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Ergonomia e Segurança do Trabalho Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho • Conhecer a atuação do fisioterapeuta nos programas de prevenção, saúde e segurança no trabalho; • Identificar a definição de ginástica laboral e qualidade de vida no trabalho. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Ginástica Laboral e a Atuação Fisioterapêutica; • Ginástica Laboral e Trabalhadores com Deficiência. UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Introdução Nesta unidade, você poderá compreender como o fisioterapeuta utiliza seus conhe- cimentos em prol da saúde do trabalhador, por meio de Programas de Prevenção, educação em saúde e bons hábitos no espaço laboral; compreenderá também a rele- vância da ginástica laboral a fim de elevar a qualidade de vida e promoção da saúde do trabalhador. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a Qualidade de Vida surge como um conjunto de percepções individuais de vida no contexto dos sistemas de cultura e de valores em que se está inserido, bem como em relação a metas, expec- tativas, padrões e preocupações. Essas dimensões permitem o pensar acerca da consciência e desenvolvimento da saúde do trabalhador de maneira integral, assim como a possibilidade de se ter uma visão sistêmica e posterior equilíbrio e expansão, onde se busca uma inter-relação harmoniosa dos vários aspectos e dimensões do ser humano (CARMELLO, 2015). Desse modo, a qualidade de vida não pode ser vista como um conceito único, já que o termo envolve muitos significados, que variam de acordo com o que está em questão, ou seja, a depender dos aspectos avaliados. Nesse sentido, o indivíduo deve ser visto na sua totalidade, em sua forma biopsicossocial e espiritual (GAULT; WILLEMS, 2013). Cabe destacar que o conceito de qualidade de vida ainda está vinculado à autoestima e ao bem-estar pessoal e abarca uma série de outros aspectos, como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a inte- ração social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. Pensando-se na saúde e qualidade de vida no trabalho, os exercícios, ginásticas e programas laborais funcionam como instrumentos de promoção da saúde e para a melhora nos aspectos que envolvem o desempenho profissional, possibilitando a diminuição do sedentarismo, da melhora do nível de estresse, do interesse por man- ter hábitos de vida saudáveis e qualidade de vida no trabalho. A atuação do fisiotera- peuta no ambiente de trabalho auxilia na prevenção, na educação em saúde, a fim de empoderar os trabalhadores na diminuição dos riscos ocupacionais relacionados aos distúrbios musculoesqueléticos, além de auxiliar para o bom cumprimento das tarefas, padrões posturais corretos, alívio de dores e relaxamento mental e físico. O maior desafio do fisioterapeuta atuante na saúde do trabalhador é a prevenção de LER/DORT no ambiente organizacional, assim o profissional atua visando reduzir a monotonia, repetitividade, estresse e sobrecarga de certos grupos musculares. O mobiliário e as máquinas devem ser ajustados conforme demanda das necessi- dades e especificidades físicas individuais dos trabalhadores. Vale a pena destacar que o ambiente de trabalho deve oferecer temperatura, ruído e iluminação adequados, que propiciem conforto ambiental. Alguns órgãos são responsáveis por determinadas fiscalizações: a CIPA, a Delegacia Regional do Trabalho e Emprego, Sindicato e Vigi- lância Sanitária podem ser responsáveis por essas fiscalizações. 8 9 • CIPA significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e tem em vista a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, busca harmonizar a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais; • LER é a sigla para “Lesões por Esforços Repetitivos” e representa um grupo de afecções do sistema musculoesquelético. DORT significa “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho”. Ginástica Laboral e a Atuação Fisioterapêutica A Ginástica Laboral surge em 1925 na Polônia, onde os primeiros registros his- tóricos foram evidenciados. E em 1928, o Japão apresentava o desenvolvimento da técnica; os funcionários do correio local já participavam de sessões de ginástica todos os dias com o intuito de melhorar a saúde. Além disso, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o hábito de praticar a ginástica foi expandido para todo o território e logo expandiu-se para os países da Europa, como Alemanha e Bélgica, formando um bloco de países pioneiros em relação à Ginástica Laboral. No Brasil, a ginástica laboral foi introduzida em 1969 pelos executivos nipônicos da Ishikavajima Estaleiros, uma indústria de construção naval no Rio de Janeiro, e em meados de 1973, especificamente na Escola FEEVALE, teve-se a consolidação da