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Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Margarete Brolesi Marlizete Cristina Bonafini Steinle Suhellen Lee Porto Orsoli Silva © 2015 por Editora e Distribuidora Educacional S.A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente: Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação: Rui Fava Diretor de Produção e Disponibilização de Material Didático: Mario Jungbeck Gerente de Produção: Emanuel Santana Gerente de Revisão: Cristiane Lisandra Danna Gerente de Disponibilização: Everson Matias de Morais Editoração e Diagramação: eGTB Editora Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Brolesi, Margarete de Lourdes B867j Jogos, brinquedos e brincadeiras / Margarete de Lourdes Brolesi, Marlizete Cristina Bonafini Steinle, Suhellen Lee Porto Orsoli Silva. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2015. 192 p. ISBN 978-85-8482-107-5 1. Origem-História 2. Princípios Pedagógicos. 3. Recreação. I. Steinle, Marlizete Cristina Bonafini. II. Silva, Suhellen Lee Porto Orsoli. II. Título. CDD 790 Sumário Unidade 1 | O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. 7 Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem Seção 1 - Origem, História e Evolução dos Jogos e Brincadeiras 11 11 1.1 | Origem do jogo 12 1.2 | História e evolução 13 1.3 | A origem do Jogo na América Seção 2 - Definições Básicas, Características e Objetivos de Termos Encontrados nos Brinquedos, Brincadeiras e Jogos 19 2.1 | Lúdico 19 2.2 | Lazer 20 2.3 | Tempo livre 21 2.4 | Atividades lúdicas 24 2.5 | Recreação 25 2.6 | Brinquedo 26 2.7 | Brincadeiras 27 2.8 | Jogo 35 Seção 3 - Importância e Aprendizagem do Jogo 41 3.1 | Processo de ensino-aprendizagem 41 Unidade 2 | Princípios Pedagógicos: A Presença do Símbolo no Jogo 53 Infantil de 0 a 6 Anos Seção 1 - As Contribuições de Piaget Sobre o Jogo Para a Educação 57 da Primeira Infância 59 1.1 | Compartilhando experiências 64 1.2 | Piaget e o jogo 65 1.3 | O que é jogo de exercício? 66 1.4 | O que é jogo simbólico? 68 1.5 | O que é jogo de regras? 70 1.6 | O papel do professor diante das estruturas lúdicas de Piaget 77 Seção 2 - As Contribuições de Vygotsky Sobre o Jogo 77 2.1 | Estágio do desenvolvimento infantil Elkonin 2.2 | O trabalho pedagógico presente na brincadeira de papéis sociais e a sua importância para o desenvolvimento para a imaginação criadora no contexto da 82 Educação Infantil Unidade 3 | Técnicas e Planejamento das Atividades Recreativas 103 Seção 1 - Planejando as aulas 107 1.1 | Plano de aulas 114 Seção 2 - Planejando o conteúdo jogos e brincadeiras 125 Seção 3 - Técnicas para aplicação dos jogos e brincadeiras 133 Unidade 4 | Desenvolvimento e Avaliação das Atividades Recreativas 145 Seção 1 - Desenvolvimento de brinquedos, jogos e brincadeiras 149 1.1 | Brinquedos, brincadeiras e jogos 153 1.2 | Finalizando 173 Seção 2 - Avaliação do ensino de jogos e brincadeiras 179 Apresentação Prezado aluno! Estamos felizes por estarmos juntos mais esse semestre, principalmente por podermos compartilhar com vocês os ensinamentos dessa disciplina que se chama Jogos, Brinquedos e Brincadeiras. Neste livro, vamos poder conhecer um pouco da história dos jogos e da origem das diversas brincadeiras que compõem a nossa e outras culturas. A intenção é preparar o futuro professor com conhecimento teórico e prático suficiente para poder entender as características das diversas manifestações da cultura do jogo e das brincadeiras e aplicá-las como meio de ação motora, influenciando na formação integral do indivíduo. Vamos entender a importância da brincadeira no contexto escolar e as diferentes possibilidades do jogo como fator de influência no desenvolvimento da criança, conforme a visão de Piaget e Vygotsky. Também iremos perceber a importância da brincadeira para o desenvolvimento da imaginação criadora, principalmente na educação para a infância. Para que isso ocorra, vamos nos apropriar do pensamento teórico, compreendendo que esse saber nos leva à reflexão e à articulação entre teoria e práticacom responsabilidade, de forma que não exista prática sem teoria, nem teoria sem prática. Como você irá perceber, neste livro serão também apresentadas ao leitor algumas considerações sobre a melhor forma de planejarmos os jogos e as brincadeiras, sempre considerando os aspectos fundamentais dessas atividades enquanto conteúdo ou estratégia nas aulas de educação física. Outro principal objetivo desse livro é proporcionar aos nossos alunos o acesso ao conhecimento de atividades recreativas em ambiente escolar em diferentes momentos, podendo ser usadas como um excelente recurso da disciplina de educação física. Também discutiremos sobre as possibilidades de avaliação dessas atividades. Esperamos que você, leitor, possa desfrutar dessa leitura, passando a entender melhor todo o contexto que envolve os jogos, os brinquedos e as brincadeiras na escola, não somente como atividade sem fundamentação, mas sim como importante recurso pedagógico. Desejamos a você uma boa leitura! Unidade 1 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. Margarete Brolesi Objetivos de aprendizagem: Esta unidade destaca como objetivo geral a necessidade do(a) acadêmico(a) conhecer a história, a evolução, os conceitos, as características, a importância e a aprendizagem do jogo, do brinquedo e da brincadeira no contexto escolar. Iniciamos o estudo com a evolução do homem e a sua importância no desenvolvimento e nas fases da história perante a sociedade, desde a pré-história aos dias atuais. Posteriormente, conheceremos os conceitos básicos e as características encontradas no jogo, no brinquedo e na brincadeira, suas possibilidades, importância, aplicabilidade e aprendizagem na escola. E, por fim,seremos levados à reflexão e à articulação entre teoria e prática. Seção 1 | Origem, História e Evolução Dos Jogos e Brincadeiras Nesta seção,será abordada a origem, a história do jogo e da brincadeira, sua evolução, desde épocas primitivas até os dias atuais. O objetivo desta seção será conhecer a história do jogo e as formas de recreação no decorrer dos tempos, passando por cada etapa de construção. U1 10 Seção 2 | Definições Básicas, Características e Objetivos de Termos Encontrados nos Brinquedos, nas Brincadeiras e nos Jogos Nesta seção, iremos mostrar as definições básicas, as características e os objetivos de alguns termos encontrados no contexto da educação física, referentes aos jogos, às brincadeiras e aos brinquedos, de acordo com as necessidades apresentadas. Seção 3 | Importância e Aprendizagem do Jogo Nesta seção, trataremos sobre a importância e o aprendizado do jogo eda brincadeira na escola, buscando facilitar o processo de ensino e de aprendizagem. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Introdução à unidade Queremos, neste estudo, convidar você a refletir sobre a contribuição do jogo e da brincadeira na educação escolar para o aprendizado e a formação do caráter do indivíduo, mostrando a metodologia aplicada nesta formação. O profissional qualificado para atuar neste contexto deve estar consciente e atualizado sobre a realidade social, entender o processo e as mudanças que podem acontecer. Desta forma, teremos bons profissionais, com boa bagagem para transmitir aos educandos. No que se refere ao resgate dos jogos, brinquedos e brincadeiras, o profissional necessita estar a par da evolução e dos métodos mais positivos no processo de ensino e de aprendizagem, para que esse ele seja eficaz e contribua na melhor formação doindivíduo. Também devemos destacar a reflexão como uma das possibilidades de buscar e entender o desenvolvimento e a aprendizagem dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras de forma clara e sucinta na formação deste profissional, para que possa se destacar num futuro próximo e entender melhor o processo de aprendizagem. Boa leitura! 11 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 12 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Seção 1 Origem, História e Evolução Dos Jogos e Brincadeiras Iniciamos nossa unidade, que visa conhecer a história e a evolução do jogo e da brincadeira desde épocas primitivas até os dias atuais, tendo como relevância o jogo, o homem e sua relação com a história. • Qualé o seu conceito sobre evolução do homem? • Que características esse homem deve apresentar para que a sociedade o considere evoluído? 