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CÂNCER DE RIM Epidemiologia: 90% carcinomas, 10% benignos (angiomiolipomas, oncocitomas e adenomas). CCR (carcinomas de células renais) 4% de todos os tumores humanos, predominam no sexo masculino e incidem principalmente em individuos com 5-70 anos. Patologia: CCR, originam-se das células dos túbulos renais e em 70% correspondem ao subtipo de células claras, mais agressivo que os demais subtipos (papilar e cromófobo). Uma quarta forma histológica é representada pelos tumores dos dutos coletores, mais raro, bastante agressivo e que incidem em indivíduos negros portadores de anemia falciforme. História natural: 80% dos pacientes com CCR apresentam-se inicialmente com doença localizada, sem metástases à distância. Quando presentes, as metástases envolvem principalmente pulmão, linfonodos retroperitoneais, fígado e ossos. Alguns pacientes com doença inicialmente localizada apresentam recorrência após tratamento inicial e em 85% a recidiva manifesta-se nos 3 primeiros anos de surgimento. Progridem lentamente (1-20 mm ao ano, média de 4 mm). Maior risco de metástases quando > 7 cm de diâmetro. Sobrevida de 5 anos dos portadores da doença depende principalmente da extensão (estágio) do tumor no momento do diagnóstico Estadiamento TNM: - Estágio T1: tumor confinado, <7 cm de diâmetro. - Estágio T2: tumor confinado, >7 cm de diâmetro. - Estágio T3: infiltração da gordura perineal, adrenal e veias ou cava inferior. - Estágio T4: invasão dos órgãos vizinhos. - Estágio N+: metástases em linfonodos. - Estágio M+: metástases em órgãos distantes. Clínica: hematúria (50-60%), massa em flanco (30-40%) e dor lombar (30-40%). Sintomas constitucionais, como perda de peso, anemia (20%) e manifestações paraneoplásicas: febre, hipercalcemia, eritrocitose, disfunção hepática, amiloidose e hipertensão (5%). Invasão tumoral da veia cava, com ou sem obstrução local (5 a 10%), podem evidenciar varicocele aguda, ascite ou circulação venosa anômala na parede abdominal. Diagnóstico: US e TC (maior precisão, permite estadiamento). RM: diferenciação de massas sólidas e de lesões não-tumorais. Tratamento: Tratamento dos tumores localizados (T1, T2, T3): CCR são radiorresistentes e quimiorresistentes, a cirurgia radical é a única medida curativa. Tumores localizados: nefrectomia radical, com remoção em bloco da gordura perirrenal, adrenal e linfonodos regionais. Tumores bilaterais ou pacientes com rim único: cirurgia conservadora, nefrectomia parcial ou enucleação da lesão. Tratamento de tumores metastáticos (N+, M+): metástase solitária: remoção do rim e da lesão metastática. Imunoterapia sistêmica. Interferon-alfa e interleucina 2. Vacina de células dendríticas. CÂNCER DE BEXIGA Neoplasias mais frequentes depois do CA de próstata no homem. Mais de 95% desses tumores se originam no epitélio transicional que reveste a bexiga e 90% são reconhecidos como carcinomas de células transicionais (CCT). Processos de metaplasia podem ocorrer no epitélio vesical, gerando carcinomas epidermóides (6 a 8%) ou adenocarcinomas locais (1 a 2%). Epidemiologia: CCT, incidência aumenta com a idade. 