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Artigo - Michelle Sena

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FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE – FAVENI
GESTÃO PÚBLICA
ADRIANA JOANA MICHELLE SOUSA DE SENA
O PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM NO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS NAS UNIDADES DE SAÚDE EM BELÉM/PA
Declaro que sou autor deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
ORIENTADORA
Professora. 
Ananindeua, PA 2021
RESUMO- A função do profissional enfermeiro é multifacetada. É ainda de sua responsabilidade a gestão do Resíduo Sólido de Serviço de Saúde (RSSS), produzida nas Unidades Municipal de Saúde (UMSs), isso de acordo com o protocolo nº 018/2018 - em anexo. Assim, construiu-se um estudo cujo objetivo é conhecer de que maneira ocorre a gestão do RSSS nas UMSs em Belém de forma adequada e sem riscos à saúde dos demais profissionais. Para isso, usou-se como metodologia uma pesquisa de campo a nível de observação. Verificou-se que o fenômeno estudado tem causas diversas, ligada aos fatores históricos, sociais e econômicos. Conclui-se que os profissionais enfermeiros conhecem todos os procedimentos pertinentes ao manejo adequado dos RSSS, mas eles não o praticam. Logo, o caminho para solucionar esta questão seria pôr em prática de tais saberes, o que recai em um bom-senso sobre a situação aliado à educação, conscientização, capacitação e treinamento dos demais profissionais de saúde, mostrando a estes os riscos aos quais ele fica exposto, quando o resíduo não recebe o devido tratamento.
PALAVRAS-CHAVE: PGRSS. Profissional Enfermeiro. Unidade de Saúde. 
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da atualidade é o gerenciamento dos resíduos sólidos gerados nas diversas atividades humanas: industrial, residencial, comercial, pública e serviços de saúde. Conforme a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2017), são coletadas no Brasil 228.413 toneladas de resíduo urbano por dia e, desse total, 22,49% tem destinação sanitariamente incorreta em lixões, áreas alagadas, e locais não fixos; 37,03% são destinados em aterro controlado.
Nas regiões Norte e Nordeste, que concentram aproximadamente 37% da população brasileira, cerca de 50% dos resíduos coletados são depositados em lixões, causando impacto nos recursos hídricos, no ar e no solo, além do impacto na saúde pública. Dessa estatística fazem parte os Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSSS), gerados em ambiente hospitalar, clínicas prestadoras de serviços de saúde, clínicas odontológicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, dentre outros (SANTOS et al, 2016)
De acordo com o IBGE (2017), é importante salientar que das 228.413 toneladas de resíduos residenciais e comerciais geradas diariamente no Brasil apenas uma fração inferior a 2% é composta por RSSS e, destes, apenas 10 a 25% necessitam de cuidados especiais. Contudo, por apresentarem uma alta carga de riscos biológicos estes resíduos necessitam de procedimentos pertinentes ao manejo adequado.
Portanto, faz-se necessária a implantação do Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos em Serviço de Saúde – PGRSSS, responsabilidade também do profissional enfermeiro, o qual se pretende abordar com mais detalhes a seguir.
1	DESENVOLVIMENTO
Como forma de ter compreensão da problemática dos resíduos sólidos de forma integrada efetivou-se uma pesquisa de campo a nível de observação desenvolvida nas Unidades Municipais de Saúde (UMSs) da cidade de Belém/PA, buscando conhecer a gestão dos resíduos sólidos, bem como, as políticas públicas voltadas para a gestão e manutenção do meio ambiente da cidade em foco. Esta análise de forma integrada justifica-se pelo fato da problemática dos resíduos não ser um fenômeno isolado das unidades de saúde alvos desde estudo, mas, sim, um problema de toda a municipalidade, o que respalda a necessidade de se conhecer os procedimentos gerenciais dispensados ao objeto de estudo: os resíduos. Quando da aplicação do instrumento na unidade de saúde – formulário que segue em anexo, a equipe responsável pelas práticas de saúde são composta por profissionais de Enfermagem. A escolha dessa população (Equipe de Enfermagem) deve-se ao fato do contato direto e diário que as referidas equipes dedicam aos resíduos sólidos de serviço de saúde – RSSS durante suas atividades cotidianas. O referido instrumento conterá questões fechadas. As questões observadas refletem o dia a dia das UMSs pesquisadas, levando em consideração aspectos ligados ao cotidiano das rotinas e à percepção em relação ao assunto, e podem ser facilmente percebidos e avaliados para subsidiar as ações futuras. Sendo este, aplicado nos meses de fevereiro e março de 2019, nas referidas UMSs escolhidas de forma aleatória e visitadas de acordo com a autorização, protocolo nº 018/2018 em ANEXO, concedida pela Secretaria Municipal de Saúde.
