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ANESTESIOLOGIA ANESTESIA GERAL Hipnose: ausência da consciência, não necessariamente acompanhada de analgesia. Analgesia: alívio ou ausência de dor. Relaxamento muscular: diminuição muscular para facilitar procedimentos. Bloqueio neurovegetativo: diminuição da resposta do SNA ao estímulo cirúrgico (↑PA, ↑FC, sudorese, midríase, ↑ fluxo sanguíneo cerebral, liberação de cortisol e glucagon, ↑ catecolaminas circulantes, ↑ glicose). - Anestesia multimodal: não existe agente único, uso de conjunto de agentes com diferentes propriedades para anestesia. - Anestesia balanceada: associação de anestésicos inalatórios e intravenosos. - Anestesia inalatória: apenas com agentes inalatórios. Pouco utilizada. - Anestesia venosa: apenas agentes via venosa. Indução anestésica: hipnótico + opióide + relaxante muscular. Manutenção anestésica: inalatória, venosa, balanceada. Agentes inalatórios: Indução/manutenção da anestesia. Únicos que permitem uso isolado: inconsciência, analgesia e relaxamento muscular. Atuam no SNC, inibindo a percepção da dor. - Óxido nitroso, Halotano, Isoflurano, Sevoflurano. Agentes hipnóticos: Inconsciência, sedação e amnésia, mas não realizam analgesia ou relaxamento muscular. - Tiopental: desuso, efeitos colaterais. - Propofol: manutenção, antiemético, depressão respiratória, dislipidemia (longos períodos). - Etomidato: sem alterações no sistema cardiovascular, supressão adrenocortical. - Quetamina: receptores de NMDA, anestesia dissociativa (amnésia e analgesia), pacientes hipovolêmicos e broncodilatação. - Benzodiazepínicos: aumentam o efeito inibitória do GABA, Diazepam e Midazolam. - Alfa 2 agonistas: Dexmedetomidina e Clonidina. Opióides: Analgésicos potentes. Atuam nos receptores delta, mu e kappa. Depressão respiratória: mu e delta, sedação: mu e kappa, dependência: mu. Sinergismo com anestésicos inalatórios. Bloqueio neurovegetativo: impedindo hipertensão e taquicardia. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, depressão respiratória, íleo paralítico, prurido, retenção urinária, rigidez torácica. Antagonizados pelo Narcan. Adjuvantes nos bloqueios de neuroeixo. - Morfina, Fentanil, Sufentanil, Alfentanil, Remifentanil, Nalbufina. Bloqueadores neuromusculares: Apenas relaxamento muscular: facilitar IOT, segurança. Se usados sozinhos: paciente acordado, consciente, dor, incapaz de se comunicar ou mover, incapaz de ventilar. Agentes despolarizantes: bloqueiam os receptores de acetilcolina na fenda sináptica, ao se ligarem com o receptor, ativam o mesmo, promovendo despolarização das fibras musculares que levam a fasciculações. - Succinilcolina: evitar em queimados, politraumatizados, hipercalemia, hipertermia maligna. Agentes adespolarizantes: competem com a acetilcolina por seus receptores, mas sem ativá-los. Impedem que a célula se despolarize → paralisia flácida. Bloqueio neuromuscular mais intenso e duradouro. - Pancurônio, Vecurônio, Rocurônio, Cisatracúrio e Atracúrio. Reversão do bloqueio neuromuscular: anticolinesterásicos: aumentam a concentração de acetilcolina na junção neuromuscular. Precedido de atropina para evitar efeitos muscarínicos da acetilcolina: bradicardia, miose, aumento da motilidade intestinal. - Sugamadex: reversor específico do rocurônio, engloba a molécula. Hipertermia maligna Doença farmacogenética rara, autossômica dominante, baixa incidência, potencialmente fatal. Exposição a agentes anestésicos inalatórios halogenados e/ou succinilcolina. Hipermetabolismo do músculo estriado esquelético, hipercalcemia intracelular, com destruição completa. Aumento do consumo de oxigênio, hipertermia, alterações cardiovasculares, rigidez muscular, acidose metabólica, falência renal e morte. Diagnóstico clínico. Confirmado pelo teste de contratura halotano/cafeína. Tratamento: Dantrolene. ANALGESIA AGUDA E PCA Nociceptores: terminações nervosas nos tecidos superficiais, profundos e vísceras. - Fibras mielinizadas A-δ e fibras não mielinizadas do tipo C. - Enviam projeções axonais para o corno dorsal da medula espinal, onde ocorre sinapse com neurônios aferentes de segunda ordem. - Cruzam para o lado contralateral da medula espinal e ascendem para o tálamo. - No tálamo: neurônios de segunda ordem fazem sinapse com neurônios de terceira ordem, que enviam projeções axonais para o córtex sensorial. Transdução: conversão da lesão em sinal químico. - Dano tecidual leva a ativação de terminações nervosas nociceptivas e células inflamatórias na periferia. - Liberação de substância P e glutamato: vasodilatação, extravasamento de proteínas plasmáticas e estímulo a células inflamatórias liberarem substâncias que causam dor. Transmissão: condução do potencial de ação da periferia até o córtex cerebral. - Através dos neurônios de primeira ordem (gânglio da raiz dorsal), segunda ordem (corno dorsal da medula) e terceira ordem (tálamo). - Fibras A delta (Aδ): mielinizadas, médio diâmetro, dor bem localizada, em pontada e em queimação. - Fibras não mielinizadas C: diâmetro pequeno, que respondem a estímulos variados, mais lentas e transmitem a dor surda, difusa, associada a aspectos afetivos e motivacionais. Modulação: ampliação ou inibição da transmissão neural aferente ao longo da via da dor. Percepção: representação cerebral da dor sensorial-discriminativa, afetivo-motivacional e cognitivo-avaliativa. - Interação dos estímulos com áreas do córtex somatossensorial e límbico. Plasticidade neuronal: alteração do SNC induzidas pela dor levam a um remodelamento nervoso, proporcionado pela alta capacidade plástica cerebral. - Sensibilização periférica: amplificação da dor pelos mediadores inflamatórios liberados no sítio da lesão, reduzindo o limiar excitatório das terminações nervosas = hiperalgesia primária, resposta exagerada à dor no sítio da lesão. - Sensibilização central: hiperexcitabilidade no corno dorsal da medula devido aos estímulos dolorosos repetidos e sustentados = hiperalgesia secundária, aumento da resposta dolorosa evocada por estímulos no entorno da área de lesão. Dor aguda: < 3 meses Dor crônica: > 3-6 meses Escala de dor da OMS: Analgésico simples: paracetamol e dipirona. PCA: analgesia controlada pelo paciente - Autoadministração de analgésicos por bomba de infusão (tempo de segurança pré-determinado). - Controle de dor pós-operatória, queimados, crises falciformes, dor oncológica. CARDIOLOGIA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA IC sistólica: déficit contrátil → fração de ejeção reduzida → apesar da elevação das pressões de enchimento ventricular. VE contrai mal e esvazia-se de maneira inadequada. - Sintomas: congestão pulmonar ou sistêmica, intolerância aos esforços e disfunção orgânica. IC diastólica: dificuldade para relaxamento miocárdico → fração de ejeção preservada → enchimento do VE comprometido. Clínica: galope com B3, ictus globoso e distensão venosa jugular. Dispneia progressiva, edema pulmonar, ortopnéia, tosse, dispnéia paroxística noturna, edema de MMII, ascite e derrame pleural, palpitação. Classificação NYHA: - Classe I: Ausência de sintomas durante atividades cotidianas. A limitação para esforços é semelhante à esperada em indivíduos normais. - Classe II: Sintomas desencadeados por atividades cotidianas. - Classe III: Sintomas desencadeados em atividades menos intensas que as cotidianas ou em pequenos esforços. - Classe IV: Sintomas em repouso. Diagnóstico: clínico. RX de tórax, ECO, BNP, ECG. Critérios de Framingham: 2 maiores ou 1 maior e 2 menores. Tratamento: - MEV A: alto risco (HAS, DM, IC, alcoolismo, febre reumática) mas sem alteração estrutural cardíaca ou sintomas. - Controle/eliminação dos fatores de risco, IECA B: alteração estrutural cardíaca, mas sem sintomas (hipertrofia ou dilatação ventricular). - Medidas de A + betabloqueador C: alteração estrutural e sintomas prévios ou recorrentes de IC. - Medidas de B + restrição de sal + diuréticos + digital se disfunção sistólica D: alteração estrutural cardíaca severa e sintomas intensos. - Medidas de C + medidas especiais HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA Hipertensãoque cursa com causa identificável, passível ou não de correção. - Início da HAS em pacientes com < 30 anos ou com > 50 anos (extremos de idade); - Início súbito ou agravamento da HAS; - Má resposta ao tratamento; - Lesões de órgão alvo desproporcionais à duração da HAS; - HAS de difícil controle (paciente em uso de três classes diferentes de anti-hipertensivos em doses otimizadas, sendo uma dessas um diurético); - Pacientes com estigma clínico (Cushing, acromegalia, hiper/hipotireoidismo). - Piora da função renal com uso do anti-hipertensivo Causas: - Hipertensão renovascular: obstrução na artéria renal (uni ou bilateral). - Doença renal parenquimatosa. - Coarctação da aorta: constrição da aorta próxima ao canal arterial. - Síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono: roncos, sonolência diurna, síndrome metabólica. - Feocromocitoma: tumor secretor de catecolaminas. - Hiperaldosteronismo - Síndrome de Cushing HA resistente: 3 medicamentos. HA refratária: 5 medicamentos. ENDOSCOPIA CÂNCER COLORRETAL: PREVENÇÃO DO TRATAMENTO 2º mais comum em homens e mulheres (próstata e mama). > 95% tem como precursores pólipos adenomatosos. Prevenção: lesões precursoras → adenomas e lesões serrilhadas. - Adenomas: tubulares, tubulovilosos e vilosos. - Lesões serrilhadas: cacho de uva, minoria. Chance maior de invadir a submucosa. Ulceram, invadem e malignizam mais. Mais do lado esquerdo (sigmóide e reto). Adenoma avançado: > 1cm, displasia de alto grau, componente viloso. Câncer de intervalo: entre duas colonoscopias de vigilância. Pólipos perdidos, via do CA dnv, ressecção incompleta. Screening: - Indicação: 45-50 anos. Se antecedente familiar de câncer com menos de 60 anos → 10 anos antes da idade. Pesquisa de sangue oculto: FIT Testes de rastreamento: Invasivos: - Colonoscopia - Retossigmoidoscopia Não invasivos: - PSOF: gFOBT, FIT, DNA fecal - Radiológicos: colonografia por TC (virtual), cápsula de cólon - Detecção da mutação na metilação Septin9 → teste genético Follow-up: Pólipos hiperplásicos: glândulas hiperplasiadas. Piecemeal: pólipo retirado em pedaços. