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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – CAMPUS SOBRAL CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I PROFESSOR: SAMELIUS 2ª SIMULAÇÃO CIRCUITOS RC E RL EDÊNIO Z. GALVÃO COSTA 433932 SOBRAL – CE 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3 2. OBJETIVOS........................................................................................................................ 5 3. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 5 4. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 15 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 16 3 1. INTRODUÇÃO No ramo da engenharia elétrica, durante o estudo da física e dos circuitos elétricos ainda na graduação, é importante destacar os componentes não lineares (capacitor e indutor) e as suas características, os quais desempenham papel fundamental em diversas áreas. O capacitor é um componente formado por duas placas metálicas separadas por um material dielétrico (isolante). Quando uma tensão é aplicada entre seus terminais, um lado das placas armazena cargas positivas e o outro lado cargas negativas, estando associado a um campo elétrico. A equação que descreve o seu comportamento é: 𝐶 = 𝑄 𝑉⁄ (1) Onde C é capacitância, Q é quantidade de cargas e V é a tensão aplicada. O indutor é um componente elétrico composto por um material condutor em espiral (enrolamento), onde é capaz de armazenar energia entre seus terminais em um campo magnético e que impedem a variação instantânea de corrente. A equação que descreve o seu comportamento é: 𝑉 = 𝐿(𝑑𝑖 𝑑𝑡⁄ ) (2) Onde L é a indutância, V é a tensão e 𝑑𝑖 𝑑𝑡⁄ é a taxa de variação da corrente. Quando estes elementos são incluídos em um circuito com resistores, têm-se os circuitos resistivos capacitivos (RC) e circuitos resistivos indutivos (RL). Figura 1 - Quatro possíveis circuitos RC e RL Fonte 1: Livro Circuitos Eletricos 10Ed Nilsson Riedel No circuito RC, o capacitor comporta-se como um circuito aberto. A corrente que passa pelo resistor segue para o capacitor, onde a carga é armazenada. Inicialmente, a sua tensão é 0V, onde recebe carga até igualar-se a fonte de tensão em um certo intervalo de tempo. Assim, surge a expressão da constante de tempo (𝜏), onde é dada por: 𝜏 = 𝑅𝐶 (3) 4 Quando o circuito RC não possui uma fonte, considera-se que há uma carga armazenada no capacitor e com isso, tem-se a chamada resposta natural que é dada pela seguinte equação: 𝑣(𝑡) = 𝑉0𝑒 −𝑡 𝜏⁄ , 𝑡 ≥ 0 (4) Entretanto, com o surgimento de uma fonte, tem-se a chamada resposta ao degrau, que é dada pela seguinte equação: 𝑣(𝑡) = 𝑉0 + 𝐼𝑆𝑅(1 − 𝑒 −𝑡 𝜏⁄ ), 𝑡 ≥ 0 (5) No circuito RL, o indutor comporta-se como um curto circuito. A corrente aumenta de forma exponencial até atingir o regime permanente, onde a tensão sobre o indutor é nula, pois a corrente não varia. Assim, surge a expressão da constante de tempo (𝜏), onde é dada por: 𝜏 = 𝐿 𝑅⁄ (6) Seguindo o mesmo raciocínio do circuito RC, quando o circuito RL não possui uma fonte, considera-se que há uma carga armazenada no indutor e com isso, tem-se a chamada resposta natural que é dada pela seguinte equação: 𝑖(𝑡) = 𝐼0𝑒 −𝑡 𝜏⁄ , 𝑡 ≥ 0 (7) Com o surgimento de uma fonte, tem-se a chamada resposta ao degrau, que é dada pela seguinte