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Teorias Criminológicas Sociológicas

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Aula 03
Criminologia p/ Carreira Jurídica 2021
(Curso Regular)-Profs. Paulo Bilynskyj e
Beatriz Pestilli
Autores:
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo
Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
Aula 03
22 de Fevereiro de 2021
35881692373 - Batista Lima Souza
 
 
Sumário 
1 – Classificações doutrinárias importantes ...................................................................................................... 3 
1.1 – Teorias de nível Individual e Teorias Sociológicas ................................................................................. 3 
1.2 – Teorias Criminológicas Etiológicas e Teorias Criminológicas Sociológicas ........................................... 5 
3 – Teorias Sociológicas ..................................................................................................................................... 8 
3.1 – Teorias do Consenso .............................................................................................................................. 8 
3.2 – Teorias do Conflito ................................................................................................................................ 9 
4 – Teorias Sociológicas: Consensuais ............................................................................................................. 10 
4.1 – Escola de Chicago ................................................................................................................................ 11 
4.1.1 – Teoria Ecológica ou da Desorganização Social ................................................................................................... 14 
4.1.2 – Teorias das zonas Concêntricas .......................................................................................................................... 16 
4.1.3 – Delinquency Areas .............................................................................................................................................. 17 
4.1.4 – Teoria Espacial .................................................................................................................................................... 20 
4.1.5 – Teoria das Janelas Quebradas ............................................................................................................................ 20 
4.1.6 – Teoria da Tolerância Zero ................................................................................................................................... 23 
4.1.7 – Teoria dos Testículos despedaçados ou Testículos quebrados ou Breaking Balls Teory .................................... 25 
4.2 – Teorias da aprendizagem social ou Social Learning............................................................................ 26 
4.2.1 – Teoria da Associação diferencial......................................................................................................................... 27 
4.2.2 – Teoria da Identificação Diferencial ..................................................................................................................... 33 
4.2.3 – Teoria do Condicionamento Operante ............................................................................................................... 33 
4.2.4 – Teoria do Reforço Diferencial ............................................................................................................................. 33 
4.2.5 – Teoria da Neutralização ...................................................................................................................................... 34 
4.3 – Teorias Subcultura Subculturais .......................................................................................................... 36 
4.3.1 – Delinquent Boys: Teoria da Subcultura Delinquente .......................................................................................... 36 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
Aula 03
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4.3.2 – Teoria da Oportunidade diferencial.................................................................................................................... 39 
4.3.3 – Cultura da classe inferior .................................................................................................................................... 39 
4.4 – Teoria da anomia ................................................................................................................................ 40 
Resumo ............................................................................................................................................................. 43 
Destaques à legislação e Jurisprudência .......................................................................................................... 54 
Considerações finais ......................................................................................................................................... 67 
Questões comentadas...................................................................................................................................... 67 
Lista de questões ............................................................................................................................................ 104 
Gabarito ..................................................................................................................................................... 121 
 
 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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TEORIAS DO CONSENSO 
1 – CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS IMPORTANTES 
A Criminologia não é uma matéria que goza de conceitos uniformes, ao contrário, são inúmeras as 
conceituações, subdivisões e divergências doutrinárias que norteiam a matéria. Por isso, é importante que 
façamos uma breve síntese das classificações, divisões e principais ramificações trabalhadas em provas, 
para que, ao ser explorada, não lhe cause espanto. 
Então vamos lá. 
Quando falamos em modelos teóricos explicativos, podemos encontrar diversas classificações e divisões 
utilizadas pela doutrina brasileira a fim de explicar tais modelos. Cumpre alertar que a classificação é 
bastante numerosa e heterogênea, repito, não há pacificação sobre o tema. 
Uma parte da doutrina, ao chegar no capítulo de modelos teóricos explicativos da 
Criminologia, divide os modelos teóricos em: Teorias de Níveis individuais e 
Teorias Sociológicas. 
Outra parte da doutrina vai dividir os modelos teóricos explicativos em Teorias 
Etiológicas e Teorias Sociológicas, apenas. 
E finalmente, há quem reconheça os modelos explicativos da Biologia criminal, da 
Psicologia criminal e da Sociologia criminal. 
Seja como for, os conceitos dessas classificações não são excludentes. Por isso, quero que você os saiba 
com firmeza, assim, caso sua prova utilize qualquer nomenclatura, você estará familiarizado. Vejamos: 
 
1.1 – TEORIAS DE NÍVEL INDIVIDUAL E TEORIAS SOCIOLÓGICAS 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Trata-se de uma classificação encabeçada por Peluzo1 e adotada por José Cesar Naves de Lima 
Júnior2. Para o autor, os estudos dos modelos teóricos explicativos podem ser vistos a partir de 
dois paradigmas, o individual e o sociológico. 
• Individual: essas teorias visam fornecer uma explicação das causas individuais do 
crime. 
 
• Sociológico: essas teorias tentam compreender a criminalidade apartir de um 
fenômeno social. Adota-se, portanto, uma terminologia muito adotada em prova: 
sociedade criminógena. 
Além disso, para os autores, os paradigmas se subdividem, o que podemos resumir a partir do seguinte 
quadro sinóptico: 
 
 
Isso significa que as teorias que têm o objetivo de explicar as causas individuais do fenômeno criminal 
acrescentam; 
 
 
1 PELUSO, Vinícius de toledo Piza. Introdução às Ciências Criminais. Salvador: Editora Juspodiwm, 
2015, p. 110. 
2 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. Salvador: Editora Juspodiwm, 2018, p. 
122. 
Teorias 
Individual
Teorias biológicas 
ou 
bioantropológicas
Teorias 
psicológicas 
Sociológico
Teorias 
Etiológicas 
Teorias 
Interacionistas
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 Se biológica ou bioantropológicas, a intenção de localizar e identificar em alguma parte do 
funcionamento do organismo o que possa justificar a sua conduta criminosa. Isso significa que, 
para essas teorias, o crime é uma consequência patológica ou disfuncional do indivíduo. Para Lima 
Júnior, a prática do crime está associada a variáveis congênitas do indivíduo, ou melhor, a sua 
própria estrutura orgânica. O delinquente é um ser organicamente distinto dos demais cidadãos3. 
 
 Se psicológicas, tentam explicar o comportamento criminoso a partir dos processos psíquicos do 
indivíduo, supervalorizando o mundo anímico. Noutras palavras, a explicação do crime está no 
comportamento criminoso que se justifica nas vivências subconscientes do criminoso, assim como, 
em seus processos de socialização e aprendizagem. 
 
Noutro giro, as teorias de cunho sociológico, se subdividem em: 
 Etiológicas: quando propõem compreender e explicar a criminalidade como um fenômeno social 
nas perspectivas etiológicas (causas); ou 
 
 Interacionistas: quando propõem compreender e explicar a criminalidade a partir das (reações 
sociais). 
Embora Lima Júnior faça tais classificações iniciais, não se pode extrair de seu manual quais teorias, 
especificamente, ele classifica como um ou outra. No entanto, a partir do conceito acima, é possível chegar 
a essa conclusão ao estudar cada uma das teorias. 
 
1.2 – TEORIAS CRIMINOLÓGICAS ETIOLÓGICAS E TEORIAS 
CRIMINOLÓGICAS SOCIOLÓGICAS 
Embora a conceituação seja a mesma e até complementada pela divisão de Peluzo e Lima Júnior, os 
autores Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann, preferem apenas duas divisões como clássicas: as Teorias 
Criminológicas Etiológicas e Teorias Criminológicas Sociológicas. 
Para eles: 
 
 
3 Ibid. 
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Teorias Criminológicas Etiológicas: são aquelas que pertencem a uma criminologia tradicional, cujo foco 
está na pessoa do criminoso (perceba que este é o nível individual de Peluzo, trabalhado acima), no 
entanto, valorizam-se apenas as causas do crime, atribuindo-as à pessoa do delinquente. Os autores citam 
como exemplo dessa Criminologia Tradicional: 
 Escola Clássica; 
 Escola Positiva 
 
Teorias Criminológicas Sociológicas ou Macrossociológicas: aquelas que surgiram pós período da Lutas das 
Escolas, ou seja, posteriores à Escola Clássica e Positiva e, por isso, as chamam de teorias modernas. De 
acordo com os doutrinadores, essas teorias se importam com o contexto social em que o criminoso está 
inserido, sendo que, o delito ocorre por múltiplos fatores. Até porque, o foco é o contexto social que 
envolve o criminoso. Os autores vão dizer que essas teorias de cunho sociológico causam uma ruptura 
trazendo uma virada sociológica ou giro sociológico4. Isso porque, elas rompem com o mito da 
causalidade, discutido pelo modelo etiológico, aceitando que a explicação criminológica não se subordina 
a determinismos e previsibilidade, mas apenas ao da probabilidade, por isso, ciência. Para os autores, 
estão inseridas neste modelo moderno, as: 
 Teorias do consenso: acredita-se que a sociedade foi formada por um consenso entre 
indivíduos e, todo elemento, indivíduo, possui importância na estrutura social. Possui um cunho 
funcionalista. 
 Teorias do conflito: A sociedade não é formada por um consenso e sim pela coerção, imposição 
de membros dessa sociedade sobre os demais. Possui um cunho argumentativo. 
 
