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Livro - Recreacao, Atividades Ritmicas, Dança e Cultura Popular

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RECREAÇÃO,
ATIVIDADES RÍTMICAS, DANÇA 
E CULTURA POPULAR 
Hairlaine Treici Freitas
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Curitiba
2021
Recreacao, Atividades 
Rítmicas, Dança e 
Cultura Popular
çã
Hairlaine Treici Freitas
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
F866r Freitas, Hairlaine Treici
Recreação, atividades rítmicas, dança e cultura popular / Hairlaine 
Treici Freitas. – Curitiba: Fael, 2021.
208 p. il.
ISBN 978-65-86557-53-4
1. Cultura e educação 2. Dança – Estudo e ensino I. Título
CDD 796.307
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Conceitos de recreação, lazer e tempo livre | 7
2. O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações | 23
3. Introdução aos jogos e brincadeiras | 43
4. História, ensino e evolução da dança e 
das atividades rítmicas | 63
5. Ensino das diferentes manifestações de dança | 81
6. Introdução à expressão | 97
7. O estudo do movimento | 115
8. Musicalidade | 135
9. Dança e sua multiplicidade | 153
10. O ensino da dança | 171
Gabarito | 193
Referências | 201
Prezado(a) aluno(a),
O movimento, o lúdico, a musicalidade e a dança são concei-
tos e terminologias que se relacionam. Estes termos sempre esti-
veram muito presentes em minha vida, ou pela cultura familiar ou 
pelas experiências sociais que foram se desenvolvendo na minha 
infância e adolescência.
As vivências que tive na ginástica rítmica (esporte que prati-
quei na infância) foram fundamentais para formar a pessoa que sou 
hoje. Por isso, escrever sobre este tema foi um prazer, pois trata-se 
de escrever sobre a educação física que amo e que é parte da evo-
lução e, por isso, está sempre em um processo de transformação.
Carta ao Aluno
– 6 –
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
Espero que a leitura desta obra seja parte integrante de sua formação, e 
que por meio desta leitura você seja instigado a pesquisar, estudar e produ-
zir materiais que vão além do que está nestas páginas – porque um escrito 
nunca é o início, ele sempre é o começo de uma pequena revolução.
Que este escrito vire práticas e movimento, pois, como diria Paulo 
Freire: “a educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conheci-
mento posta em prática” (FREIRE, 1983).
1
Conceitos de recreação, 
lazer e tempo livre 
Há diversas causas para a perda de espaço das atividades 
lúdicas. O crescimento das cidades é uma delas, porque com o 
aumento de distâncias, aumenta-se a dificuldade de se deslocar 
para encontros. Não existir espaços públicos suficientes para 
lazer é outra das causas, pois poderia facilitar o encontro de crian-
ças. Ademais, o mundo globalizado, a falta de tempo, a inserção 
da mulher no mercado de trabalho, a existência de brinquedos 
industrializados que chamam muito mais a atenção que outras 
atividades, interferem na forma das atividades acontecerem.
Por isso é importante as crianças terem a oportunidade de 
desenvolver atividades físicas em que possam correr, brincar e 
descobrir suas limitações pelo movimento corporal. O propósito 
deste capítulo é esclarecer os conceitos que envolvem a recrea-
ção e o lazer.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 8 –
1.1 Conceitos de recreação
Entende-se por recreação as atividades em que acontece diversão 
ou nas quais se relaxa e se propõe entretenimento. Infinitas são as pos-
sibilidades dentro da recreação, especialmente porque cada indivíduo 
desenvolve interesses de diversas formas quando está em diversão. Tendo 
em vista a individualidade biológica, em que as experiências, os interes-
ses e as vantagens são diferentes para cada pessoa, a forma de atividade 
recreativa em alguns pontos converge para a mesma proposta enquanto 
em outras diverge.
Pensando nas atividades mais generalizadas, pelas quais a maioria 
das pessoas se interessa, podemos citar ir ao cinema, realizar uma ati-
vidade ao ar livre ou ambiente fechado, aproveitar a natureza e praticar 
ações esportivas como dança, futebol, ginástica e corrida. A recreação se 
difere de outras situações, como dormir, em que a proposta é relaxamento, 
pois para ser considerada uma atividade recreativa é necessária a partici-
pação ativa das pessoas nas atividades desenvolvidas.
É comprovado que as pessoas que se dedicam a atividades de recrea-
ção costumam sofrer menos de estresse, angústia e ansiedade. Mas o que 
é recreação? Pode ser entendida como a atividade física ou mental que 
o indivíduo usa para satisfazer necessidades de ordem física, psíquica e 
social para sentir prazer.
