Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 22 | 115 Marchas A marcha é a primeira coisa que notamos quando paciente neurológico chega na UBS, PS, ambulatório ou consultório. • Características fisiológicas da marcha: o Possuem o período de apoio e o período de balanço. Quando vamos avaliar a marcha, é importante pedir para paciente andar normal em linha reta (usar a marca do piso como ponto referência). Depois pedimos para ele andar na ponta do pé e ainda pedimos para andar com os calcanhares apoiados > fazemos todas essas avaliações para definir bem qual é o distúrbio de marcha que o paciente apresenta. ➢ Marchas patológicas: • Marcha ceifante/helicópode/hemiplégica: é mais comum aparecer no paciente sequelado de AVE da área motora (do lobo frontal). TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 23 | 115 o A área do corpo com déficit motor é contralateral à área lesada no cérebro. Portanto, se o paciente possui lesão do lobo frontal esquerdo, há afasia de Broca e hemiplegia do lado direito (lado oposto) e vice versa. o Na fase aguda da lesão do primeiro neurônio motor, o paciente tem hipotonia (flacidez) e hiporreflexia contralateral à lesão. o Então quando o paciente chega no PS, ele não possui tônus no lado do corpo contralateral à lesão cerebral: levantamos o braço dele e ele deixa cair; juntamos seus pés e joelhos e ele deixa cair para o lado doente. E ao testarmos os reflexos, ele terá hiporreflexia ou arreflexia. Portanto, nessa fase é um boneco de pano, com músculo sem tônus, com força e reflexos tendinosos. Passou da fase aguda (da subaguda em diante), as lesões do SNC do primeiro neurônio motor causam espasticidade/hipertonia (aumento involuntário da contração muscular, podendo surgir em qualquer músculo) e hiperrreflexia. É nessa fase que o paciente apresenta a marcha ceifante. A marcha ceifante é eletiva na sequela do AVE: ▪ No braço só acomete os extensores > braço fica o tempo inteiro fletido ▪ No membro inferior só afeta os flexores > perna só fica estendida. Ele não consegue levantar a perna para andar (ele dá passo com uma perna e a outra ele arrasta no chão, formando um semicírculo). o Essa espasticidade nos membros é do tipo elástica: quando estica o braço dele, ele volta bruscamente > Sinal do canivete. o Atitude de Wernicke Mann. ▪ Nesse desenho, o AVE, tumor ou hematoma, foi no lobo frontal do lado esquerdo, tendo déficit à direita. É antigo porque ele já tem hipertonia e hiperreflexia. TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 24 | 115 • Marcha escarvante/Marcha do pé caído: lesão de nervo periférico (nervos raquidianos). o Paciente possui o pé caído > quando ele anda, ele levanta o joelho lá em cima e arrasta a ponta do pé no chão porque ele não consegue levantar o pé. ▪ O sapato apresenta desgaste nessa região. • Marcha tabética/Marcha do soldado prussiano: lesão do corno posterior da medula (que pode ser causada pela neurosífilis, por exemplo). o O paciente tem perda da sensibilidade proprioceptiva. Ele levanta a perna muito alto e solta bruscamente no chão. Parece marcha de soldado. • Marcha espástica/Marcha espasmódica/Marcha em tesoura: Comum em pacientes com paralisia cerebral que conseguem andar (existem muitos pacientes com paralisia cerebral que não andam). TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 25 | 115 o Ocorre um encurtamento dos músculos adutores do quadril. o Provocando uma adução das coxas, de modo que os joelhos podem cruzar- se um na frente do outro. o Bastante comum nos pacientes com espasticidade grave dos membros inferiores. o Quando ele anda, ele cruza as pontas do pé e aproxima o joelho um do outro. Quando esses pacientes com paralisia cerebral possuem déficit cognitivo, eles podem apresentar macroglossia, fácies de paciente com deficiência mental, babam. • Marcha cerebelar/Marcha ebriosa/Marcha do ébrio: Paciente tem abasia (incapacidade para a marcha). o Assemelha-se quando uma pessoa está alcoolizada em que ela não consegue ficar com as pernas próximas > afasta as pernas e fica tentando se manter de pé com a base de sustentação aumentada. o Quando ele anda, ele tende a oscilar para os dois lados, como se estivesse bêbado. Ocorre tanto com olho aberto quanto com olho fechado. o O Romberg é negativo, porque fechar o olho não melhora e nem piora o desequilíbrio (fica igual) > então não tem a ver com a propriocepção consciente, é por conta da lesão cerebelar. • Marcha anserina/Marcha do pato/Marcha do ganso/Marcha miopática/Marcha de Trendelenburg: é de doenças que enfraquecem a cintura pélvica. TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 26 | 115 o Logo, para andar, o paciente oscila o corpo para lá e para cá, fazendo uma báscula na bacia. No final da gravidez, quando o bebê encaixa, as gestantes tendem a ter essa marcha também. o Manobra de Gower: quando criança possui distrofia muscular, para ela conseguir levantar, primeiro ela fica de quatro, depois ela apoia a mão na coxa e por fim levanta. Quando ela anda, tende a ficar na ponta do pé e a fazer aquela báscula de bacia e oscilar o tronco pra lá e pra cá, parecendo um pato. • Marcha parkinsoniana: Paciente olha fixamente para frente, tem fácies inexpressiva, tremor de repouso (de enrolar cigarro ou contar dinheiro) e os passos são bem curtos (assim como a marcha do idoso). o Ele demora para iniciar a marcha e para interromper. o OBSERVAÇÃO: Idoso só tem a marcha de pequenos passos, sem os outros comemorativos do Parkinson. Marcha petit pass: é a marcha do idoso. Passos bem curtos. • Marcha vestibular/Marcha em estrela: Quando o paciente anda para frente, ele cai para lado doente. Quando ele anda pra trás, ele cai para o lado oposto. TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha P á g i n a 27 | 115 o Comum na atrofia cortical da senilidade e na paralisia pseudobulbar. o Ocorre lateropulsão quando solicitado a andar em linha reta. o Se solicitado a deambular para frente e para trás, num ambiente amplo, com os olhos fechados, o trajeto percorrido será similar ao desenho de uma estrela. o Se pintarmos os pés deles e pedir para ele andar para frente e para trás, ele forma uma estrela > por isso o nome marcha em estrela. o Como existe uma correlação funcional entre o nervo vestibular e a região cerebelar, são marchas que testamos quando suspeitamos de doenças cerebelares ou vestibular, assim como a prova de Romberg.
Compartilhar