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Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 1 CONCEITUAR INTOXICAÇÃO E INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA: Intoxicação medicamentosa consiste nos sinais e sintomas produzidos por um medicamento ingerido acima das dosagens aceitas como terapêuticas. As intoxicações medicamentosas podem ser classificadas em agudas ou crônicas e cada droga irá apresentar um sinal e sintomas especifico, de acordo com as suas características, incluindo a toxicocinética e dinâmica. Os efeitos tóxicos locais dependem do contato e tamanho da dose e o sistêmico d absorção, distribuição, biotransformação e excreção. A maior parte destas intoxicações ocorre em faixas etárias mais jovens (1 a 4 anos) principalmente em acidentes domésticos. É preciso destacar que outra causa importante de intoxicação por medicamentos é a tentativa de suicídio. As intoxicações podem ser divididas em 4 grupos de acordo com o seu estado fisiológico, sendo elas a excitação, depressão, mista ou normal. Interação medicamentosa: é o evento clinico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, substância ou agente químico, sendo considerado uma causa comum de efeito adverso. Os medicamentos podem agir de forma independente ou interagir entre si, podendo aumentar ou diminuir o efeito terapêutico ou toxico do outro. Ex: uso de varfarina podem ter sangramento se passarem a usar AINE se m reduzir a dose do anticoagulante. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTITÉRMICOS E ANALGÉSICOS, COMO O PARACETAMOL(AMINOFENO): O paracetamol (N-acetil-p-aminofenol, ou APAF) inibe a síntese das PGs no SNC. Isso explica suas propriedades antipiréticas e analgésicas. O paracetamol exerce menor efeito sobre as cicloxigenases nos tecidos periféricos devido à inativação periférica, o que contribui para a sua fraca atividade antinflamatória. Esse fármaco não afeta a função plaquetária nem aumenta o tempo de sangramento. O paracetamol não é considerado um AINE. O paracetamol é rapidamente absorvido no TGI supeior. Nas células luminais dos intestinos e nos hepatócitos, ocorre significativa biotransformação de primeira passagem. Em circunstâncias normais, o paracetamol é conjugado no fígado, formando metabólitos glicuronizados ou sulfatados inativos. Uma parte do paracetamol é hidroxilada, gerando N-acetil-p-benzoquinoneimina (NAPQI), um metabólito altamente reativo que pode reagir com grupos sulfidrila e causar lesão hepática. Em dosagens normais de paracetamol, a NAPQI reage com o grupo sulfidrila da glutationa, que é produzida no fígado, formando uma substância não tóxica. O paracetamol e seus metabólitos são excretados na urina. A maior parte é metabolizada por conjugação com sulfato ou glicuronato em derivados não tóxicos, como já visto acima. No entanto, uma pequena proporção (aproximadamente 8–10%) é metabolizada por uma enzima citocromo P450 específica, CYP2E1, para produzir um intermediário altamente reativo, N-acetil-p-benzoquinoneimina (NAPQI). Esse metabólito reativo pode ser metabolizado pela conjugação para formar conjugados atóxicos de ácido mercaptúrico, desde que a glutationa esteja presente na célula hepática. Quando uma dose excessiva de paracetamol é ingerida, a taxa de produção de NAPQI pode exaurir as reservas existentes de glutationa e a capacidade do fígado para sintetizar glutationa. Nesse caso, Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 2 a NAPQI liga-se de modo covalente aos grupos sulfidrila nos hepatócitos, formando um complexo irreversível, que pode resultar em necrose centrilobular aguda do fígado. Visto que o paracetamol também é metabolizado nas células dos túbulos renais, um processo similar pode ocorrer nos rins, levando à lesão renal aguda. Geralmente ocorre pouco dano renal na presença de dano hepático, mas ocasionalmente o dano renal predomina e, raramente, a lesão renal aguda pode ser a característica de apresentação do envenenamento por paracetamol. Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 3 DOSE TÓXICA DO PARACETAMOL O limite terapêutico superior para um adulto, de 4 g ao dia em doses divididas (Adulto: 7,5 g a 10 g; Crianças: Com menos de 6 anos: 200 mg/Kg; Crianças com mais de 6 anos: 150 mg/ Kg), é geralmente aceito como seguro, mas as doses acima desse limite podem causar grave hepatotoxicidade e possivelmente morte. No entanto, em razão da ampla variação no manejo metabólico do paracetamol pelo corpo, dosagens excessivas muito maiores (>50 g) podem ter pouco efeito em alguns indivíduos, produzindo somente uma pequena elevação nas atividades da aminotransferase plasmática. Nas primeiras horas após a ingestão de uma dose excessiva de paracetamol, os sintomas podem ser mínimos, a não ser que tenha sido tomada com outro fármaco, por exemplo em uma formulação composta com dihidrocodeína. Pode haver mal-estar, náusea e vômito. Uma dose excessiva ainda maior pode causar depressão da consciência ou acidose metabólica. Em 24 a 36 horas, pode haver dor no hipocôndrio direito. As atividades da aminotransferase plasmática aumentarão nesse período, mas os valores de pico são um precário indicador de prognóstico. O tempo de protrombina (ou a relação normalizada internacional, INR) é um indicador de prognóstico confiável de hepatotoxicidade grave. Defeitos de hipoglicemia e coagulação podem complicar a insuficiência hepática. Em aproximadamente 48 horas, podem aparecer os primeiros sinais de encefalopatia hepática. A morte geralmente ocorre após cinco ou seis dias. ♥ Fase 1 (até 24 horas): Assintomático ou com sintomas gastrintestinais: anorexia, náusea, vômito; ♥ Fase 2 (24 a 72 horas): Assintomático, mas á apresenta alterações de função hepática (TGO, TGP, INR, TP); ♥ Fase 3 (72 a 96 horas): Necrose hepática: icterícia, náuseas, vômitos, distúrbios de coagulação, IRA, miocardiopatia, encefalopatia, confusão mental, coma e óbito; ♥ Fase 4 (4 dias a 2 sem.): Recuperação hepática com fibrose residual nos pacientes que sobrevivem. A administração de um antídoto é mais importante do que o esvaziamento do estômago ou a administração de carvão ativado. Após uma única e aguda dose excessiva, um antídoto deve ser administrado se a concentração plasmática de paracetamol do paciente estiver no limite ou acima da faixa terapêutica do nomograma. A necessidade de tratamento após repetidas doses supraterapêuticas (dosagem excessiva Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 4 escalonada) não pode ser avaliada com o uso do nomograma e as decisões de tratamento são baseadas na dose ingerida e no Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 5 peso corporal do paciente. A acetilcisteína é o antídoto de escolha e a via intravenosa é o único método de tratamento confiável em um paciente comatoso ou vomitando. Embora a eficácia da acetilcisteína diminua consideravelmente com o tempo depois de transcorridas 12 horas da ingestão, a administração tardia melhora o resultado até em pacientes com insuficiência hepática estabelecida. A acetilcisteína também deve ser administrada se houver dúvida sobre a hora da dose excessiva ou se esta for desconhecida. Seu principal efeito adverso são as reações anafilactoides, que respondem à administração de anti-histamínicos e à descontinuação ou ao alentecimento da infusão. Medidas de suporte ♥ Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; ♥ Monitorizar sinais vitais; ♥ Obter acesso venoso calibroso e coletar amostras biológicas para exames de rotina e toxicológicos; ♥ Hidratação adequada. Descontaminação Considerar a realização de lavagem gástrica e a administração de carvão ativado após uma ingestão potencialmente tóxica. É mais eficaz quando realizados no prazo de 1 hora após a ingestão. Antídoto: N- acetilcisteina (NAC) ♥ Deve ser administrado a qualquer paciente com risco de lesão hepática: ♥ Nível sérico de paracetamol acima da linha de possível toxicidade no Normograma RumackMatthew; ♥ História de ingestão de doses tóxicas e concentração não disponível ou tempo de ingestão desconhecido; ♥ Iniciar NAC dentro das 8 primeiras horas após ingestão em pacientes com qualquer possível risco de hepatotoxicidade;♥ Os pacientes com mais de 24 horas após a ingestão que têm níveis mensuráveis de paracetamol ou evidências bioquímicas de hepatotoxicidade devem receber terapêutica com NAC até melhora da função hepática, mantendo a última fase do protocolo por dias, se necessário. Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 6 Apresentações de NAC disponíveis no Brasil: Fluimucil® (Zambon) - Ampolas com 300mg/3mL para uso IV ou Envelopes granulados sabor laranja contendo 100, 200 ou 600 mg. Medidas de eliminação Não estão indicadas, pois a terapia com antídoto é suficiente. Sintomáticos ♥ Em intoxicações leves, protetores de mucosa e antieméticos são suficientes; ♥ Transplante hepático: pode aumentar a sobrevivência nos casos de insuficiência hepática fulminante. Vigilância Os casos suspeitos de intoxicação devem ser notificados, de acordo com a Portaria MS/GM nº 204 de 17 de fevereiro de 2016 na Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena-FIIE. Ver anexos I e II; Se intoxicação confirmada, preencher campo 66 da FIIE como: º Intoxicação por derivados do 4 amino-fenol (paracetamol) – T 39.1. BIOTRANSFORMAÇÃO HEPÁTICA – CITOCROMO P450 A maioria das biotransformações metabólicas ocorre em algum ponto entre a absorção do fármaco na circulação geral e sua eliminação renal. Poucas transformações ocorrem no lúmen ou na parede intestinal. Em geral, todas essas reações podem ser alocadas a uma de duas categorias principais chamadas de reações de fase I e fase II. Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 7 As reações de fase I geralmente convertem o fármaco-mãe a um metabólito mais polar pela introdução ou pelo desmascaramento de um grupo funcional (–OH, –NH2, –SH). Com frequência esses metabólitos são inativos, embora, em alguns exemplos, a atividade seja apenas modificada ou até ampliada. Caso sejam polares o suficiente, os metabólitos de fase I podem ser excretados de imediato. Entretanto, muitos produtos de fase I não são eliminados rapidamente e sofrem uma reação subsequente na qual um substrato endógeno, como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou um aminoácido, combina-se com o grupo funcional recém-incorporado para formar um conjugado bastante polar. Essa conjugação ou reações sintéticas são os marcos do metabolismo de fase II. Embora cada tecido tenha alguma capacidade de metabolizar fármacos, o fígado é o principal órgão para isso. Depois da administração oral, muitos fármacos são absorvidos intactos no intestino delgado e transportados primeiramente pelo sistema porta ao fígado, onde passam por metabolismo extenso. Esse processo é chamado de efeito de primeira passagem. Alguns fármacos administrados por via oral são metabolizados de forma mais extensa no intestino que no fígado, ao passo que outros sofrem metabolismo intestinal significativo. Assim, o metabolismo intestinal pode contribuir para o efeito geral de primeira passagem, e os indivíduos com função hepática comprometida talvez dependam de forma crescente desse metabolismo intestinal para eliminação de fármacos. Além disso, a parte inferior do intestino abriga microrganismos intestinais capazes de muitas reações de biotransformação. Fármacos podem ser metabolizados pelo ácido gástrico (p. ex., penicilina), por enzimas digestivas (p. ex., polipeptídeos como a insulina) ou por enzimas da parede do intestino (p. ex., catecolaminas simpatomiméticas). Muitas enzimas metabolizadoras de fármacos localizam-se nas membranas do retículo endoplasmático lipofílico do fígado e de outros tecidos. Quando são isoladas por homogeneização e fracionamento da célula, essas membranas lamelares tornam-se vesículas chamadas de microssomos. Os microssomos retêm a maioria das características morfológicas e funcionais das membranas intactas, inclusive os aspectos de superfície lisa e rugosa do retículo endoplasmático rugoso (salpicado de ribossomos) e liso (sem ribossomos). Enquanto os microssomos rugosos tendem