1.1 Origem do jogo O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, pois este sempre manifestou uma tendência lúdica, isto é, um impulso para o jogo. Quanto à relação existente entre jogo e cultura, fez-se um estudo profundo sobre o assunto, abordando a função social do jogo desde as sociedades primitivas até as civilizações mais complexas. Segundo Falkenbach (1997, p. 16), “a cultura surge sob forma de jogo, sendo que a tendência lúdica do ser humano está na base de muitas realizações na esfera da filosofia, da ciência, da arte, no campo militar e político e mesmo na área judicial”. Não se quer dizer com isso que o jogo se transforme em cultura, e sim que em suas fases mais primitivas a cultura possui um caráter lúdico, que ela se processa segundo as formas e no ambiente do jogo. Como elemento de cultura nos jogos e brinquedos está ligado a outros aspectos, como religião, trabalho, mitos e ritos (ALVES, 1995). Em relação a isso não tem como falar de lúdico, lazer e jogo sem antes saber a origem de tudo, a história humana, onde tudo começou. Desde o homem primitivo, há cem mil anos, o homem estava em busca do belo, de ocupações 13 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 14 criadoras e prazerosas, e tem recebido várias designações, denominações e indicações: • Homo Sapiens: o homem, nesta fase da história, era inteiramente lúdico em sua existência, porque tem como função vital o raciocínio para aprender e conhecer o mundo. Por meio da pesca e da caça sobrevivia matando a fome e se defendendo de animais ferozes, assim ocupava o seu tempo livre com formas criativas para conseguir seu alimento e se proteger. • Homo Faber: nesta fase de evolução o homem começa fabricar objetos e utensílios pela necessidade de guardar seus alimentos armazenando para invernos rigorosos por exemplo. Com a descoberta da criatividade,aos vasos que, inicialmente, só serviam para armazenar alimentos, o homem foi acrescentando pinturas, relevos, tornando-os, além de úteis, belos. • Homo Ludens:e por fim o homem atual, que quer levar vantagem em tudo, que é capaz de se dedicar a atividades lúdicas, qualquer atividade espontânea que ocupe o seu tempo livre, ao jogo, e com isso temos o surgimento do brinquedo pela necessidade de completar e tornar a atividade mais complexa. 1.2 História e Evolução Ao tratar dos jogos, brinquedos e brincadeiras e sua função educativa, encontram-se variadas fontes de referências bibliográficas sobre como eram praticados pelas crianças do passado. Os registros retratam a vida infantil na visão do adulto e não das próprias crianças. O jogo é o trabalho, o bem, o dever, o ideal da vida (CLAPARÈDE, 1946). De acordo com Áries (1981), os mesmos jogos e brincadeiras eram comuns a todas as idades e classes, o que se pode ressaltar é o abandono desses jogos por adultos de classes sociais superiores e, ao mesmo tempo, a sua sobrevivência entre crianças dessas classes e o povo. Em países onde as classes dominantes não abandonaram os velhos jogos, eles foram transformados e adotados de formas modernas e irreconhecíveis pela burguesia e pelo esportedo século XIX. O jogo, atividade lúdica infantil desde a antiguidade, possui passagens importantes na história social da humanidade, sobretudo durante o percurso do desenvolvimento humano, como vamos acompanhar nos próximos parágrafos. Nas Tradições Gregas, o jogo era visto de todas as possibilidades, ou seja, qualquer atividade, seja ela esportiva ou cultural, era considerada como jogo. Desta O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 forma, a criança grega entra no mundo da música com as cantigas de acalanto, e na literatura com os contos, mitos e lendas. Platão (1999), em sua obra “As Leis”, mostra como é importante que a criança aprenda divertindo-se. Ele inicia um novo esclarecimento sobre o valor educativo do jogo, até então ignorado; porém, a liberdade do jogo só era concedida até os seis anos, daí por diante os jogos eram fixos, controlados pelo Estado para formar soldados. Nas Tradições Gregas Romanas, o jogo era visto como recreação, e aparecia como relaxamento necessário às atividades que exigiam esforços físicos, intelectuais e escolares. Por um longo tempo, o jogo infantil ficou limitado à recreação por estar relacionadoà diversão, ao passar o tempo. Na Influência Romana, os jogos e brincadeiras eram desenvolvidos nos cemitérios ajardinados de Pompeia, havia bancos semicirculares, colocados nos jardins onde se comemoravam com banquetes os aniversários dos defuntos. A Idade Média foi marcada pelo jogo ser considerado “não sério”, por sua associação ao jogo de azar, cujas origens são ritos de previsão do futuro, bastante divulgados na época, levando famílias inteiras a perderem suas fortunas e chefes de família a cometerem suicídio por estarem endividados. Esses jogos deram uma de formação de valores da cultura, destacando a religiosidade deles, com isso a igreja interveio e o Cristianismo Medievo proibiu todas as formas de recreação. Assim, toda recreação era na escola e, no início da era cristã, existiam salas que eram chamadas pelos gregos de scholé ou schola, no latim, antecessora da nossa escola, que é igual a tempo livre, ócio, onde a atividade física prevalecia. A atitude negativa do cristianismo perante a recreação e o brinquedo pode ser retratada a partir do discurso de um educador alemão do século XVII: “A recreação deve ser proibida em todas as formas. As crianças deverão aprender que a recreação afastará de Deus o eterno bem, seu coração e mente e fará se não mal a sua vida espiritual” (MIRANDA, 1992, p. 28). Nesta análise, Áries (1981) apresenta dois aspectos contraditórios ligados à atitude moral frente aos jogos nesta época. Eles eram admitidos indistintamente pela maioria e, ao mesmo tempo, condenados de maneira absoluta devido à sua imoralidade, por uma elite poderosa. Diante disso, os jogos foram classificados de uma forma binária: maus e bons ou proibidos e recomendados. Segundo Miranda (1992), no século IV apareceu a Constituição de Santo Agostinho, que viveu o conflito de conciliar o cristianismo e o espírito da época. Em Confissões, na parte relativa à infância, Santo Agostinho fala sobre paixão pelo brinquedo, tratando também das torturas e dos sofrimentos na escola e do riso dos adultos perante isso: 15 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 16 Senhor, não era a memória ou a inteligência que me faltava, pois me dotastes como suficiente para aquela idade. Mas gostaria de jogar, e aqueles que me castigavam prosseguiram de modo idêntico. [...] um juiz reto aprovaria os castigos que me dava, por eu, em pequeno, jogar a bola e o jogo ser um obstáculo ao meu aproveitamento nos estudos, com os quais eu havia de jogar menos inocentemente quando chegasse a homem? (SANTO AGOSTINHO, 1973, p. 158). Pode-sever que Santo Agostinho já antecipava a observação do “jogo” vivido pelos adultos, ressaltando a semelhança das emoções vividas por crianças e adultos ao jogar e brincar. A concepção agostiniana se caracterizou pela aprendizagem, que não podia ser estimulada sem disciplina, o professor pedagogo tinha que controlar a criança e, caso necessário, utilizar a vara e achibata. Os jogos mais citados na obra de Santo Agostinho são o jogo de bola e o jogo de nozes (adivinhações). Na França, no período medieval, a infância e a juventude tinham pouco destaque. A infância só incluía o período em que a criança não podia ser autossuficiente e a sociabilização das crianças se dava pelo convívio com os adultos. No final do século XVII, a escola passa a ser a substituta para a educação, os pais deixavam a função de educar para ela, e as crianças passam a ficar de quarentena na escola, enclausuradas. Entretanto, Áries (1981) ressalta que as crianças dos séculos XIV ao XVII possuíram uma função especial em festas e reuniões familiares. Por volta dos sete anos de idade, a criança abandonava os trajes infantis para iniciarem em atividades de educação, o que era responsabilidade dos adultos. Para esse autor, os sete anos marcavam uma etapa de certa importância, isto é, era a idade fixada geralmente para a entrada na escola ou no início da atividade laboral. Tentam-se então fazê-lo abandonar os brinquedos da primeira infância essencialmente as brincadeiras das bonecas. Não deveis mais brincar de carreteiro: agora sois um menino grande, não sois mais crianças. Ele começou a aprender a montar cavalo, a atirar e a caçar (ÁRIES, 1981, p. 87). O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Na Constantinopla, conhecida atualmente como Capadócia, sob o domínio turco, a distração das crianças era acompanhar as mulheres ao cemitério, no jardim, em suas próprias residências ou nos balneários. As mudanças feitas com o início do Renascimento foram importantíssimas para as condutas do jogo até os dias de hoje, pois a brincadeira é vista como conduta livre, que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender às necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para aprendizagem de conteúdos escolares. Assim, o professor/pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos. Alguns lugares, porém, ainda tinham a concepção antiga, por exemplo, na Holanda e Alemanha, no século XVII, a escola era sinônimo de disciplina e castigo e, em Portugal, no século XVIII, as crianças presenciavam espetáculos sangrentos. Com a Revolução Francesa, no século XIX, a criança é formada para o Estado, ou seja, para possuir a excelência de ser soldado, e as formas de recreação eram transformadas em exercícios atléticos e lutas. No século XX, bastante recente, os jovens estudantes preferiam o frio intenso para se livrarem dos tormentos da escola. Em crítica às escolas antiquadas, pensadores e educadores, tais como Rousseau, Pestalozzi e Froibel, por exemplo, foram se incorporando aos poucos no movimento chamado “Educação Nova nos Métodos Ativos”, que deu a origem à escola atual. O Romantismo surge como uma nova concepção da infância, a criança dotada de valor positivo, de uma natureza boa, que se expressa espontaneamente por meio do jogo; é dentro do Romantismo que o jogo aparece como conduta típica e espontânea da criança e considera o jogar como forma de expressão. Sobre a história do jogo e sua evolução, leiam o capitulo dois, “Em busca das Configurações Perdidas”, do livro indicado: BROUGÉRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 17 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 18 Caro aluno, de acordo com o que vimos até aqui, podemos refletir sobre como o jogo era tratado. Como percebemos,ele era visto de várias possibilidades, como esportivas e culturais. Desse modo, seria o jogo uma prática ligada à produção da vida social? 