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1 CIRURGIA TRAUMA • 1º Pico: • Segundos a minutos • 50% da mortalidade • Causas: • Apneia (TCE / TRM) • Lesão cardíaca ou aorta • ==> Prevenção!!! • 2º Pico: • Minutos até 24 horas • 30% da mortalidade • Lesões c/ potencial de cura • ==> ATLS (golden hour) • 3º Pico: • > 24h • 20% da mortalidade • Causas: • Sepse / TEP / SDMOS • ==> Medicina ATENDIMENTO INICIAL: • 1º Garantir a sua segurança (sinalizar)!!! • Só passar para o passo seguinte se resolver o atual • Sequência ABCDE: • A - Coluna cervical e Via aérea • B - Respiração • C - Circulação e Controle de hemorragia • D - Disfunção neurológica • E - Exposição e Controle do ambiente A - Coluna cervical e Via aérea: • Estabilizar coluna cervical (prioridade!!!) = Colar + Prancha • Via aérea: • Pérvia = Fonação preservada —> Oferecer O2 • Não pérvia = Afastar possibilidade de corpo estranho + Chin lift* ou Jaw Thrust • Via aérea artificial: • Indicações: • Apneia • Proteção VA (vômitos e fratura com sangramento) • Comprometimento iminente das VA (inalação, fraturas faciais ou convulsões) • Incapacidade de manter oxigenação • TCE grave (ECG ≤ 8) • Tipos: • Definitiva = Protege a VA —> balonete na traqueia: • Intubações: Orotraqueal (+ usada) / Nasotraqueal (CI em apneia e trauma de face) • Cirúrgicas: Crico cirúrgica / Traqueostomia (eletivo) • Temporária = Não protege VA —> Crico por punção / Máscara laríngea / Combitubo • Intubação Orotraqueal: • Sequência rápida de intubação: • Etomidato (0,3mg/Kg) • Succinilcolina (1mg/Kg) • Avaliação do tubo: 2 • Visualização • Exame físico (ausculta pulmonar e epigástrica) • Capnografia • Radiografia de tórax • Manobra de Sellick = Diminui o risco de broncoaspiração —> Indicada • Oxigenar antes! / Tentativa = 3x (tentativa = tempo de 1 apneia)!!! • Não consegue intubar (fraturas com distorção anatômica / incapaz de visualizar / sangramento ou edema): • Máscara laríngea ou Combitubo (vias supraglóticas) • Caso não haja / falta de técnica = Crico cirúrgica (CI em < 12 anos ou sufoco = crico punção) • Crico por punção: 40-50 PSI 15L/min O2 / I:E 1:4 segundos / máximo 30-45 minutos (carbonarcose) • Traqueostomia: • Indicada em fratura de laringe (rouquidão, enfisema, fratura palpável) se não conseguir IOT • Não deve ser rotineiramente usada no atendimento inicial pois é mais demorada (proc. eletivo) B - Respiração: • Oferecer O2 para todo paciente a um fluxo de 10L/min • Exame respiratório • Oxímetro de pulso (+ ECG contínuo) C - Circulação e Controle de hemorragia: • Hipotenso = Choque hemorrágico hipovolêmico (tórax, abdome e pelve) • Compressão direta de feridas sangrantes primeiro • Como monitorizar = Oxímetro + Monitor + Cateter vesical • 1º = Acesso venoso periférico (dois) • Não consegue = veia central, dissecção safena, punção intra-óssea (segunda escolha em crianças < 6 anos) • 2º = Reposição com cristaloide (SF 0,9% ou RL) aquecido (37-40º): 1 litro (20ml/kg se criança) —> Se o paciente não recupera após etapa inicial = Hemoderivados ==> Hipotensão permissiva para o paciente não voltar a sangrar • Estimativa de perda volêmica: CLASSE I CLASSE II CLASSE III CLASSE 4 PERDA < 15% 15-30% 30-40% > 40% PA Normal Hipotensão FC < 100 > 100 > 120 > 140 SANGUE Não Talvez Sim Maciça • Transfusão maciça: > 10UI em 24h ou > 4UI em 1h • Ácido tranexâmico (antifibrinolítico): somente se 1ª dose nas primeiras 3 horas (ideal nos 10 minutos) / dose de reforço deve ser feita em 8 horas • Exame físico = Jugular e Pulmão: túrgida (ptx hipertensivo ou tamponamento) / timpanismo (ptx hipertensivo) / macicez (hemotórax) • Diurese: • Adulto (0,5ml/Kg/h) // Criança (1ml/Kg/h) // < 1 ano (2ml/Kg/h) • Através de sondagem urinária 3 • Sangue no meato / hematoma perineal ou escrotal / retenção urinária / fraturas de pelve (próstata cefálica ao TR?) = 1º fazer uretrografia retrógrada • Fratura de pelve: • Fratura em “livro aberto”(open book): • Não é a mais comum ==> Por compresão AP • Faz choque hemorrágico hipovolêmico • Sangramento venoso • Conduta: compressão (lençol ou atadura ao nível do trocanter maior) / fixação externa • Se após fixar o sangramento não parar = Pensar em sangramento arterial —> Conduta: arteriografia com angioembolização • Fratura por forças laterais ou verticais = sangramento arterial e lesão vesical D - Disfunção Neurológica: • Escala de Glasgow • Avaliação de pupilas e extremidades E - Exposição e Controle do ambiente: • Lesões ocultas • Prevenir a hipotermia (volume aquecido, cobrir) *SNG deve ser passada, se fraturas de crânio = orogástrica *RX de tórax AP e pelve AP em trauma fechado TRAUMA DE TÓRAX: 1 - Pneumotórax Hipertensivo: • Causas: • Lesão pleuropulmonar submetida à ventilação com pressão positiva (principal) • Trauma aberto ou fechado • “Lesão em saco de papel” = Ruptura maciça dos alvéolos —> Ar escapa e acumula no espaço pleural • Clínica: • Murmúrio diminuído ou abolido • Timpanismo • Desvio de traqueia contralateral • Turgência jugular • Hipotensão • Diagnóstico = Clínico (se E-fast, pode usar sem comprometer o tratamento) • Conduta: • Imediata = Toracocentese de alívio entre 4-5º EIC anterior à LAM (2º EIC na LHC pelo Sabiston e Crianças) • Definitiva = Toracostomia (drenagem com selo d'água) no 5º EIC anterior à LAM • Drenou e não melhorou = Checar dreno (RX) —> Lesão de brônquio fonte = Diagnóstico: broncoscopia / Conduta imediata: 2º dreno ou IOT seletiva / Conduta definitiva: toracotomia com reparo da lesão / Clínica: borbulhamento intenso do selo d’água + Expansão parcial do pulmão **Se em respirador = Toracostomia 2 - Pneumotórax Aberto: • Lesão > 2/3 do diâmetro da traqueia 4 • Clínica = Timpanismo + Diminuição do MV • Conduta: • Imediata = Curativo em 3 pontas (se fechar total = hipertensivo) • Definitiva = Toracostomia (drenagem selo d'água) no 5º EIC anterior à LAM e depois faz oclusão da ferida 3 - Pneumotórax Simples: • Pequeno (<1/3 ou 20-30% do hemitórax) e Não hipertensivo (sem hipotensão e desvio da traqueia) = Não necessário drenar • Drenar se: transporte aéreo ou VM = Toracostomia 4 - Hemotórax: • Lesão de vasos intercostais ou parênquima “auto-limitado” • Clínica: • MV diminuído • Desvio da traqueia • Hipotensão • Macicez • Jugular colabada • Conduta: • Toracostomia com selo d’agua (sempre!!!) • Toracotomia = Hemotórax maciço: Drenagem imediata >1500ml / Débito >200-300ml por 2-4 horas / Necessidade persistente de transfusão • Toracotomia de reanimação: • PCR pós traumática + Trauma de tórax (penetrante ou contuso) + Sinais de vida (pupilar reagentes, movimentos, ECG com atividade organizada) • Massagem direta / Acessar saco pericárdico / Controle da hemorragia / Clampear aorta distal / Embolia gasosa (?) • Anterolateral esquerda 5 - Tórax Instável: • Definição: Fratura em ≥ 2-3 arcos costais consecutivos em pelo menos 2 pontos de cada arco • Clínica: • Dor • Respiração paradoxal • Hipóxia é causada pela dor + contusão pulmonar**** • Contusão pulmonar: • Principalmente após trauma fechado • Criança faz sem a fratura do arco costal • RX: consolidações difusas (primeiras 24-48h) —> quanto mais precoce, mais grave • ≠ Atelectasia = Ultrapassa as fissuras pulmonares • Conduta: • Suporte (O2 + Analgesia) / Oximetria de pulso / Gasometria frequente • Se hipoxemia apesar do suporte (<90% ou PaO2 <60mmHg) ou fraturas abdominais concomitantes ou doença pulmonar crônica = IOT + VM 5 6 - Tamponamento Cardíaco: • Líquido no espaço pericárdico (150 a 250ml) • Traumatismo penetrante principalmente • Clínica: • Tríade de Beck (30-40%): • Turgência de jugular • Hipotensão • Bulhas hipofonéticas • Pulso paradoxal: redução da PAS > 10mmHg na inspiração• Sinal de Kusmaul: aumento da TJ na inspiração • Diagnóstico: • Clínica + FAST • Tratamento: • Idealmente = Toracotomia + reparo da lesão • Pericardiocentese subxifoideana de alívio (15-20ml) = Conduta imediata • Contusão miocárdica: - Trauma contuso que pega mais o VD. - Clínica: insuficiência ventricular direita (IVD = hipotensão com aumento da PVC), arritmias, bloqueio de ramo direito, taquicardia sinusal. - Diagnóstico: clínica + ECO (disf. VD) + ECG (BRD). - Conduta: observar por 24h na monitorização miocárdica (arritmia pode evoluir para degeneração maligna como FV). 