (INFO 575), precedente em sentido um pouco diverso envolvendo uma mãe que morava em outra cidade e foi decidido pela sua ausência de responsabilidade por ato praticado por seu filho, já que esta não o tinha sob sua autoridade. Atenção nos conceitos, pessoal: - ATO ILÍCITO CIVIL = VIOLAÇÃO DE UM DIRETO + DANO. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. A conjunção “e” é muito importante, pois o CC/16 utilizava o “ou”. O dano não era necessário. É o ATO ILÍCITO CIVIL PURO. 28 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 - ABUSO DE (DO) DIREITO + DANO. ILÍCITO EQUIPARADO. É o ATO ILÍCITO IMPURO. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Tem três parâmetros de configuração: função social e econômica, boa fé e bons costumes. O abuso de direito é lícito quanto ao conteúdo e ilícito quanto às consequências (Rubens Limongi França), por isso que é ato ilícito impuro. A ilicitude está na forma de execução do ato. - RESPONSABILIDADE CIVIL é a relação obrigacional decorrente do fato jurídico dano, na qual o sujeito do direito ao ressarcimento é o prejudicado, e o sujeito do dever o agente causador ou o terceiro a quem a norma imputa a obrigação. Sobre as excludentes de ilicitude, lembrem-se que, nem sempre, elas isentam o agente do dever de ressarcir. Vejam: a) Estado de necessidade (artigo 188, II, CC): se no atuar em estado de necessidade o agente atingir terceiro inocente (que não tiver sido responsável pelo dano), deverá indenizá-lo, com direito de regresso contra o causador do dano, na forma dos artigos 929 e 930. b) Legítima defesa (artigo 188, I, 1a parte, CC) Se atinge um terceiro inocente, deverá indenizá-lo, cabendo a regressão ao causador do dano, aplicando-se também os artigos 929 e 930. c) Legítima defesa putativa: há o dever de indenizar. Nesse caso haverá a exclusão da culpabilidade, mas não da antijuridicidade. d) Excesso na legitima defesa: a indenização deverá ser proporcional ao excesso. e) Estrito cumprimento do dever legal e Exercício regular de direito (188, I, 2a parte, CC): É óbvio que o estrito cumprimento do dever legal afasta a responsabilização, desde que não haja abuso. Dano pela perda de uma chance São reparáveis os prejuízos que decorrem da frustração de uma expectativa, que possivelmente se concretizaria em circunstâncias normais. Não é qualquer chance que é reparável. A chance tem que ser séria e real. Segundo, Sérgio Savio ela é assim considerada quando tem mais de 50% de chance de acontecer. 29 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR315 POSSE. 16 DIREITOS REAIS. 16.1 DISPOSIÇÕES GERAIS. 16.2 PROPRIEDADE. 16.3 SUPERFÍCIE. 16.4 SERVIDÕES. 16.5 USUFRUTO. 16.6 USO. 16.7 HABITAÇÃO. 16.8 DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR. 17 DIREITOS REAIS DE GARANTIA. 17.1 CARACTERÍSTICAS. 17.2 PRINCÍPIOS. 17.3 PENHOR, HIPOTECA E ANTICRESE. Pessoal, esse é um tema maravilhoso de Defensoria, principalmente pela relevância prática na vida do Defensor e da Defensora que daqui a pouco vocês serão. Vamos tentar sintetizar aqui os principais aspectos desse ponto: 1) Teorias Justificadoras dos Direitos Reais: (A) Teoria Personalista - direitos reais são relações estabelecidas entre pessoas, mas intermediadas por coisas. Relação pessoa x pessoa. (B) Teoria Realista ou Clássica - direito real é o poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa. Relação pessoa x coisa. 2) Teorias justificadoras da posse: (A) Teoria Subjetivista ou Subjetiva (Savigny). Posse = Corpus + Animus Domini. Não foi a adotada. (B) Teoria Objetivista ou Objetiva (Ihering). Posse = Corpus. Teoria adotada na visão clássica. (C) Teoria da Função Social da Posse (Saleilles, Perozzi e Gil). Posse é função social (posse-trabalho). Tendência contemporânea. #SANGUEVERDE 3) Posse de boa-fé e de má-fé: Frutos Benfeitorias Responsabilidade (perda) Boa-fé Tem direito, com exceção dos frutos pendentes. Tem direito às benfeitorias necessárias e úteis (indenização e retenção). Pode levantar as voluptuárias se não Responde por culpa (perda que der causa) 30 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 houver prejuízo para o bem principal. Má-fé Não tem direito e responde pelos frutos colhidos e pelos que deixou de colher Tem direito às benfeitorias necessárias (indenização) Responde ainda que a perda seja acidental, em regra. 4) Ações possessórias (a) Reintegração, no caso de esbulho; (b) Manutenção de posse, no caso de turbação; (c) Interdito proibitório, no caso de ameaça. 