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SÍN��OM�� ��UR��ÓGI���🧠 Sín��om�� ��to��� A lesão do segundo neurônio motor da medula espinhal causa paralisia flácida e atrofia muscular (amiotrofia) ipsilateral. A lesão do primeiro neurônio motor do sistema piramidal causa a síndrome piramidal: (1) fraqueza (paresia) ou paralisia muscular (plegia); (2) flacidez e hipo/arreflexia em lesões agudas ou espasticidade e hiperreflexia em lesões subagudas; (3) reflexo cutâneo-plantar em extensão do hálux e abertura dos pododáctilos aos sinais de Babinski (estimulação da face plantar lateral), de Gordon (compressão da panturrilha), de Oppenheim (estimulação de crista tibial), de Scheifer (compressão do tendão de Aquiles) e de Chaddock (estimulação da borda lateral do pé); (4) oposição do polegar e do dedo mínimo após súbita flexão da falange distal do dedo médio ao sinal de Hoffman; (5) clônus, com contrações musculares repetitivas após o estiramento do tendão de Aquiles (clônus de calcâneo) ou do quadríceps (clônus de patela); e (6) perda dos reflexos cutâneo-abdominais (contração abdominal após estimular a pele da região lateral em direção ao umbigo) e cremasteriano (elevação do testículo após estimular a pele da região medial do terço superior da coxa). A lesão acima da decussação das pirâmides causa síndrome piramidal contralateral, a lesão abaixo da decussação causa síndrome piramidal ipsilateral, a lesão bilateral causa síndrome piramidal bilateral, a compressão da decussação das pirâmides causa síndrome piramidal alterna, que afeta o MMSS e o MMII contralateral. A lesão do tronco encefálico causa síndrome motora cruzada, que afeta o nervo craniano ipsilateral e braquiocrural contralateral, chamada de síndrome de Millard-Gubler-Foville, quando envolve o VI ou o VII, ou síndrome de Dejerine, quando envolve o XII. O sistema extrapiramidal é composto pelos gânglios da base (corpo estriado e núcleo subtalâmico) e pela substância negra. A degeneração do corpo estriado causa uma síndrome hipotônico-hipercinética (coreoatetose, doença de Huntington), a degeneração da substância negra causa uma síndrome hipertônico- hipocinética (parkinsonismo, doença de Parkinson) e a lesão do núcleo subtalâmico causa hipercinesia (hemibalismo). Os fármacos dopaminérgicos e anti- colinérgicos inibem o neoestriado e causam uma desinibição cortical motora, com movimentos involuntários descoordenados (coreoatetose), mas melhoram o parkinsonismo. Os antidopaminérgicos (neurolépticos) ativam o neoestriado e melhoram a coreoatetose, mas pioram o parkinsonismo. A lesão do cerebelo causa a síndrome cerebelar ipsilateral (ataxia cerebelar): dismetria (dificuldade de parar o movimento em um ponto), dissinergia (movimentos pendulares e grosseiros, com perda da harmonia), tremor intencional (tremor desencadeado ou agravado pelo movimento), disdiadococinesia (incapacidade de executar movimentos alternados), fenômeno do rechaço (incapacidade de se adaptar prontamente às alterações da tensão muscular), reflexos tendinosos pendulares, nistagmo (movimentos oculares rápidos e repetitivos horizontais ou verticais), hipotonia muscular, fala arrastada, instabilidade postural e marcha atáxica (tipo ebriosa). A síndrome de Benedikt é uma síndrome cruzada extrapiramidal e cerebelar que causa paralisia do III ipsilateral, hemi-hipo/anestesia contralateral e tremor cerebelar lento e rítmico de mão e pé contralateral. Sín��om�� ��n�o���is O feixe espinotalâmico lateral é responsável pela sensibilidade térmica e álgica e o feixe espinotalâmico anterior é responsável pelo tato protopático e pressão, ambos cruzam ao nível da medula. Os fascículos grácil e cuneiforme são responsáveis pelo tato epicrítico, vibração e proprio- cepção, eles cruzam ao nível do tronco encefálico. A síndrome da hemissecção medular causa hemianestesia dolorosa e tátil contralateral; hemiparesia/plegia flácida ou espástica ipsilateral; hemianestesia vibratória e proprioceptiva ipsilateral. A síndrome de Wallemberg é uma síndrome cruzada sensitiva do bulbo e causa hemi-hipo/anestesia contralateral e hemi-hipo/anestesia da hemiface ipsilateral. A secção medular completa causa hipo/anestesia para todas as modalidades sensoriais bilateral e tetra/para-paresia/plegia flácida em lesão aguda ou espástica em lesão subaguda. A síndrome cordonal posterior é causada por carência de B12 ou por tabes dorsalis e afeta os fascículos grácil e cuneiforme, causando hipo/anestesia vibratória, proprioceptiva e do tato epicrítico. A ataxia sensorial causada pela perda da sensibilidade proprioceptiva é caracterizada por instabilidade postural agravada pelo fechamento dos olhos, marcha atáxica, incoordenação para os movimentos e teste de Romberg positivo (quando o paciente fica na posição ortostática com os pés juntos e os braços ligados ao corpo, tende a cair apenas quando fecha os olhos). A síndrome talâmica é causada por lesão nos núcleos ventrolaterais e causa hemianestesia para todas as modalidades sensoriais contralateral. Filipy Rocha Sín��om�� �� t�o�c� ���efáli�� O tronco encefálico é formado por uma porção anterior, que contém os pedúnculos cerebrais do mesencéfalo, a base da ponte e as pirâmides bulbares, por onde correm as principais fibras descendentes, e pelo tegumento, por onde correm as principais fibras ascendentes, algumas fibras descendentes, os núcleos dos nervos cranianos do III ao XII, outros núcleos (núcleo rubro no mesencéfalo, núcleo olivar superior na ponte, núcleos olivar inferior, grácil e cuneiforme no bulbo) e a formação reticular, responsável pelo ciclo sono-vigília e pelo controle da respiração. As lesões ou compressões da formação reticular do mesencéfalo e da porção inferior do tálamo causam o coma. As lesões da formação reticular do bulbo causam respiração atáxica (respiração de Biot) e apneia. As lesões da formação reticular de regiões que influenciam a formação do bulbo causam os padrões respiratórios estereotipados: respiração de Cheynes-Stokes (diencéfalo), hiperventilação neurogênica central (mesencéfalo) e respiração apnêustica (ponte). Os reflexos mesencefálicos são os reflexos fotomotor (miose ipsilateral) e consensual (miose contralateral) e o reflexo de convergência (convergência dos olhos e miose). A lesão do III par abole apenas o reflexo fotomotor, mas a lesão do nervo óptico ou do mesencéfalo abolem os dois reflexos, enquanto pacientes com lesões centrais têm os reflexos preservados. Os reflexos pontinos são os reflexos oculocefálico (desvio do olhar contralateral à rotação da cabeça ou olhos da boneca) e oculovestibular (instilação de água fria no ouvido externo = desvio do olhar ipsilateral, instilação de água quente = desvio contralateral), que ocorrem em pacientes comatosos, o reflexo corneopalpebral (fechamento da pálpebra bilateral em resposta a estímulo tátil da córnea) e o reflexo de piscar. A lesão da ponte abole todos os reflexos, a lesão do ramo oftálmico abole o reflexo corneopalpebral enquanto a lesão do facial abole apenas o reflexo corneopalpebral ipsilateral. Os reflexos bulbares são o reflexo do engasgo (estimulação tátil da base da língua e da faringe causa contração da faringe e do palato mole), o soluço, o reflexo do vômito e o reflexo cilioespinhal (estimulação dolorosa na face ou no trapézio causa midríase bilateral). Sín��om�� ��s �a��s ���ni���� A lesão dos núcleos do III causa perda dos movimentos dos músculos elevador da pálpebra superior, reto superior (elevação), reto inferior (abaixamento), reto medial (adução), oblíquo inferior (abdução e elevação), ciliar e esfíncter da pupila, com estrabismo divergente (predomínio do reto lateral, com abdução), diplopia, ptose palpebral e midríase paralítica. A lesão dos núcleos do IV causa perda dos