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APX2 literatura brasileira 3

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Nome: Emely silva de souza
Matrícula: 18213120110
Polo: Nova Iguaçu
Nota: 8,8 
APX 2 – Literatura Brasileira 3
2020.2
Questão 1
João do Rio ao escrever suas crônicas consegue nos transportar para o Rio da 1ª
república, que estava passando por diversas transformações urbanas e culturais. Em seu livro
“As religiões do Rio”, especificamente, em sua introdução que possui o mesmo nome do
livro, podemos descobrir mais da sociedade que tentava se transformar em uma “Paris
carioca”. Longe de ser um país de culturas e religiões homogenias, o rio era um verdadeiro
caldeirão de diversidade.
Ao mostrar a sociedade carioca com toda a sua diversidade cultural, religiosa, política.
Isto é, com sua cor e com seus trejeitos. Queria que os cariocas vissem o RJ como ele
realmente é e, não como a elite carioca pensa que é, como podemos perceber nesta citação
“Ao ler os grandes diários, imagina a gente que está num país essencialmente católico, onde
alguns matemáticos são positivistas. Entretanto, a cidade pulula de religiões. Basta parar em
qualquer esquina, interrogar. A diversidade dos cultos espantar-vos-á.” (RIO, João do. As
religiões no rio, pg. 1).
A crença de um país homogêneo religiosamente persistia até pouco tempo; sendo, com
isso, a religião cristã a mais difundida e aceita tanto no Rio quanto nos outros estados do
Brasil seja no século XX seja no século XXI, e isso pode ser visto sempre que compramos
algo, já que vem escrito nas cédulas uma frase cristã “Deus seja Louvado”, enquanto,
religiões de matrizes africanas são enxergadas com inferioridade seus adeptos são chamados
de cultuadores do demônio, suas oferendas aos seus deuses são chamadas de macumbas, que
era um termo usado para designar um instrumento musical, mas que ao passar dos anos teve
seu significado trocado, agora começou a ser usado para nomear de forma genérica as
religiões afrodescendentes com um tom pejorativo, Marcos paulo Amorim mostra em seu
artigo, as transformações que o termo macumba sofreu durante a época em lutavam pela
legalização das práticas religiosas de cultura afrodescendentes:
 Acredito aqui, que a palavra tenha esse conceito contemporâneo, justamente, pelo
processo tenso de legalização dessas religiões nas décadas de 1930 e 1950. Nessa
época, existe uma clara campanha negativa, orquestrada pela imprensa e Estado e,
posteriormente, pela Igreja Católica, com o intuito de coibir tais práticas religiosas no
Brasil. (Amorim, Marcos Paulo. Macumba no imaginário brasileiro: a construção
de uma palavra, pg. 9)
Mais do que essa diferenciação, o verbete permite-nos observar que a luta para uma
negação de “macumba” enquanto sinônimo de “religiões afro-brasileiras” ou
“Umbanda” resvala em um discurso completamente diferente presente no dicionário,
reforçando e legitimando uma designação muitas vezes vista como pejorativa e
excludente. (Amorim, Marcos Paulo. Macumba no imaginário brasileiro: a
construção de uma palavra, pg. 10)
Dessa forma, podemos perceber que nada mudou pois ainda vivemos em uma sociedade
repleta de intolerâncias, atualmente, temos a intolerância, principalmente, de religiões de
descendência africana, segundo o jornal Extra, em 2018 o RIO teve um alto índice de queixas
sobre discriminação, depredação de templos, agressões verbais e físicas com pessoas que
seguem as religiões de origem africana. E isto mostra que a universalidade de João do Rio
está mais presente do que nunca, visto que, suas obras conseguem ser atemporais, tornando-
se, com isso, obras universais. João do Rio ao mostrar as religiões cultuadas no RJ quebra
com a padronização cultural que estava em vigor na sociedade da Belle Époque, onde os itens
importados como perfumes, roupas, literatura eram o foco da elite carioca. Portanto, ao olhar
para dentro do Rio vê que existe um mundo nunca antes explorado por outros jornalistas e que
“O Rio, como todas as cidades nestes tempos de irreverência, tem em cada rua um templo e
em cada homem uma crença diversa”(RIO, João do. As religiões no rio, pg. 1).
Questão 2
Mario de Andrade assim como outros adeptos do movimento modernista tinham como
objetivo o combate a toda forma artística que tivessem o formalismo, o academicismo, a
metrificação formal como moldes. Isto é, eram contra toda forma de repressão, de
encarceramento da atividade artística.
A literatura brasileira nos anos anteriores a semana de 22, estava focada em construir
uma obra perfeita, com tudo metrificado e rimando, movimentos como o simbolismo e o
parnasianismo eram massacrados pelos modernistas, pois possuíam características o uso de
mitologias gregas, a metrificação perfeita, linguagem extremamente rebuscada, uso da
musicalidade e a preocupação com a obra em si e não com a emoção que o poema passará, ou
seja, tinha como importante a obra e, não o seu conteúdo.
Mario de Andrade mostra sua repulsa pelos parnasianos em sua carta para Drummond
onde deixa a entender que entusiasmo é uma coisa que os poemas parnasos não possuem.
“[…] e ponho tanto entusiasmo e carinho no escrever um dístico que vai figurar nas paredes
dum bailarico e morrer no lixo depois como um romance a que darei a impassível eternidade
da impressão.”