7 - Trauma Aórtico: • Mais comum é a laceração ao nível do ligamento arterioso (no nível da emergencia da subclávia esquerda) em 25% dos casos. • Clínica: pulsos normais em MMSS e diminuídos em MMII • Diagnostico = clinica + imagem: • RX tórax (não é o melhor exame) = mediastino >8cm, perda do contorno aórtico, fraturas dos primeiros AC e escápula (grande energia) e desvio do TOT ou CNG para a direita • Mais usado para confirmar o diagnostico = AngioTC Helicoidal • Padrão outro = aortografia ou arteriografia!!! • Conduta: • Tratar outras lesões, porque em 95% dos casos o hematoma tampona a laceração por 24h • Iniciar betabloq (esmolol, se possível) objetivando uma FC < 80 e uma PAM 60-70 • Tratamento definitivo: toracotomia esquerda ou terapia endovascular* *Diafragma = Videolaparoscopia ou Videotoracoscopia —> Herniação do estômago para o tórax (RXtx com CNG com contraste) TRAUMA DE ABDOME: • Lesões mais comuns: • Contuso (fechado): baço • Penetrante (aberto): delgado (PAF) / fígado (Arma Branca) • Sinal do cinto de segurança = intestino delgado • Laparotomia (abdome cirúrgico): • Trauma penetrante = Choque / Peritonite / Evisceração 6 • Trauma contuso = Peritonite (avaliar confiabilidade do EF = IMAGEM) / Retro ou Pneumoperitôneo • Trauma penetrante NÃO cirúrgico: • Arma de fogo = Laparotomia / Se flanco e dorso ou lesões tangenciais: TC se estabilidade hemodinâmica • Arma branca: • Parede posterior = Não explorar / TC com triplo contraste (se estável) • Parede anterior = Exploração digital da ferida: • Não violou cavidade peritoneal (negativa) = Alta • Positiva / Duvidosa = Observar 24h (Exame físico seriado + Hemograma 8/8h): • Sem alteração = Reiniciar dieta + Alta • Abdome cirúrgico ou Choque = Laparotomia • Leucocitose ou Queda da Hb > 3g/dL = Considerar TC/LPD/FAST antes da Laparotomia • Trauma contuso NÃO cirúrgico: • Avaliar hemodinâmica: • Estável = TC contraste para avaliar o grau da lesão (pode realizar FAST antes —> evitar que fique instável durante TC portanto agilizar o exame) **Mesmo que o FAST seja positivo = Fazer TC!!! • Instável: • Não politrauma (só lesão no abdome —> distensão ou escoriação) = Laparotomia • Politrauma = LPD ou FAST positivos (o sangramento vem do abdome?) —> Laparotomia • Exames para avaliação: • Tomografia = Melhor exame / Exige estabilidade hemodinâmica / Avalia as lesões específicas e o retroperitônio / Não é boa para: lesão de víscera oca e lesão do diafragma • Instável: • Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD): • Mais sensível para detectar sangue / Incisão infraumbilical (se fratura de pelve ou gestante = supraumbilical) • CI em abdome cirúrgico / Relativa: obesidade mórbida, cx abdominal prévia, cirrose avançada e coagulopatias • Focused Assessment Sonography In Trauma (FAST): • Procura líquido livre (> 250ml) • Avalia: Saco pericárdico, Espaço hepatorrenal, Espaço esplenorrenal e Fundo de saco / E-fast: + espaço pleural • Videolaparoscopia: Lesão em transição toracoabdominal / Lesões em diafragma / Exige estabilidade hemodinâmica • Cirurgia para o Controle de Dano: • Prevenir tríade letal = Hipotermia + Acidose + Coagulopatia • Cirurgia inicial breve + Reanimação em UTI (12-72h) + Reoperação planejada • Síndrome Compartimental Abdominal (SCA): • PIA normal = 5-7mmHg • HIA = PIA ≥ 12mmHg (HIA ≠ SCA) • SCA = PIA ≥ 21 + Lesão de órgãos: • IRA / IRPa (dificuldade de ventilação) / Hipotensão / HIC • Tratamento: • HIA III = Conservador: SNG, posição supina, reposição cautelosa, drenagem das coleções intra- abdominais, analgesia, sedação / Descompressão: refratário, IRA, IRPa Positivo se: Aspirado inicial: Pós lavagem: • Gram + • ≥ 10ml de sangue • Hemácias > 100 mil • Conteúdo TGI • Leucócitos > 500 • Fibras alimentares • Bile • Amilase > 175 Classificação HIA: Grau I: 12-15mmHg Grau III: 21-25mmHg Grau II: 16-20mmHg Grau IV: >25mmHg 7 • HIA IV = Medidas conservadoras + Descompressão • Conduta conservadora para lesões orgânicas específicas: • Só com estabilidade hemodinâmica • Condições de intervenção quando necessário (médico, TC, angioembolização) • Sem outras indicações de laparotomia FÍGADO - Conduta conservadora = Paciente estável!!!!!! —> sangramento ativo mas melhorou com angioembolizacao (90% são tratadas assim, independente do grau de sangramento) - Conduta cirúrgica = instabilidade hemodinâmica ou TC com lesão grau VI (avulsão hepática = hepatectomia total e Tx hepático) - Cirurgia: - Lesão simples -> compressa, hemostáticos tópicos ou rafia simples; - Lesão complexas -> ressecção segmentar - Sangramento difuso: manobra de Pringle (Winslow) = complemento do ligamento hepatoduodenal (colédoco, artéria hepática e veia porta) por 30min (soltar e +30min) -> parou: sangramento da artéria hepática ou veia porta; -> não parou: veias hepáticas ou segmento retrohepatico da cava inferior - Dreno: na cirurgia sempre!!! *Tríade de Philip Sandblom = HDA + dor em HD + icterícia —> Hemobilia (Arteriografia!) BAÇO - Quadro clínico: sinal de Kehr (dor referida em ombro na inspiração). - Conduta conservadora: TC com lesões graus I até grau III nas condições se estável - Conduta cirúrgica: instável ou coagulopatia ou TC com lesões graus IV (baço tem 4 letras = grau IV é cirurgia) e V. IV: desvascularização >25% do baco (4 = 1/4) V: baco pulverizado - Cirurgia: sempre a menor possível -> esplenorrafia ou esplenectomia parcia/total (pulverizado). - Dreno: só se houver lesão de cauda de pâncreas!!! - Vacinas: pneumo, meningococo e haemofilus após o 14º dia de PO DUODENO Laceração: - Quadro clínico: retropneumoperitoneo (maior parte do duodeno se encontra lá) = escoliose antálgica, dor lombar irradiando até a região escrotal, crepitação ao toque retal - Sinal radiológico: ar delineando rim (retropneumoperitoneo) / Hiperamilasemia - Conduta: laparotomia. Contusão: - Guidão da bicicleta - Quadro clínico: hematoma da parede duodenal que faz obstrução = obstrução gástrica com náuseas e vômitos - Sinal radiológico: RX contrastado clássico -> mola em espiral ou empilhamento de moedas mas não é o melhor exame. Melhor exame: TC!!! - Conduta: conservadora -> estável e sem peritonite. NPT até o hematoma ou obstrução sair (10-14 dias) e descompressão gástrica. Sem melhora em duas semanas = LAPAROTOMIA. PANCRÊAS - Conduta cirúrgica: maioria das vezes (exceto nos hematomas II e II). - Pior prognóstico = lesão ductal - Cirurgia: - sem lesão do ducto pancreatico principal (II): drenagem + reparo - com lesão do ducto pancreatico principal: -> corpo e causa (esquerda da veia mesenterica superior): drenagem + pancreatectomia distal -> cabeça (direita da veia mesenterica superior): a cabeça compartilha a vascularização com o duodeno -> pegou duodeno ou grave = drenagem + duodenopancreatectomia (Wipple); -> lesão simples = drenagem + reparo. - Drenagem: sempre!!! - Instáveis = Esplenectomia INTESTINO DELGADO - Quadro clinico: sinal do cinto de segurança, pneumoperitoneo ou peritonite (crepitação retal) - Cirurgia: rafia primaria (lesão pequena com <50% da circunferência da víscera) ou ressecção + anastomose primária (>50% da circunferência da víscera) / sempre explorar os hematomas da parede 8 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO: • Escala decoma de Glasgow (ECG): ABERTURA OCULAR RESPOSTA VERBAL RESPOSTA MOTORA 1 Espontânea Orientada Obedece comando 2 Estímulo verbal Confusa Localiza dor 3 Estímulo doloroso Palavra (Inapropriada) Retira o membro (Flexão normal) 4 Ausente Som (Incompreensível) Flexão anormal 5 Ausente Extensão anormal 6 Ausente • Alterações: • NT = Não testado • Não fazer estímulo doloroso = Fazer estímulo de pressão —> Pinçamento do trapézio, extremidade dos dedos, incisura supraorbitária • Localiza = Ultrapassa o nível da clavícula no pinçamento do trapézio no membro testado • Sempre considerar a MELHOR resposta • Classificação: Leve 13-15 / Moderado 9-12 / Grave ≤ 8 ou queda de > 3 pontos da reavaliação • Moderado e Grave = Sempre TC / Leve se: alto risco = vômitos 2x; ECG <15 após 2h; >65 anos; uso de ACO; fratura de base / médio risco = perda de consciência > 5min; amnésia >30 minutos; alta energia ou altura • Glasgow-P: Vai de 1-15 pontos / Mais sensível para ECG limítrofe / Avalia a resposta pupilar e subtrai do valor (ECG - RP): • Ambas reagentes = 0 • Uma pupila reage = 1 • Nenhuma reação = 2 • Choques: INTESTINO GROSSO - Segmento mais afetado: transverso (mais anterior) - Cirurgia: 1) rafia primaria (4 situações tem que estar presentes: <50% da circunferência da víscera E cirurgia precoce, ou seja, de 4-6h E estabilidade hemodinâmica E sem lesão vascular do cólon) 2) ressecção + anastomose primária (estabilidade hemodinâmica mas não preencheu todas as situações acima) 3) Hartmann ou controle de danos: instabilidade hemodinâmica ou cavidade extremamente contaminada (colostomia de proteção e maturação da sutura da anastomose devido não haver transito fecal). RETO - Cirurgia: - 1/3 distal ou lateral ou posterior = COLOSTOMIA DE PROTECAO + DRENAGEM PRÉ SACRA - impalamento: sedação com BZD e retirada ou raquianestesia, sempre investigar para ver se há rachadura = LAPAROTOMIA. Hematoma retroperitoneal - Divide-se em 3 zonas (localizar o hematoma na zona) 1- zona central: aorta e cava. Contuso: explorar (exceto no hematoma retrohepático) 2- zonas laterais: rins e adrenais. Contuso: não explorar (exceto se está expandindo) 3 - zona inferior: vasculatura pélvica Contuso: não explorar (exceto expandindo ou exsanguinando) - Zonas 1 ou ferimento penetrante: explorar sempre!!! * A ausência de pulsos em MMII no contexto de um trauma pélvico perfurante é PATOGNOMÔNICO de lesão de a. ilíaca 9 • Choque neurogênico = hipotenso e queda FC (vasodilatação) • Choque medular = déficit neurológico (flacidez e arreflexia) • Os dois são provocados por lesão medular (um é choque e o outro é pancada)! • Lesões Cerebrais Difusas: Concussão Cerebral Lesão Axonal Difusa (LAD) “Nocaute” “Capotamento" Lesão por desaceleração súbita (+ comum) Lesão por cisalhamento (rotação) + Desaceleração Clínica = Perda súbita da consciência por até 6h (temporária!!!) —> Amnésia, confusão ou convulsão Clínica = Perda súbita da consciência > 6h (imediata e duradoura!!!) —> Glasgow baixo + TC inocente Conduta = Observação • Lesões Cerebrais Focais: Hematoma Subdural Hematoma Extradural Local Espaço subdural Espaço epidural Vaso lesado Veias Ponte Artéria Meníngea Frequência Fatores de Risco Mais comum Atrofia cortical (idoso / alcoólatra / ACO) Mais raro Trauma grave no osso temporal Clínica Progressiva Intervalo lúcido (±60%) Imagem Crescente Biconvexa Cirurgia ≥ 30ml ou ≥15mm (10mm no HSD) e/ou desvio da LM ≥5mm; coma, déficit focal ou anisocoria PLANEJAMENTO E RESULTADO CIRÚRGICO CLASSIFICAÇÃO ASA: • ASA I: Saudável • ASA II: Doença sistêmica sem limitação. EX: HAS e DM controlado sem complicação vascular. • ASA III: Doença sistêmica que limita mas não incapacita (dano funcional). EX: HAS/DM não