Os resultados desta pesquisa foram sistematizados por meio da análise de um instrumento de observação (formulário), aplicado durante as visitas em cada uma das UMSs em nível de observação, constituindo-se assim a pesquisa observacional, pois não contou com entrevistas a seres humanos. Ressalta-se ainda que os dados contidos nos questionários foram comparados com as normas da RDC 306/04 da ANVISA e do CONAMA 358/05. Assim, as visitas realizadas nas UMSs somente ocorreram pela luta constante da autora junto à Secretária Municipal de Saúde de Belém para autorização, conforme já citado, às referidas unidades.
Na sequência serão apresentados os resultados, divididos em: aspecto administrativo; dados de manejo; separação dos RSSS; acondicionamento dos RSSS; armazenamento (interno e externo) dos RSSS; coleta (interna e externa) dos RSSS; identificação dos possíveis impactos ambientais e de saúde causados pelos RSSS; e, outros dados relevantes. Então, com base na primeira questão do formulário, construiu-se ao seguinte gráfico 1.
Gráfico 1 – Separação dos resíduos sólidos nas UMSs.
Fonte: Dados da autora (2019)
De acordo com o gráfico 1 acima, pode-se perceber que não há a separação de RSSS geradas nas UMSs, uma vez que 69% delas não realizam tal ação, isto é, não separam os resíduos adequadamente. Já 31% fazem tal seleção, isso segundo observações feitas pela autora durante as visitas. Assim, embora haja Políticas Nacionais de Resíduos Sólidos, preconizada nas disposições da ANVISA (2003) e que define obrigações e procedimentos que devem ser cumpridos em logística reversa e na destinação de Resíduos Sólidos nas UMSs as normas não vêm sendo respeitadas.
Outra situação investigada refere-se à identificação por cores quanto à periculosidade de tais resíduos, o que será exposto no gráfico 2, já que se trata de material com alta carga infecciosa, uma vez que é oriundo; na maioria dos casos, de material biológico, ou ainda de resíduos químicos, ou mesmo com materiais perfurocortante. A realidade investigada propiciou a elaboração do gráfico 2.
Gráfico 2 – Classificação dos resíduos de acordo com RDC/04 ANVISA.
Fonte: Dados da autora (2019)
Em conformidade com o gráfico 2 estão as ideias de Oliveira (2020), sobretudo quanto ao gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, o que não significa apenas controlar e diminuir os riscos, mas também alcançar a redução da quantidade de resíduos gerados, que elevaria também a qualidade e a eficiência dos serviços que proporciona ao estabelecimento de saúde. Nesse sentido, o gerenciamento adequado também consistira nasinalização correta para que não haja contaminação por manuseio indevido, ou ainda acidentes causados pela desorientação em se saber que tipo de resíduo está acondicionado. 
O processo correto de manejo dos resíduos sólidos em um estabelecimento de saúde permite controlar e reduzir com segurança e economia os riscos à saúde e meio ambiente associados àqueles, o que também consiste em estabelecer a sinalização adequada para que todos saibam que tipo de material está condicionado em determinado recipiente.
Outro fator investigado referiu-se à segregação dos RSSS em UMSs na cidade de Belém. Sendo assim, observou-se que aquelas unidades visitadas fazem o que podem para estabelecer um acondicionamento melhor ao resíduo, bem como destino daqueles; isso porque a coleta deste material fica a cargo de apenas duas empresas terceirizadas. A separação deles acontece de várias maneiras, segundo se pode observar no gráfico 3, abaixo demonstrado.
Gráfico 3 – Segregação dos resíduos nas UMSs.