 
4 Ibid.,p.80 
Teorias 
Etiológicas
Sociológicas
Teorias do 
Consenso 
Teorias do 
Conflito
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Quais classificações adotaremos em nosso estudo? 
Em nosso estudo, somaremos todas as classificações acima e, acompanhando a doutrina majoritária, as 
dividiremos no seguinte modelo metodológico: 
 
 
Hoje iniciaremos as teorias de cunho sociológico, sendo que, nas próximas aulas, daremos continuidade às 
teorias de cunho sociológico, em especial, as do conflito, bem como os demais modelos teóricos ofertados 
pela Biologia criminal, Psicologia e também não deixaremos de falar sobre os modelos etiológicos. 
É o que faremos a partir de agora. 
Vamos lá? 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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3 – TEORIAS SOCIOLÓGICAS 
Conforme dissemos acima, as teorias de cunho sociológico analisam o contexto social que o indivíduo está 
inserido, bem como esse contexto tem o poder de influenciar, ou não, no cometimento de crimes. 
Lima Júnior vai dizer que: 
As teorias sociológicas propõem compreender e explicar a criminalidade como um fenômeno social nas 
perspectivas etiológicas (causa) ou interacionistas (reações sociais). 
 
Nesse sentido, Natacha Masson concorda: 
As teorias criminológicas de base macrossociológicas explicam a criminalidade como um fenômeno social nas 
perspectivas etiológicas (causas) ou ainda interacionistas (reações sociais). 
 
 Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann completam dizendo que: 
[...] fazem parte da Criminologia moderna, levam em conta o criminoso, reconhecendo que o delito decorre de 
uma multiplicidade de fatores. Há uma ruptura de mito da causalidade, aceitando que a explicação 
criminológica não se subordina ao modelo de determinismo e previsibilidade, mas apenas ao da 
probabilidade. Ocorre uma virada sociológica (ou giro sociológico), pois a ciência criminológica passa a levar 
em conta todas as estruturas que não têm como paradigmas fatores patológicos individuais. 
Nesse sentido, majoritariamente, a doutrina clássica dividirá as teorias sociológicas em dois grandes 
grupos, quais sejam: teorias sociológicas do consenso e teorias sociológicas do conflito. 
 
3.1 – TEORIAS DO CONSENSO 
De um lado, portanto, temos a teoria do Consenso. 
 
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As TEORIAS DO CONSENSO são aquelas que, de acordo com Paulo Sumariva (2017, p.65), 
concentram suas análises nas consequências do delito e defendem a tese de que a finalidade 
da sociedade é atingida quando as pessoas partilham objetivos comuns e aceitam normas 
vigentes na sociedade, havendo o perfeitofuncionalismo das instituições. 
Em outras palavras, é dizer que por intermédio do consenso é que a sociedade se estrutura em elementos 
que integrados serão funcionais e que se tornarão inesgotáveis, garantindo, consequentemente, a 
harmonia social. São exemplos de modelos teóricos com bases consensuais: a Escola de Chicago, Teoria da 
Associação Diferencial, Teoria da Subcultura Delinquente e a Teoria da Anomia. 
As teorias consensuais partes dos seguintes postulados: toda sociedade é composta de elementos perenes, 
integrados, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre seus integrantes. 
 
 
3.2 – TEORIAS DO CONFLITO 
Por outro lado, temos as teorias do Conflito. 
 
As TEORIAS DO CONFLITO são de cunho argumentativo e sustentam que a sociedade não se 
limita ao modelo de consenso, pois está em contínuas mudanças. Sendo assim, 
consequentemente, os elementos de uma sociedade cooperam para a dissolução e não 
Teorias de 
Consenso
Elementos 
sociais
Perenidade
Integralidade
Funcionalidade
Estabilidade
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cooperação ou consenso, de forma que cabe ao controle social, a partir da coerção, do uso da 
força, quando da não voluntariedade dos indivíduos que habitam nessa sociedade, promover 
a harmonia social. 
Perceba que é um discurso muito atual e que o meio da força, dos sangues nos olhos DEVE SER IMPOSTO 
pelos sistemas de controle social. Diga-se de passagem, o controle social é representado pela família, 
escola, vizinhos, opinião pública, mídia, - modelo (IN)formal - e pela Polícia, Ministério Público, 
Magistratura e Administração Penitenciária, em seu modelo Formal. 
Para teorias de cunho conflitual, a ideia é de que com a IMPOSIÇÃO da ordem e da coesão social, é 
possível GARANTIR o poder vigente e ESTABELECER relações de dominação e sujeição. São exemplos de 
modelos teóricos com bases conflituais: A teoria do etiquetamento também chamada de Appelling 
Aprooach e a Criminologia (teoria) crítica. 
Os postulados das teorias de conflito são: as sociedades são sujeitas a mudanças contínuas, sendo ubíquas, 
de modo que todo elemento coopera para sua dissolução. Haveria sempre uma luta de classes ou de 
ideologias a informar a sociedade moderna. 
 
 
4 – TEORIAS SOCIOLÓGICAS: CONSENSUAIS 
Guerreiro, 
Passaremos agora ao estudo dos modelos teóricos consensuais, a saber: as teorias desenvolvidas 
pela Escola de Chicago, a teorias de aprendizagem social como a Teoria da Associação Diferencial, as 
Teorias de 
Conflito
Elementos 
sociais
Mudança 
contínua
Cooperação 
para dissolução
Luta de classes
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teorias de ordem subculturais como a Teoria da Subcultura Delinquente e finalmente, as teorias 
estruturais-funcionalistas como a Teoria da Anomia. 
 
4.1 – ESCOLA DE CHICAGO 
 
A Escola de Chicago trabalhou a explicação ecológica do crime. 
 
A doutrina considera a Escola de Chicago um dos focos de expansão mais poderosos e influentes da 
Sociologia criminal. 
Nas palavras de Eduardo Viana, a razão para a denominação Escola de Chicago, e não ecologia criminal é 
dupla, por um lado, deriva da explosão urbana na cidade de Chicago, por outro, da criação do primeiro 
departamento de Sociologia do mundo na Universidade de Chicago. (Criminologia. p. 213) 
Daí porque, renomados doutrinadores consideram a Escola um dos focos de expansão mais poderosos e 
influentes da Sociologia criminal. 
No tocante a explosão urbana na cidade Chicago, destaca-se Park, um dos principais teóricos da escola. 
 
Park era jornalista e, com 25 (vinte e cinco) anos de observação e coleta de dados, 
constatou que a população de Chicago, entre os anos 1860 e 1910, dobrava a cada dez 
anos, com as ondas de imigração5. 
 
 
 
5 Eduardo Viana. Op. cit., p. 213: Cf. Vold, George B: Beenard, Thomas J; Sinpes, Jeffreu B. 
Theoretical Criminology. New York: Oxford Universitu Press, 1998, p. 141. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Pode-se dizer que a origem das teorias da Escola de Chicago, refletiu, e muito, o período e contexto social 
da época que vivia, notadamente, um salto demográfico em proporção de diversidade cultural. 
Chicago vivia um período de explosão demográfica, de maneira que a cidade dobrava o número de 
população a cada 05 (cinco) anos. 
Por óbvio, tal crescimento é desordenado, desorganizado, não planejado, e acarretaria inúmeros 
problemas sociais e, certamente, os de índole criminal em Chicago, e foi assim. A cidade que outrora 
cosmopolita, agora se transformara aglomerado de etnias, culturas e religiões marcados pela desordem e 
por conflitos. 
Além disso, a doutrina clássica6 relata também um êxodo rural, cidades com economias de estrutura 
agrícola perdiam população para os grandes centros culturais. 
Ao mesmo tempo, por outro lado, essa nova realidade social, de impacto demográfico, atraia o 
departamento de Sociologia da Universidade de Chicago que se inclinava para uma investigação sociológica 
e, é dentro dessa perspectiva, que a Escola de Chicago encara o fenômeno do crime. 
DICA!!! 
Como veremos, a maioria das teorias da Escola de Chicago, em regra, possui fundamentação na 
ecologia, tendo a arquitetura da cidade, quando não planejada para receber tantos habitantes 
e não preparada para um crescimento demográfico, é forte formadora do comportamento 
delinquente. 
Como explica Eduardo Viana: 
(...) A compreensão de crime sistematiza-se a partir da observação de que a gênese delitiva se relacionava 
diretamente com o conglomerado urbano, o qual, muitas vezes estruturava-se de modo desordenado e 
 
 
6 Nesse sentido, Eduardo Viana. Op. cit., p. 214. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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radial, o que favorecia a decomposição da solidariedade das estruturas sociais. Não por outra razão, seus 
teóricos desenvolviam uma “sociologia da grande cidade”. (grifo do autor) 
Dessa forma, a doutrina destaca como principal tese da Escola a chamada ZONAS DE DELINQUÊNCIA. Ou 
seja, para eles, os espaços geográficos com características determinadas, não só explicam o crime como 
também a sua própria distribuição. 
A partir desse cenário radical, surge a ideologia do mellting pot, no qual os elementos mais heterógenos e 
conflitivos devem fundir-se para criar uma nova sociedade, um novo mundo para viver. 
Daí por que a Escola de Chicago constituiu uma sociologia da cidade, também chamada pela doutrina de 
ecologia social da cidade, concentrando seus estudos na distribuição das zonas de trabalho e residência, 
distribuição de serviços, estrutura dos lugares públicos e privados e na profusão de doenças7. 
 