Quadro 1.1 – Classificação das atividades recreativas
Grandes jogos: alto 
número de partici-
pantes; difícil se ser 
dominado.
Revezamento ou estafetas: constitui-se 
pelo revezamento dos participantes para 
a realização de tarefas; é uma atividade 
em grupo que preza pelas potencialida-
des individuais, indicada para a infância.
Jogos sensoriais: 
utilizam os sentidos 
(tato, visão, audição 
etc.) e desenvolvem 
o pensamento, dimi-
nuindo a tensão.
Pequenos jogos: 
extraem dos partici-
pantes características 
individuais como 
velocidade destreza, 
e força.
Jogos combinados: exigem mais de uma 
aptidão física, como correr, saltar, girar.
Aquáticos: jogos realizados na água, com 
excelente valor terapêutico por diminuí-
rem o impacto causado pelo solo.
Jogos sociais de 
mesa: têm caráter 
educativo, sem esti-
mular os jogos de 
azar.
Fonte: Ferreira (2006).
– 9 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
Objetivos da recreação (FERREIRA, 2006):
 2 integrar o indivíduo ao meio social;
 2 desenvolver o conhecimento mútuo e a participação grupal;
 2 facilitar o agrupamento por idade ou afinidades;
 2 desenvolver ocupação para o tempo ocioso:
 2 gerar hábitos de relações interpessoais;
 2 desinibir e desbloquear;
 2 desenvolver a comunicação verbal e a não verbal;
 2 descobrir habilidades lúdicas;
 2 desenvolver adaptação emocional;
 2 descobrir sistemas de valores;
 2 dar evasão ao excesso de energia e aumentar a capacidade mental 
do indivíduo.
Figura 1.1 – Crianças na recreação
Fonte: Shutterstock.com/lakshmiprasada S
 Saiba mais
A palavra recreação vem do latim recreare, que significa restaurar, renovar, 
recuperar; dar pausa no trabalho para o descanso; distração, recreio.
RECREAÇÃO. Dicionário Online de Português. c2021. Disponível em: 
https://www.dicio.com.br/aurelio. Acesso em: 18 abr. 2021.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 10 –
Enquanto a recreação busca uma forma mais livre de encontrar o pra-
zer em atividades, os jogos são brincadeiras mais dirigidas e relaciona-
das ao coletivo; com eles, a criança trabalha outras questões importantes 
relacionadas ao campo afetivo e ao faz de conta. A recreação, portanto, 
dá conta de práticas mais diversas, já o jogo está ligado a relações de 
estratégia, análise, lidar com derrotas e adversários e outras estruturas 
cognitivas. Marcelino (2008) aponta que “a palavra recreação tem o sen-
tido de divertimento, relaxamento, restabelecimento corporal para o traba-
lho”. Para Cavallari e Zacharias (2009), a recreação deve ter o intuito de 
propiciar o exercício da criatividade, de forma que ofereça estimulação e 
ânimo, e não obrigação. Cada grupo escolhe uma recreação de acordo com 
interesses comuns, culturais e econômicos dos participantes.
Ainda segundo Cavallari e Zacharias (2009 apud MACHADO et al. 
[S.d.]), “há grande diferença entre uma aula e um momento de recreação 
durante uma aula, pois na aula sempre será preferência o objetivo cultural ou 
formativo, enquanto a recreação tem comoobjetivo apenas o fato de recrear”.
Figura 1.2 – Crianças jogando
Fonte: Shutterstock.com/Africa Studio
1.2 Recreação, lazer e tempo livre: correlações
Tendo em vista os conceitos de recreação, relacionaremos e diferen-
ciaremos recreação e lazer com conceitos de teóricos que estudam ambos 
– 11 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
os assuntos. Dentro da estrutura do que chamamos de lazer, o indivíduo 
adulto é apresentado como parte integrante, mas a recreação muitas vezes 
é dada como algo relacionada à infância. Não seria, portanto, aquilo que 
fazemos em nosso tempo livre, durante as horas de lazer, uma recrea-
ção? “A recreação surgiu de forma natural, instintiva e espontânea e deve 
ser valorizada como auxílio no desenvolvimento, ensino, aprendizagem 
onde o educador através dos conteúdos da disciplina possa utilizar como 
forma de despertar na criança o interesse pela escola e pelo aprendizado” 
(SOUZA, 2007). Note que nessa apresentação as palavras educador e 
criança se apresentam.
