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SP3- Janela indiscreta
· Pedro, 48 anos;
· Faz tratamento psiquiátrico desde o final da adolescência;
· Conforme foi crescendo, passou a ter poucos amigos e a viver a vida de forma mais isolada;
· Logo que essas características ficaram mais proeminentes, seus pais o levaram a uma consulta médica, mas foram orientados que isso era um traço de personalidade e que ele era introspectivo;
· No fundo sua mãe sabia que não era isso, pois ele se mostrava cada vez mais embotado afetivamente e evitando interações;
· Não demorou muito para que seu autocuidado e asseio fossem deixados de lado ele logo passou emagrecer e deixar de tomar banho;
· Com o tempo, novos sintomas foram se manifestando;
· Pedro passou a ficar mais agitado, um pouco agressivo e inadvertidamente raspou a cabeça → ‘’tirou seus cabelos por ordem deles’’;
· Acredita que suas palavras estão sendo gravadas, que a polícia faz experiências com ele;
· Ao perceber que o filho estava delirando ou alucinando, dona Alcione optou por levar o filho para um psiquiatra e desde então foram anos e anos de internação e isolamento em um hospital psiquiátrico;
· Com o tempo Pedro recebeu o diagnóstico de esquizofrenia, mas houve um psiquiatra que pensou em transtorno esquizoafetivo, pois argumentava que o quadro do Pedro não era assim tão definido e simples, parecendo apresentar características ainda mais complexas;
· Ao longo desse tempo muitas terapêuticas inovadoras foram propostas e executadas, mas os melhores resultados foram obtidos com a terapia ocupacional e com a arteterapia;
· Essa terapia foi a mais eficaz, associado com a utilização de novos antipsicóticos, com menores efeitos adversos e maior eficácia, o que permitiu sua reintegração à família;
· Sua mão o acolheu quando a luta antimanicomial levou ao fechamento dos hospitais psiquiátricos, ou da maioria deles, mas nem todas as famílias foram continentes com essa demanda, de forma que muitos ex-internos acabaram sendo encaminhados a uma residência terapêutica.
Brainstorming:
· Esquizofrenia → doença de curso crônico. Presença de alucinações auditivas, ausência de alucinações visuais (pois a doença acomete o lobo temporal e o lobo que participa da visão é o occipital). Se tiver alucinações visuais procurar causas orgânicas. Pode apresentar mutismo. Neologismo (criar palavras);
· Acreditar estar sendo perseguido → características de todos que possuem a doença (?);
· Pessoa esquizóide → após um gatilho adquire esquizofrenia;
· Tratamento difícil → paciente se nega a tratar por não acreditar que possui a doença;
· Doença mais grave da psiquiatria e com prognóstico ruim (tratamento difícil);
· Luta antimanicomial → fechamento dos hospitais psiquiátricos;
· Reinserção dos pacientes na sociedade;
· Reforma psiquiátrica no Brasil;
· Paciente com esquizofrenia muitas vezes não tem consciência de seus atos;
· Tratamento farmacológico: antipsicótico (risperidona, haloperidol);
· Quais são os efeitos adversos dos novos antipsicóticos (baixa potência, alta potência e atípicos);
Fluxograma:
Perguntas:
1. Defina:
a) Esquizóide;
b) Esquizofrenia;
c) Esquizotípico;
2. Sobre o transtorno esquizofrênico:
a) Epidemiologia;
b) Etiologia;
c) Classificação/subtipos;
d) Manifestações clínicas;
e) Diagnóstico;x
3. MINTI.
1. Definição:
Esquizóide
O transtorno da personalidade esquizóide é caracterizado por um padrão generalizado de distanciamento e desinteresse geral pelos relacionamentos sociais e uma gama limitada de emoções nas relações interpessoais, como frieza emocional.
Pessoas com essa condição não desejam nem desfrutam de relações estreitas, mesmo com a família, tem preferência para realizar as atividades sozinho, e muitas vezes são vistas como solitárias. Elas podem ser emocionalmente frias e distantes.
Entre os marcadores dessa condição, destacam-se o comportamento introspectivo, a apatia e o desinteresse geral pelas relações interpessoais.
→ Distanciamento, indiferença, desinteresse pelas pessoas, afastamento do convívio social.
Esquizofrenia 
É uma perturbação mental que afeta a capacidade da pessoa de pensar, sentir e se comportar com clareza, caracterizada por episódios contínuos ou recorrentes de psicose. 
Os sintomas mais comuns são alucinações (incluindo ouvir vozes), delírios (convicções falsas) e desorganização do pensamento.
Esquizotípico
Comportamento excêntrico que se assemelha ao da esquizofrenia.
A categoria diagnóstica pode comportar afeto frio ou inapropriado, anedonia, comportamento estranho ou excêntrico, tendência ao retraimento social, idéias paranóides ou bizarras sem que se apresentem idéias delirantes autênticas, ruminações obsessivas, transtornos do curso do pensamento e perturbações das percepções. 
	Transtornos esquizofrênicos
Definição → Esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico grave, crônico, heterogêneo e com manifestações psicóticas que afetam em geral o comportamento social e a percepção de realidade do indivíduo.
Aproximadamente metade dos pacientes apresenta déficit comportamental persistente e incapacitante para atividades laborais, agravando os problemas sociais desse grupo.
Esse transtorno mental é caracterizado pela perda de contato com a realidade (psicose), alucinações (é comum ouvir vozes), falsas convicções (delírios), pensamento e comportamento anômalo, redução das demonstrações de emoções, diminuição da motivação, uma piora da função mental (cognição) e problemas no desempenho diário, incluindo no âmbito profissional, social, relacionamentos e autocuidado.
Epidemiologia → A esquizofrenia é uma doença de distribuição universal. Afeta cerca de 1% da população mundial.
· Sua incidência varia ligeiramente entre diferentes locais (8 casos/100.000 habitantes/ano na Itália e 69/100.000 habitantes/ano nos EUA. (Eaton, 1991) 
· No sexo masculino, acontece mais precocemente (entre 10 e 25 anos) e possui sintomas mais severos.
· Em mulheres, a faixa etária mais acometida é entre 30 e 40 anos de idade. 
· Os extremos de idades, crianças e idosos, não costumam desenvolver o transtorno.
· A expectativa de vida é reduzida se comparada à população geral (taxa de suicídio muito maior do que a média geral).
· Atinge todos os níveis socioeconômico.
Etiologia/Fisiopatologia → A etiologia da doença não é ainda bem explicada, sendo atualmente mais aceito o modelo de vulnerabilidade-estresse, onde o indivíduo com uma propensão genética estaria suscetível ao aparecimento dos sintomas após um fator estressante ambiental de ordem variada – de conflitos psicossociais a desordens autoimunes.
Associação genética→ Dados consideráveis sugerem que a esquizofrenia é uma doença hereditária.
O risco de doença aumenta com a proximidade do parentesco com familiar com esquizofrenia. 10x mais chance.
