Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Material Teórico Direito das Coisas Aquisição da Propriedade Imóvel Profª Marlene Lessa cod CoisasCDSG202107_ a02 2 Conceito A aquisição da propriedade é a personalização do direito em um titular (Ruggiero e Maroi). Acrescenta o Prof. Hércules Aghiarian1 que a “propriedade imobiliária cerca-se de uma ordem de requisitos de formalidade, e atos de eficácia, que tornam dispensáveis maiores filosofismos quanto à sua existência ou natureza justificativa, impondo-se, por decorrência, a constatação de suas principais características: absoluta (porque oponível a todos e capaz de oferecer ao titular do domínio sua ampla exploração, exclusiva (porque integral ao seu titular, não admitindo parcelamento do direito, senão da coisa) e definitiva (porque somente se desconstitui pela vontade do próprio titular, senão do interesse público. Não é, contudo, direito transitório, condicional, de regra). Como se verá a propriedade é realidade que surge da ratificação legal quando preenchidos determinados requisitos postos pela lei civil, entre nós: o título e seu adequado registro”. Pode ser adquirida a propriedade de bens imóveis pelos seguintes itens a seguir descritos. Pelo Registro Imobiliário – art. 1245 do CC Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no registro de Imóveis. O registro imobiliário é o poder legal de agentes do ofício público para efetuar todas as operações relativas a bens imóveis e direitos a ele condizentes, promovendo atos de escrituração, assegurando aos requerentes a aquisição e o exercício do direito de propriedade e a instituição de ônus reais de fruição, garantia ou aquisição (Maria Helena Diniz). Diz a Lei de Registros Públicos (6.015/73) que: Art. 168 - Na designação genérica de registro, consideram-se englobadas a inscrição e a transcrição a que se referem as leis civis. 1 Aghiarian, Hercules. Curso de direito imobiliário. 8 ed rev, ampl e atual. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2009. p.33. 3 É o registro imobiliário que protege a propriedade de bens imóveis porque faz prova de quem é o titular (dono) do bem, qual a situação do bem, se existem ônus e gravames sobre ele, certificando os dados e tornando-os conhecidos perante quaisquer interessados (através da publicidade – que é inerente ao registro de imóveis). A finalidade do registro é provar que aquela pessoa que registrou o bem em seu nome é a proprietária, sendo o ato de registro formal e solene: Art. 1245 § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel - Código Civil. Estão sujeitos ao registro: títulos de transmissão da propriedade e os atos dos títulos referentes aos ônus reais sobre coisas alheias: ex. hipotecas: Da Escrituração Art. 172 - No registro de imóveis serão feitos, nos termos desta lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, "intervivos" ou "mortis causa" quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade. Lei de Registros Públicos Finalidade do registro: autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos (art. 1o da Lei dos Registros Públicos). Observações: • A data da transferência da propriedade é a do registro e não a do título que transfere o domínio (ex. compromisso de compra e venda quitado). O assento é eficaz quando houver apresentação do título ao oficial do registro. Ele fará a prenotação no protocolo. O número de ordem do título no Livro Protocolo gera a PRIORIDADE do título de preferência do direito real. 4 • O documento de fé pública gera presunção de que o direito real sobre o imóvel pertence à pessoa em cujo nome está registrado o bem. Todavia a presunção é relativa e admite prova em contrário: Art. 1.245 § 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. Código Civil Pela Acessão – art. 1248 do CC: Art. 1.248. A acessão pode dar-se: I - por formação de ilhas; II - por aluvião; III - por avulsão; IV - por abandono de álveo; V - por plantações ou construções. Acessão é uma forma de se adquirir a propriedade originariamente, ou seja, sem que haja outro dono anterior que a transmita, pelo fato de o titular dominar tudo o que se adere à sua propriedade. Ela ocorre por acréscimo à propriedade, ou seja, aquilo que veio a se incorporar ao bem imóvel passa a pertencer ao seu proprietário. Pode ser NATURAL – quando não depende da intervenção do homem, ocorrendo por obra da natureza: 5 a. Formação de ilhas (artigo 1.249 do CC) – as ilhas em que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos. Os álveos são o leito do rio, a parte da superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto (art. 9o. do Código das Águas)2. Vejamos o que diz a lei civil: Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais: Sobre a formação de ilhas, então temos... 2 Art. 9º Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o sólo natural e ordinariamente enxuto. Art. 10. O álveo será público de uso comum, ou dominical, conforme a propriedade das respectivas águas; e será particular no caso das águas comuns ou das águas particulares. § 1º Na hipótese de uma corrente que sirva de divisa entre diversos proprietários, o direito de cada um deles se estende a todo o comprimento de sua testada até a linha que divide o álveo ao meio. § 2º Na hipótese de um lago ou lagoa nas mesmas condições, o direito de cada proprietário estender-se-á desde a margem até a linha ou ponto mais conveniente para divisão equitativa das águas, na extensão da testada de cada quinhoeiro, linha ou ponto locados, de preferência, segundo o próprio uso dos ribeirinhos. 6 I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais: Exemplo 1 – (Segundo MARIA HELENA DINIZ) Cada um ficará com a porção da ilha que surgiu do seu lado. 7 II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado: Exemplo 2 – (Segundo MARIA HELENA DINIZ) A ilha surgiu do lado de A, fica para o proprietário A. 8 III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. Exemplo 3 – (Segundo MARIA HELENA DINIZ) Ficará com a ilha o dono do terreno que perdeu terreno e constituiu a ilha. b. Aluvião - é o acréscimo lento, paulatino de detritos às margens do rio,perfazendo um terreno, mesmo que imperceptível a olho nu. Também é formada pelo enxugamento ou afastamento das águas (a aluvião imprópria): Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. 