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Doenças Infectocontagiosas T E R C E I R O P R O B L E M A Definir: surto, epidemia, endemia e pandemia. Conhecer o papel das vigilâncias Epidemiológica, Ambiental e Sanitária. Conhecer o Inquérito Epidemiológico e os significados de Autóctones e Alóctones. Conhecer os graus/níveis de infectividade, patogenicidade e virulência. Entender o que é a História Natural de uma doença infectocontagiosa. Conhecer a importância do PNI na cobertura e homogeneização vacinal. É um aumento inesperado do número de infectados por determinada doença em uma região específica. Um exemplo são os casos de dengue: quando muitos casos ocorrem no mesmo bairro de uma cidade, por exemplo, as autoridades tratam esse crescimento como um surto. Ocorre quando o número de surtos cresce, abrangendo várias regiões de determinada cidade, por exemplo. Se isso acontecer, considera-se que há uma epidemia no município — mas um surto em escala estadual. Se o caso se espalhar para outras cidades, por sua vez, considera- se que há uma epidemia em determinado estado —, mas um surto em escala regional, e assim por diante. Um exemplo é o ebola, que passou a ser considerado uma epidemia em 2014, após atingir diversos países na África. Não está relacionada à quantidade, mas à grande frequência de casos de uma doença em determinada região. Um exemplo disso é a febre amarela: o Norte do Brasil é considerado uma região endêmica da infecção. É o pior dos cenários quando o assunto são áreas infectadas: acontece quando uma epidemia alcança níveis mundiais, afetando várias regiões ao redor do globo terrestre. Para a OMS declarar a existência de uma pandemia, países de todos os continentes precisam ter casos confirmados da doença. Antes do Covid-19, a última vez que algo do tipo aconteceu foi em 2009, quando a gripe A (ou gripe suína) foi declarada uma pandemia. Em 1975, por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica - SNVE. Este sistema, formalizado pela Lei 6.259 do mesmo ano e decreto 78.231, que a regulamentou em 1976, incorporou o conjunto de doenças transmissíveis consideradas de maior relevância sanitária no país. Buscava-se, na ocasião, compatibilizar a operacionalização de estratégias de intervenção, desenvolvidas para controlar doenças específicas, por meio de programas nacionais que eram, então, escassamente interativos. Conceito de vigilância epidemiológico, segundo a Lei 8.080: “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” Segue os conceitos do sus: Integralidade preventivo-assistencial das ações de saúde Descentralização das reponsabilidades e funções do Sistema de Saúde implicou no redirecionamento das atividades de vigilância epidemiológica para o nível local Dessa forma, a orientação atual para o desenvolvimento do SNVE estabelece, como prioridade, o fortalecimento de sistemas municipais de vigilância epidemiológica, dotados de autonomia técnico-gerencial para enfocar os problemas de saúde próprios de suas respectivas áreas de abrangência. Propósitos da vigilância epidemiológica: Fornecer orientação técnica permanente para os responsáveis pela decisão e execução de ações de controle de doenças e agravos. Tornar disponíveis informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças ou agravos, bem como dos seus fatores condicionantes, em uma área geográfica ou população determinada. Instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de atividades técnicas correlatas. Funções: Possibilita conhecer o comportamento epidemiológico da doença/agravo que se apresente como alvo das ações, para que as medidas de intervenção possam ser desencadeadas. Coleta de dados; Processamento de dados coletados; Análise e interpretação dos dados processados; Recomendação das medidas de controle apropriadas; Promoção das ações de controle indicadas; Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; Divulgação de informações pertinentes. A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A força e o valor da informação (o dado analisado) dependem da qualidade e fidedignidade com que o mesmo é gerado. https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/01/mosquitos-sao-modificados-em-estudo-para-cessar-transmissao-de-dengue.html https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/07/por-que-nao-e-suficiente-declarar-o-ebola-emergencia-de-saude-publica.html https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/11/como-eram-sociedades-da-africa-subsaariana-antes-da-chegada-dos-europeus.html https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2019/04/febre-amarela-oms-orienta-que-mais-regioes-brasileiras-apliquem-vacina.html https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2019/09/velocidade-das-viagens-colabora-para-espalhar-virus-entre-paises-afirma-infectologista.html Tipos de dados: Dados e informações que alimentam o SNVE. Dados demográficos, socioeconômicos e ambientais Dados de morbidade (serviços ambulatoriais, hospitalares, investigação epidemiológica) Dados de mortalidade Notificação de surtos e epidemias (detecção precoce) Fontes de dados: .Notificação: A not. compulsória de doenças é a principal fonte da vigilância epidemiológica(lista de