** A idade avançada do pai também aumenta o risco de desenvolver esquizofrenia.
Estressores ambientais → Podem desencadear o surgimento ou a recorrência dos sintomas psicóticos nas pessoas vulneráveis. Estressores podem ser farmacológicos (abuso de substâncias, especialmente maconha) ou sociais (ficar desempregado ou empobrecer, sair de casa para entrar na faculdade, romper um relacionamento amoroso, entrar nas forças armadas). 
Há evidências emergentes de que eventos ambientais podem iniciar mudanças epigenéticas que podem influenciar a transcrição gênica e o início da doença.
Teoria dopaminérgica → Acredita-se que os sintomas ocorram pelo aumento da resposta dopaminérgica (D2 - inibitório) em parte devido à resposta terapêutica à antagonistas dos receptores de dopamina e em outra pelos sintomas alucinógenos após estímulos envolvidos com as vias dopaminérgicas mesocorticais. 
Desta forma, o uso de substâncias que aumentem a atividade desse neurotransmissor – notadamente estimulantes como cocaína e anfetamina – podem estar relacionados ao aparecimento ou piora dos sintomas. 
Aumento da atividade dopaminérgica → Aumento do neurotransmissor e/ou aumento da densidade de receptores dopaminérgicos.
** Substâncias como cocaína, anfetaminas e levodopa → Agrava a esquizofrenia.
*Mesolímbico→ Hiperativo / Mesocortical → Hipoativo
Teoria serotoninérgica → Aumento da atividade serotoninérgica → Esquizofrenia.
Teoria glutamatérgica → Diminuição da atividade glutamatérgica (Diminuição da concentração de glutamato no córtex pré-frontal e hipocampo) → Esquizofrenia. 
A influência das vias serotoninérgicas e do glutamato ainda precisa ser melhor elucidada, embora a interação e desregulação de múltiplos sistemas pareça ser necessária para a fisiopatologia esquizofrênica.
Os fatores protetores que podem diminuir o efeito do estresse na formação ou exacerbação dos sintomas são o forte suporte psicossocial, boa capacidade de enfrentamento e os antipsicóticos.
Teoria neuroanatômica
Embora sua causa específica seja desconhecida, a esquizofrenia tem uma base biológica, como evidenciado por:
· Alterações na estrutura do cérebro (ventrículos cerebrais aumentados, afinamento do córtex, menor tamanho do hipocampo anterior e de outras regiões do cérebro);
** Alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo e alguma redução no volume cortical.
Vulnerabilidade do neurodesenvolvimento
Alguns especialistas sugerem que a esquizofrenia ocorre com mais frequência nas pessoas com vulnerabilidades de neurodesenvolvimento e que o início, a remissão e a recorrência dos sintomas são resultantes das interações entre essas vulnerabilidades duradouras e os estressores ambientais.
Embora a esquizofrenia raramente se manifeste na primeira infância, os fatores da infância influenciam o início da doença na idade adulta. Esses fatores incluem:
· Predisposição genética → Embora muitas pessoas com esquizofrenia não tenham história familiar, fatores genéticos estão fortemente implicados. Pessoas com um parente de 1º grau com esquizofrenia manifestam risco de desenvolver o transtorno de aproximadamente 10% a 12%, em comparação ao risco de 1% da população geral. 
· Complicações intra uterinas, do parto ou pós-natais → Exposição materna à inanição e influenza no 2º trimestre de gestação, peso ao nascer < 2.500 g, incompatibilidade de Rh na 2ª gestação e hipóxia elevam o risco. Infecções virais do SNC;
· Trauma e negligência na infância.
Outros fatores de risco:
· Sazonalidade → Inverno e início da primavera (por conta do risco de infecção pela Influenza);
· Alta densidade demográfica.
Subtipos da esquizofrenia
Alguns especialistas classificam a esquizofrenia em subtipos com déficits e sem déficits, com base na presença e na gravidade dos sintomas negativos, tais como afeto embotado, perda da motivação e redução do sentido de propósito.
· Esquizofrenia com déficit → Com sintomas negativos proeminentes, os quais não são explicados por outros fatores (depressão, ansiedade, ambiente sem estimulação, efeitos adversos de fármacos).
· Esquizofrenia sem déficit → Podem ter delírios, alucinações e distúrbios do pensamento, mas são indivíduos relativamente sem sintomas negativos.
** Os subtipos anteriormente reconhecidos da esquizofrenia (paranóide, desorganizado, catatônico, residual, indiferenciado) não provaram ser válidos ou confiáveis e não são mais usados.
Ademais, algumas entidades como a Organização Mundial da Saúde, ainda dividem a doença em subtipos, enquanto outras, como a Associação Americana de Psiquiatria, não o fazem alegando pouca relevância clínica. O fundamental, porém, é que se faça o diagnóstico diferencial com outros distúrbios psiquiátricos.
Na CID-10 são descritos alguns subtipos clínicos da esquizofrenia:
Esquizofrenia paranóide (F20.0) 
A esquizofrenia paranóide é considerada a forma mais comum de esquizofrenia. 
Caracteriza-se pela presença de delírios persistentes, em geral de tipo paranóide, ou de perseguição, de autoreferência, de ciúmes e de mudanças corporais, acompanhados de alucinações, principalmente auditivas, e transtornos da percepção. 
Distúrbios do afeto, da volição e do discurso, bem como sintomas catatônicos, não são proeminentes. 
Esquizofrenia hebefrênica (F20.1)
Na esquizofrenia hebefrênica, está alterada principalmente a afetividade do paciente, com delírios e alucinações fragmentados, comportamento bizarro ou pueril e maneirismos. 
O afeto é inapropriado ou superficial, com risos imotivados. O pensamento é desorganizado, e o discurso, empobrecido. 
Essa forma se instala habitualmente entre os 15 e os 25 anos de idade, e o prognóstico é mais reservado, por causa do rápido desenvolvimento de sintomas “negativos”, particularmente perda da vontade e embotamento afetivo. 
***No DSM-5-TR a esquizofrenia hebefrênica é denominada “desorganizada”. 
Esquizofrenia catatônica (F20.2) 
Os transtornos da psicomotricidade são proeminentes e dominam o quadro. 
O paciente pode alternar períodos de excitação e agitação com períodos de estupor, mutismo, negativismo, obediência automática e flexibilidade cérea. Podem ocorrer episódios de agitação e violência extrema (“furor catatônico”). 
Outros sintomas psicóticos são menos proeminentes. Como os sintomas catatoniformes podem ocorrer nos demais subtipos da esquizofrenia, para fazer o diagnóstico de esquizofrenia catatônica 1 ou mais dos seguintes sintomas deve dominar o quadro clínico: 
1. Estupor ou mutismo;
2. Excitação; 
3. Posturas bizarras ou inapropriadas; 
4. Negativismo; 
5. Rigidez; 
6. Flexibilidade cérea; 
7. Outros sintomas, como automatismos e perseveração de palavras ou frases.
Uma vez que, em geral, o paciente não mantém contato, o diagnóstico de esquizofrenia é provisório até que se possa obter melhores informações objetivas e subjetivas. 
→ Diferença de alucinação e ilusão 
A alucinação é uma percepção de coisas que não estão lá, sejam elas imagens e/ou sons, mas que o paciente acredita com convicção de que são reais.
