Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATENDIMENTO INICIAL AO PACIENTE POLITRAUMATIZADO Autor: Pedro V.F. Medrado Avaliação Inicial – é uma sequência de progressão linear ou longitudinal de eventos, e deve ser repetida para identificar qualquer alteração do estado clínico do doente · Preparação · Triagem · Avaliação primária (ABCDE) · Reanimação* (nem todos doentes necessitam de todos os procedimentos) · Medidas auxiliares à avaliação primária e à reanimação · Considerar a necessidade de transferência do doente · Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e história · Medidas auxiliares à avaliação secundária · Reavaliação e monitorização contínua após reanimação · Tratamento definitivo Fase pré-hospitalar - Ênfase à manutenção da via aérea, ao controle da hemorragia externa e do choque, à imobilização do doente e ao transporte imediato ao hospital apropriado mais próximo (preferencial a um centro de trauma credenciado). - Ênfase à obtenção de documentação e informações necessárias à triagem, incluindo hora do trauma, eventos relacionados ao trauma e história do doente. - Mecanismos de lesão – intensidade das lesões e traumas específicos (avaliação). - O hospital de destino seja notificado antes de iniciar o transporte – mobilização da equipe de trauma, recursos e materiais necessários à chegado do doente. Fase hospitalar - Planejamento antecipado à chegado do doente traumatizado – área de reanimação, equipamentos apropriados, cristaloides prontos e aquecidos, normas de convocação de profissionais e rotinas de resposta rápida do laboratório e radiologia. - Pessoal que está em contato com o doente deve estar protegido conta doenças transmissíveis – hepatites e AIDS – uso de máscaras, proteção ocular, avental impermeável, perneiras e luvas. Esquema e decisão de triagem no local do trauma - A primeira etapa é avaliar os sinais vitais (pressão sistólica e taxa respiratória) e o nível de consciência (Glasgow) ECG < 13, ou, PAS <90 mmHg, ou, TR <10 ou >29 irpm, ou paciente que necessitar de suporte ventilatório Deve ser encaminhado para um centro de trauma. TRIAGEM (classificação dos doentes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis). - Classificação dos doentes no local e à escolha do hospital para o qual o doente deverá ser transportado Múltiplas vítimas (não excede) - O número de doentes e a gravidade das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital – os doentes com risco de vida iminente e os doentes com traumatismos multisistêmicos serão atendidos primeiros. Vítimas em Massa (excede) - O número de doentes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento da instituição e da equipe – os doentes com maiores possibilidades de sobrevida, cujo atendimento implique menor gasto de tempo, equipamentos, recursos e pessoal serão atendidos primeiros. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA - As prioridades de tratamento são estabelecidas de acordo com suas lesões, sinais vitais e mecanismo de lesão. - ABDCE Avaliar o doente em 10 segundos Pergunta o nome e o que aconteceu? isso vai nos mostrar se há uma resposta ou não (comprometimento de via aérea e ventilação – não consegue gerar movimento aéreo para falar), ou mesmo se há diminuição do nível de consciência (não está alerta o suficiente para descrever o que aconteceu). A falha na resposta a essas questões sugere anormalidades no A, B ou C, que implicam avaliação e tratamento urgentes. - Na avaliação primária, as condições que implicam risco à vida devem ser identificadas em sequência de prioridades baseadas nos efeitos das lesões sobre a fisiologia do doente. - A prioridade é baseada no grau de ameaça à vida, assim, a maior anormalidade que ameaça a vida é manejada primeiro. Populações especiais - As prioridades de atendimento de um adulto são as mesmas de um paciente pediátrico, a avaliação e as prioridades assistenciais são as mesmas. - As prioridades na assistência à mulher grávida são semelhantes às da não grávida, embora a resposta ao trauma possa ser diferente. - O