1.3 A Origem do Jogo na América Na América, a maior influência foi dos Astecas que, até os 13 anos, o menino aprendia com o pai a carregar água, lenha, apanhar grãos de milho e, aos 14 anos, a pescar e conduzir canoas; as meninas, aos sete anos, começavam a fiar algodão, varrer a casa e moer o milho. O único conteúdo de jogo era o canto e a dança. Na cultura indígena, os adultos não levam a sério as crianças, não as castiga e elas aprendem brincando, o menino com o arco e a flecha e a menina com a peneira, atividades semelhantes aos adultos. Nos dias atuais, o jogo é de conduta livre, inclusivo e é conteúdo trabalhado na escola desde os primeiros anos, dividido pelas suas características e dificuldades de execução. Com o advento da informática, os jogos na sociedade atual são eletrônicos, o que, por sua vez, altera a prática de atividade física e, consequentemente, os benefícios para a saúde da criança. O conceito de jogo também se ampliou e hoje está intimamente associado à prática esportiva (voleibol, futebol, basquetebol e handebol). Porém, ao se pensar em jogar, pensa-se sobre movimento, as inter e intrarrelações que compõem as estruturas sociais e que, direta ou indiretamente, são veiculados à sua prática. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. 1. É incorreto afirmar: a) Para Santo Agostinho, a aprendizagem não pode ser estimulada sem disciplina. b) Na Constantinopla, as distrações das crianças era acompanhar as mulheres ao cemitério no jardim familiar ou nos balneários. c) No Renascimento, o professor/pedagogodeveria usar a vara e chibata para educar as crianças. d) No Romantismo, o jogo aparece como conduta típica e espontânea da criança. e) Na cultura americana, o único conteúdo de jogo na escola era o canto e a dança. 2. Denomina-se homo faber aquele que: a) É capaz de dedicar-se à atividade lúdica. b) É capaz de fabricar objetos e utensílios. c) É aquele inteiramente lúdico em sua existência. d) n.d.a. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 19 U1 20 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Seção 2 Definições Básicas, Características e Objetivos de Termos Encontrados nos Brinquedos, Brincadeiras e Jogos Quando falamos de jogo, percebemos que tem alguns conceitos que são básicos para entendermos mais o contexto dele. Desta forma, trataremos, nesta seção, de cada um deles com definições, características e objetivos para melhor entendimento. 2.1 Lúdico O lúdico vem do latim ludus, que significa brincar. Neste brincar estão incluídos jogos, brinquedos e divertimento. O lúdico é uma necessidade básica da personalidade do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, e caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. É tudo aquilo que leva um indivíduo somente a se divertir, se alegrar, passar o tempo. Ressaltamos que este estado de espírito acontece espontaneamente, não podendo ser provocado, talvez estimulado, ou seja, é quando o indivíduo não quer fazer aquela atividade, mas faz contra a sua vontade e, ao iniciar, vê que é prazerosa e acaba gostando (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2000). O lúdico representa o processo de aprendizagem e descoberta do ser humano. A espontaneidade é o fator primordial para uma existência saudável, na qual o indivíduo amplia sua capacidade criadora, e um dos objetivos é criar situações de relaxamento, desenvolvendo sua liberdade de ação e atuação. Para Marinho et al. (2007, p. 83), “o lúdico tem grande valor educativo e pode ser utilizado na escola como um dos recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo com o desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas”. 21 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem.U1 22 2.2 Lazer O conceito mais aceito a respeito do lazer é do sociólogo francês Dumazedier, que o caracteriza como: Um conjunto de ocupações às quais os indivíduos podem entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntaria ou sua livre capacidade criadora, após livrar se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 1980b, p. 23). O lazer consiste em destacar a questão da busca do prazer enquanto elemento fundamental que se distingue das demais manifestações sociais. Não haveria, assim, nenhuma forma de lazer que não inclua a expectativa futura de auferir algum nível de prazer, independente do fato da expectativa vir a ter sucesso ou não, o prazer é definido enquanto elemento essencialmente humano, característico da formação da personalidade e que pode ser percebido em qualquer meio social organizado. Por sua vez, Marcellino (2000, p. 37) entende que “o lazer é uma cultura compreendida no seu sentido mais amplo, vivenciada, praticada ou fluída no tempo disponível”. O lazer pode ser abordado por dois aspectos: tempo e atitude. O lazer considerado como atitude tem muito a ver com a postura do indivíduo com relação à prática da atividade de lazer que buscou, ou seja, o sentimento encontrado na realização de determinada atividade escolhida. Entretanto, o lazer ligado ao aspecto tempo relaciona as atividades praticadas no tempo que o indivíduo se encontra liberado de suas obrigações corriqueiras, desde profissionais, familiares, sociais e até religiosas. Portanto, lazer são atividades que se faz dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico; é o espaço de tempo livre entre trabalho e repouso.Buscamos no lazer e no lúdico sensações que são: • Aventura: igual à descoberta, revelação de um mistério, um livro que se aguarda ansiosamente a hora de abrir, a festa etc. • Competição: motivação de participar de um jogo só é menor que a motivação de ser o primeiro, o melhor. A competição é um grande investimento lúdico, que pode ser trabalhado para o bem ou para o mal. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 • A Vertigem: é a grande motivação lúdica dos dias atuais. Os esportes radicais, as novas salas de cinema, a velocidade, dividem-se em: 1. Vertigens Físicas: esportes de aventura (rapel, escalada etc.). 2. Vertigens Psicológicas: filmes, romances etc. 3. Vertigens Químicas: maconha, crack, heroína etc. • A Fantasia: o desejo inconsciente de ser o outro. Fantasiando, somos maisricos, mais predispostos a consumir, a vivenciar situações diferentes. Essas sensações estão incluídas nas culturas do lazer, que, em Marcellino (1997), encontramos uma classificação das culturas do lazer baseadas em cinco áreas de interesse, feitas por Dumazedier (1980a): • Cultura Física: inclui as práticas esportivas, a pesca, a ginástica e todas as atividades nas quais prevalece o movimento ou o exercício físico, incluindo as modalidades esportivas. • Cultura manual: é delimitada pela capacidade de manipulação, quer para transformar objetos ou materiais; inclui o artesanato, a bricolagem, a jardinagem e o cuidado com animais. • Cultura Artística: o imaginário, as imagens, as emoções e os sentimentos abrangem todas as manifestações artísticas. • Cultura Intelectual: busca o contato com o real, as informações objetivas e explicações racionais. São exemplos: participação em cursos ou leitura. • Cultura Social: procura fundamentalmente o relacionamento e os contatos face a face, ocorrendo em bailes, bares e café. Por fim, podemos concluir que “lazer é um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associados, realizados num tempo livre roubado ou conquistado historicamentee que interfere no desenvolvimento pessoal e social do indivíduo” (CAMARGO, 1992, p. 45). 2.3 Tempo Livre O conceito de tempo livre surgiu com a industrialização das sociedades contemporâneas, estando por isso ligado às transformações pelas quais passa o trabalho formal. Passou a ser entendido como o tempo que o trabalhador 23 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 24 dispõe como seu, ocupando-o da forma como quiser. Isso se deve à conquista de uma duração menor do tempo de trabalho diário, importante para o equilíbrio psicológico dos trabalhadores. Por outro lado, a passagem do modo de produção artesanal para o modo industrial aumentou muito a quantidade de produtos, e alguém teria que consumi los. Sendo que os trabalhadores eram a grande parte da população, os industriais tinham que lhes dar tempo para consumirem alguns dos produtos que fabricavam. Para isso, os horários de trabalho foram diminuídos e as férias (remuneradas) foram expandidas, garantindo mais tempo livre, com rendimentos, de modo a estimular e a manter o sistema produção-consumo. Como diariamente surgem novos modos de produção, há autores que defendem a inevitabilidade do surgimento de uma “sociedade de tempo livre”. O argumento mais difundido, parte da constatação que os avanços tecnológicos e os seus subsequentes aumentos de produtividade tornarão indispensável à diminuição da jornada de trabalho. Uns viram neste fenômeno o fim da atual sociedade capitalista, centrada na exploração do trabalho, outros apenas descobriram formas diversas de aumento dos níveis de consumo por parte da população mundial (FONTES, 1999, p. 11). Cavallari e Zacharias (2000) entendem que o tempo total de cada um é dividido em três partes, sendo que as duas primeiras são o tempo de trabalho e o tempo das necessidades básicas vitais (sono, alimentação, necessidades fisiológicas). Se essas duas partes do tempo total estão ocupadas, o que sobra é tempo livre. Podemos ainda conceituar o tempo livre da seguinte maneira: tornando-se o tempo total de uma pessoa, extraindo-se o tempo de trabalho e o tempo de necessidades básicas, o que resta é tempo livre (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2000, p.14) O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Até que ponto esse tempo livre é de lazer, cada pessoa é quem sabe. Para o filósofo Dumazedier (1980b),de acordo com a classe social a qual pertencem, as pessoas têm diferentes conceitos de tempo livre, por terem diferentes possibilidades materiais e,consequentemente, várias formas de utilizá-lo. Por sua vez, Jürgen (1982) vê três formas de comportamento no tempo livre, estando relacionadas com o trabalho: 1. Regenerativa – nesse processo, o tempo livre serve para recuperar as forças depois de uma jornada de trabalho fisicamente cansativa. No início da industrialização, esta forma de comportamento desempenhou um papel essencial, porém, atualmente, ela se encontra tão somente em grupos limitados de ocupações, já que muitas profissões não requerem esforço físico algum. 