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Teoria e Pratica da Recreação

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TEORIA E PRÁTICA 
DA RECREAÇÃO 
 
 02 
 
 
 
1. SOBRE A RECREAÇÃO 4 
 
2. AS VIVÊNCIAS: TEORIA E PRÁTICA EM RECREAÇÃO 8 
 
3. CARACTERIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA RECREAÇÃO 11 
 
4. A MODERNIDADE: RECREAÇÃO E LAZER 17 
 
5. A RECREAÇÃO E O LAZER NOS ESPAÇOS PÚBLICOS 23 
 
6. O RECREACIONISTA: FUNÇÃO NOS DIVERSOS CAMPOS DE 
ATUAÇÃO 27 
 
7. A RECREAÇÃO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA 34 
 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
1. SOBRE A RECREAÇÃO 
 
De acordo com Leandro (2009, 
s/p) a recreação teve sua origem na 
pré- história, quando o homem 
primitivo se divertia festejando o 
início da temporada de caça, ou a 
habitação de uma nova caverna. As 
atividades se caracterizavam por 
festas de adoração, celebrações 
fúnebres, invocação de Deuses, com 
alegria, caracterizando assim um 
dos principais intuitos da recreação 
moderna, e também, o vencimento 
de um obstáculo. As atividades 
(jogos coletivos) dos adultos em 
caráter religiosas foram passadas de 
geração em geração às crianças em 
forma de brincadeiras. 
O movimento da recreação 
sistematizada iniciou-se na 
Alemanha em 1774 com a criação 
do Philantropinum por J. B. 
Basedow, professor das escolas 
nobres da Dinamarca. Na 
Dinamarca, as atividades 
intelectuais ficavam lado a lado às 
atividades físicas, como equitação, 
lutas, corridas e esgrima. Na 
Fundação Philantropinum havia 
cinco horas de matérias teóricas, 
duas horas de trabalhos manuais, e 
três de recreação, incluindo a 
esgrima, equitação, as lutas, a caça, 
a pesca, excursões e danças. A 
concepção Basedowiana contribuía 
 
 
5 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
para a execução de atividades a fim 
de preparação física e mental para 
as classes escolares maiores. 
Contribuindo, Froebel criou os 
Jardins de Infância onde as 
crianças brincavam na terra. 
(LEANDRO, 2009, s/p). 
Ainda segundo Leandro (2009, 
s/p) nos Estados Unidos da 
América o movimento iniciou em 
1885 com a criação de jardins de 
areia pra as crianças se recrearem. 
Com o tempo, o espaço tornou-se 
pequeno visto que os irmãos mais 
velhos vinham também se 
recrearem nos jardins. Criavam-se 
então os Playgrounds em prédios 
escolares, chamados também de 
pátios de recreio. O primeiro Hull 
House - Chicago, em 1892. Área 
para jogos, aparelhos de ginástica e 
caixa de areia. 
Prevendo a necessidade de 
atender as diversas faixas etárias, 
foram criados os Centros 
Recreativos, que funcionavam o ano 
todo. Eram casas campestres com 
sala de teatro, de reuniões, clubes, 
bibliotecas e refeitórios. Havia 
estruturas semelhantes ao que 
temos hoje em dia: Caixas de areia, 
escorregadores, quadras e ginásio 
para ambos os sexos com vestiários 
e banheiros, balanços, gangorra, 
etc. 
Para orientação das atividades 
existiam os líderes especialmente 
treinados. Em 1906 foi criado um 
órgão responsável pela recreação, o 
Playground Association Of 
America, hoje mundialmente 
conhecido com National 
Recreation Association. O termo 
playground foi mudado para 
“recreação” devido à necessidade de 
atingir um público de diferente 
faixa etária, como os jovens e 
adultos. E devido a crescente 
importância do tempo de lazer dos 
indivíduos da sociedade. No Brasil 
a criação de praças públicas 
iniciou-se em 1927, no Rio Grande 
do Sul com o Professor Frederico 
Guilherme Gaelzer. O evento 
chamava “Ato de Bronze”, onde 
foram improvisadas as mais 
rudimentares aparelhagens. Pneus 
velhos amarrados em árvores 
construíam um excelente meio de 
recreação para a garotada. Em 
1929, aparecem as praças para a 
Educação Física, orientadas por 
instrutores, pois não havia 
professores especializados. Surgia a 
partir daí, Centros Comunitários 
Municipais. Em 1972, foi criado o 
“Projeto RECOM” (Recreação - 
Educação - Comunicação), pelo 
prefeito Telmo Flores juntamente 
com Gaelzer. Porto Alegre (a 
pioneira desse tipo de projeto) 
 
 
6 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
realizou atividades recreativas e 
físicas promovendo o 
aproveitamento sadio das horas de 
lazer e a integração do homem com 
sua comunidade. 
Funcionavam no RECOM uma 
Tenda de Cultura e um Carrossel de 
Cultura, desmontáveis e de fácil 
remoção. A Tenda é uma casa de 
espetáculos. O Carrossel foi criado 
para apresentações externas, 
espetáculos ao ar livre. Façamos a 
ressalva, pela importância da 
recreação, a Alemanha a introduziu 
nas escolas e criando os parques 
infantis. Os EUA, criando os 
playgrounds equipados 
revolucionando a recreação pública. 
O Rio Grande do Sul pelo 
pioneirismo e a implantação do 
RECOM com a recreação móvel. 
(LEANDRO, 2009, s/p). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
2. AS VIVÊNCIAS: TEORIA E PRÁTICA EM RECREAÇÃO 
 
 
Conforme Vieira (2009, s/p) 
no dia-a-dia das aulas para a 
prática da Educação Física, tem se 
observado que o número de alunos 
que dispensa das aulas de Educação 
Física, sendo também um dos 
fatores que também caracterizam a 
falta de motivação dos alunos para 
a prática das aulas de Educação 
Física Escolar. 
A recreação é muito 
importante para o ser humano não 
só para a criança. Todos nos 
precisamos dos nossos momentos 
de lazer. A palavra recreação vem 
do latim, recreare, cujo significado 
é recrear. Portanto as atividades 
recreativas devem ser espontâneas, 
criativas e que nos traga prazer. 
Devem ser praticadas de maneira 
espontânea, diminuindo as tensões 
e preocupações. Com a atividade 
recreativa, os corpos expressam a 
ordem interna da vivência lúdica, 
cujo ritmo e harmonia são 
construídos pelos jogadores em 
clima envolvente, que desafia a 
todos como parceiros: uns 
assumem-se aos outros e a 
realidade onde acontece a ação 
brincante. 
A recreação possui como 
principais objetivos: 
 
 9 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 Integrar o indivíduo ao meio 
social; 
 Desenvolver o conhecimento 
mútuo e a participação grupal; 
 Facilitar o agrupamento por 
idade ou afinidades; 
 Desenvolver ocupação para o 
tempo ocioso; 
 Adquirir hábitos de relações 
interpessoais; 
 Desinibir e desbloquear; 
 Desenvolver a comunicação 
verbal e não verbal; 
 Descobrir habilidades 
lúdicas; 
 Desenvolver adaptação 
emocional; Descobrir sistemas de 
valores; 
 Dar vazão ao excesso de 
energia e aumentar a capacidade 
mental do indivíduo. 
Infelizmente na Educação 
Física Escolar, vários fatores 
contribuem para a falta de 
motivação dos alunos para a prática 
das aulas de Educação Física, 
porém, o professor é o maior 
responsável em motivar o aluno a 
praticar as aulas, fazendo com que o 
aluno leve este hábito para a vida 
toda, pois toda pessoa passa pela 
escola para se tornar um cidadão 
digno e com responsabilidade. A 
recreação não deve ser vista como 
simples brincadeiras sejam elas 
infantis ou para adultos. Deve ser 
analisada e respeitada, 
principalmente como formadores 
de opinião e como cidadãos. 
(VIEIRA, 2009, s/p). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
 
3. CARACTERIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA 
RECREAÇÃO 
 
Para Nogueira, Martinez 
(2008, s/p) a recreação é uma 
prática prazerosa em que os alunos 
participam de atividades 
descontraídas. Ela pode ser uma 
importante estratégia de inclusão e 
socialização, além de desenvolver 
as habilidades psicomotoras das 
crianças. Assim, a recreação 
transfere-se para o cotidiano e 
aproxima-se de uma vida 
permeada de informações. Esse 
processo de educação se dá através 
da convivência de diversos desses 
indivíduos, mais especificamente 
crianças, dentro de locais 
especializados que transmitem tais 
valores indiretamente, por meio da 
recreação. (...) Recreação designa 
recreio ou prazer; sentir satisfação 
divertir-se,numa atividade 
esportiva de acordo com Ferreira 
(2000). Por meio da recreação é 
possível educar. As crianças 
buscam em seu interior algo 
estimulante, que saia da rotina 
diária, podendo a recreação ser 
utilizada, até mesmo dentro da 
sala de aula. Hoje, o que se vê é 
uma sociedade totalmente voltada 
para o bem comum, que continua 
em transformação, mas que busca 
 
