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CURSO DE TECNICO DE ALIMENTOS APOSTILA DE BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS 1-AMINOACIDOS E PROTEINAS Prof. Pedro Henrique Ferreira Tomé - Dr. Ciência dos Alimentos – UFLA_MG. UBERLÂNDIA Minas Gerais 1 1 PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS 1.1 Conceito de Proteínas São substâncias nitrogenadas complexas, com elevado peso molecular; por hidrólises ácidas, alcalinas ou enzimáticas podem dar origem a aminoácidos. Cujas unidades básicas são os aminoácidos, ligados entre si por ligações peptídicas. 1.2 CLASSIFICAÇÃO; A) QUANTO A NATUREZA; - Fibrilares: cadeias com filamentos individuais, formando estruturas insolúveis: Ex: colágeno; - Globulares: cadeia polipeptídica elíptica: Ex: enzimas; B) QUANTO À SOLUBILIDADE; - Albumina: solúveis em água. Ex: albumina do ovo, lactoalbumina (leite); - Globulina: Insolúveis em água, solúveis em soluções salinas diluídas. Ex: ovoglobulina (gema); - Glutelina: insolúveis em soluçòes aquosas neutras, solúveis em ácido ou bases diluídos. Ex: glutelina (trigo); - Gliadinas (prolaminas), insolúveis em água e em etanol absoluto, solúveis em etanol 70-80%. Ex: gliadina (trigo); - Albuminóides: solúveis apenas em ácidos ou bases concentrados (queratina). Ex: penas; - Histonas: Solúveis em água, insolúveis em soluções de amônia diluídas; apresenta caracter básico. Ex: globina; - Protaminas: solúveis em água, caráter básico; C) QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÀO DE UMA PARTE NÃO PROTÉICA NA MOLÉCULA; - Simples: por hidrólise dão origem apenas a aminoácidos: Ex: globina; - Conjugadas; constituídas por proteínas simples combinadas com parte não protéica Ex: Cromoproteína (mioglobina – combinada com grupo heme); Fosfoproteína (caseína, do leite; vitelina, da gema do ovo); D) QUANTO AO GRAU DE ALTERAÇÀO DA ESTRUTURA - Proteína em estado nativo; idêntico encontrado na célula; - Proteína desnaturada: sofreu alteração na sua configuração tridimensional; - Proteínas derivadas: resultantes de alterações na estrutrura primária, com produção de aminoácidos ou de cadeias de aa. Ex: peptonas, proteoses, peptídeos; E) QUANTO A FUNÇÃO: - Estruturais: colágeno; - Contráteis: Ex: miosina e actina do tecido muscular; - Transporte ou armazenamento: Ex: hemoglobina e mioglobina; - Anticorpos; - Hormônios; - Enzimas; 2 1.3 ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS: Para o estudo da estutura das proteínas, podemos considerar quatro níveis de organização; Estrutura primária: É a seqüência de aminoácidos na cadeia polipeptídica. É mantida pela ligação peptídica; Como os 21 aminoácidos normalmente encontrados nas proteínas podemos arranja-los formando polipeptídios com 100 até alguns milhares de aminoácidos. Estrutura secundária; A cadeia polipeptídica pode adquirir a forma de uma espiral voltada à direita, estrutura essa chamada de alfa- hélice. Essa alfa-hélice é estabilizada por pontes de hidrogênio que se estabelecem entre o grupo carbonilo (=C=O) de uma ligação peptídica com o grupo imido (=NH) da 3º ligação pectídica na seqüência regular da cadeia. Estrutura terciária; Diz respeito ao desdobramento da cadeia polipeptídica sobre si mesma, se enovelando e adquirindo uma chamada estrutura globular, mais compacta. A manutenção de tal estrutura é atribuída às diferentes reatividades dos radicais R dos aminoácidos componentes, e tal estrutura está intimamente relacionada com as propriedades catalíticas das proteínas biologicamente ativas, com as enzimas. Figura da estrutura trciária 3 Estrutura quaternária; É apresentada por apenas algumas proteínas, e quase sempre biologicamente ativas; tal estruturação pode ser definida como o grau de polimerização de unidades protéicas formando dímero, trímeros, tetrâmeros, estc. As forças que mantém a estruturas terciárias. Em alguns casos, cátions metálicos (Ca++, K+, Mg++, Mn++, etc) auxiliam a manutenção da estrutura quaternária. Figura da estrutura quarternária 2 CONCEITO DE