2. Suspensiva – nessa forma se executa, durante o tempo livre, um trabalho sem a determinação exógena e sem a desproporção da exigência do trabalho profissional. Como exemplos dessa forma de comportamento, mencionam-se a continuação do trabalho profissional em forma de “trabalho negro”, o compromisso com grupos religiosos, políticos ou ideológicos mediante a aceitação de cargos em associações correspondentes. 3. Compensativa – essa forma de comportamento tende à compensação psíquica das sequelas nervosas do trabalho. Por exemplo, a maior dedicação à família, ao aproveitamento dos modernos meios de satisfação do lazer proporcionado pela chamada indústria cultural e, finalmente,a ocupação em esportes e jogos. Para Haag (1982), o tempo livre tem sido determinado pelas formas fundamentais do comportamento de lazer regenerativo, suspensivo ou compensatório. Deve ser vistoem relação às tentativas educacionais de preparar as pessoas para que saibam dar um conteúdo adequado ao lazer. Entendemos que o tempo livre pertence a cada um e somente cada um pode organizá-lo e despendê-lo como bem entende. Mas Carmo afirma que o tempo livre é um problema assustador para as pessoas comuns e sem talentos especiais, particularmente se não tiverem mais raízes na terra, nos costumes ou nas sagradas convenções de uma sociedade tradicional (CARMO, 1989). De acordo com Tojeira (1992),o tempo livre tem caráter objetivo, mas uma utilização subjetiva, entendendo-se como o tempo durante o qual o indivíduo está de fato livre, materiale intelectualmente. Segundo Granado, 25 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 26 A adequação do lazer só será possível na medida em que o homem se convencer a realizar em seu tempo livre atividades que efetivamente o gratifiquem, satisfaçam seu eu, não importando as escolhas, atividades cuja finalidade seja um benefício no sentido das reais necessidades individuais (GRANADO, 1990, p. 66). Com todas essas colocações e pontos de vistas diferentes, concluímos que tempo livre nada mais é que o tempo que sobra entre trabalho, estudo e necessidades fisiológicas. 2.4 Atividades Lúdicas Atividades lúdicas é todo e qualquer movimento que tem como objetivo em si mesmo produzir prazer na sua execução, ou seja, divertir o praticante. Por ser a principal ocupação da criança, caracteriza-se pela maneira a qual ela se insere no contexto social, desenvolvendo capacidades, como a imaginação, a criatividade e a sociabilidade, além de ser uma forma promissora para compreender e dominar o mundo em que vive (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2000). Reconhece que a relação da criança com o seu mundo cultural, a princípio, é constituída de movimento, atividades lúdicas, criatividade e fantasia. Por isso, em qualquer atividade realizada com crianças pequenas, os jogos deveriam estar presentes (SANTOS, 1999, p. 44). As atividades lúdicas (brincadeiras relevantes) correspondem a um impulso natural da criança que satisfaz às necessidades interiores. Trata-se de um valor intrínseco (dentro para fora) que acompanha todo ser humano em sua história de vida. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Desse modo, Vargas (1990, p. 30) ressalta que “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança.” Estas não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Como todas as atividades que fazemos no nosso lazer são atividades lúdicas, elas se classificam em: • Ativa: quando o indivíduo ou grupo participa ativamente da atividade. Exemplo: jogar futebol. • Passiva: quando o indivíduo ou grupo apenas assiste a uma atividade. Exemplo: assistir a uma partida de futebol pela televisão. • Mista: quando o indivíduo ou grupo assistiu e participa da atividade. Exemplo: num torneio de futebol, uma equipe joga uma partida e espera as outras equipes jogarem para depois tornarem a jogar. Como foi dito anteriormente, todas as ocupações que fazemos dentro do tempo livre são consideradas atividades lúdicas, portanto, os seus conteúdos são: • Atividades Físicas: jogos atléticos, exercícios ginásticos, esportes. • Atividades Intelectuais: ler um livro, ir ao cinema. • Atividades Artísticas: pintura, escultura, música. • Atividades de passar o tempo: xadrez, dominó, dama. • Atividades domésticas: jardinagem, trabalhos manuais. • Atividades Sociais: bailes, festas folclóricas ou populares. • Atividades ao ar livre: trilha em parques e outros acampamentos. Percebemos que todas as coisas que fazemos no nosso lazer para ocupação do tempo livre são atividades lúdicas seguindo da classificação e os seus conteúdos. 2.5 Recreação A palavra recreação provém do latim recreativo, recreationem, e significa vulgarmente o mesmo que recreio, divertimento, entretenimento; deriva do vocabulário recreare, cujo sentido é o de reproduzir, restabelecer, recuperar. Pode-se dizer que é a forma de passar o tempo para obter distração, ou seja, relaxamento mental ou físico. 27 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 28 Para Schmidt (1964, p. 43), a “atividade física e mental a que o indivíduo é naturalmente impelido para satisfazer as necessidades físicas, psíquicas ou sociais que a realização lhe advém prazer”. A recreação pode ser passiva e ativa, como vimos em atividades lúdicas. Ao assistirmos a um jogo de futebol, estamos praticando a recreação passiva; se, no entanto, sem sermos jogadores profissionais, praticarmos o jogo só para nos distrairmos, estaremos submetidos a uma forma de recreação ativa. Em qualquer forma de atividade recreativa, o elemento atuante nunca se apresenta sob o aspecto apenas físico, psíquico ou social, separadamente, mas sim em conjunto, sobrepujando-se de ordem psíquica e social, ou seja, se uma pessoa vai à praia, a atividade recreativa típica sem dúvida é física; entretanto, não deixa de ser também de ordem psíquica e social. Dentro desse contexto, dizemos que as características e os objetivos da recreação são indispensáveis para todas as faixas etárias, estimulando as necessidades de ordem moral, física ou social, cuja realização dá prazer. 2.6 Brinquedo É muito simples definirmos brinquedo, pois nada mais é do que um objeto com o qual se brinca. Objeto é sempre suporte de brincadeira, é o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil, e tem como função a brincadeira. O brinquedo é um material de aprendizagem que qualquer que seja o nível de escolaridade do aluno carece de um conhecimento tal que possibilite a sua exploração, daí o alto valor educativo que possui. Os brinquedos podem ser definidos de duas maneiras: seja em relação à brincadeira, seja em relação a uma representação social, representa uma realidade, coloca a criança na presença de reproduções de tudo que existe no cotidiano. Pode-se dizer que um dos objetivos é dar à criança um substituto dos objetos reais para que possa manipulá-los. Por intermédio do brinquedo, a criança irá explorar, experimentar e apreender o mundo dos adultos, bem como o meio onde vive a cultura e os valores aí vinculados. De acordo com Vygotsky (1994, p. 71), “a criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo”. Logo, compreendemos que o brinquedo é essencial para o desenvolvimento da criança, é por meio dele que ela começa a desenvolver noções básicas relacionadas ao meio social. A partir destes aspectos, Santos comenta: O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 O brinquedo não só possibilita o desenvolvimento de processos psíquicos, por parte da criança, como também serve como um instrumento para conhecer o mundo físico e seus usos sociais, e finalmente entender os diferentes modos de comportamento humano, os papéis que desempenham como se relacionam e os hábitos culturais (1999, p. 52). Na mesma linha de pensamento, e acerca do tema, Kishimoto (1997) classifica o brinquedo educativo, sendo aquele que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa. Este assume função lúdica e educativa, pois o brinquedo propicia diversão e prazer da mesma forma que ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. Dentro dessa classificação, se enquadram os quebra-cabeças, brinquedos de tabuleiro, brinquedos de encaixe, par lendas para expressão da linguagem, brincadeiras com música, danças, expressão motora, gráfica e simbólica. A história do brinquedo é bastante antiga. Há cerca de seis mil e quinhentos anos os japoneses já fabricavam bolas utilizando fibras de bambu. Na China, a matéria prima era a crinade cavalos, mas os romanos e gregos preferiam confeccionar o produto com tiras de couro, penas de aves e até bexiga de boi. Apesar disso os brinquedos só se popularizaram a partir da década de 50, com a fabricação do plástico em escala industrial. A primeira bola branca, por exemplo, foi idealizada por um brasileiro – Joaquim Simão – em 1935, com a intenção era a de melhorar a visualização da redonda em jogos noturnos. Atualmente, existem no país cerca 300 fábricas de brinquedos que distribuem perto de 2000 brinquedos para o mercado consumidor. Enfim, o brinquedo é o incremento da brincadeira e deve ser comprado de acordo com a idade, capacidade e área de interesse da criança e do orçamento dos pais. 2.7 Brincadeiras Constitui-se numa atividade em que o indivíduo, sozinho ou em grupo, procura compreender o mundo e as ações humanas nos quais se insere cotidianamente. 