a ser dedicados à síntese de proteínas, os lisos são ricos em enzimas responsáveis pelo metabolismo oxidante de fármacos. Em particular, contêm a importante classe de enzimas conhecidas como oxidases de função mista (MFO) ou monoxigenases. A atividade dessas enzimas requer tanto um agente redutor (fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina [NADPH]) como oxigênio molecular; em uma reação típica, uma molécula de oxigênio é consumida (reduzida) por molécula de substrato, com um átomo de oxigênio aparecendo no produto e o outro na forma de água. Nesse processo de oxidação-redução, duas enzimas microssômicas desempenham um papel-chave. A primeira dessas é uma flavoproteína, a NADPH-citocromo P450 oxidorredutase (POR). Um mol dessa enzima contém um mol de cada mononucleotídeo de flavina (FMN) e dinucleotídeo de flavina adenina (FAD). A segunda enzima microssômica é uma hemoproteína chamada de citocromo P450, que serve como oxidase terminal. De fato, a membrana microssômica abriga múltiplas formas dessa hemoproteína, e essa multiplicidade é aumentada pela administração repetida ou exposição a produtos químicos exógenos. O nome citocromo P450 (abreviado como P450 ou CYP) deriva das propriedades espectrais dessa hemoproteína. Em sua forma reduzida (ferrosa), liga-se ao monóxido de carbono para formar um complexo que absorve a luz de forma máxima em 450 nm. A relativa abundância de P450, em comparação com a da redutase no fígado, contribui para fazer da redução do heme do P450 uma etapa limitante de velocidade nas oxidações hepáticas de fármacos. As oxidações microssômicas de fármacos requerem P450, P450-redutase, NADPH e oxigênio molecular. De forma breve, o P450 oxidado (Fe+3) combina-se com um substrato de fármaco para formar um Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 8 complexo binário (etapa 1). O NADPH doa um elétron à flavoproteína P450-redutase que, por sua vez, reduz o complexo oxidado P450-fármaco (etapa 2). Um segundo elétron é introduzido a partir de NADPH por meio da mesma P450-redutase, que serve para reduzir o oxigênio molecular e formar um complexo oxigênio ativado-P450-substrato (etapa 3). Esse complexo, por sua vez, transfere oxigênio ativado ao substrato do fármaco para formar o produto oxidado (etapa 4). As potentes propriedades oxidantes desse oxigênio ativado permitem a oxidação de um grande número de substratos. A especificidade de substrato é muito baixa nesse complexo enzimático. A alta lipossolubilidade é o único aspecto estrutural comum da ampla variedade de fármacos e produtos químicos não relacionados estruturalmente que servem como substratos nesse sistema. Contudo, em comparação com muitas outras enzimas, inclusive da fase II, as P450 são catalisadores muito lentos, e suas reações de biotransformação de fármacos são vagarosas. INDUÇÃO DE ENZIMAS Alguns dos substratos de fármacos quimicamente dissimilares do citocromo P450, com a administração repetida, induzem a expressão de P450 pelo aumento da velocidade de sua síntese ou pela redução de sua velocidade de degradação. A indução resulta em metabolismo de substrato acelerado e, em geral, em uma diminuição da ação farmacológica do indutor e, também, de fármacos coadministrados. Contudo, no caso de fármacos transformados em metabólitos reativos, a indução de enzimas pode exacerbar a toxicidade mediada por metabólitos. A síntese aumentada de P450 requer transcrição e translação aumentadas juntamente com aumento da síntese de heme, seu cofator prostético. Um receptor citoplasmático (denominado AhR) de Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 9 hidrocarbonetos aromáticos policíclicos já foi identificado. A translocação do complexo indutor-receptor para dentro do núcleo, seguida por dimerização induzida por ligante com Arnt, uma proteína nuclear estritamente relacionada, leva à ativação subsequente de elementos reguladores de genes CYP1A, resultando em sua indução. Esse também é o mecanismo de indução de CYP1A por hortaliças crucíferas e do inibidor da bomba de