Objeto e Método: O marco social da Escola de Chicago é alicerçado em um objeto de 
investigação ligado às condições sociais para levar adiante suas pesquisas. Por esta razão, fala-
se que os métodos utilizados são os empíricos, com recurso às técnicas estatísticas. 
 
- Principais Representantes da Escola de Chicago 
De início, as pesquisas feitas pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago eram pouco 
rigorosas cientificamente,de modo que, apenas em 1910, com William I. Tomas, tem-se o início de 
pesquisas mais comprometidas, consolidando-se, já nos anos de 1920, com trabalhos desenvolvidos por 
Robert Park e Enerst Burgess, além de Clifford R. Shaw e Henry D McKay. 
 
 
 
7 Op. Cit. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Principais Representantes da E.Chicago 
✓ William I. Tomas 
✓ Robert Park e; 
✓ Enerst Burgess 
✓ Clifford R. Shaw 
✓ Henry D McKay. 
 
4.1.1 – Teoria Ecológica ou da Desorganização Social 
Trata-se de uma teoria de Thomas, com viés completamente ecológico. 
Eduarda Viana8 vai dizer: 
De Thomas, para além da utilização da metodologia estatística, a Escola de Chicago retira seu conceito 
fundamental de desorganização social, compreendido, segundo ele, como impossibilidade de definir modelos 
e padrões de condutas coletivas, decorrendo daí a ausência de limites para o indivíduo expressar suas 
inclinações. 
Considerando a explosão demográfica que ocorria em Chicago, que, em uma fase experimental destacava 
um período de desenvolvimento econômico e industrial, atraindo pessoas de outros países, porém, de 
outro lado, gravitava ao progresso a miséria e desigualdade sociais, bem como acúmulos de imigrantes etc. 
A teoria Ecológica ou de desorganização social, atribuiu o aumento de criminalidade à debilidade do 
controle social (IN)formal, ou seja, às famílias, escola, vizinhos, opinião pública, mídia, etc., pois de acordo 
com ela, à desordem justifica-se pela falta de integração e sentimento de solidariedade entre membros de 
uma sociedade. 
 
 
8 Op. Cit.p.,215 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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É que, numa cidade grande, por exemplo, é impossível que indivíduos estejam 
próximos e mantenham laços e contatos como em cidades pequenas ou pequenos interiores. A rotina de 
trabalho e agitação diária impede a criação de laços e afinidades, fazendo com que essa ausência de 
solidariedade e laços causem uma deficiência no controle social informal que surge no seio de uma 
sociedade, logo, tal debilidade, gera um aumento na sociedade. 
Luiz Flávio Gomes (2008, p. 343-344) explica que: 
Esse efeito criminológico dos centros urbanos é imputado à deterioração dos grupos primários (família, etc.), à 
modificação qualitativa das relações interpessoais que se tornam superficiais, à perda de raízes no espaço 
residencial decorrente da alta mobilidade, à crise dos valores tradicionais e familiares, à superlotação, à 
tentadora proximidades de áreas comerciais e industriais onde há acumulo de riqueza e ao já citado 
enfraquecimento do controle social. 
Diante desse cenário é que Enerst Burguess formulou a teoria das zonas concêntricas. É o que veremos 
agora. 
 
- Enerst Burgess e Robert Park 
Park apropriou-se dos conceitos fundamentais da ecologia. 
Com efeito, para ele, a cidade representa um organismo vivo, que, à semelhança, cresce, invade 
determinadas áreas, as domina e expulsa outras formas de vida inexistentes. Isso ficou claro, por exemplo, 
nos estados do sul estadunidense, primeiro ocupados apenas por arvores, vegetação perene, pinheiros, 
estabilizando-se, finalmente, com carvalhos nogueira. Esse processo, que os ecologistas descrevem como 
invasão, dominação e sucessão, foi transplantado por ele para explicar similarmente a história das 
Américas e a invasão, dominação e sucessão no território dos nativos americanos9. 
 
 
9 Op. Cit. 
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Em consonância, Enerst Burguess foi o responsável por descrever e sistematizar o “processo de 
crescimento” na forma Teoria das Zonas Concêntricas, estabelecendo um modelo de crescimento nas 
cidades norte-americanas estruturados em círculos concêntricos, pelo qual as cidades tendem a se 
expandir. 
 
4.1.2 – Teorias das zonas Concêntricas 
Enerst explica que a cidade se expande radialmente, de dentro para fora, ou seja, do centro para fora, 
formando zonas concêntricas, sendo assim estruturadas: 
Veja a imagem ilustrativa: 
 
 
a. Zona 1 – LOOP: Também conhecida por Loop, é o centro da cidade. O coração comercial, onde se 
situam os principais bancos e lojas, no LOOP estão localizados à parte central da cidade, cujas 
atividades financeiras e profissionais estão situadas. 
 
b. Zona 2 – ZONA DE TRANSIÇÃO: Geralmente a parte mais antiga e degradada da cidade, forma a 
chamada Zona de Transição, essencialmente habitada pela população mais pobre, que não pode 
adquirir moradias melhores. 
 
c. Zona 3: É formada pela população de trabalhadores que possui melhores condições financeiras e, 
por isso mesmo, afasta-se do deteriorado centro para moradias e apartamentos mais modestos. 
 
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d. Zona 4 - SUBURBIA: Corresponde à chamada zona de residências, habitada pela classe média, a 
qual é integrada por melhores moradias. 
 
e. Zona 5 - EXURBIA: Finalmente, áreas mais afastadas e até mesmo fora das cidades, local que 
contempla os subúrbios e as cidades satélites, ocupadas pelas classes altas. 
 
Nesse sentido, as estatísticas indicavam maior incidência de crime na Zona II. 
Por que razão, Park e Burguess consideram que a concentração de crime e delinquência nessa região eram 
sinais de um processo de desorganização social. Importante destacar que, nesta área, os laços sociais são 
destruídos na medida em que a área aumentava por invasão de comércios, indústrias e quaisquer outros 
meios comerciais, causando, consequentemente, um enfraquecimento à resistência da criminalidade. 
IMPORTANTE! 
Frise-se, portanto, uma inovação a partir desta teoria, pois até então, o entendimento era 
cristalizado pelas ciências biológicas que compreendiam as favelas como produto de um 
determinismo biológico, acarretado pelo acasalamento de pessoas portadoras de genes 
defeituosos. A partir da teoria das zonas concêntricas, as favelas passam a ser compreendidas 
como um fruto da desorganização social. 
 
Shaw e Mckay 
Clifford R. Shaw e Henry D McKay, foram responsáveis por contribuir para as investigações criminológicas 
de cunho social. Ambos tiveram importância, pois a partir da teoria das zonas concêntricas, formularam a 
correlação entre a localização da residência em cada uma daquelas áreas e em cada uma daquelas áreas e 
o respectivo índice de criminalidade. 
É o que veremos. 
 