equação: 𝑖(𝑡) = 𝑉𝑆 𝑅 + (𝐼0 + 𝑉𝑆 𝑅 ) 𝑒−𝑡 𝜏⁄ , 𝑡 ≥ 0 (8) No decorrer do relatório, será necessário a utilização de determinadas fórmulas, as quais estão presentes na tabela 1. Tabela 1 – Equações 𝑉 = 𝑅 ∙ 𝑖 Lei de ohm (9) 𝑃 = 𝑉 ∙ 𝑖 Potência (10) 𝑃 = 𝑅 ∙ 𝑖2 Potência (11) 𝑃 = 𝑉2 𝑅 Potência (12) 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛 Associação de resistores em série (13) 1 𝑅𝑒𝑞 = 1 𝑅1 + 1 𝑅2 + ⋯ + 1 𝑅𝑛 Associação de resistores em paralelo (14) Fonte: Próprio autor 5 2. OBJETIVOS Compreender, reconhecer, e avaliar os fenômenos dos circuitos RC e RL, determinar suas variáveis (tensões e correntes através de softwares de simulação), analisar o gráfico do comportamento de um componente no circuito, calcular constantes de tempo e energias armazenadas e elaborar um circuito. 3. DESENVOLVIMENTO A análise dos circuitos apresentados no roteiro foi realizada no software PSIM. O mesmo é de fácil utilização por possuir uma interface parcialmente intuitiva e que facilita a implementação dos circuitos SIMULAÇÃO 1 O circuito a ser analisado é apresentado na figura 1 e composto por resistores de 10Ω, capacitores de 100µF e uma fonte degrau de 9V. Figura 2 – Circuito proposto Fonte: Próprio autor No item (a), pede-se que seja analisado a curva de tensão em cada capacitor durante o transitório e a resistência equivalente nos terminais de cada capacitor, C1 e C2. Para a obtenção das curvas de tensão, deve-se inserir o dispositivo de medição voltímetro entre os terminais de cada componente que se deseja observar o comportamento. O esquema analisado encontra-se na figura 2. 6 Figura 3 – Circuito analisado Fonte: Próprio autor Após incluir os voltímetros, executando a simulação, obtêm-se o seguinte resultado: Figura 4 – Curva de tensão nos capacitores C1 e C2 Fonte: Próprio autor Feito a simulação, é possível verificar que a tensão para os capacitores totalmente carregados é: 𝑉𝐶1 ≅ 1,80 𝑉 e 𝑉𝐶2 ≅ 3 𝑉 Figura 5 – Curvas de tensão em C1 e C2 e energia total Fonte: Próprio autor 7 Como a constante de tempo capacitiva (equação3) refere-se ao carregamento de aproximadamente 63% da energia, a constante de cada capacitor será atingida quando o valor da tensão for 𝑉𝐶1 ≅ 1,134 𝑉 e 𝑉𝐶2 ≅ 1,89 𝑉. Com isso, pode-se ver no próprio software o tempo aproximado para alcançar esses valores: Figura 6 – Valor de τC1 em 63% da energia total Fonte: Próprio autor 𝑉𝐶1 ≅ 1,134 𝑉 𝜏𝐶1 ≅ 0,199 𝑚𝑠 Figura 7 – Valor de τC2 em 63% da energia total Fonte: Próprio autor 𝑉𝐶2 ≅ 1,89 𝑉 𝜏𝐶2 ≅ 0,331 𝑚𝑠 Conhecendo 𝜏𝐶1 e 𝜏𝐶2, encontra-se facilmente a resistência equivalente associada a cada capacitor. 𝑅𝐶1 ≅ 1,99 Ω 𝑅𝐶2 ≅ 3,31 Ω No item (b), pede-se que seja calculado analiticamente a constante de tempo de cada capacitor e que seja comparado com o item (a). Para isso, é necessário descobrir a valor real das resistências equivalentes associadas a cada capacitor. 