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA HDA: sangramento intra-luminal proximal ao ligamento de Treitz (acima). - Varicosa: ruptura de varizes esofágicas ou gástricas (complicações da hipertensão portal). - Não-varicosa: úlcera péptica, lesões esofágicas, Mallory-Weiss. Clínica: hematêmese e melena. Paciente cirrótico/hepatopata tratar como varicosa. Alterações laboratoriais: suspeitar de hepatopatia → HDAV. Peritonite bacteriana espontânea: principal complicação → antibiótico. HDAV: antibiótico + vasopressor (aumenta vasoconstrição e diminui pressão nas varizes). HDANV: IBP (omeprazol EV). Considerar Eritromicina: na dose certa, esvaziamento do estômago (pré-EDA). HDANV: associar 2 métodos. H. pylori: erradicar. Falha à terapia endoscópica na HDAV: Embolização: embolizar arteríola que irriga parede da úlcera. Ou cirurgia GINECOLOGIA NÓDULOS MAMÁRIOS Inspeção estática: paciente sentada, examinador em frente à paciente. Avalia: pele que recobre as mamas e as aréolas, tamanho, forma, simetria, presença de abaulamentos ou retrações, presença de sinais flogísticos, presença de lesões. Inspeção dinâmica: - Movimento dos braços para cima e para baixo: torna mais evidente as retrações e as assimetrias, possibilita a avaliação do comprometimento muscular. - Contração dos peitorais: avalia a mobilidade das mamas, que pode estar preservada, diminuída ou ausente. Palpação: paciente deitada com as mãos atrás da nuca e examinador do lado da mama examinada. Todos os quadrantes mamários e a região subareolar devem ser palpados e quaisquer alterações devem ser medidas e anotadas. Nódulos: tamanho, consistência, mobilidade, regularidade do contorno e fixação à pele ou aos tecidos adjacentes e profundos. A palpação pode ser realizada utilizando-se a face palmar das falanges distais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo. Expressão areolopapilar: faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, que irá produzir uma compressão do sistema ductal, podendo resultar em saída de secreção através da papila. Avaliar: cor e quantidade das secreções. - Galactorreia - Patológica: uniductal, espontânea, serosa ou hemorrágica. Exame citopatológico. Palpação axilar e supraclavicular: examinador ao lado da paciente. A paciente deve ser instruída a fletir o antebraço aproximadamente a 90º e apoiá-lo no braço homolateral do examinador. Com a mão esquerda palpa-se a axila direita, apoiando o cotovelo direito da paciente na mão direita. Com a mão direita palpa-se a axila esquerda, apoiando o cotovelo esquerdo da paciente na mão esquerda. Depois, de frente para a paciente, palpam-se as fossas supraclaviculares. Linfonodo palpável: número, tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e fixação aos planos profundos e superficiais. Nódulos mamários: Nas mulheres, os nódulos palpáveis mais comuns são os cistos e os fibroadenomas. Porém, outras causas mais raras podem ser observadas, tais como: tumor filoides, lipomas e hamartomas. Fator de risco: - Genética: BRCA, P-53 - Nuliparidade - Estrogênio - Tabagismo (isquemia de ductos distais → abcessos periareolares → carcinoma inflamatório). Fator de proteção: - Amamentação (antes dos 20 anos) - Progesterona - Menopausa precoce Mamografia: anual a partir dos 40 anos. Risco aumentado: anual a partir dos 30 anos (câncer de mama antes dos 50 anos em parentes de 1º grau ou com histórico familiar de câncer de mama bilateral, câncer de ovário ou câncer de mama masculino). - < 40 anos: US, complementar. CICLO MENSTRUAL E ANTICONCEPÇÃO Hipotálamo: libera GnRH de forma pulsátil: - Alta frequência e baixa amplitude → 1ª fase → fase folicular. - Baixa frequência e alta amplitude → 2ª fase → fase lútea. Hipófise: 1ª fase: FSH → estimula folículo → cresce e produz Estrogênio e Inibina B → inibe FSH e libera LH. 2ª fase: LH → ovulação → formação do corpo lúteo, que produz progesterona → prepara o endométrio para a implantação → progesterona alta inibe LH. Com a fecundação: hCG sustenta o corpo lúteo, mantendo a produção de progesterona até a placenta assumir essa função. Sem fecundação: regressão do corpo lúteo com queda da produção de progesterona. Ovário Teoria das 2 células - 2 gonadotrofinas: - Células da Teca: onde atua o LH transformando colesterol em androgênios (androstenediona e testosterona). - Células da Granulosa: onde atua o FSH transformando androgênios em estrogênio (estrona e estradiol) (enzima: aromatase; processo: aromatização). Ciclo Menstrual Normal: - Duração do ciclo: 21-35 dias - Duração do fluxo: 2-6 dias - Intensidade do fluxo: 20-60mL Ciclo ovariano: Fase Folicular: recrutamento à ovulação - ↑ Estrogênio e inibina B (Before ovulação - produzida pelas células da granulosa) → feedback negativo sobre o FSH e feedback positivo sobre o LH. - Seleção do folículo dominante: mais receptores de FSH. Os outros sofrem atresia. - Fase variável Fase Ovulatória: - ↑ Estrogênio → estímulo para liberação de LH → 32-36 horas após o aumento do LH (OU 10-12hrs após o pico máximo de LH) → Ovulação. Fase Lútea: após a ovulação, o corpo lúteo continua a produção hormonal. - ↑ Progesterona e inibina A (After ovulação - produzida pelas células granulosas luteinizadas) → feedback negativo sobre o LH. - Duração mais ou menos fixa de 14 dias. - Regressão do corpo lúteo, ↓ liberação de estrogênio, progesterona e inibina A → altera os pulsos de GnRh, estimulando a liberação de FSH novamente → novo ciclo. Ciclo uterino: Fase proliferativa: estrogênio prolifera o útero → hiperplasia. No início, há glândulas curtas, retas e pequenas → evoluem ao longo da fase até se tornarem longas e tortuosas. Fase secretora: no início, há glândulas longas, tortuosas, dilatadas. Atingem o auge da atividade secretora. Fase menstrual: na ausência de implantação do óvulo, há redução da produção de estrogênio/progesterona com perda decidual e menstruação. Anticoncepção: - Métodos comportamentais: tabelinha, temperaturabasal, muco cervical, coito interrompido. - Métodos de barreira: preservativo feminino e masculino, espermicida, diafragma. - Métodos hormonais: ACO, anel vaginal, adesivo, injetável. - Dispositivos intrauterinos: DIU de cobre e de progesterona. - Método cirúrgico: laqueadura tubária. - Amenorreia da lactação - Contracepção de emergência CIRURGIA HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL Hérnia epigástrica (2%) Hérnia na linha alba entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. Quando sintomático, correção cirúrgica com rafia. Hérnia umbilical (8%) Criança: defeito congênito. Tendência é o fechamento espontâneo até os 2 anos de idade → conduta expectante. Tratamento cirúrgico: - Concomitante à hérnia inguinal (correção cirúrgica obrigatória) - Defeito > 2cm - Associada à Derivação Ventrículo Peritoneal (DVP) - Se não fechar até 4-6 anos. Adulto: defeito adquirido. Tratamento cirúrgico: - Hérnia sintomática - Ascite volumosa Hérnia femoral (5%) Hérnia desce pelo canal femoral que passa abaixo do ligamento inguinal (medialmente aos vasos femorais). Maior chance de encarceramento e estrangulamento: canal estreito com estruturas rígidas. - Mulheres, principalmente grávidas e obesas. Clínica: dor abdominal e obstrução intestinal, com presença de tumefação na parte superior medial da coxa. São mais comuns à direita. Tratamento: cirurgia de McVay (reparo com a sutura do tendão conjunto no Ligamento de Cooper). Hérnia inguinal (75%) Hérnias mais frequentes, 2/3 indiretas e 1/3 diretas. - Homens, lado direito Clínica: caroço ou tumefação em região inguinal, com dor ou não. Deve-se examinar o paciente com ortostatismo e, se necessário, solicitar ao paciente manobras para elevar a pressão intra-abdominal (valsalva). Hérnia inguinal direta (25%): faz protusão para fora e para adiante em uma área de fraqueza do abdome. Hérnia inguinal indireta (50%): passa do anel inguinal interno obliquamente em direção ao anel inguinal externo e, por fim, para o escroto. Hérnia na Infância: 95% é indireta, mais comum em prematuros, bilateral, chance alta de encarceramento, sem chance de resolução espontânea sem cirurgia. Hérnia incisional (10%) Decorre de uma complicação cirúrgica: abertura da sutura músculo-aponeurótica (deiscência) após a cirurgia. Fatores que aumentam a incidência: técnica cirúrgica incorreta, complicações da ferida operatória (aumenta risco de deiscência de aponeurose), idade avançada, obesidade (aumento da pressão intra-abdominal), debilidade do paciente (cirrose, desnutrição), complicações pulmonares (tosse aumenta risco de soltar os pontos), perda de sangue no pré-operatório (altera resposta imunológica) Classificação: Hérnia encarcerada: dor aguda após aumento súbito da pressão intra-abdominal + sinais flogísticos, acompanhados de abaulamento irredutível → excluir sinais de estrangulamento. Hérnia estrangulada: dor intensa, sinais de peritonite, queda do estado geral, alterações hemodinâmicas, exames laboratoriais alterados. Quando uma alça de intestino fica aprisionada no saco herniário, surgem sintomas de obstrução intestinal. Tratamento: Redutível: - Cirurgia eletiva - Conduta expectante Não se aplica em crianças (hérnia indireta) e hérnia femoral (↑ risco de encarceramento/estrangulamento). Irredutível/Encarcerada: - Redução manual: cirurgia eletiva - Dificuldade de redução: analgesia e posição de Trendelenburg para facilitar a redução. - Risco de complicação ou hérnia refratária: cirurgia de urgência ( > 6 horas do encarceramento). Estrangulamento: Sofrimento isquêmico de alça - Cirurgia de emergência: inguinotomia. - Sem necrose: reduzir a hérnia e suturar. - Com necrose: ressecção. - Se redução espontânea no momento da anestesia → Laparotomia para achar a alça que sofreu isquemia. Inguinotomia: Abordagem anterior Herniorrafia anterior + reforço posterior, que pode ser: - Shouldice: imbricação de músculos (suturar um