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Representação Cultural e Social no Brasil

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Curso Pré-ENEM Linguagens
Tema
Representação cultural e artística
Tópico de estudo
Ampliação da percepção de mundo dos candidatos, capacitando-os a refl etir sobre si e sobre a sociedade em que se 
inserem e fornecendo fundamentos sólidos para diversas possibilidades de tema.
Questões para refl exão – Brasil
1. De acordo com o sociólogo Gilberto Velho, “A sociedade brasileira tradicional, a partir de um complexo equilíbrio de hierarquia 
e individualismos, desenvolveu, associado a um sistema de trocas, reciprocidade na desigualdade e patronagem, o uso da 
violência, mais ou menos legítimo, por parte de atores sociais bem definidos”. A partir desse contexto, faça uma análise de 
como a manipulação de poder, a corrupção e o uso da força são observados dentro dessa sociedade.
2. Leia:
PT vai processar Kassab por abuso de autoridade
São Paulo – O Diretório Municipal do PT de São Paulo vai ingressar com uma representação no Ministério Público de São Paulo 
contra o prefeito Gilberto Kassab (PFL) por abuso de autoridade. O partido entende que foi exagerada a atitude do prefeito que, na 
segunda-feira, chamou de “vagabundo” e expulsou o manifestante Kaiser Paiva Celestino da Silva da inauguração de um posto de 
Assistência Médica Ambulatorial (AMA), em Pirituba, na Zona Oeste da cidade.
A representação será entregue na tarde de hoje ao Ministério Público, que deve decidir se o processo será aberto ou não. Na tarde 
de terça-feira, Kassab pediu desculpas pelos “excessos” e “termos usados”.
O presidente do Diretório Municipal do PT, o vereador Paulo Fiorilo, afirmou que a representação é baseada no artigo 4 o da Lei 
4898-65, que define como abuso de autoridade o ato lesivo a honra de pessoa física quando praticado com abuso ou desvio de poder. 
Segundo ele, se o processo for aberto, o prefeito pode ser punido com multa ou até com um impeachment.
O assunto gerou discussão, ontem, na Câmara de Municipal de São Paulo. O líder do PT, Arselino Tato, apresentou moção de re-
púdio ao episódio da última segunda-feira.
O Dia Online
LEI N o 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965
Art. 3 o: Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção; (…)
Art. 4 o: Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; (…)
Constituição Federal
O abuso de autoridade vem se tornando uma constante em nossa sociedade. A atitude é tomada não só por políticos, mas 
principalmente por aqueles que detêm alguma posição sócio-cultural elevada em relação ao agredido.
a) Que raízes históricas comprovam esse comportamento em nossa sociedade?
b) Sobre essa questão, Roberto DaMatta afirma que as elites brasileiras, “por ingenuidade, arrogância ou onipotência, têm uma 
paixão incurável pelo Estado e uma visão primária da sociedade”. Associe a afirmativa ao ritual autoritário do “você sabe 
com quem está falando?”, denunciado pelo autor como “absolutamente racional nos quadros de um sistema que contem-
pla mais a lealdade pessoal e a hierarquia, do que a igualdade e a obediência a normas impessoais e abstratas”.
Curso Pré-ENEM Linguagens
3. O Estrangeiro
O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de 
 [Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o 
 [amaro
Eu não sonhei 
A praia de Botafogo era uma esteira rolante de areia 
[branca e de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açúcar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açúcar com umas arestas insuspeitadas
A áspera luz laranja contra a quase não luz quase não 
[púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás, mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier:
"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:
É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei 
é mais bonito nú
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").
Caetano Veloso)
A música de Caetano Veloso dialoga com a Antropologia na medida em que aponta o relativismo no olhar como forma de 
obtermos uma consciência crítica. Discorra sobre a ideia geral do texto e de que maneira podemos entendê-lo como uma 
proposta política. 
4. Veja:
Domingo. Morumbi. São Paulo contra Noroeste. Após fazer dois gols no time de Bauru, o tricolor cede o empate. Vexame. Torcida 
irritada. Torcedor troglodita xinga o juiz de todos os nomes. Depois, urra um “macaco!” para defensor negro do Noroeste. Alguns se 
constrangem, mas ninguém protesta, até porque só tem branco nas cadeiras numeradas. O Brasil é racista. 