4.1.3 – Delinquency Areas 
A partir das zonas concêntricas, Shae e McKay recolheram inúmeros dados por anos. 
Nas primeiras investigações estatísticas, as quais também tiveram como base as Zonas concêntricas, 
constatou-se a correlação entre a localização da residência em cada uma daquelas áreas e o respectivo 
índice de criminalidade. Recolhendo dados entre os anos 1900 e 1940, verificaram que a zona II 
apresentava o maior índice de criminalidade; mais ainda, quanto mais afastada dos centros, menor o índice 
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35881692373 - Batista Lima Souzade criminalidade. Essas áreas, na caracterização de Dias e Andrade, são fisicamente degradadas, 
segregadas economicamente, eticamente e racialmente, bem como sujeita à doenças. Correlacionando-se 
com as características traçadas por Shaw e Mackey com o índice de criminalidade, nesse âmbito 
sociológico, é inversamente proporcional ao ótimo IDH, ou seja, regiões com o IDH baixos têm maiores 
taxas de criminalidade; regiões com IDH ótimo, menores índices de criminalidade10. 
A obra fundamental para a compreensão da distribuição ecológica do crime da cidade de Chicago foi a 
Delinquency areas, de Clifford Shaw, datada de 1929 e, posteriormente, a biografia de The Jackroller. Nas 
obras, basicamente, restou consignado: 
Síntese11 
✓ Nas áreas criminais, a opinião pública, ou seja, o controle informal possui débil 
eficiência na formação do controlo dos jovens. Familiares e vizinhos geralmente 
aprovam o comportamento jovem. 
✓ Alguns bairros oferecem oportunidades à delinquência, como por exemplo, pessoas 
dispostas a adquirir bens roubados; 
✓ As atividades delinquenciais começam muito cedo, como parte de um jogo das ruas; 
✓ As taxas de delinquência são mais elevadas na zona de transição. 
 
Note que, como demonstrados nas obras, toda a investigação promovida por Shaw e Henry, foram no 
sentido de entender a relação entre as zonas de povoamento com a criminalidade. A partir disso e, 
reconhecendo autores anteriores a eles, esses autores concluem que os delinquentes procediam 
principalmente das zonas adjacentes ao distrito central, e que a concentração de criminosos ia diminuindo 
conforme as áreas residenciais se distanciavam do centro. 
Veja o breve relato12: 
 
 
10 Op. Cit.p., 217 
11 Op. Cit. 
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O ponto de partida de Shaw e Mackay foi a observação de que o volume de criminalidade nas cidades, a 
exemplo de Chicago, distribuía-se de modo heterogêneo; por um lado, a exemplo de Chicago, distribuía-se de 
modo heterogêneo. Por um lado, o índice de criminalidade aumentava em relação diretamente proporcional 
nas zonas de moradia diretamente conectadas com as zonas mais centrais da cidade. Isso explica o fato de 
que nessas zonas de transição, a alta mobilidade social impede a aprendizagem dos valores pró-sociais e, 
consequentemente, não propiciava a ativação de um controle social (informal). Por outro lado, quanto mais 
distante as zonas de moradias estivessem dessa região central, menores os índices de criminalidade; nessas 
outras zonas, nas quais há menos fluxo de moradores, existe o compartilhamento de valores coletivos e, 
consequentemente, o controle social é ativado. 
Para além dessa primeira racionalização, os autores constataram que o índice de criminalidade de 
determinada região, associado a outros problemas sociais (desempregados, drogradição, pobreza, por 
exemplo), mostrava significativa constância: ele permanecia constante mesmo com fluxo de moradores. 
Essa constância, na percepção de Shaw e Mckay, somente pode conduzir à seguinte conclusão: as causas 
determinantes da criminalidade precisam estar infundidas em singulares áreas de urbanas e nas suas 
correspondentes estruturas; essas causas não devem ser investigadas – como sugeria a criminologia clássica 
– nas pessoas ou nas particularidades, mas sim, devem existir nos valores, nas normas e nas suas relações 
que marcam a vida dentro de uma área urbana. 
 
Conforme resta demonstrado, o surgimento da criminalidade, a partir da teoria de Shaw e Mckay está 
imprescindivelmente ligada à relação entre organização social e controle social. 
Contudo, mais do que entender a etiologia criminal, Shaw se preocupava com a prevenção do crime, de 
modo que criou programas de políticas criminais tendentes à prevenção delitiva, entre os quais os mais 
destacados foi Chicago Area Project (CAP) em 1932. 
O projeto foi regionalizado envolvendo jovens e engajando toda a comunidade social, que era despertada 
para uma prevenção do delito. Implementava programas desportivos e recreativos como forma de 
fomentar a conscientização social a respeito do problema da delinquência. O programa é uma clara 
expressão da base em que se funda a Escola de Chicago, que era a questão social, e também da linha de 
pesquisa de Shaw. 
 
 
 
12 Op. Cit. 
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Projetos semelhantes ao de Shaw são aplicados nas comunidades brasileiras. Com o apoio de 
entidades e das pessoas da própria comunidade, buscam difundir a inclusão digital e cultural, as 
práticas esportivas e de lazer. Desse modo, tem por objetivo controlar e, se possível, diminuir a 
violência. 
 
Esses foram os autores de maiores destaques do modelo teórico sociológico do consenso, apresentado 
pela Escola de Chicago. Veremos agora, outros modelos teóricos, também da Escola de Chicago, porém, a 
doutrina não destaca relevância dos autores, mas das teorias em especial. 
 
4.1.4 – Teoria Espacial 
Desenvolvida por Oscar Newman, foi ele quem escreveu a obra Defensible Space Crime Prevention 
Through Urban Design, em 1972. 
Para o autor, a estrutura física e arquitetônica das cidades é fato relevante na incidência das práticas 
delitivas, pois o isolamento das pessoas em relação aos vizinhos e inexistência de vigilância facilitam a 
ocorrência dos crimes. 
Com isso, ele argumenta que uma área se tornará mais segura a partir do momento em que os propósitos 
residentes daquela comunidade assumirem o senso de reponsabilidade e dever de cuidado. Se o criminoso 
percebe que determinado local está sob intensa vigilância, certamente se sentirá menos seguro para 
cometer uma infração penal. Em suma, essa teoria trabalha com as hipóteses de diminuição do delito 
através do design ambiental13. 
 
4.1.5 – Teoria das Janelas Quebradas 
Criada por James Wilson e George Kelling, em 1982, na revista Atlantic Monthly, possui raízes nos estudos 
da Escola de Chicago. 
 
 
13 FONTES, Eduardo & HOFFAMANN Henrique. Criminologia. 1ª. Edição. 2ª. tir.:ago/2018. Salvador: 
Editora JusPodivm, 2018. p. 123. 
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A teoria foi pensada numa situação de ausência estatal e proliferação do crime por causa dessa falta, ainda 
dentro da sistemática dos três círculos concêntricos, em que a periferia teria a grande concentração de 
práticas criminosas. Como se verá a seguir, a relação conceitual que se faz é entre ordem e desordem. 
Nas palavras de Christiano Gonzaga14: 
Foi feito um experimento na cidade de Nova Iorque, no qual dois carros foram deixados em regiões distintas 
(Bronx e Palo Alto). A escolha desses locais foi feita com base na maior e na menor presença estatal, sendo 
quase inexistente no Bronx um policiamento ostensivo, enquanto em Palo Alto, rica região da Califórnia, há 
polícia pública e até mesmo segurança particular. Após alguns dias, o carro deixado no Bronx teve uma das 
janelas quebradas (daí o nome da teoria), mas por inexistir segurança pública no local nada foi feito contra 
quem fez o dano. Em virtude disso, no outro dia, uma das portas do veículo foi arrancada, bem como o toca-
fitas, e também nada foi feito, encorajando-se futuras condutas delituosas e até mesmo mais graves. Por fim, 
o carro estava totalmente arrombado, ficando apenas a sua carcaça, comose vê em muitos filmes norte-
americanos que retratam os já citados guetos. Nas periferias do Brasil também é possível vislumbrar tal 
cenário, em que carcaças de carros são deixadas nas vielas até mesmo para impedir que a polícia suba o 
morro e acesse locais de pontos de drogas. Noutro giro, o carro deixado em Palo Alto não sofrera nenhum tipo 
de arrombamento ou qualquer conduta criminosa, uma vez que o policiamento ostensivo e rigoroso em tal 
região desencoraja os moradores locais de praticarem condutas ilícitas. Nem se diga, como sói acontecer, que 
os crimes são praticados na região da periferia porque os pobres são dados a práticas criminosas, enquanto os 
ricos não o são. O motivo do surgimento do crime na periferia foi por causa da ausência estatal, pois no menor 
sinal de prática criminosa, ainda que fosse no Bronx e tivesse policiamento presente, seria tal conduta coibida 
pela força estatal. Quando se quebra a janela do carro e nada é feito, tem-se a clara sinalização de que o 
Estado será omisso contra aquele criminoso, dando ensejo a novas condutas. Nesse sentido, caso se quebre 
uma janela de um prédio e ela não seja imediatamente consertada, os transeuntes pensarão que não existe 
autoridade responsável pela conservação da ordem naquela localidade. Em breve, todas as outras janelas 
serão quebradas. Nisso, haverá a decadência daquele espaço urbano em pouco tempo, facilitando a 
permanência de marginais no lugar, criando-se, por consequência, um caos anunciado. Dessa forma, defende-
se que a desordem tem relação de causalidade com a criminalidade, pois deve haver uma repressão imediata 
e severa das menores infrações na via pública, com o escopo de deter o desencadeamento de grandes ações 
criminosas, restabelecendo nas ruas um clima de ordem. 
Na doutrina, há divergência apesar da cientificidade do experimento. 
 