29 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 30 Toda brincadeira possui regras que são definidas e respeitadas por aqueles que brincam e possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Essas características estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, sejam elas tradicionais, de faz de conta, de regras e podem aparecer também nos desenhos como atividade lúdica. Cada uma delas aparece de forma mais evidente ou em um tipo ou outro de brincadeira, tendo em vista a idade e a função específica que desempenham junto às crianças. Para Santos (1998), a brincadeira, embora fosse um elemento presente na história humana desde suas origens, só na atualidade adquire uma nova conotação, pois antes era vista como fútil e seu objetivo era somente a distração e o recreio. Brincadeira é criar, desenvolver imaginação, confiança, autocontrole, cooperação, aperfeiçoamento do corpo e da mente, levando à estabilidade emocional, sem contar o quanto auxilia no desenvolvimento da linguagem, concentração e atenção. Por meio da brincadeira, a criança amadurece, realiza sonhos, extravasa seus medos, imita seus pais e o mundo adulto, testa seus limites e capacidades e sempre tem um brinquedo como instrumento de ação e de educação. No entendimento de Almeida (1998), a criança, com a brincadeira, chega à fase intuitiva através de exercícios psicomotores e do símbolo, transforma o real em função das múltiplas necessidades do “eu”, as brincadeiras passam a ter serenidade, sentido funcional e utilitário. Contudo, o correr, o pular, entre outros exercícios, estimulam a coordenação motora ampla, e as atividades de rasgar papéis, pintar, rabiscar e outras, estimula os movimentos de coordenação motora fina, necessária para o processo de incorporação para a alfabetização (ALMEIDA, 1998). A partir disso é que a criança aprende mais depressa, pois quanto mais estimulada, mais terá vontade de descobrir novas situações, a linguagem verbal e escrita ao seu redor é muito mais rica, se explorada. Brincadeira é tão importante quanto ao ato de estudar, ajuda a esquecer de momentos difíceis. Quando brincamos, conseguimos – sem muito esforço – encontrar respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem, bem como interagirmos com nossos semelhantes. Brincar, além de muitas importâncias desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo deixa qualquer criança feliz (MALUF, 2003, p. 19). O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 As brincadeiras experimentadas pelas crianças e percebidas pelos pais são uma representação da evolução do desenvolvimento cognitivo. As primeiras origens da brincadeira podem ser observadas no comportamento quando os bebês chutam seus pés enquanto está tomando banho pelo simples prazer de ver a água espirrar, cita Cole (2003). Como percebemos, desde bebê a criança sente a necessidade de brincar, a brincadeira faz parte do ser humano e o coloca em estado criativo; entretanto, a brincadeira que estimula a criatividade só pode florescer num ambiente de liberdade e flexibilidade psicológica, de busca, de prazer, de autorrealização. Devemos concluir que o desenvolvimento da criança encontra-se profundamente vinculado aos objetivos educacionais (SILVA, 1989a). Aos 12 ou 13 meses, os bebês usam objetos na brincadeira de uma maneira muito parecida com a que os adultos os usam a sério. Ou seja, eles colocam colheres na boca e batem como martelos. No entanto, por volta dos 18 meses, os bebês começam a tratar uma coisa como se fosse outra, eles mexem o seu “café” com uma varinha e penteiam o cabelo da boneca com um lacinho de brinquedo ou, como fazem Jake e sua prima, agem como se a beirada de um tanque de areia fosse uma estrada. Esse tipo de comportamento é chamado de brincadeira simbólica (COLE, 2003, p. 246). A criança reproduz na brincadeira a sua própria vida, através dela ela constrói o real, delimita os limites frente ao meio e o outro sente prazer de poder atuar ante as situações e não ser dominado por elas. Existe na brincadeira um simbolismo secundário oculto, bem próximo do sonho. Para que as brincadeiras infantis tenham um lugar garantido no cotidiano das instituições educativas, é fundamental a atuação do educador. É importante que a criança tenha um espaço físico para brincar, assim como opções de mexer no mobiliário, que possam, por exemplo, montar casinhas, cabanas e mexer em sala de aula, que possam balançar os pés por baixo das carteiras enfileiradas, que possam trocar seus olhares marotos entre si sem serem reprimidos em suas manifestações infantis. Para Schmidt (1964, p. 81), “o tempo que a criança tem à disposição para brincar deve ser considerado, ou seja, é importante dar tempo suficiente para que as brincadeiras surjam, se desenvolvam e se encerrem”. 31 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 32 O adulto deve ausentar-se do comando por momentos e viabilizar à criança não só a oportunidade de brincar, como também a de escolher seus próprios brinquedos, na medida do possível, assim como mediar a organização do espaço e a conservação de seus brinquedos, procurando lugares adequados para que ela possa guardá-los. Por sua vez, segundo Silva (1989b, p. 36), “não se deve restringir a liberdade da criança no que se refere às brincadeiras e nem tampouco interferir na sua atividade, pois isso pode ter repercussões desagradáveis”. A brincadeira caracteristicamente espontânea não necessita obrigatoriamente de objetos prontos, a criança cria e transforma uma tampinha em uma panelinha com facilidade e brinca. Na mesma perspectiva, podemos citar o estudioso Paulo Soares Teixeira,que aborda vários tipos de brincadeiras. A brincadeira funcional, que domina o primeiro ano de vida, a brincadeira imaginaria ou simbólica é aquela que a criança incute o significado as ações, a brincadeira construtiva é a relacionada à alegria de realizar algo, brincadeira solitária quando a criança brinca sozinha, a observativa quando ela apenas observa, a paralela que brinca ao lado da outra criança, a associativa em que a criança coopera com a outra para realizar algum objetivo (TEIXEIRA, 1963, p. 4). O autor afirma que “a brincadeira é a estrada real para a compreensão dos esforços do ego infantil para chegar a uma síntese, é a função do ego uma tentativa no sentido de sincronizar os processos corporais e sociais com o eu” (TEIXEIRA, 1963, p. 6). Quando a criança brinca, ela costuma relacionar as coisas e as pessoas de uma forma não envolvente e inconstante, ela é movida unicamente pela paixão, se entretém e é imune a qualquer medo de consequências sérias, é pura diversão, por isso, quando o tempo é levado em conta, o divertimento desaparece. Não só o desenvolvimento emocional, o cognitivo e demais domínios são estimulados ao brincar, seja em que esforço for. Vargas, por sua vez: O Resgate dos Jogos, Brinquedose Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 O brincar é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório motor e de simbolismo, uma assimilação da real a atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, brincando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, com isso, permanecem exteriores à inteligência infantil (1990, p. 30). Já a professora Teles (1999) classifica as brincadeiras como: funcional, imaginária ou simbólica e construtiva. Brincadeira funcional é aquela que domina no primeiro ano de vida, quando a criança encontra prazer na observação de seus próprios movimentos (olha a mãozinha, leva o pé na boca, joga coisas no chão repetidamente etc.). A brincadeira imaginária ou simbólica é aquela em que a criança incute significado às ações, devendo fazer de conta em relação a qualquer coisa (esse tipo de brincadeira é típico dos quatro anos). E, por fim, a brincadeira construtiva é aquela que está relacionada com a alegria de realizar algo para a consecução de algum objeto. Cita ainda que “segundo o conteúdo social, podemos falar em brincadeira solitária, observativa, paralela e associativa” (TELES, 1999, p. 17). Por brincadeira solitária, compreendemos como aquela em que a criança brinca sozinha. Na brincadeira observativa, ela tende a apenas observar. A paralela é quando ela brinca ao lado de outra criança. E, por fim, a brincadeira associativa, que é aquela que a criança coopera com a outra para realizar algo para a consecução de algum objetivo. Só a criança um pouco mais velha é capaz de participar de brincadeiras associativas. Podemos contar também com as brincadeiras tradicionais infantis, que são consideradas como parte da cultura popular. Esta modalidade de brincadeira guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. Dentro destas se enquadram a amarelinha, jogar pedrinhas (cinco Marias), empinar papagaio, pular corda, cantigas de rodas, pião entre outros. As brincadeiras de faz de conta, também chamadas de simbólicas, são as que deixam mais evidente a presença da situação imaginária. Elas permitem não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras. Ideias e ações adquiridas pelas crianças provêm do mundo social, incluindo a família e seu círculo de relacionamentos em suas brincadeiras. 