doenças, SINAN). Estados e municípios podem incluir novas patologias, desde que defina o motivo e objetivo da notificação, os instrumentos e fluxo que a informação vai seguir e as ações que devem ser postas em prática, de acordo com as análises realizadas. Informe Epidemiológico do SUS-Documento a ser consultado pelos responsáveis estaduais, municipais que desejarem fazer alterações em suas listas. .Magnitude: doenças com elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais, que se traduzem pela incidência, prevalência, mortalidade. .Potencial de disseminação: transmissibilidade da doença, possibilidade de sua disseminação por vetores e demais fontes de infecção, colocando sob risco outros indivíduos ou coletividades. .Transcendência: conjunto de características apresentadas por doenças e agravos, de acordo com sua apresentação clínica e epidemiológica, sendo as mais importantes: a severidade, medida por taxas de letalidade, hospitalizações e sequelas; a relevância social, que subjetivamente significa o valor que a sociedade imputa à ocorrência do evento, em termos de estigmatização dos doentes, medo, a indignação, quando incide em determinadas classes sociais; e a relevância econômica, ou capacidade potencial de afetar o desenvolvimento, o que as caracteriza como de, mediante as restrições comerciais, perdas de vidas, absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico e tratamento, etc. .Vulnerabilidade: Disponibilidade de instrumentos específicos de prevenção e controle, permitindo a atuação concreta e efetiva dos serviços de saúde com relação a indivíduos ou coletividades. .Compromissos internacionais: firmados pelo governo brasileiro, no âmbito de organismos internacionais como a OPAS/OMS, que visam empreender esforços conjuntos para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças. .Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas como de notificação compulsória internacional, são incluídas, obrigatoriamente, nas listas nacionais de todos os países membros da OPAS/OMS. Atualmente, apenas três doenças são mantidas nessa condição. .Epidemias, surtos e agravos inusitados: todas as suspeitas de epidemia ou de ocorrência de agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamentenotificadas aos níveis hierárquicos superiores. A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) consiste em um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. É também atribuição da VSA os procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana, associados a contaminantes ambientais, especialmente os relacionados com a exposição agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo. Dentro da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), as áreas de atuação são: Vigilância da qualidade da água para consumo humano (Vigiágua); Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos (Vigiar); Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes químicos (Vigipeq); Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes de desastres (Vigidesastres) Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos (Vigifis). A SVS atualmente é responsável por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças transmissíveis, vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de saúde da população brasileira. Desde a criação da SVS, a integração das vigilâncias foi se fortalecendo nas três esferas de governo, impulsionada pela relevância das doenças e agravos não transmissíveis, pela necessidade do fomento às ações de promoção da saúde, pela redução da morbimortalidade da população em geral e dos trabalhadores em particular, pela preocupação com os riscos sanitários, caracterizados como os eventos que podem afetar adversamente a saúde de populações humanas, e pela urgência em organizar respostas rápidas em emergências de saúde pública. “Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse à saúde. (§1º, inciso XI, artigo 6º, da Lei 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde).” As ações de Vigilância Sanitária (VISA) devem promover e proteger a saúde da população e serem capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção, da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é responsável por criar normas e regulamentos e dar suporte para todas as atividades da área no País. A ANVISA também é quem executa as atividades de controle sanitário e fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras. Estudo seccional, geralmente do tipo amostral, levado a efeito quando as informações existentes são inadequadas ou insuficientes em virtude de diversos fatores, dentre os quais se podem destacar: notificação imprópria ou deficiente; mudança no comportamento epidemiológico de determinada doença; dificuldade na avaliação de coberturas vacinais ou eficácia de vacinas; necessidade de avaliação da eficácia das medidas de controle de um programa; descoberta de agravos inusitados. Autóctone: Próprio do lugar; que nasceu naquele lugar e guarda dentro de si costumes, cultura e jeitos dos costumes daquele povo que ali nasceu. Alóctone: É aquilo que não é natural do lugar em que se encontra. https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/benzeno https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/chumbo https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiagua https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiagua https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiar https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiar https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigidesastres https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigidesastres https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigifis https://www.