 
14 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva. 
2018. p. 65. 
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Alguns doutrinadores colocam em dúvida essa ideia de a presença estatal ter reduzido a criminalidade em 
Nova Iorque. Aos que defendem, divergem que a queda abrupta da criminalidade naquela cidade não é 
prova suficiente de que a teoria das janelas quebradas funcione, pois, “Basta ver que outras grandes 
cidades ao longo dos EUA experimentaram uma queda notável da criminalidade ao longo dos anos 90. 
Muitas delas – incluindo Boston, Houston, Los Angeles, St. Louis, San Diego, San Antonio, San Francisco e 
Washington, D.C. – com índices maiores que os de Nova Iorque, sem que tivessem implementando a mesma 
política. Nova York teve uma queda de 51% na taxa de homicídios no período de 1991 a 1996; Houston, 
69%; Pittsburgh, 61%; Nova York ficou em quinto lugar (Joanes, 1999, p. 303).” 
Seja como for, prevalece que estimula o crime é a ausência de força policial e, consequentemente, a 
inexistência do Estado nas regiões mais pobres. 
 
– Estudo de Caso: Caos no Brasil! Paralisação da PMES: O que estimula o crime é a 
ausência de força policial. 
E é sob essa perspectiva de que o crime é a ausência de força policial e, consequentemente, a inexistência 
do Estado nas regiões mais pobres, que podemos subsidiar boa parte da explicação para a última 
paralisação geral da PM que ocorreu no Brasil, especificamente no Estado do Espírito Santo. 
Amplamente divulgado nas mídias, as imagens eram assustadoras. Lojas sendo invadidas por pessoas 
comuns, da sociedade. E aqui não estamos falando de criminosos (embora criminosos “tradicionais” como: 
traficantes, homicidas e estupradores sempre fizeram crimes e intensificaram a atividade criminosa nesse 
período de ausência estatal), mas de pessoas comuns subtraindo eletrodomésticos. O vandalismo era 
nítido. 
Isso chamou a atenção de todo o mundo para aquele Estado. Tratava-se de pessoas que, até então, nunca 
praticaram condutas ilícitas, mas, naquele momento especificamente foram estimuladas. 
Nas palavras do Professor Christiano Gonzaga15, o estímulo se deu e subsidiou os inúmeros furtos e outras 
condutas pelo simples fato de não terem o risco de serem presas, uma vez que a greve da polícia sinalizava 
que o Estado nada faria contra elas. 
Perceba que o episódio comprova a teoria das janelas quebradas, pois a ausência do Estado e sua 
consequente repressão fizeram com que o crime surgisse e proliferasse. Se ao menor sinal de conduta 
 
 
15 Op. Cit., p. 66. 
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criminosa o Estado estivesse ali para coibi-la, o cenário certamente seria outro. Isso também explica por 
que os crimes são praticados em larga escala na periferia (último círculo concêntrico), mas não o são no 
centro cívico. A razão é uma só, qual seja, a ausência estatal. Isso tudo se deu porque não havia força 
policial presente nas ruas, o que bem demonstra que a população não comete crimes por causa do medo 
de ser presa. Nem se diga que o fomentador do crime é o status social, isto é, ser pobre ou rico. No caso 
retratado no Brasil ou na experiência feita nos Estados Unidos, não foi porque o crime ocorreu nas classes 
ou nos locais onde residem pessoas mais pobres, sendo a principal fundamentação para a sua ocorrência, 
mas sim o fato de que nos guetos norte-americanos (periferia no Brasil) e no centro urbano de Vila Velha 
(Espírito Santo) o policiamento ostensivo não estava presente16. 
Alguns autores denominam esse tipo de teoria janelas quebradas ou política Tolerância Zero e Lei e 
Ordem implementadas com base no Direito Penal Máximo, de Neorretribucionismo ou Realismo de 
Direita, uma vez que se confere ao sistema penal a responsabilidade em fazer com que o meio social fique 
em paz, usando-se da força e da coerção, pouco importando a pessoa do criminoso. Em outras palavras, o 
que se prega é a pura concepção de que a prevenção geral solucionará todos os problemas com o temor 
iminente de uma pena. Todavia, o que não se levou em consideração é que boa parte da população não 
atua com base no medo, mas sim no utilitarismo que a infração penal pode fornecer.17 
 
4.1.6 – Teoria da Tolerância Zero 
Seguindo o raciocínio da teoria das janelas quebradas a teoria da Política de tolerância zero teve um 
enfoque prático e foi implementada na década de 1990 em Nova Iorque. 
À época, o Prefeito Rudolph Giuliani aplicou os ensinamentos de George Kelling e James Wilson no 
combate à criminalidade. 
 
 
 
16 Op. Cit. 
17 Op. Cit. 
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Ao menor sinal de prática criminosa, como um simples furto ou uso de maconha, a ordem era 
prender e punir, de forma a impedir o encorajamento de outros crimes mais graves. A ideia era 
a de que se os crimes mais simples fossem punidos a sociedade estaria ciente de que o Estado 
está presente e vai punir qualquer conduta praticada às margens da lei18. 
Isso significa que, à luz da Política de Tolerância Zero todas as condutas contrárias ao ordenamento 
jurídico, por menor que sejam, devem ser punidas, sob pena de crimes básicos como de furto e uso de 
drogas eclodirem em crimes de roubo e de tráfico de drogas. 
Ao que parece, não é exagero afirmar que se trata de uma aplicação nítida do Direito Penal Máximo, em 
total contraposição ao chamado Direito Penal Mínimo. Vale lembrar: 
Direito PenalMínimo Direito Penal Máximo 
Preconiza que somente devem ser coibidas as 
condutas mais graves, ou seja, aquelas que 
ofendem os bens jurídicos mais relevantes, 
como a vida, a integridade física, o patrimônio 
etc. Forte na ideia de ultima ratio, furtos de 
pequena monta(???corrigir) e infrações penais 
já aceitas socialmente (princípio da adequação 
social), como casas de prostituição e jogos de 
azar, devem passar ao largo da atuação estatal, 
não merecendo guarida por parte do Poder 
Judiciário. O caráter fragmentário e subsidiário 
do Direito Penal ressalta a sistemática da 
intervenção mínima, em que somente se 
devem tutelar alguns fragmentos de bens 
jurídicos (os mais caros para a sociedade), bem 
como a sua atuação só deve ser feita quando 
os demais ramos do Direito forem 
insuficientes, funcionando o ordenamento 
jurídico-penal como uma espécie de “soldado 
de reserva”, na famosa expressão cunhada 
pelo famoso penalista pátrio Nelson Hungria, o 
que retrata a sua subsidiariedade. 
É a aplicação totalmente contrária ao que foi 
exposto acima, uma vez que qualquer conduta, 
por mais irrelevante que seja, mas por simples 
previsão legal (tipicidade formal), deve ser 
repreendida. Foi isso o que se propôs na 
cidade nova-iorquina sob o governo de 
Giuliani. 
 
 
18 Op. Cit., p. 69. 
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Seja como for, a teoria foi baseada nos estudos da Criminologia, o que demonstra que esta ciência tem sido 
muito utilizada nas mais variadas áreas de atuação social, notadamente naquelas que envolvem a presença 
do crime e do criminoso. O importante é constatar que a Criminologia sempre irá estudar o caso concreto, 
com seu método empírico, e apresentar as suas impressões acerca do problema. Posteriormente, a Política 
Criminal escolherá as soluções mais acertadas para o aludido problema social, com base nas impressões 
coletadas pela Criminologia. Somente depois disso tudo é que as impressões e as soluções serão 
positivadas em lei, gerando, então, o Direito Penal19. 
 
4.1.7 – Teoria dos Testículos despedaçados ou Testículos quebrados ou Breaking Balls 
Teory 
Trata-se de uma teoria que também surgiu nos Estados Unidos, cuja ideia central está vinculada às 
exposições apresentadas pela Teoria das Janelas Quebradas. 
 
Para a teoria dos testículos 
despedaçados, a experiência policial é relevante no 
estudo do crime. 
 
Isso porque, de acordo com ela, criminosos ao serem perseguidos de forma eficaz pela polícia, são 
repelidos, em forma de fuga, para outras localidades mais distantes, oportunidade em que, via de regra, 
darão continuidade às práticas criminosas, livre do controle estatal. 
 