 12 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
 
maneiras alternativas que 
contribuam no processo de 
reestruturação social. Os pais estão 
muito preocupados com a 
educação de seus filhos, que 
necessitam de uma contribuição 
externa, ou seja, novas alternativas 
na busca de melhor qualidade de 
vida em vários aspectos, tais como, 
psicológico, afetivo e social, já que 
os valores atuais são outros e 
foram transferidos, também, a 
outras pessoas. A responsabilidade 
de educar um indivíduo e 
transformá-lo é peça fundamental 
numa sociedade; deixou de ser 
apenas papel da família e passou a 
ser de responsabilidade da escola. 
De acordo com Brotto (2001), a 
recreação é uma forma específica 
de atividade, uma atitude ou 
disposição, uma área de vida rica e 
abundante, a vida fora das horas 
de trabalho. (NOGUEIRA, 
MARTINEZ, 2008, s/p). 
Segundo Nogueira, Martinez 
(2008, s/p) a recreação é uma 
ferramenta muito importante no 
desenvolvimento humano: afetivo, 
cognitivo, motor, linguístico e 
moral. Dentro de um contexto 
social, quando um indivíduo está 
em recreação significa que está 
sentindo prazer em realizar 
alguma coisa. Os seres humanos 
são movidos, principalmente, pela 
emoção e pelo prazer; sendo 
assim, fica muito mais fácil 
assimilar alguma coisa a partir 
daquilo nos faz bem, sendo 
possível englobar os mais altos 
níveis de conhecimentos e, com 
crianças, é importante desenvolver 
e estimular atividades diferentes 
da vida cotidiana, mas que façam 
parte da natureza humana, já que é 
na infância o período de 
aprendizado e da assimilação que 
julgamos necessária para a vida 
adulta. O mais importante desse 
contexto é permitir que diferentes 
grupos de pessoas, principalmente 
crianças, se integrem, esquecendo 
o preconceito de valores, distinção 
de raça, estrutura familiar; pelo 
contrário, é possível estruturar 
todos esses tópicos. 
A recreação, nessa 
perspectiva, deve ser pautada em 
três pilares básicos de 
desenvolvimento: o biofisiológico, 
o social e o cultural, 
desenvolvendo o indivíduo com 
harmonia na realidade do seu 
cotidiano. Vygotsky (1991) defende 
uma relação de constituição 
recíproca, pois a criança se 
desenvolve no contexto das 
interações sociais e quando as 
informações ou experiências são 
internalizadas reestrutura a 
organização das ações sobre os 
 
 13 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
 
objetos, reorganizando o plano do 
desenvolvimento interno e, 
consequentemente obtendo 
transformações nos processos 
mentais. Assim, pode-se observar 
que a informação e a conivência no 
meio social, interpretando os seus 
vários significados, são necessárias 
para o desenvolvimento da 
criança. Por sua vez, a Educação 
Física deve ser entendida numa 
perspectiva político-filosófica. 
(NOGUEIRA, MARTINEZ, 2008, 
s/p). 
Ainda conforme Nogueira, 
Martinez (2008, s/p) existem 
vários estudos significativos e, de 
ainda com o critério cronológico, 
os principais são: 
Segundo Bourdieu (1979), o 
indivíduo expressa no seu corpo a 
sua história, marcada como 
tatuagem; o monge veste o hábito 
da mesma forma que o hábito 
veste o monge, pois este expressa a 
sua representação na hexis 
corporal. Nesse percurso, nota-se 
que o caminho da primeira 
concepção parte da sociedade mais 
ampla em direção ao indivíduo; em 
consequência, a segunda parte do 
indivíduo para a sociedade. Assim, 
é possível analisar os 
condicionantes no grupo social ou 
frações de classes (análise micro-
social), objetivando observar a 
cultura expressa por esses 
indivíduos pertencentes a essas 
camadas especiais. Assim, pode-se 
contribuir, através dessas análises, 
para uma reestruturação do 
Habitus do indivíduo, procurando 
ampliar o seu capital cultural e 
proporcionando uma 
reorganização de conhecimentos. 
Uma reformulação de conteúdos 
que deverá estar em consonância 
com a realidade do educando, a 
fim de ser abordada. Nessa nova 
abordagem, deve-se procurar 
desenvolver no estudante meio 
para que ele possa utilizar suas 
experiências, sua realidade e o seu 
cotidiano para, enfim, ampliar 
suas informações e sua formação 
cultural. 
O desporto participação deve 
ter como princípio norteador à 
formação de habitus, segundo 
Bourdieu (1997): reestruturação de 
valores, crenças, habilidades e 
conduta humana que deve ser 
trabalhada na instituição de lazer 
no decorrer da vida do indivíduo, 
atribuindo ao mesmo uma 
valorização na prática da atividade 
física e a necessidade do tempo 
livre, ou seja, o lazer. Bourdieu 
(1979) expressa em seus textos que 
educandos oriundos de meios 
sociais desiguais possuem 
 
 14 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
 
heranças culturais diferenciadas e 
tendem a agir de acordo com essa 
cultura já interiorizada. Ele ainda 
acrescenta que, para difundir a 
cultura socialmente legitima e 
valorizada universalmente é 
necessário que esses indivíduos 
tenham contato com os 
conhecimentos e com práticas 
culturais. Assim reestruturarão 
seus habitus. Este é o conceito 
principal da Teoria Bourdiniana. 
Segundo ele, o habitus pode ser 
entendido como: (...) sistemas de 
disposições duráveis, estruturas 
estruturadas predispostas a 
funcionar como estruturas 
estruturantes, isto é, como 
princípio gerador e estruturador 
das práticas e das representações 
que podem ser objetivamente 
“reguladas” e “regulares” sem ser o 
produto da obediência a regras, 
objetivamente adaptado a seu fim, 
sem supor a intenção consciente 
dos fins e o domínio expresso das 
operações necessárias, para atingi-
los e coletivamente orquestradas, 
sem ser o produto da ação 
organizadora de um regente 
(BOURDIEU in ORTIZ, 1983, p. 
60-61, apud NOGUEIRA, 
MARTINEZ, 2008, s/p). 
Para Cavallari, Zacharias 
(2008, s/p) recreação é uma forma 
de passar o tempo para obter 
distração, ou seja, relaxamento 
mental ou físico. Enquanto o lazer é 
uma forma de entretenimento ou 
descanso, a recreação exige 
empenho em atividades de forma a 
obter diversão. Os jogos de 
recreação visam apenas o 
divertimento dos jogadores, não 
sendo assim um jogo desportivo, 
onde ocorre competição. A 
recreação apresenta cinco 
características básicas, as quais 
deverão ser observadas, pois uma 
vez quebradas fazem com que o 
praticante não desenvolva sua 
recreação na forma mais ampla. São 
elas: 
 A recreação deve ser 
encarada pelo praticante como um 
fim em si mesmo, sem que espere 
benefícios ou resultados 
específicos. A pessoa que busca 
recreação nunca terá outro 
objetivo com sua prática que não 
apenas o fato de se recrear. Há um 
total descompromisso e uma total 
gratuidade. Não busca qualquer 
tipo de retorno. 
 A recreação deve ser 
escolhida livremente e praticada 
espontaneamente, segundo os 
interesses de cada um. Cada 
pessoa terá oportunidade de opção 
quanto àquilo que pretenda fazer 
uma função de sua recreação e, se 
 
 15 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
 
preferir, ainda optar por não tê-la 
naquele ou em qualquer outro 
momento. Os profissionais de 
recreação apenas criam 
circunstâncias propícias para que 
cada pessoa se recrie. 
 A prática da recreação 
busca levar os praticantes a 
estados psicológicos positivos. É 
necessário tomar-se cuidado com a 
prática de determinadas atividades 
lúdicas que durante seu desenrolar 
poderão desviar-se e acarretar nos 
praticantes sensações indesejadas 
e negativas. 
 A recreação dever ser de 
natureza a propiciar àpessoa o 
exercício da criatividade. Na 
medida em que se ofereça 
estimulação, essa criatividade deve 
ser plenamente desenvolvida. A 
importância da criatividade para a 
pessoa é enorme, pois engrandece 
a personalidade e prepara para 
uma condição melhor de vida. O 
trabalho será muito melhor e 
apresentará resultados muito mais 
satisfatórios se desenvolvido desde 
a infância. 
Nas características de 
organização da sociedade nos níveis 
econômicos, sociais, políticos e 
culturais em geral, a recreação de 
cada grupo é escolhida de acordo 
com os interesses comuns dos 
participantes. Pessoas com as 
mesmas características têm uma 
tendência natural de se procurarem 
e se agrupem. Seu comportamento 
é semelhante. Essas pessoas 
formam os chamados grupos de 
iguais. Cada grupo de iguais, de 
acordo com suas características, 
busca um determinado tipo de 
recreação. (CAVALLARI, 
ZACHARIAS, 2008, s/p). 
16 
 
 
 
 
 17 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
4. A MODERNIDADE: RECREAÇÃO E LAZER 
Para Aguiar (2003, s/p) 
Werneck (2000), resgatando a 
trajetória histórica dos significados 
do lazer; demonstra que os 
distintos contextos sociopolíticos 
imprimem diversificados sentidos 
ao termo. 
Na civilização greco-romana o 
lazer estava relacionado ao ócio, 
significando repouso, prazer, 
liberdade e reflexão, noção ligada 
aos sentidos de cultura e educação 
da aristocracia grega, que com seu 
ideal de educação do homem 
integral estabelecia com o trabalho 
uma distante relação, 
caracterizando a vida produtiva 
como um fator/elemento 
impeditivo à possibilidade de 
criação, satisfação, emancipação do 
espírito e contemplação oferecidos 
pelo lazer. Considerado como um 
privilégio de classe exigia certas 
condições educacionais, 
socioeconômicas e políticas para 
seu usufruto. 
Com ascensão da sociedade 
romana e o nascimento do 
cristianismo outros valores são 
incorporados pelo lazer. A moral 
cristã reconhecia no trabalho um 
meio de salvação e purificação da 
 