33 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 34 Brincadeiras de construção enriquecem a experiência sensorial, estimulam a criatividade e desenvolvem as habilidades da criança. Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa sua imaginação e seus problemas, desta forma ela está expressando suas representações mentais, além de manipular objetos. De forma geral, todas as classificações de brinquedos e brincadeiras devem ser adotadas na escola, para adquirir uma melhora no desenvolvimento motor, afetivo, cognitivo e social da criança. Assim, conclui-se que, ao apressar a saída da infância, negando à criança o direito de ser criança, empurrando-a cada vez mais cedo para o mundo dos adultos, exigindo que ela deseje estar no futuro, enquanto apenas o presente é real, certamente estamos ceifando muito cedo o desejo de crescer, sonhar e ser capaz de realizar. O jogo e a brincadeira podem ser vistos como um campo de exercícios das potencialidades humanas, pessoais e coletivas, na perspectiva de solucionar problemas, harmonizar conflitos, superar crises e alcançar objetivos? 2.7.1 Brincadeiras Cantadas A dimensão brincar constitui-se numa atividade de ligação ou vínculo com algo em si mesmo e com o outro. “Em suma, brincar é um ato de estar descobrindo, e recriando” (PEREIRA, 2001, p. 62). O brincar proporciona aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo. “O tempo, espaço, acompanhantes, brinquedo, ação e caráter (formal ou informal), ou seja, o brincar sempre terá um fundo de aprendizagem independentemente dos objetivos de cada brincadeira” (VELASCO, 1996, p. 35). A infância tem urgência na vida da criança. É nessa fase que o lugar do brincar, tem o seu maior projeto: “o ser adulto”. Há três momentos na infância que diferenciam o brincar infantil: oprimeiro: é aquele no qual é fundamental a função materna para com o desenvolvimento e a maturação das estruturas corticais (perceptivas). O segundo: é aquele momento O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 da vivência edípica, em que o pai se assume como filho e a criança vive no sistema simbólico dos pais. Já o terceiro: quando a criança inicia o processo de aprendizagem da língua escrita, onde ela se insere no simbolismo do mundo que a cerca. E nesse momento há na criança o registro do simbólico, do real e do imaginário. A existência do sujeito (criança) está diretamente ligada ao desejo dos pais. No desejo e no discurso dos pais, a criança já é, de uma forma antecipada, menino, menina, engenheiro, médico, professora etc. Sendo as brincadeiras cantadas uma das mais ricas expressões regionais infantis, e parte integrante do folclore nacional e internacional, podemos afirmar sua importância na educação cultural de nossas crianças. As brincadeiras cantadas representam a forma mais simples do jogo puramente recreativo. São a legítima e natural expressão de uma infância feliz. Aplicam-se com grande eficiência à criança de pouca idade e tem por finalidade dar à criança, sob forma natural um primeiro desenvolvimento corporal. Impossível se torna determinar com exatidão a época em que apareceram as brincadeiras cantadas, mas de longa data existe entre os vários povos esta encantadora prática, que faz parte do Cancioneiro Folclórico Infantil, junto aos Acalantos ou Cantigas de Ninar, os Estribilhos musicais que integram as Histórias Cantadas, ou Melodias para o ensino da soletração e da tabuada, e de Cantigas avulsas. O acervo de brincadeiras cantadas inclui peças de formação nacional, de uso internacional e de livre inspiração. Aplicação Educacional: O reconhecimento das brincadeiras cantadas como fator de educação é relativamente recente. Foi preciso evidenciar-se primeiro o valor pedagógico do jogo e da música, pois além de ser uma modalidade do jogo, inclui-se o canto coletivo. Objetivos: • Contribuir para o desenvolvimento das coordenações sensório-motoras. • Favorecer a sociabilização. • Proporcionar contatos sadios de ambos os sexos; • Disciplinares emoções, timidez e agressividade; 35 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 36 • Favorecer a autoexpressão e a criatividade; • Estimular o gosto pela música e desenvolvimento da mesma; • Perpetuar tradições folclóricas. Aplicação Didática: É necessário partir das brincadeiras cantadas mais simples para as mais complexas. Os recursos didáticos a serem utilizados deverão manter a motivação o tempo todo: 1. Ensino da letra: é interessante iniciar com uma pequena história, despertando assim um interesse grupal, em seguida dizer a letra. 2. Ensino da melodia: pode ser ouvida pelos alunos através de CD, K-7 ou instrumento musical; na falta, o próprio professor produz o som através de palmas ou outras formas. 3. Ensino da movimentação: o ensino agora fica por parte das formações e locomoção a serem utilizadas, respeitando-se a ordem da brincadeira. 4. Globalização: conhecidas letras, melodiase movimentação, resta-nos apenas unificá-las. Alguns exemplos de brincadeiras cantadas: • Escravos de Jó; • Fui lá à horta; • Se fosse um peixinho; • Ciranda-cirandinha; • Marcha-soldado; • Caranguejo (palma-palma); • Cai-cai Balão; • Meu pintinho amarelinho; • Se essa rua fosse minha; • Pirulito que bate-bate; • Coelhinho da Páscoa; O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 2.8 Jogo O jogo é uma das expressões do homem em verdadeiro instinto, que desde o nascimento se manifesta. De fato, é precisamente jogando que a criança estabelece contato com a realidade que a circunda e, conquistando assim o mundo, observamos que o jogo está presente em todas as formas de expressão da sociedade - na arte, no teatro, na música, no desporto, na dança etc. - e é por intermédio do jogo que a criança expressa valores e proporciona oportunidades para a assimilação de ideias e formação de princípios. O jogo vem do latim jocu, que significa gracejo, zombaria. O ato de jogar é tão antigo quanto a própria história do homem. É uma atividade livre, fundamentalmente lúdica, contendo regras não convencionais de caráter competitivo ou não, e que possui uma característica principal, a espontaneidade, e possibilita a expressão de vivências cultural de forma intensa e total. Segundo Lopes (2000), o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades. Negrine (2001, p. 42) conceitua jogo como “tudo aquilo que diverte, sem causar estresse, constitui-se em atividade lúdica. Entretanto, umas têm melhor qualidade que outras, quando vistas a partir do nível de envolvimento nas relações”. Huizinga (1998) diz quetoda ação humana é jogo. Ferreira (1999, p. 23) conceitua que o jogo “é também conhecido como uma atividade física ou mental organizada por sistemas de regras que definem a perda ou ganho”. No Brasil, o lúdico, o jogo, o brinquedo e a brincadeira assumem formas indistintas. De acordo com Freire (1997, p. 116), “existe muita confusão a respeito dos termos brinquedo, brincadeira, jogo e lúdico. As definições destas palavras em nossa língua pouco se diferenciam. Brincadeira, brinquedo e jogo significam a mesma coisa”. Autores como Araujo (1992), Mello (2003) e Jacquin (1963) caracterizam o jogo como sendo uma atividade inerente ao ser humano. Existe discordância quanto a esta afirmação. O jogo possui uma enorme carga afetiva, pois juntos sentem sensações, marcando a identidade de certos grupos, marcando uma cultura. Tentar definir jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo, cada um pode entendê-la de modo diferente, assim, o jogo é um campo rico para integrar as diferentes áreas de desenvolvimento infantil dentro de um processo vivencial. 37 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 38 O jogo consiste numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas; gera ainda sentimentos de prazer, tanto pela ação lúdica em si quanto pelo domínio destas ações. Contudo, jogos são atividades que possuem tempo, espaço e regras. É uma atividade que tem valor educacional intrínseco, sendo utilizado como recurso pedagógico no processo ensino-aprendizagem, alcançando sucesso entre muitos educadores. Através do jogo, a criança obtém coordenação neuromuscular, cria normas de conduta e aprende a viver em grupo (RODRIGUES, 1987). Em relação a isso, podemos identificar que os objetivos do jogo aplicados na escola são: • Contribuir para o desenvolvimento de elementos cognitivos. • Contribuir na aquisição de elementos motores-psicomotricidade e padrões de movimentos. • Propiciar o lúdico. O brincar é de suma importância no desenvolvimento da criança. Portanto, quais aspectos influenciam esse desenvolvimento? Dentro desse contexto existem os “pequenos jogos”, que se caracterizam pelas regras serem cobradas de forma mais flexível, mais simples e em menor quantidade, e os “grandes jogos”, nos quais todas as regras são cobradas de forma totalmente rígida, são mais complexas e em maior quantidade. Com função educativa, o jogo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. Está no cotidiano das pessoas, por isso os profissionais de educação física precisam compreender e respeitar o jogo das pessoas em diferentes culturas e modos de jogar tanto dentro quanto fora da escola, a fim de contribuir para o desenvolvimento pleno do ser humano. Jogar e aprender são ações extremamente relacionadas, pois, na medida em que é lançado um desafio para as crianças, elas jogam com possibilidades, colocando limites que se colocam em suas situações, vivenciando experiências, capacidades de se organizar evoluindo e adquirindo novos conceitos e, assim, chegando à aprendizagem. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 A aprendizagem envolve então: dimensões de sentimento, interesse, curiosidade, coragem e prontidão. Só será realmente duradora aquela que se ligar à vida real, aquela que favorece ao aluno percepção de si mesmo, de seus valores de seus limites. É imprescindível que o aluno se veja na mais completa perspectiva possível para aprender e a nós cabe apenas levá-lo a se identificar como pessoa, como um ser capaz de nascer e criar incessantemente. Se os motivos forem intensos, a aprendiz agem fará-á com determinação e eficácia. (MESQUITA, 1986, p. 127). A aprendizagem é um processo que se caracteriza por uma transformação progressiva das capacidades de cunho relativamente permanente. Para que ocorra a aprendizagem, é necessário que o praticante esteja confiante e motivado, pois assim existe a possibilidade de progressão. Aprender a jogar não significa realizar ações motoras, mas sim atitudes para o movimento em diferentes situações, criando possibilidades para realizar o movimento e tendo autonomia de finalizar. 2.8.1 Classificação dos jogos Os jogos são classificados diferentemente, de acordo com os critérios adotados para diferentes autores. Hurtado (1987) traz a seguinte classificação: Jogos Motores, Jogos Sensoriais, Jogos Criativos, Jogos Recreativos, Jogos Intelectivos e Jogos Pré-desportivos individuais e coletivos, Jogos Cooperativos e Jogos Teatrais. • Jogos Motores são jogos que exigem a participação ativa do corpo, como exemplo o pega-pega, que depende de velocidade, reflexos, agilidade, visão, entre outras capacidades físicas. São jogos utilizados no primeiro momento da aula, como forma de aquecimento. • Jogos Sensoriais são jogos que ajudam a desenvolver os órgãos dos sentidos (audição, olfato, paladar, tato e visão), como a cobra-cega, pois a criança depende do tato e da audição para reconhecimento do colega. • Jogos Criativos são os que visam desenvolver a criatividade e espontaneidade da criança através do jogo, usando movimentos imitativos, gestuais, interpretativos e corporais, como siga o mestre, em que o aluno é o mestre e os demais devem imitá-lo. • Jogos Recreativos são aqueles que têm o objetivo apenas de recrear ou distrair as crianças por meio de uma atividade integradora, como batata quente, que vai passando um objeto rapidamente dizendo batata quente até parar em uma criança e dizer queimou. 39 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 • Jogos Intelectivos são os que visam desenvolver principalmente o raciocínio, a memória, a observação, a atenção coordenação, entre outras capacidades. Os jogos de mesa, como dominó, xadrez, dama e trilha são alguns exemplos. • Jogos Pré-desportivos são aqueles que, além de estimular as capacidades físicas (força, flexibilidade, velocidade, agilidade, resistência, equilíbrio, coordenação) e mentais (concentração, raciocínio), também trabalham a praticaformal de esportes individuais e coletivos comoo jogo de peteca, que desenvolve agilidades nos reflexos, aumento nas habilidades manuais e é a preparação para o voleibol, um esporte coletivo por trabalhar um fundamento do esporte, que é o toque; já o pula carneiro, é um jogo pré-desportivo individual que prepara para a ginástica artística, através do qual o aluno desenvolve capacidades de saltar sobre obstáculos. • Jogos Cooperativos são aqueles que não existe a individualidade e sim o conjunto, requer desenvolvimento de estratégias, e a cooperação é necessária para que um determinado objetivo seja alcançado, como a corrente que começa com um pegador e, conforme vai pegando, dá as mãos e ajuda a pegar. • Jogos Teatrais são jogos nos quais o indivíduo possui a liberdade de criar e expressar o que pensa e sente, através da expressão corporal, facial, visual e fonética e podemos citar como exemplo a mímica. Entre essas classificações, temos os jogos populares, ou brincadeiras de rua, A classificação do jogo é de extrema importância para o entendimento do nosso aluno na escola, para isso devemos compreender o objetivo de cada um. Para esse fim o artigo “A Ludicidade, o jogo, abrincadeira no processo Ensino Aprendizagem”, do professor Evanil Antônio Guarido, é indicado para esclarecer este processo. que são aqueles que passam de geração em geração e nunca mudam. Eles são considerados como parte da cultura popular e guardam a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Tem a função de perpetuar a cultura infantil e está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. Considerando como parte da cultura corporal jogos infantis,segundo Kishimoto (1993), ainda são desconhecidos e seus criadores são anônimos. A tradicionalidade e universalidade dos jogos assentam-se no fato de que povos distintos e antigos, como os da Grécia e Oriente, brincavam de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as crianças o fazem da mesma forma, mostrando que esses jogos foram transmitidos de geração em geração. Rizzi e Haydt (2004), porém, apresentam, baseadas em diversos autores, sendo um deles Jean Piaget, a classificação de jogos em três formas: os Jogos de Exercício Sensório motor, Jogos Simbólicos e Jogos de Regras, os quais são descritos da seguinte maneira: 40 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 O jogo de exercício sensório-motor traz, de uma forma simples, exercícios motores, que dependem de suas realizações para maturação do aparelho motor, ou seja, sua finalidade é somente prazer do funcionamento, por isso se assimila a ideia de jogo com prazer. O jogo simbólico traz a forma a qual se imagina, imita uma ficção. Ele desenvolve a partir dos esquemas sensório-motores à medida que édesenvolvido o caráter de representação. Consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real para o imaginário; a criança brinca de boneca e refaz sua própria vida e revive seus prazeres. Os jogos de regrassão executados com maior aceitação a partir dos sete anos. Eles são combinações sensório-motoras (corridas, jogos de bola etc.) ou intelectuais (cartas, xadrez etc.), em que há competição dos indivíduos, regulamentados para serem seguidos. É uma conduta lúdica que traz a vivência das relações sociais e individuais, pois a regra traz ordem e, se ocorrer uma transgressão, a essa regra é uma falta. Jean Piaget (1978) cita ainda um quarto jogo, o da construção, ou seja, ele se situa a meio caminho entre o jogo e o trabalho inteligente, ou entre o jogo e a imitação. Complementando esse jogo de construção, Freire (1997) diz que tais jogos representam, pois uma transição entre os jogos simbólicos e os de regras. Segundo Masson (1988), os jogos podem ser classificados em jogos funcionais, jogos de ficção ou imitativos, jogos de aquisição e jogos de fabricação. Nos jogos funcionais, a criança efetua e repete movimentos simples para dominar e apreciar seus efeitos. Consiste em movimentos simples como o movimentar dos dedos, tocar os objetos, produzir ruídos e sons, alongar ou retrair braços e pernas. Os psicanalistas consideram os jogos de ficção ou imitação como terapêuticos. Eles são jogos aqueles que simulam o cotidiano da criança, tais como papai e mamãe, brincar de bonecas, de avião, de casinha, entre outras coisas, e vão até os seis ou sete anos. Nos jogos de aquisição, a criança tenta perceber o que acontece com os objetos em sua totalidade, e eles permitem que ela elabore, escute e faça perguntas. Nos jogos de fabricação, a criança reúne brinquedos e combina objetos entre si, criando a partir disto um novo brinquedo, adequando aquele momento vivenciado por ela. Já Kamii e Devries (1991) usam a terminologia jogos em grupo e suas respectivas subdivisões, variações e recriações de oito tipos básicos de jogos: alvo, corrida, de esconder, adivinhação, cartas, de ordens verbais e jogos de mesa. Rosamilha (1979) nos dá outra classificação dos jogos que o sistematiza em três grandes grupos distribuídos. O primeiro grupo é composto de jogos verbais, imitativos, mágicos, de iniciação; o segundo grupo, de jogos de força e agilidade; e o terceiro grupo, de jogos intelectuais. O primeiro grupo tem a definição de jogos executados pelos adultos para as crianças, como jogos de sorte, jogos de azar, jogos rituais ou mágicos. No segundo grupo, os jogos são considerados de agilidade, aqueles que envolvem as mãos, os pés, reflexos rápidos e jogos de força, 41 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 42 como lançar, pegar objetos, saltar e também as luta e os jogos aquáticos; e no terceiro grupo, além dos jogos intelectuais, estão os jogos de mentira, jogo da memória, jogos de xadrez, dama e outros. Devido à limitação imposta pelo contexto escolar, as aulas de educação física acabam por despertar papel de extrema relevância para o desenvolvimento integral das crianças no Ensino Fundamental. Para Freire (1997), a cada início do ano letivo a escola deveria matricular também o corpo e não só a mente do aluno. Esta matrícula corporal implica aceitar o aluno como um todo, que usa o corpo em relações espaciais e temporais. Que se locomove pela sala e pelo pátio, que se rebela contra um sistema monótono e que tem na motricidade um momento de desenvolvimento dentro do sistema educacional. Vimos a importância de sabermos classificar os jogos na escola, para podermos ter um melhor resultado com os alunos. 