envelhecimento reduz as reservas fisiológicas. E doenças cardíacas crônicas, respiratórias e metabólicas comprometem a capacidade de resposta do doente idoso ao trauma, não compensam. O próprio uso de medicamentos pode alterar a resposta fisiológica ao trauma. - Obesos apresentam dificuldade de procedimentos, e acarreta maior perigo, como a intubação, a USG, a lavagem peritoneal diagnóstica (LPD) e a tomografia computadorizada (TC). Além disso, possuem capacidade de compensação ao trauma e ao estresse limitada. - Atletas podem não manifestar sinais precoces de choque, como taquicardia e taquipneia, inclusive com PAS e PAD normalmente mais baixas. Manutenção da via aérea com proteção da coluna cervical - Avaliar sinais de obstrução de via aérea, aspiração e inspeção para localizar corpos estranhos e fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas, que podem resultar em obstrução da VA. - Manobras de permeabilização da VIA · Chin lift – elevação do mento · Jaw thrust – tração da mandíbula * Deve-se tomar cuidado para não hiperestender, hiperfletir ou rodar a cabeça na intenção de estabelecer ou manter a VA. - Mesmo o paciente capaz de se comunicar verbalmente, é prudente avaliar a permeabilidade da VA a curtos intervalos de tempo. - Pacientes com TCE grave e rebaixamento do nível de consciência, ou com ECG igual ou menor que 8 – Via Aérea definitiva (tubo com balão insuflado na traqueia). - Respostas motoras descoordenadas sugere fortemente a necessidade de uma VA definitiva. - Um exame neurológico isolado não exclui lesão de coluna cervical, e incialmente a proteção da medula do doente deve ser feita com os dispositivos apropriados. - A avaliação e diagnóstico de lesão de coluna, que inclui os métodos de imagem, é feita posteriormente. As radiografias (usado para confirmar ou excluir lesão em coluna cervical) de coluna cervical em perfil identificam somente 85% de todas as lesões. - É impossível intubar doentes em uso de drogas paralisantes, ou cuja via área não pode ser alcançada cirurgicamente de forma rápida por obesidade. - ATENÇÃO: tomar cuidado com a intubação de doente com fratura laríngea ou transecção incompleta de VIAS, podendo precipitar uma estenose laríngea ou transecção completa. Ventilação - Troca adequada de gases – oxigenação e eliminação de CO2 num grau máximo – funcionamento dos pulmões, parede torácica e diafragma - Inspeção do pescoço e tórax distensão de veias jugulares, posição da traqueia e a movimentação da parede torácica. - Ausculta ausculta do fluxo de ar nos pulmões - Inspeção visual e palpação lesões da parede torácica capazes de comprometer a ventilação - Percussão torácica som claro pulmonar (normal), hipertimpânico (ar), maciço ou submaciço (líquido) - Lesões graves da ventilação a curto prazo – pneumotórax hipertensivo, tórax instável (movimento paradoxal) com contusão pulmonar, hemotórax maciço e pneumotórax aberto. - Paciente dispneico e taquipneico por um pneumotórax simples ou hipertensivo não é resolvida com intubação – intubação e a ventilação vigorosa com pressão + podem levar rapidamente ao agravamento das condições do doente. - Doente inconsciente, e que é necessário intuba-lo e ventila-lo, deve-se tomar cautela (avaliação periódica), pois esses procedimentos revelar ou agravar um pneumotórax. Circulação com controle da hemorragia - Fatores circulatórios a considerar: volume sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia - A hemorragia é a principal causa de morte pós-traumáticas evitáveis. - Descartado o pneumotórax hipertensivo como causa do choque, a hipotensão em pacientes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até que se prove o contrário. - Principais elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de segundos – Nível de consciência, cor da pele e pulso. Nível de consciência – perfusão cerebral criticamente prejudicada, mas não exclui o fato de que um doente consciente pode ter perdido uma quantidade significativa de sangue. Cor da pele – coloração acinzentada da face e a pele esbranquiçada