músculo no outro). Técnica mais complexa. - Lichtenstein: tela livre de tensão (poliestireno). Técnica de escolha. O local de maior recidiva é o próximo ao púbis, onde a tela não se fixa. Reparo com tela requer antibioticoterapia profilática. Não se utiliza tela no reparo de hérnia na infância, porque as hérnias são indiretas e, portanto, não há fraqueza da parede posterior do canal inguinal. Abordagem posterior (videolaparoscopia): - De escolha: hérnias recidivadas ou hérnias bilaterais - Vantagens: prevenção de hérnia femoral - Desvantagens: maior custo e tempo operatório Hérnias especiais De Richter: ocorre com pinçamento lateral da víscera abdominal (borda antimesentérica), com risco de redução espontânea e peritonite. É mais comum na hérnia femoral. De Littré: presença de divertículo de Meckel (anomalia congênita mais comum, localizado no íleo, do lado direito) no saco herniário. Hérnia por deslizamento: parte do saco herniário é formado pela víscera que o ocupa. Vísceras mais acometidas: bexiga e cólon. De Amyand: apêndice dentro da hérnia inguinal. De Pantalon: mista (direta e indireta). De Garengeot: apêndice dentro da hérnia femoral. De Spiegel: forma-se entre a borda lateral do músculo reto do abdome e a linha semilunar. Normalmente, abaixo ou em cima da linha arqueada (abaixo da cicatriz umbilical). Dificilmente identificada ao exame físico, porque sua formação é interparietal. Solicitar exames de imagem para fechar o diagnóstico. Obturatória: ocorre no canal obturatório. Classificação de Nyhus: hérnias inguinais e femorais Tipo I Hérnia inguinal indireta – anel inguinal interno normal (hérnia pediátrica) Tipo II Hérnia inguinal indireta – anel inguinal interno dilatado mas parede inguinal posterior intacta; vasos epigástricos profundos inferiores não deslocados Tipo III Defeito da parede posterior A. Hérnia inguinal direta B. Hérnia inguinal indireta – anel inguinal interno dilatado, invadindo os limites medialmente ou destruindo a fáscia transversal do triângulo de Hesselbach (p. ex., hérnia escrotal maciça, por deslizamento ou em pantalonas) C. Hérnia femoral Tipo IV Hérnia recidivada A. Direta B. Indireta C. Femoral D. Combinada DOENÇAS ORIFICIAIS Hemorróidas Tecido vascular normal dentro da submucosa localizada no canal anal. Normalmente nos quadrantes lateral esquerdo, anterior direito e posterior direito do canal. Hemorróidas externas: distais à linha pectínea e estão cobertas por anoderme; estas podem periodicamente ingurgitar, causando dor e dificuldade com a higiene. A trombose dessas hemorroidas externas resulta em dor intensa. - Acima do ligamento de Parks Hemorróidas internas: hemorragia de sangue vermelho vivo ou prolapso. Hemorragia em gotejamento ou jato de sangue no vaso sanitário. Classificadas em 4 graus. O prolapso de tecido hemorroidário pode ocorrer, estendendo-se abaixo da linha pectínea; muitos desses pacientes queixam-se de saída de muco, perda fecal e prurido. 1º grau Hemorragia; sem prolapso 2º grau Prolapso com redução espontânea 3º grau Prolapso necessitando de redução manual 4º grau Prolapsadas, não é possível redução Diagnóstico: anuscopia. Endoscopia (descartar neoplasias) Tratamento: - Não operatório: suplementação com fibras e aumento do aporte de líquidos. - Internas de 1º, 2º e 3º grau: ligadura elástica (consultório). - Tratamento cirúrgico: hemorroidectomia: falha na terapia conservadora. Grau 3 e 4, hemorróidas complicadas por estrangulamento, ulceração, fissura ou fístula. Hemorroidectomia fechada: Ferguson, aberta: Milligan-Morgan. Fissura anal Úlcera linear normalmente encontrada na linha média, distal à linha pectínea. Plicoma sentinela na porção distal da fissura e papila anal hipertrófica proximal à fissura. - Tríade de Gabriel: plicoma sentinela, fissura anal propriamente dita e papilite hipertrófica. Clínica: dor anal intensa (em decorrência de sua localização, que se estende até a anoderme, muito sensível) associada a defecação e sangramento. Episódio precedente de obstipação. Patogênese: passagem de fezes grandes e duras, dieta pobre em fibra, cirurgia anal prévia, trauma e infecção.Aumento das pressões do canal anal em repouso e a diminuição do fluxo de sangue anal na linha média posterior. Esfíncter hipertônico. Diagnóstico: exame digital e anoscópico. Tratamento: relaxamento do esfíncter anal sem causar incontinência fecal. - Óxido nítrico tópico (nitroglicerina). - Bloqueadores dos canais de cálcio (diltiazem, nifedipina). - Injeção de toxina botulínica. - Cirúrgico: esfincterotomia lateral interna. Supuração anorretal A causa mais comum de supuração anorretal é a infecção criptoglandular inespecífica. Outras causas menos comuns, mas não necessariamente raras, incluem a doença de Crohn e a hidradenite supurativa. O abscesso representa a manifestação aguda e a fístula, a sequela crônica. Os abscessos são, em geral, classificados como perianal, isquiorretal, interesfinctérico e supraelevador (pelverretal). Interesfincteriano: limitado ao local primário de origem. Podem ser assintomáticos. Dor desproporcional aos achados do exame físico. A extensão inferior resulta em um abscesso perianal, traduzido por edema na margem do ânus. A extensão superior pode resultar em um abscesso supraelevador, difícil de diagnosticar. A disseminação horizontal pode atravessar o esfíncter interno internamente para o canal anal ou externamente através do esfíncter externo para fossa isquiorretal, formando um abscesso isquiorretal. Tratamento: Abscessos agudos: abertos e drenados no momento do diagnóstico. - Perianal: incisão cutânea. - Interesfincterianos: drenados para o interior do canal anal. - Supraelevador: definir causa antes, se não forem resultado da extensão superior de um abscesso isquiorretal, devem ser drenados para o reto inferior e canal anal superior ou via transabdominal se resultarem de uma origem abdominal. - Isquiorretais: incisão através da pele e do tecido subcutâneo suprajacente ao espaço infectado. Abscessos recorrentes: drenagem inadequada, presença de fístula ou imunossupressão subjacente → RM ou TC + exame sob anestesia. - Procedimento de Hanley modificado. Antibióticos e cultura: imunossupressão, doença sistêmica ou história de uso prolongado ou frequente de antibióticos. Complicações: sepse e síndrome de Fournier. Fístula anal Evoluem dos abscessos anorretais. Classificação de Parks. Interesfincteriana Fístula está confinada ao plano interesfínctérico. Transesfincteriana Fístula atravessa o esfíncter externo, comunicando com a fossa isquiorretal. Supraesfincteriano Fístula estende-se no sentido cefálico acima do esfíncter externo e perfura o elevador do ânus. Extraesfincteriana Fístula estende-se do reto à pele perianal, externamente ao aparelho esfinctérico. Diagnóstico: exame sob anestesia, exame digital (nódulo). Tratamento: fistulotomia. ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Obstáculo mecânico ou funcional que leva à interrupção da progressão do conteúdo intestinal. Obstrução do delgado é mais comum do que o grosso. - Obstrução alta: acima da válvula ileocecal (delgado). Na obstrução alta os vômitos são precoces e a parada da eliminação de gases e fezes ocorre tardiamente. O paciente pode apresentar alcalose metabólica, devido a perda de ácido no vômito. - Obstrução baixa: abaixo da válvula ileocecal (cólon). Na obstrução baixa, inicialmente ocorre parada da eliminação de flatos e fezes e tardiamente os vômitos, que podem ser fecalóides. A distensão abdominal na obstrução baixa é importante. Os pacientes podem cursar com acidose metabólica, devido a perda de bicarbonato. Tipos de obstrução: - Obstrução simples: há sofrimento de alça, isquemia e peritonite. - Obstrução mecânica: há um obstáculo físico à passagem do bolo alimentar. Exemplos: tumor, intussuscepção, volvo, bolo de áscaris. - Obstrução funcional: corresponde a alteração na peristalse. Por exemplo: íleo paralítico (frequente no período pós-cirúrgico) e alteração de potássio. - Obstrução em alça fechada: oclusão em 2 pontos diferentes do trato intestinal (pontos proximal e distal- válvula ileocecal e sigmóide). Nesse caso, diz-se que a válvula ileocecal é competente e o fluxo é unidirecional, impedindo o retorno do conteúdo para o delgado. Clínica: - Cólica - Náuseas e vômitos (os vômitos são inicialmente com conteúdo gástrico, seguido de bile, chegando a característica fecalóide) - Ausência de flatos e fezes - Distensão abdominal - Hipertimpanismo No início do quadro pode haver aumento de ruídos hidroaéreos e posteriormente redução e ausência. O paciente também pode relatar diarreia explosiva (paradoxal), o que não exclui o abdome agudo obstrutivo. Causas: Esôfago: - Neoplasia (adenocarcinoma) - Acalásia - Estenoses (DRGE) Estômago e duodeno: - Má formação genética - Tumor (adenocarcinoma de antro, adenoma na papila de vater) - Pós-operatório - Úlcera → estenose - Tumor de pâncreas, fígado, vias biliares Delgado: - Hérnias de parede abdominal - Hérnia umbilical (richter), inguinal, femoral - Aderências - DC - Tumor (neuroendocrino) - Hérnia interna - Volvo (cólon) - Hérnia de Petersen (pós-bariátrica) → hipocôndrio esquerdo, contraste baritado. - Íleo biliar (cálculo) - Distúrbios de motilidade: Íleo paralítico, neoplasias, Síndrome de Ogilvie. - Tricobezoar, bolo de ascaris. Cólon: - Neoplasia (CCR) - Torção de volvo - Megacólon Tratamento: - Reposição hídrica vigorosa. - Restabelecimento hidroeletrolítico. - Jejum e descompressão do trânsito intestinal por sonda nasogástrica por 24 a 48h. - Analgesia. - Nos pacientes sem resolução ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessidade de tratamento cirúrgico para lise de aderências. - Pacientes com peritonite, isquemia, iminência de rotura do cólon devem ser submetidos a laparotomia. ABDOME AGUDO PERFURATIVO 3ª causa depois do inflamatório e obstrutivo. Causas: processos inflamatórios (úlcera péptica e diverticulite), neoplásicos, infecciosos, ingestão de corpo estranho, traumatismos e iatrogênicas. Clínica: dor abdominal súbita, intensa, irradiada