9 c. Avulsão – ocorre por força natural violenta. Uma porção de terras destaca-se de um terreno e se integra a outro, como em uma correnteza que leva parte do bem para outro lugar. Artigo 1.251, CC: Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. d. Álveo abandonado – o rio secou ou se desviou por fenômeno natural (Art. 1.252 do CC): Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. A acessão pode ser ARTIFICIAL ou INDUSTRIAL e ocorre por acréscimo na propriedade imóvel por intervenção humana. Ex. construções, plantações, semeaduras. Art. 1.253 e seguintes do CC: Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. 10 a. Pelo direito hereditário – há o falecimento do proprietário do imóvel transmitindo-se a herança a seus sucessores. b. Por usucapião (o termo encontra farta utilização no feminino e no masculino pelos estudiosos da língua portuguesa) – é o meio de aquisição pela posse continuada. É uma prescrição aquisitiva da propriedade, ou seja, o proprietário (dono do bem que consta no registro imobiliário) deixou de permanecer ou exercer sua posse sobre o bem, durante certo lapso de tempo, então outra pessoa pode adquirir a propriedade deste bem. Requisitos • “Res habilis” – deve recair sobre coisa que não esteja fora do comércio e que não seja bem público; • Prazo – há um lapso temporal, um decurso de prazo para ser usucapido o bem. Para cada tipo de usucapião há um prazo específico; • “Animus domini” – o possuidor demonstra ter a vontade de ser dono do imóvel. • Posse mansa, pacífica e ininterrupta do posseiro que não foi incomodado com nenhuma das ações possessórias exigindo defesa sobre o bem; • Sentença judicial ou procedimento extrajudicial – o reconhecimento por usucapião depende de decisão imutável para ver declarado seu domínio sobre a coisa; • “Titulus” e “fides” – no usucapião ordinário é exigido, além dos pontos anteriores, o justo título e a boa-fé. Espécies 1. Extraordinário Código Civil - Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 11 Exige a posse pacífica, sem interrupção durante 15 anos, independente de justo título e boa-fé. Se o possuidor tiver estabelecido no imóvel a sua moradia ou tiver realizado obras ou serviços de caráter produtivo, o prazo será reduzido para 10 anos. Histórico: denominado de praescriptio longi temporis, longissimi temporis (chegou a ser de 40 anos) e a prescrição imemorial (posse cujo início não houvesse memória entre os vivos). 2. Ordinário Código Civil - Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Exige a posse pacífica, sem interrupção durante 10 anos, incontestadamente com justo título e boa-fé. Se o imóvel foi adquirido onerosamente, desde que nele os possuidores tiverem estabelecido sua moradia ou realizado investimento de interesse social e econômico, o prazo reduzir-se-á para 5 anos. * Deve ser ressaltado o artigo 2.029 do Código Civil, que afirma “até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do artigo 1.238 e no parágrafo único do artigo 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do anterior”, e acrescenta o artigo 2.030 – “também deverá ser aplicado no caso do artigo 1.228, § 4°, CC”. 3. “Especial ou Constitucional” Exige a posse pacífica, sem interrupção durante 5 anos, independente de justo título e boa fé. Visa atender ao fim social da propriedade. Imóvel urbano ou pró-moradia ou pro misero de até 250 m2, a quem residir com sua família, desde que não seja proprietário de outro imóvel rural ou urbano - art. 183 da CF e art. 1240 do CC (texto semelhante): 12 Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. O Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 2001) em seus art. 9º e 14 instituem a regulamentação: Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. Art. 11. Na pendência da ação deusucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo. Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; II – os possuidores, em estado de composse; III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. § 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público. 13 § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis. Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis. Obs. Há o Usucapião Familiar: ainda no disposto no art. 1.240-A do Código Civil: Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 4. Rural ou Pro Labore Exige a lei que o terreno tenha até 50 hectares, desde que o posseiro cultive, tornando-a produtiva, não tendo outra propriedade urbana ou rural - art. 191 da CF e art. 1.239 do CC (texto semelhante): Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Há a necessidade de georreferenciamento - ou seja, determinar as coordenadas do local onde está o imóvel, com credenciamento pelo órgão público competente: Lei de Registros Públicos com as alterações legais subsequentes: Art. 225 - Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certidão do registro imobiliário. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12424.htm#art9 14 (Renumerado do art. 228 com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975). § 3o Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais.(Incluído pela Lei nº 10.267, de 2001) 5. Usucapião Especial Coletiva de Imóvel Urbano Exige a posse coletiva de área, a qual sendo dividida pelo número de ocupantes não tenha mais de mais de 250m2 por possuidor. O prazo é de 5 anos; ocupada por núcleos urbanos informais. É requisito ao possuidor não possuir outro imóvel e a característica é a impossibilidade de identificar os terrenos ocupados individualmente - artigo 10, da Lei nº 10.257, de 10/07/2001 com as alterações: Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)). § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. § 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. § 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. § 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio. § 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art228 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10267.