Agora analisemos a seguinte contextualização de lazer:
O lazer é o estado de espírito em que o ser humano se coloca, ins-
tintivamente não deliberadamente, dentro do seu tempo livre indi-
vidual ou familiar, em busca do lúdico (diversão, alegria, entre-
tenimento). Recreação é o fato, ou importância que o indivíduo 
escolhe espontânea e deliberadamente, através do qual ele satisfaz 
(sacia) seus anseios voltados ao lazer (comunhão familiar, inclusão 
social, descanso espiritual) (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2009)
Esses teóricos utilizam os termos ser humano, indivíduo e família, 
portanto, como um ato praticado por todos e em todo contexto social.
Para Melo e Alves Jr. (2003),
lazer é um fenômeno moderno que surgiu com a diminuição da 
carga horária de trabalho, típico do modelo de produção fabril 
desenvolvido a partir da Revolução Industrial. Tendo em vista que, 
a partir do momento em que passa a concretizar essa vontade cha-
mada lazer, uma pessoa está tendo sua recreação; portanto, não é a 
atividade, e sim o fato de estar concretizando o anseio de relaxar.
Porém, Melo e Alves Jr. (2003) afirmam que:
recreação é uma circunstância, uma atitude, já que um tempo livre 
maior surge não como concessão dos donos dos meios de produ-
ção, e sim como conquista das organizações das classes trabalha-
doras. Correlacionando os termos: recreação e lazer são uma fase 
conquistada por uma classe que por muitos anos foi obrigada a 
trabalhar horas e horas sem repouso.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 12 –
Marcelino (2008) explica que originalmente lazer e recreação 
eram apresentados de forma distinta, o primeiro sendo o tempo, e a 
segunda componente.
Figura 1.3 – Lazer ao ar livre
Fonte: Shutterstock.com/Sergey Novikov
Silva e Marcelino (2011) trazem uma versão da origem das palavras 
recreação e lazer. O termo recreação pode ser ressaltado a partir de duas 
posições. Cavallari e Zacharias (2009), trazem características básicas que 
devem ser observadas e que, caso quebradas, não há desenvolvimento da 
recreação pelo praticamente da forma mais ampla: “A recreação deve ser 
livremente e espontânea, dando escolha do que fazer e na hora, que quiser 
fazer, se for a uma aula deixar a criança escolher os materiais desejados 
por ela, sem esperar benefícios ou resultados específicos”. A recreação 
tende a levar o praticante a estados psicológicos positivos e ao relaxa-
mento, sem regras, exigências ou sentimento de culpa.
Já Pinto (2008) cita que “inúmeras e rápidas mudanças sociopolí-
ticas e culturais desafiam a construção de conhecimentos necessários à 
formação de cidadãos considerando diferentes tempos, espaço e ativida-
des cotidianas colocando como o principal desafio para a educação e para 
o lazer de hoje”. Maduro (2010) coloca que pensar sobre lazer em nossa 
sociedade não é uma tarefa fácil já que vivemos em um mundo muito desi-
gual. Tendo em vista que há desfavorecidos e outros tentando se favorecer, 
analisando esse ponto de vista socioeconômico podemos identificar que os 
– 13 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
termos recreação e lazer muito têm a ver com as estruturas da comunidade 
do indivíduo. Isso influencia muito, pois para viajar ou ir ao cinema é pre-
ciso dinheiro, mas se uma pessoa, mesmo que tenha condições financeiras 
não der importância ao lazer e ao tempo que deve ser dispendido para tal, 
não irá desfrutar dele da mesma forma.
Figura 1.4 – Pessoas em momento de lazer
Fonte: Shutterstock.com/Lucky Business
Marcuse (1971) dá o seguinte conceito de lazer: “O lazer é uma 
forma de alienação, uma ilusão de autossatisfação das necessidades do 
indivíduo, porquanto estas necessidades são criadas e manipuladas pelas 
forças econômicas da produção e do consumo de massa, conforme o inte-
resse de seus donos”.