para todo o abdome, agravada pelo movimento, acompanhada por náuseas e vômitos, febre, alteração de ritmo intestinal. Choque e septicemia. - Sinal de Jobert: perda da macicez hepática à percussão do hipocôndrio direito, indica a presença de perfuração de víscera oca em peritônio livre (úlcera péptica). - Abdome em tábua: rigidez involuntária com descompressão brusca positiva em todo o abdome. Perfurações altas (úlceras pépticas): sucos digestivos extravasam → peritonite química → proliferação bacteriana → processo infeccioso. Perfurações baixas: peritonite é infecciosa desde o início, evoluindo rapidamente de um quadro focal, para um sistêmico. Outro fator que interfere na localização, intensidade e gravidade do quadro é o grau de distribuição dos líquidos extravasados na cavidade abdominal. Tratamento: cirúrgico. OFTALMOLOGIA DIABETES E A VISÃO Diabetes tipo I Fisiopatologia: Anticorpos produzidos contra certos antígenos acabam lesionando as células β devido ao mimetismo molecular com os antígenos dessas células. O processo é mediado pelas células T CD8, que acabam destruindo as ilhotas pancreáticas. A hiperglicemia permanente manifesta-se quando 90% das ilhotas são destruídas. Os marcadores imunológicos (autoanticorpos) aparecem depois do evento desencadeante, estando presentes em um estágio pré-diabético, sendo os principais: anti-ilhotas (ICA), anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD) e para IA-2 e IA-2b (homologia com tirosina fosfatase). No início do diabetes ocorre regeneração de novas ilhotas, o que é responsável pela fase de lua-de-mel (uma diminuição transitória da necessidade de insulina associada com função melhorada das células β). Clínica: poliúria, polidipsia, polifagia, perda de peso. Cetoacidose diabética pode ser a manifestação inicial da doença em muitos casos. Diabetes tipo 2 Fisiopatologia: Suscetibilidade genética + obesidade: instala-se um quadro de resistência periférica à ação da insulina nos adipócitos e músculos esqueléticos. No início, a tolerância à glicose é normal porque as células β realizam uma compensação aumentandoa produção de insulina (hiperinsulinemia). Com o tempo, as ilhotas tornam-se incapazes de preservar o estado hiperinsulinêmico, instalando-se uma tolerância à glicose diminuída, caracterizada por elevações da glicose pós-prandial (hiperglicemia pós-prandial). As células β começam a falhar porque elas se tornam exauridas por secretar grandes quantidades de insulina. Um declínio na secreção de insulina e um aumento na produção hepática de glicose (resultante da resistência insulínica) resultam em diabetes manifesto com hiperglicemia de jejum. Outros componentes desempenham importante papel na patogênese do DM tipo 2: o adipócito (lipólise acelerada), o trato gastrintestinal (deficiência/resistência incretínica), as células alfa pancreáticas (hiperglucagonemia), o rim (reabsorção aumentada de glicose pelos túbulos renais) e o cérebro (resistência à insulina). Esses componentes associados à redução da secreção de insulina, aumento da produção hepática de glicose e captação periférica de glicose reduzida, formam o chamado “octeto destruidor”. Fatores de risco: obesidade, sedentarismo, história familiar de diabetes tipo 2, tabagismo, diabetes gestacional, síndrome do ovário policístico, hipertensão. Clínica: início insidioso geralmente assintomático. Observam-se com pouca frequência os sintomas clássicos de DM. A síndrome hiperosmolar hiperglicêmica é a complicação aguda clássica. Retinopatia diabética Complicação microvascular do tecido retiniano causado pelo diabetes mellitus (DM). Mais comum no DM1. Fatores de risco: duração do DM, mau controle do DM, hipertensão (aumenta o risco de edema macular e retinopatia proliferativa), nefropatia, hiperlipidemia e tabagismo. Fisiopatologia: A patogênese se dá por fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que estimula a angiogênese, ou através de efeitos hiperglicêmicos, que envolve mecanismos de dano celular pelo acúmulo intracelular de sorbitol, estresse oxidativo e produtos de glicação avançada, capilaropatia devido à morte de pericitos pelo espessamento da membrana basal capilar e de células vasculares da musculatura lisa, e neovascularização causada por não perfusão capilar. A hiperglicemia crônica é responsável por microangiopatia (espessamento da membrana basal do capilar) e consequente oclusão capilar, as quais juntas causam hipóxia retiniana, quebra da barreira hematorretiniana e aumento da permeabilidade vascular. Como resultado, ocorrem hemorragias, exsudatos, edema retiniano, edema macular, exsudatos algodonosos, alterações capilares, shunts arteriovenosos, neovascularização. Mecanismos bioquímicos da hiperglicemia crônica: acúmulo de poliol, formação de produtos avançados de glicação terminal, estresse oxidativo, ativação da proteinoquinase C e aumento da via da hexosamina. A hipóxia retiniana também gera a formação de diversos fatores de crescimento, como o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), que é um dos principais responsáveis pela angiogênese. Retinopatia diabética não proliferativa (RDNP) É o tipo mais frequente. 1. Leve: Presença de microaneurismas (devido à oclusão capilar), hemorragias retinianas (devido à lesão da parede vascular), exsudados duros (correspondem à depósito de lipídios e indicam aumento da permeabilidade vascular). 2. Moderada: Presença de microaneurismas e hemorragias mais acentuadas, exsudado duros e algodonosos (representam microinfartos retinianos) e anormalidades microvasculares intrarretinianas (capilares dilatados e anormais). 3. Grave: Presença de mais de 20 hemorragias intrarretinianas em cada um dos 4 quadrantes, ensalsichamento venoso definitivo em 2 ou mais quadrantes anormalidades microvasculares proeminentes em 1 ou mais quadrantes e ausência de proliferação. Retinopatia diabética proliferativa (RDP) Estágio mais avançado da RD, sendo mais frequente em DM1. Se caracteriza por neoformação vascular na retina e face posterior do vítreo e tecido fibroglial vitreorretiniano. Os neovasos formados sangram com facilidade e em geral causam hemorragia pré-retiniana ou vítrea. A perda da visão ocorre porque a hemorragia alcança o eixo visual. Além disso, os neovasos e a contração do tecido fibroso adjacente podem causar descolamento de retina e glaucoma neovascular. A área de maior risco de perda de visão é próxima ao nervo óptico. Edema macular diabético É definido pela presença de qualquer espessamento retiniano ou exsudato duro dentro da área correspondente a um diâmetro papilar, a partir do centro da fóvea. Pode coexistir com RDNP ou RDP e não é utilizado na classificação do grau de retinopatia. É levado em consideração para o tratamento, pois o prognóstico é pior. Clínica: Os microaneurismas são formados pela dilatação da parede capilar e é representado por pequenos pontos vermelhos na retina. As hemorragias retinianas podem ser em “chama de vela”, “ponto-borrão” (dot and blot) ou infartos retinianos hemorrágicos. Os exsudatos, também chamados de exsudatos duros, são causados por edema retiniano crônico localizado. O edema macular diabético pode ser difuso, que é pelo vazamento capilar extenso, ou localizado, que é por vazamento focal de microaneurismas. As manchas algodonosas são causadas pelo acúmulo de detritos neuronais que resulta na disrupção isquêmica dos axônios dos nervos. Os neovasos no disco (NVD) são pela neovascularização de disco na cabeça do nervo óptico; os neovasos em outros locais (NVE) é a neovascularização mais longe do disco; e os neovasos na íris (rubeosis iridis) pode progredir para glaucoma neovascular. Diagnóstico e acompanhamento: fundoscopia periódica. Tratamento: - Controle glicêmico, HAS, dislipidemia, nefropatia diabética. - Fotocoagulação a laser: A panretiniana está indicada para RD proliferativa e RD não proliferativa grave, ao passo que a focal é utilizada no manejo do edema macular clinicamente significativo. Complicações: diminuição da acuidade visual e contração do campo visual. - Vitrectomia: Está indicada para pacientes com hemorragia vítrea e/ou descolamento de retina. Complicações: glaucoma, catarata e descolamento de retina. - Inibidores do VEGF: Medicamento novo que reduz a neoformação de vasos. CORPO ESTRANHO E EMERGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS Avaliar: visão e reflexo pupilar → quando perfura olho não tem. Contuso e penetrante: a redução da movimentação ocular sugere ruptura ou fratura da parede da órbita. Encaminhar ao oftalmo com urgência para avaliação, mesmo que o trauma não aparente lesão visível ao olho nu. Laceração de pálpebra: tratamento na emergência e referência ao oftalmo assim que possível. Se suspeita de corpo estranho associado ou fratura de órbita, realizar exames de imagem. Exposição a materiais químicos: podem causar dor ocular, hiperemia conjuntival, lacrimejamento e diminuição da acuidade visual. Realizar lavagem ostensiva do olho com 1L de solução salina ou água filtrada. Everter a pálpebra e limpar restos e debris com cotonete. Se disponível, pingar anestésico local e reavaliar após 10 min. Queimaduras químicas sempre devem ser avaliadas pelo oftalmologista. Queimadura química: - Ácido: coagulação - Base: liquefação, mais comum, pior Conduta: lavar em abundância Corpo estranho: Corpos estranhos de superfície são removidos por irrigação e um aplicador com algodão umedecido na ponta. Corpos estranhos entranhados precisam ser removidos com um spud, ou lanceta de oftalmologia (instrumento projetado para remover corpos estranhos oculares) estéril ou uma agulha de calibre 25 ou 27, geralmente sob orientação de uma lâmpada de fenda. A retirada de corpos estranhos intraoculares, ou o tratamento de qualquer lesão penetrante, devem ser feitos cirurgicamente por um oftalmologista. Procedimento: - Utilizar lâmpada de fenda. - Exame oftalmológico sem anestesia tópica, usando pequena lanterna, examinar externamente o olho para deflação do globo ocular ou da câmara anterior. Verificar acuidade