prática integrada a um projeto educacional de atividades físicas e recreação, em que a organização aplicava a proposta de oferecer exercícios baseados e análises de biomecânica (MENDES; LEITE, 2004). Desse modo, a Ginástica Laboral se destaca por possuir uma ampla gama de ativi- dades e exercícios específicos de promoção do alongamento e coordenação motora, além de trabalhar os aspectos mentais e sociais, visto que é inserida nos mais variados setores organizacionais com a finalidade de atuar na prevenção e minimização dos casos de LER/DORT. Lima (2007, p. 28) aponta que a Ginástica Laboral é um conjunto de práticas físicas elaboradas a partir da atividade profissional exercida durante o expediente, visando compensar as estruturas mais utilizadas no trabalho, relaxando-as e tonificando-as, e ativar as que não são tão requeridas. As práticas podem ser realizadas em grupos setoriais e individuais, a fim de atender às especificidades de cada setor e funcionário; as práticas realizadas em grupos são uma ótima oportunidade para estreitar laços com a equipe, além de otimizar o contato com os colegas de trabalho. 9 UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Figura 1 – Ginástica laboral Fonte: Getty Images Trabalhar a ginástica laboral em dupla é uma excelente estratégia! Perceba a interação entre a dupla na execução de alguns exercícios. Assista ao vídeo Ginástica laboral: alon- gamentos em dupla. Disponível em: https://youtu.be/GvX6xZhFOu4 Polito e Bergamaschi (2002, p. 29) destacam a essência da ginástica laboral: Utilizando os três aspectos (físico, psicológico e social), a Ginástica La- boral constitui-se de séries de exercícios diários realizados no local de trabalho, durante a jornada, que visam atuar na prevenção das lesões oca- sionadas pelo trabalho, normalizar as funções corporais e proporcionar aos funcionários um momento de descontração e sociabilização, durante a jornada. (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 29) A ginástica laboral pode ser classificada em três tipos: • Preparatória: realizada no início da jornada de trabalho, com o objetivo de aquecer e preparar a musculatura e articulações do trabalhador, a fim de prevenir acidentes, além de distensões musculares. O Fisioterapeuta pode in- serir exercícios físicos que corroborem o aumento da circulação sanguínea e da frequência respiratória, com a finalidade de elevar a oxigenação muscular e tecidual; propiciem aumento da viscosidade intramuscular e da elasticidade muscular, visando à diminuição e prevenção contra distensões; e promovam um melhor estado de preparação psicológica dos trabalhadores para que exerçam suas funções com níveis mais elevados de atenção e concentração (BRANCO, 2015); 10 11 • Compensatória: conhecida também como ginástica de pausa, é realizada du- rante momentos em que os trabalhadores estãovivenciando suas atividades laborais (pausas laborais). O fisioterapeuta atua com a finalidade de aliviar as tensões, fortalecer músculos, além de proporcionar momentos de relaxamento e diminuição da monotonia provocada pela execução das atividades. Visa aumen- tar a viscosidade e a lubrificação dos tendões e das fibras musculares, alongar a musculatura, diminuir a tensão muscular e contribuir para melhorar a postura corporal, bem como promover relaxamento e descontração psicológica, inte- gração social e momentos lúdicos que contribuam com a sensação de bem-estar (BRANCO, 2015); • Relaxante: é realizada ao final da jornada de trabalho. É um dos tipos de ginás- tica laboral menos utilizados pelas empresas que contratam os Programas de Ginástica Aplicada à Saúde do Trabalhador, pois preferem investir em estraté- gias e ações que ocorram durante o início ou meio do expediente, possibilitando que o trabalhador retorne ao trabalho melhor do que estava antes da pausa para realizar a ginástica laboral. Pensando no tipo “Relaxamento (final de expedien- te)”, os trabalhadores podem sair da empresa de maneira mais relaxada, com a finalidade de ter um descanso após o dia de trabalho (BRANCO, 2015). Pode-se dizer que muitas empresas recorrem ao profissional de fisioterapia para propor- cionar ao trabalhador exercícios laborais visando à atenção corretiva e postural, visto que esta envolve o alongamento dos músculos classificados como mais sobrecarregados, assim como promove o fortalecimento dos mesmos. Ao inserir essa modalidade de ginástica (cor- retiva e postural), algumas características são específicas e de acordo com o setor em que o trabalhador está inserido, observando-se de maneira ampla a função desempenhada e a atividade laboral de maior exigência ou “poderão ainda ser selecionados indivíduos com al- teração postural semelhante para executar a série, sendo ela diferenciada da sessão comum de ginástica laboral. Sua execução