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Sorocaba, 27 de maio de 2021 Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho” Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica – UNESP Bauru Disciplina: “Geração distribuída” Prof. Dr. Fernando Pinhabel Marafão Prof. Dr. Flávio Alessandro Serrão Gonçalves André Luis dos Santos Teles James Blayne Oliveira Reis Rafael dos Santos Vitor Sauli Fernandes Conversores multiníveis – parte II: Operação do conversor cascata (CCMC) três níveis monofásico, com controle Phase-shifted Carrier PWM 1 André Luis dos Santos Teles James Blayne Oliveira Reis Rafael dos Santos Vitor Sauli Fernandes Conversores multiníveis – parte II: Operação do conversor cascata (CCMC) três níveis monofásico, com controle Phase-shifted Carrier PWM Relatório técnico apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina “Geração distribuída”, no Curso de Pós-graduação em Engenharia Elétrica, na Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Bauru. Prof. Dr. Fernando Pinhabel Marafão Prof. Dr. Flávio Alessandro Serrão Gonçalves Sorocaba, 27 de maio de 2021 2 RESUMO Este trabalho aborda a simulação computacional do conversor cascata (CCMC) utilizando o PSIM. O conversor possui três níveis, topologia monofásica, e alimenta uma carga com configuração 10 + 𝑗𝜔0.050 Ω. O controle do conversor é realizado por meio da técnica Phase-shifted Carrier PWM, sendo que alimentação de cada um dos três estágios é assimétrica, na proporção 1:3:9, de forma que os estágios possuem os seguintes valores de tensão de entrada: a) estágio 1: 𝑉1 = 24 𝑉; b) estágio 2: 𝑉2 = 72 𝑉; c) estágio 3: 𝑉3 = 216 𝑉. Os seguintes tópicos serão abordados; a) características da técnica Phase-Shifted PWM, quando empregada em topologias CCMC assimétricas; b) avaliação da tensão e corrente de fase, com o auxílio de espectro de frequência, obtido via transformada rápida de Fourier (FFT); c) esforços de tensão dos interruptores de potência. Ao fim, elencam-se as principais conclusões decorrentes das análises efetuadas. Palavras-chave: Conversor cascata. Multinível. Assimétrico. Phase-Shifted PWM 3 ABSTRACT This work addresses the computational simulation of the cascade multilevel converter (CCMC), using PSIM. The converter has three levels, single-phase topology, and feeds a load with 10 + 𝑗𝜔0.050 Ω configuration. The control of the converter is performed using the Phase-shifted Carrier PWM technique, and the supply of each individual power stage is asymmetrical, following the 1: 3: 9 proportion. Hence, the three power stages have the following input voltage values: a) stage 1: 𝑉1 = 24 𝑉; b) stage 2: 𝑉2 = 72 𝑉; c) stage 3: 𝑉3 = 216 𝑉. The following topics will be covered in this report: a) characteristics of the Phase-Shifted PWM technique, when used in asymmetric CCMC topologies; b) evaluation of phase voltage and current, with the aid of FFT frequency spectrum; c) power switches voltage efforts. At the end, the main conclusions resulting from the analyzes carried out are listed. Palavras-chave: Cascade converter. Multilevel. Asymmetric. Phase-Shifted PWM 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 5 2 CONFIGURAÇÃO DE SIMULAÇÃO NO PSIM ............................................................................. 7 2.1 SISTEMA DE POTÊNCIA ............................................................................................................... 7 2.2 SISTEMA DE CONTROLE .............................................................................................................. 8 3 SIMULAÇÕES .............................................................................................................................. 10 3.1 ESTRATÉGIA DE MODULAÇÃO .................................................................................................... 