30 a 50% são identificados fatores de risco: exposição à anilina e a outras aminas aromáticas, tabagismo, exposição à radiação ionizante. História natural: CCT, apresentam-se como lesões localizadas e restritas à bexiga (75%), doença regional (bexiga mais estruturas adjacentes, 15%), e doença metastática (10%). Sob pontos de vista de comportamentos, os tumores vegetantes e superficiais de bexiga (restritos à mucosa) costumam ser multifatoriais e tem grande tendência a recidivar localmente (30 a 80%). Apresentam pouca propensão à progressão com invasão muscular (10 a 15%). Tumores sólidos com invasão muscular tendem a ser únicos, evidenciando comportamento agressivo, com progressão sistêmica e óbito do paciente, quando não tratado. CCT disseminam-se por contiguidade, invadindo a parede pélvica, a próstata ou a vagina, por via linfática, com acometimento progressivo dos gânglios ilíacos e periaórticos ou por via hematogênica, atingindo preferencialmente fígado, pulmões e ossos. Prognóstico relaciona-se principalmente com o estágio da doença e com o grau histológico da lesão. Estadiamento TNM: - Estágio Ta: tumor restrito à mucosa - Estágio T1: envolvimento da submucosa - Estágio T2: infiltração muscular - Estágio T3: infiltração da gordura perivesical - Estágio N+: linfonodos envolvidos - Estágio M+: metástases à distância O grau de diferenciação celular varia de I a IV, denominando-se grau I as lesões formadas por células bem diferenciadas e grau IV os tumores constituídos na sua quase totalidade por células indiferenciadas. Clínica: hematúria indolor como manifestação inicial (70 a 80%). Sintomas irritativos, como disúria, frequência e urgência miccional (20%) → associados a tumores com invasão muscular, de prognóstico mais leve. Diagnóstico: massa sólida ou falha de enchimento vesical em US ou em TC. Confirmação diagnóstica por citoscopia e biópsia de lesão. Exames citológicos de urina → células neoplásicas. Tratamento: Tratamento dos tumores superficiais (Ta, T1): ressecção endoscópica transuretral, acompanhamento com cistoscopias e exame citológico de urina 4-6 meses por 5 anos. Maior risco de recorrência: tratamento tópico com BCG (lesões múltiplas, tumor recidivante, tumores que invadem a submucosa - T1). Tratamento de tumores infiltrativos musculares (T2, T3): cirurgia aberta ou com radioterapia externa. Cistectomia parcial com remoção do segmento vesical contendo o tumor (pouco agressivo, 5% dos casos) ou cistectomia radical → reservatórios urinários com o intestino anastomosado à uretra (neobexiga ortotópica). Tratamento dos tumores metastáticos (N+/M+): quimioterapia citotóxica sistêmica → 3 esquemas: M-VAC (metotrexato, vinblastina, adriamicina e cisplatina), CMV (cisplatina, metotrexato e vinblastina) e TIP (taxol, ifosfamida e cisplatina). CÂNCER DE PRÓSTATA Adenocarcinomas (90%), restante: sarcomas, carcinoma epidermóide e carcinoma de células transicionais. Adenocarcinomas: - Zona periférica da glândula (75%) - Zona transicional (25%) - Zona central (<5%) Epidemiologia: neoplasia mais frequente no homem (1 em cada 6, matando 1 em cada 33 acometidos). Incidência aumenta com a idade (50% dos indivíduos com 80 anos). 13% são assintomáticos e seus portadores morrem por outros motivos. Fatores de risco: história familiar (2x parente de 1º, 3x com 2 parentes de 1º), raça (negros 80% e amarelos ou índios 10x). História natural: imprevisível. Prognóstico: estágio inicial, grau histológico de diferenciação celular, medidas de PSA. Estadiamento TNM: - Estágio T1a, T1b: tumores não palpáveis, descobertos em cirurgia. - Estágio T1c: tumores não-palpáveis, descobertos através do PSA. - Estágio T2a, T2b: tumor palpável em lobo prostático. - Estágio T2c: tumor palpável em dois lobos prostáticos. - Estágio T3: tumor palpável, atingindo tecidos vizinhos. - Estágio T4: tumor com invasão da parede pélvica. - Estágio N+: linfonodos acometidos. - Estágio M+: metástases à distância. Grau histológico: relaciona-se com o