A ilusão difere da alucinação, principalmente, por contar com um estímulo que está presente no ambiente. Na ilusão há o estímulo, mas este é percebido de forma distorcida.
Quadro clínico → O quadro clínico da esquizofrenia é bastante polimorfo e heterogêneo. 
As manifestações clínicas da esquizofrenia podem variar na sua apresentação a partir de variáveis sociais e ambientais do paciente. Apesar disso, a preferência por reclusão social e amorosa associada a comportamentos excêntricos são características comuns da doença.
Não há sintomas ou sinais patognomônicos. O diagnóstico é feito a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e pelos dados da anamnese. 
Os sintomas da esquizofrenia normalmente comprometem a capacidade de executar funções cognitivas e motoras complexas, assim, os sintomas muitas vezes interferem acentuadamente nos relacionamentos profissionais, sociais e na capacidade de cuidar de si mesmo.
· Desemprego, isolamento, deterioração dos relacionamentos e diminuição da qualidade de vida são desfechos comuns.
A esquizofrenia é uma doença crônica que pode progredir em diversas fases, embora a duração e os padrões dessas fases possam variar.
Fases da esquizofrenia
Sintomas pré-mórbidos
· Ocorrem antes do pródromo;
· Consistem em indicadores antes do processo se tornar evidente;
· Características:
· Personalidade esquizóide
· Personalidade esquizotípica
Ou seja → Quietos |Introvertidos |Poucas relações
Pode haver início súbito de comportamento obsessivo-compulsivo.
Fase prodrômica → Os indivíduos podem não manifestar sintomas ou podem ter competência social prejudicada, desorganização cognitiva leve ou distorção perceptiva, diminuição da capacidade de sentir prazer (anedonia) e outras deficiências gerais de lidar com situações. Tais traços podem ser leves e reconhecíveis apenas retrospectivamente ou serem mais evidentes, com comprometimento dos funcionamentos social, acadêmico e vocacional.
Pródromo:
 → Queixas somáticas → Cefaleias | Dorsalgias | Mialgia | Fraqueza | Sintomas digestivos.
→ Comportamento → Excêntrico | Afeto anormal | Discurso incomum | Ideias bizarras |Experiências perceptuais estranhas.
Fase prodrômica avançada → Podem surgir sintomas subclínicos, englobam afastamento ou isolamento, irritabilidade,desconfiança, pensamentos incomuns, distorções perceptivas e desorganização.
O início do quadro franco de esquizofrenia (delírios e alucinações) pode ser súbito (em dias ou semanas) ou lento e insidioso (ao longo de anos).
Fase precoce da psicose → Os sintomas são ativos e muitas vezes são piores.
Fase intermediária → Os períodos sintomáticos podem ser episódicos (com exacerbações e remissões identificáveis) ou contínuos, os déficits funcionais tendem a piorar.
Fase tardia do transtorno → O padrão do transtorno pode ser estabelecido, mas há variabilidade considerável, a incapacidade pode estabilizar ou mesmo diminuir.
Categorias dos sintomas na esquizofrenia → Geralmente, os sintomas são classificados como:
· Positivos → Distorção das funções normais;
· Negativos → Diminuição ou perda das funções normais e de afeto;
· Desorganizados → Transtornos de pensamento e comportamento bizarro;
· Cognitivos → Déficits no processamento de informações e na resolução de problemas.
Sintomas positivos → Incluem elementos não usualmente encontrados na população sem a doença. Podem ser classificados como:
· Alucinações → Alucinações são percepções sensoriais que não são percebidas por ninguém mais. 
Elas podem ser auditivas, visuais, olfativas, gustativas e táteis, mas as alucinações auditivas são, de longe, as mais comuns. 
Os pacientes podem ouvir vozes comentando sobre seus comportamentos, conversando com outra voz ou fazendo comentários críticos e abusivos.
· Delírios → Delírios são convicções errôneas que são mantidas apesar de evidências contraditórias claras. 
Delírios na esquizofrenia tendem a ser bizarros e claramente implausíveis e não derivados de experiências comuns de vida (acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz).
Há vários tipos de delírios:
· Delírios persecutórios → Pacientes acreditam que estão sendo atormentados, seguidos, enganados ou espionados.
· Delírios de referência → Pacientes acreditam que passagens de livros, jornais, letras de música ou outras evidências ambientais são direcionadas a eles.
· Delírios de retirada ou inserção de pensamento → Pacientes acreditam que outras pessoas conseguem ler sua mente e que seus pensamentos são transmitidos para outras pessoas ou que forças externas estão impondo pensamentos e impulsos a eles.
*** Os delírios e as alucinações podem ser extremamente vergonhosos para os pacientes.
Sintomas negativos (deficitários) → Associados a uma falta de regulação comportamental. Podem ser classificados como:
· Afeto embotado → A face do paciente parece imóvel, com contato visual precário e falta de expressividade.
· Pobreza da fala → O paciente fala pouco e dá respostas concisas a perguntas, criando a impressão de vazio interno.
· Anedonia → Há falta de interesse nas atividades e aumento de atividades sem propósito.
· Associabilidade → Há falta de interesse em relacionamentos.
*** Os sintomas negativos frequentemente levam a perda de motivação e diminuição no sentido de propósito e de objetivos.
Sintomas desorganizados → Podem ser considerados um tipo de sintoma positivo, envolvem:
· Transtornos do pensamento → O pensamento é desorganizado, com discurso errático, não orientado a um objetivo e que se desvia de um tópico para outro. O discurso pode variar de levemente desorganizado até incoerente e incompreensível. 
· Comportamentos bizarros → O comportamento bizarro pode incluir puerilidades, agitação e aparência, higiene ou conduta inapropriada. 
A catatonia é um exemplo extremo do comportamento bizarro, que compreende manter postura rígida e esforços para resistir a serem movimentados ou engajamento em atividade motora sem propósito e sem que ela tenha sido estimulada.
Déficits cognitivos → Incluem deficiência nos seguintes:
· Atenção;
· Velocidade de processamento;
· Memória de trabalho ou declarativa;
· Pensamento abstrato;
· Resolução de problemas;
· Compreensão das interações sociais.
O pensamento do paciente pode ser inflexível e a capacidade de resolver problemas, entender os pontos de vista das outras pessoas e aprender com as experiências pode estar diminuída. 
*** A gravidade do comprometimento cognitivo é o principal determinante da incapacitação geral.
Resumindo 
Sintomas positivos da esquizofrenia:
· Agitação, insônia;
· Alucinações (olfativas, visuais, auditivas);
· Delírios (perseguição, conspiração);
· Transtornos de pensamento (bloqueio, fragmentação, associação frouxa);
· Desorganização do discurso (conclusões ilógicas);
· Desorganização de comportamento (comportamento social inapropriado, isolamento, antipatia, agressividade), ambivalência (sentimentos misturados).
 
Sintomas negativos da esquizofrenia:
· Afastamento do contato social;
· Embotamento afetivo – Emoção reduzida, voz monótona e mímica facial empobrecida;
· Falta de iniciativa;
· Pobreza de linguagem.
Suicídio → Cerca de 5 a 6% dos pacientes com esquizofrenia cometem suicídio, e cerca de 20% tentam cometê-lo, muitos mais têm ideação suicida significativa. 