Fonte: Dados da autora (2019)
As informações acima expostas evidenciam que 92% das UMSs fazem a segregação intermediária de seus RSSS, isto é, acondicionam os resíduos em espaço próprio até a chegada de uma empresa contratada para a destinação final destes, seja pela incineração dos perfurocortante ou pelo descarte no lixão da cidade dos resíduos comuns das unidades. Já 4% delas fazem a segregação no armazenamento final, momento em que este lixo fica acondicionado em locais específicos, e outros 4% praticam a separação ainda no ponto de geração do resíduo, isto é, no momento do descarte dos perfurocortante. 
Nenhuma das UMSs possui um transporte particular de seus resíduos, esperando, para isso, das empresas contratadas pela Prefeitura de Belém para o devido transporte e destino daqueles.
As unidades de saúde, como foi possível observar, dispõe de um serviço terceirizado quando o assunto é a limpeza de seu ambiente interno e a maior parte das pessoas responsáveis por esse serviço não foi devidamente treinada para executar, com segurança, tais procedimentos em estabelecimentos de saúde conforme mostra o gráfico 4.
Gráfico 4 – Separação dos resíduos pelos profissionais da enfermagem.
Fonte: Dados da autora (2019)
Pelo exposto, observa-se que 62% das UMSs visitadas não possuem esta prática, ou seja, não elaboram cartazes e avisos para identificar o manuseio dos resíduos sólidos adequadamente, o que deveria ser feito pelo enfermeiro. Em contrapartida, 38% das UMSs visitadas realizam aquela atividade. Essa situação evidencia o que expõe Oliveira et al (2020), quando se refere ao acondicionamento do resíduo sólido pelo enfermeiro, que consiste na ação do descarte apropriado daquele material, a identificação de seu local em específico; o qual não deve ficar exposto, ou mesmo estar acessível a outro profissional. 
Como exposto por Oliveira et al (2020), deve haver uma disposição correta dos resíduos sólidos dentro das instituições assistencialistas à saúde, como as Unidades de Saúde, já que o fluxo dessa manipulação é constate, uma vez que também é a demanda de pacientes que deles fazem uso. Cabendo, então, ao enfermeiro providenciar o descarte adequado daquele material, bem como realizar uma supervisão adequada para que não ocorra pequenos acidentes com grandes consequências. Garantindo, assim, a qualidade dos serviços prestados, aliando o conhecimento epidemiológico e epistemológico sobre o assunto à avaliação dos riscos e danos que possam interferir na saúde do paciente ou da equipe de enfermagem. 
Houve também a intenção de se observar sobre o uso dos Equipamentos Individuais de Segurança – EPIs, cujas observações permitiram a construção do gráfico 5. 
Gráfico 5 - Utilização pelos funcionários da enfermagem de EPIs.
Fonte: Dados da autora (2019)
De tal modo, como exposto no gráfico 5, percebe-se que 77% das unidades apresentam procedimentos inadequados com relação ao uso correto de EPIs, falta de treinamento do profissional enfermeiro e o não uso do manual da ANVISA, estabelecidos ainda no gráfico 4. Desta feita, observou-se a necessidade de treinamentos destinados a todos os funcionários que labutam nas UMSs, como demais colaboradores sobre a forma correta de utilização de EPIs durante o manejo dos RSSS, bem como da sua importância para que não haja contaminação do espaço e do prestador. 
Assim, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1993) expõe que a utilização dos EPIs de forma correta não protege somente o indivíduo, mas também a coletividade. Esse tipo de cuidado evita ou pelo menos minimiza a propagação de micro-organismos causadores de infecções no ambiente hospitalar. Nesse sentido, tanto a instituição como os funcionários têm que fazer sua parte, sendo que a primeira tem que disponibilizá-los em tamanhos adequados e quantidades suficientes e o segundo utilizá-lo sempre. Outro ponto importante é a extrema necessidade de cursos de capacitação para as equipes de trabalho sobre a relevância dos tipos de EPIs, para que servem, em quais situações devem ser usados. Mostrar que a utilização trará segurança, qualidade e saúde para os trabalhadores, prevenindo assim acidentes ainda é a melhor solução para se evitar acidentes no ambiente laboral. 
Houve também a preocupação em observar a existência da prática da separação dos resíduos com avisos de cartazes, folhetos e outros, cujas informações propiciaram a elaboração do seguinte gráfico 6. 
Gráfico 6 - Separação de resíduos utilizando os avisos.
