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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE UNINORTE - SER EDUCACIONAL LICENCIATURA PLENA EM LETRAS LÍNGUA PORTUGUESA SUSELLE AIRES MACHADO ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS MANAUS 2021 SUSELLE AIRES MACHADO ASPECTOS LÍNGUÍSTICOS DA LIBRAS Trabalho solicitado pela professora Polyana Milena Barros Navegante, para a Disciplina de LIBRAS, do curso de Licenciatura Plena em Letras Língua Portuguesa. MANAUS 2021 ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS As línguas de sinais são consideradas línguas naturais, tendo em vista que possuem as características e os critérios linguísticos de língua natural. Nesse sentido, Quadros e Karnopp (2004, p. 30) afirmam que língua natural é uma realização específica da linguagem, com um sistema de regras finitas, que possibilita a construção ilimitada de frases, permitindo a comunicação. Assim sendo, apesar de ser uma língua de natureza visuoespacial, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem uma estrutura gramatical própria e efetiva entre seus usuários, que difere da gramática da Língua Portuguesa em diversos aspectos, como na ordem dos constituintes e na variação linguística. No que tange aos aspectos linguísticos, Strobel e Fernandes (1998, p. 5) explicam que: “[...] Por decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma regra”. Dessa maneira, em LIBRAS são utilizados sinais icônicos, que possuem características semelhantes ao objeto representado; mas, da mesma forma, há sinais arbitrários, que não estabelecem relação de semelhança com o objeto representado. Segundo Brito (1993), as sociedades desenvolvem maneiras diferentes de captar facetas do mesmo referente, o que demonstra que a motivação para a constituição dos sinais depende de fatores culturais. Como resultado, a LIBRAS, assim como as demais línguas naturais, apresenta variações linguísticas regionais, históricas, sociais e estilísticas. No Brasil, pode-se observar a existência das variedades linguísticas na língua portuguesa, por diversas motivações. Destarte, pessoas de uma mesma comunidade linguística, que interagem compartilhando um conjunto de normas, tanto em comunidades de ouvintes como em comunidades de surdos, podem escolher modos diferentes de interação, de acordo com a situação comunicativa, o que depende de fatores socioculturais. Calvet (2002) afirma que variáveis linguísticas são bastante utilizadas em todas as línguas, portanto, ao analisar os aspectos linguísticos, devem ser considerados os dialetos regionais, não só usados em regiões diferentes durante as interações sociais, mas no espaço cultural da língua, tendo em vista ambos influenciam os modos comunicativos. Durante as situações comunicativas, há também a presença de variações estilísticas, que ocorrem quando o falante realiza a monitoração linguística, de acordo com a situação e o interlocutor. Similarmente, no contexto dos surdos, a pessoa utiliza a variação que considera adequada, adaptando-se aos fatores que envolvem cada situação comunicativa. Strobel e Fernandes (1998) ressaltam que as variações linguísticas nas línguas de sinais são identificadas nas mudanças de configuração das mãos ou de movimentos, o que não altera o sentido dos sinais. Ademais, existem sinais diferentes que representam um mesmo referente e são usados em localidades distintas do Brasil, não necessariamente em regiões ou estados diferentes, podendo haver alternância de modos comunicativos em uma mesma cidade. Em suma, é possível afirmar que nem todos os usuários da LIBRAS comunicam-se do mesmo modo, pois, a forma que a mão assume ao realizar o sinal ou o local onde o sinal é realizado podem ser diferentes, variando de acordo com o meio no qual o surdo está inserido, a situação comunicativa, a região, a idade, o sexo etc. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, L. F. Integração Social & Educação de Surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993. CALVET, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2002. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. STROBEL, K.; FERNANDES, S. Aspectos linguísticos da língua brasileira de sinais. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Especial. Curitiba: SEED/SUED/DEE. 1998.