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigifis Infectividade: é a capacidade do agente infeccioso de poder alojar-se e multiplicar-se dentro de um hospedeiro. A medida básica de infectividade é o número mínimo de partículas infecciosas que são necessárias para produzir uma infecção (dose infectante mínima). Para um agente microbiano determinado, esse número pode variar muito de um hospedeiro para outro e dentro de uma mesma espécie, de acordo com a porta de entrada, a idade e outras características do hospedeiro. As comparações exatas e diretas de infectividade, em geral podem ser feitas somente em animais, sob condições laboratoriais. O sarampo e a varicela são exemplos de máxima infectividade; a caxumba e a rubéola, de infectividade intermediária; e a lepra, de infectividade relativamente baixa. A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e pelo vírus da hepatite B (VHB) representam outro exemplo de diferentes graus de infectividade. Quando uma pessoa suscetível se expõe ao HIV ao se espetar com uma agulha contaminada, sua possibilidade de infecção é de aproximadamente 4 em 1.000; quando se expõe dessa forma ao VHB, sua probabilidade é mais alta, de 1 em 7. Patogenicidade: é a capacidade de um agente infeccioso de produzir doença em pessoas infectadas. A capacidade de produzir doenças depende de uma variedade de fatores, tais como a rapidez e o grau do dano tissular causado pela multiplicação do agente e o fato de que esse possa produzir uma toxina específica, como fazem os bacilos da febre tifóide e do tétano. No entanto, qualquer que seja o mecanismo para a produção da doença, a medida da patogenicidade é simplesmente a proporção de sujeitos infectados que desenvolvem a doença. Similar à infectividade, também se pode estabelecer graus de patogenicidade. Os agentes da raiva, AIDS e varicela são altamente patogênicos, no sentido de que praticamente cada infecção em um indivíduo suscetível resulta em doença. Os rinovírus (resfriado comum) ocupam também um lugar de destaque na escala, já que cerca de 80% Módulo 2: Saúde e doença na população 28 Organização Pan-Americana da Saúde / OMS das infecções produzem doença. A caxumba e a rubéola caem para um lugar intermediário, com 40 a 60% das infecções com manifestações clínicas características. Em nível inferior de patogenicidade, encontra-se o poliovirus com uma baixa proporção de doentes a partir dos infectados; mais de 90% dos infectados com o poliovirus são assintomáticos. A capacidade dos agentes para infectar e produzir doenças nos seres humanos depende também da suscetibilidade do hospedeiro. Nem todas as pessoas igualmente expostas a um agente infeccioso são infectadas. Das infectadas, algumas não apresentam sintomas, nem sinais clínicos no curso da infecção (infecção inaparente ou subclínica), enquanto que outras apresentam sintomas (infecção aparente ou clínica), podendo ser também de duração e grau variáveis. A importância e a intensidade de uma infecção aparente é medida em termos de sua morbidade e letalidade. Infecção inaparente: é a presença de um agente infeccioso em um hospedeiro sem que apareçam sinais ou sintomas clínicos manifestos. Só podem ser identificados por métodos de laboratório ou pela manifestação de reatividade positiva nostestes cutâneos específicos (sinônimo: infecção subclínica, assintomática ou oculta). No espectro de uma doença infecciosa segundo sua história natural, a gravidade pode ser representada de forma esquemática como segue: A medida da virulência é o número de casos graves e fatais em proporção ao número total de casos aparentes. Virulência: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves e fatais. A letalidade é uma característica frequentemente usada para descrever a gravidade de uma epidemia. A medida da letalidade é o número de casos fatais em proporção ao número total de casos aparentes (usualmente os diagnosticados) no mesmo período. Letalidade: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos fatais A diferença entre patogenicidade, virulência e letalidade pode ser entendida através do esquema de espectro de gravidade da doença infecciosa: A história natural da doença é o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de intervenção. Em outras palavras é o modo próprio de evoluir que tem toda doença ou processo, quando se deixa seguir seu próprio curso. O processo se inicia com a exposição de um hospedeiro suscetível a um agente causal e termina com a recuperação, deficiência ou óbito. Na Figura 2.4 é apresentado o modelo tradicional da história natural da doença e sua relação com os níveis de prevenção propostos por Level e Clark. Na figura está claramente delimitado o período