poderá variar de 10 a 12 minutos, todos os dias ou três vezes por semana” (ZILLI, 2002, p. 61). Atualmente, muitos trabalhadores não frequentam os espaços laborais, trabalhan- do no âmbito domiciliar, conhecido também como home office, e mesmo trabalhan- do em casa, o profissional deve manter hábitos de vida que aumentem a qualidade de vida durante a prática laboral. A seguir, vamos observar alguns exercícios que podem ser realizados durante o home office e como deve ser a postura adequada para os profissionais que atuam com longas jornadas em frente ao computador: Alongamentos em home office, disponível em: https://bit.ly/3fUhTLE Alongamento laboral, disponível em: https://bit.ly/3gTtr2V 11 UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Figura 2 – Postura adequada em home office Fonte: Reprodução | Serviço Social da Indústria – (SESI) Ao se implantar um programa de ginástica laboral e/ou exercícios terapêuticos nas organizações, com foco na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, pode-se notar diversos pontos positivos, como melhoria da qualidade de vida dos funcioná- rios. Observe a seguir alguns benefícios para as empresas e para os funcionários. Tabela 1 – Benefícios para funcionários e empresa PARA OS FUNCIONÁRIOS PARA A EMPRESA Aumenta a flexibilidade e mobilidade. Aumento da produtividade. Previne Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Tra- balho (DORT). Diminui o número de acidentes de trabalho. Diminuição do estresse e de sensação de cansaço. Redução de faltas, afastamentos e ausências do posto de trabalho. Eleva os aspectos psicossociais, ânimo e disposição para o trabalho. Mostra a preocupação da empresa com seus colabo- radores. Promoção da integração, socialização e descontra- ção do grupo, motivando o ânimo para o trabalho em equipe. Amplia a visão de que os trabalhadores são meros funcionários, dando-lhe atenção global: biopsicos- social. Proporciona bem-estar físico e psíquico, despertan- do o interesse por um estilo de vida sadio e ativo. Melhora as condições de qualidade de vida do traba- lhador e do ambiente de trabalho. Sabendo de todos os benefícios para a saúde do trabalhador, como é a rotina de um fisioterapeuta do trabalho? Como inserir esses programas nas organizações? Inicialmente, o Programa de Ginástica Laboral será acompanhado pelo fisiote- rapeuta, devidamente registrado no conselho de classe (CREFITO), que se desloca 12 13 até a empresa em horários pré-estabelecidos entre a empresa e o profissional, bem como com os chefes de setor. A duração dos atendimentos varia de acordo com a empresa e com o profissional, porém a média é entre 10 e 15 min (isso não é uma regra, porém é o mais recomendado). Tabela 2 – Aspectos de implantação, atuação fi sioterapêutica e manutenção IMPLANTAÇÃO ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Reconhecimento de área, foco dos setores, quem são os profissionais a serem atendidos? Trabalhar a atenção primária: palestras, aulas em educa- ção e saúde. Aplicar questionários a fim de conhecer os funcionários, possíveis ênfases de suas ocupações, queixas e condição de saúde. Mostrar a relevância e benefícios da fisioterapia para a saúde. Criar um plano de ação de metas a curto, médio e longo prazo. Motivar os profissionais envolvidos, bem como os gestores. Apresentação das estratégias traçadas junto aos gestores e CIPA, além de evidenciar os benefícios a serem questio- nados. Propiciar momentos de prazer, relaxamento e manuten- ção da saúde. Levantamento de dados epidemiológicos. Acolhimento, humanização no trabalhar, enxergar as ne-cessidades biopsicossociais dos trabalhadores. Elaboração de práticas visando ao atendimento universal da empresa, inclusão social nas ginásticas laborais. Reavaliar as necessidades laborais e especificidades do trabalhador, trabalhar com protocolos de evolução clínica. Figura 3 – Inspeção postural Fonte: Getty Images Importante! Para Couto (1995, p. 26) “de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde pode ser comprometida, além da definição de completo estado de bem-estar, tam- bém por alguns fatores, dentre eles: agentes agressivos, também chamados de fatores de risco, como ruídos, temperatura, mobiliário, iluminação não adequada; deficiência de fatores ambientais; falta de atividade muscular; falta de comunicação com outras pessoas; falta de diversificação em tarefas de trabalho; e principalmente ausência de desafios intelectuais”. 