10 3.2 SINAIS DE ATAQUE DOS TRANSISTORES ..................................................................................... 11 3.3 TENSÃO E CORRENTE NA CARGA .............................................................................................. 12 3.4 ESFORÇOS DE TENSÃO NOS INTERRUPTORES ........................................................................... 16 4 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 17 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................... 19 5 1 INTRODUÇÃO Sistemas de geração distribuída proporcionaram a integração cada vez maior de energias renováveis nos sistemas de distribuição e transmissão de energia elétrica. Em alguns casos, tal integração pode demandar a utilização de estruturas de conversores estáticos que processam potências na escala dos megawatts. Dessa forma, com o alto nível de potência processado, os esforços de tensão e corrente nos interruptores de potência empregados atingem níveis críticos, podendo muitas vezes ultrapassar os limites operacionais estabelecidos para tais dispositivos. Tal contexto exige que esquemas alternativos de conversores de potência passem a ser empregados. Dentre as soluções disponíveis, os conversores multiníveis destacam- se por proporcionar, entre outras vantagens, o processamento de altos níveis de tensão e potência, através do emprego de interruptores de potência com especificações operacionais reduzidas. Há várias categorias de conversores multiníveis, podendo ser baseados em: a) grampeamento, por meio de diodos ou capacitores, tais como o conversor NPC (Neutral Point Clamped); b) topologias com células ponte H (Full-bridge) em cascata; c) níveis misturados ou topologia generalizada. O controle dos conversores multiníveis pode ser efetuado por meio da utilização de técnicas de modulação baseadas em portadoras, tais como: Phase Disposition PWM (PDPWM), Phase Opposition Disposition PWM (PODPWM) e Phase-shifted Carrier PWM (PSCPWM). Embora cada técnica possua vantagens e desvantagens específicas, no caso da técnica PSCPWM, a principal vantagem reside no estabelecimento do conteúdo harmônico relacionado ao processo de chaveamento em frequências cada vez maiores, o que traz alguns benefícios, tais como o emprego de filtros menores e mais baratos e utilização de menores frequências de chaveamento, o que acarreta maior eficiência no processo de conversão de energia. Nesse trabalho, por meio de simulações computacionais empregando o software PSIM, considera-se a topologia de conversor multinível baseado em células ponte-H em cascata, também denominada Cascaded Cell Multilevel Converter (CCMC). O conversor CCMC estudado: a) opera como inversor em configuração monofásica, alimentando uma carga indutiva com configuração 10 + 𝑗𝜔0.050 Ω; b) é controlado por meio do emprego da estratégia de modulação PSCPWM em malha aberta; c) apresenta três níveis, empregando três células ponte H com alimentação 6 assimétrica, sendo que a tensão de alimentação de cada estágio é definida por: i) estágio 1: 𝑉1 = 24 𝑉; ii) estágio 2: 𝑉2 = 72 𝑉; iii) estágio 3: 𝑉3 = 216 𝑉. Por meio dos resultados de simulação, avaliam-se os seguintes aspectos operacionais do conversor: a) características da técnica PSCPWM, quando empregada em topologias CCMC assimétricas e simétricas; b) avaliação tensão e corrente de fase, com o auxílio de espectros de frequência, obtidos via transformada rápida de Fourier (FFT); c) esforços de tensão dos interruptores de potênci. Ao fim, elencam-se as principais conclusões decorrentesdas análises efetuadas. 