O que os modernistas tinha como objetivo era a quebra do “tradicionalismo” e a
transformação do meio literário em algo mais moderno, com mais liberdade artística, ou seja,
libertar a estética, a linguagem, as formas, etc. Além disso, também presavam pela exaltação
da cultura brasileira, essa exaltação pode ser encontrada neste verso do poema Ludu do
escritor difícil “Você sabe o francês “singe”/Mas não sabe o que é guariba?/ — Pois é macaco,
seu mano, /Que só sabe o que é da estranja.”, onde Andrade critica alguém por saber mais
sobra a língua estrangeira do que sobre sua língua materna. E não menos importante temos o
uso do humor seja na carta para Drummond “Segundo: li seu artigo. Está muito bom. Mas
nele ressalta bem o que falta a você — espírito de mocidade brasileira. Está bom demais pra
você. Quero dizer: está muito bem pensante, refletido, sereno, acomodado, justo,
principalmente isso, escrito com grande espírito de justiça” seja no seu poema “Misturo tudo
num saco, Mas gaúcho maranhense Que pára no Mato Grosso, Bate este angu de caroço Ver
sopa de caruru; A vida é mesmo um buraco, Bobo é quem não é tatu!”.
Questão 3
A questão do mandonismo rege toda a obra de Guimarães Rosa seja nos seus contos seja
no seu romance Grande Sertão: Veredas; a lei do sertão é certa: manda quem pode e obedece
quem tem juízo.
O personagem Nhõ Augusto Matraga era um fazendeiro que usava e abusava de seu
poder, isto é, seu dinheiro. Quando perde seu dinheiro, suas fazendas ele perde o respeito e,
consequentemente, as pessoas não tem mais medo dele. Matraga quando vai tirar satisfação
com os seus ex-jagunços acaba levando uma surra, é marcado que nem gado e jogado de um
barranco, só sobrevive por causa de Quitéria e seu marido. Depois, vão os 3 morar em uma
fazendinha juntos, Augusto agora é novo homem, reza todos os dias, faz o bem ao próximo, as
vezes dá uma bicada no cigarro ou canta uma cantiga popular, mas no geral é um homem
transformado.
Os ideais de Guimarães é visto em todo o conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, o
pano de fundo da estória gira em torno da violência e do Mandonismo, Matraga muda da água
para o vinho, não pensa em vinganças ou em matar ninguém, sua transformação segue o
enredo da “Construção do herói” que passa por maus bocados e, por isso, muda o seu jeito de
vê o mundo.
Podemos ver sua transformação ao comparar sua atitude no começo do conto, quando
“compra” no leilão da igreja uma noite com Sariema; e no momento que ela tenta ir embora
com seu namorado parte para a violência:
Aí o povaréu aclamou, com disciplina e cadência: 
— Nhô Augustoleva a Sariema! Nhô Augusto leva a Sariema!
O capiauzinho ficou mais amarelo. A Sariema começou a querer chorar. Mas Nhô
Augusto, rompente, alargou no tal três pescoções: 
— Toma! Toma! E toma!... Está querendo?…
Ferveram faces. 
[…]
Foi o capiauzinho apanhando, estapeado pelos quatro cacundeiros de Nhô Augusto, e
empurrado para o denso do povo, que também queria estapear. — Viva Nhô Augusto!
—Te apessoa para cá, do meu lado! — e Nhô Augusto deu o braço à rapariga, que
parou de lacrimejar. —Vamos andando. 
(ROSA, Guimarães. SAGARANA, pg. 300-301. 2015)
e sua atitude no final do conto de enfrentar seu amigo Joãozinho Bem-Bem em prol de uma
família que seria toda destruída por uma atitude impensada de um dos integrantes, Augusto ao
ver o pai pedindo clemência para Bem-Bem pedindo pela virgem e por Deus que não mate
seus filhos e que deixe suas filhas em paz, e o matasse no lugar. Mas Joãozinho não aceita,
então, Matraga lutará contra ele e seus homens. 
Portanto, vemos um homem que foi mau, mas encontrou na religião sua salvação,
lutando somente quando vê a injustiça. O uso da violência não foi para seu bem prazer e, sim
para ajudar o outro, sendo assim, um ato bondoso.
E o povo, enquanto isso, dizia: “Foi Deus quem mandou esse homem no jumento,
por mór de salvar as famílias da gente!. . .“ E a turba começou a querer desfeitear o
cadáver de seu Joãozinho Bem-Bem, todos cantando uma cantiga que qualquer-um
estava inventando na horinha […]
(ROSA, Guimarães. SAGARANA, pg. 337. 2015)
Referências bibliográficas:
As Religiões no Rio- João do Rio-Editora Nova Aguilar -Coleção Biblioteca Manancial n.º
47-1976
Artigo: Amorim, Marcos Paulo. Macumba no imaginário brasileiro: a construção de uma
palavra
Rio concentra maior número de casos de intolerância religiosa no Estado (globo.com) 
ROSA, Guimarães; SAGARANA. [Ed. especial] – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
(coleção 50 anos)
Assumo o compromisso de confidencialidade e de sigilo escrito, 
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que me serão apresentadas, durante o curso desta disciplina.
Comprometo-me a não revelar, reproduzir, utilizar ou dar 
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informações para gerar benefício próprio ou de terceiros.
Reitero minha ciência de que não poderei fazer cópia manuscrita, 
registro fotográfico, filmar ou mesmo gravar os enunciados que me são 
apresentados.
Declaro, ainda, estar ciente de que o não cumprimento de tais normas 
caracterizará infração ética podendo acarretar punição nas esferas 
penal, civil e administrativa de acordo com a legislação vigente.
Nome completo: Emely Silva de Souza
https://extra.globo.com/noticias/rio/rio-concentra-maior-numero-de-casos-de-intolerancia-religiosa-no-estado-22316040.html

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