13 UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Assista ao vídeo Ginastica Laboral na Empresa e perceba a interação entre profissional fisioterapeuta, trabalhadores e ginástica laboral. Disponível em: https://youtu.be/4sInvWrwa-4 O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional dispõe aspectos sobre o uso da ginástica laboral pelo fisioterapeuta e dá outras providências por meio da Resolução n° 385, de 08 de junho de 2011. Art 1º. Compete ao Fisioterapeuta, para o exercício da Ginástica Laboral, atuar na promoção, prevenção e recuperação da saúde, por meio de ela- boração do diagnóstico, da prescrição e indução do tratamento, a partir de recursos cinesiológicos e cinesioterapêuticos laborais, devendo observar: a) que a Ginástica Laboral, promovida pelo Fisioterapeuta, é uma ativi- dade atinente à saúde físico-funcional das pessoas que se encontram na relação de trabalho, em todas as suas circunstâncias; b) que o Fisioterapeuta levará em conta as condições ergonômicas do posto de trabalho, a eleição e aplicação dos exercícios individuais ou em grupo; c) que o escopo da utilização desse método é a promoção da saúde e a prevenção de desvios físico-funcionais e ocupacionais próprios, além de pretender a melhoria do desempenho laboral e o tratamento das disfun- ções físico-funcionais; d) que a Ginástica Laboral pode ser exercida como atividade preparatória, compensatória, corretiva, de manutenção, entre outras. e) que o fisioterapeuta, no âmbito da ginástica laboral, atua em programas de promoção da saúde, qualidade de vida,PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), orientando nas SIPAT (Semanas Internas de Prevenção de Acidentes do Trabalho) e junto às equipes de Segurança do Trabalho. f) que o fisioterapeuta, no âmbito de seu campo de atuação, realiza a aná- lise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, realiza, interpreta e elabora laudos de exames biofotogramétricos, solicita exames complementares que julgar necessário, tudo com o objetivo de elucidar seu diagnóstico e subsidiar sua conduta para a Ginástica Laboral. g) que a prescrição, indução do tratamento e avaliação do resultado deverão constar em prontuário cuja responsabilidade deverá ser assumida pelo Fisio- terapeuta, inclusive quanto ao sigilo profissional, bem como à observância dos princípios éticos, bioéticos, técnicos e científicos. (COFFITO, 2014) Ginástica Laboral e Trabalhadores com Deficiência O número de empresas com pessoas com deficiência (PCD) vem aumentando sig- nificativamente no Brasil. Com base na Lei de inclusão de pessoas com deficiências 14 15 no mercado de trabalho (Lei 8.213/91), as organizações necessitam destinar cerca de 2 a 5% do seu quadro funcional para pessoas com deficiências. Desse modo, nos grupos de Ginástica Laboral, é importante destacar que o profissional de Fisio- terapia precisa ser acessível e manter uma postura de acolhimento, humanização e ética frente à participação dessa classe profissional, visto que o foco das práticas integrativas é unir os funcionários em prol do aumento de sua saúde e qualidade de vida (BRASIL, 1991). Inclusão Diagnosticar Sensibilizar Acolhimento Quali car Recrutação e seleção Figura 4 – Pilares da inclusão PCD nas organizações As deficiências se enquadram em uma destas quatro categorias: • Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando comprometimento da função física, tais como pa- raplegia, tetraplegia, triplegia, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, entre outras; • Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total da audição; • Deficiência visual: baixa visão, cegueira; • Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média; • Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências. Lembre-se: a finalidade da ginástica é zelar pela qualidade de vida dos trabalha- dores, assim todos os setores devem ser assistidos, a exclusão de algum setor pode atrapalhar os benefícios do Programa de Ginástica Laboral. Compreenda que atual- mente nos postos de trabalho, tem-se diversos tipos de profissionais, que cada um deve ser visto em sua totalidade; atente-se às necessidades dos indivíduos. Um exemplo prático é a inclusão dos Trabalhadores PCD (pessoa com deficiência) nas atividades, a intenção é incluir todos trabalhadores. 15 UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Figura 5 – Inclusão social Fonte: Getty Images Como o fisioterapeuta deve agir frente à diversidade encontrada no ambiente de trabalho em relação aos colaboradores PCD? Quadro 1 Deficientes Visuais • Observe se não existem objetos que possam prejudicar a integridade física do colaborador; • Descreva verbalmente o local onde a ginástica está sendo realizada; • Fale de maneira clara, tranquila, objetiva e precisa; • Mantenha o volume de sua voz, não eleve o tom de voz sem antes avisar aos alu- nos, isso evita que os colaboradores se assustem; • Caso seja necessário auxiliar no movimento, pergunte primeiro ao colaborador se você pode tocá-lo. Se puder, corrija os movimentos; se não puder, não se ofenda, respeite a particularidade do aluno; • Evite o excesso de estímulo, alguns colaboradores