comportamento biológico do tumor e a sobrevida do paciente. Considera as áreas de maior anaplasia. Escore de Gleason: principalmente padrão glandular. - 5 graus: grau 1 lesões mais diferenciadas e grau 5 lesões mais diferenciadas. - Escore final é dado pela soma dos graus das duas áreas tumorais mais volumosas. PSA: tumores localizados < 10 ng/ml, doença extraprostática restrita à região pélvica 20-80 ng/ml, neoplasia disseminada > 100 ng/ml. Clínica: tumor confinado à próstata: doença assintomática. Adenocarcinoma da próstata localmente avançado: obstrução infravesical. Menos comum: dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema ou trombose venosa de MMII e hemospermia. Diagnóstico: toque prostático, PSA e US transretal. - PSA > 2,5 ng/ml: biópsia Rastreamento: anual, inicia aos 50 anos. É antecipado aos 40 anos nos pacientes de maior risco (parente de 1º e raça negra). Estagiamento:fosfatase alcalina, PSA, cintilografia óssea, estudo de RM da pelve e retroperitônio. Tratamento: Câncer localizado: prostatectomia radical (chance de desenvolver impotência sexual e incontinência urinária) e radioterapia (proctite e retite actínica). Câncer disseminado: - Orquiectomia bilateral - Supressão da liberação hipofisária de LH e FSH (administração de estrógenos ou análogos do LHRH) - Bloqueio da ação periférica da testosterona (agentes não esteroidais: finasterida, flutamida, nilutamida, bicalutamida) - Adrenalectomia A próstata normal e as neoplasias da próstata sofrem influências hormonais em função da presença em seu aparato celular de mecanismos sensíveis à ação da testosterona. Por ação da 5-alfa-redutase, a testosterona é transformada no citoplasma das células prostáticas em dihidrotestosterona (DHT), que se liga a um receptor e é transportado ao núcleo celular, onde favorece a síntese de RNA e DNA. Isso estimula a função e a proliferação das células prostáticas, ao passo que a redução dos níveis de testosterona inibe seu metabolismo e sua divisão. CÂNCER DE TESTÍCULO Raro, acomete homens jovens (15 – 35 anos) Classificação: Tumores germinativos (90%): - Seminomatosos: cresce e se dissemina mais lentamente; - Não-seminomatosos. Tumores não germinativos: linfomas, sarcomas, tumores de Leydig e Sertoli - Seminomas 40 – 45% - Carcinoma embrionário 20 – 25% - Teratocarcinoma 25% - Teratoma 10% - Coriocarcinoma 1% Fatores de risco: criptorquidia, antecedente de tumor testicular contralateral, história familiar (irmão), infertilidade ou subfertilidade. Diagnóstico: Tumoração em testículo (indolor); USG de bolsa escrotal; Marcadores alfafetoproteínas; β-HCG; Desidrogenase láctica. Tratamento: ↑ cura com tratamento multimodal Seminomas: orquiectomia radical via inguinal, radioterapia retroperitoneal (linfadenectomia retroperitoneal – LDNPR – não é recomendada). Não-seminomas: orquiectomia radical via inguinal, linfadenectomia retroperitoneal (LDNPR) é recomendada, quimioterapia. CÂNCER DE PÊNIS Doença maligna rara, acomete a população mais pobre (má higiene). Homens, 20 – 90 anos (pico: 60 – 70 anos) Causas: processo inflamatório crônico, higiene inadequada, HPV. Diagnóstico: clínico + biópsia Lesões pré-malignas: corno cutâneo, balanite ceratótica, balanite xerótica obliterante e leucoplasia. Histologia: carcinoma epidermóide ou carcinoma de células escamosas. Tumores mesenquimais são raros. Tratamento: depende do grau histológico Graus 1 e 2: crioterapia, creme a base de 5-fluorouracil, laser, quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Grau 3: amputação parcial/total, emasculação (tumores + avançados).