 18 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
alma, até mesmo o lazer, ainda não 
caracterizado como um “tempo 
livre”, deveria ser destinado às 
tarefas religiosas. Nesse sentido, as 
práticas culturais e as 
manifestações festivas eram 
controladas pela Igreja e deveriam 
findar em um objetivo religioso, 
sendo a alegria e a diversão 
perniciosas à moral do homem. O 
protestantismo corroborou com 
este entendimento de lazer, um 
vício que possibilitava a degradação 
moral, e fortaleceu o sentido de 
trabalho como um dever, um modo 
de servir a Deus. A virtude do 
trabalho e sua dimensão 
humanizadora e regeneradora era 
capaz de avaliar a condição 
existencial do homem. (LENHARO, 
1986, apud AGUIAR, 2003, s/p). 
Esta concepção de trabalho 
segundo Aguiar (2003, s/p) foi 
paulatinamente sendo revestida de 
princípios capitalistas e, na 
modernidade, influenciou a 
construção de outros sentidos para 
o lazer. (WERNECK, 2000) Nesse 
bojo, segundo Bracht (2001, p. 72), 
“(...) a partir da ética do trabalho 
com uma ética fundamental para o 
desenvolvimento do capitalismo, a 
população tinha que assumir a ideia 
de o que realiza o homem é o 
trabalho sendo o lazer mera 
recompensa. O lazer aparece como 
referência apenas numa visão 
moralista, de ocupação saudável do 
tempo ocioso, ou seja, o lazer é 
digno porque é coadjuvante do 
trabalho.” Além disso, outro 
aspecto que releva a importância 
alcançada pelo lazer na era 
moderna vincula-se, mormente, 
“(...) a descoberta do lazer como 
essência de um fecundo e promissor 
mercado, capaz de gerar lucros 
significativos para aqueles que 
detêm as regras desse jogo de poder 
social e político praticado em nosso 
contexto.” (WERNECK, 2000, p. 
69) Nesse sentido, o lazer assume o 
papel de produto a ser consumido e 
com estreitas relações com a 
indústria cultural do 
entretenimento; esta, de forma 
paradoxal, “(...) determina tão 
profundamente a fabricação das 
mercadorias destinadas à diversão, 
que (a) pessoa não pode mais 
perceber outra coisa senão as cópias 
que reproduzem o próprio processo 
de trabalho.” (ADORNO, 
HORKHEIMER, 1985, p. 128, apud 
AGUIAR, 2003, s/p). 
Ainda segundo Aguiar (2003, 
s/p) no contexto brasileiro, de 
acordo com Pinto, et al (1999), o 
lazer, a recreação e a Educação 
Física interagem entre si, atuando 
em consonância com medidas 
sociopolíticas e culturais de cada 
 
 19 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
época. Num primeiro momento, as 
práticas recreativas, tais como 
jogos, danças ou manifestações 
culturais diversas, revestiam-se de 
uma rigorosa disciplina de cunho 
religioso. Com o advento da 
industrialização e consequente 
urbanização brasileira, as práticas 
recreativas são orientadas para 
crianças e adultos com a finalidade 
de aprimorar forças físicas, morais, 
cívicas, psíquicas e sociais, bem 
como funcionar como instrumento 
de controle das massas. Decca 
(1987, p. 89), referindo-se a tal 
questão, entende que “(...) há uma 
retórica que se mantém em grande 
parte inalterada quanto à 
necessidade de um „lazer mais 
saudável e produtivo‟ para o 
operariado no sentido de torná-lo 
mais „disciplinado e ordeiro‟, 
esboçam-se iniciativas, até certo 
ponto frequentes, de „disciplinar 
seu lazer‟.” Dessa forma, e ainda na 
esteira de Decca (1987, p. 91), essa 
disciplina do lazer, “(...) em função 
de uma maior adequação ao 
trabalho e à vida em um centro 
urbano que se industrializava (...), 
foi buscada pelos poderes públicos 
de forma „idealizada‟ nos cuidados 
formativos com a criança, 
principalmente com a dos meios 
proletários (...).” Segundo Bercito 
(1991), partem das fábricas e de 
órgãos oficiais iniciativas de ações 
que visavam o controle do 
trabalhador, desde sua 
utilidade/produtividade até seu 
viver fora do seu ambiente de 
trabalho. Ainda em Goellner 
(1992, p. 36) encontramos 
argumentos que corroboram com 
essa ideia: “(...) Instalou-se, assim, 
toda uma dimensão de 
disciplinação da sociedade em 
função do „mundo do trabalho‟, 
que passava a exigir do individuo 
uma redefinição de sua própria vida 
com hábitos, valores, crenças, e 
outros, uma vez que, o capitalismo 
e a consequente exaltação ao 
trabalhador não encontrou o 
trabalhador feito, teve de formá-lo.” 
(AGUIAR, 2006, s/p). 
Principalmente a partir da 
década de 60, segundo Aguiar 
(2003, s/p) o contexto político 
influenciou fortemente a relação 
estabelecida entre recreação, lazer e 
Educação Física. O 
desenvolvimento esportivo e seus 
aspectos, o desporto escolar, de 
competição e o de participação 
(lazer) foram priorizados e grandes 
campanhas governamentais 
serviram para a difusão sobretudo 
do esporte (PINTO, et al, 1999, p. 
107). A partir dos anos 80, “(...) a 
recreação e o lazer conquistaram 
espaços em toda a sociedade e 
 
 20 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
ganham força econômica com o 
avanço da indústria cultural e as 
exigências do estilo de vida 
capitalista”, sendo este em voga o 
quadro hegemônico quando nos 
referimos a tal temática. 
No contexto hodierno, de 
acordo com Bracht (2001), 
podemos perceber, sem profundas 
análises, que a base de sustentação 
do modelo que legitimava a 
Educação Física na escola passa por 
profundas transformações. 
Interessa-nos, de perto, dentre 
aqueles elementos legitimadores, a 
relação estabelecida entre o 
trabalho, o lazer e a Educação 
Física. 
A ideia do trabalho como um 
dever e o lazer como mera 
recompensa vem sofrendo uma 
profunda reordenação. De acordo 
com Lipovetsky (1994, p. 198), “o 
advento da sociedade de consumo 
de massas e das suas normas de 
felicidade individualista 
desempenharam um papel 
essencial: o evangelho do trabalho 
foi destronado pela valorização 
social do bem-estar, do lazer e do 
tempo livre, as aspirações coletivas 
orientaram-semaciçamente para os 
bens materiais, as férias, a redução 
do tempo de trabalho. O dito 
espirituoso de Tristan Bernard, „o 
homem não foi feito para trabalhar, 
a prova é que o trabalho fadiga‟, 
tornou-se, num certo sentido, um 
credo das massas da era pós-
moralista.” Em outras palavras, 
“(...) (o) tempo livre (tornou-se) tão 
importante para a realização do 
homem quanto o trabalho. Tendo 
sido o trabalho como dever, direta 
ou indiretamente, a referência do 
modelo que sustentava a Educação 
Física, a perda desse caráter a 
afeta. O problema é que, quando a 
referência passa a ser o lazer na 
perspectiva conservadora ou 
liberal-burguesa, ele se refere a uma 
esfera de consumo, a um espaço 
para o exercício da (pseudo) 
liberdade individual para fazer 
opções, portanto cai no espaço do 
privado.” (BRACHT, 2001, p. 75) 
Nesse sentido, que novos 
significados/funções o lazer assume 
diante de uma possível perda de 
centralidade do trabalho? Que 
possibilidades de intervenção cabe 
à Educação Física? “(...) Como a 
Educação Física escolar e o lazer 
interagem? O que eles têm em 
comum e o que os diferencia? O que 
um pode esperar do outro? O 
fenômeno do lazer, ou 
simplesmente, o lazer é ou deve ser 
uma referência fundamental para a 
teoria e prática da Educação Física 
enquanto componente curricular?” 
 
 21 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
(BRACHT, 2003, p. 147, apud 
AGUIAR, 2003, s/p). 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
23 
5. A RECREAÇÃO E O LAZER NOS ESPAÇOS PÚBLICOS 
Conforme Saboya (2007, s/p) 
os espaços públicos desempenham 
diversas funções para a cidade. 
Entre elas, estão: 
 Recreação; 
 “Respiro” para o ambiente 
urbano densificado; 
 Identidade para bairros ou 
até mesmo cidades inteiras; 
 Embelezamento do espaço 
urbano; 
 Possibilidade de interação e 
convívio social; 
 Uma classificação possível 
dos espaços públicos. 
Os espaços públicos podem 
ser classificados segundo seu 
porte, raio de abrangência e tipos 
de usos que abriga. Kelly, Becker 
(2000) apresentam a classificação 
proposta pela National Recreation 
and Park Association. Uma 
possível classificação, mais 
simples, adaptada desta última 
seria: 
1. Espaços públicos de 
vizinhança, que são aqueles de 
pequeno porte e que atendem a um 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
24 
pequeno conjunto de quadras e 
lotes, servindo como unidade 
básica do sistema de espaços 
públicos e abrigando 
especialmente atividades 
relacionadas ao convívio e ao lazer 
cotidianos; 
2. Espaços públicos de bairro, 
que são aqueles de médio porte e 
que atendem a um escopo maior 
de atividades, incluindo aquelas de 
interesse comunitário, de 
conservação ambiental e de 
recreação, entre outros; 
3. Espaços públicos 
municipais, que são aqueles de 
grande porte e que atendem a todo 
o Município, podendo abrigar uma 
grande diversidade de atividades, 
especialmente aquelas relacionadas 
ao lazer esporádico e à preservação 
e conservação ambiental. 
A mesma National Recreation 
and Park Association sugere as 
seguintes medidas e parâmetros 
para os espaços públicos (BERKE, 
et al, 2006, apud, SABOYA, 2007, 
s/p): 
 