O suicídio é uma das principais causas de morte prematura em pacientes com esquizofrenia e explica, em parte, porque esse transtorno reduz a expectativa de vida dos afetados em 10 anos, em média.
O risco é mais alto:
· Para homens jovens com esquizofrenia e transtorno por abuso de drogas. 
· Em pacientes que apresentam sintomas depressivos ou sentimentos de desesperança, que estão desempregados;
· Em pacientes que tiveram um episódio psicótico ou receberam alta do hospital.
· Em pacientes com início tardio e bom funcionamento pré-mórbido;
· Em pacientes com melhor prognóstico para recuperação → Como tais pacientes mantêm a capacidade de se entristecer e se angustiar, eles podem ser mais suscetíveis a atuar com base no desespero do reconhecimento realista dos efeitos de seu transtorno.
Violência → A esquizofrenia tem risco relativamente pequeno para comportamento violento. 
Ameaças de violência e acessos de agressividade são mais comuns do que comportamentos realmente perigosos. 
De fato, os esquizofrênicos costumam ser menos violentos do que pessoas sem esquizofrenia.
Os pacientes com mais chances de se engajarem em violência significativa incluem aqueles com abuso de substâncias, delírios persecutórios e alucinações de comando e também aqueles que não tomam as medicações prescritas. 
Muito raramente, pacientes gravemente deprimidos, isolados e paranoides atacam ou matam alguém que percebem como fonte única de suas dificuldades (uma autoridade, uma celebridade, seu cônjuge).
Diagnóstico → Não existe nenhum teste definitivo para detecção de esquizofrenia. O diagnóstico se baseia na avaliação abrangente de história clínica, sinais e sintomas. Informações oriundas de fontes auxiliares, tais como família, amigos, professores e colegas de trabalho, são muitas vezes importantes.
Embora alguns pacientes com esquizofrenia tenham anormalidades da estrutura cerebral nos exames de imagem, elas não são suficientemente específicas para ter valor diagnóstico.
De acordo com o DSM-5, o diagnóstico da esquizofrenia requer ambos do seguinte:
· ≥ 2 sintomas característicos (delírios, alucinações, fala desorganizada, comportamento desorganizado/catatônico, sintomas negativos) por um porção significativa de um período de 6 meses (os sintomas devem incluir pelo menos um dos 3 primeiros);
· Sinais prodrômicos ou atenuados da enfermidade com prejuízos sociais, ocupacionais ou de cuidados pessoais devem ficar evidentes por período de 6 meses, incluindo 1 mês de sintomas ativos.
A CID-10 (OMS, 1993) agrupa os quadros esquizofrênicos, esquizotípicos e delirantes sob a rubrica F2. A esquizofrenia recebe a classificação F20, sendo definida como um distúrbio que apresenta distorções características do pensamento e da percepção e afetividade inapropriada ou embotada. 
· A capacidade intelectual está preservada, embora possam ocorrer certos déficits cognitivos com o curso da doença;
· A consciência está sem alterações;
· Pensamentos, atos e sentimentos podem ser vivenciados como conhecidos ou partilhados poroutras pessoas;
· Ocorrem alucinações, especialmente auditivas, que comentam os pensamentos ou atos do paciente;
· Outros distúrbios da percepção também podem ocorrer, como alterações da qualidade de cores e sons. 
· Em geral, o paciente mostra-se perplexo e atribui significados especiais para situações cotidianas. 
· Os distúrbios do pensamento levam a uma atribuição peculiar de significados, tornando os pensamentos vagos, obscuros e muitas vezes incompreensíveis. 
· Interrupções na sequência dos pensamentos são frequentes, e o paciente também refere que eles estão sendo roubados de dentro de sua cabeça por uma força estranha. 
· Ocorrem ambivalência e distúrbios da volição, tais como negativismo, apatia e estupor. 
· O início da doença pode ser abrupto, com alterações graves de comportamento, ou insidioso, com o desenvolvimento gradual de idéias e comportamentos bizarros. 
Embora não sejam patognomônicos, os sintomas são subdivididos, na CID-10, de acordo com a importância que têm para o diagnóstico. 
· Esses sintomas devem estar presentes por um período de pelo menos 1 mês. 
· Se os sintomas referidos ocorrem com uma duração inferior a 1 mês (tratados ou não), deve-se inicialmente fazer o diagnóstico de transtorno psicótico agudo de tipo esquizofrênico, reclassificando-o se os sintomas persistirem por longos períodos. 
· Esse critério de tempo é aplicado especificamente aos sintomas psicóticos antes referidos, uma vez que uma fase prodrômica, com sintomas vagos (perda de interesse, ansiedade, perplexidade, estranheza), precede o quadro psicótico, sendo muitas vezes difícil precisar seu início. 
· O diagnóstico de esquizofrenia não deve ser formulado se há sintomas depressivos ou maníacos acentuados, a não ser que os sintomas esquizofrênicos antecedam claramente aos sintomas afetivos. 
· Se os sintomas afetivos e esquizofrênicos se instalam simultaneamente, deve-se pensar em transtorno esquizoafetivo (F25).
· A esquizofrenia não deve ser diagnosticada na presença de transtorno mental orgânico ou durante intoxicação ou abstinência de drogas. 
Diagnóstico diferencial → Para o estabelecimento do diagnóstico de esquizofrenia é necessário, antes, excluir outros transtornos mentais cuja sintomatologia é muito semelhante à da esquizofrenia. 
De forma geral, existem 3 tipos de transtornos que devem ser excluídos na investigação de diagnóstico diferencial de esquizofrenia: 
1. Os esquizotípicos ou “espectro” da esquizofrenia” com sintomas muito parecidos, mas duração ou aparecimento atípicos na esquizofrenia verdadeira; 
2. Os transtornos distintos da esquizofrenia → Os maníaco-depressivos, onde pacientes podem cursar momentaneamente com sintomas esquizofrênicos durante alterações do humor; 
3. As causas orgânicas que simulam sintomas psiquiátricos (manifestação esquizofreniforme), que incluem desde doenças ou traumas no sistema nervoso central até uso de substâncias ou quadros metabólicos descompensados.
Psicose decorrente de outros distúrbios médicos ou por abuso de substâncias deve ser descartada por história e exames, os quais incluem exames laboratoriais e estudos de neuroimagem (Avaliação médica do paciente com sintomas mentais).
Os transtornos mentais com sintomas similares incluem os diversos transtornos relacionados à esquizofrenia:
· Transtorno psicótico breve;
· Transtorno delirante;
· Transtorno esquizoafetivo;
· Transtorno esquizofreniforme;
· Transtorno de personalidade esquizotípica.
Além disso, transtornos do humor podem causar psicose em algumas pessoas.
Tratamento →O tratamento de primeira linha se baseia no uso de antipsicóticos associados a terapias psicossociais.
Os objetivos gerais para o tratamento da esquizofrenia são:
· Reduzir a gravidade dos sintomas psicóticos;
· Preservar a função psicossocial;
· Prevenir recorrências dos episódios sintomáticos e da deterioração associada do funcionamento;
· Reduzir o uso de drogas ilícitas.