das extremidades sãosinais de hipovolemia. Pulso – pulsos rápidos e filiformes são sinais de hipovolemia. Pulsos irregulares costumam ser sinal de alerta para disfunção cardíaca. - Afirmação do ATLS: “periféricos cheios, lentos e regulares são, usualmente, sinais de normovolemia relativa em doente que não esteja em uso de bloqueadores beta-adrenérgicos” - A ausência de pulsos centrais não relacionada a fatores locais significa a necessidade de uma ação imediata de reanimação para restaurar o déficit sanguíneo e um DC adequado. Hemorragia - Hemorragia interna: a fonte do sangramento é identificada por exame físico e de imagem por radiografia de tórax e pelve ou avaliação ultrassonográfica direcionada para trauma (FAST). – Principais áreas são: tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos – O tratamento inclui descompressão do tórax, compressão da pelve, uso de imobilizadores e intervenção cirúrgica. - Hemorragia externa: identificada e controlada na avaliação primária, com compressão manual direta sobre o ferimento. – Torniquetes podem causar lesão isquêmica, e são usados quando a compressão manual não é efetiva – Pinças hemostáticas podem lesar nervos e veias Hemorragia em grupos populacionais A resposta à perda sanguínea não se dá de modo semelhante ou mesmo de modo “normal” em doentes idosos, crianças, atletas e em indivíduos que apresentam doenças crônicas. - Idosos tem limitação no aumento da FC diante da perda sanguínea, dessa forma, perde-se a taquicardia como sinal precoce da hipovolemia. - Crianças tem exuberante reserva fisiológica, e demonstram poucos sinais de hipovolemia, mesmo em perdas volêmicas significativas. - Atletas bem condicionados compensa semelhante a crianças, e costumam apresentar bradicardia relativa e não demonstra o nível habitual de taquicardia com a perda volêmica. - Doentes em uso de anticoagulantes orais para situações como fibrilação atrial, doença coronária e acidentes isquêmicos transitórios, podem apresentar maior perda sanguínea. Disfunção neurológica - É feita uma avaliação neurológica rápida do nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de lesão da medula espinhal. - O rebaixamento do nível de consciência pode representar a diminuição da oxigenação e/ou da perfusão cerebral ou ser resultado de um trauma direto ao cérebro. - Quando excluído hipoglicemia, álcool, narcóticos e outras drogas neurodepressoras, toda alteração do nível de consciência deve ser considerada originária de um trauma do SNC até que se prove o contrário. - Lesão cerebral primária – resultado do efeito estrutural do trauma sobre o cérebro - Lesão cerebral secundária – resultado da baixa perfusão e oxigenação que são prevenidos no atendimento inicial. - Intervalo lúcido: associado ao hematoma epidural agudo, situação na qual o doente “fala e morre”. Exposição e controle do ambiente - Doente totalmente despido, cortando as roupas, e depois de completada a avaliação o doente é coberto com cobertores aquecidos ou algum dispositivo de aquecimento externo para prevenir a ocorrência de hipotermia. - Fluidos intravenosos aquecidos antes de administrados e o ambiente mantido aquecido. REANIMAÇÃO Via aérea - Deve ser protegida, elevação do mento (chin lift) ou tração da mandíbula (jaw thrust). - Duvida se o doente consegue manter a permeabilidade da via aérea – VA Definitiva (intubação). - Intubação traqueal – controle definitivo da VA, mas se tal for contraindicada ou não for possível – VA cirúrgica. Ventilação, respiração e oxigenação - Pneumotórax hipertensivo – grave e compromete de modo agudo a ventilação e a circulação – trata-se imediatamente com descompressão torácica. - Todo traumatizado deve receber oxigenioterapia suplementar – se não intubado, se faz com uma máscara com reservatório de O2 – e oxímetro de pulso para monitorar saturação de hemoglobina. Circulação e controle da hemorragia - Dois cateteres endovenosos (EV) calibrosos – “A velocidade máxima dos fluidos administrados é determinada pelo diâmetro interno do cateter e é inversamente