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Saúde da Mulher – Ginecologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 1 NEOPLASIAS DO CORPO UTERINO BENIGNAS – MIOMAS Tumores sólidos mais frequentes em mulheres na idade fértil 20-30%, sintomáticos com o passar dos anos. Formados por fibras musculares lisas do útero com estroma de tecido conjuntivo em proporções variáveis. Causa estrutural mais comum de sangramento uterino anormal. Sensíveis ao estrogênio e à progesterona. FATORES DE RISCO Raça negra, antecedentes familiares, > 35 anos para ne- gras e > 40 anos para brancas, maior período de exposi- ção hormonal (menarca precoce e menopausa tardia), nuliparidade, sobrepeso e obesidade, diabetes, HAS. SINTOMAS Dor pélvica e dismenorreia, sangramento intermens- trual, queixas genitourinárias e intestinais. ETIOPATOGENIA Modificações das células musculares lisas do miométrio. Quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. CRESCIMENTO RESULTA DE ação dos hormônios este- roides (menarca e gestação), fatores de crescimento próprios (citocinas). Progesterona tem papel discutível, hormônio lactogênico placentário (efeito sinérgico). CLASSIFICAÇÃO d DIAGNÓSTICO ANAMNESE – SINTOMAS 30% irregularidade menstrual sendo menorragia (anemia) a queixa mais frequente. O aumento do tamanho do útero provoca dor pela compressão de estruturas, além de obstipação, incontinência urinária. Infertilidade, complicações durante a gestação, parto e puerpério imediato. Subseroso – compressão. Intramural – dor pélvica. Submucoso – sangramento uterino e disfunção de fertilidade. EXAME FÍSICO abdominal, pélvico bimanual e toque va- ginal bimanual – facilitado pelo aumento do volume uterino. Identificar o útero, posição, volume, forma, contornos, consistência e mobilidade. Os miomas tipicamente aumentam o volume uterino, tornando sua superfície irregular (nódulos), boleada, endurecida, diminuindo sua mobilidade e modificando sua forma. Apresentação típica massa firme, indolor, irregular na li- nha média, move-se contiguamente com o colo uterino. TOQUE RETAL útil apenas em pacientes que tenham a membrana himenal íntegra. EXAMES COMPLEMENTARES USG PÉLVICA POR VIA ABDOMINAL E TRANSVAGI- NAL (miomas císticos) avaliação do número, do volume e da localização dos nódulos miomatosos. Primeiro exame que deve ser solicitado. Avalia os anexos e auxilia no diagnóstico de uma eventual gravidez. Saúde da Mulher – Ginecologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 2 HISTEROSSALPINOGRAFIA radiografia do útero após injeção de contraste na cavidade uterina, avaliação da cavidade endometrial e dos óstios tubários. Prova de Cotté positiva quando não há obstrução. HISTEROSSONOGRAFIA injeção de SF na cavidade u- terina durante o exame ultrassonográfico permite me- lhor avaliação de nódulos e pólipos e tem a vantagem de, além do baixo custo, não utilizar o contraste iodado. HISTEROSCOPIA E VIDEOLAPAROSCOPIA diagnósti- co diferencial de espessamento endometrial, pólipos e pode ser alternativa terapêutica. RNM melhor método para avaliar tumores volumosos, e visualizar posição. Indicado nos miomas de crescimen- to muito acelerado em úteros com múltiplos nódulos. *Adenomiose mioma do tecido endometrial fora do local de origem. *Endometriose tecido endometrial fora do útero. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Adenomiose, endometriose, infecção pélvica, pólipos endometriais, cistos anexiais, tumores pélvicos, leiomi- ossarcoma, sangramento uterinos disfuncional. TRATAMENTO QUADRO ASSINTOMÁTICO não necessita de tratamento. Acompanhamento e exame ginecológico de rotina. SINTOMÁTICO idade da paciente, desejo de gestação, sintomas provocados, tamanho e localização. CLÍNICO ALÍVIO SINTOMÁTICO ACO, progestágenos e DIU de levonorgestrel, antagonistas da progesterona, andrógenos (danazol e gestrinona). Análogos do GnRH – redução dos tumores. Contraindi- cado para gestantes, hepatopatas, insuficiência renal, trombose, hipogonadismo hipogonadotrófico transitó- rio. É importante associação de progestágeno. Embolização de artéria uterina – álcool polivinílico. CIRÚRGICO INDICAÇÕES Formais presença de sintomas, falha no tratamento clínico e sangramento uterino disfuncional, prole constituída e/ou sem desejo gestacional. Na gestação degeneração vermelha do mioma, sofrimento e isquemia do mioma. Diante do desejo reprodutivo, remover nódulos grandes antes da gestação, tentar manter o útero e aguardar 6- 12 meses para engravidar. PROCEDIMENTOS Histerectomia resolução definitiva. Parcial/subtotal: permanece o colo do útero. Total: retirada do corpo e colo do útero – via abdominal, vaginal ou laparoscópica. Miomectomia retirada exclusiva dos miomas. Laparotomia: miomas intramurais. Via vaginal: mioma protruindo pelo orifício cervical externo. Via laparoscópica: úteros não muito volumosos com miomas subserosos ou com poucos miomas intramurais. Histeroscopia: miomas submucosos. MALIGNAS – CÂNCER DE ENDOMÉTRIO EPIDEMIOLOGIA aumento da perspectiva de vida, programa de rastreamento, nível cultural, estrogênio sem progesterona. FATORES DE RISCO Estímulo constante de estrogênio sem oposição de progesterona. Raça branca, estrogenioterapia abusiva, hipotireoidis- mo clínico (10%), antecedentes hereditários, radiotera- pia prévia, hiperplasia endometrial com atipia. Idade, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, menarca pre- coce*, nuliparidade, ciclos anovulatórios, menopausa tardia*. *Maior janela estrogênica. OBESIDADE a gordura periférica transforma-se em hor- mônio, a androstenediona transforma-se em estrona e que, como o estrogênio, estimula o endométrio. HIPERPLASIA ENDOMETRIAL proliferação da mucosa di- fusamente, vista com aumento da espessura endome- trial. SIMPLES Típica crescimento fisiológico. Atípica alterações atípicas celulares, sem alterações arquiteturais glandulares. COMPLEXA (adenomatosa) alterações glandulares ar- quiteturais – hiperplasia adenomatosa de Gusberg – sem alterações celulares atípicas. Saúde da Mulher – Ginecologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 3 Atípica (adenomatosa com atipia) alteração da estrutu- ra da glândula com células atípicas. TRATAMENTO Sem atipias progesterona Com atipias histerectomia. Progesterona se deseja gestar. PÓLIPOS patologia pré-neoplásica. USO DE TAMOXIFENO ação agonista estrogênica no endométrio. *Usado no câncer de mama – ação antagonista. FATORES DE PROTEÇÃO Multiparidade*, uso de ACO combinado, tabagismo (↓níveis séricos de estrogênio) e uso de DIU. *Gravidez – período de endométrio em repouso. FORMAS CLÍNICO-PATOLÓGICAS HORMÔNIO-DEPENDENTE (TIPO A) melhor prognósti- co, mulher jovem, hiperplasia endometrial. NÃO HORMÔNIO-DEPENDENTE (TIPO B) mau prognós- tico, não relacionado a estrogênio, em qualquer fase da vida. LOCALIZAÇÃO Exofítico e endofítico; circunscrito ou difuso. TIPOS HISTOLÓGICOS DE CARCINOMA DE ENDOMÉTRIO (OMS/SGP) CARCINOMA ENDOMETRIOIDE adenocarcinoma, ade- nocantoma (adenocarcinoma com metaplasia escamo- sa), carcinoma adenoescamosos (adenocarcinoma com carcinoma escamoso). ADENOCARCINOMA MUCIONOSO ADENOCARCINOMA SEROPAPILÍFERO ADENOCARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS CARCINOMA INDIFERENCIADO CARCINOMA MISTO ETIOPATOGENIA Precursores de ação estrogênica pré ou pós-menopausa – hiperplasias típica glandular estromatosas – torna-se atípica ou retorna ao ciclo normal. Hiperplasia atípica estaciona, regride ou torna-se um CA in situ – adenocarcinoma. HIPERPLASIA Baixo grau (sem atipia) simples ou complexas. Alto grau (com atipia) simples ou complexas. DIAGNÓSTICO ANAMNESE QUADRO CLÍNICO corrimento sanguinolento, sangra- mento pós-coito, sangramento aos esforços, hemorra- gia uterina da pós-menopausa, dor de Simpson, hema- tometra (sangue retido no útero), piometra, aumento da espessura endometrial(> 5mm no pós-menopausa). EXAME FÍSICO colo – normal ou congesto, útero – discretamente aumentado. Doença avançada: emagrecimento, trombose de MMII, hematúria, enterorragia. EXAMES COMPLEMENTARES e CITOLOGIA achado de células endometriais na colpoci- tologia após o 10º dia do ciclo menstrual, principalmen- te em mulheres após os 40 anos, ou na pós-menopausa. USG TRANSVAGINAL espessura endometrial. Menor, mas com fatores de risco histeroscopia. Menores sem fatores de risco controle. HISTEROSCOPIA + biópsia (padrão-ouro). Alternativas curetagem ou biópsia aspirativa. HISTOLOGIA TRATAMENTO CIRÚRGICO hiperplasias atípicas. PRÉ-MENOPAUSA histerectomia total. PÓS-MENOPAUSA histerectomia total e anexectomia. RADIOTERAPIA quando há invasão linfática, adenocarcinoma de células claras ou seropapilífero. PROFILAXIA Controle da obesidade, ciclos anovulatórios, hormônio associado, USG vaginal na pós-menopausa, tratar as alterações fisiológicas, tratamento das lesões precursoras. REFERÊNCIAS YOSHIDA, Adriana; SARIAN, Luís Otávio Zanatta; ANDRADE Liliana Aparecida Lucci De Angelo. Hiperplasia endometrial e câncer do endométrio. Revista Femina, Rio de Janeiro, v. 48, n. 1, p. 12-19, 2020. Acesso em: 03 dez. 2021. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/FEMIN AZ1Z-ZAtualizada.pdf
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