podem se incomodar; • Utilize materiais, recursos e estratégias com diferentes texturas e materiais, a ludicidade dos objetos pode diferenciar positivamente a ginástica laboral; • Utilize metodologias ativas, seja dinâmico(a) e acessível. Deficientes Auditivos • O fisioterapeuta deve se posicionar em frente ao colaborador, muitos realizam leitura labial e isso facilita o atendimento laboral; • Evite articular as palavras de maneira exagerada e não utilize gírias; • Pessoas com deficiência auditiva podem se distrair facilmente e algumas têm difi- culdade de manter a concentração; o fisioterapeuta deve utilizar recursos visuais e táteis para conseguir manter a atenção de seus colaboradores; • Seja paciente e atencioso(a), todo acolhimento e humanização são necessários; • Fisioterapeutas especialistas em inclusão se diferenciam no mercado de trabalho; • Insira recursos visuais, pois auxiliam na facilitação da comunicação: luzes, carta- zes, objetos coloridos e recursos fisioterapêuticos, como bola suíça, bandagens elásticas, halteres...; • O trabalho em dupla pode ser uma excelente estratégia; caso necessário, seja a dupla do colaborador PCD. 16 17 Defi cientes Físicos • Sempre verifique com a empresa a aprovação médica para realização da ginás- tica laboral; • Conheça os colaboradores e suas necessidades, conhecer as patologias que eles possuem garante a segurança para o fisioterapeuta e para o trabalhador, o que evita riscos desnecessários como quedas, por exemplo; • Se não entender o que a pessoa fala, peça que repita quantas vezes for necessário; • Ao chamar um cadeirante, abaixe-se para falar com ele (na altura dos olhos), para ficar na mesma altura; • Pergunte ao colaborador se ele permite auxílio com os dispositivos de marcha, como bengalas e cadeiras de roda; • Caso seja necessário auxiliar o colaborador que utiliza cadeira de rodas, solicite primeiramente; • Cuidado com o ambiente: rampas, escadas, pisos e mobiliários podem compro- meter a integridade física dos colaboradores, toda atenção é necessária; • O fisioterapeuta deve ter um olhar integral do colaborador com deficiência física; assim, peça sugestões de atividades e exercícios mais prazerosos aos colaborado- res atendidos no Programa de Ginástica Laboral. Defi cientes Mentais • O fisioterapeuta deve conhecer a capacidade de cada colaborador, como nível de atenção, concentração e interesse; • Ao corrigir a postura ou execução de algum exercício, seja educado(a) e acessível; • Promova a autoconfiança, ajude o colaborador a superar as dificuldades; • Monitore o colaborador, a fim de evitar problemas de equilíbrio, ligamentares, respiratórios e circulatórios; • Insira ferramentas lúdicas, pois elas facilitam a inserção e execução de determi- nados movimentos. Figura 6 – PCD e o ambiente de trabalho Fonte: Getty Images Amplie seu conhecimento sobre a contratação de pessoas com deficiência no mercado pro- fissional. Gestão de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho. Disponível em: https://bit.ly/2XWXjnw 17 UNIDADE Programas de Prevenção, Saúde e Segurança no Trabalho Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Prática de Ginástica Laboral – Prepare o seu Corpo para uma Jornada de Trabalho Home Office https://youtu.be/CsWRNAJytcY Leitura Manual Saúde do Trabalhador https://bit.ly/33Z7ko5 Portaria nº 1823, de 23 de agosto de 2012 https://bit.ly/31Q0Rt7 Parecer Consultivo Ginástica Laboral – COFFITO https://bit.ly/2PUBdxD Ergonomia e Ginástica Laboral para o Motorista https://bit.ly/3atW4Bp 18 19 Referências BRANCO, A. E.(org.) et al. Ginástica laboral: prerrogativa do profissional de educação física. Rio de Janeiro: CONFEF, 2015. BRASIL. Lei nº. 8.213. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília: DOU, 1991. CARMELLO, E. Qualidade de vida no trabalho. IV Congresso Paranaense de Recursos Humanos. Paraná, Brasil, 2015. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Vol. I. Belo Horizonte: Ergo, 1995. CUBAS, K.; XINAIDA, S. Ilustrações apresentadas no Congresso IQPC – Gestão daDiversidade e Inclusão de PcDs. São Paulo, 2009. GAULT, M. L.; WILLEMS, M. E. T. Aging, functional capacity and eccentric exercise training. Aging and disease, v. 4, n. 6, p. 351-363, 2013. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3843652/pdf/ad-2013-04- 06351.pdf>. Acesso em: 04/07/2020. LIMA, V. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2007. MENDES, A. R.; LEITE, N. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas. Barueri: Manole. 2004. POLITO, E.; BERGAMASCHI, E. C. Ginástica laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. ZILLI, C. M. Manual de cinesioterapia/ginástica laboral: uma tarefa interdisciplinar com ação multiprofissional. Curitiba: Lovise, 2002. 19
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