controlada, IAM prévio • ASA IV: Limita e incapacita. EX: ICC descompensada • ASA V: Moribundo ou morredor (expectativa de vida <24h). EX: ruptura aneurisma Ao. • ASA VI: Morte cerebral e doador de órgãos MEDICAÇÃO DE USO CRÔNICO: Manter (inclusive no dia): • Anti-hipertensivo (exceto diurético) • Corticoide (OBS: fazer doses adicionais de hidrocortisona IV para mimetizar a resposta ao trauma de 8/8h por 24-48h) • Insulina (OBS: NPH 2/3 na noite anterior e 1/2 da dose matinal) • Anticonvulsivantes / Imunossupressores Suspender: • Antiagregante: 7-10 dias (EXCETO: coronariopatas, se não for neurocirurgia) 10 • Anticoagulante oral: 5 dias (operar quando INR ≤1,5; adicionar heparina até antes da cirurgia, se HNF retirar 6h antes e, HBPM, 24h) • AINES: 1-3 dias • Hipoglicemiantes orais: no dia (EXCETO: clorpropamida que tem que retirar em 48h) EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS: • Dependem do paciente e do tipo de cirurgia Com relação ao paciente: • <45 anos: nada • 45-54 anos: ECG para homens • 55-70 anos: ECG + HMG • >70 anos: ECG + HMG + eletrólitos + glicemia de jejum + função renal (ureia e creatinina) • Outros exames na dependência de patologias de base Com relação à cirurgia: • Coagulograma: estimativa de perda >2L, neurocirurgia, cirurgia cardiaca e toracica • RX tórax: cirurgia cardiaca e torácica COMPLICAÇÕES OPERATÓRIAS: Febre: • Perioperatório: • Infecção pré-existente • Reação a droga ou transfusão • Hipertermia maligna: • Síndrome muscular hereditária fármaco-induzida • Exposição a: anestésicos inalatórios e succnilcolina • Abertura de canais de cálcio muscular = HIPERMETABOLISMO MUSCULAR • Hipertermia (eleva 1ºC a cada 5 minutos) • Hipercapnia (altera capnografia e gera acidose) • Rabdomiólise (eleva potássio) • Tratamento: cessar exposição, resfriamento, HCO3, DANTROLENE • Pós operatorio 24-72h: • Atelectasia (ppte na cirurgia torácica ou abdominal) = Mais comum • Infecção necrosante de ferida (strepto pyogenes ou clostridium perfringens) • Pós operatorio >72h: • Infecção: FO (aureus), ITU, pneumonia = Principal causa (mesmo quando respeitado as técnicas) • Parotidite supurativa (aureus) em homem, idoso e com má higiene bucal • TVP Complicações da ferida operatória: • Seroma: • Acumulo de liquido linfatico no subcutaneo da ferida • Benigno • Não complica com infecção de ferida • TTO: curativo compressivo ou aspiração • Hematoma: 11 • Acumulo de sangue e coágulos • Pode infectar • TTO: reabrir se volumoso • Deiscência aponeurótica: • Defeito musculo-aponeurótico • 4º-14º dia com líquido serohemático • TTO: reoperar • Infeccão da FO: • Até 30 dias (ou 1 ano se prótese) após procedimento - Superficial: pele + SC, febre + dor + flogose + pus, TTO é retirar os pontos, drenar e lavar - Profunda: músculo-aponeurótico, clinica igual da superficial, TTO é adicionar ATB - De órgãos e cavidades: mais profunda, febre + distensão + toxemia, TTO é ATB + drenagem • S.aureus é o mais comum em: Ferida cirúrgica sem contaminação endógena / Bateremia nosocomial / Acessos vasculares CICATRIZAÇÃO DE FERIDA OPERATÓRIA: • Fases: 1 - Inflamação (Reativa): exsudato na ferida • Inicio da hemostasia • ↑ Permeabilidade vascular: causada por ↑ histamina e serotonina • Chegam os neutrófilos: fazem a limpeza local por 24-48h • Macrófago (grande maestro da inflamação): libera fator de crescimento e transformação beta (TGF-B = principal citocina) • Linfócitos T após 5º dia: libera IFN-y para estimular o fibroblasto 2 - Proliferação (Regeneração): tecido de granulação (por 4-12 dias)—> Fibroblasto é a célula principal • Fibroplasia: deposição de colageno inicialmente frouxo (tipo II) • Angiogênese • Epitelização 3 - Maturação (Remodelação): bordas contraindo (por 12 dias - 1 ano) • Miofibroblasto é a célula principal = Faz contração da ferida • Colágeno tipo III é substituido pelo tipo I • Fatores que prejudicam a cicatrização: • Infecção: • Causa + comum • >105 bactérias/g ou presença de Estreptococo B hemolitico = Fazer desbridamento (nãovai fechar!) • Idade avançada • Hipóxia: doença vascular / tabagismo / Ht <15% • DM: prejudica todas as fases • Hipoalbuminemia (<2g/dl) e Hipovitaminose A e C Queloide Cicatriz Hipertrófica Causa Excesso de colágeno Limites Ultrapassa os limites da cicatriz Não ultrapassa os limites 12 Queloide Cicatriz Hipertrófica Aparecimento >3 meses Geralmente após 4 semanas Locais + comuns Acima das clavículas, dorso e lobo auricular 15-20% nos negros Áreas de tensão ou superfícies flexoras Regressão Raramente regride! É refratária ao tratamento Espontânea CLASSIFICAÇÃO DE FERIAS E PROFILAXIA ANTIBIÓTICA: • Evitar infecções de ferida operatória (ppte S. aureus) • Grau de contaminação / Esquema terapêutico: TIPO DEFINIÇÃO ESQUEMA LIMPA Não penetra tratos biliar, respiratorio, GI e urinário. EX: hérnias, ortopédicas, cardíaca, neurocirugia Sem ATB-profilaxia Exceto: 1 - incisão óssea 2 - prótese LIMPA- CONTAM INADA CONTAM INADA Penetra de forma controlada (sem extravasamento). EX: colecistectomia por colelitíase Direcionar ATBprofilaxia (durante o ato operatório) Em geral: cefazolina Exceto: 1 - colorretal: cobrir G- e anaeróbio (quinolona+metro) Penetra sem controle. EX: ''ites'' sem pus, trauma recente (<6h de evolução) INFECTA DA ’Ites’' supuradas, trauma antigo, contaminação fecal ATBterapia (até resolver infecção) Fazer: 30-60minutos antes da primeira incisão (níveis adequados já no primeiro corte) GASTROENTEROLOGIA DISTÚRBIOS DO ESÔFAGO: Acalásia: • Jovens (< 40 anos) • Doença insidiosa, com evolução de anos • Pode ser: primária (idiopática, mais comum) ou secundária (Chagas, comum no Brasil) • Suspeitar se: disfagia e perda de peso insidiosos, associados à regurgitação e tosse (principalmente noturna) • Esfíncter Esofagiano Inferior (EEI): • Destruição do plexo mioentérico de Auerbach (na secundária, o Meissner também é destruído) = • Hipertonia do EEI: P > 35mmHg • Perda do relaxamento transitório fisiológico do EEI (característica mais importante!) • Peristalse anormal • Clinica: • Disfagia + Perda de peso (insidiosa) + Regurgitação + Halitose • Diagnóstico: • Esofagografia baritada (abordagem inicial da síndrome disfágica) = Sinal do bico de pássaro • EDA = Pregas convergentes (deve ser feita para o ddx com malignidade = para excluir complicações) 13 • Esofagomanometria (padrão-ouro) = Ausência de relaxamento do EEI / Hipertonia do EEI (> 35mmHg) / Peristalse anormal (aperistalse) • Tratamento: de acordo com a evolução / dilatação • Classificação de Resende / Mascarenhas: • I - até 4cm (sem dilatação no corpo do esôfago) • Estágio iniciais = nitrato / BCC / sildenafil / botox • II - entre 4 e 7cm (pequena a moderada dilatação com ondas terciárias) • III - entre 7 e 10cm (grande aumento de calibre) • Estágios mais avançados = Dilatação pneumática por balão (II) / Cardiomiotomia à Heller + Fundoplicatura para evitar refluxo (III) • IV - maior que 10cm (Dolicomegaesôfago —> FR para CA de esôfago ppte o escamoso) = Esofagectomia • Cirurgia é o melhor tratamento! Espasmo esofagiano difuso: • 2/3 distais do esôfago • Contrações simultâneas • Sexo feminino e com distúrbios psicossomáticos associados (ansiedade e depressão em 80%) • Clínica: • Disfagia • Precordialgia autolimitada (DDx com IAM, através da presença de disfagia durante a precordialgia) • Diagnóstico: • Esofagografia baritada: saca-rolha ou em contas de rosário • Esofagomanometria com teste provocativo: padrão-ouro = Contrações vigorosas (>120mmHg), simultâneas, não peristálticas e prolongadas (>2,5s) que predominam no 1/3 distal • Tratamento: • Nitratos / ACC (anticolinérgicos não são úteis) • Refratários: Miotomia longitudinal Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): • Conceito: clínica ou endoscopia • Fisiopatologia: perda do mecanismo antirrefluxo (EEI com hipotonia ou relaxamento inadequado e JEG - hérnia de hiato) • Quadro clínico: • Esofagiano (sintomas típicos): pirose e regurgitação • Complicações (50%): esofagite / úlcera / estenose péptica (disfagia) / esôfago de Barrett -> não são obrigatórias • Extra-esofagiano (sintomas atípicos): faringite / rouquidão / tosse crônica / broncoespasmo / pneumonia de repetição • Diagnóstico: clínico (pirose + regurgitação) com prova terapêutica • EDA = Indicações (quando houver possibilidade de câncer): • >45-55 anos • Sinal de alarme (disfagia, odinofagia, hemorragia digestiva, anemia e emagrecimento —> mas continuar tratamento com omeprazol) • Refratariedade • Hx prolongada de pirose 14 **Repetir ao final do tratamento se esofagite grau III-V Savary Miller • Classificação de Savary-Miller (EDA): • I - Erosão em única prega • II - Erosões ≥1 prega • III - Erosão em toda circunferência (360º) • IV - Úlcera esofágica ou Estenose péptica • V - Esôfago de Barret • Tratamento: • Medidas comportamentais antirrefluxo: redução de peso / elevar cabeceira / evitar comer 2-3h antes de deitar / eliminar alimentos que pessoalmente causem sintomas • Tratamento medicamentoso: • Objetivo é reduzir a acidez • Duração de 4-8 semanas • IBP em dose padrão (de preferência pela manhã em jejum): omeprazol 20mg / pantoprazol 40mg / esomeprazol 40mg / lansoprazol 30mg • Recorrência: IBP sob demanda ou crônico • Sem melhora: IBP em dose dobrada (2x/dia) por +12 semanas —> Não melhorou mesmo assim = EDA • Cirurgia antirrefluxo: • Indicações: • Refratário (sem melhora com a dose de IBP dobrada) • Alternativa ao uso crônico (recorrência) • Complicação (estenose ou úlcera) • Grande hérnia de hiato • Avaliação pré-cirúrgica: • pHmetria 24h (padrão-ouro: confirmação) • Esofagomanometria (escolha da técnica) • Fundoplicatura: • Total (Nissen): melhor técnica. Evitar se < 30mmHg distal ou <60% de atividade peristáltica • Parcial (anterior ou posterior) • Esôfago de Barrett: • Metaplasia intestinal (epitélio escamoso —> epitélio colunar do tipo intestinal) • EDA: área de cor vermelho salmão • Melhora sintomática (epitélio mais resistente a ácidos) • Principal fator de risco para adenocarcinoma de esôfago (lesão pré-adenocarcinomatosa), que aumenta com sexo masculino, pele branca, tabagismo e obesidade • Diagnóstico: somente por histologia (células caliciformes melhor identificadas pelo corante alcian-blue) • Tratamento: IBP uso contínuo (1x/dia quando <3cm e acima 2x/dia) + • Sem displasia: EDA com biópsia 3-5 anos • Displasia de baixo grau: ablação endoscópica (ou EDA com biópsia 12/12 meses) • Displasia de alto grau (in situ): ablação endoscópica Laceração de Mallory-Weiss: • História de vômitos vigorosos (etilista e gestante) • 5-10% dos casos de HDA 15 • Arterial (mais comum) ou venosa • É mucosa = Sem enfisema (não perfura) • EDA: laceração 2cm da junção esofagogástrica + 1 no cárdia (pequena curvatura) • Maioria tem hérnia de hiato • Tratamento: suporte (90% é autolimitado) Câncer de Esôfago: • CEC / Adenocarcinoma • Fatores de risco: • Tabagismo / Etilismo / Acalásia / Tilose / Bebida quente / Estenose caústica = CEC • DRGE / Barret / Obesidade = Adenocarcinoma • Localização: • CEC: Médio-Proximal • Adenocarcinoma: Distal • Clínica: disfagia progressiva (sólidos -> líquidos) e emagrecimento em meses • Diagnóstico: EDA com biópsia • Estadiamento: • T: USG endoscópico (melhor exame para o estadiamento do T) ± Broncoscopia (para avaliar se lesão é ressecável, porque o USG peca ao avaliar lesões irressecáveis) • T1a - Mucosa • T1b - Submucosa • T2 - Muscular • T3 - Adventícia • T4a - Adjacentes ressecáveis • T4b - Adjacentes irressecáveis (aorta, traqueia, vértebra) • N: USG endoscópico (melhor exame para o estadiamento do N) + TC de tórax • M: TC de tórax + TC de abdome • Tratamento: • Precoce (T1a) =Mucosectomia endoscópica • Padrão (≥ T1b) = Cirurgia: Esofagectomia + Linfadenectomia / QT+RT neoadjuvante (+ recente) • Transtorácica: menor recidiva (boa linfanectomia) / mais complicações • Transhiatal: maior recidiva (linfadenectomia às cegas) / menor complicação • Avançado (T4b ou M1) = Paliação (melhor forma: RT paliativa) Adenocarcinoma Epidermoide Frequência + comum EUA (70%) Mais comum no mundo FR Barret / DRGE Tabagismo / Etilismo / Acalásia / Tilose / Bebida quente / Estenose caústica H:M 15:1 3:1 Sexo e Cor Homem Branco Homem Negro Localização Distal Médio • Tumor benigno mais comum do esôfago = Leiomioma DISTÚRBIOS DO ESTÔMAGO: 16 Doença Ulcerosa Gastroduodenal: • Local: estômago ou duodeno • 90% das úlceras são duodenais e 10% gástricas • Perfuração: parede duodenal anterior • Sangramento: parede duodenal posterior (gastroduodenal) • Fisiopatologia: • Fatores facilitadores: AINE, álcool tabagismo e HP (infecta antro inibindo a produção de somatostatina pelas células D portanto aumentando a produção de gastrina ou infecta tudo causando hipocloridria mas com perda da produção da barreira de mucosa) • Quando não houver AINE ou HP = pensar em Síndrome de Zollinger-Ellison (Gastrinoma): úlceras pépticas múltiplas refratárias (gastrinemia >200-1000 / pH gastrico <2,5 / teste da secretina com aumento da gastrinemia) • Quadro clínico: • Úlcera gástrica: dispepsia piora com alimentação, pode estar associada à perda de peso • Úlcera duodenal: dispepsia piora 2-3h após alimentação e à noite • Diagnóstico: • < 40 anos e sem sinais de alarme: diagnóstico presumido • > 40 anos ou sinal de alarme: diagnóstico por EDA • Toda úlcera gástrica pode ser câncer = biopsiar ao diagnóstico e controle de cura (nova EDA) • Tipos: • Hipercloridria: • Duodenal • Gástrica II (corpo gástrico) • Gástrica III (pré-pilórica) • Hipocloridria: • Gástrica I (pequena curvatura baixa) - mais comum • Gástrica IV (pequena curvatura alta = justaesofágica) • Tratamento: • Reduzir acidez: IBP dose dobrada 4-8 semanas • Afastar os fatores fisiopatológicos • Pesquisar e erradicar HP: • EDA: teste rápido da urease / histologia (padrão ouro) • Sem EDA (sem indicação): urease respiratória* / antígeno fecal / sorologia • Erradicação = 14 dias —> Claritro 500mg 2x/dia + Amox 1g 2x/dia + IBP 2x/dia • Falha = IBP + levo + amox ou IBP + bismuto + metro + tetra • Alergia = IBP + Claritro + levo • Controle de cura: • Úlcera gástrica = nova EDA em 8-12 semanas • HP = 4-6 semanas depois e sem usar sorologia (sempre +) e 14 dias sem IBP = histopatologia ou ureia (quando tratado sempre realizar controle de cura) • Pesquisa do H. pylori = Indicações: • Úlcera péptica mesmo cicatrizada • Linfoma MALT • Gastrite atrófica intensa • Dispepsia funcional refratária • AINE crônico e elevado risco de úlcera (idoso ou usuário de antiagregante) 17 • Adenocarcinoma gástrico • Tratamento cirúrgico: • Indicações: • Refratariedade ou Recidiva = Pesquisar: Erradicou o HP? Usa AINE ou fuma? ZE (dosar gastrina)? • Complicações agudas = Perfuração / Hemorragia refratária / Obstrução • Se hipercloridria = Vagotomia ± Antrectomia • Se gástrica = Retirar a úlcera (câncer?) => Gastrectomia • Úlcera duodenal: • Vagotomia troncular + Piloroplastia: secciona ramo que faz inervação motora do piloro que faz o relaxamento do mesmo, por isso a piloroplastia • Vagotomia troncular + Antrectomia + Reconstrução de trânsito: menor chance de recidiva • Recontrução: B1 (gastroduodenostomia) ou B2 (gastrojejunostomia + alça aferente) • Vagotomia superseletiva (Gástrica proximal): mantida inervação vagal para o piloro, não intervindo no esvaziamento gástrico, possui menor complicação porém pode haver recidiva • Úlcera gástrica: • I - Gastrectomia distal (antro) + Reconstrução à B1 (ou B2) • II / III - Vagotomia troncular + Gastrectomia distal + Reconstrução à B2 (ou B1) • IV - Gastrectomia subtotal + Reconstrução à Y de Roux (gastrojejunostomia sem alça aferente) • Complicações da Gastrectomia + Reconstrução: • Síndrome de Dumping: • Perda da barreira pilórica = Alimento direto ao duodeno (hiperosmolar) • Mais comum em B2 • Precoce (20-30 minutos) = distensão intestinal (mecânico = hipovolemia) —> sintomas gastrointestinais (dor, naúsea e diarreia explosiva) e vasomotores (taquicardia, síncope, palpitação e rubor = liberação de substâncias vasodilatadoras pelos enterócitos) • Tardio (1-3 horas) = hipoglicemia grave (quantidade exagerada de insulina por causa do montante que cai no duodeno, demora para das sintomas porque no começo tem glicose alimentar) • Tratamento: dietético = fracionar refeições / deitar logo após a alimentação / pode ser usado acarbose e octreotide • Gastrite alcalina (gastropatia por refluxo biliar): • Retorno de conteúdo biliar e pancreático para o estômago, provocando gastrite • Mais comum em B2 • Clínica: dor contínua, sem melhora com vômito (bilioso) • Tratamento: transformar em Y de Roux mantendo 50-60cm entre anastomose/ colestiramina (quelante de bile)? • Síndrome da alça aferente: • Somente em B2 • Particularmente quando a alça é deixada com mais de 30-40cm • Angulação da alça aferente = Semi-obstrução • Clínica: dor abdominal com cólicas epigástricas que piora no pós-prandial e melhora com vômitos (biliosos sem alimentos e em jato) • Tratamento: transformar em Y de Roux • Complicações: • Perfuração / Obstrução / Sangramento (mais comum e maior mortalidade) • Úlcera de duodeno posterior é a que mais sangra (gastroduodenal) / anterior é a que mais perfura • Tratamento do sangramento: terapia clínica e endoscópica 18 • Suspender AINE / IBP / Tratar HP + • Classificação de Forrest: CLASSE ASPECTO RISCO DE RESSANGRAMENTO TRATAMENTO I A - arterial B - babando Alto (90%) 1 - IBP IV + Endoscopia (química, térmica ou mecânica). *IIb = na dúvida, tratar de forma agressiva 2 - Cirurgia: • Falha endoscópica (2 tentativas) • Choque (refratário com > 6 CH ou hemorragia recorrente) • Sangramento pequeno e contínuo (transfusão > 3U/dia) II A - vaso visível Alto (50%) B - coágulo Intermediário (30%) C - hematina Baixo (10%) III Base clara Baixo (< 5%) • Se úlcera duodenal = 4 etapas: 1. Pilorotomia 2. Ulcerorrafia 3. Piloroplastia 4. Vagotomia troncular • Se úlcera gástrica: gastrectomia dependendo da localização da úlcera + B1/B2/YRX Câncer de Estômago: • Principal = Adenocarcinoma • Fatores de risco: Idade / Dieta (nitrogenados) / H pilory / Gastrite atrófica / Gastrectomia (exceto bariátrica) / Tabagismo • Clínica: Dispepsia + Sinais de alarme (icterícia, emagrecimento, melena, idade > 40 anos) / Saciedade precoce e epigastralgia • Estadiamento: • Clínico (linfonomegalia = N1): • Virchow (supraclavicular E) / Irish (axilar E) / S. Mary Joseph (umbilical) / Blumer (fundo de saco) / Krukenberg (ovário) • Diagnóstico: • EDA + Biópsia (4-6 fragmentos) dos bordos + Citologia do escovado —> Classificações: • Estadiamento: • Ascite = Videolaparoscopia p/ coletar material • T: • USG endoscópica • T1 - Submucosa (precoce) • T1a - Mucosa • T1b - Submucosa • T2 - Muscular • T3 - Subserosa • T4 - Serosa ou adjacentes • N: • USG endoscópico + TC abdome • N1 - 1 a 2 / N2 - 3 a 6 BORMANN (Macroscópica) I - Polipoide II - Ulcerado (bordos nítidos) III - Ulcero-Infiltrativo (bordos não nítidos) IV - Infiltrante (linite plástica) 19 Flávia Bresciani Medeiros • N3 - ≥ 7 / N3a - 7 a 15 linfonodos • N3b - > 15 linfonodos (tem que ressecar pelo menos 16 linfonodos) • M1: • TC de tórax + TC de abdome + Laparoscopia (fazer se caso o paciente ainda seja ressecável para confirmar