proporcional ao seu comprimento, portanto não depende do calibre da veia em que o cateter é colocado”. - Punção periférica em MMSS – veia puncionada ou cateterizada – amostra para tipagem sanguínea, prova cruzada e exames laboratoriais de rotina, incluindo teste de gravidez em mulheres em idade fértil. - Gasometria e o nível de lactato para avaliar presença e o grau do choque. - Reanimação volêmica agressiva e contínua não substitui o controle definitivo da hemorragia que inclui a cirurgia, angioembolização e estabilização pélvica. - Administração endovenoso de fluidos com soluções cristaloides – infusão em bolus 1-2 litros de solução isotônica, aquecida a 37ºC-40ºC. - Doente não responde à terapia inicial com cristaloides –> transfusão sanguínea. - Hemoderivados não devem ser aquecidos em forno micro-ondas. MEDIDAS AUXILIARES À AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E À REANIMAÇÃO - As medidas auxiliares utilizadas incluem ECG, cateterização urinária e gástrica, outras monitorações como a FR, gasometria, oximetria de pulso e PA, além de exames radiológicos de tórax e pelve. Monitoração ECG - Taquicardias inexplicáveis, fibrilação atrial, contrações ventriculares prematuras e alterações no segmento ST –> trauma cardíaco contuso. - Atividade elétrica sem pulso (AESP) –> pode sugerir tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo e/ou hipovolemia profunda. - Bradicardia, condução aberrante ou extrassístoles –> suspeita-se de hipoxia ou hipoperfusão, ou mesmo hipotermia extrema. Sondas urinárias e gástricas - O débito urinário é indicador sensível da volemia do doente e reflete a perfusão renal. - Cateterização transuretral da bexiga está contraindicada em casos de suspeita de lesão uretral. · Suspeita-se de lesão uretral quando há: sangue no meato uretral, equimose perianeal, deslocamento cranial da próstata ou ela não é palpável ao toque reatal. · Quando há suspeita de lesão, a integridade deve ser avaliada por meio de uma uretrografia retrógada antes da sonda ser inserida Anormalidades anatômicas, como estenose de uretra ou hipertrofia prostática. - A sonda gástrica é indicada para reduzir a distensão gástrica, diminuir riscos de aspiração e avaliar HDA. - Descompressão do estômago diminui risco de aspiração, mas não evita completamente. O conteúdo espesso e semissólido do estômago não será drenado, mas corre o risco de que a passagem da sonda induza vômitos. - A presença de sangue no aspirado da sonda sangue orofaríngeo (deglutido), trauma na colocação da sonda ou lesões do trato digestivo alto - Suspeita de fratura de placa crivosa deve ser passada por via oral para evitar que seja introduzida dentro do crânio, pois qualquer instrumentação nasofaríngea é potencialmente perigosa. Outras monitorizações - Frequência respiratória e a gasometria arterial são usados para monitorar o processo respiratório – O tubo traqueal pode se deslocar em transporte, por isso é importante usar um detector colorimétrico de CO2 pois permite detectar tal gás na mistura exalada. - Colorimetria ou capnografia são úteis para confirmar se o tubo traqueal está colocado no trato respiratório do doente sob ventilação mecânica, e não no esôfago. - O oxímetro de pulso mede a saturação da hemoglobina pelo O2, mas não mede a pressão parcial de O2, nem a pressão parcial de CO2 (dado que reflete a adequação da ventilação). - O oxímetro é colocado no dedo da mão, pé, orelha ou qualquer local conveniente e depois seus valores são comparados com a gasometria arterial. Não deve ser colocado distalmente ao manguito do esfigo. - A PA deve ser medida, mas é importante lembrar que a ‘normalização das condições hemodinâmicas no doente traumatizado significa muito mais que a normalização da pressão arterial’. Radiografias e procedimentos diagnósticos - A radiografia é feita de forma racional que não retarde a reanimação do doente. Normalmente, as salas de emergência possuem um aparelho portátil que não interrompem o processo de reanimação. - RadiografiasAP do tórax e pelve são uteis para reanimação de vítimas de trauma fechado. - Radiografias pélvicas podem evidenciar fraturas que indicam necessidade de transfusões sanguíneas precoces. - Radiografias diagnósticas são obtidas mesmo em pacientes grávidas. - A Lavagem Peritoneal Diagnóstica (LPD) e o FAST são instrumentos úteis para detecção rápida de sangramento oculto intra-abdominal. - A obesidade e os gases dentro do intestino podem comprometer as imagens da USG do abdômen - A obesidade, cirurgias abdominais prévias e gravidez podem dificultas a LPD, o volume efluente da lavagem é pequeno ou nulo. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA - Só deve ser iniciada após completado a avaliação primária (ABCDE) e quando as medidas indicadas para a reanimação tiverem sido adotadas e o doente demonstrar tendência para normalização de suas funções vitais. - Exame do doente traumatizado, uma história clínica e um exame físico completos, incluindo a reavaliação de todos os sinais vitais. História - AMPLA (Alergia, Medicamentos de uso habitual, Passado médico(prenhez), Líquidos e alimentos ingeridos recentemente, Ambiente e eventos relacionados ao trauma). - Mecanismo do trauma, trauma fechado ou penetrante. Trauma fechado - Colisões automobilísticas, quedas e outras lesões relacionadas a transporte, recreação ou trabalho. - Informações importantes: cinto de segurança, deformação do volante, direção do impacto, danos ao automóvel ou intrusão no compartimento de passageiros e ejeção do passageiro de dentro do veículo. Trauma penetrante - Ferimentos por arma de fogo, arma branca e empalamentos. - Órgãos próximos ao trajeto do objeto penetrante e velocidade do projétil. Velocidade, calibre, trajetória presumida do projétil e a distância da arma ao doente. Lesões térmicas - Incêndio em automóvel, explosões, queda de fragmentos incandescentes, tentativa de fuga do fogo. - Complicadores: inalação ou a intoxicação por monóxido de carbono. - Hipotermia aguda ou crônica – perda de calor em temperaturas ambientais moderadas (15ºC-20ºC), na diminuição da atividade física e/ou por vasodilatação causada por uso de álcool ou drogas. EXAME FÍSICO Cabeça - Edema periocular – dificulta um exame ulterior pormenorizado - Exame dos olhos: acuidade visual (leitura do quadro de Snellen), tamanho da pupila, hemorragias de fundo e conjuntiva, lesões penetrantes, lentes de contato (remover antes do edema), deslocamento do cristalino e encarceramento ocular. - Mobilidade ocular – excluir bloqueio dos músculos extraoculares por fraturas de órbita Estruturas maxilofaciais - Traumas maxilofaciais - quando não estão associados à obstrução de VA, ou a hemorragia importante, só devem ser tratados após estabilização. - A sondagem gástrica de doentes com fratura de 1/3 médio da face, deve ser feita pela boca, por risco de fratura de placa crivosa. Coluna cervical e pescoço - Imobilização do pescoço até que se tenha excluído lesões - doentes com trauma craniano e maxilofacial deve ser considerado portador de lesão instável de coluna - Marca do cinto de segurança – lesão potencial de artéria carótida, oclusão ou dissecção pode ocorrer tardiamente, sem sinais ou sintomas precursores. - Tração do cinto de segurança produz ruptura da íntima, dissecção e trombose. - Doppler USG – excluir possibilidade de lesão vascular cervical. - Lesões além do M. platisma – exigem supervisão, e avaliação intraoperatória, direta do cirurgião. - Avaliação cirúrgica é exigido em: · Hemorragia arterial ativa; · Hematoma em expansão; · Frêmito arterial; · Comprometimento da via aérea (VA). - Lesão de raiz de nervo cervical – paralisia isolada ou inexplicada de uma extremidade superior – impossível de ser avaliada em doente comatoso. Tórax - Pressão esternal dolorosa – esterno fraturado ou quando há disjunção costocondral - Lesões ocultas – contusões e hematomas em parede torácica. - Lesões torácicas significativas – dor, dispneia e hipóxia - Murmúrio vesicular · Parte anterossuperior do tórax – pneumotórax; · Face posterior das bases – hemotórax. - Bulhas abafadas + pressão