8 Aplicando o método de Thévenin, após calcular a tensão de circuito aberto, a corrente de curto-circuito e a resistência equivalente, obtêm-se os valores apresentados na Tabela 1. Tabela 2 - Equivalente de Thévenin nos terminais de C1 e C2 VTH (V) ISC (A) RTH (Ω) C1 1,8 0,9 2 C2 3,0 0,9 3,33 Fonte: Próprio autor Portanto, conhecidos os valores de RTH 1 e RTH 2, obtém-se facilmente os valores de 𝜏𝐶2 ≅ 0,2 𝑚𝑠 e 𝜏𝐶2 ≅ 0,33𝑚𝑠. Note que os valores estão próximos dos encontrados no item (a). Por último, o item (c) pede que se repita a análise do item (a). Entretanto, com um capacitor e depois com o outro. Figura 8 - Circuito sem C2 Fonte: Próprio autor 9 Removendo C2, como é mostrado na figura 8, a tensão de C1 não se altera. Figura 9 - Tensão em C1 Fonte: Próprio autor O mesmo ocorre ao remover C1 e deixar o C2. O comportamento é mostrado na figura 11. Figura 10 - Circuito sem C1 Fonte: Próprio autor Figura 11 - Tensão em C2 Fonte: Próprio autor Logo, percebe-seque a presença do capacitor C1 não interfere no carregamento do capacitor C2, assim como o capacitor C2 não interfere no carregamento do capacitor C1. 10 SIMULAÇÃO 2 A figura 12 mostra um circuito utilizado para gerar centelhas muito comum em sistemas de ignição de veículos. Por meio da interrupção brusca da corrente que atravessa o indutor é gerada uma elevada tensão nos seus terminais capaz de quebrar a barreira dielétrica do ar formando uma centelha. Figura 12 - Circuito de um centelhador Fonte: Roteiro do relatório No item (a), é solicitado a curva as formas de onda da tensão (V) no indutor e a corrente (i) durante o regime transitório. O circuito montado no software para a simulação com os componentes necessários é apresentado na figura 13. Figura 13 - Circuito simulado Fonte: Próprio autor 11 Após executar a simulação, obtêm-se as curvas que são solicitadas: Figura 14 - Curva de corrente e tensão no indutor durante o transitório Fonte: Próprio autor A partir da figura 14, percebe-se que o indutor admite variação instantânea de tensão, mas não de corrente. No instante em que a chave é aberta, é possível verificar que a corrente cresce exponencialmente, enquanto a tensão tende a 0. Isso nos comprova que o indutor se comporta como um fio. Para o item (b), calcula-se a energia armazenada no indutor antes da abertura da chave (𝑡 = 0) a partir da equação abaixo: 𝑈 = 1 2 𝐿𝑖2 (9) Onde U é a energia armazenada em joules, L é a indutância e i é a corrente. Para o cálculo, a corrente a ser utilizada pode ser vista na figura 14. 𝑈 = 1 2 (50 ∙ 10−3)(0,2)2 = 1 ∙ 10−3J = 1mJ Para o circuito ser capaz de gerar tensão maior que a fonte de alimentação, respondendo o item (c), sabe-se que a corrente no indutor não muda abruptamente, pode-se ver na figura 14 que uma corrente de 0,2A se mantém por um determinado intervalo de tempo. Desta forma, deve surgir uma tensão nos terminais do indutor que faça com que a corrente elétrica atravesse o pequeno gap de ar. Pode-se verificar isso pela lei de ohm, produto da corrente pela resistência da malha. Desta forma, a tensão consegue atingir valores maiores que o da fonte de tensão. 12 SIMULAÇÃO 3 A simulação 3 propõem a elaboração de um circuito com retardo de acionamento de uma lâmpada (Figura 15), de modo que ao fechar o circuito a lâmpada demore cerda de 0,5 segundos para acender, isto é, atingir o valor de tensão nominal em seus terminais (ou bem próximo). Para isso, será utilizado uma fonte de tensão constate de 50V, uma lâmpada de potência 5W e tensão 10V, resistores e capacitores. A corrente em um resistor qualquer não poderá ultrapassar 100mA. Figura 15- Circuito do projeto Fonte: Roteiro do relatório Como no software não será colocado uma lâmpada, utiliza-se um resistor equivalente, já que temos potência e tensão pré-definidas. Foi utilizada a equação 12 da tabela 1. 