movimentos do músculo oblíquo superior (abdução e abaixamento), com diplopia e desvio do olho acometido para cima e para dentro. A lesão dos núcleos do VI causa perda dos movimentos do reto lateral (abdução), com estrabismo convergente e diplopia. A lesão da área 8 causa desvio do olhar conjugado ipsilateral. A lesãodo FLM causa oftalmoplegia internuclear. Os núcleos sensitivos do V são o núcleo espinhal do trigêmeo, que recebe estímulos de dor e temperatura, o núcleo sensitivo principal do trigêmeo, que recebe estímulos de tato e pressão, e o núcleo mesencefálico do trigêmeo, que recebe estímulos proprioceptivos. Eles recebem os ramos oftálmico, maxilar e mandibular. A síndrome de Wallemberg é uma síndrome cruzada sensitiva do bulbo e causa hemi-hipo/anestesia contralateral e hemi-hipo/anestesia da hemiface ipsilateral. O núcleo motor do V envia um ramo mandibular para os músculos da mastigação e sua lesão ou do nervo causa paralisia mastigatória ipsilateral, com deslocamento da mandíbula para o lado da lesão. A lesão dos núcleos do VII causa paralisia facial ipsilateral periférica. A síndrome cruzada facial causa hemiparesia/plegia braquiocrural contralateral e paralisia facial periférica ipsilateral: síndrome de Millard-Gubler-Foville (isquemia da porção inferior da base pontina) ou síndrome da porção inferior do tegmento pontino. Os núcleos do VIII recebem os componentes vestibular e coclear do meato acústico interno. A lesão do componente coclear causa hipoacusia neurossensorial ipsilateral. A lesão do componente vestibular causa instabilidade postural com tendência de queda ipsilateral e nistagmo espontâneo contralateral. A síndrome vestibular periférica apresenta: (1) vertigem rotatória mais acentuada, associada a sintomas autonômicos (náuseas, vômitos, palidez e sudorese fria), que diminui com os dias ou semanas; (2) nistagmo horizontal ou rotatório, intermitente e autolimitado, com tempo de latência, que melhora com a fixação; e (3) zumbido e hipoacusia ipsilateral. A síndrome vestibular central apresenta: (1) vertigem rotatória menos acentuada, mas incessante; (2) nistagmo horizontal, rotatório ou vertical, contínuo e persistente, sem tempo de latência, que não melhora com a fixação. Filipy Rocha Os núcleos do IX e do X são o núcleo ambíguo, cuja lesão causa disfagia, disfonia (paralisia da corda vocal ipsilateral) e perda da contração do palato mole ipsilateral, e o núcleo dorsal do vago. A lesão dos núcleos do XII causa desvio da língua ipsilateral. A síndrome cruzada do hipoglosso causa hemiparesia/plegia contralateral flácida e paralisia lingual ipsilateral, com desvio da língua ipsilateral. A lesão dos núcleos do XI causa desvio da cabeça ipsilateral, incapacidade de rodar a cabeça contralateral e queda do ombro ipsilateral. A lesão dos bulbos olfatórios causa anosmia, percebida pelo paciente se for aguda ou percebida como perda do paladar se for subaguda. A lesão do trato óptico causa amaurose ipsilateral ao nível do nervo óptico, hemianopsia heterônima ao nível do quiasma óptico, hemianopsia homônima contralateral ao nível do feixe óptico ou do córtex calcarino e quadrantanopsia superior contralateral ao nível da alça de Meyer. Sín��om�� �� te���céfa�� Lobo frontal: A lesão do córtex motor primário (área 4) causa hemiparesia/plegia flácida contralateral e a lesão de suas fibras (coroa radiada, cápsula interna) causa hemiparesia/plegia espástica, com hiper-reflexia contralateral; as lesões irritativas causam convulsão focal. A lesão do córtex pré-motor (área 6) causa apraxia contralateral; as lesões irritativas causam movimentos estereotipados contralaterais, com posturas distônicas da cabeça e dos membros. A lesão da área do desvio conjugado do olhar (área 8) causa desvio dos olhos ipsilateral. A lesão da área da expressão da fala (área 44, 45) causa a afasia ou disfasia de Broca. A lesão do córtex pré-frontal lateral (áreas 8, 9, 46, 47) causa a síndrome abúlica ou mutismo acinético. As lesões do córtex pré-frontal orbitário (área 11, 12) e do córtex medial anterior (área 10) causam a síndrome da liberação frontal, com desinibição, atrevimento e atos constrangedores. Lobo parietal: A lesão do córtex somatossensorial primário (áreas 1, 2, 3) causa hemi-hipo/anestesia contralateral. A lesão do córtex somatossensorial associativo (áreas 5, 7) causa a síndrome da astereognosia contralateral. A lesão do córtex associativo geral (áreas 39, 40), no hemisfério dominante, causa a síndrome de Gerstmann (agrafia, alexia, acalculia, agnosia digital, desorientação espacial direita-esquerda, apraxia ideomotora) e, no hemisfério não dominante síndrome da heminegligência, anosognosia, apraxia construccional, apraxia para se vestir. Lobo temporal: A lesão do córtex auditivo primário (área 41) bilateral causa hipoacusia. A lesão bilateral do córtex auditivo associativo (área 42) causa agnosia auditiva, a lesão no hemisfério não dominante causa amusia. A lesão da área de compreensão da fala (área 22), no hemisfério dominante, causa afasia de Wernicke e, no não dominante, síndrome da aprosódia sensorial. A área olfatória (áreas 28, 34) participa do sistema límbico. A lesão das áreas da memória causa, no corpo mamilar, amnésia anterógrada e, na lesão bilateral do temporal, amnésia lacunar. A lesão das áreas comportamentais causa, no hemisfério dominante, um distúrbio comportamental com sensações inexplicáveis de raiva e agressividade, ansiedade, pânico, discreta paranoia e, na lesão bilateral temporal, ilusões auditivas e visuais com períodos de desorientação e alterações de comportamento, com religiosidade e hipergrafia. Lobo occipital: A lesão bilateral do córtex calcarino (área 17) causa cegueira cortical, enquanto a lesão unilateral causa hemianopsia contralateral. A lesão bilateral do córtex visual associativo (áreas 18, 19) causa a síndrome da agnosia visual. A lesão das áreas parietoccipitais pode causar alexia sem agrafia, prosopagnosia (incapacidade de distinguir rostos) ou síndrome de Balint (simultanagnosia, ataxia, apraxia óptica). Os giros temporais médio e inferior (áreas 20, 21, 37) também participam do processamento visual. Sistema límbico: conecta as áreas da memória com áreas comportamentais e das emoções e reações emocionais. A lesão do núcleo amigdalóide causa a síndrome de Klüver-Bucy, com comportamento plácido, sem reações de raiva e liberação sexual. Sín��om�� �� di���éfa�� Hipotálamo: a lesão dos núcleos anteriores causa febre central ou poiquilotermia, a lesão da porção basal causa hipotermia. As síndromes compressivas causam diabetes insipidus, pan- hipopituitarismo, cefaleia e hemianopsia bitemporal. A compressão dos núcleos mamilares causa amnésia anterógrada. A síndrome hipotalâmica causa alteração comportamental com euforia, liberação sexual e atitudes de raiva e impaciência. Tálamo: a lesão bilateral do núcleo centro-mediano causa sonolência patológica ou coma. A síndrome de Dejerine-Roussy (infarto posterolateral) causa hemianestesia contralateral para todas as modalidades e dor talâmica. A ataxia cerebelar com ou sem coreoatetose (infarto anterolateral) causa comprometimento da regulação cerebelar e extrapiramidal dos núcleos talâmicos. Os distúrbios da afetividade (comprometimento do núcleo anterior) são instabilidade emocional, tendência ao riso e choro espasmódico. Filipy Rocha AC����TE ���C��A� �N���ÁLI�� (AV�) IS��ÊMI��🧠 Fis���a��l��i� O AVE é a principal causa de morte no Brasil e a terceira causa de morte nos EUA e pode ser isquêmico (80%) ou hemorrágico (20%). O AVE isquêmico é causado pela oclusão de uma artéria de pequeno ou médio calibre seguida de isquemia e infarto do parênquima encefálico. O AVE embólico (45%) pode ser cardioembólico (FA, IAM de parede anterior, CMP