visual, movimentos oculares, tamanho, forma e reflexos pupilares. Sinal de perfuração → oftalmologista. - Anestésico tópico no fórnice inferiordo olho atingido. - Aplicar fluoresceína e examinar se há sinal de Seideln (alteração da superfície da fluoresceína por um fluxo escuro de humor aquoso por perfuração de córnea ou esclera). Se houver sinal de Seidel → oftalmologista. - Irrigar a região para umedecer a área e desalojar o corpo estranho. - Superficiais: usar aplicador de ponta de algodão umedecido. - Entranhados: escardilho, uma rebarba rotativa de baixa velocidade ou uma agulha de calibre 25 ou 27 acoplada a uma seringa pequena. Glaucoma de ângulo fechado: aumento súbito na pressão do fluido dentro do olho. Os sintomas geralmente são: dor ocular, hiperemia conjuntival, náusea, vômitos e alterações visuais e pressão intraocular elevada. O tratamento agudo consiste em controle pressórico e uso de colírios para redução e pressão intraocular. - Manitol 20-30%, 30-60 min. Hemorragia subconjuntival: vermelhidão em conjuntiva com aspecto de sangue, localizada e precisamente circunscrita. Indolor e sem secreção. Possível associação com traumas menores, pacientes anticoagulados, manobra de valsalva ou pico hipertensivo. Conduta: conservadora. Descolamento de retina: retina se desloca da sua posição usual no fundo do olho. Isso ocasiona flashes e sensação de pontos escuros ou sombras no campo visual. Geralmente indolor. Pode levar à perda visual irreversível. - Indolor, perda da visão, flashes. Úlcera de córnea: dor intensa, vermelhidão, pós-trauma e mancha branca na córnea. Uveíte: visão ruim e olho vermelho. OTORRINOLARINGOLOGIA LABIRINTOPATIAS Doença de Meniere Acúmulo de endolinfa no labirinto membranoso Etiologia - Idiopática - Associada a distúrbios metabólicos: DM, distúrbios da tireoide e dislipidemia - Autoimune - Infecciosa: sífilis Quadro Clínico - Crises de vertigem, de curta a média duração (10 a 60 minutos) com ou sem fator desencadeante evidente, associadas a hipoacusia, plenitude e zumbido uni ou bilateral. Sintomas autonômicos podem acompanhar o quadro: - Cefaleia - Mal-estar - Náuseas e vômitos Diagnóstico Não existe nenhum teste que estabeleça o diagnóstico de doença de Ménière, no entanto a eletrococleografia é o exame mais comumente utilizado Tratamento Controle das patologias associadas, quando existentes Drogas sedativas labirínticas - Betaistina - Dimenidrinato Diuréticos - Hidroclorotiazida Tratamento cirúrgico: descompressão de saco endolinfático, neurectomia do NC VII. Indicado em casos refratários ao tratamento clínico. VPPB Distúrbio labiríntico relacionado a migração das otocônias do vestíbulo em direção aos canais semicirculares, principalmente ao posterior; Quadro clínico Crises vertiginosas intensas que duram segundos relacionadas a movimentos rotacionais da cabeça, como olhar para cima ou virar-se rapidamente. Durante essa movimentação, as otocônias alteram o fluxo da endolinfa, causando desequilíbrio; Flutuante. Diagnóstico É clínico, sendo fundamental a manobra de Dix-Hallpike Tratamento Medicamentos sintomáticos: crises - Dimenidrinato - Meclizina Manobras de reposicionamento: resolução do quadro - Epley - Semont Neurite vestibular Processo inflamatório agudo do ramo vestibular do NC VIII, de etiologia indefinida; Quadro Clínico Vertigem dramática, súbita, com sintomas neurovegetativos, com duração de dias e normalmente sem sintomas auditivos. IVAS pode preceder ou acompanhar a doença; Diagnóstico Baseia-se no quadro clínico. RNM: pode evidenciar hipersinal do VIII par craniano, secundário a processo inflamatório agudo. Tratamento Sintomáticos: - Depressores labirínticos: dimenidrinato - Corticoterapia A melhora é gradual e geralmente definitiva. Labirintite: inflamação do labirinto. Vertigem aguda, associada a náuseas e vômitos, de longa duração. Associada a inflamação de vias aéreas. Metabólicas: audiometria, laboratoriais (curva de glicose e insulina). Tontura mais leve, flutuação, período mais longo ou do dia. Dieta. Migrânea: cefaleia + vertigem. EPISTAXE Qualquer sangramento proveniente da mucosa nasal. Anatomia: A vascularização nasal recebe suprimento de dois grandes vasos, a artéria carótida externa e artéria carótida interna. - Artéria Carótida Externa: responsável pelas artérias labial superior, esfenopalatina e palatina maior. - Artéria Carótida Interna: supre as artérias etmoidais anteriores e posteriores. Todos esses vasos se anastomosam no chamado plexo de kiesselbach, localizado na região anterior do septo nasal ou área de Little. Anterior: plexo de Kiesselbach, na área de Little. Posterior: artéria esfenopalatina. Etiologias: Marcador de gravidade: sinais de instabilidade hemodinâmica. Diagnóstico: clínico. Localizar o ponto de sangramento. Tratamento: tamponamento nasal. PEDIATRIA PUERICULTURA 1º ano: 7 consultas: 1°/2°/4°/6°/9° e 12° mês. 2º ano: 2 consultas: 18°e 24° mês. A partir dos 2 anos: anuais. - Base: calendário de vacinação. Anamnese: - Antecedentes pessoais/vacinais - Desenvolvimento neuropsicomotor - História de formação da família/habitação - Hábitos atuais da criança: alimentares, intestinais, urinários, sono, higiene corporal e bucal, lazer e atividade física. Exame físico: - Dados antropométricos - Ausculta cardíaca e pulmonar - Face, pele, crânio (fontanelas), olho, tórax, abdome. - Avaliação neurológica: reflexos de sucção, preensão palmar-plantar e Moro, postura de flexão generalizada e alteração da cabeça. - Rastreamento de displasia evolutiva do quadril: manobras de Barlow (adução, luxável) e Ortolani (abdução, clunk palpável). - Rastreamento de criptorquidia. REFLUXO GASTROESOFÁGICO Retorno passivo do conteúdo gástrico para o esôfago. Fisiopatologia: RGE fisiológico: imaturidade de alguns componentes da barreira antirrefluxo. RGE patogênico: o RGE torna-se patogênico quando disfunções dos mecanismos de barreira propiciam: episódios de refluxo volumosos e/ou mais prolongados; o acesso do material refluído para a árvore respiratória; perda calórica importante; material refluído mais nocivo (ácido, bile). - Relaxamentos transitórios do EEI inadequados (RTEEI): redução acentuada e abrupta da pressão do EEI, sem relação com a deglutição e com mais de 5 segundos de duração. - Diminuição da pressão basal do EEI. - Aumento da pressão intra-abdominal: pode ser secundário a tosse, choro e esforço evacuatório. - Associação de esvaziamento gástrico retardado e RGE. - Existência de hérnia de hiato no RGE. - Tempo de clareamento esofágico: tempo de duração do contato do material refluído com a mucosa esofagiana. No indivíduo normal, o clareamento é resultante da peristalse esofágica, da ação da gravidade e da produção e deglutição da saliva. Durante o sono, esses mecanismos estão suprimidos/reduzidos, o que resulta em prolongada exposição do esôfago ao ácido e aumenta a chance de esofagite e sintomas respiratórios. Esofagite: depende do tempo de clareamento esofágico, da qualidade do material refluído e da resistência da mucosa. Clínica: - Regurgitação: eliminação de pequenas quantidades de conteúdo gástrico, sem esforço. - Vômito: eliminação de conteúdo gástrico com maior volume e acompanhada de contrações da musculatura abdominal, em geral, precedida por náuseas. Dependendo da frequência e do volume das perdas pode haver déficit de crescimento e anemia ferropriva. - Sintomas de esofagite: choro excessivo, irritabilidade, distúrbio do sono e dificuldade alimentar, que pode acompanhar hipodesenvolvimento somático. Dor retroesternal, pirose, azia e dor abdominal recorrente. Hemorragia digestiva alta, sob a forma de hematêmese, melena ou sangue oculto nas fezes, pode ocorrer em qualquer faixa etária. A disfagia pode estar presente no caso de esofagite grave. Quando a esofagite é grave e prolongada pode resultar em estenose do esôfago (acompanha disfagia), esôfago de Barrett (metaplasia da mucosa esofágica; pode sofrer malignização) ou síndrome de Snadifer (esofagite grave, movimentos rotatórios da cabeça e do pescoço, anemia ferropriva). - Manifestações respiratórias: pneumonia crônica ou recorrente, asma e tosse crônica noturna,entre outras. O refluxo, apesar de mais frequente nessas situações, pode simplesmente ser um efeito secundário da tosse (aumento da pressão intra-abdominal), da dispnéia (diminuição da pressão intratorácica) e da medicação broncodilatadora (diminuição da pressão do EEI). Diagnóstico: clínica - Radiologia contrastada de esôfago, estômago e duodeno (REED), pHmetria, EDA. Tratamento: - Aleitamento materno sempre mantido - Uso de fórmulas AR, retirada do leite de vaca. - Medidas posturais, roupas apertadas. - Medicamentoso: antiácidos, antagonistas do receptor de histamina 2 (ARH2), IBP, agentes pró-cinéticos. - Cirúrgico Diagnósticos diferenciais: - Obstruções mecânicas do trato digestivo alto - Alergias alimentares (especialmente à proteína do leite de vaca) - Doenças infecciosas e neurológicas - Hiper-reatividade brônquica - Úlcera péptica - Cólicas do lactente - Outras causas de irritabilidade do lactente ECZEMAS E DERMATITES Dermatite de contato Dermatite de contato por irritação primária: substâncias irritantes causam dano à barreira de proteção da pele (camada córnea), iniciando a resposta imunológica (inata e adaptativa). Dermatite de contato alérgica: reação imunológica do tipo IV (com resposta TH1), ativada por uma substância (hapteno), que age como um antígeno. Clínica: Lesão eczematosa (início das lesões, localização da lesão, história anterior de dermatite de contato, atividades ocupacionais, contato com substâncias químicas). Tratamento: corticosteróides. Dermatite atópica Manifestação eczematosa frequentemente associada à asma e/ou rinite alérgica e, eventualmente, urticária. Fisiopatologia - Fatores genéticos: Ocorre uma mutação do gene que codifica os lipídios cutâneos e a filarina, uma proteína estrutural da barreira cutânea. A deficiência de filarina diminui a estrutura de barreira e facilita a perda de água intradérmica, favorecendo a entrada de alérgenos. Quando