de pulso diminuídas – tamponamento cardíaco. - Em um pneumotórax hipertensivo à esquerda, o desvio das estruturas mediastinais dificulta a ausculta, e podemos ter um abafamento de bulhas. A diferença é feita com percussão – no pneumotórax está hipertimpânico, enquanto no tamponamento o som pode estar maciço ou timpânico normal. - Diminuição do MV + timpanismo à percussão + choque – pneumotórax hipertensivo. - A hipovolemia pode diminuir ou abolir a distensão das veias jugulares, tanto no tamponamento quanto do pneumotórax hipertensivo – a maioria dos pacientes não tem a Tríade de Beck fechada. - Tríade de Beck, ou tríade do tamponamento: hipotensão + abafamento de bulhas + distensão das vv. jugulares. - RX de tórax confirma hemotórax ou pneumotórax simples, mas fratura de arco costal pode não ser visível. - Alargamento de mediastino – sugestivo de ruptura de aorta. - Lesões torácicas em idosos tendem a evoluir com Insuf Respiratória aguda. Abdome - Hipotensão inexplicada + lesões neurológicas + alteração do sensório por álcool/drogas + achados abdominais duvidosos – candidatos a LPD, FAST ou caso hemodinamicamente normais a uma TC de abdome. - Fraturas de pelve e dos últimos arcos costais – palpação abdominal pode despertar dor local - Evita-se manipulação excessiva da pelve – precipitar hemorragia adicional. - Lesão de órgãos retroperitoneais são de difícil identificação na TC – lesão de duodeno e pâncreas - Lesão de uretra na mulher – fraturas pélvicas e lesões a cavaleiro Períneo, reto e vagina - Períneo deve ser examinado à procura de contusões, hematomas, lacerações e sangramento uretral - Toque renal realizado antes da introdução da sonda urinária, para: · Avaliar a presença de sangue na luz intestinal; · Avaliar próstata alta e flutuante; · Fraturas pélvicas; · Integridade da parede do reto; · Tonicidade do esfíncter. - Exame vaginal – risco de lesão vaginal, avaliando a presença de sangue e lacerações na cavidade vaginal. Sistema musculoesquelético - Equimoses sobre as asas do ilíaco, púbis, grandes lábios ou escroto – fraturas pélvicas - Dor à palpação do anel pélvico acho importante no doente inconsciente. - A mobilidade da pelve em resposta a pressão delicada anteroposterior das cristas ilíacas e da sínfise pública com as palmas das mãos – sugere ruptura de anel pélvico. - A manipulação do anel pélvico pode provocar hemorragia indesejada, devendo ser deita (se preciso) somente uma vez e de preferência pelo ortopedista responsável pelo tratamento do doente. - Ruptura de ligamentos – instabilidade da articulação - Lesões de tendões – interfere na movimentação ativa da estrutura afetada. - Perda de sensibilidade ou da contratilidade muscular voluntária – lesão nervosa, ou isquemia – resultante da síndrome compartimental. - Fraturas pélvicas c/ aumento de volume pélvico – hemorragia fatal – URGÊNCIA Sistema neurológico - ECG facilita identificação precoce de alterações no estado neurológico - TCE – parecer da neurocirurgia – monitoração frequente p/ detectar deterioração no nível de consciência. - TCE – paciente piora – oxigenação, perfusão cerebral e adequação da ventilação são reavaliados - Redução da pressão intracraniana – pois o aumento da PIC reduz a perfusão cerebral e estabelece uma lesão secundária. - Intervenção neurocirúrgica – evacuar hematomas epidurais, ou subdurais, ou fraturas cranianas com afundamento. - Manobras diagnósticas e terapêuticas que aumentam a PIC · Intubação traqueal – deve ser feita o mais rápido e suave possível · “Elas podem ocorrer apesar da aplicação de todas as medidas para o controle da PIC e manutenção de suporte apropriado ao sistema nervoso central”. - Perda de sensibilidade, paralisia ou fraqueza – sugere lesão mais grave à medula ou ao sistema nervoso periférico. - PROTEGA A COLUNA até que uma lesão medular seja excluída, e quando detectada, é necessário a parecer precoce da neurocirurgia ou ortopedia. - Imobilizar a cabeça, exige imobilização do tronco para evitarpossível rotação cervical tendo o corpo como fulcro.
Compartilhar