5) Desapropriação judicial por interesse social (ou desapropriação judicial pelo binômio posse-trabalho): Art. 1228. § 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 6) Usucapião Espécies de usucapião Requisitos 1. Extraordinária (i) Posse ininterrupta; (ii) Posse mansa e pacífica; (iii) ANIMUS DOMINI; (iv) Prazo de 15 anos (pode ser 10 anos); 2. Ordinária (i) Posse ininterrupta; 31 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 (ii) Posse mansa e pacífica; (iii) ANIMUS DOMINI; (iv) Prazo de 10 anos (pode ser 5 anos); (v) Justo título (vi) Boa-fé 3. Especial rural/PRO LABORE (i) Prazo de 05 anos; (ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural; (iii) A área de terra, que deve ser produtiva, não pode ser superior a 50 hectares. 4. Especial urbana (i) Prazo de 05 anos; (ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural; (iii) A área, que deve servir de moraria, não pode ser superior a 250 metros quadrados. 5. Pró-família/Familiar #VIDADEDEFENSOR Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida com ex-cônjuge ou ex- companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 6. Coletiva #VIDADEDEFENSOR (i) Área urbana; (ii) Maior do que 250 metros; (iii) Utilizada por população de baixa renda; (iv) Os usucapientes não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural; (iv) Para fins de moradia; (v) Há pelo menos 05 anos; (vi) Não pode ser possível identificar o terreno ocupado por cada um. 32 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 7) #DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO STJ (INFO 593): O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um terceiro no DETRAN, possui interesse de agir para propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261 do CC) já que, com a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. STJ. (INFO 550) Usufruto é o direito real e temporário de usar e fruir (retirar frutos e utilidades) coisa alheia (bem móvel ou imóvel), de forma gratuita, sem alterar-lhe a substância ou destinação econômica. O usufrutuário detém a posse direta do bem. Além disso, como se trata de direito real, ele também possui o poder de sequela, podendo perseguir a coisa aonde quer que ela vá. Como o usufrutuário detém a posse direta do bem, é óbvio que ele pode se valer das ações possessórias caso esteja sendo ameaçado em sua posse. No entanto, como o usufruto é um direito real e como o usufrutuário detém poder de sequela, a doutrina e a jurisprudência também admitem que ele ajuíze ação reivindicatória — de caráter petitório — com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito sobre o bem, seja contra o nu-proprietário, seja contra terceiros. STJ (INFO 591) O proprietário de imóvel tem direito de construir aqueduto no terreno do seu vizinho, independentemente do consentimento deste, para receber águas provenientes de outro imóvel, desde que não existam outros meios de passagem de águas para a sua propriedade e haja o pagamento de prévia indenização ao vizinho prejudicado. STJ (INFO 590): Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. STJ (INFO 593): O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida pela construção, quando não puder havê-la do contratante. #APOSTACICLOS: STJ (INFO 599). O art. 12, § 2º do Estatuto da Cidade estabelece uma presunção relativa de que o autor da ação de usucapião especial urbana é hipossuficiente. #SAINDODOFORNO STJ (INFO 524). A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da União, não obsta o reconhecimento de usucapião. Nesse caso, na sentença que reconhecer a usucapião, o juiz deverá ressalvar que a União poderá fazer uma eventual e futura demarcação no terreno #APOSTACICLOS: STJ (INFO 560) Impossibilidade de declaração de ofício da usucapião. Mesmo com o novo CPC, o juiz continuará sem poder declarar de ofício a usucapião. 33 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 #APOSTACICLOS: STF (INFO 783), STJ (INFO 584): Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional. A Lei n° 11.481/2007 introduziu dois novos direitos reais de gozo e fruição no art. 1.225 do Código Civil: Art. 1.225. São direitos reais: XI a concessão de uso especial para fins de moradia; XII a concessão de direito real de uso. Segundo Tartuce, “tais direitos reais referem-se a áreas públicas, geralmente invadidas e urbanizadas por favelas. Houve um claro intuitode regularização jurídica das áreas favelizadas, dentro de uma política de reforma urbana, para que a situação de antidireito passe a ser tratada pelo Direito”. A Concessão de Direito Real de Uso consiste no contrato administrativo pelo qual o Poder público