Também temos Dumazedier (1976):
o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entre-
gar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, 
recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação 
ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou 
sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se 
das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Além de Requixa (1977): “uma ocupação não obrigatória, de livre 
escolha do indivíduo que a vive e cujos valores propiciam condições de 
recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”; Gael-
zer (1979): “como a harmonia entre a atitude, o desenvolvimento integral e 
a disponibilidade de se mesmo. É um estado mental ativo associado a uma 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 14 –
situação de liberdade, de habilidade e de prazer”; Dieckert (1984): “um 
evento que une os benefícios da prática de esportes (propícios à saúde) 
com a satisfação proporcionada ao indivíduo que o pratica, propondo a 
socialização do esporte (lazer, esporte para todos)”; Marcelino (2008): 
“como a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada 
(praticada ou fruída) no tempo disponível”; Pagni (2012): “uma área de 
estudo e uma atividade pedagógica que tem como objeto especifico o 
movimento corporal humano. Objeto este que é produzido historicamente 
para uma determinada população que, de forma diferenciada, espontânea, 
o desenvolve, segundo sua cultura, como atividade de lazer”.
Podemos concluir que não existe o melhor conceito de lazer. Por isso, 
é muito importante contextualizar pesquisador e período para obtermos 
uma relação aproximada da forma social como o lazer estava apresentado. 
É possível perceber, portanto, que o período histórico e a sociedade inter-
ferem em como o conceito de lazer é definido.
Figura 1.5 – Pintura de pessoas em momento de recreação e lazer
Fonte: Shutterstock.com/Archv
1.3 Recreação na educação básica
Brincar é importante e sempre teve presença marcante no universo 
infantil. Hoje temos mais consciência do valor do brincar, que é objeto de 
estudo de historiadores, psicólogos, sociólogos, antropólogos e educadores. 
As brincadeiras e jogos proporcionam a noção da construção da cultura infan-
– 15 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
til, do psíquico, do sensorial e do social das crianças. Sabendo que o lúdico 
é fundamental para a educação e o desenvolvimento, trazemos o seguinte 
conceito: “o jogo e a criança caminham juntos desde o momento que se fixa 
a imagem da criança como um ser que brinca” (KISHIMOTO, 2007).
Figura 1.6 – Criança brincando em pracinha
Fonte: Shutterstock.com/FamVeld
As brincadeiras de infância se perpetuam e são renovadas de geração 
em geração. O lúdico é ferramenta fundamental para a criança se relacio-
nar com o mundo. Huizinga (2001), analisa o jogo como elemento cultu-
ral, e coloca que o lúdico não é uma atividade inata, biológica, não surge 
de forma natural:
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro 
de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo 
regras livrementeconvertidas, mas absolutamente obrigatórias, 
dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento 
de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da 
vida quotidiana.
Tendo em vista essas características, é fundamental para o desen-
volvimento infantil, principalmente ao se compreender que a cultura tem 
caráter lúdico, que a criança estabeleça vínculos sociais, ajustando-se ao 
grupo e aceitando a participação de outros em suas brincadeiras, obede-
cendo às regras traçadas pelo grupo e propondo modificações.
No jogo, segundo Oliveira (2001), a criança aprende a ganhar e a per-
der. Na experiência lúdica, a criança cultiva fantasia e vivencia amizade 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 16 –
e solidariedade, que são importantes para o desenvolvimento da solida-
riedade. Às vezes a brincadeira é desvalorizada em relação a outras ati-
vidades consideradas mais produtivas, e acaba por ocupar um espaço de 
espera, de intervalo da dita “produtividade”. Entretanto, é crucial valorizar 
a brincadeira, e não apenas permitir que ela ocorra, mas também propor-
cionar que aconteça e suscitá-la.
Ao observarmos a forma que as crianças brincam, percebe-se como 
utilizam e organizam os brinquedos, o que está relacionado com seus con-
textos de vida e expressam suas visões de mundo. Debortoli (2005) apre-
senta que o brincar faz surgir, em especial na educação infantil, um viés 
pedagógico, fazendo da brincadeira um conteúdo. Já na prática podemos 
encontrar diversos materiais, entre eles o brinquedo, que são colocados 
à disposição das crianças de maneira livre, como se apenas sua presença 
garantisse o uso por elas.
Em sua pesquisa de doutorado, Debortoli (2005) analisou as media-
ções de algumas professoras e verificou que elas tinham dificuldade de 
reconhecer seu lugar social e a importância de medicações sistemáti-
cas utilizando o brinquedo. Seguem algumas categorias usadas pelas 
professoras no estudo para defender a inclusão do brincar na educação 
infantil (quadro 1.3).
Quadro 1.3 – Categorias para defender a inclusão do brincar na educação infantil
Brincadeira 
pedagógica Recreação Brincadeira livre
Brincadeira 
dirigida
Uso de brin-
quedos e jogos 
para favorecer 
aprendizagens 
escolares.