ressecabilidade) • Laparoscopia sem sinal de doença avançada = Ressecar no mesmo tempo • Laparoscopia com sinalde doença avançada = Coletar material • MTX à distância • Tratamento: • Precoce (T1a) = Mucosectomia EDA • SOMENTE: não ulcerado / intestinal / < 2cm / sem linfonodos • Padrão (≥T1b) = Gastrectomia + Linfadenectomia D2 (> 15 linfonodos) • Proximal ou Médio = Total (corpo / difuso) + Reconstrução à YRX • Distal = Subtotal (antro) + Reconstrução à B2 • T3 (serosa) ou N+ = QT/RT adjuvante • Avançados = QT neo + Cx + QT adjuvante • Avançado (M1) = Paliação *Paraneoplásicas: Laser-Trelat (ceratose seborreicas) / Trousseau / Acantose / Dermatomiosite *Precoce = limitado a mucosa e submucosa independentemente do acometimento de linfonodos *Borrman tipo III é o mais comum DOENÇAS DO DELGADO E CÓLON: Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): Retocolite Ulcerativa Doença de Crohn Aspectos Reto-Cólon / Mucosa (submucosa) Padrão contínuo e ascendente Eritema / Pseudopólipos Criptite Boca-ânus / Transmural Padrão descontínuo Pedras em calçamento / Úlceras aftoides Granuloma não-caseoso = patognomônico Sorologia p-ANCA ASCA Extra- intestinal Pioderma gangrenoso: RCU > DC Colangite esclerosante Artrite / Espondilite anquilosante: DC > RCU Eritema nodoso: DC> RCU Cálculos (biliares ou renais) Uveíte Complicações Megacólon / Câncer* Fístulas / Estenose / Doença perianal / Câncer • Bimodal (jovem e idoso) • Clínica: diarréia invasiva, perda de peso, anemia de doença crônica • História familiar é o fator de risco mais importante • Fatores protetores: apendicectomia (RCU) e amamentação • Associada com outras doenças autoimunes • Atividade da doença = eritema nodoso e artrite periférica Lauren (Microscópico) INTESTINAL DIFUSO Gastrite atrófica e Anemia perniciosa Familiar Sangue A Homem / Idoso Mulher /Jovem Diferenciado Indiferenciado Mais comum Anel de sinete Borrmann 1-3 Borrman 3-4 Hematogênica Linfática Melhor prognóstico Pior prognóstico 20 • Doença de Crohn: • Localização: boca ao anus (íleo terminal é a loc mais comum) • Transmural • Não contínua • Clínica: diarreia + dor abdominal + emagrecimento • Relacionada ao tabagismo • Faz fístulas e complicação sistêmica • Complicações: fistulas, abscessos, estenoses e fissuras • Manifestações extraintestinais: • Cutânea: Eritema nodoso = atividade de doença • Hepatobiliar: Cálculo biliar • Articular: Artrite periférica • Renal: Nefrolitíase (disabsorção faz com que gordura se ligue ao cálcio, sobrando e absorvendo mais oxalato) • Diagnóstico: • Ileo-colonoscopia = Pedras de calçamento / Úlceras aftóides (primeira manifestação) • Biópsia = Granuloma não caseoso (específico, em 30% dos casos) • Sorologia = ASCA+ • Tratamento: • Leve a moderada (step up): • Remissão = Derivados 5-ASA -> Corticoide (local ou oral) -> Imunomodulador ± biológico • Manutenção = Derivados 5-ASA -> Imunomodulador ± biológico • Moderada a grave (top down): • Remissão e Manutenção = Imunobiológico (anti-TNF) + Imunossupressor • Fístula = Biológico + ATB • Cirurgia: • Não é curativa = Síndrome do intestino curto —> Por isso, somente operar nas complicações • Indicação: obstrução intestinal (estenose) / perfuração intestinal (fístula) / abscesso (tamponamento de perfuração) / hemorragia maciça / megacólon tóxico • Ressecção local/segmentar com anastomose • Retocolite ulcerativa: • Localização: cólon esquerdo + reto • Acomete somente até a submucosa • Contínua e ascendente (começa no reto) • Maior predisposição ao CA de cólon (>8 anos de doença e pancolite) • Clínica: colite disentérica • Manifestações extraintestinais: • Cutânea: Pioderma gangrenoso • Hepatobiliar: CEP • Diagnóstico: • Colonoscopia = Mucosa eritematosa, friável, edemaciada / Pseudopólipos • Biópsia = Criptite • Sorologia = p-ANCA+ • Tratamento: • Leve (colite distal): 21 • Remissão = Mesalamina retal -> Corticóide -> Biológico • Manutenção (se necessário) = Mesalamina retal -> Biológico • Grave (pancolite): • Remissão = ATB + corticoide venoso -> Biológico ou ciclosporina • Manutenção = Mesalamina retal -> Biológico ou ciclosporina • Cirurgia: • Tratamento curativo • Indicada: casos refratários / displasia ou câncer / complicações (megacólon —> ATB+corticoide ou ciclosporina e excluir pseudomembranosa, sangramento maciço) • Eletiva = Protocolectomia com IPAA (bolsa ileal + anatomose anal) = pode complicar com bolsite e obstrução de delgado • Urgência = Colectomia à Hartmann (colostomia + coto retal) Síndrome de Polipose Intestinal: Tipos Características A PAF Retinite pigmentosa / Qualquer TGI / >100 pólipos adenomatosos Gene APC mutante = 100% de CA até 45 anos Retossigmoidoscopia (aos 10 anos) Colectomia profilática D Gardner Osteomas (mandibular) / Dentes supranumerários / Tumores desmoides E N O Turcot Tumor SNC (meduloblastoma) M A H Peutz-Jeghers + Manchas melanóticas / Pólipos em todo TGI / Intussuscepção / Hematoquezia / Anemia / Não segue sequência adenoma-carcinoma / Risco baixo de CA de cólon A M Polipose Juvenil Criança / Anemia / Hematoquezia A R Cowden Tumores faciais / Hiperceratose palmo-plantar T O Cronkhite Canada Não hereditária / Rara / >50-60 anos / Alopécia / Distrofia ungueal / Japoneses M A Câncer Colorretal: • Adenocarcinoma • Sequência Adenoma-Carcinoma por mutação do gene APC (95%) —> Mutação esporádica na maioria (se familiar = PAF) • Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) • Não polipoide hereditário (não relacionado com APC) = Síndrome de Lynch: • Critérios de Amsterdam: • Câncer < 50 anos • ≥ 3 familiares (um de 1º grau) • Pelo menos 2 gerações consecutivas • Sem síndrome de polipose • Lynch 1 = Colorretal • Lynch 2 = Colorretal + Endométrio* + Ovário + Estômago + Pâncreas + Trato urinário superior • ADENOCARCINOMA: • FR: Idade / HF / Síndromes hereditárias / DII 22 • Clínica: • Cólon D: melena / anemia / massa palpável • Cólon E: alteração do hábito intestinal • Reto: hematoquezia / fezes em fita • Diagnóstico: • Colonoscopia + Biópsia • CEA: marcador tumoral para seguimento caso elevado no pré-op (não é diagnóstico) • Rastreamento = Colonoscopia ou Retoscopia: • Geral: ≥ 50 anos (ou 45 anos) a cada 10 anos • Situações especiais: • HF: ≥ 40 anos ou 10 anos antes = Colectomia segmentar • Lynch I e II: ≥ 20 anos = Colectomia total • PAF: ≥ 10-12 anos com Retoscopia = Colectomia total • Portador negativo = Reto 1-12 anual até 35-40 anos • Portador positivo = Fazer teste nos parentes: • Teste positivo = Retos até os 40 + EDA até os 20 • Teste negativo = Encerrar • Tratamento: • Padrão = Colectomia com margem + Linfadenectomia • ± QT —> Se: invadir subserosa ou N+ (II c/ lesão de alto risco ou III) • Mesmo na presença de metástase sempre opera • RETO: • Diagnóstico precoce: USG transretal (RM para avaliar mesorreto) • Acima da LP: ADC / Abaixo da LP: Epidermoide* • Fatores de risco: Tabagismo, HPV, Imunodeficiencia • Disseminação: metástases para pulmão* e linfonodos inguinais (veia retal vai para circulação sistêmica) • Estadiamento: Linfonodos inguinais + TC tórax + RNM pelvica • Precoce (T1) = Excisão endoscópica (alto) ou local (baixo) • Padrão (≥ T3 / mesorreto + / reto baixo / N+) = QT + RT neoaduvante (Nigro) • Distância da margem anal: • ≥5-6 cm (reto alto) = RAB (ressecção abdominal baixa + excisão total do mesorreto) + Anastomose ± Ostomia de proteção —> Objetiva preservar o mecanismo esfincteriano • <5-6 cm (reto baixo = TR) = Miles (ressecção abdomino-perineal + excisão total do mesorreto) + Colostomia definitiva ou terminal • QT adjuvante = Sempre que fizer Neoadjuvância / Estágios II e III que não receberam neoadjuvância • Excisão Local Transanal = Indicações: • Polipoide / <4cm / Reto baixo / <40% da circunferência • T1 ou T2 (não invade a muscular própria)/ Sem invasão linfática ou contiguidade Doença Diverticular dos Cólons (DCC): • Presença de divertículos no cólon • Epidemiologia: • Ocidente (dieta rica em proteína e carboidratos e pobre em fibras) • Aumento da pressão colônica / Idosos / Maioria é assintomático 23 • Falso (mucosa + submucosa) • Mais comum no sigmoide (conteúdo fecal mais duro) • Não é fator de risco para CCR!!! • Principal causa de HDB • Melhor exame = Colonoscopia / Exame complementar = Clister opaco • Complicações: Hemorragia (cólon D, 15%) / Diverticulite (cólon E, 25%) • Diverticulite Aguda: • Microperfurações (sem muscular para proteger) com abcesso pericólico • Quadro clínico se dá por causa da peridiverticulite (depois que perfura) • Fisiopatologia: Obstrução (fecalito) —> Acumulo de secreção e proliferação bacteriana • Clínica: • Apendicite do lado esquerdo (dor FIE insidiosa) • Febre em ≥50 anos • Dor por alguns dias (insidiosa) e recorrente • Hx de constipação crônica • Classificação de Hinchey: • I: abcesso pericólico (A - fleimão e B - abscesso) / II: abcesso pélvico • III: peritonite purulenta (sem perfuração intestinal) • IV: peritonite fecal (com perfuração intestinal) • Diagnóstico: • Clínico (se clássico) / Dúvida = TC • Evitar colonoscopia e clister opaco imediatos = Colonoscopia após 4-6 semanas sempre (excluir CA de retossigmoide) • Fístula colovesical: mais comum em homens / pneumatúria • Tratamento: • Sempre fazer ATBterapia • Avaliar complicação (abscesso, peritonite ou obstrução): • Sempre operar (nem sempre no primeiro momento) • Abcesso (H1 ≥ 4cm ou H2): drenagem guiada por TC + ATB IV + colono 4-6 semanas + cirurgia eletiva (sigmoidectomia com anastomose primária) em 6-8 semanas • Peritonite / Obstrução total: cirurgia de urgência (sigmoidectomia à Hartmann = sigmoidectomia + colostomia terminal + fechamento