 
Segundo Saboya (2007, s/p) é 
possível perceber que esses valores 
parecem um pouco 
superdimensionados para os 
padrões brasileiros. De qualquer 
forma, valem como referência. 
Alexander, et al (1977) defendem a 
necessidade de praças pequenas, 
para que não fiquem ou pareçam 
desertas aos usuários. Segundo ele, 
duas pessoas podem se comunicar 
com relativo conforto a até 23m de 
distância (ou seja, enxergar os 
rostos uma da outra e ouvirem-se). 
Tipo de espaço 
público 
Raio de 
abrangência Área 
Mini-parques Menos de 400m 1000a 2000m
2 por 
1000 habitantes 
De Bairro 
400 a 800 m, de 
forma a servir até 
5000 pessoas 
4000 a 8000m2 por 
1000 
habitantes 
Municipais 1600 a 3200m 20000 a 32000m
2 por 
1000 habitantes 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
25 
Por isso, as praças não devem ser 
maiores que isso no seu menor 
lado, para manter uma ambiência 
interessante. 
Com relação às áreas verdes, 
Alexander, et al (1977) defendem 
que estejam localizadas de forma 
que de qualquer habitação se tenha 
que caminhar no máximo 3 
minutos para alcançá-la, o que 
equivale a uma distância de 230m 
aproximadamente. Para criar um 
mínimo de ambiência em meio ao 
verde, sua menor dimensão não 
pode ser menor que 45m, e sua área 
deve ser no mínimo de 0,5 hectare. 
Jacobs (2000, apud Saboya, 
2007, s/p) também argumenta que 
não é possível conferir animação 
para uma quantidade muito grande 
de espaços públicos. 
Por isso, as áreas verdes 
defendidas pelo Movimento 
Moderno não funcionaram, 
tornando-se áreas vazias e sem 
apropriação por parte da 
população. Assim, ela recomenda 
implantar os espaços públicos 
naqueles lugares onde já exista 
vida, pessoas passando e usos 
variados. “Se for no centro da 
cidade, deve ter lojistas, visitantes e 
transeuntes, além de funcionários. 
Se não for no centro, deve situar-se 
onde a vida pulse, onde haja 
movimentação de escritórios, 
atividades culturais, residências e 
comércio”. (JACOBS, 2000, p. 110) 
Muitos bairros já têm esses lugares 
bem demarcados, mas é comum 
vermos duas situações: ou 
posicionam os espaços em lugares 
mais vazios, esperando dar-lhes 
animação, ou implementam nas 
áreas mais animadas, mas para isso 
acabam destruindo uma parte dessa 
diversidade, como por exemplo nas 
intervenções higienistas do século 
XX. (SABOYA, 2007, s/p). 
 
 
 