7 2 CONFIGURAÇÃO DE SIMULAÇÃO NO PSIM 2.1 Sistema de potência A configuração dos circuitos de potência é baseada no conversor Full Bridge (FB), sendo que no PSIM cada uma das três células empregadas no conversor CCMC possui a estrutura apresenta na Figura 2.1. O circuito é formado por 4 MOSFETs, sendo que MOS1 e MOS3 compõem o braço esquerdo e MOS2 e MOS4 o braço direito do conversor FB. Evidentemente, a depender do nível de potência processado, e outras características operacionais, os MOSFETs podem ser substituídos por IGBTs com diodos em antiparalelo ou outros interruptores bidirecionais em corrente. Cada célula conta com um estágio de tensão de entrada determinado por 𝑉𝑖𝑛. Figura 2.1 - Topologia Full Bridge, desenvolvida no PSIM. Fonte: Autores. Para melhor organização e desenvolvimento do trabalho, cada célula foi transformada em um bloco no PSIM, conforme pode se observar na Figura 2.2, por meio do recurso “Create Subcircuit”. Dessa forma, todos os blocos possuem o seus próprios subcircuitos, e são conectados em série, formando o conversor CCMC de três níveis, com configuração monofásica, alimentando uma carga composta por um resistor de 10 Ω e um indutor de 50 mH. Para os estágios 1, 2 e 3, a tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛 varia entre 24V, 72V e 216V, respectivamente, configurando uma topologia denominada assimétrica. 8 Figura 2.2 - Conversor Cascata (CCMC) desenvolvido no PSIM. Fonte: Autores. 2.2 Sistema de controle A estratégia de modulação Phase-Shifted Carrier PWM (PSCPWM) foi empregada para o controle do conversor CCMC. Nessa estratégia, duas portadoras triangulares, empregadas para o controle dos braços esquerdo e direito do conversor Full-Bridge de cada estágio, apresentam defasagem de 180° entre si. No entanto, as portadoras triangulares dos estágios seguintes estarão defasadas em 𝜑 graus com relação ao estágio anterior, tal como expresso em (1), em que 𝑛 é o número de estágios. 𝜑 = 360𝑜 𝑛 (1) Logo, como o conversor abordado nesse relatório possui três estágios, 𝜑 = 120𝑜. Assim, as fases de cada portadora triangular, emprega em cada estágio do conversor CCMC, são apresentadas na Tabela 2.1 Tabela 2.1 - Deslocamento de fase para portadoras triangulares nos três estágios do CCMC Estágio Fase da portadora triangular Braço esquerdo Braço direito 1 0𝑜 180𝑜 2 120𝑜 300𝑜 3 240𝑜 420𝑜 9 Tabela 2.2 - Lógica de acionamento dos transistores Lógica Acionamento dos transistores 𝑆𝑠𝑢𝑝 𝑆𝑖𝑛𝑓 𝑉𝑠𝑖𝑛(𝑡) > 𝑉𝑡𝑟𝑖(𝑡) ligado bloqueado 𝑉𝑠𝑖𝑛(𝑡) ≤ 𝑉𝑡𝑟𝑖(𝑡) bloqueado ligado Figura 2.3 - Sistema de controle utilizado em cada estágio do CCMC Fonte: Autores. O acionamento dos transistores é efetuado por meio da comparação de uma portadora senoidal 𝑉𝑠𝑖𝑛(𝑡), com magnitude 𝑀 e frequência 𝑓𝑐𝑎 idêntica a componente fundamental de tensão saída do conversor CCMC, com as duas portadoras triangulares 𝑉𝑡𝑟𝑖(𝑡), que são utilizadas para controlar os braços esquerdo e direito do conversor FB de cada estágio. Essa comparação é efetuada por meio da lógica exposta na Tabela 2.2, em que 𝑆𝑠𝑢𝑝 e 𝑆𝑖𝑛𝑓 denotam, respectivamente, os transistores superior e inferior de cada braço do conversor FB. A Figura 2.3 ilustra o sistema de controle da estratégia PSCPWM. O esquemático do sistema de controle é composto por duas portadoras triangulares, A frequência da portadora triangular é definida em 𝑓𝑡𝑟𝑖 = 2700 𝐻𝑧 e o índice de modulação linear, para cada estágio, definido como 𝑀 = 0.85 e frequência da componente fundamental de tensão 𝑓𝑐𝑎 = 60 𝐻𝑧. Observa-se que o esquema proposto é flexível, e pode ser utilizado para se implementar não somente 10 a estratégia PSCPWM, mas também variações Level Shifted Carrier PWM por exemplo. 3 SIMULAÇÕES 3.1 Estratégia de modulação A Figura 3.1 apresenta, em um período de 60 Hz, a modulante senoidal 𝑉𝑎𝑚, variando entre --1V e 1V, e as portadores triangulares de cada estágio, tanto do braço esquerdo quanto do direito, representados por 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑟1 e 𝑉𝑐𝑎𝑟𝑟2 respectivamente. Nas simulações, os estágios 1, 2 e 3 são representados por S23, S24 e S25 respectivamente. Para melhor visualização a Figura 3.2 traz uma aproximação dos sinais citados anteriormente, dessa forma é possível observar que as portadoras apresentam as fases opostas entre os braços do mesmo estágio. Figura 3.1 - Ondas Modulante e Portadora. Fonte: Autores. Figura 3.2 - Ondas Modulante e Portadora (aproximado). Fonte: Autores. 