dilatadas) ou arterioembólico (placa aterosclerótica instável em carótida comum ou na artéria vertebral em hipertensos). O AVE trombótico é causado por um trombo formado na própria artéria pode ser do lacunar (20%) (pequenas artérias perfurantes cerebrais, que nutrem o tálamo, a cápsula interna e os gânglios da base, ou dos ramos arteriais que irrigam o tronco cerebral) ou de artérias cerebrais médias (5%). O AVE criptogênico (30%) é aquele que não possui causa conhecida. Os principais fatores de risco são HAS (ATS nas carótidas e vertebrais e de lipo-hialinose nas lacunares),história familiar de DCV, tabagismo, hipercolesterolemia, DM, idade > 60 anos. A isquemia ocorre quando o fluxo cai abaixo de 20 ml/100 mg/min e o infarto ocorre quando a isquemia é persistente ou quando o fluxo cai abaixo de 10 ml/100 mg/min. O PET permite avaliar as áreas de lesão irreversível e as áreas de lesão recuperável (penumbra isquêmica irrigada pela circulação colateral, que depende da pressão arterial). Após o infarto, o edema citotóxico (aumento do volume dos neurônios) e o edema vasogênico (acúmulo de líquido no interstício) se instalam na área, com pico em 3-4 dias e resolução em 10 dias a 3 semanas, quando a fagocitose provoca uma necrose de liquefação, transformando o infarto numa área amolecida (encefalomalácia), que se torna cística e retraída. Qu�d�� �líni�� Os sintomas que sugerem oclusão carotídea são: afasia, síndromes cerebrais clássicas, como Gerstmann (apraxia ideomotora, agrafia, alexia, acalculia, desorientação esquerda-direita, agnosia digital), amusia, agnosias, síndrome do lobo frontal (abulia, mutismo acinético). Os sintomas que sugerem oclusão vertebrobasilar são: hemianopsia, agnosia visual, síndrome de Balint (simultana- gnosia, apraxia e ataxia óptica), síndrome de Anton (cegueira cortical), além de diplopia (tronco), vertigem e nistagmo (ponte, cerebelo), ataxia cerebelar (cerebelo, mesencéfalo, tálamo). Di�g�ós�i�� O paciente com déficit neurológico focal de início súbito que dura mais de 15-20 minutos deve ser encarado como AVE. A TC de crânio não contrastada é essencial para realizar o diagnóstico diferencial com o AVE hemorrágico, que aparece de imediato como uma área hiperdensa, enquanto o AVE isquêmico aparece após 24-72h, como uma área hipodensa e edemaciada, que se torna retraída após 10 dias. O ECG e o ECO/duplex-scan de carótidas fazem o diagnóstico etiológico. Tra����n�o O tratamento da fase aguda do AVE hemorrágico (3 dias) visa impedir a transformação da penumbra isquêmica em infarto cerebral. As principais medidas de suporte são: (1) manter o paciente deitado, com a cabeceira entre 0 e 15º nas primeiras 24 horas; (2) iniciar a dieta oral ou enteral nas primeiras 48 horas; (3) manter uma hidratação razoável de 1.000-1.500 ml/dia de RL com KCl; (4) monitorizar a natremia (diária), a glicemia (6/6h) e a temperatura axilar (4/4h); realizar os exames inespecíficos ECG, hemograma, glicemia plasmática, eletrólitos, uréia e creatinina, coagulograma, gasometria arterial e MNM. A hipertensão não deve ser tratada no primeiro dia, exceto quando apresenta PA ≥ 220 x 120 mmHg ou uma emergência hipertensiva (dissecção aórtica, IAM, EAP, encefalopatia hipertensiva). Nesses casos, o anti-hipertensivo (nitroprussiato de sódio ou labetalol venoso) deve reduzir a PA em 15% nas primeiras 24h. As principais medidas específicas são: (1) antiagregante plaquetário (aspirina 325 mg); (2) heparina em doses profiláticas (HNF 5.000 UI 8/12h, enoxaparina 40 mg/dia SC), adiando para o terceiro dia em caso de AVE cardioembólico; (3) trombolítico nas primeiras 3 horas, respeitando os critérios de inclusão e exclusão. O tratamento trombolítico exige controle rigoroso da PA (PA ≤ 185 x 110 mmHg antes e PA < 180 x 105 mmHg após o trombolítico), dois acessos venosos periféricos e evitar heparina ou AAS, puncionar artérias ou realizar procedimentos invasivos nas primeiras 24 horas. O rt-PA 0,9 mg/kg (até 90 mg) é administrado com 10% da dose em bolus e o restante em 60 minutos. As complicações hemorrágicas indicam: (1) cessar a infusão de rtPA; 2) manter infusão de fluidos em duas veias periféricas; (3) checar hematócrito, TAP, PTTa e fibrinogênio; (4) investigar o sangramento; (5) infundir 5 unidades de crioprecipitado e concentrados de hemácias; (6) infundir 1 unidade de plaquetas ou 2-3 unidades de PFC caso o sangramento persista. Filipy Rocha O tratamento da fase crônica do AVE hemorrágico depende de sua etiologia, mas sempre deve incluir a reabilitação (fisioterapia motora, fonoterapia, terapia ocupacional). No AVE cardioembólico, é feita a ACO plena permanente, visando INR 2-3. No AVE arterioembólico, é feita a antiagregação permanente (AAS 100-300 mg/dia). Critérios de inclusão a) AVCi em qualquer território vascular cerebral; b) possibilidade de se estabelecer o horário de início dos sintomas; c) possibilidade de se iniciar a infusão do rt-PA em três horas do início dos sintomas; d) TC de crânio sem evidência de hemorragia ou outra doença de risco; e) idade > 18 anos; f) paciente ou familiar responsável capacitado a assinar termo de consentimento informado. Critérios de exclusão a) Uso de ACO ou TP > 15 segundos (INR > 1,7); b) uso de heparina nas últimas 48 horas e PTTa elevado; c) AVC ou TCE grave nos últimos três meses; d) história de hemorragia cerebral (HSA, AVCH); e) TC de crânio mostrando evidências de hemorragia ou edema cerebral em desenvolvimento; f) PAS > 185 mmHg ou PAD > 110 mmHg; g) sintomas melhorando rapidamente; h) déficits neurológicos leves ou isolados; i) coma ou estupor; j) cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nas últimas duas semanas; k) hemorragia TGU ou TGI nas últimas três semanas; l) punção arterial não compressível ou biópsia na última semana; m) coagulopatia com TAP, PTTa elevados, ou plaquetas < 100.000/ mm3; n) glicemia < 50 mg/dl ou > 400 mg/dl; o) crise convulsiva precedendo ou durante a instalação do AVC; p) evidência de pericardite ativa, endocardite, êmbolo séptico, gravidez recente, doença inflamatória intestinal, ou lactação; q) abuso de álcool ou drogas. Cerebral média (AVE embólico ou lacunar) ● Origem da cerebral média (frontal, parietal, parte superior do temporal): hemiparesia/plegia contralateral, com predomínio braquiofacial; disartria com desvio da língua para a hemiplegia, desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia, apraxia contralateral braquial, hemi-hipo/anestesia contralateral, astereoagnosia. Hemisfério dominante: afasia global (Broca + Wernicke) e síndrome de Gerstmann. Hemisfério não dominante: anosognosia, heminegligência, amusia. ● Ramo superior (frontal e parte anterior do parietal): hemiparesia/plegia contralateral, com predomínio braquiofacial, disartria com desvio da língua para a hemiplegia, desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia, apraxia contralateral braquial, hemi-hipo/anestesia contralateral, astereoagnosia. Hemisfério dominante: afasia de Broca (motora). ● Ramo inferior (parietal, parte superior do temporal): hemisfério dominante: afasia de Wernicke (sensorial), síndrome de Gerstmann (apraxia ideomotora, agrafia, alexia, acalculia, desorientação esquerda-direita, agnosia digital). Hemisfério não dominante: heminegligência, apraxia construcional e amusia. Síndromes da cerebral anterior (AVE embólico) ● Oclusão unilateral (frontal, parietal medial anterior): hemiparesia/plegia, apraxia contralateral, hemi-hipo/anestesia do MMII contralateral. ● Oclusão bilateral: paraparesia/plegia, com perda da sensibilidade nos MMII, apraxia da marcha, síndrome do lobo frontal (abulia, mutismo acinético). Síndromes da cerebral posterior (AVE embólico ou lacunar) ● Síndrome de Weber (pedúnculo cerebral) (síndrome cruzada piramidal