Dinâmicas criadas 
para ensinar brin-
cadeiras sem que 
novas relações e 
significados pos-
sam emergir des-
ses momentos.
Momentos em que 
as crianças brin-
cam sem inter-
ferência e sem 
mediação das pro-
fessoras.
M a n e i r a s 
“certas” de 
brincar.
Fonte: Debortoli (2005).
Pinto (2008) indica que as brincadeiras são uma linguagem que per-
corre toda nossa existência. Por meio de gestos, sons, expressões, infle-
– 17 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
xões, declarações e imagens que se inter-relacionam podemos nos relacio-
nar com o meio, estabelecendo nossa forma de trabalho nessa linguagem 
– mas isso deve ser feito com consciência. O educador precisa compreen-
der que o brincar tem relação com seu trabalho. É necessário reconhecer 
que o brincar, está presente no mundo da criança, do jovem e do adulto, 
sendo ferramenta fundamental de relação do indivíduo com o meio e com 
os outros.
Figura 1.7 – Adultos em momento de recreação
Fonte: Shutterstock.com/Impact Photography
Para Maduro (2010),
O lúdico nas interfaces das relações educativas, que a ludicidade 
como ferramenta pedagógica é extremamente valiosa, uma vez 
que traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento da criança, 
por estimulá-la crescer na linha da socialização, aumentando 
sua criatividade, expressão corporal, e participação no processo 
de aprendizagem.
Segundo Gomes (2008), a criança não é um adulto em miniatura, e 
“despertar o interesse pelo aprendizado é o melhor instrumento pedagó-
gico utilizado pelo professor, concebido como um simples facilitador do 
processo de conhecimento”. Com o aluno como centro do ensino, deve-
-se valorizar o processo ao invés do resultado, com estímulo à atenção, à 
curiosidade e ao interesse, para que aprenda com espontaneidade, prazer e 
alegria. Para isso, é importante destacar atividades características do uni-
verso infantil, como jogos e brincadeiras.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 18 –
No art. 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente é apresentado o 
seguinte: “A criança e ao adolescente cabe o direito à informação, cultura, 
lazer, esportes, diversões espetáculos, produtos e serviços que respeitem 
sua fase peculiar de pessoa em desenvolvimento” (BRASIL, 1990). O 
lazer, para Gomes (2008), é algo a ser priorizado pelo poder público, pela 
iniciativa privada, pela universidade, pelas diversas instituições sociais e 
pela comunidade, que devem se comprometer com o lazer da população, e 
repensar as barreiras ideológicas, opressoras e excludentes.
No art. 58 do Estatuto da Criança e do Adolescente é exposto que: 
“No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e 
históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garan-
tindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura” 
(BRASIL, 1990).
 Saiba mais
Sugestão de leitura: Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao 
Esporte e ao Lazer – Artigo 58 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1999.
Atividades físicas e recreativas são um meio de prevenir doenças 
físicas e mentais, proporcionando melhor qualidade de vida e desenvolvi-
mento social. De acordo com Souza (2007), produz integração com outras 
pessoas ou grupos com diferentes afinidades ou culturas.
Ide (2000) coloca, em relação à importância do jogo para o desenvolvi-
mento da criança, que ele possibilita um aprendizado que respeita o ritmo e 
as capacidades, e propicia a integração com o mundo. Dessa forma, também 
é um ótimo recurso para inclusão escolar de crianças com deficiência. Além 
disso, Ide (2000) ressalta que como o jogar é livre de pressões e avaliações, 
traz sensação de liberdade, o que estimula a aprendizagem, a moralidade, 
o interesse, a descoberta e a reflexão. A aquisição do conhecimento físico 
e a exploração do meio ambiente permite à criança estabelecer relações e 
desenvolver raciocínio lógico-matemático, fundamentais para o desenvolvi-
mento das habilidades de cálculo, leitura e escrita.
– 19 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
Quando jogo é realizado e proposto por meio da exploração corpórea, 
incluindo a possibilidade de brincar com o próprio corpo, permite que a 
criança encontre oportunidades para se desenvolver de forma mais relacional.
Ferreira (2006) apresenta que, quando brinca, a criança amplia sua 
capacidade corporal, a percepção e a relação com o outro e acaba desco-
brindo o mundo e conhecendo suas leis e suas regras. Segundo Vygotsky 
(1984), “o brincar se configura como uma atividade humana criadora, na 
qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas pos-
sibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim 
como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos”.