Negros são 13% da população dos Estados Unidos. Negros e pardos são 50% da população do Brasil. Os EUA são mais racistas 
que o Brasil, reza a lenda. Mas qual dos dois gigantes americanos está mais perto de eleger seu primeiro presidente negro? 
Sim, o país de Lula é mais racista que o país de Bush (e Obama). Pode não ser um racismo institucional, explícito, como já foi nos 
EUA. Mas somos mesmo um país desinstitucionalizado, nosso racismo, como nossa economia, é informal. 
Sérgio Malbergier, http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u376728.sht
A partir do texto acima, conteste a ideia de “democracia racial” no nosso país, discutindo a possibilidade de um “racismo à 
brasileira”.
5. Numa crônica intitulada “Mário de Andrade”, escreve Manuel Bandeira:
“Negras e cidades no Brasil são temas exóticos. Mesmo nos brasileiros. Uma coisa cacête nas nossas tentativas de assuntos nacio-
nais é que os tratamos como se fôssemos estrangeiros: não são exóticos para nós e nós os exotizamos. Falamos de certas coisas 
brasileiras como se as estivéssemos vendo pela primeira vez, de sorte que, em vez de exprimirmos o que há nelas de mais profundo, 
isto é, de mais cotidiano, ficamos nas exterioridades puramente sensuais.”
a) Com base nessas palavras, explique o conceito de “desenraizamento” (Sérgio Buarque de Hollanda, Raízes do Brasil)
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b) Relativize a questão do “desenraizamento”, a partir do conceito de “aldeia global”.
c) Também Alfredo Bosi tangencia esse tópico na importante palestra Cultura como Tradição. Citando ensinamentosapreen-
didos com o professor Oswaldo Elias Xidieh, diz-nos o ensaísta que a cultura popular deve estar com o povo. Quanto menor 
a influência do Estado no folclore, maior será a presença das legítimas tradições. Relacione esse tópico às seguintes passa-
gens de crônicas de Manuel Bandeira:
“Catulo da Paixão Cearense? É sem dúvida um poetão, (…). Mas é tão da cidade quanto nós outros. Não se confunde com o 
sertão. É um sertão de saudade o seu. Um sertão muito saído de vocábulos regionais.”
“Uma meia dúzia dos seus poemas tinham (sic) bem aquêle sabor da obra de arte em que o autor se confunde com o assunto.
(…) Fiz o possível para inspirar ao autor de Catimbó (Ascenso Ferreira) o gôsto de ser o poeta de Palmares. (…) Mas logo da pri-
meira vez (que quis apresentá-lo assim) o autor do Catimbó me chamou de parte e me fêz sentir que eu estava fazendo com ele 
uma pilhéria de mau gôsto. Ascenso fazia questão fechada de ser um poeta culto”
6. Leia
“O paradoxo do brasileiro é o seguinte. Cada um de nós isoladamente tem o sentimento e a crença sincera de estar muito acima 
de tudo isso que aí está. Ninguém aceita, ninguém agüenta mais: nenhum de nós pactua com o mar de lama, o deboche e a vergo-
nha da nossa vida pública.” 
(…)
 A auto-imagem de cada uma das partes – a idéia que cada brasileiro gosta de nutrir de si mesmo – não bate com a realidade 
do todo melancólico e exasperador chamado Brasil
(…)
“O brasileiro é sempre o outro, não eu.” 
Eduardo Giannetti, Vícios Privados, Benefícios Públicos?
a) Reflita, a partir desse texto, sobre a visão do brasileiro acerca do país e de si mesmo.
b) “Quando você estaciona em local proibido está contribuindo, mais do que imagina, com a desordem urbana.” Relacione a 
afirmativa ao texto que serve de base à questão.
7. Uma das ideias mais difundidas sobre o brasileiro diz respeito à tese de Sérgio Buarque de Hollanda, em sua obra “Raízes do 
Brasil. Nela, conceitua-se nosso povo como “cordial”. Analise essa questão, aproveitando para abordar o chamado “jeitinho 
brasileiro”.

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