do III par): hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral + paralisia do III ipsilateral, hemibalismo contralateral. ● Síndrome de Benedikt (tegmento mesencefálico) (síndrome do núcleo rubro): tremor cerebelar e/ou coreia contralateral + paralisia do III par ipsilateral. ● Síndrome de Dejerine-Roussy (artéria tálamo geniculada): hemianestesia contralateral, dor talâmica espontânea. ● Síndrome talâmica anterolateral (artéria tálamo perfurante): tremor cerebelar, coreoatetose. ● Oclusão bilateral no segmento proximal (mesencéfalo): coma, pupilas não reativas, tetraparesia. ● Oclusão unilateral no segmento distal (lobo occipital): hemianopsia homônima contralateral; hemisfério dominante: agnosia visual. hemisfério não dominante: síndrome de Balint (simultanagnosia, apraxia e ataxia óptica). ● Oclusão bilateral no segmento distal (lobos occipitais):síndrome de Anton (cegueira cortical, sem reconhecimento deste estado), síndrome de Balint (simultanagnosia, apraxia e ataxia óptica). Síndromes da basilar (AVE trombótico ou lacunar) ● Oclusão dos ramos medianos ou circunferenciais (ponte): síndrome de Millard-Gubler-Foville (síndrome cruzada do VII e/ou VI par, com hemiplegia braquiocrural contralateral, paralisia facial periférica ipsilateral, diplopia e estrabismo convergente contrário à hemiplegia), síndrome do tegmento pontino (síndrome cruzada sensitiva do V par, síndrome cruzada do VII e VI par, síndrome vestibular ipsilateral, síndrome de Horner ipsilateral, ataxia cerebelar ipsilateral, hemi anestesia vibratório-proprioceptiva contralateral). ● Oclusão da cerebelar superior (hemicerebelo): síndrome cerebelar (ataxia cerebelar) ipsilateral + vertigem rotatória, nistagmo. ● Trombose da basilar (ponte): síndrome locked in (paciente lúcido, mas tetraplégico), síndrome pseudobulbar (disfonia e disfagia graves). Síndromes da vertebral (AVE trombótico ou lacunar) ● Oclusão unilateral (frontal, parietal medial anterior): hemiparesia/plegia, apraxia contralateral, hemi-hipo/anestesia do MMII contralateral. ● Oclusão bilateral: paraparesia/plegia, com perda da sensibilidade nos MMII, apraxia da marcha, síndrome do lobo frontal (abulia, mutismo acinético). Filipy Rocha AT���E ��Q�ÊMI�� �R���ITÓRI�🧠 O AIT é um déficit neurológico focal reversível e transitório, que dura no máximo 24h, mas geralmente se reverte em 15-20 minutos. As principais causas são pequenas embolias arterioarteriais a partir das carótidas ou vertebrais, trombose em evolução e baixo débito cardíaco em pacientes com placas de ateroma bilaterais nas carótidas obstruindo mais de 50% do lúmen. O AIT pode preceder o AVC isquêmico em 9-25% dos casos e os principais fatores de risco são: idade avançada, AIT “em crescendo”, estenose significativa de carótida, doença cardíaca associada, fibrilação atrial de início recente, fonte cardioembólica definida, AIT hemisférico. O duplex-scan de carótidas e vertebrais, o ECG e o ECO transtorácico fazem o diagnóstico diferencial, que guia o tratamento. ● AIT cardioembólico: ACO visando INR 2-3; ● AIT aterotrombótico: AAS 100-300 mg/dia; ● AIT aterotrombótico carotídeo: endarterec tomia carotídea em estenose 70-99%. AV� ���OR�ÁGI�� IN���P��E�Q���A��S�🧠 O AVE hemorrágico é causado pelo rompimento de uma artéria de pequeno ou médio calibre. O AVE hemorrágico hipertensivo é causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes, com fragilidade da parede vascular e formação de aneurismas de Charcot-Bouchard, que se rompem durante um pico hipertensivo, podendo atingir putâmen (30-50%), tálamo (15-20%), cerebelo (10-30%)ou ponte (10-15%). A hemorragia lobar (substância branca subcortical) é causada por angiopatia amilóide, com rotura de pequenos vasos subcorticais com parede infiltrada por depósitos amiloides. Outras causas são intoxicação por cocaína, sangramento tumoral, rotura de MAV. O acúmulo de sangue no parênquima eleva a pressão intracraniana devido ao edema vasogênico e causa hipertensão intracraniana (HIC), que pode ser ainda maior se atingir os ventrículos. A protrusão da massa encefálica através da fenda do tentório do cerebelo comprime o tronco encefálico e causa o coma. O paciente com déficit neurológico focal de início súbito que dura mais de 15-20 minutos deve ser encarado como AVE. A TC de crânio não contrastada é essencial e apresenta, de imediato, uma área hiperdensa cercada de uma área hipodensa e desvio da linha média. Hemorragia intraparenquimatosa ● Hemorragia do putâmen: hemiplegia fascio- braquiocrural contralateral e desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia. Pode atingir os ventrículos laterais. ● Hemorragia talâmica: hemiplegia fascio- braquiocrural contralateral, hemianestesia, desvio dos olhos para o lado da hemiplegia, pupilas mióticas, anisocoria, afasia talâmica. Pode atingir o terceiro ventrículo. ● Hemorragia do cerebelo: vertigem, náuseas, vômitos e ataxia cerebelar. A compressão do IV ventrículo causa hidrocefalia obstrutiva, HIC e coma. A compressão do bulbo causa apneia súbita. ● Hemorragia de ponte: quadriplegia súbita, coma, pupilas puntiformes e fotorreagentes, descerebração, hiperpneia, hiperidrose, perda dos reflexos oculocefálico e oculovestibular. O tratamento é feito com medidas de suporte, transfusão de hemocomponentes em caso de distúrbios da hemostasia e suspensão de anticoagulante ou antiplaquetário, com seus efeitos revertidos por antídotos. O desvio da linha média é um sinal de HIC e indica a terapia com hiperventilação (PaCO2 25-30 mmHg), manitol (1 g/kg ataque, 0,25-0,5 g/kg 6/6h), coma barbitúrico e cabeceira elevada, visando PIC < 20 cmH2O e gradiente PAM-PIC > 60-70 mmHg. A hipertensão deve ser tratada quando apresenta PA ≥ 180 x 105 mmHg. Nesses casos, o anti-hipertensivo (nitroprussiato de sódio, labetalol venoso, metoprolol, enalaprilato) deve manter a PAM < 130 mmHg e a PAS 140 mmHg. A neurocirurgia de drenagem do hematoma pode ser necessária se: (1) hematoma cerebelar > 3 cm ou entre 1-3 cm com repercussão neurológica; (2) hematoma lobar ou putaminal volumoso, com extensão para a periferia e repercussões clínicas. Filipy Rocha AV� ���OR�ÁGI�� SU����C�ÓID��🧠 A HSA é causada pelo rompimento de um aneurisma sacular congênito (artérias do polígono de Willis) ou de uma malformação arteriovenosa. Ao atingir o espaço subaracnóide, o sangue causa edema cerebral e meningite química, que evolui com vasoespasmo a partir do quarto dia. O paciente apresenta cefaléia holocraniana súbita e intensa, que pode evoluir com síncope e rigidez de nuca. As complicações ocorrem após o terceiro dia: (1) ressangramento (20%); (2) vasoespasmo (20-30%), com déficit neurológico focal; (3) hidrocefalia (15%) aguda e hiperbárica (HIC) ou crônica normobárica (demência + apraxia da marcha + descontrole esfincteriano); (4) hiponatremia por SIADH ou CSWS. O paciente com a tríade cefaleia + síncope + rigidez de nuca deve ser encarado como HSA, mas a TC de crânio não contrastada é essencial. O exame liquórico pode revelar sangue nas primeiras 12h ou um líquido xantocrômico pela conversão da hemoglobina em bilirrubina. Escala de Fisher ● Fisher I: sem sangue nas cisternas. ● Fisher II: sangue nas cisternas e/ou espaços verticais com menos de 1 mm de espessura. ● Fisher III: sangue nos espaços verticais com espessura ≥ 1 mm, ou presença de coágulos. ● Fisher IV: hemoventrículo. Escala de Hunt-Hess ● Hunt-Hess I: assintomático ou cefaléia e rigidez de nuca leves, Glasgow = 15. ● Hunt-Hess II: cefaleia e rigidez de nuca moderadas a graves, disfunção par craniano, Glasgow = 13-14. ● Hunt-Hess III: estado confusional ou letargia, déficit neurológico focal leve, Glasgow = 13-14. ● Hunt-Hess IV: torpor, hemiparesia moderada a grave, Glasgow = 7-12. ● Hunt-Hess V: coma, com