pré- patogênico, o primeiro deles antes da doença e representa o momento da interação do agente, o ambiente e o hospedeiro. O período patogênico mostra as mudanças que se apresentam no hospedeiro uma vez realizado um estímulo efetivo. O horizonte clínico marca o momento em que a doença é aparentemente clínica. Nesse modelo, é remarcada a importância das diferentes medidas de prevenção que podem ser realizadas dependendo do momento em que se encontre a doença e deste modo as atividades de prevenção primárias são efetuadas no período pré- patogênico e são encaminhadas para promover a saúde e a proteção específica; na prevenção secundária, as ações são o diagnóstico precoce, o tratamento imediato e a limitação do dano; e a prevenção terciária está focada na reabilitação História natural da doença: refere-se à evolução de uma doença no indivíduo através do tempo, na ausência de intervenção. Descreveu-se a história natural de várias doenças, tanto transmissíveis como não transmissíveis, agudas ou crônicas. Na Figura 2.5, mostra-se outro modelo da história natural da doença. Esse modelo assume que os casos clínicos da doença passam por uma fase pré-clínica detectável e que, na ausência de intervenção, a maioria dos casos pré-clínicos evoluem para a fase clínica. Como foi mencionado anteriormente, os períodos de tempo de cada etapa são importantes para a detecção, triagem (ou rastreamento) e intervenção com medidas preventivas e terapêuticas sobre os fatores do agente, hospedeiro e ambiente (Gordis,1996). Nas doenças transmissíveis, o período de latência é o tempo que transcorre desde a infecção até que a pessoa se torne infectada. O período de incubação é o tempo que transcorre desde a infecção até a apresentação dos sintomas. No caso das doenças não transmissíveis, a terminologia difere um pouco e se considera que o período de latência corresponde ao período que transcorre entre o desenvolvimento da doença subclínica até a apresentação de sintomas Desde o início do século XX, as vacinas, junto com outras ações de vigilância, vêm sendo responsáveis pela eliminação e controle de doenças imunopreveníveis, a exemplo da erradicação da varíola, da interrupção da transmissão da poliomielite, da eliminação do sarampo autóctone, e, há cinco anos, o Brasil está livre de casos de rubéola, em grande medida como resultado de um trabalho articulado que envolve as três esferas de gestão. O Programa Nacional de Imunizações – PNI, instituído em 1973, é reconhecido pela população brasileira e bem avaliado nacional e internacionalmente pelos resultados positivos alcançados. O PNI, que se constitui no principal instrumento de viabilização dos resultados alcançados, efetiva-se por meio de ações coordenadas de planejamento, capacitação, infraestrutura e logística, comprometidas com a entrega à população de um produto de qualidade, com todas as suas características e especificidades preservadas. Atualmente, o Sistema Único de Saúde – SUS oferece, por intermédio do PNI, 44 tipos de imunobiológicos: 27 vacinas; 13 soros heterólogos (imunoglobulinas animais); e 4 soros homólogos (imunoglobulinas humanas) O indicador de cobertura vacinal representa um importante instrumento para a tomada de decisão nas diferentes esferas de gestão, uma vez que somente com coberturas adequadas é possível alcançar o controle ou, manter em condição de eliminação ou erradicação as doenças imunopreveníveis sob vigilância. O indicador pactuado compreende quatro diferentes níveis de coberturas de acordo com a população alvo: (i) 80% para as vacinas influenza sazonal (Influenza) e Papiloma vírus humano (HPV); (ii) 90% para as vacinas bacilo de Calmette e Guérin (BCG) e rotavírus humano (VORH); (iii) 95% para as vacinas adsorvida difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B e hepatite B - DTP/Hib/HB (Penta); Poliomielite inativada - VIP/poliomielite atenuada oral - VOP (Poliomielite); Pneumococo 10-valente (Pneumo 10); Pneumocócica 23-valente (Pneumo 23); Meningocócica conjugada C (Meningo C); Sarampo, rubéola e caxumba (Tríplice viral); Sarampo, caxumba, rubéola e varicela atenuada (Tetra viral); Hepatite A; Hepatite B (HB); (iv) 100% para as vacinas Febre amarela (FA) em áreas com recomendação de vacinação (ACRV); vacina adsorvida difteria e tétano adulto – dupla adulto (dT); vacina acelular adsorvida difteria, tétano, pertussis, dose adulto (dTpa). Além de adequadas as coberturas de vacinação precisam ser homogêneas. A homogeneidade é um importante indicador de desempenho do PNI e se caracteriza pela obtenção dos índices preconizados (meta estabelecida) em 70% ou mais dos municípios de uma unidade federada que conseguiram atingir o índice para o 8 conjunto das vacinas. A análise da homogeneidade para o país como um todo, a partir dos resultados obtidos pelos 5.570 municípios que conformam a federação brasileira, mostra níveis adequados para poucos anos da série e para algumas vacinas, muito embora sejam observados, em alguns casos, percentuais próximos do preconizado no indicador. Dois anos (2010 e 2011) para a Tetra/Penta e (2013 e 2014) para a Tríplice viral; um ano (2011) para a Poliomielite e a Meningo C. As demais vacinas não alcançaram a homogeneidade no período