Guerreiro, 
Vencemos, portanto, os modelos teóricos ofertados pela Escola de Chicago. Agora, passaremos ao estudo 
dos modelos de aprendizagem social, que, diga-se de passagem, também são consensuais. 
 
 
 
19 Op. Cit. 
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4.2 – TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL OU SOCIAL LEARNING 
Guerreiro, 
As teorias referentes à aprendizagem social são de cunho consensuais uma vez que também vislumbram o 
meio social como influente fator na formação criminológica do indivíduo. No entanto, a repercussão 
teórica da aprendizagem social na formação do crime, está diretamente associado com a negação da 
correlação do crime com a pobreza. 
 
Para esta tese, indivíduos de classe média e classe alta também estão sujeitos ao cometimento 
do crime. 
Eles podem delinquir se seus processos de interação com instituições sociais forem deficitários. 
Sendo assim, o que se pode dizer é que tais teorias consideram a aprendizagem social como fator principal 
que enseja o cometimento de crime. Nesse sentido, discorda sobre as hipóteses de que a chave para o 
cometimento do crime está em marcos de personalidade ou mesmo no desenvolvimento cognitivo de 
modelos e comportamentos durante a infância dos indivíduos, mas tão somente, na aprendizagem, 
incluída nesse processo de aprendizagem as técnicas adequadas para se cometer o crime. 
Traduzindo: o indivíduo aprende a ser criminoso. É que o nosso comportamento é modelado por 
experiências de vida, somos fruto daquilo que vimos ou fazemos repetidamente e que nos parece familiar. 
Logo, a desvio nada tem de anormal, mas apenas um comportamento, como outro qualquer, consequente 
de um processo de aprendizagem. 
Finalmente, para as teorias de aprendizagem, não há que se falar que alguém nasce criminoso, ao 
contrário, qualquer pessoa pode se tornar um! 
A doutrina classifica como teorias de aprendizagem: a Teoria da Associação Diferencial, Reforço 
Diferencial, Identificação referencial e Neutralização. 
Estudaremos a partir de agora as 04 teorias. 
Vamos lá? 
 
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4.2.1 – Teoria da Associação diferencial 
Trata-se de uma teoria de Criminologia desenvolvida pelo americano Edwin H. Sutherland, baseado no 
pensamento do jurista e sociólogo Gabriel Tarde. 
A Teoria da Associação Diferencial vai dizer que o delito está estabelecido com base nos valores 
dominante de um grupo e um indivíduo torna-se delinquente ao aprender o comportamento criminoso e 
se associar a conduta desviante, por julgar que as considerações favoráveis superam as considerações 
desfavoráveis à prática criminosa. (Natacha, 2018, p; 100) 
Tudo começou quando Gabriel Tarde elaborou uma obra em 1890 chamada As leis da Imitação, e nela 
sustentou a transmissão de dogmas, sentimentos, moral e costumes pela imitação. Assim, chegou a 
conclusão da influência social sobre a criminalidade, sendo o primeiro a desenvolver, portanto, o estudo da 
criminalidade nesse sentido da origem social. 
Nesse sentido, o autor formulou 03 leis gerais da imitação, quais sejam: 
 
AS LEIS DA IMITAÇÃO – POR GABRIEL TARDE 
1. A imitação é desenvolvida proporcional à intensidade do contrato e inversamente 
Proporcional à distância; 
2. Indivíduos de classes inferiores necessitam de indivíduos de classe superiores, assim, o aluno 
precisa do professor e os indivíduos rural da área urbana, por exemplo; 
3. Em casos de conflito entre modelos comportamentais, o novo sobrepõe ao antigo. 
 
Mais tarde, Sutherland, inspirado nos pensamentos de Tarde, amadurece a teoria da associação 
diferencial. Atente-se para o fato de que, embora Sutherland tenha se inspirado em Gabriel, as teorias não 
se confundem. 
Isso porque, para Sutherland é necessário um processo de comunicação pessoal para o aprendizado, já 
Gabriel Tarde, defende o crime por processo de imitação. Sutherland defende a irrelevância na atuação 
das esferas impessoais da comunicação, enquanto Tarde fala em crescimento urbano e maior 
comunicabilidade entre os sujeitos que facilitam e agilizam a propagação da criminalidade. 
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Por isso, ao reformular essa teoria, Sutherland, abandona o termo desorganização social em 
atenção à diversidade da cultural, e passa a adotar o termo organização social diferenciada. 
 
- Organização social diferenciada 
Compreendendo o fenômeno criminal a partir de uma perspectivasocial, essa teoria sustenta que ninguém 
nasce criminoso, resultando a delinquência de um processo de socialização diferencial, em que há 
aprendizado do comportamento desviante, assim como é possível o aprendizado do comportamento 
conforme o Direito, mediante a interação e comunicação com outras pessoas, sendo a influência 
criminógena proporcional ao grau de intimidade do contato interpessoal. Dessa forma, rechaça a 
decorrência do comportamento criminoso de fatores biológicos hereditários, atribuindo-lhe uma origem 
social. (Natacha Alves, 2018, p.102) 
É com o amadurecimento dessa visão que não limita o crime às classes menos favorecidas, ao contrário, 
entende que as classes nobres também estão sujeitas ao crime é que surge a expressão White-Collar Crime 
– ou Crimes do colarinho branco. Neste caso, você já sabe, a nomenclatura é utilizada para se referir ao 
elevado e respeitável grupo econômico que adquire um elevado status socioeconômico mediante a prática 
de crimes, gerando dano à sociedade. Ressalte-se que a expressão foi criada no final dos anos 30, por 
Sutherland e em 1949, a concepção foi revista, se aproximando do entendimento atual que é o que 
veremos agora. 
 
- White-Collar Crime ou Crimes do Colarinho Branco 
A Criminologia de blue-collar e white-collar, datada em 1949, quando o criminologista Edwin Sutherland 
passou a estudar os crimes cometidos pelos altos executivos americanos, os quais infringiam praticamente 
leis como de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. 
Pelo que se percebe, claramente, os executivos sempre estão bem alinhados 
em ternos caríssimos e com camisas com colarinho-branco impecável, daí 
surgindo a expressão white-collar. De outro lado, os operários braçais que 
trabalham no chão da fábrica, bem como motoristas de ônibus e pessoas de 
baixa renda, usam uniformes azuis com colarinhos da mesma cor, o que se 
convencionou chamar de blue-collar. 
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Em sua obra, Sutherland destaca dois pontos como alicerces de sua análise, a saber: 
1. Evidenciar que as pessoas de classe socioeconômica alta cometem muitos delitos e estas 
condutas deveriam ser incluídas no campo das teorias gerais do delito; e, face às evidências; 
2. Apresentar hipóteses que possam explicar tanto os crimes de colarinho-branco como os demais 
ilícitos. 
 A partir disso, o que se pode concluir é que a prática de crimes não é exclusiva dos criminosos de 
colarinho-azul, o que afasta o caráter de patologia inerente aos criminosos ou até mesmo a exclusividade 
de que apenas pessoas pobres delinquem. 
Logo, o crime é um ente social e deve ser estudado em todas as suas formas, pois ele pode nascer em 
qualquer local, bastando para tanto que exista uma interação social20. 
 
- Conclusão 
 
Pode-se concluir que o pensamento de Sutherland, sobre associação diferencial, pode ser resumido em 7 
ideias, a saber: 
✓ A conduta criminosa pode ser aprendida como qualquer comportamento. 
✓ A conduta criminosa é aprendida mediante um processo de comunicação com outras 
pessoas, o que requer um comportamento ativo por parte do agente. Isso significa que 
o simples fato de o indivíduo viver em um ambiente criminógeno não irá 
necessariamente torna-lo num infrator. 
✓ A parte decisiva da aprendizagem da conduta criminosa ocorre no seio familiar e no 
círculo de amizade íntimas. 
 