ou sem descerebração, Glasgow = 3-6. O tratamento é feito com medidas de suporte e clampeamento do aneurisma, que pode ser realizado durante os primeiros 3 dias ou após 10-14 dias depois, caso haja rebaixamento da consciência. O tratamento da hipertensão depende do clampeamento, com o aneurisma clampeado, a PAS pode atingir até 200 mmHg, com o aneurisma não clampeado, a PAS deve ser mantida 150 mmHg. O tratamento do vasoespasmo é feito com hemodiluição hipervolêmica com pelo menos 3 litros de SF 0,9%. O tratamento da hidrocefalia é feito com uma DVE em casos agudos ou com uma derivação ventriculoperitoneal em casos crônicos. DE�ÊN�I��🧠 A demência é a perda de funções cognitivas essenciais para aprendizado e realização de tarefas (memória anterógrada, fasia, gnosia, praxia, raciocínio, solução de problemas). O diagnóstico da etiologia da demência degenerativa depende de: (1) tempo de evolução; (2) ordem com que as funções cognitivas são perdidas. As principais causas de demência tratável são: (1) hipotireoidismo; (2) deficiência de vitamina B12; (3) neurossífilis; (4) complexo de demência relacionado àAIDS; (5) tumores cerebrais; (6) hidrocefalia comunicante normobárica (surge como sequela de uma meningite, TCE ou hemorragia subaracnóide e cursa com apraxia da marcha, incontinência urinária, parkinsonismo e demência, sendo diagnosticada com TC de crânio e tratada com derivação ventrículo peritoneal); (7) alcoolismo; e (8) uso excessivo de benzodiazepínicos. Para afastar as causas tratáveis, todo diagnóstico de paciente com demência deve contar com a investigação de T4 livre, TSH, dosagem sérica de B12, VDRL, anti-HIV (com o consentimento do paciente) e TC de crânio com e sem contraste. As principais causas de demência não tratável são: (1) doença de Alzheimer, a primeira causa de demência (50%) (2) demência vascular multiinfarto (surge por infartos cerebrais, em sua maioria lacunares, e cursa com distúrbios neurológicos focais súbitos a cada novo evento do tipo hemiparesias, síndrome piramidal e extrapiramidal, afasias motoras e sensoriais, sendo diagnosticada com TC ou RNM de crânio), a segunda causa de demência (30%); (3) doença de Binswanger (demência subcortical, surge por isquemia difusa da substância branca cerebral e cursa com amnésia anterógrada, apatia, desorientação, distúrbios comportamentais, disartria e disfagia e dificuldade de deambulação); (4) doença de Pick (surge pela atrofia frontotemporal e cursa com desinibição verbal e sexual, irritabilidade, preservando em fases iniciais memória, cálculo e praxia; (5) doença dos corpúsculos de Lewy difusos; (6) doença de Huntington; (7) paralisia supranuclear progressiva (surge pela degeneração do cérebro, núcleos da base e tronco cerebral e cursa com parkinsonismo, demência subcortical progressiva e desvio superior do olhar conjugado). Filipy Rocha DO��ÇA D� ���HE����🧠 A doença de Alzheimer acomete 5-10% dos pacientes acima de 65 anos e 20-40% dos pacientes acima de 85 anos. A doença de Alzheimer é uma demência cortical causada pelo acúmulo de placas senis amiloides no interstício e de novelos neurofibrilares no citoplasma dos neurônios. Os neurônios do córtex cerebral (principalmente os neurônios dos lobos parietais e temporais, hipocampo e núcleo basal de Meynert, principal fonte de acetilcolina cerebral) estão depletados de acetilcolina e de outros neurotransmissores. A doença de Alzheimer apresenta tempo de evolução insidioso. Os primeiros distúrbios são amnésia anterógrada e perda do senso geográfico, seguidos de apraxia ideomotora e construcional, afasia, acalculia, agnosia e anosognosia. Os pacientes podem apresentar apatia, agressividade ou hipersexualidade, em fases avançadas, déficit cognitivo grave, incapacidade de deambulação e apatia, mas não cursam com distúrbios motores. O diagnóstico é de exclusão e o tratamento é feito com anticolinesterásicos centrais (donepezil 5-10 mg/dia; rivastigmina 6-12 mg/dia em 2 tomadas; galantamina 16-24 mg/dia em 2 tomadas), antioxidantes (vitamina E, selegilina) e memantina. DO��ÇA D� ���KI���N🧠 A doença de Parkinson acomete 1% da população e se manifesta após os 55 anos. A doença de Parkinson é causada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, que ativam o corpo estriado (inibição do GPi), e inibem o GPe (ativação do GPi). O GPi é responsável pela inibição do tálamo motor (ativação do córtex pré-motor) e sua não inibição causa uma síndrome hipertônico-hipocinética. A doença de Parkinson apresenta a tétrade: (1) tremor de repouso do tipo pronação-supinação, (2) bradicinesia, (3) rigidez em roda dentada e (4) instabilidade postural, além de marcha parkinsoniana e congelamento e fácies de múmia, com força muscular e reflexos tendinosos e cutâneo-plantar preservados. O diagnóstico é de exclusão e o tratamento é feito, em fases iniciais, com selegilina, anticolinérgicos (biperideno), amantadina ou agonistas dopaminérgicos (pramipexol); ou, em fases avançadas ou pacientes refratários, levodopa + agonistas dopaminérgicos (pramipexol) e/ou inibidores da COMT (tolcapona, entacapona). HI���T���ÃO �N���C�A���NA🧠 A PIC (10-20 mmHg) depende da quantidade de líquido no encéfalo. A HIC é causada pelo aumento agudo PIC (acima de 20mmHg) e as principais causas são: (1) lesões expansivas (hemorragia, abscesso, toxoplasmose, tumor); (2) meningoencefalites e encefalites; (3) encefalopatia metabólica (insuficiência hepática aguda, hiponatremia aguda); (4) hidrocefalia hiperbárica; (5) trombose do seio sagital superior; (6) HIC benigna (pseudotumor cerebri). A HIC surge quando um edema, uma massa ou um acúmulo de fluido nos ventrículos causa o aumento súbito da PIC, com rebaixamento da consciência e coma devido à compressão do tálamo e mesencéfalo e ao hipofluxo cerebral. O coma profundo, as alterações respiratórias (respiração de Cheynes-Stokes e hiperpneia central) e o reflexo de Cushing (hipertensão arterial e bradicardia) são indicativos de HIC grave e sua principal complicação é a herniação cerebral. A hérnia transtentorial (compressão vertical) comprime tálamo (respiração de Cheynes-Stokes), mesencéfalo (coma profundo, pupilas médio-fixas, hiperventilação central), ponte (descerebração, respiração apnêustica) e bulbo (respiração de Biot, apneia). A hérnia uncal (compressão temporal) comprime o III par (midríase paralítica ipsilateral, coma). A hérnia subfalcina (compressão látero- lateral) comprime as fibras piramidais (hemiparesia ipsilateral). A hérnia do forame magno (compressão cerebelar) comprime o bulbo (apneia súbita). O quadro apresenta: (1) cefaléia frontal, occipital ou holocraniana, que piora pela manhã ou com a manobra de Valsalva; (2) vômitos em jato; (3) papiledema; e (4) paralisia do VI par, com estrabismo convergente e pupilas fotorreagentes. O diagnóstico se inicia pela TC de crânio sem (hemorragias) e com contraste (tumores e abscessos). Com cisternas livres e ausência de lesão expansiva, o líquor é puncionado para a medida da PIC e análise bioquímica e citológica. O tratamento é feito com: (1) monitorizar PIC (ventriculostomia, dispositivo intraparenquimatoso) visando < 20 mmHg; (2) manter volemia normal e PA levemente elevada; (3) manter PPC (PAM-PIC) > 70 mmHg; (4) cabeceira a 30º; (5) diurético osmótico (manitol ataque 1-1,5 g/kg IV seguido de manutenção 0,25-0,5 g/kg IV 4/4h), visando Osm sérica < 320 mOsm/kg; (6) dexametasona 4 mg 6/6h em caso de tumor e abscesso; (7) sedação (midazolam, propofol); (8) hiperventilação (IOT + VM), visando PCO2 30-35 mmHg; (9) barbitúricos, hiperventilação agressiva, visando PCO2 < 30 mmHg, e hemicraniectomia em casos refratários. Filipy Rocha HI���C��A���🧠 A hidrocefalia é causada pela dilatação de um ventrículo cerebral. A hidrocefalia hiperbárica não comunicante