𝑃 = 𝑉2 𝑅 ∴ 𝑅 = 𝑉2 𝑃 = 102 5 = 20Ω Consequentemente, pode-se concluir que a corrente que circulará pelo resistor será de 0,5A a partir do seguinte cálculo, foi utilizada a equação 9 da tabela 1. 𝑃 = 𝑉 ∙ 𝑖 ∴ 𝑖 = 𝑃 𝑉 = 5 10 = 0,5𝐴 Observe na figura 16 que no instante (𝑡 = 5𝑠) o capacitor comporta-se como circuito aberto e a corrente percorrerá a malha externa do circuito. Com isso, é necessário a adição de resistores na malha externa para garantir uma corrente de 0,5A na lâmpada. Pela lei das malhas, temos: 𝑉 − 𝑖𝑅 − 𝑖𝐿𝑅𝐿 = 0 50 − (0,5)𝑅 − (0,5)20 = 0 ∴ 𝑅 = 80Ω Entretanto, o resistor encontrado permite a passagem de corrente superior a 100mA. Fazendo uso da lei de ohm, presente na tabela 1, temos: 𝑉 = 𝑅 ∙ 𝑖 ∴ 𝑖 = 𝑉 𝑅 = 50 80 = 0,625𝐴 𝑜𝑢 625𝑚𝐴 Assim, buscando na tabela comercial os resistores disponíveis, optou-se por uma associação de 7 resistores de 560Ω em paralelo (pode-se verificar na tabela 1). Para chegar a essa conclusão, porém, de forma simplificada, já que os resistores serão de mesmo valor. 13 1 𝑅𝑒𝑞 = ( 1 𝑅 ) 𝑛 Onde, Req é a resistência encontrada, R é o resistor que se deseja encontrar e n, a quantidade. Testando os valores da tabela comercial, chegou-se ao seguinte resultado, como dito anteriormente, 7 resistores de 560Ω em paralelo. 1 80 = ( 1 560 ) 7 Cada resistor permite a passagem de 89,28 mA. Pode-se comprovar isso através da lei de ohm, presente na tabela 1, fazendo as devidas substituições. 𝑉 = 𝑅 ∙ 𝑖 ∴ 𝑖 = 𝑉 𝑅 = 50 560 = 0,08928𝐴 𝑜𝑢 89,28𝑚𝐴 Além disso, o capacitor atinge a sua carga total em 5 constante de tempo (5𝜏 = 0,5𝑠), onde leva-se a concluir que 𝜏 = 0,1. Dessa forma, o capacitor se comportará como um circuito aberto e a corrente circulará pela malha externa do circuito, fazendo assim com que a lâmpada acenda. Para cada capacitor, observando a tabela comercial, e fazendo uso da equação 3, temos: 𝜏 = 𝑅𝐶 ∴ 𝐶 = 𝜏 𝑅 = 0,1 80 = 1250𝜇𝐹 Como a tabela comercial não dispõem de capacitores de 1250 𝜇𝐹, deve-se utilizar o mais próximo, que é 1200 𝜇𝐹. Figura 16 - Circuito resultante Fonte: Próprio autor 14 O item (b) pede a forma de onda da tensão na lâmpada (resistor) durante o transitório. A onda é vista na figura 16 Figura 17 - Tensão na lâmpada Fonte: Próprio autor 15 4. CONCLUSÕES Após feita todas as simulações, percebemos o comportamento dos dispositivos e que é coerente com a teoria. Com a primeira simulação, observa-se que a constante de tempo capacitiva, pelo gráfico, fornece resultado bem próximos do real. Na segunda simulação, verificou a característica dos indutores de fazerem surgir altas tensões para fins específicos, como a vela de ignição de veículos, e é responsável também por centelhamentos. Na terceira simulação, verificou-se a aplicação de um capacitor para o retardo do acionamento de uma lâmpada. As simulações serviram para observar as características dos capacitores e indutores e constatarmos que os resultados são bem próximos do que é visto durante as aulas explanadas pelo professor. 16 REFERÊNCIAS NILSSON, J. W., RIEDEL, S.A. Circuitos Elétricos 10 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016
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