Fonte: Dados da autora (2019)
Na separação dos resíduos sólidos com avisos de cartazes, folhetos etc. observou-se que 23% das UMSs adotam esta prática, sinalizando os locais onde estes resíduos estão dispostos. Já 77% restante, isto é, a maioria das UMSs não realiza esse tipo de separação. Esta ação remete a Lima (2018) quando afirma que somente um gerenciamento integrado – conjunto interligado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamentos para coletar, segregar, tratar e dispor adequadamente os resíduos – irá permitir definir a melhor combinação das soluções disponíveis para melhor condicionamento do lixo hospitalar, também recaindo na separação com identificação, o que, de certo, evitaria o contato direto e indevido com este tipo de material, diminuindo o risco de acidentes e, por conseguinte de infecções nas UMSs. 
Outra situação pesquisada condiz com a separação dos resíduos pela utilização de recipientes especiais. O resultado desta ação fica evidente no gráfico 7.
Gráfico 7 - Separação dos resíduos em recipientes especiais.
Fonte: Dados da autora (2019)
Quanto à separação dos resíduos em recipientes adequados, as observações levam a inferir que não há, na maioria das UMSs visitadas, esse tipo de equipamento, já que 62% delas não apresentam esse tipo de tratamento aos seus resíduos. Não havendo, assim, recipientes especiais/específicos para cada tipo de resíduos. Já 38% das UMSs dispõem de container plásticos próprios para certos materiais, como os perfurocortante; ficando, estes, acondicionados em locais específicos. Embora a maioria das UMSs disponham de locais recobertos por lajotas e em outros em recipientes comunitários para o resíduo sólido, a maioria deles ainda permanece alocado em caixas, sacos plásticos etc., não havendo nenhuma informação que o identifique enquanto características especificas. 
Diante do exposto, fica evidente que deveria haver maior cuidado com relação à disposição do resíduo sólido de saúde, já que seu acondicionamento inadequado propicia, dentre outros, a infecções naquele espaço e o risco de acidentes. Khan et al (2019) informam que a falta de informações sobre a disposição dos resíduos sólidos em serviços de saúde, ou simplesmente resíduos de serviço de saúde (RSS) é um dos principais motivos para a ausência de projetos bem sustentados que determinem melhorias no setor.
Na perspectiva do CONAMA (2005), os resíduos de serviços de saúde apresentam riscos que, quando bem gerenciados, não resultam em danos à saúde do enfermeiro e das demaispessoas que frequentam a unidade de saúde. Assim, são seis os principais riscos a que os trabalhadores estão sujeitos, seriam eles: o risco biológico, considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento adverso em virtude da presença de um agente biológico, como o desenvolvimento de uma doença infecciosa pela presença do agente infeccioso, como os presentes em materiais perfurocortantes.
Há também o risco físico, que é a exposição dos profissionais a agentes físicos como, por exemplo, a temperaturas extremas durante o abastecimento manual das unidades de tratamento térmico e à radiação ionizante, quando os rejeitos radioativos são mal acondicionados ou armazenados. O risco químico, que é a exposição dos profissionais a agentes químicos, como poeiras, névoas, vapores, gases, mercúrio, produtos químicos em geral e outros. Os principais causadores desse risco são: quimioterápicos (citostáticos, antineoplásicos etc.), amalgamadores, desinfetantes químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina etc.) e os gases medicinais (óxido nitroso e outros). Estes podem ser minimizados pela utilização adequada dos EPIs, tais como: luvas, máscaras, óculos e avental impermeável adequados para o manuseio de produtos químicos, de acordo com boas práticas a fim de garantir a manutenção da saúde e a segurança das pessoas, além de evitar impactos ao meio ambiente.
A resolução nº 358/2005 do CONAMA (2005) prescreve que existe o risco ergonômico, geralmente causado por agentes ergonômicos, como postura incorreta, levantamento e transporte manual de cargas e ritmo de trabalho e carga excessivos, que podem resultar em transtornos músculo-articulares diversos. O risco de acidente, como o da exposição da equipe aos agentes mecânicos ou que o propiciem como: escalpes, seringas, bisturis e tesouras são, constantes em uma unidade de saúde, isso porque estes materiais podem, acidentalmente ou não, ser disposto junto aos lençóis e roupas do centro cirúrgico nas lavanderias, causando ferimentos em diversos tipos de profissionais que labutam na área da saúde. 