é causada pela obstrução de parte do sistema ventricular (hemoventrículo, tumores). A hidrocefalia hiperbárica comunicante é causada pela obstrução das granulações aracnóides (meningite bacteriana ou tuberculosa, HSA). Ambas causam HIC e devem ser tratadas com uma derivação ventricular externa. A hidrocefalia normobárica é causada pela obstrução do sistema ventricular insidiosa. Ela causa a tríade demência, descontrole esfíncteres, apraxia da marcha, além de parkinsonismo, e deve ser tratada com uma derivação ventriculoperitoneal. A hidrocefalia ex-vácuo é uma consequência da atrofia do parênquima cerebral. ES���� CO����SO🧠 O coma é um estado de rebaixamento da consciência no qual o paciente não responde aos estímulos ambientais, e se mantém em sono profundo. O sistema ativador reticular ascendente, localizado no mesencéfalo e no núcleo tálamo, é responsável pela estimulação da atividade elétrica cortical, que mantém o indivíduo vigil e consciente. A compressão (HIC, herniação cerebral) ou lesão (AVE isquêmico mesencefálico bilateral) do SARA, a inativação direta dos neurônios corticais (estado pós-ictal da convulsão tônico-clônica, intoxicações exógenas, distúrbios metabólicos) ou a inibição do tronco encefálico (barbitúricos) causam o coma. As principais causas são: (1) lesão estrutural (TCE, AVE, tumores, abscessos, toxoplasmose;(2) pós-anóxia (PCR, hipoglicemia, choque); (3) meningoencefalite; (4) hidrocefalia hiperbárica; (5) metabólicas (hiper ou hiponatremia, hipoglicemia, síndrome hiperosmolar diabética, hipercalcemia, hipoxemia, carbonarcose, encefalopatia hepática ou urêmica, eclâmpsia, encefalopatia de Wernicke, coma mixedematoso, crise tireotóxica, crise addisoniana); (6) encefalopatia hipertensiva; (7) pós-convulsão; (8) intoxicação (álcool, metanol, etilenoglicol, carbamatos, organofosforados, benzodiazepínicos, barbitúricos, anfetaminas). A abordagem se inicia com a monitorização dos sinais vitais. Em seguida, devem ser avaliados as pupilas (fotorreagentes e isocóricas) e os reflexos do tronco encefálico (reflexo fotomotor, consensual e corneopalpebral, ROC, ROV). A monitorização de eletrólitos, glicemia, escórias nitrogenadas, hepatograma e gasometria é importante. A TC de crânio é indicada quando há suspeita de coma por lesão estrutural. CE���ÉI�S ���MÁRI��🧠 En�a���ca (ce���éi� m���âne�) A migrânea é uma cefaléia primária comum (prevalência de 15%) e incapacitante. A migrânea sem aura é uma cefaléia recorrente, manifestando- se em crises que duram de quatro a 72 horas. As características típicas da cefaleia são: localização unilateral; caráter pulsátil; intensidade moderada ou forte; exacerbação por atividade física rotineira e associação com náusea e/ou fotofobia e fonofobia. A migrânea com aura é uma cefaléia migrânea com crises recorrentes, com duração de minutos, de sintomas completamente reversíveis unilaterais visuais (escotomas cintilantes), sensoriais (parestesias), da fala e/ou da linguagem (afasia), motores (fraqueza motora), do tronco cerebral (disartria, vertigem, zumbido, hipoacusia, diplopia, ataxia não atribuível ao déficit sensorial, diminuição no nível da consciência) e/ou retinianos (fenômeno visual positivo e/ou negativo, monocular), que geralmente se desenvolvem gradualmente e são habitualmente seguidos por cefaleia e sintomas migranosos associados. O tratamento abortivo é feito com AINES, derivados da ergotamina, isometepteno e agonistas serotoninérgicos (triptanos). O tratamento profilático é feito com BB (propranolol, atenolol), tricíclicos e flunarizina, mas as alternativas são antiepilépticos (valproato, topiramato), antagonistas serotoninérgicos (ergotamina, diidroergotamina, metisergida, pizotifeno e ciproeptadina) e AINES. Cef��éi� t���i�n�� A cefaléia tensional é a cefaléia primária mais comum (prevalência de 40-70%). A cefaléia é tipicamente bilateral, de qualidade em pressão ou aperto e de intensidade fraca a moderada, durando de minutos a dias. A dor não piora com a atividade física rotineira e não está associada à náusea, mas fotofobia ou fonofobia podem estar presentes. Os episódios podem ser frequentes ou infrequentes. O tratamento abortivo é feito com analgésicos (paracetamol, dipirona, AINES), relaxantes musculares (tizanidina) e técnicas de relaxamento. O tratamento profilático é feito com antidepressivos tricíclicos. Filipy Rocha Cef��éi�s ���gêmi�� �u��nômi��� (ce���éi� em ���v��) A cefaléia em salvas é uma cefaléia pouco comum e mais prevalente em homens. A cefaléia é uma crise de dor estritamente unilateral, forte, a qual é orbital, supraorbital, temporal ou ocorre em qualquer combinação dessas áreas, durando 15-180 minutos e ocorrendo desde em dias alternados até oito vezes por dia. A dor está associada a injeção conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese frontal e facial, miose, ptose e/ou edema palpebral, ipsilaterais à dor, e/ou a inquietude ou agitação. O tratamento abortivo é feito com oxigenoterapia (máscara facial com 10-12 L/min de O2 por 15-20 min) ou sumatriptano 6 mg SC (até 3 três injeções por dia). O tratamento profilático é feito com verapamil, mas as alternativas são carbonato de lítio e ergotamina. TU����S �O �N�🧠 Os tumores do SNC são benignos quando possuem crescimento lento e são passíveis de ressecção, enquanto os tumores são malignos quando não podem ser ressecados totalmente, já que invadem estruturas irressecáveis do SNC. As principais metástases (principal causa de tumor do SNC) que afetam o SNC são, em ordem de frequência: pulmão, mama, melanoma, colorretal, rim. Eles podem causar hemorragias e apresentam edema perilesional. Os principais tumores primários benignos são: (1) meningioma (80%), com captação homogênea, que cresce atrelado à dura-máter, causando compressão; e (2) neurinoma do acústico (10%), com captação homogênea, derivado do VIII par, causando hipoacusia, zumbido unilateral e nistagmo horizontal em crianças e adolescentes. Os principais tumores primários malignos são: (1) glioma; (2) meduloblastoma (mais comum da infância), tumor agressivo que afeta o cerebelo e é radiossensível, com bom prognóstico; e (3) linfomas primários do SNC (doença definidora de AIDS), tumor agressivo com captação heterogênea, que é radiossensível, com mau prognóstico. Os gliomas são: (1) astrocitoma IV (50%), com captação anelar e sobrevida de 5 meses, (2) astrocitoma III (25%), com captação heterogênea e sobrevida de 12 meses, (3) astrocitoma II (15%), com sobrevida de 8 anos (4) astrocitoma I, sem captação e com bom prognóstico, e (5) oligodendro- glioma, sem captação e com bom prognóstico. As crises convulsivas focais sem explicação e os déficits neurológicos focais que evoluem em semanas (tumor maligno) ou meses (tumor benigno) podem indicar tumores do SNC e devem ser avaliados com TC contrastada e RNM. O tratamento é feito com dexametasona (ataque de 8-12 mg, seguido de 4 mg VO 6/6h) para reduzir o edema, ressecção cirúrgica e radioterapia, quando o tumor é sensível (meduloblastoma, linfoma primário do SNC). Filipy Rocha EP����SI�� 🧠 A epilepsia é uma síndrome caracterizada pela ocorrência de duas ou mais crises epilépticas, quando ocorre exacerbação paroxística de uma função cortical, seguida de um estado pós-ictal, marcado por disfunção da área cerebral afetada. Crises epilépticas ● Crise parcial simples: consciência preservada e sintomas focais sensoriais (parestesias; sintomas visuais, auditivos e olfativos; sintomas autonômicos, como piloereção, rubor, palidez, salivação, sensação epigástrica, náuseas; sintomas psico- ilusórios, como alucinações, ilusões); sintomas motores (abalos clônicos, crises tônicas focais). ● Crise parcial complexa: alteração da consciência (não responsividade, olhar distante), seguida