retal) / Opção para H3 = lavagem laparoscópica e drenagem • Sem complicação: • Sintomas mínimos: ATB VO + dieta líquida • Sintomas exuberantes (febre mais elevada, prostração, sem alimentação, descompressão dolorosa): ATB IV + HV + Dieta zero • Indicação de cirurgia: imunodeprimido, incapaz de excluir CA, fístula, 3 episódios não complicada (antiga) e menos de 50 anos (antiga) Apendicite Aguda: • Principal causa de abdome agudo não traumático (inclusive em gestante) • 50% está no ponto de McBurney • Aderido ao ceco na confluencia das tenias, com fundo cego • Localização: retrocecal • Fisiopatologia e clínica: • Obstrução da luz do apêndice (fecalito, hiperplasia linfoide, neoplasia e áscaris) 24 • Acumulo de secreção e bacterias • Distensão e proliferação bacteriana (B. flagiles, E. coli são os mais comuns) = inflamação com dor periumbilical inespecífica (peritônio visceral) • Isquemia (12-24h) = dor localizada em FID (peritônio parietal) • Clínica: • Dor periumbilical que migra para FID • Anorexia* / náuseas / vômitos / febre baixa / disúria podem estar associados (febre alta fala a favor de complicação) • Complicada: plastrão e peritonite difusa • Sinais clássicos: • Sinal de Blumberg: descompressão brusca dolorosa do McBurney • Sinal de Rovsing: dor na FID após compressão da FIE ou peristalse reversa • Sinal de Dunply: dor na FID que piora com a tosse • Sinal do Obturador: dor hipogástrio com a rotação interna da coxa direita flexionada (Ap pélvica) • Sinal do Psoas: dor a extensão da coxa direita com o paciente em decúbito esquerdo (retrocecal) • Sinal de Lenander: temperatura retal > temperatura axilar em pelo menos 1 grau (pélvico) • Sinal de Lapinsky: dor a compressão da FID enquanto eleva MID (apêndice retrocecal) • Sinal de Marckle: chocar calcares no chão • Sinal de Ten Horn: tração testiculo direito • Diagnóstico: • Clínico em alta probabilidade (história clássica, homem jovem) • Probabilidade intermediária ou dúvida (criança, idoso, mulher) = Imagem • Idoso / Homem / Não gestante = TC é padrão-ouro (sem contraste ou venoso) • Criança / Gestante = USG ou RM (caso USG inconclusiva na gestante) —> USG com apêndice em alvo (> 7mm e não compressível), sem conseguir comprimir via transdutor • Suspeita de complicação (massa ou tardio com > 48h) = Imagem • Leucocitose > 20000 sugere perfuração / EAS com bacteriuria e hematuria macroscópica sugerem litíase renal • Tratamento: • Simples (sem complicações e < 48h) = Hidratação + ATB profilático + Apendicectomia • Peritonite = cirurgia de urgencia • Suspeita de complicação (massa ou ≥ 48h) = ver imagem • Sem complicações = Apendicite simples • Abcesso: Drenagem percutânea + ATBterapia 7-14 dias + Colonoscopia em 4-6 semanas (afastar CA) ± Apendicectomia tardia/de intervalo (6-8 semanas, se recorrência ou fecalito) • Fleimão (coleção pequena não puncionável): ATBterapia 7-14 dias + Colonoscopia em 4-6 semanas ± Apendicectomia tardia/de intervalo (6-8 semanas) • Peritonite difusa: medidas gerais + ATB + cirurgia • Cirurgia = tendência à videolaparoscopia (mesmo na peritonite, preferir em mulheres férteis, duvida diagnostica, obesos e perfuração) —> única contraindicação é a instabilidade hemodinâmica (laparotomias tem menor incidência de abscessos abdominais) • Diagnóstico diferencial: • Linfadenite mesentérica: história de IVAS ou diarreia com dor abdominal, aumento de linfonodos na raiz do mesentério • Diverticulite de Merckel 25 • Apendagite (apendicite epiplóica): torção sobre o próprio eixo provocando isquemia da gordura, evolução de 5-7 dias, não é cirúrgico • Apêndice normal durante cirurgia = afastar outras causas —> Tendência atual é apendicectomia incidental Obstrução Intestinal: • Parada de eliminação de gases e fezes + Dor abdominal + Distensão abdominal Local Radiografia Etiologias DELGADO Distensão Central Empilhamento de moedas Bridas (+ comum) / Hérnia Íleo biliar (Rigler: aerobilia + cálculo ectópico + distensão delgado) CÓLON Distensão Periférica Haustrações colônicas Câncer (+ comum) / Volvo de sigmoide • Volvo de sigmoide: • Torção sobre o próprio eixo • Obstrução em alça fechada (oclusão em 2 pontos simultaneamente) • Evolução com isquemia acontece mais rápido porque não consegue aliviar pressão • Porém o melhor e maior comum exemplo de obstrução em alça fechada é obstrução colônica em válvula ileocecal competente • Área com maior risco de ruptura = ceco • Imagem (RX simples ou contrastado): grão de café / U invertido / bico de pássaro • Idosos institucionalizados com ou sem doenças neurológicas e psiquiátricas • Não complicado: descompressão colonoscópica (colono ou retossigmoidoscopia) se volvo de sigmoide (ceco = cirurgia) + sigmoidectomia eletiva (evitar recidiva), antes fazer colonoscopia para descartar neoplasia • Complicado (estrangulamento / isquemia): cirurgia imediata (sigmoidectomia à hartmann) • Mais comum em sigmoide e ceco • Íleo biliar e Síndrome de Bouveret: • Imagem: distensão de delgado + cálculo ectópico + pneumobilia = TRÍADE DE RIGLER • Tem que ter colelitíase, com cálculo impactado no infundíbulo = Fístula intestinal com passagem do cálculo para íleo distal (Íleo biliar) ou duodeno / piloro (Bouveret)!!! • Melhora os sintomas de colecistite • Mais comum em idosos e mulheres • TTO: enterolitotomia + colecistectomia em segundo tempo (se jovem e hígido, pode ser no mesmo momento) • Intussuscepção intestinal: • Criança é idiopático, no adulto geralmente por câncer ou pólipo • Principal causa de Obstrução na Infância • Clínica: dor abdominal + massa palpável (salsicha) + fezes em framboesa (mucosa) • Mais comum na válvula íleocecal • Crianças de 3 meses - 6 anos (pico aos 2 anos), mais em meninos • Diagnóstico: clínica ± imagem (RX / USG / enema / TC no adulto) • Tratamento: redução com enema com bário ou ar (pressão contrária a peristalse) ou endoscopia / se refratário (3x) ou neoplasia(adulto) = cirurgia (+ apendicectomia) 26 • Tratamento: • Suporte clínico: SNG / DHE / HV / analgesia • Observar se obstrução parcial (24-48h) —> diarreia paradoxal • Avaliar cirurgia de imediato (laparotomia) se: estrangulamento (instável) ou obstrução total • Funcional: comprometimento da função motora —> Presença de fezes na ampola retal ÍLEO PARALÍTICO SÍNDROME OGILVIE (pseudobstrução colônica aguda) LOCAL Todo intestino Somente o cólon (ppte ceco e colon ascendente) CAUSAS Pós-operatório (fisiológico), drogas (opióide), DHE (hipoK), processos inflamatórios *Delgado é o que volta a funcionar + rápido no pós-op (cólon até 72h) = investigar após 48-72h Pacientes graves, trauma, sepse, processos inflamatórios, doença cardíaca CLÍNICA Distensão, dor difusa e vômitos Incapacidade de tolerar dieta RX com distensão difusa Distensão abdominal e peristase presente (delgado continua funcionando) TTO Excluir causa mecânica / NPO, SNG, HV, DHE, suspender drogas (opioide) Excluir causa mecânica / Suporte (SNG e tubo retal) + neostigmina 2,5mg IV (estimula o parassimpático) / Colonoscopia descompressiva se diâmetro > 11-13cm PÂNCREAS: Pancreatite Aguda: Causas Biliar (30-60%) / Alcoólica Diagnóstico (+2) Clínica: dor abdominal típica + naúseas e vômitos Laboratório: amilase e lipase (+ específica) >3x LSN Imagem: TC com contraste (ideal é 48-72h p/ detectar necrose) Gravidade Ranson ≥3 APACHE II ≥8 BISAP ≥3 PCR >150 (após 24-48h) Leve: sem falência orgânica ou complicações Moderamente grave: falência orgânica transitória ou complicação local Grave: falência orgânica persistente Tratamento Leve = Dieta zero / Analgesia / Suporte Grave (CTI) = Suporte intensivo / Nutrição / CPRE (se: colangite ou icterícia progressiva) Complicações Coleção Fluida Aguda: ≤4 semanas / expectante Necrose: estéril ou infectada (ATB imipenem + necrosectomia) Pseudocisto: >4-6 semanas / não epitelizado / sintomático = drenagem transgástrica CVL Leve = Antes da alta Grave = Aguardar (eletiva) • Causas: • Biliar (30-60%) / Alcoólica (15-30%) • HiperTG / Medicamentosa (ácido valproico / estrogênio / azatioprina) 27 • Pós-CPRE / Trauma (crianças) / Auto-imune (IgG4) / Idiopática / Escorpião Tytius trinitatis • Sinais semiológicos: não são patognomônicos, raros, indicam maior gravidade • Cullen (periumbilical) • Grey-Turner (flancos) • Fox (base do pênis) • Diagnóstico (≥2 dos abaixo): • Clínica: dor abdominal em barra / náusea / vômitos • Laboratório: amilase e lipase (mais específico) > 3x LSN • Imagem: TC (padrão-ouro) + USG (colelitíase) • Enzimas: • Amilase 160 UI / Lipase 140UI • Inespecíficas • Valores não acompanham gravidade • Amilase: volta ao normal em 3-6 dias • Lipase: volta ao normal em 7-8 dias, mais específica e marcador de quadro mais prolongada e se permanece elevada após 1 semana, desconfiar de complicação • AST > 150 = biliar • TC: ideal é 48-72h de evolução / se sinais de complicação • Abordagem: • Definir causa e gravidade: • Causas: • Biliar: avaliar CPRE • Alcoólica: exacerbação de um quadro crônico • Medicamentosa: suspender a droga responsável • Gravidade: • Atlanta: • Disfunção orgânica (choque, IR, IRpA) • Complicação local (necrose, abscesso) • Complicação sistêmica (CIVD, Ca < 7,5mg/dl) • Ranson ≥ 3 (admissão e 48 horas) • APACHE II ≥ 8 (avaliação imediata, mas paciente tem que estar em UTI) • Bisap ≥ 3 (BUN, redução consciência, SIRS, > 60 anos, derrame pleural) • PCR > 150ng/ml (> 48h) • Definir o tratamento: • Leve = Repouso + NPO + Analgesia com opioide (meperidina) + HV + Eletrólitos + Suporte • Grave (leve + CTI): • Reanimação volêmica (diurese 0,5ml/kg/h) • Suporte nutricional: enteral (estável) x NPT • Associada a colangite ou obstrução = CPRE • Se colangite grave = imediata • Se não supurativa = após estabilização • Acompanhar as complicações: • Coleção fluida aguda (30-50%): ≤4 semanas / conduta expectante / se infectado (piora discreta do quadro) = punção + ATB • Necrose pancreática (gás na TC): 28 • Estéril: sem indicação de ATB • Infectada (piora importante do quadro): punção + necrosectomia + imipenem • Pseudocisto pancreático (15%): > 4-6 semanas / aumento de amilase ou massa palpável / não epitelizado (pseudo) / tratamento é sintomáticos ou EDA (drenagem transgástrica) se complicação • Antes da alta hospitalar: • Dor controlada + Alimentação normal • Colecistectomia: • Leve = mesma internação • Grave = após 6 semanas * Revisão critérios de Atlanta: - Pancreatite Leve: sem falência orgânica ou complicações - Pancreatite Moderadamente Grave: falência orgânica transitória (< 48h) ou complicação local isolada - Pancreatite Grave: falência orgânica persistente apesar do tratamento Pancreatite Crônica: Causa Alcoólica Clínica Dor abdominal / “Comeu doeu”/ Emagrecimento / Esteatorreia (disabsorção) / DM Diagnóstico Padrão-ouro = Histopatológico TC = Mais utilizado —> Calcificações, dilatação e atrofia Teste da secretina = Teste funcional (+ avançado) Classificação Ducto dilatado = Grandes ductos (masculino / microcalcificações) Não dilatado = Pequenos ductos Tratamento Interromper álcool e tabagismo Esteatorreia: enzimas + IBP + dieta DM: hipoglicemiantes orais ou insulina CPRE: estenose e cálculos Dor = Analgesia escalonada —> Refratário: Cirurgia p/ grande ducto (>7mm) = Pancreatojejunostomia L-L (Puestow modificado -> Partington-Rochelle) • Inflamação, fibrose e atrofia do pâncreas • Principal causa: álcool (70-80%) • Perda da função exócrina e endócrina • Clínica: • Dor abdominal + Insuficiência pancreática • Dor epigástrica, pós-prandial • Insuficiência: tardia (90% do parênquima) = Esteatorreia / Diabetes • Diagnóstico: • Labs sem aumento de amilase e lipase • TC / RM / USG = atrofia e calcificações • Funcionais: teste da secretina (mais sensível) e elastase fecal • Tratamento: • Abstinência / Analgesia / Insulina • Enzimas pancreáticas + IBP (inibir a secreção ácida para ativar) / CPRE • Refratário (principalmente dor): analisar ducto pancreático = Dilatado (grande ducto) ou Não dilatado (pequeno ducto) 29 • Grande ducto (> 7mm) = Pancreatojejunostomia latero-lateral (Puestow modificada) Câncer de Pâncreas: FR Idade / HF / Tabagismo / Negros Tipo Localização Adenocarcinoma ductal (80%) Clínica Cabeça = Icterícia + Sinal de Courvoisier Corpo e causa = Dor abdominal (invasão do plexo celíaco) + Emagrecimento DM súbito Sinal de Trousseau: tromboflebite migratória Macardor CA 19.9 Diagnóstico Clínica + TC Se não ressecável - Biópsia Tratamento Se ressecável (sem metástases e invasão vascular <180º) = Ressecção Cabeça = Whipple / Corpo e causa = Pancreatectomia corpo-caudal (distal) + Esplenectomia FÍGADO E VIAS BILIARES: Tumores Hepáticos: • Benignos = Adenoma / Hemangioma / Hiperplasia Nodular Focal • Malignos = Metástases do TGI / Hepatocarcinoma • Diferenciação = TC dinâmica (trifásica) • Captação arterial: • Sem contraste = aorta e tumor hipodensos • Arterial = aorta hiperdensa e tumor com hiperdensidade periférica • Portal = aorta hipodensa e tumor com hiperdensidade periférica centrípeta • Equilíbrio = aorta hipodensa e tumor hiperdenso homogêneo sem wash-out • Wash-Out (= lesão hipervascularizada): • Arterial = Captação total no tumor —> Hipervascularizada = Maligna • Portal = Tumor sem contraste —> Hipervascularizada = Maligna • Benignos: HEMANGIOMA HNF ADENOMA IDADE Mulher jovem (+ comum) Mulher jovem Mulher adulta ASSOCIAÇÃO Kasabach-Merritt (coagulopatia + trombocitopenia + hemangiomas congênitos) Sem associação ACO e anabolizantes COMPLICAÇÃO Benigno Benigno Ruptura (sangramento)Malignização FASE ARTERIAL Periférica centrípeta Cicatriz central Heterogênea rápida WASH-OUT Não Não Sim FÍGADO Normal Normal Normal 30 HEMANGIOMA HNF ADENOMA CONDUTA Conservador Conservador Cirurgia > 5cm • Malignos: • Metástases: • Múltiplos nódulos pequenos hipocaptantes (hipercaptantes = rim / mama / melanoma) • Tratamento: paliativo / CCR avançado: + metastasectomia (avaliar função hepática residual) • CHC: • FR: Cirrose / Hepatite B • Clínica: Dor abdominal / Hepatomegalia • Diagnóstico: AFP (≥ 400ng/ml) + TC dinâmica (Wash-Out + Cirrose) com lesão hipervascularizada OU tumor ≥ 2cm em dois exames de imagem diferentes (fora isso = biópsia) —> Critérios de Barcelona • 75% dos CHC tem AFP > 20ng/ml • Tratamento: • Avaliar função hepática residual: • Lesão única limitada (Child A sem HP) = Hepatectomia • Sem função hepática residual = Critérios de Milão: • Lesão única < 5cm • Até 3 lesões < 3cm • = Transplante hepático • Lesão irressecável = Sem função hepática residual + Sem critérios de Milão —> Paliação (ablação, quimioembolização e sorafenib) Colelitíase: • Definição: cálculos na VB • Prevalência de 10-15% • Clínica: • Maioria é assintomático (80%) • Episódios de dor recorrentes, que duram menos que 6h (obstrução <6h) • Sucede libação alimentar gordurosa • Pode irradiar para escápula ou ombro direitos • Diagnóstico: USG (sensibilidade 95% / especificidade 98%) = imagem hiperecogênica + sombra açústica posterior (≠ pólipo de vesícula) • Complicação: colangite, hidropsia, coledocolitiase, síndrome de Mirizzi, colecistite*, pancreatite • Tratamento: • Sintomático = Colecistectomia Laparoscópica • Assintomático = Operar se: • Vesícula em porcelana (CA vesícula) • Associação com pólipo ≥1cm (CA vesícula) • Cálculo >2,5-3cm (CA vesícula) • Anemia hemolítica e Anomalias congênitas • Obs: lama biliar tem como fatores de risco = gravidez, uso de ceftriaxone, octreotide, perda rápida de peso, jejum prolongado, NPT 31 Colecistite Aguda: • Definição: inflamação por obstrução duradoura da vesícula causa por cálculo impactado no cístico • Clínica: • Dor que dura mais que 6h • Febre: inflamação e infecção bacteriana pela estase • Sinal de Murphy: palpação da vesícula + inspiração profunda = interrupção da inspiração • Sem icterícia (via biliar livre) • Laboratório: leucocitose + "bilirrubinas normais” • Diagnóstico: • USG abdome (espessamento da vesícula >4mm e vesícula com halo hipoecoico) • Padrão ouro = Cintilografia biliar (+ sensível!!!) • Tratamento: • Antibioticoterapia: cobrir gram negativo (e.coli, klebsiella, enterobacter, enterococo) = Cefa 3ª • Colecistectomia Laparoscópica: Idealmente até 72h = precoce • Instável / Grave (sem condição cirúrgica) = Colecistostomia Percutânea • Complicações (10-20%): • Empiema de vesícula: conteúdo purulento -> paciente toxêmico = Cirurgia ou Drenagem • Gangrena —> Perfuração (bloqueada, livre ou trajeto fistuloso) = • Bloqueada: mais comum, faz abcesso subhepático (infecção abdominal arrastada) • Livre: rara, peritonite generalizada • Fístula colecistoentérica: mais comumente a colecistoduodenal = Íleo biliar: cálculo biliar passa através de fístula vesícula-duodeno, causando obstrução e Rx com aerobilia ou pneumobilia (ar na via biliar vindo do duodeno) —> não realizar CVL neste momento • Colecistite enfisematosa: homem diabético e idoso = Add Metronidazol ao tratamento —> Clostridium = ar no interior e na parede • Colecistite Acalculosa / Alitiásica: • 10% dos casos / Proveniente de isquemia • FR: UTI, idosos, NPT, grande queimado, politrauma, AIDS, DM, uso de opiáceos, múltiplas transfusões, instável, VM, doença coronariana e neoplasias • Clínica: Se lúcido = clínica típica / Se desorientado = febre + leucocitose sem causa aparente (em paciente da UTI sempre investigar colecistite) • Diagnóstico = USG c/ paredes espessadas (cintilo é a + sensível) • Tratamento: ATB + Colecistectomia aberta ou Colecistostomia Coledocolitíase: • Definição: cálculo no colédoco • Primária (10% = castanho) / Secundária (90% = amarelo ou preto) • Clínica: • Icterícia flutuante (de acordo com a mobilização do calculo há escoamento de bile) • Dor biliar / Assintomático • Vesícula não palpável (obstrução intermitente) • Diagnóstico: • Inicialmente com USG • Melhores: Colangioressonância*, USG endoscópico* e CPRE (*menos invasivos) • Tratamento: 32 • Diagnosticada antes da cirurgia = 1º CPRE (papilotomia endoscópica) + Depois Colecistectomia por vídeo • Descoberta durante a cirurgia = 1º Exploração cirúrgica do colédoco (transcística ou coledocotomia) + Depois Colecistectomia por vídeo • Derivação bileo-digestiva se: • Colédoco muito dilatado (>1,5-2cm) • Múltiplos cálculos (>6) • Cálculos intra-hepáticos residuais • Coledocolitíase primária (pigmentados castanhos) • Sempre que colecistectomia por cálculo avaliar possibilidade de coledocolitíase (USG abdome e hepatograma): • Preditor muito forte: USG com cálculo no colédoco / Colangite (icterícia + febre) / Bilirrubina >4mg/dl • Preditor forte: USG com colédoco >6mm / Bilirrubina 1,8-4mg/dl • Preditor moderado: Enzimas hepáticas alteradas / Idade >55 anos / Pancreatite aguda biliar • Risco alto = 1 muito forte ou 2 fortes: CPRE (antes da colecistectomia programada) • Risco moderado = 1 forte ou 1 moderados: • Colangiografia intraoperatórioa • ColangioRM no pré-operatório • USG endoscópico no pré-operatório • Risco baixo = nenhum preditor: Não investiga via biliar • Obs: Complicação da colecistectomia videolaparoscópica = coledocolitíase residual (até 2 anos após / icterícia flutuante e episódica / tratar com papilotomia) e estenose cicatricial (primeiros meses / icterícia contínua e progressiva) Colangite Bacteriana Aguda: • Definição: obstrução duradoura (cálculo ou tumor) + infecção • Clínica: • Não-grave (Clássica) = Tríade de Charcot: Febre + Icterícia colestática + Dor abdominal (60%) • Grave (Tóxica) = Pêntade de Reynolds: Charcot + Hipotensão + Redução do sensório • Diagnóstico = USG / TC / CRNM • Tratamento: • Primeiro = Antibioticoterapia (gram negativo) • Drenagem biliar: Imediata (se grave) / Eletiva (24-48h no quadro não-grave) • Obstrução baixa = CPRE / Obstrução alta = Drenagem transhepática percutânea Síndrome de Mirizzi: • Definição: cálculo impactado no ducto cístico, realizando efeito de massa sobre o ducto hepático (via biliar principal) • Clínica: colecistite aguda + icterícia colestática (impactação da via biliar principal) • Complicação da colecistite aguda (impacta via biliar principal causando colestase e icterícia) • Diagnóstico: USG abdominal —> confirmado pela CPRE ou CTP • Tratamento: Colecistectomia preferencialmente aberta (porque há distorção anatômica, logo, maior risco de lesão iatrogênica da via biliar), porém a VLP pode ser realizada e deve-se fazer exploração do ducto • Maior incidência de CA de vesícula Tumor de Klatskin (Colangiocarcinoma Perihilar): • Obstrução biliar acima do cístico (na confluência dos hepáticos) 33 • Colangiocarcinoma mais comum • Homem em idade avançada • Clínica: Icterícia progressiva + Emagrecimento + Vesícula não-palpável • Laboratório: Bb >10-15 (>10 é indicativo de drenagem) e FA muito elevada • Fatores de risco: CEP e cistos biliares congênitos • Diagnóstico: • Inicialmente USG (vesícula murcha + dilatação de via biliar intrahepática) • Confirmação = ColangioRM e/ou TC • Classificação - Bismuth-Corlette: • I = hepatico comum • II = bifurcação • III = hepático D ou E • IV = invade o D + E • Péssimo prognóstico (5-8 meses de sobrevida) / Pode complicar com colangite QUEIMADURA Tipos Características Cuidado local 1º GRAU (Epiderme) Eritema Não entra no calculo da SCQ Analgesia e Hidrantes 2º Grau (Derme) Bolhas+ Dor Superficial: eritema Profunda: palidez Curativo ± Enxerto Se bolha rompida deve-se tirar, tendencia é estourar ATB tópico: Mafenida (inibe a anidrase carbonica = acidose metabolica se grande área, mais dolorosa, penetra na escara) / Sulfa de prata (mais usado, leucopenia, indolor, nao penetra na escara) 3º GRAU (Subcutâneo) Escara (não dói) Pode fazer síndrome compartimental Enxerto ± Escarotomia (se limitação da área) 4º GRAU (Osso / Músculo) Elétrica grave Pode fazer síndrome compartimental Estimular diurese (evitar rabdomiólise) ± Fasciotomia Conduta Inicial: 1. Afastar o paciente da fonte de calor (retirar as roupas, joalheria) 2. Resfriar a lesão: jogar agua (em temperatura ambiente ou ≥12Cº) só até 15-30 minutos após o trauma 3. Prevenção da hipotermia: envolver em lenços ou cobertores secos 4. Decidir se precisa de CTQ = calcular SCQ (AD regra dos nove Wallace / Cça Berkow) e se é grande queimado: • Grande queimado: • Segundo grau >10%SCQ: • ABS: <10 anos ou >40 anos se ≥20% / 10-40 anos se ≥25% • Terceiro grau qualquer % • ABD: ≥10% • Face, mão, pé, grandes articulações • Olhos, períneo/genitália 34 • Lesão por inalação • Química ou elétrica graves • Tem comorbidade que pode piorar pela queimadura • Definir se precisa de IOT = Rouquidão / Estridor / Queda do nível de consciência • Queimadura em face e pescoço: • Lesão térmica das VAS: • Clínica: hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor, sibilos, escarro carbonáceo, insuficiência respiratória imediata • Epidemiologia: principal causa de morte imediata em um grande queimado • Diagnóstico: clínica, laringoscopia • Tratamento: IOT precoce • Lesão pulmonar por inalação: • Clínica: sibilos, escarro carbonáceo, insuficiencia respiratoria +/- 24h • Diagnostico: broncoscopia e cintilografia com Xe133 • Tratamento: NBZ com broncodilatadores +/- NBZ com heparina • Queimadura em recintos fechados: • Intoxicação por monóxido de carbono: • Clínica: cefaleia e diminuição da consciência • Diagnóstico: gasometria nao adianta, pedir carboxihemoglobina • Tratamento: ↑FiO2, medicina hiperbárica • Intoxicação por cianeto: • Clínica: diminuição da consciencia, pele vermelho-cereja • Diagnóstico: ↑lactato e ↑cianeto (>0,5) • Tratamento: hidroxicobalamina +/- tiosulfato de sódio • Definir reposição volêmica: • 2 periféricos ou central ou safena = Ringer lactato aquecido • Fórmula de Parkland: • 24h: 4ml ou 2ml (ATLS) x Peso x %SCQ • 50% nas primeiras 8h + 50% nas próximas 16h • Avaliar: diurese ≥0,5mL/kg/h ou ≥1mL/kg/h (se queimadura elétrica grave) • Complicações: • HDA por úlcera de Curling • CEC por úlcera de Marjolin (queimadura de 3º grau = biópsia da cicatriz) • Diagnóstico: PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) • Irresponsividade: já autorizado a iniciar protocolo de parada (1º pedir ajuda) • Respiração agônica ou apneia • Ausência de pulso em grandes artérias • Médicos podem checar pulso por 10 segundos (leigo não checa pulso) • 1º = Chamar ajuda (carrinho de parada ou SAMU —> pode sair de perto para pedir) • Protocolo do Basic Life Support (BLS): • C - Circulation = Iniciar compressão torácica: • 5-6cm • Rápidas e vigorosas (subir na maca) 35 • Retorno total do tórax • 100-120/min • Compressão torácica bem feita e desfibrilação precoce modificam a sobrevida • A - Airway = Abrir VA: • Extensão cervical + elevação do queixo • Chin Lift e Jaw Trust • B - Breathing = Ventilações sem VA avançada: • Não é expressamente necessário, mas deve-se abrir a via aérea • Ciclos 30:2 • Trocar a cada 5 ciclos obrigatoriamente • D - Desfibrilation = FV ou TVSP: • Choque único / Monofásico: 360J / Bifásico: 200J • Automático: pessoa mais treinada é a prioridade • Após o choque, voltar para RCP por 5 ciclos ou 2 minutos, só então após chegar o ritmo (Choque - Ciclo completo - Checa) • Advanced Cardiovascular Life Support (ACLS): • PCR após 2 ciclos = DVA • VA avançada: • 10 segundos para proceder a IOT • Não precisa ser sempre IOT, se o ambu for efetivo não precisa entubar • Ideal é IOT durante a compressão • AVALIAR SEMPRE: visualizar as cordas vocais, ausculta torácica e epigastrico e capnógrafo de onda (não serve o digital)!!! • Se após 20min o paciente tiver capnografia (ETCO2) <10mmHg = prognóstico ruim • VA avançada (IOT): 10 ventilações por minuto de forma assíncrona da compressão • Como não há mais ciclo (assincronia), a troca é feita a cada 2 minutos • Tratar a arritmia: • Ritmos chocáveis são mais comuns no extra-hospitalar / Ritmos não chocáveis são mais comuns intra-hospitalar (pior prognóstico) • FV/TVSP: choque - RCP - ritmo - adrenalina 1mg a cada 3-5 minutos - choque - RCP - checar - amiodarona 300mg (depois 150mg) *Pode tratar o tempo todo com adrenalina e também pode começar com amiodarona • Assistolia ou AESP: protocolo da linha reta = CAGADA (checar carga, ganho, derivação) + Adrenalina 1mg a cada 3-5 minutos —> RCP 5 ciclos ou 2min —> checar • Identificar e corrigir causas: • 5H: • Acidose • Hiper K / Hipo K • Hipotermia • Hipóxia • Hipovolemia • Cuidados pós-parada: • Otimizar ventilação e circulação • SatO2 ≥94% com a menor FiO2 possível • PAs >90 / PAM ≥65 com: • 1 - Reposição volemica ± • 5T: • TEP • Toxinas • Tamponamente • Pneumotórax • Trombose coronariana 36 • 2 - Vasopressores: noradrenalina* ou adrenalina ou dopamina • Coma: considerar hipotermia = 32-36ºC por ≥24h • Sempre combater a febre • Soco precordial = DEA não disponível em parada testemunhada e monitorizada em FV UROLOGIA NEFROLITÍASE: • Clínica: • Maioria assintomática • Hematúria micro ou macro (mais comum) • Cólica nefrética (dor lombar com ou sem irradiação) • Pontos de obstrução mais comuns = JUP (+ comum); 1/3 médio ureter; JUV • Diagnóstico: • TC de abdome sem contraste (padrão-ouro) • Gestante = Ultrassonografia • Tratamento agudo: • Analgesia (AINE ± Opioide / Evitar antiespasmódicos) • Hidratação (não hiper-hidratar) = Deixar normovolemico • Alfabloqueador (tansulosina) ==> Terapia médica expulsiva 4-6 semanas • Intervenção urológica: • Indicação: • Cálculo > 7-10mm LECO (Litotripsia Extracorpórea) Proximal (Rim / Ureter proximal) Cálculo < 2 cm Indicação = Densidade <1.000; Distância da pele <10cm Nefrolitotomia Percutânea Proximal (Rim / Ureter proximal) Cálculo > 2cm Pólo renal inferior Ureteroscopia Ureter médio (flexível) e distal (rígida) • Coraliforme (LECO + Nefrolitotomia) • Sintomas refratários • Recorrência • Obstrução total em rim único ou IR • Associado à pielonefrite não drenada • Casos complicados (pielonefrite ou obstrução total) = Desobstrução imediata —> Nefrostomia percutânea ou Cateter duplo J ureteral • Tratamento crônico / Prevenção da recorrência: • Sempre = Hidratação (≥2,5L/dia) • Tipos de cálculo: • Oxalato de cálcio (70-80%): • Causas = Hipocitratúria / Hiperoxalúria (disarbsorção) / Hipercalciúria (principal motivo) • Tratamento: • Hipercalciúria = restringir sódio e proteínas / TZD nos refratários (não restringir Ca!!!) • Hiperoxalúria = Herediária (piridoxina) ou Intestinal (colestiramina) 37 • Estruvita (10-20%): • Coraliforme • Causas = ITU por proteus, klebsiella, pseudomonas e estafilo / pH > 6,0 • Tratamento: ATB / Refratários: Ácido Acetohidroxâmico (inibe urease) • Ácido úrico (5-10%): • Facilitadores: pH ácido / Hiperuricosúria • Não aparece no RX • Tratamento: Restringir purina / Alopurinol / Alcalinizar urina / Probenecide contraindicado • Cistina = Alcalinizar a urina com citrato de potássio / Restringir sódio CÂNCER DE PRÓSTATA: • Subtipo mais comum: adenocarcinoma (90%) • Fatores de risco: Idade* / HF + / Negros • Clínica: • Assintomático (na periferia) • Doença avançada = Irritativos (urgência, nictúria,