 
20 Op. Cit. p.46 
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✓ Durante o processo de aprendizagem também são transmitidas as técnicas para a 
execução do delito, e até as justificativas para a conduta delituosa. 
✓ Os impulsos criminosos são aprendidos a partir de do ponto de vista que os contatos 
diferenciais apresentam sobre a lei e o sistema de valores vigente. 
✓ O indivíduo se torna um delinquente quando aprendeu com seus contatos diferenciais 
mais sobre crimes que sobre leis. 
✓ Os contatos diferenciais poder ter duração, intensidade influencia diferentes. 
O Promotor e Professor Christiano Gonzaga21, analisa muito bem em seu livro a dinâmica da Teoria da 
Associação Diferencial com a atual conjuntura brasileira. 
Para ele, na atual conjuntura brasileira, essa associação é facilmente perceptível, uma vez que a 
promiscuidade entre a iniciativa privada e o setor público tornou-se algo natural. Dessa forma, a 
associação é mais coesa e os crimes praticados em comum são mais aceitos, como sonegação fiscal, 
evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas. 
Os crimes praticados por ambos os lados (público e privado) são os mesmos, o que torna mais aceitável a 
sua prática. Percebe-se a ideia de associação diferencial para a prática de crimes de colarinho branco 
quando alguém vislumbra a possibilidade de ter os mesmos bens que os mais abastados possuem, tal como 
acontece com políticos que querem ter o mesmo padrão de vida dos altos empresários. Ora, os políticos e 
demais funcionários públicos só devem ter um padrão de vida adequado à sua evolução patrimonial. Mas, 
nessa sinergia com a iniciativa privada e o acompanhamento dos crimes que eles praticam, faz com que o 
integrante do setor público também se sinta seduzido a ter condutas semelhantes. 
Daí surge a ideia de uma associação entre eles para a prática de crimes comuns, sempre almejando o 
ganho estratosférico. Não obstante, a visão puramente criminológica, deve ser ressaltado que, no campo 
do Direito Penal tal associação também tem destaque jurídico, notadamente na forma da Lei n. 
12.850/2013, em que se definiu o que vem a ser uma organização criminosa. Pelo que se constata, a 
associação agora tida como criminosa no âmbito dos crimes de colarinho-branco é aquela feita com o 
intuito de obter vantagem de qualquer natureza, que no caso em tela, sempre será a busca pelo lucro 
ilícito. 
Ressalte-se que quando Sutherland criou a expressão “associação diferencial”, o seu principal enfoque 
nem era nos crimes de colarinho-azul, uma vez que os criminosos integrantes desse tipo de criminalidade 
não são organizados para a prática de delitos. Ao contrário, a expressão foi uma forma de mostrar o tanto 
que os criminosos de colarinho-branco são organizados para a prática dos mais variados delitos. Cria-se 
 
 
21 Op. Cit. 
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uma sociedade empresária com fins aparentemente lícitos, mas com o escopo fundamental de mascarar 
uma série de crimes graves, como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, entre outros. 
Coincidência ou não, parece que o festejado autor estava tendo uma premonição do que seria a 
criminalidade padrão do mundo moderno, podendo ser citado como exemplo o caso atual da operação 
“Lava-Jato”. 
 
- Cifras Negras e Cifras Douradas 
Em contrapartida, encontramos outra dicotomia que consistente nas chamadas cifras negras e as cifras 
douradas ou de ouro, também propostas por Edwin Sutherland. 
 
A teoria das Cifras Negras também recebe a nomenclatura de Cifras Ocultas; 
Da mesma forma, a teoria das Cifras Douradas pode ser chamada de Cifra de Ouro. 
 
De um lado, as chamadas Cifras Negras representam os crimes de colarinho-branco que não são 
descobertos e, por isso, ficam fora das estatísticas sociais (Gonzaga, 2018, p. 47). 
Como os seus autores gozam do chamado “cinturão da impunidade”, os seus delitos ficam encobertos,ocorrendo o que se chama de cifra oculta ou negra da criminalidade. Cumpre ressaltar que tais delitos são 
infinitamente superiores aos delitos que são descobertos e que entram nas estatísticas sociais, uma vez 
que os crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e contra a administração pública que realmente 
ocorrem e não são punidos constituem a maioria. Já as chamadas cifras douradas ou de ouro 
correlacionam-se aos crimes de colarinho-branco que são oficialmente conhecidos e punidos, o que, 
claramente, constituem uma minoria ínfima perto dos que acontecem e não são descobertos. Os crimes de 
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colarinho-branco conhecidos oficialmente e punidos são bem menores e são chamados de cifras de ouro. 
Essa é a ideia de cifras negras e douradas em Sutherland22. 
 
 
Importante ressaltar que a nossa versão brasileira, sobre as cifras douradas e negras, difere da versão 
original! 
 
Para nós os conceitos foram compactados na ideia simplista de: 
Entre os crimes conhecidos e punidos e os não conhecidos e não punidos, sem reservar o estudo apenas 
para os crimes de colarinho-branco, como foi a ideia originária de Edwin Sutherland. (Gonzaga, 2018, p. 
47). 
Para aclarar o que se entende pela expressão cifras ocultas da criminalidade no Brasil, é citado o escólio de 
Salo de Carvalho, bem elucidativo por sinal, in verbis: 
 “A cifra oculta da criminalidade corresponderia, pois, à lacuna existente entre a totalidade dos eventos 
criminalizados ocorridos em determinados tempo e local (criminalidade real) e as condutas que efetivamente 
são tratadas como delito pelos aparelhos de persecução criminal (criminalidade registrada). E os fatores 
explicativos da taxa de ineficiência do sistema penal são inúmeros e dos mais distintos, incluindo desde sua 
incapacidade operativa ao desinteresse das pessoas em comunicar os crimes dos quais foram vítimas ou 
testemunhas. Como variável obtém-se o diagnóstico da baixa capacidade de o sistema penal oferecer resposta 
adequada aos conflitos que pretende solucionar, visto que sua atuação é subsidiária, localizada e, não 
esporadicamente, filtrada de forma arbitrária e seletiva pelas agências policiais (repressivas, preventivas ou 
investigativas).” 
 
 
22 Op. Cit. 
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4.2.2 – Teoria da Identificação Diferencial 
Guerreiro, 
Ao contrário da Teoria da Associação Diferencial, a Teoria da Identificação Diferencial indicava a conduta 
delitiva não a partir da interação ou comunicação, mas sim, a partir da identificação diferencial com 
criminosos tomados como referência. 
Daniel Glaser, o defensor da teoria acrescentou ao conceito de aprendizagem a teoria dos papéis 
indicando a responsabilidade dos meios de comunicação de massa sobre a conduta do indivíduo. 
Sendo assim, Glaser vai dizer que a identificação pode se dar com indivíduos reais ou fictícios, próximos ou 
distantes, mas sempre por intermédio de uma relação positiva com os papéis representados pelos 
delinquentes ou uma reação negativa contra as forças que se opõem à criminalidade. Portanto, cenas de 
filmes e programas televisivos com uso de drogas e condutas delituosas são alvos de crítica do autor, pois 
seus protagonistas gozam de status de heróis ou justiceiros influenciando assim, o comportamento 
criminoso de pessoas, sobretudo de jovens. 
 
4.2.3 – Teoria do Condicionamento Operante 
A Teoria do Condicionamento operante foi fruto dos estudos de Ronald Akers e Robert Burgess. 
Ambos defendiam a tese de que a conduta criminosa deriva de uma série de estímulos que o indivíduo 
recebe em sua vida, sendo, portanto, fruto de suas experiências passadas. Neste caso, cita exemplo de 
pessoas que sofreram abusos na adolescência como pessoas mais propensas a praticar abusos. 
Sendo assim, o processo de aprendizagem de cada indivíduo é otimizado pelos princípios psicológicos de 
condicionamento operante, operacionalizando-se por meio de consequências da própria ação, de molde a 
subordinar o comportamento criminoso ao grau de vantagens e desvantagens a ele associadas. (Viana, 
2017, p. 256-267) 
Logo, o que se pode concluir é que, para a Teoria do Condicionamento Operante, condutas são reforçadas 
mediante estímulos positivos ou negativos, como recompensas e castigos. 
 
4.2.4 – Teoria do Reforço Diferencial 
Trata-se de uma teoria que justifica o comportamento delitivo como operante e que está em processo 
contínuo de interação com o meio, norteado pelo condicionamento, em especial, pelas ideias de privação 
e saciedade, de modo que, as pessoas privadas de algo respondem de forma diferente ao crime, daquelas 
saciadas. 
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4.2.5 – Teoria da Neutralização 
Finalmente, ainda na linha de aprendizagem, surge a teoria da neutralização, criada por David Matza e 
Gresham Sykes. 
 
A Teoria da Neutralização compreende três palavras chaves, quais sejam: racionalização, neutralização e 
autojustificação. 
A partir dos estudos de delinquência juvenil a teoria abrange a racionalização da conduta delitiva pelo 
emprego de técnicas de neutralização pelo para justificar sua conduta desviante, momento que ocorre a 
autojustificação. 
Da mesma forma, digo, o comportamento criminoso também deriva de um processo de aprendizagem a 
partir de uma interação social, em que o criminoso, comungando dos valores dominantes na sociedade, 
utiliza técnicas capazes de racionalizar e justificar sua violação, neutralizando a sua culpa. Como bem 
disse Lima Júnior, o criminoso se vê como vítima e não criminoso. Assim, entende que a vítima é 
merecedora do mal a que é submetida, razão pela qual, é culpada pelo delito, de forma que os meios de 
controle social formais são veementemente criticados, enquanto os grupos marginais a que a “vítima” 
pertence, são enaltecidos. 
Segundo sociólogos Americanos, os jovens em fase se amadurecimento são como barcos à deriva, e, 
portanto, ainda não tem propósito firme de não delinquir. O ponto da deriva está na metade do caminho 
entre o controle e a liberdade, pois o adolescente encontra-se num limbo entre o racional e o delitivo, e, 
alternadamente, responde às exigências de ambos: ora a um, ora a outro23. 
Destaque-se que a teoria da neutralização é certamente, uma crítica à teoria das subculturas, cujos 
fundamentos são no sentido de que o criminoso tem um sistema de valores autônomo e diferente dos que 
são aceitos pelo restante da sociedade. 
 