ambos os pais são atópicos, há 79% de chance do filho também ser. - Fatores imunológicos: Reação imunológica do tipo IV (com resposta TH2 na fase aguda e resposta TH1 na fase crônica). Quando há associação da dermatite atópica com manifestações alérgicas respiratórias, há também a reação de hipersensibilidade do tipo I (IgE mediada). Clínica: o eczema manifesta-se com vesículas, secreção e crostas. Pele seca e descamativa, prurido. Tratamento: não há cura, só controle. Cuidados gerais, corticoides tópicos/sistêmicos, imunomoduladores. Dermatite seborreica Fisiopatologia: influência hormonal, pois a secreção sebácea é estimulada por hormônios androgênicos elevados no período puberal, sendo que em lactentes decorrem da ação de andrógenos maternos circulantes. Foi demonstrado ainda alterações dinâmicas na epiderme,como o aumento do índice de mitoses e do trânsito trans epidérmico. O papel do fungo Malassezia spp. na dermatite seborreica ainda não é bem definido, mas alguns autores argumentam que o seu aumento nas lesões é secundário ao aumento dos nutrientes lipídicos nas escamas, enquanto a maioria acredita num papel importante na etiologia da doença. Clínica: na forma pediátrica é autolimitada, enquanto no adulto, a doença tem curso crônico. As lesões são placas eritematosas e escamativas, de graus variáveis de extensão e intensidade. As lesões são maculopapulosas, eritematosas ou amareladas, sem brilho, delimitadas e recobertas por escamas de aspecto gorduroso, que se distribuem pelas áreas seborreicas (couro cabeludo,face, região pré-esternal, interescapular, flexuras axilares e anogenitais). O prurido, quando presente, é discreto, à exceção das lesões no couro cabeludo. Tratamento: corticóides, anti-fúngicos e anti-histamínicos sistêmicos. MICOSES SUPERFICIAIS Dermatófitos: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton → digerem queratina. Tinea capitis: - Couro cabeludo - Alopecia descamativa distribuída em placas (placas de tonsura). - Trichophyton tonsurans, Microsporum canis. - Descamação difusa, pústulas no couro cabeludo, querion, linfadenopatia (cervical e subocciptal). - Diagnóstico: cultura para fungos. - Tratamento: sistêmico: griseofulvina + xampu antifúngico. Tinea faciei: - Face - Placas anulares e descamativas Tineo corporis: - Troncos e extremidades - Distribuição assimétrica, 1 ou mais placas anulares descamativas bem circunscritas, com centro claro e borda descamativa, vesicular, papular ou pustular. - Diagnóstico: clínica. Micológico direto e cultura para fungo. - Tratamento: tópico (2-3 semanas). Ptiríase versicolor Ceratofitose. Malassezia furfur: Pityrosporum orbiculare e Pityrosporum ovale. Lesões podem assumir, desde hipopigmentadas, eritematosas até acastanhadas ou marrons. Tratamento tópico/sistêmico PSIQUIATRIA SÍNDROMES NEURÓTICAS Fobias: medos intensos e irracionais, por situações, objetos ou animais que objetivamente não oferecem ao indivíduo perigo real e proporcional à intensidade de tal medo. - Agorafobia: lugares abertos, multidões, de se afastar de casa. - Fobia social: falar em público, medo do julgamento. - Fobias específicas: animais, objetos específicos. Transtorno obsessivo compulsivo: pensamentos (síndrome obsessiva) ou atos compulsivos (síndrome compulsiva) ou misto. Reação aguda ao estresse: reação única de ansiedade a determinada situação. Estresse pós-traumático: flashback ou sonhos persistentes relativos à situação de grave estresse. Embotamento afetivo, retraimento social e evitação de situações. Associação com sintomas de ansiedade e depressão. Transtorno de adaptação: adaptação a perdas de pessoas. Sintomas exacerbados após a perda. Transtorno dissociativo: prejuízo na integração entre memórias, consciência da identidade e controle voluntário dos movimentos. - Amnésia dissociativa - Transtorno dissociativo do movimento - Estupor dissociativo - Perda da consciência de quem é ou de onde está - Convulsão dissociativa - Anestesia dissociativa Somatização: sintomas físicos sem justificativa. Desejo de adquirir o papel de doente físico para obter ganhos primários (psicológicos, intrapsíquicos) ou secundários (sociais ou interpessoais). Hipocondria: pessoa acredita que possui uma doença, geralmente séria, mesmo sem nenhuma evidência médica. O hipocondríaco tem o costume de procurar médicos e fazer exames rotineiramente, além de possuir um medo excessivo da morte. Transtorno Neurovegetativo Somatoforme: pensa que tem determinada doença e tem os sintomas físicos dela. Atribui os sintomas a um problema somático de algum dos sistemas neurovegetativos, como cardiovascular, gastrointestinal, respiratório e/ou urogenital. Neurastenia: fica com fraqueza após grande estresse. Fadiga mental. Tratamento: ISRS. SÍNDROMES DO SONO Transtorno de insônia: dificuldade em adormecer (insônia inicial), em permanecer adormecido ou por despertares frequentes (sono entrecortado) ou despertar muito precoce. - 3 noites na semana por pelo menos 3 meses. - Prejuízo no funcionamento diário. - Higiene do sono. - Causa: transtornos psicopatológicos (depressão, ansiedade, fobias, TAB, dependência química), condições médicas (obesidade, dor, RGE, doença pulmonar), uso de medicamentos ou substância. - Tratamento: efeito colateral de medicações: anti-histamínico, anticonvulsivante, antidepressivos (tricíclicos), antipsicóticos, benzodiazepínicos ou sem causa: melatonina, Zolpidem. Transtorno de hipersonolência: sonolência excessiva apesar de dormir pelo menos 7 horas por dia. - Sono ou cair no sono durante o dia - Não se sentir totalmente acordado após despertar abrupto: confusão, ataxia. - Despertar noturno: declínio da habilidade motora, lapsos de memória, desorientação tempo-espaço, sensação de atordoamento. Síndrome das pernas inquietas: necessidade de mover as pernas acompanhado de sensação de desconforto nelas ou “dentro” delas. - Sensações parestésicas nas pernas, entre joelho e tornozelo (pode acometer o corpo todo). - Sensação se agrava durante repouso e melhora com movimento. - É pior a tarde ou à noite, prejudicando o sono. - 3 vezes por semana por pelo menos3 meses. - Resposta terapêutica positiva a agentes dopaminérgicos (Levodopa) ajuda no diagnóstico. - Mioclonias noturnas: movimentos das pernas repetitivos e estereotipados que predominam durante o estágio 2 do sono não REM. Apneia/hipopneia obstrutiva do sono: obstrução das vias aéreas superiores (VAS) pelo seu colabamento. - Sobrepeso, obesidade, pescoço curto ou alterações estruturais. - Roncos altos interrompidos por pausas respiratórias. - Sonolência diurna, fadiga, sono não reparador. - Diagnóstico: roncos/respiração difícil a noite + polissonografia com pelo menos 5 apneias/hipopneias obstrutivas por hora de sono ou 15 ou mais apneias/hipopneias por hora de sono, sem sintomas. Transtorno do sono-vigília do ritmo circadiano: perturbação do sono devido ao desequilíbrio entre o ritmo circadiano endógeno (ritmo biológico do indivíduo, ao longo do dia) e os horários de sono e de vigília impostos ou normatizados pelo ambiente físico (luminosidade) e social. - Tipo fase de sono atrasada - Tipo fase do sono avançada Narcolepsia: ataques ou períodos recorrentes de necessidade irresistível de dormir, cair no sono ou cochilar em um mesmo dia. - 3 vezes na semana, durante pelo menos 3 meses. - Ataques de narcolepsia são ataques diurnos de sono REM, com sonolência intensa e abrupta, como se a atividade neurofisiológica característica desse tipo de sono “invadisse” a vigília. - Ataques de cataplexia: crise breve (de segundos a minutos) de perda bilateral de tônus muscular, com manutenção da consciência, geralmente desencadeados por risos ou brincadeiras. - Alucinações hipnagógicas (ao adormecer) ou hipnopômpicas (ao despertar). - Perda de neurônios hipotalâmicos produtores de neuropeptídeos = ↓ Hipocretina-1. Parassonias: - Sonambulismo: despertar do sono não REM (fase 3 ou 4) caracterizado por levantar-se da cama durante o sono com olhar fixo e rosto vazio. Amnésia em relação ao episódio. - Terror noturno: despertar de uma fase de sono profundo (fase 4) com um grito lancinante, de pânico, acompanhado de manifestações de medo intenso e sintomas autonômicos (taquicardia, respiração rápida, sudorese e midríase). 5 a 20 minutos. Não se trata de um pesadelo. Amnésia em relação ao episódio. - Sonilóquio: falar dormindo. - Paralisia do sono: despertar (ou adormecer) incompleto. Incapacidade de realizar atividade motora voluntária. Alucinações visuais hipnagógicas (adormecer) ou hipnopômpicas (despertar). - Bruxismo: ranger vigorosamente os dentes, devido à atividade rítmica do músculo masseter. Desgaste dos dentes, dor local, cefaleias, disfunção da articulação temporomandibular e sono de má qualidade. - Enurese: sono profundo, mais de 4 anos de idade. Micção involuntária durante a noite devido ao relaxamento do esfíncter urinário. Tendência hereditária, conflitos emocionais. Tende a desaparecer durante os anos. REUMATOLOGIA OSTEOARTRITE Insuficiência cartilaginosa decorrente de fatores mecânicos, genéticos, hormonais, ósseos e metabólicos, que acarreta uma degradação do tecido cartilaginoso com a consequente remodelação óssea e algum grau de inflamação sinovial. Fatores de risco: idade (+45 anos), sexo feminino, predisposição genética, obesidade, estresse mecânico, trauma articular, doenças congênitas/desenvolvimento de osso e articulação, afecção articular inflamatória precedente, doenças endócrino-metabólicas. Fisiopatologia: É multifatorial: fatores mecânicos, bioquímicos, genéticos, endócrinos. - Fatores genéticos: HLA-A1 (nodal) e HLA-B8 (Heberden). Em formas mais precoces da doença existe a associação de genes codificados, como o pró-colágeno II. A origem e o alvo da inflamação podem ser: - Cartilagem: evolui com erosão por mecanismo enzimático ou crescimento hiperplásico invasivo. - Membrana sinovial: estimulada por fragmentos de colágeno. - Osso subcondral: absorção de choques, enrijecimento e perda funcional. Ocorre um desequilíbrio entre fatores protetores e degradadores