confere ao particular o direito resolúvel de uso de terreno público ou sobre espaço aéreo correspondente, para os fins que, prévia e determinadamente, o justificaram. Antes da previsão legal no CC/02 como direito real, a concessão de direito real de uso já constava no art. 7° e 8° do Decreto-Lei n° 271/1967. A concessão de direito real de uso também foi prevista na Lei n° 9.636/98, que permite a cessão de imóveis públicos da União Federal. Por sua vez, a Concessão de Uso para Fins de Moradia consta do art. 1° da MP n° 2.220/20019. Tal instituto fora criado para concretizar os anseios e diretrizes da política urbana prevista na Constituição Federal, tendo em vista que o art. 183 da Carta Magna previu a usucapião especial de imóvel urbano e particular, porém o § 3° desse mesmo artigo proibiu o usucapião de imóvel público. Assim, para regularização da posse de particular em imóvel público, surgiu o referido instituto. 9 Art. 1º Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas, e que o utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017) 34 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 #ACEREJADOBOLO: ATENÇÃO! A Lei n. 13.465, de 11 de julho de 2017 (oriunda da MP 759/2016) regulamentou, de forma completa e mais ampliativa, conferindo maior eficiência ao procedimento de regularização fundiária em áreas urbanas e rurais, públicas ou privadas, onde habitem núcleos familiares informais, inclusive em bens da União. O ato normativo também consagrou o direito real de laje/direito de sobrelevação (CESPE cobrou na segunda fase da DPE/RN): consiste na possibilidade de que mais de uma unidade habitacional seja construída numa mesma área e que, caso o proprietário ceda o terreno, cada morador de unidade terá uma escritura individual. O texto de lei especifica, claramente, que o direito de laje enquadra o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, com unidade imobiliária autônoma. O direito real de laje passa a fazer parte do nosso Código Civil, na forma do artigo 1.510- A.10 Pessoal, o tema alienação fiduciária em garantia faz parte do cotidiano da maioria dos brasileiros e, consequentemente, também fará parte do cotidiano de vocês, futuros e futuras colegas. Ele pode ser encontrado nos livros de Direito Civil e de Direito Empresarial. Contudo, trata-se de um assunto delicado, pois, além de previsto, de forma genérica, no Código Civil (arts. 1.361 a 1.368), também é abordado em leis específicas, quais sejam: a Lei nº 9.514/1997 (alienação fiduciária envolvendo bens imóveis); Lei nº 4.728/1965 e Decreto-Lei nº 911/1969 (alienação fiduciária de bens móveis no âmbito do mercado financeiro e de capitais). Além disso, o tema também é alvo de atualizações legislativas e de informativos de jurisprudência (vale a pena conferi-los no VADEMECUM de jurisprudência do DizeroDireito. #DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO Na ação de busca e apreensão fundada no DL 911/69, o prazo de 15 dias para resposta do devedor fiduciante deve ser contado a partir da juntada aos autos do mandado de citação cumprido (e não a data da execução da medida liminar). O mandado de busca e apreensão/citação veicula, simultaneamente, a comunicação ao devedor acerca da retomada do bem alienado fiduciariamente e sua citação, daí decorrendo dois prazos diversos: a) de 5 dias, contados da execução da liminar, para o pagamento da dívida; e b) de 15 dias, a contar da juntada do mandado aos autos, para o oferecimento de resposta. STJ, julgado em 16/8/2016 (Info 588) OSCIP não pode ajuizar ação de busca e apreensão do DL 911/69. Caso o mutuário de um contrato de alienação fiduciária se torne inadimplente, a instituição financeira mutuante poderá ingressar com busca e 10 #VAICAIR! Para aprofundar: http://www.dizerodireito.com.br/2016/12/resumo-dos-principais-pontos-da-mp.html 35 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 apreensão do bem, sendo essa uma ação especial e muito célere, prevista no Decreto-Lei nº 911/69. A organização da sociedade civil de interesse público - OSCIP -, mesmo ligada ao Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado - PNMPO, não pode ser classificada ou equiparada à instituição financeira, carecendo, portanto, de legitimidade ativa para requerer busca e apreensão de bens com fulcro no Decreto- Lei nº 911/69. O procedimento judicial de busca e apreensão previsto no DL 911/69 é um instrumento exclusivo das instituições financeiras lato sensu ou das pessoas jurídicas de direito público titulares de créditos fiscais e previdenciários. A OSCIP não se insere no conceito de instituição financeira nem pode ser a ela equiparada. STJ, julgado em 21/3/2017 (Info 600). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS. A legitimidade ativa para a ação de cobrança da taxa de ocupação é, nos termos do art. 37-A da Lei nº 9.514/97, do credor fiduciário ou do arrematante do bem dado em garantia fiduciária, a depender do momento em que proposta a demanda e o período de sua abrangência. Ajuizada a ação de cobrança em momento anterior à arrematação do bem, é o credor fiduciário o legitimado para a cobrança da taxa referida. Por outro lado, proposta em momento em que já havida a arrematação, é do arrematante a legitimidade ativa da ação de cobrança da taxa de ocupação. STJ, julgado em 15/9/2016 (Info 592). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. Devedor que perdeu o veículo tem direito de retirar aparelhos instalados no carro para permitir a direção por deficiente físico. Havendo adaptação de veículo, em momento posterior à celebração do pacto fiduciário, com aparelhos para direção por deficiente físico, o devedor fiduciante tem direito a retirá-los quando houver o descumprimento do pacto e a consequente busca e apreensão do bem. STJ, julgado em 18/10/2016 (Info 594). Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69. STJ, julgado em 22/2/2017 (Info 599). #SAINDODOFORNO #CESPEAMA Em ação de cobrança de cotas condominiais proposta somente contra o promissário comprador, não é possível a penhora do imóvel que gerou a dívida - de propriedade do promissário vendedor -, admitindo-se, no entanto, a constrição dos direitos aquisitivos decorrentes do compromisso de compra e venda. STJ. 3ª Turma. REsp 1.273.313-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 3/11/2015 (Info 573). O que o condomínio poderá fazer neste caso? Poderá pedir a penhora dos direitos aquisitivos decorrentes do compromisso de compra e venda. Em outras palavras, pode-se penhorar os direitos que o 36 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 promitente comprador tenha em relação ao contrato de promessa de compra e venda. Penhorados esses direitos, é como se o condomínio assumisse o lugar do promitente comprador nas vantagens que decorrem do compromisso de compra e venda. SOBRE O PENHOR Conceito: É o direito real de garantia sobre coisa alheia constituído, em regra, através da transferência ao credor da posse de um bem móvel ou mobilizável, suscetível de alienação. Ex.: eu deixo as joias no banco até que seja quitada a dívida (transferea posse do bem). São sujeitos do penhor o credor pignoratício x devedor pignoratício. Espécies: a) Penhor convencional: é aquele que decorre de acordo de vontades (contrato) entre as partes. O penhor convencional pode ser de 2 tipos: a.1) Penhor comum: o devedor entrega a posse do bem ao credor. Ex.: penhor de joias na CEF. a.2) Penhor especial: é aquele que dispensa a transferência da posse dos bens ao credor. Ex.: penhor rural, agrícola, pecuário, industrial e mercantil. Ex. penhor das máquinas da fazenda – tratores. b) Penhor legal: é aquele constituído independentemente de manifestação de vontade do devedor. Deriva de um ato de força do credor com fundamento na lei (arts. 1467 a 1462/CC). Ex.: o penhor dos donos de hotéis sobre os bens móveis dos hóspedes. Isso também acontece com os restaurantes, em que a pessoa não paga a conta e o dono do restaurante pode ficar com os bens móveis do devedor (celular, relógio...). Instrumento: o penhor deve ser contratado por instrumento público ou particular. Se for feito por instrumento particular deverá ser registrado no CRTD (regra). Registro: o registro não tem natureza constitutiva do penhor, mas tão somente publicitária (o que se busca através dessa publicidade é a oponibilidade erga omnes. O penhor não tem natureza constitutiva, pois haverá esta com a tradição do bem móvel). Mesmo sem o registro do contrato é possível executar o bem (só que o credor não terá oponibilidade erga omnes). SOBRE A HIPOTECA Conceito: É um direito real de garantia que vincula um bem imóvel do devedor ou de terceiro ao cumprimento de uma determinada obrigação. Ao contrário do que ocorre com o penhor (comum), a posse do bem permanece com o devedor. 