Psicoterapia
O objetivo da psicoterapia na esquizofrenia é desenvolver relação colaborativa entre paciente, família e médico, de forma que o paciente consiga aprender a entender e tratar sua enfermidade, tomar os fármacos conforme o prescrito e controlar o estresse mais efetivamente.
A psicoterapia que começa direcionada às necessidades básicas de serviços sociais do paciente, que proporciona suporte e educação a respeito da natureza da enfermidade, que promove atividades adaptativas e que se baseia na empatia e na compreensão dinâmica sadia da esquizofrenia é provavelmente mais efetiva. 
Muitos pacientes precisam de apoio psicológico empático para se adaptarem ao que constitui frequentemente uma enfermidade vitalícia, podendo limitar, de forma substancial, seu funcionamento.
Além da psicoterapia individual, houve avanços significativos na terapia cognitivo-comportamental para a esquizofrenia. 
A terapia cognitiva de remediação ajuda alguns pacientes. Essa terapia é projetada para melhorar a função cognitiva (atenção, memória de trabalho, funcionamento executivo) e ajuda os pacientes a aprenderem ou reaprenderem a fazer tarefas. 
A terapia também permite que os pacientes funcionem melhor.
Por exemplo, essa terapia, aplicada em um cenário individual ou em grupo, pode focalizar maneiras de diminuir os pensamentos delirantes.
Para pacientes que vivem com suas famílias, intervenções familiares psicoeducacionais podem reduzir a frequência de recaída. Grupos de suporte e defesa são muitas vezes úteis aos familiares.
Reabilitação e serviços de apoio comunitário
Treinamento de habilidade psicossocial e programas de reabilitação vocacional ajudam muitos pacientes a trabalhar, fazer compras e cuidar de si mesmos, administrar um lar, relacionar-se bem com outras pessoas, e trabalhar com profissionais de saúde mental.
Emprego com suporte, no qual os pacientes são colocados em situação de trabalho competitivo e recebem instrutor profissional local para promover a adaptação ao trabalho, pode ser particularmente valioso. Com o tempo, o instrutor profissional atua somente como apoio para a solução de problemas ou comunicação com os empregadores.
Os serviços de suporte permitem que muitos pacientes com esquizofrenia morem na comunidade. Embora muitos possam viver de maneira independente, alguns precisam de apartamentos supervisionados, nos quais esteja um membro da equipe para assegurar a adesão aos fármacos. 
Os programas proporcionam um nível de supervisão gradual em diferentes situações residenciais, variando de um suporte de 24 horas a visitas domésticas periódicas. Esses programas ajudam a promover a autonomia do paciente, ao mesmo tempo em que proporcionam cuidados suficientes para minimizar a probabilidade de recidiva e reduzir a necessidade de internação. 
Os programas comunitários assertivos prestam serviços no lar do paciente ou em outra moradia, baseando-se em proporções altas de membros da equipe por paciente, as equipes de tratamento prestam diretamente todos ou quase todos os serviços de tratamento exigidos.
Durante recidivas graves, internação ou cuidados de crise em alternativa ao hospital podem ser necessários, assim como pode se tornar necessária internação involuntária se o paciente representar risco para si mesmo ou para outras pessoas. 
Apesar da melhor reabilitação e dos melhores serviços de apoio comunitário, uma pequena porcentagem de pacientes, sobretudo os pacientes com deficiências cognitivas graves e os resistentes à terapia com fármacos, requer cuidados institucionais ou outros cuidados de suporte prolongados.
Fármacos antipsicóticos
Também chamados de → Neurolépticos, antiesquizofrênicos ou tranquilizantes maiores.
São drogas utilizadas para o tratamento da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.
Apresentam efeitos sedativos e psicomotores.
Os antipsicóticos passaram a ser utilizados em psiquiatria no início da década de 50. 
O primeiro antipsicótico típico foi a clorpromazina, que, além de produzir sedação, diminuía a intensidade de sintomas psicóticos.Classificação
Os antipsicóticos ou neurolépticos são classificados de acordo com seu mecanismo de ação (atividade e afinidade com os receptores de neurotransmissores específicos), o que acarreta um diferente perfil de efeitos colaterais.
· Antipsicóticos tradicionais|convencionais |típicos | primeira geração → Predominantemente bloqueio de receptores da dopamina (D)
· Antipsicóticos atípicos | segunda geração → Bloqueio dos receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos (5HT).
Principais efeitos dos antipsicóticos nas vias dopaminérgicas
· Via mesolímbica → Melhora os sintomas positivos;
· Via nigroestriatal → Causa sintomas extrapiramidais;
· Via mesocortical → Agrava os sintomas negativos;
· Via tuberoinfundubular → Aumenta liberação de prolactina.
Os antipsicóticos atípicos apresentam vantagem pela:
· Menor probabilidade de efeitos colaterais, ou seja, possuem menor chance de apresentar efeitos extrapiramidais, seus efeitos colaterais são melhor tolerados → Menor probabilidade de distúrbios de movimentos involuntários e efeitos adversos relacionados. 
· Eficácia ligeiramente maior → Espectro de ação mais amplo.
Contudo, o risco de síndrome metabólica (excesso de gordura abdominal, resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão) é maior com os atípicos do que com os antipsicóticos convencionais.
· O período entre o início dos sintomas psicóticos e o primeiro tratamento se correlaciona à rapidez da resposta do tratamento inicial e à qualidade da resposta ao tratamento. 
· Quando tratados precocemente, os pacientes respondem de maneira mais rápida e completa. 
· Sem o uso de fármacos antipsicóticos, após episódio inicial, 70 a 80% dos pacientes apresentam episódio subsequente durante os 12 meses seguintes. 
· O uso continuado dos antipsicóticos pode reduzir a recidiva em 1 ano para cerca de 30% ou menos com os fármacos de ação prolongada.
· O tratamento é mantido por pelo menos 1 a 2 anos após o primeiro episódio. Se os pacientes estiveram enfermos por mais tempo, é administrado por muitos anos.
· Rápida absorção via oral;
· Metabolização hepática;
· Geralmente meia vida entre 20 e 40 horas (1x ao dia); Exceções – Quetiapina, Azenapina, Ziprazidona;
· Altamente lipofílico;
· Excreção renal.
Antipsicóticos de primeira geração (típicos)
Mecanismo de ação:
· Não são seletivos → Também atua no bloqueio dos receptores noradrenérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, entretanto, cada fármaco possui suas peculiaridades sobre cada um destes receptores.
· São antagonistas de receptores D2 (dopaminérgicos), α1 (adrenérgicos), H1 (histaminérgicos) e M1 (muscarínicos);
· Inibem fortemente neurotransmissores dopaminérgicos, em especial o D2
· Ótimo para sintomas positivos (delírios, alucinações, desorganização);
· Agem na via nigroestriatal – Muitos sintomas extrapiramidais.
Classificação:
· Baixa potência → Clorpromazina e tioridazina – Se relacionam com maior aumento de peso e sedação.
· Alta potência → Haloperidol e flufenazina – Relacionam-se com a maior incidência de sintomas extrapiramidais.