Houve ainda algumas observações feitas acerca do equipamento de trabalho dos profissionais de limpeza que não recebe a devida assepsia, sendo ainda comum ver estes profissionais sem o uso de materiais de proteção adequados (EPIs). As informações descritas convergem com as ideias de Oliveira et al (2020) quando informa que a limpeza do ambiente hospitalar deve ser uma constante, já que ele é um local repleto de agentes infecciosos. 
Assim, a assepsia dos equipamentos como: pinças, tesouras, cuba rim inox, limpeza das macas, mudanças de roupa de cama etc. deve ser uma constante, conforme os atendimentos nos turnos, como preconiza a ANVISA, quanto aos padrões da Biossegurança laboral. Esta ação ainda condiz com as normas, regras e procedimentos no trato dos RSSS; desde sua geração, até a forma de acondicionamento de modo a não permitir a infecção dos demais profissionais, como ainda dos equipamentos próximos a ele. 
2	CONCLUSÃO
Refletindo sobre de tudo o que foi exposto, a nível de observação, na presente pesquisa quanto ao gerenciamento dos resíduos nas Unidades Municipais de Saúde em Belém, pode-se inferir que as questões relacionadas são mais graves do que se pensava; uma vez que eles são materiais heterogêneos (minerais e orgânicos) resultantes das mais diversas atividades laborais nesta área, com alto teor infectocontagioso; bem como provocador de acidentes com resultados, em alguns casos, irreversíveis; isso quando não há um planejamento adequado ao manuseio destes resíduos (PGRSS). Ação também sob a responsabilidade do profissional enfermeiro.
No demais, o trato do assunto em nível local, como foi o caso do presente estudo, desvela que ainda há muito a ser feito quando assunto é gerenciamento de RSSS pelo profissional enfermeiro; uma vez que este nem sempre ele se sente na obrigação de tais cuidados, como também de todo um trato, como: a sinalização dos locais apropriados, recipientes adequados, construção de placas indicativas, dentre outras ações que permitiriam, pelo menos, a minimização de impactos laborais nos demais profissionais que trabalham nas UMSs. Percebeu-se ainda, que os impactos gerados pelo manejo inadequado daquele resíduo, no geral, são decorrentes de um Plano de Gerenciamento de Recursos Sólidos de Saúde pouco eficaz, ou porque não dizer inexistente.
De tal forma, durante todas as visitas efetivadas pela autora nas UMSs em nenhum momento foi observado algum planejamento por parte do profissional enfermeiro quanto ao tratamento, disposição e acondicionamento dos RSSS. Outrossim, cabe-se enfatizar as dificuldades observadas sobre a não implantação da RDC ANVISA n° 306/04. Dentre essas, se pode citar: a omissão do setor fiscalizador; indefinição de competências; divergências na legislação; carência de capacitação técnica dos gestores/enfermeiros, fiscalizadores e profissionais de saúde; conhecimento insuficiente sobre o risco associado aos RSSS e sobre a importância das normas; falta de infraestrutura (armazenamento, transporte e abrigo); e irregularidade nos locais de destinação final.
Todavia, no presente estudo não se tem apenas a pretensão de estabelecer comentários acerca do que foi encontrado, ou mesmo de identificar o culpado naquela situação. Assim, cabe aqui indicar sugestões para que o erro não persista, tais como: obedecer ao que preconizas as normas no manejo, acondicionamento, identificação e descarte final dos RSSS; construção de um Plano de Gerenciamento de Resíduos eficaz; elaboração de cartazes informativos sobre o local onde o lixo hospitalar está armazenado; bem como de panfletos informativos a respeito do assunto; separação adequada dos resíduos em recipientes específicos e suas respectivas cores, tal qual enfatiza o CONAMA em sua RDC nº 306/04, dentre outras.
Portanto, entende-se que a enfermagem deve colocar em funcionamento uma série de operações utilizando a tecnologia apropriada para satisfazer objetivos fundamentais, que são: controlar os riscos para a saúde da população; diminuir a produção de resíduos, facilitar a disposição adequada do resíduo, como também o tratamento e, quiçá o planejamento para a disposição final, participando ativamente na implantação de um planejamento onde todos os envolvidos sejam beneficiados pelas ações.
3	REFERÊNCIAS
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