 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
27 
6. O RECREACIONISTA: FUNÇÃO NOS DIVERSOS 
CAMPOS DE ATUAÇÃO 
 
Como professor: Para Santos 
(2006, s/p) esta vertente da 
educação física é apresentada por 
Darido (2005) e situa professor 
como um profissional de apoio no 
contexto pedagógico, permitindo ao 
aluno que determine a atividade 
que fará durante a aula. Os alunos 
têm liberdade para escolher 
atividades de sua preferência 
cabendo ao professor apenas cuidar 
de aspectos burocráticos, como 
fornecer material, controlar o 
tempo da aula, e em alguns 
momentos arbitrar a pelada. O 
professor não apresenta aspetos 
diretivos na sua aula. 
A partir das críticas ao modelo 
esportivizante, predominante nas 
décadas de 60 e 70, surge esta 
tendência no ensino da Educação 
Física, na qual o professor tende a 
demonstrar passividade e apatia, 
contrastando com o estilo militar e 
autoritário característico de uma 
pratica que privilegia o esporte 
como conteúdo onipresente. A 
tendência recreacionista não possui 
nenhum arcabouço teórico. Não 
existem teóricos ou estudiosos que 
tenham pesquisado ou, refletido, 
sobre os aspectos que levam a uma 
atuação que não privilegia a 
intencionalidade. A autora também 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
28 
afirma que esta ausência de 
material conceitual não diminui sua 
predominância no dia-a-dia da 
escola e reputa as causas desta 
alternativa a interpretações 
equivocadas do papel do educador 
físico no contexto escolar e uma 
formação deficiente do professor. 
(SANTOS, 2006, s/p). 
Por analogia, continua Santos 
(2006, s/p) podemos comparar um 
regente de turma, cuja atuação se 
reduz a atitudes recreacionista, a 
um maestro que teria como 
principal função conduzir sua 
orquestra com as obras de sua 
escolha, mas permite que os 
músicos se auto-organizem e 
desenvolvam o repertório da 
apresentação. Dessa forma o 
maestro, que seria o regente do 
espetáculo se transforma em mais 
um espectador, não se 
diferenciando em quase nada do 
público que prestigia a atuação dos 
músicos. É o que acontece com o 
professor que torna sua prática 
docente um espaço superficial que 
poderia star sendo organizado por 
qualquer indivíduo sem 
conhecimentos e formaçãoem 
Educação física que estivesse 
passando pela esquina da escola. 
A inexistência de pressupostos 
teóricos que corroboram e 
fundamentam a vertente 
recreacionista comprova que esse 
professor não tem a intenção de 
justificar sua prática cotidiana, a 
não ser através de subterfúgios. A 
postura acionada como recurso de 
argumentação é se ancorar, de 
forma equivocada, no discurso que 
defende a promoção do lazer na 
escola, porém sem a vinculação dos 
aspectos pedagógicos. Seu trabalho 
cotidiano se resume a atividades 
isoladas e sem conexão entre si, 
voltadas para o lazer, sem que 
visem nenhuma autonomia do 
aluno. Se a Educação Física assume 
este papel catártico através do lazer, 
perde a função como disciplina no 
panorama do ensino formal. O 
professor recreacionista parece 
argumentar em um terreno 
instável, a beira de um abismo ou 
em solo arenoso, ao constituir uma 
prática superficial no contexto 
pedagógico. (SANTOS, 2006, s/p). 
 A Educação Física e o lazer: 
Para Pimentel (2006, p. 7) 
historicamente, conforme apontam 
Melo, Fonseca (1997) a Educação 
Física vem se sedimentando no 
campo do tempo livre muito em 
função da recreação. A sociedade já 
referenda a área como a mais 
associada a atividades como: 
colônias de férias, gincanas, ruas de 
lazer, acampamentos, animação de 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
29 
festas, entre outras estratégias 
recreativas. Mas com o 
desenvolvimento do turismo, como 
mercado e área do lazer, os 
formados em Turismo 
(turismólogos), vêm buscando 
competências para terem inserção 
mais significativa no lazer e 
recreação. No âmbito da animação 
cultural e do planejamento do lazer, 
turismólogos ganham terreno 
devido à formação em ciências 
sociais aplicadas. Isso lhes 
fundamenta para uma intervenção 
mais no campo teleológico 
(diretrizes) enquanto o profissional 
de Educação Física, em geral, se 
preocupa com a questão 
instrumental (ações). 
Schreyer, Driver (1989, p. 413, 
apud Pimentel, 2006, p. 7), sobre 
mudanças nas perspectivas de 
profissionais do lazer na América 
do Norte, avalizam não haver uma 
única profissão do lazer. Isto 
porque há variação considerável no 
conhecimento, valores, e 
capacidades de indivíduos que 
trabalham na provisão de serviços 
no lazer. Mesmo que, 
frequentemente, os especialistas 
tendam a enfatizar as preocupações 
mais imediatas de administração, 
os autores percebem um quadro 
claro da extensão desta perspectiva. 
O entendimento enfocado nas 
questões do dia a dia é, para 
Schreyer, Driver (1989), uma visão 
estreita que mantém o romantismo 
ingênuo sobre o lazer como algo 
maravilhoso capaz de reduzir 
criminalidade e curar 
enfermidades. Portanto, o 
problema na realidade deles não é 
somente a necessidade de uma 
articulação entre vários 
profissionais, mas a formação 
pouco crítica dos que atuam na 
área. Isto contribui à percepção que 
lazer é uma coisa trivial, sem 
necessidade dos especialistas 
possuírem educação profissional 
específica. Como não existe 
articulação séria da natureza de 
causa-efeito entre atividades de 
lazer e benefícios específicos, 
mesmo nos países ditos 
desenvolvidos não se prega como 
necessário, ou até mesmo desejável, 
que se faça pesquisa sistemática 
sobre a melhor forma de o lazer 
trazer benefícios para cada grupo 
em particular. Consequentemente, 
no mercado de trabalho se oferece 
um pacote de 
profissional/atividades, tido como 
apropriado para qualquer pessoa 
nas mais diversas realidades. 
(PIMENTEL, 2006, p. 7). 
Naturalmente, enfatiza 
Pimentel (2006, p. 8) estas são 
aproximações que ainda necessitam 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
30 
de melhor reflexão, mas que já são 
apontadas em estudos, como o 
realizado pela Confraria dos 
Profissionais do Lazer no Paraná 
(Pimentel, Pereira, Carvalho, et al, 
2001). Tal pesquisa sobre a atuação 
profissional no lazer reforça que 
muitos graduados e acadêmicos da 
Educação Física, consideram a 
recreação como um „bico‟ e 
preferem mais serem vistos como 
professores que recreadores ou 
animadores. Apresentam pouca 
inserção em cargos de gerência ou 
planejamento, estando mais 
interessados em adquirir 
competências para trabalho direto 
com o público, executando a 
programação ao invés de construí-
la. Ainda há aqueles que se 
refugiam na Educação Física 
escolar como „emprego 
institucionalizado‟, encarando a 
atuação no lazer como um mercado 
promissor, porém incerto, 
absorvente e subversivo quando 
comparado à escola. Enquanto 
setores como escola, iniciação 
desportiva e musculação envolvem 
muita rotina, o mercado do lazer 
requisita atenção e inovação 
constantes do trabalhador. 
Evidente, nem todo lazer se 
mostra criativo. Daí essa crise de 
identificação acadêmica com o lazer 
ser muitas vezes fruto do próprio 
encaminhamento equivocado que 
os trabalhadores da área dão à 
recreação. Primeiro porque os 
projetos são desenvolvidos 
desprovidos da devida análise de 
contexto. Sem inventário do local e 
da população alvo, são presumidas 
algumas características e montado 
um pacote de brincadeiras 
„infalíveis‟. Com o tempo, há o 
perigo desse trabalho de pouca 
qualidade fazer parecer ser o 
normal, o padrão. E por sempre as 
atividades serem feitas dessa 
maneira, vai sendo reproduzido o 
círculo vicioso: é oferecida 
„qualquer coisa‟, mas a 
comunidade vai se acostumando. 
Daí que ao solicitar serviços 
recreativos, não é cobrado o 
diagnóstico local para programar 
uma atividade personalizada, com 
participação efetiva da comunidade, 
numa perspectiva de 
desenvolvimento e cidadania 
cultural. Em projetos de extensão 
comunitária, por exemplo, é 
comum virem pedidos de evento 
com poucos dias de antecedência e 
ao se explicar da necessidade de um 
trabalho de preparação, ainda 
respondem: „nem é preciso isso 
não; é só ir lá e brincar com a 
criançada. (...)‟ (PIMENTEL, 2006, 
p. 8). 
O segundo motivo conforme 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
31 
Pimentel (2006, p. 8) que pode 
explicar a paradoxal relação de 
simpatia/rejeição do profissional de 
Educação Física com o 
lazer/recreação, é o caráter 
superficial e alienante das práticas 
de lazer na perspectiva tradicional 
da recreação. Para alguns, atuar 
com recreação se confunde com o 
próprio lazer pessoal, visto que 
exige uma aparente e constante 
negação da rotina. Por outro lado, 
muitos profissionais, municiados de 
um referencial mais denso, da 
licenciatura, percebem que ser 
professor, além de atrair mais 
reconhecimento, significa trabalhar 
numa perspectiva mais abrangente 
e transformadora quando 
comparada ao ofício do recreador. 
Nesse sentido, a recreação, por não 
se apresentar como contraponto à 
hegemonia, não despertaria 
nenhum interesse às perspectivas 
mais críticas da educação. De fato, 
como Werneck (2000, p. 109-121) é 
enfática ao dizer, a recreação está 
inserida em escolas, hospitais e 
clubes com diversos interesses, mas 
que redundam na mera 
conformação e controle social. 
Porém, a recreação não pode ser 
confundida com jogos e nem com o 
lazer. Este último, particularmente, 
deve ser entendido como direito 
social e possibilidade de produção 
cultural. Uma educação para o lazer 
facilitaria a apreensão desse tempo 
conquistado, através de múltiplas 
possibilidades. Neste sentido, lazer 
difere de recreação, o movimento 
de ocupar as horas vagas das 
massas populares. (PIMENTEL, 
2006, p. 9). 
Sem preconceitos, o professor 
de Educação Física deve entender 
que muito do que faz está 
relacionado ao lazer (maior parte 
das atividades corporais 
significativas ocorre no tempo livre 
das pessoas ou tem reflexos nas 
opções de lazer). Também cabe a 
ele a crítica aos modelos vigentes, 
visando o desenvolvimento de 
novas possibilidades de consumire 
produzir a cultura no tempo livre. 
Essa competência didático-
pedagógica, aliada à consciência 
política, precisa ser entendida como 
necessária também na animação 
sociocultural, especialmente 
quando se entende o profissional do 
lazer como um educador. 
A esse respeito, Requixa (1980, 
p. 52-56, apud Pimentel, 2006, p. 
9) ao tratar do “duplo aspecto 
educativo do lazer”, diz ser a 
educação para o lazer uma resposta 
ao sentimento de tédio e depressão 
experimentado por trabalhadores 
ao terem tempo livre. Para o autor, 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
32 
a falta de preparação para o lazer é 
sintoma de um tipo de sociedade no 
qual as pessoas consomem mais 
coisas e, paradoxalmente, sentem- 
se com menos qualidade de vida. 
Técnicos de várias especialidades 
seriam necessários para cultivar 
múltiplos interesses no lazer e 
emancipar as pessoas da procura 
por fazer algo útil em seu tempo 
livre. O resultado esperado seria 
que a pessoa conseguisse “preparar 
para si mesma uma arte de viver.” 
Na esteira da educação 
informal, o lazer é um meio de 
desenvolvimento de diferentes 
aspectos do ser humano. Em 
complemento, é por meio da 
educação que muitas possibilidades 
de transformação das práticas de 
lazer se delineiam. Isto significa, 
entre outras coisas, que o 
profissional de Educação Física 
precisa redimensionar sua 
intervenção no lazer, buscando as 
interfaces de seus conhecimentos 
na educação com as práticas 
corporais no tempo livre. 
Por fim, é fundamental 
recordar a amálgama entre a 
educação para o lazer e o seu 
consumo/produção no tempo livre. 
O fato desses dois campos não 
serem pensados como 
interdependentes reflete a 
desconsideração dos educadores 
com a dinâmica cultural. Sobrevive 
ainda o paradigma de educar 
primordialmente para o trabalho. A 
escola tem de ser pensada como 
centro cultural, onde é possível 
construir vivências significativas 
para os vários campos lúdicos de 
realização humana (teatro, cinema, 
esportes, dança, ginástica, pintura, 
jardinagem, modelismo, viagem, 
associativismo, entre outros). Essas 
experiências permitiriam que o 
educando formasse uma sólida 
cultura geral, apontando para a 
cidadania. Neste sentido, o 
profissional escolar estaria 
formando o futuro cliente (não mais 
acéfalo) do profissional do lazer, 
nos vários campos de interesse no 
lazer. Pois uma vez enriquecidas de 
vivências, as pessoas poderiam se 
dedicar às manifestações lúdicas 
com mais autonomia, cientes das 
opções e, provavelmente, mais 
criteriosas quanto à qualidade dos 
agentes que irão acompanhá-las 
nesse processo. (PIMENTEL, 2006, 
p. 9). 
 