 
Indicações:
· Esquizofrenia e transtornos esquizoafetivos → São utilizados no manejo de curto e longo prazo reduzindo os sintomas agudos e prevenindo futuras exacerbações.
*** Atuam em maior intensidade contra os sintomas positivos (delírios, alucinações, distúrbios do pensamento).
Quanto aos quadros negativos, os efeitos colaterais desta classe podem simular sua piora.
· Esquizofrenia infantil;
· Mania → Utilizados durante episódios agudos de mania;
· Depressão com sintomas psicóticos → Em casos de transtornos depressivos maiores;
· Transtornos delirantes;
· Agitação grave e comportamento violento;
· Transtorno de Tourette;
· Transtorno da personalidade borderline;
· Demência e delirium;
· Transtorno psicótico induzido por substância;
· Sedação → Em pacientes psiquiátricos e não psiquiátricos.
 
Efeitos colaterais:
Clinicamente causam mais sintomas extrapiramidais e aumento de prolactina (hiperprolactinemia).
Sintomas extrapiramidais:
Acatisia → É uma inquietação psicomotora que ocorre geralmente quando há aumento da dose ou no início do tratamento.
Distonia aguda → Movimento irregular controlado por espasmos musculares (contrações involuntárias).
Parkinsonismo farmacológico ou Síndrome Parksoniana → Caracterizado pela tríade clássica: bradicinesia (dificuldade de realizar movimentos voluntários, lentificação), rigidez muscular e tremor.
Discinesia tardia → São movimentos irregulares, involuntários que desaparecem durante o sono e são exacerbados durante situações estressantes.
Síndrome neuroléptica maligna → É uma síndrome caracterizada por sintomas como: hipertermia extrema, rigidez muscular grave e distonia, confusão, agitação e aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, que podem ocorrer durante qualquer período do tratamento, podendo levar o paciente a óbito.
Redução do limiar de convulsão;
Sedação → Devido ação de bloqueio dos receptores histaminérgicos (HI);
Efeitos anticolinérgicos centrais;
Efeitos hematológicos - Comuns → Leucopenia, agranulocitose / Raros → Anemia hemolítica, púrpura trombocitopênica;
Efeitos cardíacos → São considerados cardiotóxicos por reduzirem a contratilidade miocárdica além de prolongarem o tempo de condução atrial e ventricular e os períodos refratários;
Morte súbita → Decorrente de arritmias;
Vários antipsicóticos de ambas as classes podem causar a síndrome do QT longo e essencialmente aumentam o risco de arritmias fatais, esses fármacos incluem tioridazina, haloperidol, olanzapina, risperidona e ziprasidona.
Hipotensão postural → Ocorre de forma habitual nos típicos de baixa potência;
Efeitos anticolinérgicos periféricos - Bloqueia receptores muscarínicos → Diminuição do Sistema Nervoso Parassimpático: Xerostomia (boca seca), perda de acomodação visual,, constipação, retenção urinária;
Efeitos sexuais adversos → Redução de libido, disfunção erétil, retardo na ejaculação;
Icterícia → É transitória e não costuma ter repercussão clínica.
Efeitos endócrinos → Hiperprolactinemia decorrente da inibição da via tuberoinfundibular.
***Aumento de prolactina → Aumento de mamas/ galactorreia / amenorreia na mulher / ginecomastia no homem / disfunção sexual. ***Sempre solicitar exame de prolactina para o paciente em uso de antipsicóticos típicos.
Antipsicóticos de segunda geração (atípicos)
· Causam menos sintomas extrapiramidais e hiperprolactinemia → O aspecto comum aos antipsicóticos atípicos é a capacidade de promover a ação antipsicótica em doses que não produzem, de modo significativo, sintomas extrapiramidais.
· Alívio de sintomas positivos → Podem agir também nos sintomas negativos, cognitivos e depressivos;
· Mais eficazes no alívio de sintomas negativos;
· Melhoram a função cognitiva;
· Eficazes em pacientes resistentes aos típicos;
Principais atípicos → Clozapina | risperidona | olanzapina | quetiapina.
Mecanismo de ação:
Bloqueio de receptores serotoninérgicos 5HT2A e dopaminérgicos D2 à São antagonistas de receptores dopaminérgicos (D1, D2 e D4), serotoninérgicos (5HT2A, 5HT2C, 5HT3), α1 (adrenérgicos), H1 (histaminérgicos) e M1 (muscarínicos).
Antagonismo D2 com rápida dissociação (ação por tempo que bloqueia efeitos da psicose, mas não causa muitos efeitos adversos);
Antagonista parcial de D2/ Agonistas parciais de serotonina.
Indicações:
· Esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo → São considerados de eficácia similar ou até superiores quando comparados aos antipsicóticos típicos. Usados para controle de psicose aguda e crônica;
· Transtornos do humor → Melhoram os sintomas depressivos em pacientes com esquizofrenia, além de todos eles potencializam a ação dos antidepressivos durante a terapêutica aguda em casos de depressão maior.
· Demência decorrente de → Síndrome de imunodeficiência adquirida, Transtornos do espectro autista, Transtorno de Tourette, Doença de Huntington Síndrome de Lesch-Nyhan. 
Efeitos colaterais:
Síndrome metabólica.
Fatores de Risco:
· Grande quantidade de gordura abdominal → Em homens cintura com maisde 102 cm e nas mulheres maior que 88 cm.
· Baixo HDL ("bom colesterol") → Em homens menos que 40mg/dl e nas mulheres menos do que 50mg/dl.
· Triglicerídeos elevado à 150mg/dl ou superior.
· Pressão sanguínea alta → 135/85 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão.
· Glicose elevada → 110mg/dl ou superior.
** Para quadros agudos / crises → Antipsicóticos por via intramuscular → Haloperidol. [Haldol].
	Movimento da luta antimanicomial
Definição→ O movimento da luta antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. 
Dentro desta luta está o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental em nome de pretensos tratamentos, ideia baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental. 
O movimento da luta antimanicomial reafirma que todo paciente psiquiátrico também tem direitos de cidadão → têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direito a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos. 
Histórico→ O movimento da luta antimanicomial inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito particularmente no Brasil. 
O médico e psiquiatra Franco Basaglia foi o precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano.
No ano de 1961, quando assumiu a direção do Hospital Psiquiátrico de Gorizia, testemunhou uma série de abusos e negligências no tratamento dos enfermos. Por esse motivo, Basaglia promoveu junto a um corpo de psiquiatras, mudanças práticas e teóricas no tratamento de seus pacientes, conhecidas como Psiquiatria Democrática, ou o movimento de “negação à psiquiatria”, que deu origem à luta antimanicomial.
Iniciou diversas mudanças com o objetivo de transformá-lo em uma comunidade terapêutica. Sua primeira atitude foi melhorar o cuidado técnico aos internos em Gorizia, além de melhorar também suas condições de hospedaria. 
Basaglia concluiu que a psiquiatria não era suficiente para tratar o paciente e que o isolamento e a internação em manicômios poderiam até mesmo agravar a condição dos pacientes. Portanto, seria necessário remodelar a estrutura psiquiátrica tal como era conhecida. 