da cartilagem, havendo predominância dos agentes catabólicos, precipitando a degeneração cartilaginosa. - Fatores degradadores: IL-1, IL-6 e TNF-α. São responsáveis pela liberação de proteases e encontram-se elevados. Condrócitos, matriz colágena e proteoglicanos são fontes de enzimas degradadoras e vão converter plasminogênio em plasmina, facilitando a degradação da cartilagem. - Óxido nítrico: produzido em grandes quantidades por condrócitos ativados por citocinas. Inibe a síntese do colágeno e proteoglicanos, ativa metaloproteinases, diminui a ação do antagonista da IL-1 e induz a apoptose dos condrócitos. Fatores protetores: Incluem fator de crescimento fibroblástico (FGF), fator de crescimento transformador (TGF) e fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1). Clínica: dor, que piora com o movimento e melhora com repouso. Rigidez pós-repouso (< 30 minutos). - Sem manifestações sistêmicas. - Mono/oligoarticulares (formas idiopáticas: poliarticulares) Nas mulheres, o quadro predomina nas articulações de mãos e joelhos e nos homens, predomina o acometimento das articulações coxofemorais. RX: - Redução do espaço articular - Esclerose óssea subcondral - Osteófitos Diagnóstico: clínica (obrigatório presença de dor) + achados radiográficos. Tratamento: - MEV - Sintomáticos de ação curta: analgésicos, AINEs, opióides. - Fármacos de ação lenta: antiartrósicos (Glicosamina, Cloroquina) - Medicação intra-articular: corticóide, ácido hialurônico (antiartrósico). - Medicação tópica: AINEs, Capsaicina. - Cirurgia: osteotomias, artroplastias totais, artrodeses. GOTA Cristalização dos cristais de urato nas articulações. - Mais comum em homens, a partir dos 40 anos. Hiperuricemia é pré-requisito para o desenvolvimento de gota, mas apenas 20% dos indivíduos hiperuricêmicos desenvolverão a doença. Fatores de risco: genético, álcool (estimula a produção, metabolização e diminuição da eliminação do ácido úrico). Fator protetor: estrogênio (aumenta eliminação renal de ácido úrico). Locais mais comuns: articulação metatarsofalangeana do hálux (podagra), peito do pé, tornozelo, joelho, punho, cotovelo. Clínica: dor (madrugada) articular. Calor, rubor e inchaço → inflamação. Tofos (protuberâncias) e cólicas renais. Evolução: acúmulo assintomático de cristais → monoartrite/oligoartrite → poliartrite deformante e debilitante. Diagnóstico: clínico. Padrão-ouro: identificação dos cristais de urato no fluido aspirado ou no tofo gotoso. - Ureia, VHS e PCR. - Erosão em saca-bocado: RX. - Sinal do halo/duplo contorno: US. Tratamento: MEV - Crise aguda: AINES (Ibuprofeno, Naproxeno), corticóides (Prednisona), Colchicina, infiltração articular. Profilaxia: Colchicina, Alopurinol. LOMBALGIAS Afeta a região entre o arcabouço costal inferior e as pregas glúteas, e frequentemente irradia para as coxas. Mecânica: - Anormalidade anatômica ou funcional. - Relação com a postura. - Piora com o movimento e melhora com o repouso. - Rigidez matinal fugaz. - Causas: osteoartrose, osteoartrite. Inflamatória: - Infecção subjacente ou neoplasia. - Piora com o repouso, melhora com o movimento. - Rigidez matinal > 30 minutos. - Espondiloartropatias: espondilite anquilosante. Diagnóstico: clínica + exame físico. Red flags: febre, perda de peso, déficit neurológico, extremos de idade → exame de imagem. Tratamento: - Educação do paciente. - Repouso não indicado. - Fisioterapia, pilates. - Medicamentos: analgésicos, AINEs, corticóides, opióides, relaxantes musculares, antidepressivos tricíclicos (crônico). - Cirurgia: última opção. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS Lúpus eritematoso sistêmico (LES) Doença crônica, com alterações da resposta imune, com presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio organismo. Sua evolução é crônica, caracterizada por períodos de atividade e remissão. - Mulher, menacme, negra. Fatores de risco: genética (HLA DR2 e DR3), luz UVB, tabagismo, estrogênio. Fisiopatologia: produção de anticorpos, formação de imunocomplexos e ativação do sistema complemento. Clínica: - Febre. - Alopecia,úlceras orais, lesão "psoriática" pela luz do sol, rash malar, fotossensibilidade. - Artrite, rigidez matinal. - Derrame pleural/pericárdico. - Delirium, psicose, crise convulsiva. Diagnóstico: clínica + FAN positivo - Citopenia Tratamento: medidas gerais, Hidroxicloroquina, AINEs, corticóides, imunossupressores (Ciclofosfamida, Micofenolato, Azatioprina). Artrite reumatóide (AR) Doença inflamatória autoimune sistêmica crônica cujo principal alvo é a sinóvia (membrana sinovial) → inflamação e proliferação, além de erosão óssea justa-articular e destruição da cartilagem. - Deformidades irreversíveis. - Poliartrite erosiva simétrica de mãos e punhos. Fatores de risco: genética (HLA-DRB1), tabagismo (citrulinização), componente hormonal. - Mulher, 35-45 anos Fisiopatologia: sistema imunológico - Fator reumatóide, anti-CCP (especificidade), citocina TNF-alfa (alvo terapêutico). Complexos imunes (FR, anti-CCP) produzidos pelas células da membrana sinovial nos vasos sanguíneos inflamados. Macrófagos também migram para a sinóvia na fase inicial da doença. Linfócitos que infiltram o tecido sinovial são, primariamente, linfócitos TCD4. Macrófagos e linfócitos produzem citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias: TNF-alfa, fator estimulante de colônia de macrófagos e granulócitos (GM-CSF), várias interleucinas, interferon-gama na sinóvia. A liberação de mediadores inflamatórios e de várias enzimas contribui para as manifestações sistêmicas e articulares da artrite reumatoide, como a destruição cartilaginosa e óssea. Clínica: - Artrite erosiva, deformante - Rigidez matinal - Mãos + punhos + joelhos Diagnóstico: clínica + exame físico + laboratorial. - FR, VHS e PCR RX: - Aumento das partes moles periarticulares. - Osteopenia periarticular. - Redução dos espaços articulares. - Erosões marginais. - Subluxação. - Anquilose óssea. Tratamento: - MEV - Sintomáticos: AINEs, corticóides - Primeira linha: Metotrexato (terapia dupla/tripla: MTX/LEF + HCQ/SSZ: Leflunomida, Sulfassalazina, Hidroxicloroquina) - Segunda linha: Rituximabe, Tofacitinibe Síndrome de Sjogren Doença inflamatória crônica imunomediada, de evolução lenta e progressiva, caracterizada por infiltrado linfoplasmocitário focal nas glândulas exócrinas e em outros tecidos epiteliais, causando secura das mucosas e grande diversidade de manifestações clínicas sistêmicas. Primária: autoimune - Mulher, 40 anos Secundária: paralela ou por conta de colagenose já existente (AR, LES). Fisiopatologia: Infiltração linfocítica das glândulas exócrinas, resultando em disfunção glandular progressiva. Deposição de imunocomplexos (vasculite e glomerulonefrite). Clínica: - Síndrome de Sicca: ressecamento dos olhos (xeroftalmia) e da boca (xerostomia). - Manifestações sistêmicas: artrite, artralgia, vasculite, fibrose intersticial pulmonar, nefrite intersticial, glomerulonefrite, tireoidite de Hashimoto, neuropatia periférica, Complicação: Linfoma Não-Hodgkin (MALT) principalmente da parótida. Diagnóstico: clínica + laboratorial - FAN, anti-RO e anti-LA - Cintilografia de glândulas salivares Tratamento: - Medidas gerais - Corticóide, imunossupressor (manifestações sistêmicas). Esclerodermia Fibrose (endurecimento) da pele e dos órgãos internos, comprometimento dos pequenos vasos sanguíneos e formação de anticorpos contra estruturas do próprio organismo (auto-anticorpos). - Mulher, 30-50 anos, negros Fisiopatologia: - Vasculopatia (disfunção de pequenas artérias). - Autoimunidade celular e humoral (doença autoimune) - Fibrose vascular é visceral progressiva em múltiplos órgãos (desenvolvimento progressivo de fibrose dos locais afetados). Ocorre devido ao aumento da quantidade de fibroblastos ativados. A ativação da fibrogênese ocorre por mecanismos autoimunes e lesão vascular. Teoria imunológica: acúmulo de linfócitos T autorreativos nos tecidos acometidos. Esses vão liberar citocinas com recrutamento de células inflamatórias. As células inflamatórias liberam fatores de crescimento que atraem e ativam os fibroblastos. Teoria vascular: a base da lesão é a disfunção endotelial e espessamento fibrótico da camada íntima. A lesão endotelial aumenta a produção de substâncias vasoconstritoras (endotelina 1) e a redução da produção de substâncias vasodilatadoras (óxido nítrico e prostaciclina). A ativação plaquetária cursa com a formação de microagregados de plaquetas nos pequenos vasos, com a liberação de tromboxano A2 (potente vasoconstrictor) ocorre a isquemia e está estimula o acúmulo de fibroblastos ativados e fibrose. Clínica: ● Localizada: Área restrita da pele, poupando órgãos internos. Morfeia e Esclerodermia linear ● Sistêmica limitada: Síndrome de CREST - C: calcinose - R: Raynaud - E: esofagopatia - S: sclerodactilia - T: teleangiectasias ● Sistêmica: Fenômeno de Raynaud: alterações da coloração das extremidades do corpo, que se tornam pálidas ou azuladas quando expostas à temperatura fria ou avermelhadas quando aquecidas. Pode ocorrer formação de úlceras nos dedos. - Palidez, cianose e rubor. Cutâneas: - Espessamento. - Esclerodactilia: edema - Calcinose - Fácies esclerodérmicas: face de múmia. - Hiperpigmentação, despigmentação - Telangiectasias na face, tórax e região palmar. Musculoesqueléticas: poliartralgias, fraqueza muscular, mialgias. - Dor, edema e rigidez Acometimento pulmonar, renal, gastrointestinal e cardíaco. Diagnóstico: clínica + anticorpo - FAN, anticentrômero, anti-SCL70 Espondilite anquilosante (EA) Doença inflamatória que acomete principalmente o esqueleto axial. Comprometimento ascendente. - Homem, 17-40 anos Fisiopatologia: Lesão básica da EA: entesite, caracterizada pelo acometimento das ênteses. É uma reação inflamatória crônica com erosão do osso adjacente, seguida por um processo também crônico de reparação tecidual, durante o qual costuma haver neoformação óssea e evolução para anquilose. Articulações mais envolvidas: sacroilíaca, quadril e coluna vertebral. Clínica: sacroiliíte - Lombalgia inflamatória: rigidez matinal, piora com repouso, melhora com movimento. Diagnóstico: sacroileíte em RX ou RNM + 1 comemorativo, HLA-b27 presente + 2 comemorativos. - Comemorativos: lombalgia crônica de padrão inflamatório; artrite; entesite; uveíte anterior; psoríase; dactilite; doença inflamatória intestinal; boa resposta aos AINEs; histórico familiar; HLA-B27; e PCR elevada. - HLA-B27 UROLOGIA NEOPLASIAS UROLÓGICAS Câncer de rim Epidemiologia: 90% carcinomas, 10% benignos (angiomiolipomas, oncocitomas e adenomas). CCR (carcinomas de células renais) 4% de todos os tumores humanos, predominam no sexo masculino e incidem principalmente em individuos com 5-70 anos. Patologia: CCR, originam-se das células dos túbulos renais e em 70% correspondem ao subtipo de células claras, mais agressivo que os demais subtipos (papilar e cromófobo). Uma quarta forma histológica é representada pelos tumores dos dutos coletores, mais raro, bastante agressivo e que incidem em indivíduos negros portadores de anemia falciforme. História natural: 80% dos pacientes com CCR apresentam-se inicialmente com doença localizada, sem metástases à distância. Quando presentes, as metástases envolvem principalmente pulmão, linfonodos retroperitoneais, fígado e ossos. Alguns pacientes com doença inicialmente localizada apresentam recorrência após tratamento inicial e em 85% a recidiva manifesta-se nos 3 primeiros anos de surgimento. Progridem lentamente (1-20 mm ao ano, média de 4 mm). Maior risco de metástases quando > 7 cm de diâmetro. Sobrevida de 5 anos dos portadores da doença depende principalmente da extensão (estágio) do tumor no momento do diagnóstico . Clínica: hematúria (50-60%), massa em flanco (30-40%) e dor lombar (30-40%). Sintomas constitucionais, como perda de peso, anemia (20%) e manifestações paraneoplásicas: febre, hipercalcemia, eritrocitose, disfunção hepática, amiloidose e hipertensão (5%). Invasão tumoral da veia cava, com ou sem obstrução local (5 a 10%), podem evidenciar varicocele aguda, ascite ou circulação venosaanômala na parede abdominal. Diagnóstico: US e TC (maior precisão, permite estadiamento). RM: diferenciação de massas sólidas e de lesões não-tumorais. Tratamento: Tratamento dos tumores localizados (T1, T2, T3): CCR são radiorresistentes e quimiorresistentes, a cirurgia radical é a única medida curativa. Tumores localizados: nefrectomia radical, com remoção em bloco da gordura perirrenal, adrenal e linfonodos regionais. Tumores bilaterais ou pacientes com rim único: cirurgia conservadora, nefrectomia parcial ou enucleação da lesão. Tratamento de tumores metastáticos (N+, M+): metástase solitária: remoção do rim e da lesão metastática. Imunoterapia sistêmica. Interferon-alfa e interleucina 2. Vacina de células dendríticas. Câncer de bexiga Neoplasias mais frequentes depois do CA de próstata no homem. Mais de 95% desses tumores se originam no epitélio transicional que reveste a bexiga e 90% são reconhecidos como carcinomas de células transicionais (CCT). Processos de metaplasia podem ocorrer no epitélio vesical, gerando carcinomas epidermóides (6 a 8%) ou adenocarcinomas locais (1 a 2%). Epidemiologia: CCT, incidência aumenta com a idade. 30 a 50% são identificados fatores de risco: exposição à anilina e a outras aminas aromáticas, tabagismo, exposição à radiação ionizante. História natural: CCT, apresentam-se como lesões localizadas e restritas à bexiga (75%), doença regional (bexiga mais estruturas adjacentes, 15%), e doença metastática (10%). Sob pontos de vista de comportamentos, os tumores vegetantes e superficiais de bexiga (restritos à mucosa) costumam ser multifatoriais e tem grande tendência a recidivar localmente (30 a 80%). Apresentam pouca propensão à progressão com invasão muscular (10 a 15%). Tumores sólidos com invasão muscular tendem a ser únicos, evidenciando comportamento agressivo, com progressão sistêmica e óbito do paciente, quando não tratado. CCT disseminam-se por contiguidade, invadindo a parede pélvica, a próstata ou a vagina, por via linfática, com acometimento progressivo dos gânglios ilíacos e periaórticos ou por via hematogênica, atingindo preferencialmente fígado, pulmões e ossos. Prognóstico relaciona-se principalmente com o estágio da doença e com o grau histológico da lesão. Clínica: hematúria indolor como manifestação inicial (70 a 80%). Sintomas irritativos, como disúria, frequência e urgência miccional (20%) → associados a tumores com invasão muscular, de prognóstico mais leve. Diagnóstico: massa sólida ou falha de enchimento vesical em US ou em TC. Confirmação diagnóstica por citoscopia e biópsia de lesão. Exames citológicos de urina → células neoplásicas. Tratamento: Tratamento dos tumores superficiais (Ta, T1): ressecção endoscópica transuretral, acompanhamento com cistoscopias e exame citológico de urina 4-6 meses por 5 anos. Maior risco de recorrência: tratamento tópico com BCG (lesões múltiplas, tumor recidivante, tumores que invadem a submucosa - T1). Tratamento de tumores infiltrativos musculares (T2, T3): cirurgia aberta ou com radioterapia externa. Cistectomia parcial com remoção do segmento vesical contendo o tumor (pouco agressivo, 5% dos casos) ou cistectomia radical → reservatórios urinários com o intestino anastomosado à uretra (neobexiga ortotópica). Tratamento dos tumores metastáticos (N+/M+): quimioterapia citotóxica sistêmica → 3 esquemas: M-VAC (metotrexato, vinblastina, adriamicina e cisplatina), CMV (cisplatina, metotrexato e vinblastina) e TIP (taxol, ifosfamida e cisplatina). Câncer de próstata Adenocarcinomas (90%), restante: sarcomas, carcinoma epidermóide e carcinoma de células transicionais. Adenocarcinomas: - Zona periférica da glândula (75%) - Zona transicional (25%) - Zona central (<5%) Epidemiologia: neoplasia mais frequente no homem (1 em cada 6, matando 1 em cada 33 acometidos). Incidência aumenta com a idade (50% dos indivíduos com 80 anos). 13% são assintomáticos e seus portadores morrem por outros motivos. Fatores de risco: história familiar (2x parente de 1º, 3x com 2 parentes de 1º), raça (negros 80% e amarelos ou índios 10x). História natural: imprevisível. Prognóstico: estágio inicial, grau histológico de diferenciação celular, medidas de PSA. Grau histológico: relaciona-se com o comportamento biológico do tumor e a sobrevida do paciente. Considera as áreas de maior anaplasia. Escore de Gleason: principalmente padrão glandular. - 5 graus: grau 1 lesões mais diferenciadas e grau 5 lesões mais diferenciadas. - Escore final é dado pela soma dos graus das duas áreas tumorais mais volumosas. PSA: tumores localizados < 10 ng/ml, doença extraprostática restrita à região pélvica 20-80 ng/ml, neoplasia disseminada > 100 ng/ml. Clínica: tumor confinado à próstata: doença assintomática. Adenocarcinoma da próstata localmente avançado: obstrução infravesical. Menos comum: dores ósseas, uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema ou trombose venosa de MMII e hemospermia. Diagnóstico: toque prostático, PSA e US transretal. - PSA > 2,5 ng/ml: biópsia Rastreamento: anual, inicia aos 50 anos. É antecipado aos 40 anos nos pacientes de maior risco (parente de 1º e raça negra). Estagiamento: fosfatase alcalina, PSA, cintilografia óssea, estudo de RM da pelve e retroperitônio. Tratamento: Câncer localizado: prostatectomia radical (chance de desenvolver impotência sexual e incontinência urinária) e radioterapia (proctite e retite actínica). Câncer disseminado: - Orquiectomia bilateral - Supressão da liberação hipofisária de LH e FSH (administração de estrógenos ou análogos do LHRH) - Bloqueio da ação periférica da testosterona (agentes não esteroidais: finasterida, flutamida, nilutamida, bicalutamida) - Adrenalectomia A próstata normal e as neoplasias da próstata sofrem influências hormonais em função da presença em seu aparato celular de mecanismos sensíveis à ação da testosterona. Por ação da 5-alfa-redutase, a testosterona é transformada no citoplasma das células prostáticas em dihidrotestosterona (DHT), que se liga a um receptor e é transportado ao núcleo celular, onde favorece a síntese de RNA e DNA. Isso estimula a função e a proliferação das células prostáticas, ao passo que a redução dos níveis de testosterona inibe seu metabolismo e sua divisão. Câncer de testículo Raro, acomete homens jovens (15 – 35 anos) Classificação: Tumores germinativos (90%): - Seminomatosos: cresce e se dissemina mais lentamente; - Não-seminomatosos. Tumores não germinativos: linfomas, sarcomas, tumores de Leydig e Sertoli - Seminomas 40 – 45% - Carcinoma embrionário 20 – 25% - Teratocarcinoma 25% - Teratoma 10% - Coriocarcinoma 1% Fatores de risco: criptorquidia, antecedente de tumor testicular contralateral, história familiar (irmão), infertilidade ou subfertilidade. Diagnóstico: Tumoração em testículo (indolor); USG de bolsa escrotal; Marcadores alfafetoproteínas; β-HCG; Desidrogenase láctica. Tratamento: ↑ cura com tratamento multimodal Seminomas: orquiectomia radical via inguinal, radioterapia retroperitoneal (linfadenectomia retroperitoneal – LDNPR – não é recomendada). Não-seminomas: orquiectomia radical via inguinal, linfadenectomia retroperitoneal (LDNPR) é recomendada, quimioterapia. Câncer de pênis Doença maligna rara, acomete a população mais pobre (má higiene). Homens, 20 – 90 anos (pico: 60 – 70 anos) Causas: processo inflamatório crônico, higiene inadequada, HPV. Clínica: esmegma (secreção branca). Diagnóstico: clínico + biópsia Lesões pré-malignas: corno cutâneo, balanite ceratótica, balanite xerótica obliterante e leucoplasia. Histologia: carcinoma epidermóide ou carcinoma de células escamosas. Tumores mesenquimais são raros. Tratamento: depende do grau histológico Graus 1 e 2: crioterapia, creme a base de 5-fluorouracil, laser, quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Grau 3: amputação parcial/total, emasculação (tumores + avançados). DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO MASCULINO
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