 
 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
34 
7. A RECREAÇÃO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA 
Lazer: Para Maffei Junior 
(2004, p. 53) de acordo com a 
Carta Internacional de Educação 
para o Lazer, da Associação 
Mundial de Recreação e Lazer 
(World Leisure and Recreation 
Association – WLRA, 2004), a 
finalidade básica da educação é 
desenvolver os valores e atitudes 
das pessoas e provê-las com o 
conhecimento e aptidões que lhes 
permitirão sentirem-se mais 
seguras e obter mais prazer e 
satisfação na vida. Essa 
perspectiva subentende que a 
educação, além de ser importante 
para o trabalho e para a 
economia, é igualmente 
importante para o 
desenvolvimento do indivíduo 
como um membro plenamente 
participativo da sociedade e para 
a melhoria da qualidade de vida. 
A educação deve ser considerada 
como processo para o 
desenvolvimento humano 
integral. Para isso, ela deve 
organizar-se, segundo Délors 
(2001, p. 89-90), em torno de 
quatro aprendizagens 
fundamentais, que, ao longo de 
toda a vida, serão de algum modo 
para cada indivíduo, os pilares do 
conhecimento: 
 Aprender a conhecer, isto é, 
adquirir os instrumentos da 
compreensão; Aprender a fazer, 
para poder agir sobre o meio 
envolvente; 
 Aprender a viver juntos, a 
fim de participar e cooperar com os 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
35 
outros em todas as atividades 
humanas; 
 Finalmente aprender a ser, 
via essencial que integra as três 
precedentes. 
Através dessas quatro 
aprendizagens, os indivíduos 
podem adquirir a consciência 
crítica que amplia a visão de 
mundo, ajudando-os na leitura 
interpretativa dos fatos sociais, das 
relações intrapessoais e 
interpessoais e com a natureza. 
Deve ser contextualizada, 
propiciando ao aluno a 
apropriação do conhecimento 
elaborado, tendo como referência a 
sua própria realidade. Libâneo 
(1998, p. 22) define a educação 
como “uma prática social que atua 
na configuração da existência 
humana individual e grupal.” 
Libâneo diz ainda que a educação 
tem função construtora e 
reconstrutora dos espaços de vida, 
e para isso utiliza “processos de 
comunicação e interação pelos 
quais os membros de uma 
sociedade assimilam saberes, 
habilidades, técnicas, atitudes, 
valores”. É nesse contexto que a 
escola precisa estar inserida, 
oferecendo uma formação geral na 
direção da educação integral. 
Segundo Gadotti (2000), cabe à 
escola: amar o conhecimento como 
espaço de realização humana, de 
alegria e de contentamento 
cultural; selecionar e rever 
criticamente a informação; 
formular hipóteses; ser criativa e 
inventiva (inovar); ser 
provocadora de mensagens e não 
pura receptora; produzir, construir 
e reconstruir conhecimento 
elaborado. (MAFFEI JUNIOR, 
2204, p. 54) 
Continuando, Maffei Junior 
(2004, p. 94) afirma que para os 
alunos, as consequências dessa 
escola, de acordo com Gadotti, são 
enormes: ensinar a pensar; saber 
comunicar-se; saber pesquisar; ter 
raciocínio lógico; fazer sínteses e 
elaborações teóricas; saber 
organizar o seu próprio trabalho; 
ter disciplina para o trabalho; ser 
independente e autônomo; saber 
articular o conhecimento com a 
prática; ser aprendiz autônomo e a 
distância. Com isso se quer dizer 
que a escola constitui um pilar 
básico na sociedade para a 
formação dos indivíduos e, 
indiretamente, da própria 
comunidade em que se integram. 
Este atributo da escola é inegável, 
pois a maioria das crianças e dos 
adolescentes cresce dentro dela. A 
escola representa o espaço onde se 
criam condições para promover, de 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
36 
maneira organizada, as aquisições 
consideradas fundamentais para o 
normal desenvolvimento humano. 
É essa a função da escola: dar 
conta do desenvolvimento pleno 
dos educandos – a escola tem que 
se preocupar com a formação em 
todas as dimensões. Isso inclui 
proporcionar aos alunos 
conhecimentos e oportunidades 
para que eles possam viver, 
conviver e trabalhar, dando 
sentido às suas vidas. E, o que 
muito se discute hoje é que não se 
pode alcançar estes objetivos 
olhando a escola simplesmente 
pela ótica da educação para o 
trabalho; deve-se olhar, sim, pela 
ótica de uma educação para a vida, 
que envolve trabalho, lazer, 
relações, desenvolvimento artístico 
e profissional. 
Para Requixa (1977, p. 21), a 
educação é hoje entendida como o 
grande veículo para o 
desenvolvimento, e o lazer, um 
excelente e suave instrumento para 
impulsionar o indivíduo a se 
desenvolver, a se aperfeiçoar, a 
ampliar os seus interesses e a sua 
esfera de responsabilidades. 
Requixa (1980, p. 72) sugere um 
duplo aspecto educativo do lazer: o 
lazer como veículo de educação – 
educação pelo lazer; o lazer como 
objeto de educação – educação 
para o lazer. Este autor diz que o 
indivíduo, ao participar em 
atividades de lazer, desenvolve-se 
tanto individual como socialmente, 
condições estas indispensáveis 
para garantir o seu bem-estar e a 
participação mais ativa no 
atendimento de necessidades e 
aspirações de ordem individual, 
familiar, cultural e comunitária. 
Marques (1998) entende que o 
objetivo da educação para o lazeré 
formar o indivíduo para que viva o 
seu tempo disponível da forma 
mais positiva. Através desse 
processo o indivíduo amplia o 
conhecimento de si próprio, do 
lazer e das relações do lazer com a 
vida e com o tecido social, e 
reconhece os valores do lazer, 
aprendendo a utilizar os 
conhecimentos necessários para 
que possa organizar a sua vida, 
tanto do ponto de vista laboral 
como do aproveitamento do seu 
tempo livre. Para Dumazedier 
(1979), os objetivos da educação e 
do lazer se harmonizam, haja vista 
que uma das funções do lazer é o 
desenvolvimento da personalidade 
do indivíduo. Requixa (1976, p. 38) 
complementa, dizendo do papel 
preponderante da educação para o 
lazer para o aluno: a família, a 
escola e todos os educadores têm 
papel determinante a 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
37 
desempenhar quando da iniciação 
da criança numa atividade lúdica e 
ativa de lazer, na qual a frequente 
contradição entre o ensino e a 
realidade necessita ser eliminada. 
(MAFFEI JUNIOR, 2004, p. 56) 
Segundo a Carta Internacional 
de Educação para o Lazer, a 
educação para o lazer há muito tem 
sido reconhecida como parte da 
área da educação, mas não tem sido 
amplamente implementada. Tem 
sido entendida como parte 
importante do processo de 
socialização no qual uma variedade 
de agentes desempenha um papel 
importante, sendo que se pode 
destacar como principais agentes os 
alunos e o professor de educação 
física. Mas, por que implementar a 
educação para o lazer na escola? 
Porque a meta geral da educação 
para o lazer é ajudar estudantes em 
seus diversos níveis a alcançarem 
uma qualidade de vida desejável 
através do lazer. Isto pode ser 
obtido pelo desenvolvimento e 
promoção de valores, atitudes, 
conhecimento e aptidões de lazer 
através do desenvolvimento 
pessoal, social, físico, emocional e 
intelectual. Diz Vaz (2003): a escola 
deve atender às necessidades, 
interesses e motivações de seus 
alunos, onde o aspecto recreativo, 
base da concepção utilitária e social 
da educação física, deve ser levado 
em consideração quando do 
planejamento das atividades a 
serem desenvolvida, pois, trabalho 
e lazer, tal como a educação 
intelectual e a educação física, não 
podem ser consideradas como 
partes separadas. Isso deve ser 
ensinado aos alunos. 
Em relação aos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs) 
(BRASIL, MEC, 1996), este 
documento somente cita o lazer na 
escola, não aprofundando e nem 
explicitando o tema. Os PCNs 
apontam a importância de se 
educar para o lazer, mas não 
indicam como fazer isso. Afirmam 
que, ao final do ensino 
fundamental, os alunos devem 
estar capacitados a conhecer, 
organizar e interferir no espaço de 
forma autônoma, bem como 
reivindicar locais adequados para 
promover atividades corporais de 
lazer, reconhecendo-as como uma 
necessidade básica do ser humano 
e um direito do cidadão. 
Entretanto, isso não ocorre, 
porque são raros os professores de 
educação física que incluem em 
seu planejamento de aula 
conteúdos sobre o lazer. Um dos 
motivos pode ser a má formação 
que este professor recebeu sobre o 
lazer quando cursou a faculdade. 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
38 
São poucas as instituições que 
oferecem embasamento sobre o 
lazer. Isayama (2002, p. 121), 
analisando os currículos, observou 
que com relação à importância 
atribuída à recreação e ao lazer nos 
currículos desses cursos, existe 
contradição entre o que se propõe 
como objetivo e o que realmente se 
realiza no interior dos currículos. 
Nesse sentido, muitos cursos 
afirmam em seus objetivos que a 
recreação e o lazer são campos de 
atuação do profissional de 
Educação Física, além do 
treinamento desportivo e da 
escola, e que o seu currículo irá 
privilegiar esses três enfoques. No 
entanto, fica difícil formar 
profissionais qualificados para 
atuar nos campos da recreação e 
do lazer, se esses conhecimentos 
são trabalhados de forma rápida e 
superficial, em virtude da pequena 
abertura que têm, em termos de 
carga horária, número de 
disciplinas e abordagem dentro de 
outras disciplinas do currículo. 
(MAFFEI JUNIOR, 2004, p. 57) 
Ainda Maffei Junior (2004, p. 
57) aponta que Bramante (1998, p. 
42) se refere ao duplo aspecto 
educativo do lazer (Requixa 1989) 
e diz que “a educação para e pelo 
lazer tem oscilado entre dois 
extremos: da inclusão de uma 
disciplina específica no currículo 
escolar desde o início do processo 
de escolarização” até a proposta de 
que “todo currículo escolar deveria 
ter como paradigma a ludicidade, 
explorando os conteúdos 