O tratamento manicomial deveria ser substituído por atendimentos terapêuticos através de centros comunitários, centros de convivências e tratamento ambulatorial.
Assim, Basaglia negou a prática da cultura médica que toma o paciente como objeto de observação, destituído de direitos enquanto cidadão e ser humano. Em 1968, ele publicou “A Instituição Negada”, onde expôs parte de suas práticas realizadas no Hospital Psiquiátrico de Gorizia.
→ Franco Basaglia se tornou referência global na luta antimanicomial. 
No ano de 1973, após a reformulação no tratamento psiquiátrico, Basaglia dirigiu o Hospital Psiquiátrico de Trieste, este viria a ser a principal referência mundial para a reformulação da assistência em saúde mental, credenciado pela OMS.
Como consequência das ações e dos debates iniciados por Franco Basaglia, em 1978, foi aprovada na Itália a Lei 180, ou Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana, que veio a influenciar o modelo de tratamento e a luta pelo fim de instituições manicomiais ao redor do mundo. Ela serviu como referência para a reformulação do Sistema Psiquiátrico no Brasil, que ainda hoje se encontra em formas de adequação.
Movimento da reforma psiquiátrica no Brasil 
Baseado nas ideias de Basaglia, inicia-se o movimento de luta antimanicomial no Brasil. As ideias desse movimento eram:
· Questionar o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos;
· Denunciar os manicômios como instituições de violências com graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais, além da precarização das condições de trabalho, reflexo do caráter autoritário do governo no interior de tais instituições. 
· Defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos pacientes psiquiátricos;
· Reforma psiquiátrica → Reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade. Propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias. 
Política de saúde mental e a luta antimanicomial no Brasil
O movimento da reforma psiquiátrica no Brasil se iniciou no final da década de 70. 
A partir daí, surgiram movimentos de trabalhadores de saúde mental, que colocaram em evidência a necessidade de uma reforma psiquiátrica no Brasil. 
· Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) – Com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade questionam o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos.
· Movimento Sanitário.
Em 18 de Maio em 1987, foi realizado um encontro de grupos favoráveis a políticas antimanicomiais. Nesse encontro, surgiu a proposta de reformar o sistema psiquiátrico brasileiro. Teve 2 marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta → a data de 18 de maio tornou-se o dia de Luta Antimanicomial.
1. Encontro dos trabalhadores da saúde mental (Bauru/SP);
2. I Conferência Nacional de Saúde Mental (Brasília). 
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas, a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica.
Em 2001 é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial à saúde mental. 
Dessa lei, origina-se a Política de Saúde Mental que, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo. 
A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se deem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração.
Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.
O movimento consistiu um diálogo de conscientização com as instituições legais e com os cidadãos ao elaborar o discurso de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. Ao contrário, este seria um grande componente para sua recuperação. Por outro lado, seria necessário uma reeducação no modo de compreender os transtornos mentais, não como um estigma, mas um modo alternativo de ver e estar no mundo. O respeito e a conscientização seriam armas necessárias para reformular o modo como os pacientes eram tratados até aquele momento, dentro e fora de instituições responsáveis pelo tratamento.
O processo de redução de leitos em hospitais psiquiátricos e de desinstitucionalização de pessoas com longo histórico de internação passa a tornar-se política pública no Brasil a partir dos anos 90, e ganha grande impulso em 2002 com uma série de normatizações do Ministério da Saúde, que instituem mecanismos claros, eficazes e seguros para a redução de leitos psiquiátricos a partir dos macro-hospitais. 
Programa “De Volta para Casa” → Criado pelo governo, garante o auxílio-reabilitação psicossocial para a atenção e o acompanhamento de pessoas em sofrimento mental, egressas de internação em hospitais psiquiátricos, inclusive em hospitais de custódia e tratamentopsiquiátrico, cuja duração tenha sido um período ≥ 2 anos.
Rede de atenção à saúde mental → Na década de 90, novas soluções foram aplicadas para a saúde mental. 
Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/90 → Foi instituída a rede de atenção à saúde mental, junto com a criação do SUS. 
Aos poucos, o MS substituiu o tratamento em hospitais por atendimentos comunitários, essencialmente público, de base municipal e com um controle social fiscalizador e gestor no processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica, cujos principais serviços são:
· Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)/ Núcleos de Apoio Psicossocial (NAPS);
· Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT);
· Centros de Convivência e Cultura;
· Unidade de Acolhimento (UAs);
· Leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III).
As leis atribuíram ao Estado a responsabilidade de:
· Promover um tratamento em comunidade;
· Possibilitar a livre circulação dos pacientes e não mais a internação e o isolamento.
· Reintegração social do portador de transtornos mentais, por meio dos serviços abertos.
CAPS → Criados em 1992, são serviços públicos oferecidos em unidades regionais, que oferecem tratamentos intensivos, semi-intensivos e não intensivos. 
É função dos CAPS:
· Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando assim as internações em hospitais psiquiátricos; 
· Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais; 
· Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
· Dar suporte à atenção à saúde mental na rede básica.
No tratamento intensivo, são oferecidos atendimentos diários com objetivo de reinserir o paciente na sociedade. 
Tem como ferramentas o atendimento individualizado, com rodas de conversa, oficinas artísticas e o tratamento terapêutico individual e em grupo. 
Busca-se oferecer um tratamento ambulatorial mais humanizado, no lugar de hospitais psiquiátricos e longas internações.
Havendo necessidade de internação, é o próprio CAPS que encaminha o paciente para leitos de saúde mental em hospitais que oferecem internação de curto prazo. Esses serviços de internação fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que têm como função substituir a internação em asilos, priorizando um tratamento que visa a autonomia do paciente e o respeito à cidadania.
Lei 10.216/2001 → “Lei Paulo Delgado”:
→ Trata da proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência.
→ Estabelece a responsabilidade do Estado no desenvolvimento da política de saúde mental no Brasil, através:
· Do fechamento de hospitais psiquiátricos;
· Abertura de novos serviços comunitários;
· Participação social no acompanhamento de sua implementação. 
→ Tem o intuito de garantir os direitos de pacientes portadores de transtornos mentais a receberem atendimentos menos invasivos e priorizando o tratamento através da reinserção na família, no trabalho e na comunidade. 
Os pacientes passam a ter direito a informações a respeito de sua condição e sobre os possíveis tratamentos, além de estarem protegidos contra qualquer abuso e exploração.
→ Impede que sejam feitas internações compulsórias, ou seja, feitas sem o consentimento do paciente ou de terceiros (familiares e responsáveis). Estas devem ser feitas apenas após laudo médico, em casos de extrema urgência, quando o paciente é tido como uma ameaça para si e para terceiros. Nesses casos, o médico é obrigado a notificar o Ministério Público sobre a internação e depois sobre a alta do paciente.
A reforma psiquiátrica tem como objetivo dar voz ao paciente no que concerne aos seus interesses e o tratamento que pode ser mais adequado para ele. Todo diagnóstico e terapia devem depender de seu consentimento ou de sua família. 
O paciente deixaria então de ser um objeto, para se tornar protagonista da busca pelo seu próprio bem estar. 