AMINOÁCIDOS Compostos orgânicos de função mista, apresentando em pelos menos o grupo funcional anima (-NH2) e uma carboxila terminal (-COOH). IDENTIFICAÇÃO: C OOH C OH CH2OH H C OOH C H R NH2 C OOH C NH2 R H D-Gliceraldeído -L-Aminoácido -D-aminoácido C C NH2 R C C O OH A cadeia lateral R pode apresentar 20 formas diferentes: Nutricionalmente essenciais Nutricionalmente não essenciais Arginina Alanina Fenilalanina Asparagina Histidina Aspartado ou ácido aspártico Isoleucina Cisteína Leucina Glutamato ou ácido glutâmico Lisina Glutamina Metionina Glicina Treonina Prolina Triptofano Serina Valina Tirosina “os vegetais são capazes de sintetizar proteínas a partir de fontes inorgânicas de nitrogênio, os animais não possuem essa capacidade” 4 CLASSIFIAÇÃO AA OBSERVAÇÃO Glicina Abundante no colágeno (tendões e na elastina (ligamentos). Gelatina 25% Alanina Bastante distribuídos Valina Bem distribuído Leucina Bem distribuído Alifaticos Isoleucina Bem distribuído, em peqnasproporções Serina Caseína (leite), vitelina (gema do ovo) Hidroxiaminoácidos Treonina Essencial, bem distribuído Cisteína Na hidrólise das proteínas, facilmente se oxida a cistina. Cistina Queratina (penas) e a insulina (hormônio) Aminoácidos c/ Enxofre Metionina Essencial, bem distribuído. Ácido aspártico Ácido glutâmico Aminoácido dicarboxílicos Glutamina Abundante em proteínas vegetais; Lisina Essencial, bem distribuídos Hidroxilisina Ocorre somente no colágeno e na gelatina Arginina Bem distribuídos Aminoácidos básicos Histidina Essencial, bem distribuídos Fenilalanina Essencial Tirosina Bem, distribuídos. Aromáticos Triptofano Essencial, bem distribuídos Prolina Bem distribuídos, na zeína, na gelatina; Iminoácidos Hidroxiprolina Ocorre somente no colágeno e na gelatina. Ligação Peptídica: A ligação entre os aminoácidos (-CO-NH-), “o grupo carboxílico de um aminoácido está ligado ao grupo amínico do outro com eliminação de água” R1, R2, R3 e R4 indicam os radicais dos diferentes aminoácidos. Exemplo: C C N C C N C C N C C N O R1 H H O H R2 H O R3 H H O R4 H H Ligação Peptídica + - Serina Tirosina Alanina Leucina COOH3N N N N N O HO O OH O O 5 2.1 PEPTÍDIOS “compõe-se de menor número de aminoácidos comparativamente às proteínas, formando compostos de peso molecular relativamente baixo (até 10000)” CLASSIFICA-SE EM: di, tri, tetrapeptídios, e assim por diante serão denominados “polipeptídios”. 2.2 CARACTERÍSTICAS: possuem cadeia reta, são solúveis em água, não coagulam com o calor alto ponto de fusão, cristalizam a partir de soluções neutras. facilmente hidrolisadas por aquecimento, tanto com base como com ácido a hidrólise ácida, os ácidos não recuperados quantitativamente como triptofano, serina, treonina, asparagina e glutamina, que originam os ácidos aspártico e glutâmico livre. hidrólise alcalina ocasiona destruição da cisteína, cistina, serina, e treonina. “Método de hidrólise por meio das enzimas proteases” A tripsina, uma enzima do trato digestivo secretada no intestino delgado pelo pâncreas, que catalisa a hidrólise cuja função carbonila é proveniente da lisina ou arginina. A quimotripsina, que hidrolisa a ligação da fenilalanina, do triptofano, do dtirosina e de várias outras. A termolisina hidrolisa a leucina, a isoleucina e a valina. 3 DESNATURAÇÃO DAS PROTEÍNAS: São alterações estruturais da molécula, fazendo com que sua estrutrua altamente organizada seja rearranjada de uma forma aleatória. Características: Formas de desnaturação: Atividade de água: Ação do calor Exemplo: Quando o ovo é aquecido, asproteínas da clara e da gema coagulam (tornam-se menos solúveis). Presença de ácido Exemplo: Na produção de iogurte, as bactérias presentes produzem ácidas láticas que são responsáveis pela coagulação das proteínas. Ação enzimática Exemplo: A renina é uma enzima utilizada para a coagulação das proteínas do leite em indústrias de queijo. Ação mecânica Exemplo: O batimento da clara de ovo (clara em neve) ocasiona uma desnaturação parcial das proteínas presentes. Adição de sal Exemplo: na fabricação de queijo, é freqüentemente adicionado sal ao coalho para aumentar a firmeza do queijo. 