1. Como vimos, vários autores conceituam jogo e brincadeira e neles podemos identificar aspectos diferenciadores. Coloque (1) para as características referentes ao jogo e (2) para as relacionadas à brincadeira. ( ) Não podemos prever o seu fim. ( ) Sua execução é flexível . ( ) Possui um ápice na sua realização. ( ) O tempo e espaço são delimitados. ( ) Há no mínimo uma regra. 2. O objeto de estudo da educação física é o movimento humano, por isso o professor, em suas aulas na escola deve propiciar diferentes manifestações para que os alunos explorem o seu corpo e consigam se expressar por meio dele. Qual seria a atividade mais apropriada para cumprir com esse objetivo? a) Jogo sensorial. b) Jogo motor. c) Brincadeira cantada. d) Jogo pré-desportivo. e) Jogo teatral. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Seção 3 Importância e Aprendizagem do Jogo Nesta seção, abordaremos a importância do aprendizado do jogo e da brincadeira no processo de ensino-aprendizagem, mostrando quais os métodos que podem ser usados como facilitadores neste processo. 3.1 Processo de Ensino-Aprendizagem Ao pensar sobre a importância do jogo, remetem-se às mais diversas abordagens existentes. Ramos (2000) descreve-as como cultura que analisa o jogo como expressão da cultura educacional, a contribuição do jogo para a educação, odesenvolvimento e/ou a aprendizagem da criança e a psicologia que vê o jogo como uma forma de compreender melhor o funcionamento das emoções e personalidade dos indivíduos. Neste sentido, algumas reflexões iniciais são necessárias: Por que as crianças brincam? Será que a brincadeira é coisa só de criança? É possível brincar ensinando ou é possível ensinar brincando? As crianças, se não são impedidas, utilizam muito seu corpo em atividades de explorar e conhecer, e isso contribui para o aumento do repertório motor. Brincando e jogando, a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que a cerca, aprendendo e assimilando; reproduz suas vivências transformando o real de acordo com seus desejos e interesses. É através do jogo que a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade. De acordo com Schmidt (1964), o ser que brinca e joga é também o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. A situação do jogo mobiliza o 43 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 44 esquema mental. Sendo uma atividade física e mental, o jogo aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. Por este motivo, devemos exercitar o corpo, os sentidos e as aptidões. Os jogos também preparam para a vida em comum e para as relações sociais. Desta forma, o jogo não representa apenas experiências vividas, mas prepara o indivíduo para o que está por vir, pois exercita habilidades e, principalmente, estimula o convívio social. Por tudo isso o grande valor educativo do jogo é a importância de se trabalhar esse conteúdo nas escolas de forma comprometida com a formação física, moral e social do aluno. Segundo Freire e Scaglia (2003), é preciso valorizar a tarefa coletiva; para isso, em se tratando de educação física, possui diversos recursos, entre eles o privilégio de poder contar com os jogos. Na educação física, o desenvolvimento do indivíduo num meio ambiente humano, cultural e social deve ser o objetivo principal, independentemente de qualquer divisão que se tem que fazer de seu conteúdo em áreas de conhecimento. O objetivo da educação física deve se levar a criança a aprender a ser cidadã de um novo mundo, em que o coletivo não seja sobrepujado pelo individual; em que a ganância não supere a solidariedade; em que a compaixão não seja esmagada pela crueldade; em que a liberdade seja bem superior; em que a consciência crítica seja patrimônio de toda pessoa; em que a inteligência não seja reduzida a saber calcular e falar línguas estrangeiras (FREIRE; SCAGLIA, 2003, p. 32). Percebemos que a responsabilidade estabelece uma parte que ensina e outra parte que aprende. A ação de jogar poderá mudar de acordo com a metodologia, formando cidadãos de caráter. O professor deverá estar atento aos resultados e aos objetivos não só motores, mas também morais. Para maior esclarecimento sobre importância e aprendizagem, indico o livro “Pedagogia do Movimento – Universo Lúdico e Psicomotricidade”, de Hermínia R. B. Marinho, Moacir A. de Matos Junior, Nei A. Salles Filho e Silvia C. M. Finck. O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 Com o grande número de crianças nas escolas, a principal preocupação dos professores de educação física é a forma de ensinar o jogo e melhorar a qualidade, seja com fins competitivos ou não, porém se trabalha a moral e a sociabilização que o jogo possui como características e/ou objetivos. Para o aprendizado do jogo, utilizamos alguns métodos para melhor aplicabilidade dele na escola, que, de acordo com Fonseca (1997), destaca-se que o método de ensino adequado é o caminho mais rápido e fácil de atingir os objetivos desejados em qualquer modalidade. Para que isso aconteça, o professor de educação física deve ter conhecimento e sensibilidade para empregar os métodos adequados para cada situação. Neste contexto, o professor deverá ter muito cuidado ao aplicar os métodos, pois eles podem tanto beneficiar seus alunos como prejudicá-los, pois, de acordo com estudiosos sobre metodologia da educação física e dos esportes, todos os métodos de ensino e aprendizagem apresentam pontos vantajosos, como também apresentam desvantagens na sua aplicação. De acordo com Santana (2001), o professor deve reservar um lugar na sua metodologia para inserir valores, ideais e situações motoras, levando a criança para uma participação prazerosa e criando perspectivas motoras. Inserindo novos métodos dentro da metodologia, o professor prepara seu aluno para o mundo, criando cidadãos críticos e conscientes. Fonseca (1995) ainda propõe que existem três tipos de métodos: • Parcial: ensina o jogo por partes, através do desenvolvimento dos fundamentos dos jogos. • Global: proporciona a aprendizagem do jogo nas suas mais diversas formas, etapas e partes. Será utilizado para o desenvolvimento da aprendizagem do próprio jogo. Este método enfatiza e permite a vivência com as mais variadas formas de jogar, tendo algumas vantagens; iniciar a prática do jogo mais cedo, integrar a técnica e tática, permitir a participação de todos os elementos envolvidos e maior motivação. • Misto: é a junção dos dois métodos anteriores. No entendimento de Golomazov e Shirva (1996), também existem três tipos de métodos. As repetições, que são repetições de exercícios por circunstância; aproximação de tarefa, que pressupõe a execução de um só exercício; e contraste, que é constituído de esforços contrastante. Todos os métodos são aplicados nas aulas de educação física e têm resultados positivos. Além desses autores e métodos, existem outros autores que também criaram novos métodos e que, em suas conclusões, têm resultados excelentes. 45 O Resgate dos Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Infantis. Jogos, Atividades, Desenvolvimento e Aprendizagem. U1 46 De acordo com Melhem (2001), os princípios metodológicos seriam começar do mais simples para o mais complexo; em outras palavras, dever-se-iam aplicar, em toda metodologia de ensino fundamental, tarefas que desenvolvem habilidades motoras sempre do mais fácil para o mais difícil. Zamberlan (1999) apresenta uma visão sobre metodologia que poderá ser utilizada por professores ou técnicos. Podem ser divididos em jogadores iniciantes, jogos educativos, exercícios educativos, exercícios de aperfeiçoamento, exercícios de especialização. Ele ainda destaca que se deve ficar atento à faixa etária que o professor está trabalhando, para que não aconteça a especialização precoce. Por que uma criança especializada muito cedo, fora do que é normal, pode ter seu rendimento afetado e não querer mais jogar. Independente da metodologia aplicada no desenvolvimento do jogo, percebeu se que o processo inicial deve iniciar de uma forma correta e para isso o professor de educação física tem como objetivo identificar e buscar o melhor método nas suas aulas e também adequar as atividades de acordo com a idade. 3.2. Adequações Dos Jogos Para Diferentes Faixas Etárias Para facilitar o entendimento sobre a aprendizagemdos conteúdos referentes às idades, propomos uma adequação de atividades para as faixas etárias como facilitador do professor ao criar suas aulas. • Crianças de zero a 02 anos: Fase do engatinhar e do andar. As crianças apresentam pouco equilíbrio momento de descoberta acerca das pessoas, formas e objetos. Atividades: manipulação de objetos de encaixar, puxar, empurrar, abrir, fechar, reproduzir sons, móbiles coloridos e que se movimentem. • Crianças de 02 a 04 anos: Processo de descoberta, fase do autoconhecimento. Atividades: conteúdos que desenvolvam os sentidos. Tato, visão, audição, paladar, olfato. • Criança de 04 a 06 anos: Egocentrismo, pré-escolar. Começa a dar importância para as letras, os números, a formação de palavras e seus significados. Atividades: manipulação de barro, subir, saltar, equilíbrio, força etc. • Criança de 06 a 08 anos: Melhora do condicionamento