No entanto, ainda existem em torno de 160 hospitais psiquiátricos no Brasil, com mais de 20.000 leitos, acumulando relatos de abusos, e inúmeros casos de mortes por negligência. Entre os anos de 2006 e 2009 foram notificadas 233 mortes em lugares como esse apenas em Sorocaba. E não há previsão para serem fechados.
Serviços de Residência Terapêutica (SRT) → Reinserção social dos pacientes mentais 
As residências terapêuticas se configuram como equipamentos da saúde e devem ser capazes em primeiro lugar de garantir o direito à moradia das pessoas egressas de hospitais psiquiátricos e de auxiliar o morador em seu processo – às vezes difícil – de reintegração na comunidade.
São moradias inseridas, preferencialmente, na comunidade, em espaços urbanos, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte social e laços familiares. 
Ou seja, são moradias destinadas a pessoas que em algum momento de suas vidas foram alcunhadas de "loucas" e se tornaram dependentes do chamado manicômio, privadas do convívio social e do seu direito de ir e vir.
Deste modo, caracteriza-se como um serviço substitutivo, que visa o atendimento dos portadores de transtornos mentais egressos de longo período de internação psiquiátrica e que não possuem vínculo familiar e/ou suporte social. 
Foram instituídas pela Portaria/ GM nº 106 de fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde e são centrais no processo de desinstitucionalização e reinserção social.
** O processo de desinstitucionalização não deve ser compreendido como sinônimo de desospitalização → A RT deverá estar vinculada aos serviços ambulatoriais especializados em saúde mental, como os CAPS e contar com uma equipe mínima responsável pelo acompanhamento dos moradores, composta por um profissional médico e 2 profissionais com formação em ensino médio e capacitação ou experiência em reabilitação psicossocial. 
De forma geral, um cuidador é designado para apoiar os moradores nas tarefas, dilemas e conflitos cotidianos do morar, do coabitar e do circular na cidade, em busca da autonomia do usuário.
A implantação de um SRT é o início de longo processo de reabilitação que deverá buscar a progressiva inclusão social do morador e sua reinserção na rede de serviços, organizações e relações sociais da comunidade.
Em relação às características físicas e funcionais das Residências Terapêuticas, cada casa deve estar inserida em bairros da cidade, ou seja, em contato com a comunidade. 
Nela deverá morar um número de pacientes que pode variar de uma pessoa até no máximo um pequeno grupo de 8 pessoas.
A casa precisa ser mobiliada com equipamentos necessários à realização das atividades domésticas (higiene pessoal, preparo de alimentos, lavagem de roupas, entre outros), possuir até 3 dormitórios e oferecer o mínimo de 3 refeições. 
Para a manutenção desta estrutura (aluguel da casa, mobiliário, eletrodomésticos, telefone, água, luz etc.), bem como para o pagamento dos profissionais que formarão a equipe de assistência, os recursos financeiros são provenientes da realocação dos recursos da Autorização de Internação Hospitalar para o recurso orçamentário do município que irá implantar o serviço. 
O SUS realiza o descredenciamento dos leitos hospitalares para a desospitalização dos pacientes para as Residências Terapêuticas.
Resumindo
Luta antimanicomial → Luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental de receber tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos. 
Pacientes psiquiátricos → Historicamente discriminados e excluídos da sociedade. 
Psiquiatra Franco Basaglia → Precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano → Psiquiatria Democrática - Movimento de “negação à psiquiatria” → Origem à luta antimanicomial e se tornou referência global na luta antimanicomial. 
Lei 180 ou Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana (1978) → Influenciou o modelo de tratamento e a luta pelo fim de instituições manicomiais ao redor do mundo → Referência para a reformulação do Sistema Psiquiátricono Brasil, que ainda hoje se encontra em formas de adequação.
Movimento da reforma psiquiátrica no Brasil → Denúncia dos abusos cometidos em instituições psiquiátricas, e da precarização das condições de trabalho.
→ Início na década de 70, com 2 marcos:
1. Encontro dos trabalhadores da saúde mental, em Bauru/SP;
2. Primeira Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília. 
· Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) – que contou com a participação popular, inclusive de familiares de pacientes e Movimento Sanitário.
→ Lema: “Por uma sociedade sem manicômios”
→ Diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade .
Em 18 de Maio em 1987 → Encontro de grupos favoráveis a políticas antimanicomiais → 18 de maio = dia de Luta Antimanicomial.
Lei Federal 10.216 (2001) → Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial à saúde mental. 
Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/90 → Instituída uma rede de atenção à saúde mental, junto com a criação do SUS.
Lei 10.216/2001 ou “Lei Paulo Delgado” → Trata da proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência.
· Garante os direitos de pacientes portadores de transtornos mentais a receberem atendimentos menos invasivos e prioriza o tratamento através da reinserção na família, no trabalho e na comunidade. 
· Impede que sejam feitas internações compulsórias, ou seja, feitas sem o consentimento do paciente ou de terceiros (familiares e responsáveis). 
Política de saúde mental → Reforma psiquiátrica:
· Com o intuito de acabar com os manicômios, o projeto visava substituir, aos poucos, o tratamento dado até então por serviços comunitários. 
· O paciente seria encorajado a um exercício maior de cidadania, fortalecendo seus vínculos familiares e sociais, e nunca sendo isolado destes. 
· A partir da reforma, o Estado não poderia construir e nem mesmo contratar serviços de hospitais psiquiátricos. 
· Em substituição às internações, os pacientes teriam acesso a atendimentos psicológicos, atividades alternativas de lazer, e tratamentos menos invasivos do que aqueles que eram dados. 
· A família, aqui, teria papel fundamental na recuperação do paciente, sendo a principal responsável por ele.
*** A reforma psiquiátrica teve início nos anos 80 e ainda hoje não foi completada. 
Minti
Usualmente, os diagnósticos em psiquiatria não dependem de exames diagnósticos por imagem, mas da satisfação de critérios clínicos do DSM.
A utilização de recursos de imagem ganha importância especial quando a história clínica relaciona o aparecimento de sintomas com traumas, alterações clínicas sistêmicas ou sinais clínicos ou neurológicos que levam à necessidade de exclusão de doença orgânica como etiologia para os quadros ou manifestações comportamentais.
Os exames por tomografia computadorizada (TC) de pacientes com esquizofrenia têm mostrado consistentemente alargamento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo e alguma redução no volume cortical. 
Volumes reduzidos da substância cinzenta cortical durante os primeiros estágios da doença. 
Vários pesquisadores tentaram determinar se as anormalidades detectadas por TC são progressivas ou estáticas. 
Alguns estudos concluíram que as lesões observadas na TC estão presentes no início da doença e não progridem. 
Outros estudos, entretanto, concluíram que o processo patológico visualizado em exames por TC continua a progredir durante a doença. Portanto, ainda não se sabe se um processo patológico ativo continua a se desenvolver em pacientes. Há uma simetria reduzida em várias áreas do cérebro na esquizofrenia, incluindo os lobos temporal, frontal e occipital. Alguns pesquisadores acreditam que essa simetria reduzida se origina durante a vida fetal e seja indicativa de uma interrupção na lateralização cerebral durante o neurodesenvolvimento.

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