de automatismos oroalimentares (mastigar, estalar os lábios, engolir) e perseveração (movimentos repetidos) que duram 45-90 segundos. O paciente apresenta um período de confusão e desorientação na fase pós-ictal. ● Crise de ausência (pequeno mal): lapsos curtos e sucessivos de consciência (< 10 segundos). ● Crise tônico-clônica generalizada (grande mal): perda de consciência, com queda, seguida de fase tônica (grito epiléptico, espasmo tônico extensor, apneia e cianose) e fase clônica (abalos clônicos simétricos bilaterais) que duram < 90 segundos. O paciente apresenta letargia por 15-30 min, dores musculares e fadiga na fase pós-ictal. ● Crise mioclônica: consciência preservada e abalos clônicos bilaterais e simétricos globais. ● Crise atônica: consciência preservada e atonia súbita global, com queda. As epilepsias criptogênicas são causadas por alterações estruturais não visualizadas nos exames convencionais de neuroimagem, como a epilepsia do lobo temporal. A epilepsia do lobo temporal (40%) apresenta crises parciais complexas, que podem evoluir com TCG. A esclerose hipocampal é o marco da doença e pode ser observada pela RNM (hiperintensidade hipocampal em T2). A epilepsia pós-TCE (30-40%) ocorre meses ou anos após um TCE grave e apresenta crises parciais com generalização secundária. A síndrome de Lennox-Gastaut apresenta crises mistas associadas a retardo mental e encefalopatia infantil. A síndrome de West se inicia na infância e apresenta espasmos epilépticos. A epilepsia parcial contínua apresenta crises motoras focais que persistem por horas, associadas a pequenaslesões cerebrais. As epilepsias primárias se iniciam na infância e tendem a desaparecer na fase adulta. Elas podem ser desencadeadas por estímulos luminosos, hiperventilação e privação de sono. As convulsões febris (3-5%) ocorrem em crianças entre 3 meses e 5 anos e são controladas com benzodiazepínicos. A epilepsia parcial benigna da infância (15%) se inicia entre 4-12 anos e apresenta crises parciais simples, que evoluem para crises TCG à noite, que tendem a desaparecer na fase adulta. O EEG apresenta alterações centro-médio-temporais. O pequeno mal epiléptico (13%) se inicia entre 4-12 anos e apresenta crises de ausência, podendo estar associada ao grande mal epiléptico (30-50%). O EEG apresenta complexos ponta-onda na frequência de 3 Hz. O grande mal epiléptico (10%) apresenta TCG não precedidas por crises parciais. A crise parcial com generalização secundária apresenta TCG precedidas por crises parciais. As associações (pequeno/grande mal, crise mioclônica/grande mal). A epilepsia mioclônica juvenil (7%) se inicia entre 8-20 anos e apresenta crises mioclônicas pela manhã, que podem evoluir com TCG. O EEG apresenta complexos generalizados na frequência de 4-6 Hz. As epilepsias secundárias são causadas por distúrbios metabólicos e eletrolíticos, intoxicações, abstinência, meningoencefalites, AVC, tumores, vasculites e fármacos. O diagnóstico é confirmado pelo quadro clínico associado a um EEG característico, que pode apresentar alterações em um ou dois canais cerebrais (epilepsia parcial) ou em todos os canais (epilepsia generalizada). Os exames de imagem são indicados em adultos pela possibilidade de encontrar um foco epiléptico orgânico. O tratamento é iniciado em monoterapia com as drogas de escolha. Caso não haja resposta, podem ser associadas drogas de segunda linha (fenobarbital, primidona) ou de nova geração (gabapentina, topiramato, tiagabina). Tratamento de primeira linha ● Crise parcial simples: carbamazepina, fenitoína, lamotrigina e valproato. ● Crise parcial complexa: carbamazepina, fenitoína, lamotrigina e valproato. ● Pequeno mal: etossuximida ou valproato. ● Grande mal: carbamazepina, fenitoína, lamotrigina e valproato. ● Crise mioclônica: valproato. ● Crise parcial com generalização secundária: carbamazepina, fenitoína, lamotrigina e valproato. ● Associação pequeno/grande mal: valproato. Filipy Rocha ES���R��E �ÚL�I�L� 🧠 A esclerose múltipla é uma doença desmielinizante do SNC e do nervo óptico causada por um mecanismo inflamatório autoimune. A prevalência é maior em mulheres brancas (2:1) e na faixa etária entre 35 a 50 anos. O quadro pode se apresentar de forma remitente-relapsante, com surtos de déficit neurológico focal (paresia, hipoestesia, neurite óptica, diplopia) provenientes de áreas diferentes do SNC, ou de forma progressiva, após uma fase de surtos. O sinal de Uhthoff é a piora dos sintomas com o aumento da temperatura corporal. O diagnóstico é de exclusão e o critério clínico é o envolvimento de duas ou mais áreas distintas do SNC, com intervalo ≥ 1 mês entre o surgimento de cada lesão, complementado pela RNM, que apresenta envolvimento da substância branca, e pela punção lombar, que apresenta bandas oligoclonais de IgG. O tratamento dos surtos é feito com metilprednisolona 1 g em pulsoterapia por 3-5 dias, seguido de prednisona VO por 4-8 semanas. A terapia convencional é feita com interferon-beta-1a ou 1b ou acetato de glatiramer, os casos refratários são tratados com natalizumab, a forma progressiva é tratada com mitoxantrona. SÍN��OM� �� �U�L��I�-BA��É🧠 A SGB é uma polineuropatia inflamatória aguda desmielinizante causada por um mecanismo inflamatório autoimune que ocorre até 1-3 semanas após uma infecção respiratória ou intestinal (C. jejuni, CMV, EBV, SARS-COV-2, ZIKV). O quadro apresenta lombalgia, paraparesia e paraplegia flácida e arreflexia dos MMII, que evolui com o envolvimento dos MMSS e pode evoluir com o envolvimento da cabeça (50%) e dos músculos respiratórios (25%) e disautonomia. O diagnóstico é clínico, mas a exclusão de uma síndrome medular com exames de imagem é necessária. O líquor apresenta dissociação albumi- nocitológica e a eletroneuromiografia apresenta uma polineuropatia com padrão desmielinizante. O tratamento é feito em UTI e envolve o suporte nutricional, a fisioterapia motora, a ventilação mecânica e o tratamento das arritmias. O tratamento específico é feito com a imunoglobulina IV e a plasmaférese. A polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC) é a forma crônica da SGB e deve ser tratada com metilprednisolona em pulsoterapia 6/6 semanas ou prednisona em doses imunossupressoras. MI����NI� ���VI� 🧠 A miastenia gravis é um bloqueio da transmissão neuromuscular causado por auto- anticorpos contra o receptor de Ach da membrana pós-sináptica das placas motoras. A prevalência é maior entre mulheres (3:2) entre 20-30 anos. O quadro apresenta fraqueza com padrão decremental, que piora à medida que se usa a musculatura (fatigabilidade), melhorando com o repouso. A doença afeta a musculatura ocular (ptose e diplopia) a musculatura bulbar (disartria e disfagia), os músculos da mímica facial (fácies miastênica) e fraqueza muscular proximal. O diagnóstico é confirmado pelo quadro clínico, pela dosagem do anticorpo anti-AchR (85%) ou do anticorpo antiquinase músculo-específica (15%) e pela eletroneuromiografia, que apresenta um padrão decremental. O teste com o edrofônio 2 mg IV apresenta nítida melhora da fraqueza muscular imediatamente após a infusão. O tratamento é feito com drogas anticolinesterásicas, como piridostigmina 30-120 mg VO 3-5x/dia, e com imunossupressores, iniciando o tratamento com prednisona, que deve ser substituída por micofenolato, azatioprina ou ciclosporina. A timectomia deve ser considerada em casos de timoma. ES���R��E ��T��A� �M�O��ÓFI�� (EL�) 🧠 A ELA é uma doença degenerativa que acomete neurônios motores de forma progressiva e generalizada (1º e 2º neurônio motor), com esclerose da coluna lateral medular (vias corticoespinhais) e atrofia muscular intensa. O quadro apresenta sintomas de 1º neurônio motor (síndrome piramidal, com fraqueza, espasticidade, hiper-reflexia