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art79 15 Não Estão Sujeitos a Usucapião Os bens públicos (Decreto Lei nº 9.760/46 – art. 200), bens fora do comércio, os bens naturalmente indisponíveis (o ar, a água do mar, etc.), os legalmente indisponíveis (bens de incapazes, órgãos do corpo humano, direitos da personalidade, etc.) e os indisponíveis pela vontade humana (deixados em testamento, com cláusula de incomunicabilidade) - todavia este último já foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça que não é considerado bem fora do comércio, portanto objeto de usucapião (STJ, 4ª T. Resp 207.167-RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo). Processo para Reconhecimento de Usucapião Está definido na legislação processual civil. O pedido poderá ser judicial ou extrajudicial. Assim dispõe a Lei de Registros Públicos: Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e de seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias, aplicando-se o disposto no art. 384 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil); (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes; (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamentodos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art384 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art384 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 16 § 1o O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 2o Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, o titular será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar consentimento expresso em quinze dias, interpretado o silêncio como concordância. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) § 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 4o O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 5o Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro de imóveis. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4o deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) § 7o Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 8o Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 9o A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 17 emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum. (Incluído pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) § 11. No caso de o imóvel usucapiendo ser unidade autônoma de condomínio edilício, fica dispensado consentimento dos titulares de direitos reais e outros direitos registrados ou averbados na matrícula dos imóveis confinantes e bastará a notificação do síndico para se manifestar na forma do § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 12. Se o imóvel confinante contiver um condomínio edilício, bastará a notificação do síndico para o efeito do § 2o deste artigo, dispensada a notificação de todos os condôminos. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 13. Para efeito do § 2o deste artigo, caso não seja encontrado o notificando ou caso ele esteja em lugar incerto ou não sabido, tal fato será certificado pelo registrador, que deverá promover a sua notificação por edital mediante publicação, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo de quinze dias cada um, interpretado o silêncio do notificando como concordância. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 14. Regulamento do órgão jurisdicional competente para a correição das serventias poderá autorizar a publicação do edital em meio eletrônico, caso em que ficará dispensada a publicação em jornais de grande circulação. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) § 15. No caso de ausência ou insuficiência dos documentos de que trata o inciso IV do caput deste artigo, a posse e os demais dados necessários poderão ser comprovados em procedimento de justificação administrativa perante a serventia extrajudicial, que obedecerá, no que couber, ao disposto no § 5o do art. 381 e ao rito previsto nos arts. 382 e 383 da Lei no 13.105, de 16 março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017) Este pedido (judicial ou extrajudicial) permite a regularização do imóvel e sua livre disposição. Deve ser feito como petição inicial, obedecendo a todos os requisitos da lei processual. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1071 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art7 18 6. Desapropriação Indireta Novidade do art. 1.228, § 4°, CC: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa- fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Exige extensa área; com posse ininterrupta e de boa fé; por mais de 5 anos; por considerável número de pessoas; que tenham realizado obras e serviços de interesse social e econômico relevante; depende da subjetividade do juiz. Ele fixará um valor para a indenização (por meio de perícia). Pago o preço a sentença servirá como título para o registro de imóveis. Observação Final Ação reivindicatória não se confunde com usucapião ou desapropriação. A ação de reivindicação é de legitimidade do proprietário, cabível quando este não tiver a posse e pretender reaver a sua propriedade (art. 1.228 do CC). Tem diferença com a ação de imissão na posse, conforme Carlos Roberto Gonçalves aponta já que “o objetivo da imissão é consolidar a propriedade, em sentido amplo, enquanto a reivindicação tem por fim reaver a propriedade”. Assim, a ação de imissão é a proposta contra o alienante, quando o comprador nunca desfrutou da posse do bem. A ação reivindicatória, por outro lado, é do proprietário que quer reaver a coisa e deve ser proposta contra o atual detentor da coisa reivindicada.
Compartilhar