6 Efeitos dos agentes desnaturantes Atuam: ligações de hidrogênio, ligações covalentes ligações eletrovalentes entre grupos carboxílicos e amínicos livres das proteínas, “ modifica a estrutura secundária e terciária, sem, porém, modificar a seqüência de aminoácidos da molécula, pode ser parcial ou completamente, sendo que no primeiro caso ela pode ser reversível” Exemplo: 4 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DAS PROTEÍNAS DEFINIÇÃO: A somatória das características químicas e físicas que aumentam sua aceitação e utilização na TPA; 4.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A PROPRIEDADE: 1. Propriedade Hidrofílicas: Afinidade da proteína pela água; 1.1- Solubilidade: PM; Densidade e distribuição cargas elétricas; Temperatura; 1.2- Hidratação e capacidade de retenção de água; 2- Propriedade interfásicas: união de fases imiscíveis; 2.1- Emulsificação: (W/O) + Proteínas; 7 2.2 – Espuma:(W/O)+Ar+Proteinas; 3- Propriedade intermoleculares: ligações cruzadas entre suas próprias moléculas ou com outros alimentos; 3.1 Formação de fibras de proteínas; Ligações 1- Interações eletrostática ou salinas; 2- Interação não polar ou de van der waals; 3- Ligações ou pontes de sulfetos; 4- Ligaçòes de amidas (isopeptídicas); 5- Ligações ou pontes de hidrogênio; 6- Ligações de éster; 7- Ligações de éter; 3.2 – Geleificação; Adsorção de solventes; Formação de rede ou estrutura tridimensional; Orientação das partículas; 3.3 – Formação de massa visco-elástica; 4- Propriedade reológicas: Dependem de características físicas e químicas específica das proteínas; 4.1 – Viscosidade; 5.0- Organolépticas: manisfestam através de orgão sensoriais; 5 ENZIMAS DEFINIÇÃO; São proteínas capazes de promover o catabolismos e anabolismos; 8 5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS SEGUNDO A COMISSÃO DE ENZIMAS 1. Oxido-redutases (reações de oxidação-redução ou transferência de elétrons – Desidrogenases e Oxidases) 1.1.atuando em CH-OH 1.2.atuando em C=O 1.3.atuando em C=O- 1.4.atuando em CH-NH2 1.5.atuando em CH-NH- 1.6.atuando em NADH, NADPH 2.Transferases (transferem grupos funcionais como amina, fosfato, acil, carboxil – Quinases e Transaminases) 2.1.grupos com um carbono 2.2.grupos aldeído ou cetona 2.3.grupos acil 2.4.grupos glicosil 2.7.grupos fosfatos 2.8.grupos contendo enxôfre 3.Hidrolases (reações de hidrólise de ligação covalente - Peptidases) 3.1.ésteres 3.2.ligações glicosídicas 3.4.ligações peptídicas 3.5.outras ligações C-N 3.6.anidridos ácidos 4.Liases (catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico – Dehidratases e Descarboxilases) 4.1. =C=C= 4.2. =C=O 4.3. =C=N- 5.Isomerases (reações de interconversão entre isômeros óticos ou geométricos - Epimerases) 5.1.racemases 6.Ligases (catalisam reações de formação de novas moléculas a partir da ligação entre duas pré-existentes, sempre às custas de energia - Sintetases) 6.1. C-O; 6.2. C-S 6.3. C-N 6.4. C-C 5.2 CARACTERÍSTICAS - ESTRUTURAIS Centro ativo, denominado apoenzima; Grupo não protéico, denominado coenzima; A molécula toda (apoenzima + coenzima) é denominada holoenzima. Cofatores são moléculas orgânicas de BPM, ou íons metálicos cuja função é ativar as enzimas (catálise); “ não estão ligados permanentemente à molécula da enzima mas, na ausência deles, a enzima é inativa” Cofatores Divide-se: 1. Grupo prostético: estrutura não protéica de ligação à enzima; 2. Coenzima: estrutura não protéica não ligada à enzima NAD+ = nicotinamida-adenina-dinucleotídio ou DPN+ = difosfaridina nucleotídio; NADP+ = nicotinamida-adenina-dinucleotídio fosfato ou TPN+ = trifosfopiridina nucleotidio; TPP = tiamina pirofosfato (vitamina B1) ou peridoxal fosfato (vitamina B6); 9 3. Iônicos ativadores (Cl-, K+, Ca++, Mg++, Zn++, Cu++, Fé++, Mn++; Substâncias sólidas, difíceis de serem cristalizadas devido à complexidade de suas estruturas químicas. 