prótons, omeprazol. Mostrou-se, há pouco tempo, que um receptor pregnano X (PXR), membro da família de receptores de hormôniosesteroides-retinoides-tireoidianos, medeia a indução de CYP3A por vários produtos químicos no fígado e na mucosa intestinal. Um receptor similar, o receptor constitutivo de androstano (CAR), foi identificado na classe de indutores fenobarbitúricos considerados grandes e de estrutura diversa dos indutores de CYP2B6, CYP2C9 e CYP3A4. O receptor α proliferador de peroxissomo (PPAR-α) é ainda outro receptor nuclear altamente expresso no fígado e nos rins que usa fármacos redutores de lipídeos como ligantes. Em compatibilidade com a sua função principal na regulação do metabolismo de ácidos graxos, o PPAR-α medeia a indução de enzimas CYP4A, responsáveis pelo metabolismo de ácidos graxos, como o ácido araquidônico. Note-se que, ao se ligar com seu ligante particular, PXR, CAR e PPAR-α, cada qual forma heterodímeros com outro receptor nuclear, o receptor X retinoide (RXR), os quais ligam-se a elementos de resposta dentro das regiões promotoras de genes P450 específicos, para induzir expressão de genes. INIBIÇÃO DE ENZIMAS Certos substratos de fármacos inibem a atividade enzimática do citocromo P450. Fármacos que contêm imidazol, como cimetidina e cetoconazol, ligam-se fortemente ao ferro do heme P450 e reduzem com efetividade o metabolismo de substratos endógenos (p. ex., testosterona) ou de outros fármacos coadministrados, por meio de inibição competitiva. Antibióticos macrolídeos, como troleandomicina, eritromicina e seus derivados, aparentam ser metabolizados por CYP3A a metabólitos que fazem complexo com o heme do ferro do citocromo P450 e o tornam cataliticamente inativo. Outro composto que atua por meio desse mecanismo é o inibidor pró-adifeno que se liga ao ferro do heme e inativa a enzima de modo quase irreversível, assim inibindo o metabolismo de substratos potenciais. O antibiótico cloranfenicol é metabolizado por CYP2B1 de forma que modifica a proteína P450 e, assim, também inativa a enzima. Uma lista crescente desses inibidores suicidas - inativadores que atacam o heme ou a metade proteica – inclui certos esteroides (etinilestradiol, noretisterona e espironolactona); fluroxeno; alobarbital; os sedativos analgésicos como alilisopropilacetil-ureia, dietilpentenamida e etclorvinol; bissulfeto de carbono; furanocumarinas do pomelo; ticlopidina e clopidogrel; ritonavir; e propiltiouracila. TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA Dentre os 17 estudos selecionados como amostra, quatro trataram sobre a intoxicação por paracetamol (acetaminofeno). O suporte básico à vida foi o tratamento de primeira escolha citado pela maioria dos artigos. Já a administração de antídotos foi descrita por nove autores, sendo a acetilcisteína, o flumazenil e a naloxona os mais citados, os quais foram prescritos, respectivamente, em intoxicações por paracetamol, benzodiazepínicos e opioides. Tratamentos relacionados à adsorção do fármaco também foram descritos, tais como o uso do carvão ativado ou a lavagem gástrica, no entanto, sua aplicação é limitada, visto que depende do tempo de ingestão do medicamento. A alcalinização da urina foi sugerida para aumentar a excreção renal do fármaco por quatro autores, sendo o bicarbonato de sódio o composto mais utilizado. Antes mesmo de descobrir qual o medicamento envolvido na intoxicação, é de extrema importância um exame físico inicial, de modo a estabilizar o paciente. Deve-se atentar às vias aéreas e à respiração, à circulação sanguínea e ao déficit neurológico. A checagem dos sinais vitais, da pressão arterial, dos batimentos cardíacos, da frequência respiratória, das pupilas, da temperatura e da oxigenação se fazem essenciais nesse momento. É indicada a aplicação de glicose e de tiamina (vitamina B1) intravenosa em pacientes inconsciente, visando evitar um quadro de hipoglicemia e um possível rebaixamento de consciência. Maria Eduarda Teixeira Sepúlveda 10
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