e Babinski) e sintomas de 2º neurônio motor (atrofia muscular e miofasciculações), que evoluem de forma progressiva afetando toda a musculatura do corpo, mas poupando a musculatura ocular extrínseca e os nervos parassimpáticos sacrais. O diagnóstico é confirmado pela presença de sinais e sintomas de 1º e 2º neurônio motor na região bulbar + 2 outras regiões, ou em 3 outras regiões ao mesmo tempo: (1) bulbar (orofaringe e face); (2) cervical; (3) torácica; (4) lombossacra. O tratamento é o suporte com uma equipe multidisciplinar e o óbito ocorre com cerca de 3 a 5 anos da doença. O tratamento com riluzol pode aumentar a sobrevida em 3 a 6 meses, mas não melhora a qualidade de vida. Filipy Rocha 🦠 ME���G��E ��C���I�N� A meningite é uma infecção microbiana das meninges e do espaço subaracnóideo, associado a inflamação do SNC, rebaixamento da consciência, convulsões, aumento da PIC e eventos isquêmicos, que acomete principalmente crianças. O evento inicial é a colonização das vias aéreas superiores por meningococo, pneumococo e hemófilo tipo B, que alcançam a corrente sanguínea e o plexo coróide e se multiplicam no líquor. A produção de citocinas causa aumento da permeabilidade vascular, com edema vasogênico e extravasamento de proteínas e leucócitos para o liquor, formando um exsudato, que bloqueia a reabsorção liquórica e causa hidrocefalia, com edema intersticial. Os leucócitos, a perda da regulação cerebrovascular e a extensão da vasculite por contiguidade, com isquemia e infarto, ainda causam o edema citotóxico. A meningite bacteriana apresenta três síndromes concomitantes: (1) síndrome toxêmica, com febre alta, mal-estar, prostração, agitação psicomotora e sinal de Faget; (2) síndrome de irritação meníngea, com rigidez da nuca, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski e sinal do desconfortolombar; (3) síndrome de hipertensão intracraniana (HIC), com cefaleia holocraniana, náuseas e vômitos, fotofobia e confusão mental. O diagnóstico de meningite é confirmado pela punção lombar diagnóstica. A pressão de abertura costuma estar acima de 18 mmHg e a aparência do líquor é turva. O líquor também apresenta celularidade > 500/mm3 com predomínio de neutrófilos, glicose < 40 mg/dl ou relação < 0,40, proteínas > 45 mg/dl. A pesquisa antígenos pela aglutinação do látex é específica, mas não sensível, a coloração Gram e a cultura são importantes. Os exames de neuroimagem, como TC de crânio e RNM, são importantes para avaliar as regiões de edema e/ou isquemia. As hemoculturas e a biópsia de lesões petequiais são positivas na meningite associada à meningococcemia. O tratamento é iniciado mesmo antes da confirmação diagnóstica. A dexametasona 10 mg IV 6/6 horas por 4 dias, iniciada antes da antibiotico- terapia, contém o processo inflamatório. Outras medidas são isolamento respiratório por 24 horas, elevar a cabeceira da cama, suporte (hidratação c/ solução isosmolar; manitol ataque 0,5-1,0 g/kg seguido de 0,25 g/kg 4/4 horas; VM em coma ou arritmias respiratórias) e controle das convulsões. Recém nascido e Lactente até 3 meses ● Streptococcus agalactiae, Listeria monocytogenes e BGN entéricas (Escherichia coli, Enterobacter spp., Klebsiella pneumoniae, Salmonella enteritidis). Dos 3 meses aos 18 anos ● Neisseria Meningitidis (meningococo) > Streptococcus pneumoniae (pneumococo) > Haemophilus influenzae tipo b (Hib). Dos 18 aos 50 anos ● Streptococcus pneumoniae (pneumococo) > Neisseria Meningitidis (meningococo) > Haemophilus influenzae tipo b (Hib). Acima de 50 anos ● Streptococcus pneumoniae, L. monocytogenes e BGN entéricas (Escherichia coli, Enterobacter spp., Klebsiella pneumoniae, Salmonella enteritidis). Recém nascido e Lactente até 3 meses ● Ampicilina + Ceftriaxona/Cefotaxima. Dos 3 meses aos 18 anos ● Ceftriaxone/Cefotaxime + Vancomicina (resistência). Dos 18 aos 50 anos ● Ceftriaxone/Cefotaxime + Vancomicina (resistência). Acima de 50 anos ● Ampicilina + Ceftriaxone/Cefotaxime + Vancomicina. Neisseria meningitidis (7-10 dias) ● Penicilina G Cristalina 300-500 mil UI/kg/dia 4/4h. ● Ampicilina 200-400 mg/kg/dia 4/4h. Haemophilus influenzae (7-10 dias) ● Ceftriaxona 100 mg/kg/dia 12/12h. Streptococcus pneumoniae (10-14 dias) ● P. Cristalina 300-500 mil UI/kg/dia 4/4h. ● Ceftriaxona 100 mg/kg/dia 12/12h. ● Vancomicina 30-40 mg/kg/dia 6/6h. BGN entéricas (14-21 dias) ● Ceftriaxona 100 mg/kg/dia 12/12h. Listeria monocytogenes (21 dias) ● Ampicilina 200-400 mg/kg/dia 4/4h. As principais complicações são: (1) coma, devido à herniação cerebral ou lesão cortical difusa; (2) choque séptico, mais associado à meningite meningocócica; (3) comprometimento dos pares cranianos, principalmente o VII e o VIII; (4) SIADH, com hiponatremia e piora do edema; (5) efusão subdural estéril; (6) empiema subdural; (7) ventriculite, com aumentos da PIC e hidrocefalia, exigindo a DVE; (8) hidrocefalia; (9) além de outras sequelas, como surdez, hidrocefalia, epilepsia, cegueira, hemiplegia, retardo psicomotor. A profilaxia contra a meningite meningocócica é feita com vacina conjugada contra o meningococo sorotipo C e a profilaxia contra o hemófilo é feito com a vacina pentavalente (dTP + Hib + HBV), aplicado aos 2º, 4º e 6º meses de vida. A profilaxia com rifampicina 10 mg/kg 12/12 horas para crianças e 600 mg 12/12 horas para adultos deve ser feita para os contatos próximos do doente por 2 dias em caso de meningite meningocócica ou por 4 dias em caso de meningite por hemófilo em crianças que ainda não foram vacinadas. Filipy Rocha 🦠 AB���S�� �ER����L O abscesso cerebral é um processo que se inicia a partir de uma cerebrite em uma área cerebral submetida a isquemia, que é invadida por bactérias e evolui para uma coleção de pus envolta por uma cápsula bem vascularizada e edemaciada. O quadro apresenta a tríade febre (50%), cefaléia (70%) e déficit neurológico focal (50%), que evolui com alteração da consciência até o coma, convulsões (25-35%) e aumento da PIC em duas semanas. Os exames laboratoriais apresentam leucocitose neutrofílica e VHS e PCR elevados. O diagnóstico é confirmado por TC ou RNM, que identifica os abscessos ainda em fase precoce. A cerebrite aparece como áreas de hipointensas em T1 e como áreas hiperintensas em T2; o abscesso aparece como uma área central hiperintensa rodeada por uma cápsula hipointensa em T2. O tratamento é feito com antibióticos, corticoides para reduzir o edema, aspiração estereotáxica e anticonvulsivantes até três meses após o tratamento. Em casos complicados, pode ser necessária a craniotomia. Abscesso relacionado a foco supurativo local (50%) ● Sinusite: estreptococos anaeróbios, Haemophilus spp., Bacteroides spp., Fusobacterium spp.; ● Infecção dentária: estreptococos, Porphyromonas spp, Prevotella spp; ● Otite média: estreptococos, Bacteroides spp., Pseudomonas aeruginosa, enterobactérias. Abscesso relacionado a trauma craniano ● Traumatismo craniano penetrando: S. aureus, Clostridium spp.; enterobactérias; ● Neurocirurgia: S. aureus, Pseudomonas aeruginosa, Enterobactérias. Relacionado à disseminação hematogênica (25%) ● Depende do foco infeccioso primário. Abscesso criptogênico (20-30%) ● Causa não conhecida. Cardiopatia congênita cianótica ● Estreptococos. Sinusite paranasal ● P. Cristalina/Ceftriaxona/Cefotaxima + Metronidazol Otite média ● Penicilina G Cristalina + Metronidazol + Ceftazidima Infecção dentária ● Penicilina + Metronidazol Endocardite ● Ceftriaxona/Cefotaxima + Metronidazol + Oxacilina Sepse urinária ou abdominal ● Penicilina G Cristalina + Metronidazol + Ceftazidima Neurocirurgia ● Ceftazidima + Vancomicina Cardiopatia congênita cianótica ● P. Cristalina/Ceftriaxona/Cefotaxima + Metronidazol Filipy Rocha
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