11 3.2 Sinais de ataque dos transistores A Figura 3.3 apresenta o disparo dos sinais de ataque em um período de 60 Hz, sendo que a nomenclatura S23_Sinal_Ataque_1 representa o disparo do transistor superior do braço esquerdo e a S23_Sinal_Ataque_2 o disparo do transistor superior do braço direito, ambos do mesmo estágio. Figura 3.3 - Disparos dos sinais de ataque dos transistores. Fonte: Autores. Ao aproximar para uma melhor visualização, conforme se pode observar na Figura 3.4, nota-se que os sinais de ataque possuem uma defasagem de 180° justamente por pertencerem a braços diferentes do mesmo estágio, proporcionando um acionamento complementar dos interruptores. Figura 3.4 - Disparos dos sinais de ataque (aproximado). Fonte: Autores. 12 Dessa forma, as Figura 3.5 apresenta os sinais de ataque referente ao primeiro estágio, de forma que os sinais relacionados aos demais estágios segue a mesma estrutura, exceto pela defasagem angular de 𝜑 = 120𝑜 proporcionada pela técnica PSCPWM. Os sinais de ataque 1 e 3 são referentes ao braço esquerdo e os sinais 2 e 4 ao braço direito. Figura 3.5 - Sinal de ataque primeiro estágio Fonte: Autores. 3.3 Tensão e Corrente na Carga As formas de onda de tensão e corrente de carga podem ser observadas na Quanto a corrente de fase, como a carga indutiva atua como um filtro passa-baixas, pode-se afirmar que a componente fundamental compõe a maior parte de seu espectro harmônico. Logo a amplitude da corrente de fase pode ser expressa por (4). Î𝑓𝑎𝑠𝑒 = 𝑀𝑉𝑖𝑛(1 + 3 + 9) √𝑅2 + (𝜔𝐿)2 = 0.85 ∗ 24(1 + 3 + 9) √102 + ((2𝜋 ∗ 60) ∗ 0.050) 2 = 12.42 𝐴 (4) . Como se pode notar, os formatos de onda de tensão e corrente apresentam uma envoltória senoidal, embora para o caso da tensão, haja um significante conteúdo harmônico. De fato, isso se 13 confirma avaliando o espectro harmônico, apresentado na Figura 3.6 – Formas de onda de corrente e tensão de fase – caso assimétrico. Fonte: Autores. Figura 3.7, em que a banda de frequência para o conteúdo harmônico localiza- se na frequência de 5400 Hz, ou seja, o dobro da frequência de chaveamento. De forma generalizada, o centro do intervalo de frequências relativas a componentes harmônicas pode ser determinado por (2), em que 𝑚𝑓 é definido por (3). 𝑚𝑓 = 𝑓𝑡𝑟𝑖 𝑓𝑐𝑎 = 2700 60 = 45 (2) 𝑓ℎ𝑎𝑟𝑚 = 2𝑚𝑓𝑓𝑐𝑎 = 2 ∗ 45 ∗ 60 = 5400 𝐻𝑧 (3) Quanto a corrente de fase, como a carga indutiva atua como um filtro passa-baixas, pode-se afirmar que a componente fundamental compõe a maior parte de seu espectro harmônico. Logo a amplitude da corrente de fase pode ser expressa por (4). Î𝑓𝑎𝑠𝑒 = 𝑀𝑉𝑖𝑛(1 + 3 + 9) √𝑅2 + (𝜔𝐿)2 = 0.85 ∗ 24(1 + 3 + 9) √102 + ((2𝜋 ∗ 60) ∗ 0.050) 2 = 12.42 𝐴 (4) 14 Figura 3.6 – Formas de onda de corrente e tensão de fase – caso assimétrico. Fonte: Autores. Figura 3.7 – Espectro harmônico para tensão e corrente de fase – caso assimétrico. Fonte: Autores. Figura 3.8 - Ondas de corrente na figura superior e tensão na inferior da carga (RL) do caso simétrico Para efeito de comparação, considerando-se o caso simétrico, em que todas as células possuem como tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛 = 104 𝑉, tal como se pode observar na Figura 3.9, a envoltória de onda da tensãode fase apresenta uma disposição mais homogênea, e consequentemente, apresenta um conteúdo harmônico inferior, tal como se pode confirmar no espectro harmônico da Figura 3.10, já que a frequência de conteúdo harmônico relacionada ao processo de chaveamento ocorre em 16200 Hz, frequência 3 vezes superior ao caso anterior. De fato, para a técnica PSCPWM, a banda de frequência relacionada às componentes harmônicas ocasionadas pelo 15 processo de chaveamento é determinada por (5), em que 𝑛 é o número de estágios do conversor CCMC. 