específicos de todas as disciplinas 
através de uma educação pelo 
lazer”. Segundo Le Boulch (1983, 
p. 23), a preparação dos alunos 
para o lazer é uma questão 
pedagógica: “ao assumir a nobre 
função de educar na plenitude do 
termo o cidadão, a escola esteja 
preocupada, em todos os níveis, 
em prepará-lo não apenas para o 
trabalho, mas também e cada vez 
mais para o lazer”. Opachowski 
citado por Vaz (2003) desenvolveu 
uma “pedagogia do lazer”, 
defendendo a necessidade de criar 
medidas e intenções educativas 
para o lazer, garantindo que o 
mesmo seja realmente um tempo 
livre para o indivíduo. A 
“pedagogia do lazer” apresenta 
oito características, resumidas por 
Haag (1981, p. 100-101), que 
podem ser plenamente utilizadas 
pelo professor de educação física 
para explicar aos alunos a 
importância do lazer: 
1. A pedagogia do lazer 
constitui uma forma culta de 
serviço especial que oferece ao 
indivíduo (desde a etapa pré-
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
39 
escolar até a formação do adulto) 
ajuda para aprender, desencadear e 
tolerar as trocas individuais e 
sociais. 
2. A pedagogia do lazer supõe 
uma atitude política ante um 
mundo não harmonizável. 
3. A pedagogia do lazer libera 
da identificação total com os 
afazeres (e com os afazeres 
desempenhados durante o tempo 
livre, porém determinados pelo 
trabalho e por terceiros), da 
consequente idealização do 
trabalho e do predomínio absoluto 
do princípio de rendimento. 
4. A pedagogia do lazer 
estimula ao indivíduo a autoanálise 
e a reflexão sobre si mesmo e sobre 
o lugar ocupado por ele no trabalho 
e no tempo livre. 
5. A pedagogia do lazer vence 
a angústia, a penúria e a repressão; 
está aberto ao bem estar, ao lazer e 
ao desfrute dele mesmo. 
6. A pedagogia do lazer 
assume uma atitude positiva frente 
à abundância e variedade das 
ofertas de consumo, evitando, ao 
mesmo tempo, um permanente 
autocontrole, vigilância e distância 
crítica permanentes frente à 
indústria de lazer. 
7. A pedagogia do lazer 
proporciona segurança física, 
psíquica e social e uma nova 
economia da saúde. 
8. A pedagogia do lazer 
melhora o estado de ânimo, e 
assim contribui a atingir o 
otimismo frente à vida e a 
fortalecer a autoconsciência. 
Kraus (1972, p. 1-2) afirma que 
o principal propósito da educação 
para o lazer, assim como em 
outras formas de educação, é 
“promover certas mudanças 
individuais desejáveis nos 
estudantes que estão expostas a 
ela”. Este autor trabalha com 
algumas metas que podem ser 
estabelecidas: 
 Atitude: é essencial que o 
estudante desenvolva um 
conhecimento da importância do 
lazer na sociedade e reconheça os 
valores significativos que eles 
podem trazer à sua vida; 
 Conhecimento: atitudes 
positivas bem fundadas devem ser 
suplementadas pelo conhecimento 
individual; saber “como”, “por 
que”, e “onde” deve ocorrer a 
participação recreativa; 
 Habilidades: o objetivo de 
ensinar técnicas não é somente o 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
40 
de conseguir que o estudante 
domine um certo número de 
atividades específicas, com a ideia 
de que ele necessariamente 
participará delas, em sua vida 
recreativa, na juventude e idadeadulta; e ainda proporcionar certas 
habilidades básicas, para que ele 
possa participar dessas habilidades 
com um certo grau de competência, 
sucesso e prazer; 
 Comportamento: qualquer 
das metas acima, atitude, 
conhecimento e habilidades, leva a 
esse último propósito que é o 
comportamento. A consequência 
da educação para o lazer dever ser 
a existência de um comportamento 
que seja marcado pela capacidade 
de um bom julgamento pessoal, 
quando da seleção de atividades 
recreativas. 
Segundo Kraus (apud Gaelzer, 
1979, p. 2), a escola tem a 
responsabilidade de proporcionar 
experiências vivas, tanto pela 
assistência direta ao corpo discente 
como pela colaboração com a 
comunidade que também deve 
proporcionar atividades recreativas 
para a intensificação de seu 
programa de educação para o lazer. 
O comportamento de lazer pode 
ser firmado e os hábitos de 
participação efetiva podem ser 
solidamente implantados se a 
escola se esforçar em ensinar uma 
real participação nas atividades de 
lazer. Como diz M'Bow citado por 
Vaz (2003), “que cada um seja, 
daqui por diante, preparado para 
uma educação física e esportiva 
que lhe permita manter a saúde ao 
longo da vida, ou simplesmente 
ocupar o seu lazer”. (MAFFEI 
JUNIOR, 2004, p. 58-59) 
Recreação: de acordo com 
Graciano, Silva (2009, s/p) a 
palavra recreação vem do latim 
recreare e significa “criar 
novamente” no sentido positivo, 
ascendente e dinâmico (Ferreira 
2003). Silva (1959) informa que a 
definição de recreação pode ser 
achada no termo inglês play 
significado que o homem encontra 
uma verdadeira satisfação e alegria 
no que esta fazendo. Representa 
uma atividade que é livre e 
espontânea na qual o interesse se 
mantém por si só, sem nenhuma 
compulsão interna ou externa de 
forma obrigatória ou opressora. 
Para Mian (2003) recreação 
significa satisfação e alegria 
naquilo que faz. Retrata uma 
atividade que é livre e espontânea 
e na qual o interesse se mantém 
por si só, sem nenhuma coação 
interna ou externa de forma 
obrigatória ou opressora, afora e 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
41 
prazer. Schimit (apud Frietzen, 
1995) define a recreação como 
sendo o relaxamento do organismo 
e da mente. É diversão, renovação, 
recuperação. È a atividade 
livremente escolhida exercida nas 
horas de lazer ativa ou passiva, 
individualmente ou em grupo, 
organizada ou espontânea. 
A recreação tem o objetivo de 
criar condições ótimas para o 
desenvolvimento integral das 
pessoas, promovendo a sua 
participação individual e coletiva 
em ações que melhorem a 
qualidade de vida a preservação da 
natureza e afirmação dos valores 
essências da humanidade. 
Segundo Gouvêa (1963) recrear é 
educar, pois a recreação permite 
criar e satisfazer o espírito estético 
do ser humano ricas possibilidades 
culturais, permite escapar do 
desagradável, utilizando excesso 
de energia ou diminuindo tensão 
emocional; é experiência, 
complementa atividade 
compensadora, descarrega 
impulsos agressivos, fuga de 
pressão social que provoca 
frustração, monotonia ou 
ansiedade. Já Kishimoto (1997) 
define recreação, como atividade 
física ou mental a que o indivíduo 
é naturalmente impelido para 
satisfazer as necessidades físicas, 
psíquicas, ou sociais, de cujas 
realizações lhe advêm prazer, e que 
é aprovada pela sociedade. 
(GRACIANO, SILVA, 2009, s/p) 
Ainda de acordo com 
Graciano, Silva (2009, s/p) o 
entretenimento em si mesmo não 
é, sempre recreação. Muitas 
diversões, muitos passatempos 
catalogados ou tidos como 
recreadores, não passam de 
atividades, nocivas a formação do 
caráter, responsáveis por grande 
número de problemas morais e 
sociais. A verdadeira recreação 
contém todos os elementos citados 
- entretenimento, diversões, 
passatempos e distração - mas em 
um nível construtivo. Atividades 
feitas apenas com o sentido de 
“matar o tempo” não podem ser 
classificadas como recreação relata 
Silva (1959). Infelizmente, nossas 
crianças na maioria das escolas 
recebem regras prontas, não 
significações. Elas devem aceitá-
las para poder transformar num 
bom adulto. E o mesmo acontece 
com os professores. (MIAN, 2003) 
Nem todo passatempo é recreação, 
nem toda diversão é uma atividade 
recreativa. (FERREIRA, 2003, 
apud GRACIANO, SILVA, 2009, 
s/p). 
 Jogos e brincadeiras: os 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
42 
jogos surgiram na Grécia como 
forma de diversão passando mais 
tarde a serem aperfeiçoados e 
estudados por grandes mestres a 
fim de torná-lo parte do 
desenvolvimento educacional da 
criança. Depois da segunda guerra 
mundial e com a criação da (A. C. 
M.) Associação Cristã de Moços em 
vários países, o jogo como um fator 
educacional, começou a ocupar 
espaço (Ferreira 2003). Segundo 
Cavallari, Zacharias (2008) se uma 
atividade recreativa permite 
alcançar vitória, ou seja, pode 
haver um vencedor, estamos 
tratando de um jogo. 
O jogo busca um vencedor, 
Ferreira (2003) jogo é uma 
atividade física, e/ou mental que 
favorece a sociabilização 
obedecendo a um sistema de 
regras, visando um determinado 
objetivo, sendo uma atividade que 
tem começo, meio e fim, regras a 
seguir e um provável vencedor. O 
jogo educativo é um elemento de 
observação e conhecimento 
metodológico da psicologia da 
criança, suas tendências, 
qualidades, aptidões, lacunas e 
defeitos. Jogo é uma das 
experiências mais ricas e 
polivalentes e, uma necessidade 
básica para a idade infantil. A 
revalorização do tempo livre, nos 
últimos tempos, e a continuidade 
do ensino de expressão dinâmica, 
vão despertando uma renovada 
atenção em direção ao aspecto 
lúdico, a psicomotricidade e suas 
grandes possibilidades (SILVA, 
1999). Cavallari, Zacharias (2008) 
dizem que todo jogo apresenta 
uma evolução regular, ele tem 
começo meio e fim. 
Consequentemente existem 
maneiras formais de se proceder. 
A maneira como se joga pode 
tornar o jogo mais importante o 
que imaginamos, pois significa 
nada menos que a maneira como, 
estamos no mundo. Os jogos de 
que as crianças participam 
tornam-se seus jogos de vida. 
Participando destes jogos tocamos 
uns aos outros pelo coração. 
Desfazemos a ilusão de sermos 
separados e isolados. E 
percebemos o quanto é bom e 
importante será respeitar a 
singularidade do outro. (BROTTO, 
2003) O professor tem seu papel 
nos jogos, ele representa e projeta 
a maneira de jogar, ele é quem 
comunicar-se através de voz 
audível e gestos harmoniosos, a 
fim de promover uma atmosfera 
agradável sua experiência é 
fundamental, pois através de seus 
exemplos conquista a confiança e 