37 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 Constituição: O contrato de hipoteca deve ser feito por escrito (SEMPRE). Se o imóvel tiver valor superior a 30 salários mínimos, deverá ser celebrado por escritura pública (art. 108,CC). Se o proprietário do imóvel a ser hipotecado for casado será necessária a vênia conjugal (em regra). ATENÇÃO! Diversamente do que ocorre no penhor, na hipoteca o registro do contrato (CRI) é indispensável para que exista o direito real de garantia. Sem registro, o credor não tem direito de preferência (preferir aos outros credores quirografários) nem sequela (buscar o bem com quem quer que esteja). Objeto: Além da propriedade dos imóveis, podem ser objeto de hipoteca outros direitos e até mesmo a propriedade de alguns bens móveis. Ex.: navios e aeronaves (art. 1473/CC). Modalidades: a) Hipoteca convencional: é aquela que decorre de manifestação de vontade das partes. b) Hipoteca legal (art 1489/CC): é aquela imposta por lei na proteção de determinadas pessoas. c) Hipoteca judicial: está prevista no art 466 do CPC e surge do registro da sentença que condena o réu ao pagamento de dinheiro ou outro bem. 18 DIREITO DAS SUCESSÕES. 18.1 SUCESSÃO EM GERAL. 18.2 SUCESSÃO LEGÍTIMA. 18.3 SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA. 18.4 INVENTÁRIO E PARTILHA. ATENÇÃO!!! O STF, há pouco tempo, declarou a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do CC/02! Finalmente, né? Dessa forma, nos casos de união estável, a regra a ser seguida é a prevista no art. 1.829 do CC/02, seguindo a mesma lógica da sucessão do cônjuge! #VIVAOSAMIGADOS #VIVAOSAMASIADOS! A Importância do julgado se dá pelo fato também de estar ele afetado pela repercussão geral. A Ementa foi aprovada assim: “No sistema constitucional vigente é inconstitucional a diferenciação de regime sucessório entre cônjuges e companheiros devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do Código Civil.” Sobre herança, se liga que é isso que precisa saber, Defensor(a): REGRAS BÁSICAS DA SUCESSÃO Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (droit de saisine). Herdeiro legítimo é aquele apontado pela 38 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado por testamento, legado ou codicilo (art. 1.796 do CC) Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do tempo da abertura da sucessão. Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida aos herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de caducidade ou nulidade absoluta do ato de disposição. Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa proteção da legítima, que é a quota dos herdeiros necessários. ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A herança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível e universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é administrada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo administrador provisório (art. 1.797 do CC). ACEITAÇÃO DA HERANÇA A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um ato jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia. Três são as formas de aceitação da herança, a saber: (a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular. (b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem e começa a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu. (c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de 30 dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita. 39 CICLOS DE REVISÃO DPE/PE | @CICLOSR3 RENÚNCIA É o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não aceita. Duas são as modalidades de renúncia à herança: (a) Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura. Em casos tais, não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante. (b) Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de determinada pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão, verdadeira doação, incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante. PETIÇÃO DE HERANÇA De acordo com o art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. Indignidade sucessória Deserdação Matéria de sucessão legítima e testamentária Matéria de sucessão testamentária Alcança qualquer classe de herdeiro, seja ele necessário ou facultativo. Somente atinge os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge). As hipóteses de indignidade servem para deserdação. Existem hipóteses de deserdação que não alcançam a indignidade (arts. 1962 e 1963). Há pedido de terceiros interessados ou do MP, com confirmação em sentença transitada em julgado. Realizada por testamento, com declaração de causa e posterior confirmação por sentença. 19 DIRETO DE FAMÍLIA. Enfim, o Direito de Família. Matéria amada por muitos, odiada por outros muitos. Infelizmente, amando-a ou odiando-a, vocês, meus amigos e minhas amigas, terão que lidar com ela. E de forma muito carinhosa!
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