5.3 ESPECIFICIDADE “A enzima seleciona somente um nº limitado de compostos para reação, varia de uma enzima para outra” 5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE DAS REAÇÕES ENZIMÁTICAS a) pH Figura 1- Efeito do pH na velocidade de uma reação enzimática b) Temperatura O TºC, > atividade molecular > formação do complexo enzimático, no entanto, o contínuo TºC, causa inativação gradativa da enzima a inativação total (desnaturação). c) A W Ausência de água são mais estáveis ao calor, tornando-se sensíveis à medida que o teor de umidade aumenta. d) Efeitos de inibidores: são substâncias que penentram no sítio ativo das enzimas prejudicando sua ação de catálise; Mecanismo de Ação Inibidores competitivos; apresentam semelhança estrutural com o substrato, ocupando o sítio ativo sem sofrerem transformação (inibição reverssivel); Inibidores não competitivos; se liga irreverssível no sítio ativo; 6 REAÇÕES DE ESCURECIMENTO EM ALIMENTOS DEFINIÇÃO: conhecida como na reação de uma enzima (ou de múltiplas enzimas) que oxidam compostos derivados do catecol a ortoquinonas; 6.2 MÉTODOS DE CONTROLE DE ESCURECIMENTO ENZIMÁTICO A) Distribuição irreversível das enzimas a- calor b- sulfeto c- Ácido cítrico B) Inibição reversível das enzimas a- açúcar b- Ácido ascórbico C) Modificação química dos substratos D) Otimização dos parâmetros de processamento. 10 6.3 EFETORES ALOSTÉRICOS OU ENZIMAS ALOSTÉRICAS Definição: substância responsável pela regulação de acelerar ou retardar a velocidade de uma reação; Complexo Enzima – Efetor Complexo enzima–substrato ES Não recebe o substrato no sito ativo Ácido aspártico E1 E2 E3 A B 7.2 USO DE ENZIMAS NA ELABORAÇÃO DE ALIMENTOS Enzimas Utilização Isomerase Glucose isomerase Produção de xaropes que contém frutose Transferase o-metil transferase Bloqueio da oxidação dos o-fenois para impedir o escurecimento Oxidoredutase lipoxigenase Melhoramento do aspecto e gosto do pão; branqueia o pão para produzir migalha branca. Diacetil redutase Reduz as concentrações de diacetilo na cerveja Glicose oxidase Elimina a glucose e o oxigênio dos alimentos. Catalase Destrói o peróxido de hidrogênio que se utiliza para a esterilização de alimentos. Usa- se para eliminar o H2O2 que se forma na reação com glucose oxidase Hidrolases 1- - amilase 2- - amilase 3- glucoamilase 1- Liquefação do amido 2- Produz maltose nas fermentações do pão e nos xaropes com alto teor de maltose 3- Produz glucose a partir de amido Invertase Produz açúcar invertido para caramelos e confeitos Lactose Hidrolisa a lactose em produtos lácticos Estearases prégastricas Desenvolvem o gosto de queijo italianos e concentrados aromáticos para caramelos e industria pasteleira Lipases Retardam o envelhecimento do pão, desenvolvem o sabor dos queijos. Complexo enzimático pectico Clarifica os sucos de frutas e vinhos, degrada a polpa de frutas e aumenta a extratibilidade dos sucos. Pululanase Utiliza-se com aamilase para produzir a conversão do amido com alto teor de maltose; aumenta os açúcares fermentáveis na elaboração da cerveja Pentosanas Diminuem o envelhecimento do pão Hemiceluloses Reduzem a viscosidade dos concentrados de café Naringinase Elimina o sabor amargo dos produtos cítricos arginina Outros constituintes celulares Arginina é efetor alostérico p/ E1 substrato Sítio ativo Sítio alostérico 11 Glutanases Facilitam a filtração da cevada na elaboração da cerveja com cevada Estaquiase Reduz a flatulência devido a estaquiose e a rafinose nos produtos de leguminosas 1- Papaína 2- Ficina 3- Bromelina 4- Proteases Fúngicas 5- Proteases Bacterianas 6- Pepsina 7- Renina (Quimosina) 8- Renina Microbiana 9- Quimotripsina 10- Tripsina 11- Colagenas 12 Elastase As proteases 1,2,3,4 e 5 a utilizam para amaciar carnes; 1,2,3,4,5 e 6 podem atuar na prova de frio na cerveja; 6, 7 e 8 coagulam o leite para fabricação de queijo; 4 se usa para modificar farinhas para facilitar a cocção; 10 retarda o sabor azedo do leite; 1, 11 e 12 amaciam o tecido conectivo da carne
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