 
23 Op. Cit. 
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Finalmente, como forma de estudar as técnicas de neutralização, que são meios pelos quais os 
delinquentes buscam justificar sua ação criminosa, por uma série de argumentos, a fim de tornar suas 
ações mais aceitáveis perante os olhos da sociedade, os autores elencam 05 tipos de neutralização, que 
podemos classificar da seguinte forma: 
 
Nas palavras de Eduardo Fontes e Henrique Hoffamann, podemos exemplificar da seguinte forma: 
▪ Negação da responsabilidade. Exemplo: afirmar que estava drogado ou bêbedo no momento do 
crime. 
▪Negação do Prejuízo. Exemplo: o ladrão afirma ter roubado pessoa rica porque seus bens 
subtraídos não lhe fariam falta. 
▪ Desclassificação da Vítima. Exemplo: indivíduo que comete estupro e justifica-se dizendo que a 
vítima era uma prostituta e que para ela o fato não faz diferença. 
▪ Condenação dos que condenam. Exemplo: afirmar que todos os roubariam se pudessem ou que 
todos usam algum tipo de entorpecentes. 
▪ Demonstração de lealdade. Exemplo: agente que afirma proveito do crime não foi revertido em 
seu benefício, ou que praticou o crime porque não poderia abandonar seus companheiros. 
 
 
 
N
eu
tr
al
iz
aç
ão
Negação da 
responsabilidade
Negação do Prejuízo 
Desclassificação da 
Vítima
Condenação dos que 
condenam
Demonstração de 
lealdade
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4.3 – TEORIAS SUBCULTURA SUBCULTURAIS 
Guerreiro, 
Se de um lado, a cultura é conceituada como toda ação que individualiza um grupo, torna-o singular e 
inconfundível, de outro, por subcultura pode-se entender como um comportamento social e sistemas de 
valores que se separa desse modelo de cultura existente e dominante, mas sem deixar de integrar esse 
sistema central. 
O temo subcultura tem sido amplamente estendido para referir-se à minoria, precisamente, a uma cultura 
inferior, que, nas teorias de cunho sociológicos, estão associadas a jovens e adolescentes das classes mais 
baixas. Exatamente por isso, por referir-se à reação de minorias, fala-se em subcultura. 
 
Nesse sentido, a subcultura, especificamente, da delinquência juvenil, é trabalhada a partir de 
uma perspectiva de rebeldia e reação de minorias desfavorecidas contra valores oficiais da 
classe média. É um verdadeiro sistema que se opõe. 
Importante ressaltar que, para a subcultura, a delinquência é um comportamento completamente normal, 
aliás, mais que isso, não só normal como necessário, pois, somente assim, o delinquente poderá assumir 
um importante papel dentro de seu grupo. Oportunamente, vale ressaltar que a doutrina afirma que as 
teorias da subcultura partem do princípio de que delinquentes são as culturas e não as pessoas. Por isso, 
boa medida do delito é interpretada pela tese como uma infração ao que se denomina de norma de 
cultura. 
Veremos a partir de agora, tais modelos teóricos. 
 
4.3.1 – Delinquent Boys: Teoria da Subcultura Delinquente 
A teoria da subcultura delinquente é uma criação de Albert Cohen, em sua obra chamada de Delinquent 
Boys de 1955. 
A obra de Albert Cohen verificou a existência de subculturas criminosas nas gangues de delinquentes 
juvenis ao investigar o motivo de elevadas taxas de criminalidade nos jovens de classes baixas que residiam 
em bairros mais pobres. 
De acordo com o autor, isso ocorre, pois nesses bairros mais periféricos existe uma estrutura delinquente 
que elabora códigos de condutas e valores diversos, evidentemente, daqueles professados pela classe 
média. Isso só ocorre, pois a classe baixa sofre uma limitação aos valores adotados pela classe média, na 
verdade, pode-se dizer que ela não tem esse acesso. 
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Segundo Cohen, a subcultura delinquente se caracteriza por três fatores: 
1) Não utilitarismo: muitos delitos não possuem motivação racional (como furtar roupas que não vai 
utilizar) 
2) Malicia da conduta: é o prazer em desconcertar, em prejudicar o outro 
3) Negativismo da conduta: forma de reação aos padrões da sociedade. 
Daí porque, surge um natural estado de frustação que vai impelir o jovem a aderir uma 
subcultura (de grupo). Consequentemente, o comportamento criminoso, segundo Cohen, é uma rebelião 
contra o sistema, norma e valores estabelecidos pela classe média. 
Nesse sentido, explica o Professor Christiano Gonzaga: 
O chamado establishment ou cultura dominante é combatido pelos integrantes de um grupo contrário a esses 
valores, utilizando-se para tanto de violência e um código interno de condutas e punições. Alguns jovens eram 
contra o sistema e suas regras e criaram posturas e formas de pensar próprias, não aceitando o que era 
imposto pela sociedade dominante. Nesse diapasão, surge a ideia de gangues, muito bem retratada em vários 
filmes norte-americanos como o famoso Gangues de Nova Iorque, estrelado por Leonardo DiCaprio. Pelo que 
se percebe, as gangues criam costumes próprios e contrários ao que é considerado politicamente correto, 
sendo isso muito comum porque os seus integrantes foram excluídos socialmente, haja vista a ideia já 
esposada acima da teoria dos testículos despedaçados. Com essa exclusão, forma-se um grupo com 
pensamentos contrários aos do já citado establishment, sendo o termo gangue algo pejorativo, mas que bem 
retrata a aglomeração de pessoas com valores próprios e contrários ao que se prega socialmente. 
Evidentemente, o conceito da teoria da subcultura pode ser aplicado ainda nos dias de hoje, veja que, de 
fato, alguns grupos de excluídos socialmente aglutinam-se e formam verdadeiros Estados Paralelos, a 
exemplo: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Família do Norte (FDN). 
Tais organizações criminosas foram formadas com base em ideias próprias numa estrutura paralela de 
poder, em que os seus integrantes utilizam da força para intimidar e punir os que desviam dos seus 
preceitos primários. Como exemplo, não se tolera de forma alguma a delação ou a traição entre os seus 
integrantes, sendo a infração muitas vezes punida com a morte. Tem-se um código próprio de conduta e 
que é respeitado por todos, ocorrendo uma clara concepção de subcultura delinquente. Outra estrutura de 
poder baseada na ideia de subcultura delinquente é a máfia, mas que possui características um pouco 
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diferentes pelo fato de ser mais organizada formalmente, uma vez que se valem de operações lícitas para 
ocultar as práticas criminosas perpetradas na escuridão. Todavia, não deixa de ser uma forma de 
subcultura contrária à ideia dominante, pois os métodos empregados, na maioria das vezes valendo-se da 
violência, não são reconhecidos de forma legítima pela cultura dominante e demais poderes constituídos.24 
No entanto, é importante destacar que há a teoria da Contracultura que não pode ser confundida com a 
teoria da subcultura. 
Como nos ensina Christiano Gonzaga: 
(....) Importante ressaltar que nesta forma de oposição à cultura não se cria uma alternativa com ideias 
próprias como ocorre na subcultura delinquente. Ao contrário, na contracultura cria-se apenas uma aversão 
ao que é tido como socialmente aceito, numa forma de rebeldia sem causa. Os seus integrantes simplesmente 
não concordam com o establishment e opõem-se a tudo que é tido como tradicional. Trata-se de uma espécie 
de anarquia. Como exemplo de manifestação da contracultura, pode-se citar a prática da pichação em imóveis 
nos centros urbanos. Contudo, cumpre ressaltar que a escolha pelo termo pichação foi proposital, uma vez que 
a grafitagem é diferente e não constitui crime, na forma do art. 65, da Lei n. 9.605/9861. A forma de 
manifestar-se contra o politicamente correto e todas as balizas legais impostas pela cultura dominante 
encontra eco na prática da pichação como uma marca do anarquismo cultural. O ato de pichar algum local 
público, notadamente sede de

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