cria uma relação de atividade 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
43 
criativa e amigável (SILVA, 1959, 
apud GRACIANO, SILVA, 2009, 
s/p). 
 Brincadeiras: Para Graciano, 
Silva (2009, s/p) Cavallari e 
Zacharias (2008) definem como a 
principal diferença entre jogo e 
brincadeira é o vencedor, na 
brincadeira não há como ter um 
vencedor. Ela simplesmente 
acontece e segue-se se 
desenvolvendo enquanto houver 
motivação e interesse por ela. Para 
a criança brincar é a coisa mais 
séria do mundo, é tão necessária 
ao seu desenvolvimento quanto o 
alimento e o descanso. É o meio 
que a criança tem de travar 
conhecimento com o mundo e 
adaptar-se ao que rodeia 
(FRITZEN, 1995). É por meio de 
brincar que a criança torna-se 
intermediária entre a realidade 
interna e externa, participando, 
entendendo e percebendo-se como 
membro integrante do seu meio 
social. É brincando também, que a 
criança deixa de ser passiva para 
tornar-se responsável pela a ação 
realizada, decidindo os rumos das 
situações socioculturais por ela 
criadas é vivenciada sentimentos 
diversos, que contribui para a 
formação da sua personalidade 
(MIAN, 2002). 
Marcellino (1990, apud 
Graciano,Silva, 2009, s/p) 
informa que através do prazer, o 
brincar possibilita à criança a 
vivência de sua faixa etária e ainda 
contribui de modo significativo 
para sua formação como ser 
humano, participando da cultura 
da sociedade que vive, e não 
apenas como mero indivíduo 
requerido pelos padrões de 
produtividade social. Sendo assim 
a vivência do lúdico é 
imprescindível em termos de 
participação cultural e crítica e, 
principalmente criativa. 
Marcellino descreve também o 
quanto é fundamental assegurar a 
criança o tempo e o espaço para 
que o lúdico seja vivenciado com 
intensidade capaz de formar a base 
sólida da criatividade e da 
participação cultural e, sobretudo 
para o exercício do prazer de viver. 
São os conteúdos e a forma 
(produtos e processo) da cultura 
da criança, que representam o 
antídoto a aceitação do “jogo” pré-
estabelecido, da sociedade e 
mesmo a camuflagem das 
colocações individuais, 
justificando sua impotência frente 
a estrutura do mundo que 
receberam e são obrigadas a 
produzir. A criança que brinca vive 
a sua infância torna se um adulto 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
44 
muito mais equilibrado, física e 
emocionalmente suportará muito 
melhor as pressões das 
responsabilidades adultas e terá 
maior criatividade para solucionar 
os problemas que lhe surgem, 
sendo assim, a brincadeira é uma 
atividade não apenas natural, mas, 
sobretudo sociocultural já que, 
muitas crianças a cada dia, tem 
menos tempo para brincar, pois 
os pais se matriculam no maior 
número possível de atividades e 
como consequência elas são 
vítimas de estresse bem mais cedo. 
O brinquedo por sua vez tem seu 
papel importante nas brincadeiras 
sendo para criança um passaporte 
para o reino mágico de brincadeira 
(KISHIMOTO, 1997, apud 
GRACIANO, SILVA, 2009, s/p). 
Infelizmente, nossas crianças 
na maioria das escolas recebem 
regras prontas, não significações. 
Elas devem aceitá-las para poder 
transformar num bom adulto. E o 
mesmo acontece com os 
professores. (MIAN, 2003) 
Observa-se cada vez mais que o 
contato das crianças com jogos 
brinquedos e brincadeiras 
tradicionais vem perdendo espaço, 
possivelmente como consequência 
dos processos de urbanização e de 
produção consumo de 
equipamentos de alta tecnologia 
(videogames, computadores, 
televisores e brinquedos de 
controle remoto). (SCHWARTZ, 
1958). 
Segundo Neto (apud Velasco, 
1996) é um fato inquestionável que 
as oportunidades de jogo e 
atividade física tem vindo a 
degradar- se de forma considerável 
nas ultimas décadas aumentando 
substancialmente o sedentarismo 
na infância. A infância é uma 
época importante para a prática de 
várias atividades físicas e o 
desenvolvimento de habilidades 
motoras diversas a fim de 
promover atitudes saudáveis, 
melhorias na proficiência motora, 
maiores possibilidades de 
aderência a um estilo de vida ativo 
e melhor autoestima e confiança. 
Uma possível dinâmica de aula, em 
algumas ocasiões é iniciar 
conversando com os alunos, 
perguntando-lhes do que 
gostariam de brincar. Trata-se de 
uma forma de estimular a 
participação da criança e fazê-la 
sentir toda importância que tem 
favorecendo ainda, a rica troca de 
experiência entre elas e seus 
respectivos universos de jogos. 
Outra possibilidade é resgatar 
jogos, brinquedos e brincadeiras 
tradicionais, que os pais ou 
responsáveis e familiares dos 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
45 
alunos desenvolviam quando 
crianças pedindo ao aluno 
conversem com eles, perguntando-
lhes a respeito de que e como 
brincavam na infância trazendo 
referências por escrito ou 
desenhada representação de uma 
pequena exposição (organizada 
pelos próprios alunos, professores, 
pais ou responsáveis familiares e 
comunidade, na escola) da 
memória da cultura de jogos, 
brinquedos e brincadeiras infantis. 
(SCHWARTZ, 1958, apud 
GRACIANO, SILVA, 2009, s/p). 
Ainda de acordo com 
Graciano, Silva (2009, s/p) a 
alegria tem um efeito estimulante 
sobre o sistema nervoso e, sendo 
este o sistema que controla toda a 
atividade química que se processa 
no íntimo dos tecidos, é 
indiscutível os profundos efeitos 
das emoções de prazer sobre o 
organismo em geral e a estreita 
correlação entre saúde e bem estar. 
O treino nas diferentes atividades 
que se entrega a criança que se 
dispõe de espaço e estímulos 
naturais promove crescimento 
muscular, presteza em agir de 
acordo com a vontade, reserva de 
energia nervosa e maior resistência 
ao esforço físico. Cada momento 
de atividade recreativa envolve um 
estado emocional: de simples 
prazer ou alegria promovido pela 
satisfação de agir, de medo diante 
ao insucesso, da identificação real 
com um personagem mais fraco, 
ou ainda do perigo que possa 
enfrentar de raiva na luta contra 
obstáculos ou na personificação de 
elementos destruidores (GOUVÊA, 
apud KISHIMOTO, 1997). 
Características das crianças de 
6 a 8 anos: a criança de 6 a 7 anos 
para Ferreira (2003) pode ser 
definida como estando no estágio 
pré-operatório sendo a de 6 a 7 
onde aparece à linguagem oral. 
Pensamentos egocêntricos, rígidos, 
centrada em si mesma e com 
características de animismo (ciosas 
e animais). Não possui noção de 
conservação, quantidade, volume, 
massa, peso e não consegue 
retornar ao ponto de partida 
mentalmente (condição básica 
para a realização de operações). 
No período pré-operatório a 
assimilação, (isto é, a interpretação 
de novas formações baseada em 
interpretações presentes) é uma 
tarefa suprema para a criança. 
Nesta fase, a ênfase no por que e 
no “como” torna-se uma 
ferramenta básica para que a 
adaptação ocorra (GALLAHUE, 
OZMUN, 2005). 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
46 
Brincar serve como um 
importante meio de assimilação e 
ocupa maior parte das horas que a 
criança passa acordada. As 
brincadeiras imaginárias e as 
paralelas são importantes 
ferramentas para o aprendizado. 
Brincar também serve para 
demonstrar as regras e os valores 
dos familiares mais velhos do 
indivíduo. A ampliação do interesse 
social por seu mundo é 
característica da fase do 
pensamento pré–operatório da 
criança. Como resultado o 
egocentrismo é reduzido e a 
participação social aumenta. A 
criança começa a exibir interesse 
nos relacionamentos entre as 
pessoas. A compreensão dos papéis 
sociais de “mamãe”, “irmã” e 
“irmão” e seu relacionamento uns 
com os outros é importante para a 
criança nesta fase. A criança 
pequena demonstra crescente 
pensamento simbólico pela ligação 
do seu mundo com palavras e 
imagens. A assimilação é avançada 
usando a atividade física para 
realizar os processos cognitivos. 
(GALLAHUE, OZMUN, 2005, apud 
GRACIANO, SILVA, 2009, s/p). 
Na fase operatório-concreta 
de 7 a 11 anos para Ferreira (2003) 
a criança começa a ter um 
pensamento mais lógico, menos 
egocêntrico, ações mentais mais 
reversíveis, móveis e flexíveis. 
Apesar de o pensamento basear-se 
mais no raciocínio, ainda precisa 
de materiais e exemplos concretos. 
Não pode ordenar, seriar e 
classificar. Nesta fase, as 
percepções são mais precisas, e a 
criança aplica a interpretação 
dessas percepções ambientais 
sabiamente. Ela examina as partes 
para obter conhecimento do todo e 
estabelece meios de classificação 
para organizar as partes em um 
sistema hierárquico. A criança 
brinca para compreender seu 
mundo físico. Regras e 
regulamento são de interesse da 
criança quando aplicadas a 
brincadeira. A criança raciocina 
logicamente sobre eventos 
concretos e consegue classificar 
objetos de seu mundo em vários 
ambientes, existindo a 
reversibilidade com 
experimentação intelectual através 
da brincadeira ativa. (GALLAHUE, 
OZMUN, 2005, apud GRACIANO, 
SILVA, 2009, s/p). 
Finalizando Graciano, Silva 
(2009, s/p) afirmam que é deextrema importância a recreação na 
vida da criança, tanto no seu 
desenvolvimento motor, afetivo e 
social. E são os jogos e brincadeiras 
que tornam um facilitador para que 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
47 
tudo aconteça de forma natural e 
melhor ainda de forma “prazerosa”. 
É necessário ter um objetivo a ser 
trabalhado, para que assim elas se 
desenvolvam e mostrem seu 
potencial, não simplesmente 
“brincar” e sim educar, com essas 
ferramentas tão úteis e 
significativas que trazem sorrisos e 
mudam a vida das crianças. O 
brincar de forma construtiva abre a 
portas para a educação, e depende 
de nós deixá-la aberta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA E PRÁTICA DA RECREAÇÃO 
 
49 
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