𝑓ℎ𝑎𝑟𝑚−𝑃𝑆𝐶𝑃𝑊𝑀 = 2𝑚𝑓𝑓𝑐𝑎𝑛 = 2 ∗ 45 ∗ 60 ∗ 3 = 16200 𝐻𝑧 (5) Figura 3.9 - Formas de onda de corrente e tensão de fase – caso simétrico. Fonte: Autores. Figura 3.10 - Espectro harmônico para tensão e corrente de fase – caso simétrico. Fonte: Autores. Por fim, pode-se concluir que para o caso simétrico, a técnica PSCPWM manifesta os seus benefícios, já que com uma frequência de chaveamento relativamente baixa (2700 Hz) obtém-se um conteúdo harmônico mais interessante, em uma faixa de frequência 6 vezes superior. Tal característica proporciona o projeto de filtros menores e menos volumosos, e acarreta menores perdas relativas ao processo de comutação, 16 elevando a eficiência global do conversor CCMC. Para se obter a mesma banda de frequência, observada na Figura 3.10, utilizando-se o caso assimétrico e técnica PSCPWM, as portadoras triangulares devem possuir uma frequência de 8100 Hz, o que evidentemente reduz a eficiência do processo de conversão de energia, por conta do acréscimo das perdas de chaveamento proporcionando pelo aumento da frequência de chaveamento. Todavia, nota-se que o caso assimétrico apresenta mais níveis na forma de onda de tensão de fase, que não são aproveitados pela técnica PSCPWM. Nesse sentido, embora não seja o escopo do presente relatório, outras técnicas de modulação devem ser empregadas quando se utiliza a estrutura assimétrica, para se tirar proveito dessa característica do CCMC assimétrico. Entre as várias técnicas de controle baseadas em portadoras para o caso assimétrico, pode- se empregar a estratégia Staircase modulation, tal como se pode observar na Figura 3.11. Nesse cenário, o espectro harmônico da forma de onda de tensão é constituído praticamente pela componente fundamental, e apresenta 27 níveis, embora utilize apenas 3 estágios. Figura 3.11 - Formas de onda de corrente e tensão de fase – caso assimétrico (Staircase modulation) Fonte: Autores. 3.4 Esforços de Tensão nos Interruptores A Figura 3.12 apresenta os esforços de tensão relativos aos transistores superiores, dos braços esquerdos, de cada um dos três estágios. Evidentemente, os transistores do braço direito apresentam formas de onda semelhantes, exceto pela 17 defasagem de 180𝑜. Como se era de esperar, os estágios que apresentam maiores valores de tensão de entrada irão ocasionar maiores esforços de tensão nos interruptores de potência. Todavia, esse processo é acentuado pela frequência de chaveamento, resultando em uma distribuição não homogênea de perdas associadas ao processo de chaveamento entre os diferentes estágios do conversor CCMC. Considerando-se o caso simétrico, tal como abordado anteriormente com 𝑉𝑖𝑛 = 104 𝑉, a não homogeneidade das perdas relativas à comutação será cancelada, já que todos os interruptores irão suportar esforços semelhantes de tensão, sob a mesma frequência. No caso assimétrico, utilizando modulação Staircase, esse processo é mais interessante, já que o módulo que opera com maior tensão e processa a maior parte da potência, também opera com frequências reduzidas, enquanto o módulo que opera com menor tensão, opera com frequências maiores. Desse modo, ainda que as perdas associadas ao chaveamento continuem sendo não homogêneas, a eficiência global do conversor é incrementada. Figura 3.12- Esforços de tensão nos transistores Fonte: Autores. 4 CONCLUSÕES Nesse relatório o conversor CCMC monofásico, com alimentação assimétrica, foi avaliado por meio de simulações computacionais empregando o PSIM. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir: 18 1. Por apresentar estrutura modular, assim como outras topologias de conversores multiníveis, a estrutura CCMC é redundante, ou seja, seus módulos podem ser substituídos por outros em um cenário de falha por exemplo, sem prejuízo no funcionamento do conversor. Todavia, o aspecto assimétrico da topologia faz com que os módulos empregados em cada estágio apresentem especificações próprias, já que operam com níveis de tensão distintos. Tal característica atenua a vantagem da modularidade que os conversores CCMC apresentam, quando operam com alimentação simétrica, em que todos os módulos passam a ser idênticos uns aos outros, com mesmo projeto de gate drivers dos interruptores de potência, dissipadores e transistores, por exemplo. Ou seja, comparativamente ao caso simétrico, o caso assimétrico apresenta menos vantagens do ponto de vista de manutenção, instalação, controle térmico e produção industrial. 2. Para o caso assimétrico, o conversor CCMC apresenta distribuição não homogênea de perdas relativas ao processo de chaveamento. As células que operam com maiores tensões possuem interruptores que devem bloquear tensões maiores, comparativamente às células que operam com menores tensões. Para o caso simétrico, as perdas são homogêneas, já que todos os interruptores devem bloquear as mesmas grandezas de tensão, com a mesma frequência de chaveamento. Tal característica traz desafios adicionais no projeto de dissipadores e controladores para regulação térmica do caso assimétrico. 3. A escolha da técnica PSCPWM apresenta como principal vantagem a obtenção de harmônicos relativos ao processo de chaveamento em bandas de frequência cada vez maiores, quando comparado com a frequência de chaveamento. Assim, o projeto de filtros envolve componentes de menores valores, mais leves e com menor volume, conjuntamente com menores perdas associadas ao processo de chaveamento. Tais benefícios são acentuados de modo diretamente proporcional ao número de estágios. Todavia, como se pode observar, essas vantagens só ocorrem para o caso simétrico. Embora o conversor CCMC assimétrico apresente maiores níveis de tensão, as componentes harmônicas ocorrem na mesma faixa de frequência associada com a operação de um único módulo, ou seja 2𝑚𝑓. Assim sendo, a combinação 19 PSCPWM com CCMC assimétrico torna-se desinteressante, uma vez que não tira proveito nem das vantagens do PSCPWM nem da assimetria do CCMC. 4. Todavia, o conversor CCMC assimétrica apresenta seu potencial quando controlado com outras técnicas de modulação, tal como a estratégia Staircase modulation, abordada brevemente nesse relatório. Nesse caso, com apenas 3 módulos, pode-se sintetizar até 27 níveis de tensão na forma de onda de tensão de fase, utilizando a proporção de alimentação de cada estágio como 1:3:9. Embora a distribuição de perdas por chaveamento continue não homogênea nesse cenário, as células que operam com maior frequência processam as menores potências, enquanto as células que operam com menor frequência processam as maiores potências. Tais características tornam o caso assimétrico muito interessante do ponto de vista operacional. Assim, o controle da estrutura assimétrica deve ser apropriado para tal estrutura. Em caso contrário, a escolha do caso simétrico parece ser mais interessante. 20 BIBLIOGRAFIA MOHAN, Ned; UNDELAND, Tore M.; ROBBINS, William P. Power electronics: converters, applications, and design. John wiley & sons, 2003. WU, Bin; NARIMANI, Mehdi. High-power converters and AC drives. John Wiley & Sons, 2017. SHARIFABADI, Kamran et al. Design, control, and application of modular multilevel converters for HVDC transmission systems. John Wiley& Sons, 2016. GONZALEZ, Sergio Alberto; VERNE, Santiago Andres; VALLA, Maria Ines. Multilevel converters for industrial applications. CRC Press, 2014. BUSARELLO, Tiago Davi Curi. Study and development of multilevel inverters for applications in intelligent distribution systems = Estudo e desenvolvimento de inversores multiníveis para aplicações em redes inteligentes de distribuição de energia elétrica. 2015. 1 recurso online ( 200 p.). Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/260865>. Acesso em: 28 ago. 2018.