Para Borba (2007), “o brincar e o jogar são espaços de apropriação e 
constituição, pelas crianças, de conhecimentos e habilidades no âmbito das 
práticas corporais, da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabili-
dade”. Já Kishimoto (2007) alega que o jogo incorpora a imagem e o sentido 
que cada sociedade lhe atribui. Portanto, é por meio desses conceitos que 
podemos verificar como cada espaço escolar oferece, de acordo com sua 
sociedade, um valor aos jogos e às brincadeiras não só como ferramenta 
para propiciar momentos de lazer mas também como ferramenta de ensino.
Ao brincar e jogar, as crianças são sujeitos de sua experiência social, 
organizando com autonomia suas ações e suas interações, criando 
regras de convivência social e de participação nas brincadeiras. O 
relacionamento com a brincadeira e o jogo possibilita uma forma de 
compreender a criança como sujeito que produz históriase culturas 
com sua linguagem, indo além da capacidade de visualizá-la apenas 
como aluno. A recreação é uma atividade importantíssima no desen-
volvimento de uma criança em fase escolar, mas muitas vezes as 
instituições de ensino retiram essas atividades da grade escolar por 
pensarem que são dispensáveis (FALCÃO et al., 2012).
Ao brincar na recreação da escola, a criança adquire aprendizados de 
forma natural, gradativa e prazerosa, desenvolvendo habilidades como (A 
IMPORTÂNCIA... [S.d.]):
 2 locomoção;
 2 raciocínio;
 2 espírito de equipe;
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 20 –
 2 resistência física e psicológica;
 2 criação de estratégias;
 2 motivação;
 2 criatividade;
 2 comunicação;
 2 espírito de liderança;
 2 noções de tempo e de espaço;
 2 interpretação de situações;
 2 curiosidade;
 2 motricidade;
 2 coragem;
 2 desinibição;
 2 convivência;
 2 saber perder;
 2 respeito ao próximo;
 2 aceitação de limites;
 2 autonomia;
 2 atenção;
 2 cooperação.
Há diversos jogos, 
brincadeiras e atividades 
que podem ser aplicadas 
nas escolas; ao utilizá-
-las, pode-se aproveitar as 
vivências para desenvol-
ver a motricidade e outras 
habilidades nas crianças, 
como relação interpessoal 
e inteligência operacional.
Figura 1.8 – Crianças felizes
Fonte: Shutterstock.com/Monkey Business Images
– 21 –
Conceitos de recreação, lazer e tempo livre 
Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo.
É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-
-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios esté-
reis, sem valor para a formação humana.
Carlos Drummond de Andrade
 
 Saiba mais
No podcast Pé na Orelha, o contexto “Dança é coisa séria ou é brinca-
deira?” é apresentado no episódio 60.
“A gente tem que levar dança mais a sério! Tem que parar de achar que 
dança é brincadeira! Não dá para ficar brincando com dança, gente... 
Ou dá? Será que brincadeira e coisa séria são coisas tão distintas assim? 
Será que são incompatíveis? E a dança? Sobrevive só com coisa séria, 
ou só com brincadeira? E qual é a cara dessa dança sem uma dessas 
ideias? Dá para separar? E o que significa ‘coisa séria’ na real?… Janina 
Arnaud e Isabel Willadino se juntaram a Tati Sanchis e Henrique Bian-
chini para uma conversa deliciosa, cheia de filosofia, poesia e vontade 
de melhorar.”
Escute no Spotify: https://open.spotify.com/episode/77dchfHfVezxSu1
hLWWJrS?si=KX95Ih9NQ3uDzYgmq2bKtg. Acesso em: 6 set. 2020.
Atividades
1. Qual é a definição de recreação?
2. Lazer e recreação são diferentes? Justifique:
3. De acordo com o capítulo, qual é o melhor conceito de lazer? 
Formule:
4. Quais são os benefícios de aplicar jogos e brincadeiras às crianças?
2
O lúdico, o brinquedo, 
o jogo e suas relações 
Devido à falta de espaço nas grandes cidades brasileiras, 
grande parte das conhecidas brincadeiras de rua ficaram restritas 
ao pátio da escola ou à aula de Educação Física. Além disso, por 
influência da mídia em geral, aumentou a procura por brinquedos 
eletrônicos. Mas é possível conciliar a tecnologia com as brinca-
deiras populares.
Sobre esse assunto, fica o questionamento: direcionar as 
brincadeiras, com caráter educativo, seria tirar a liberdade de 
expressão das crianças?
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 24 –
O ser humano está em constante aprendizado. E sabe-se que esse 
aprendizado só ocorre em condições ambientais favoráveis.
A brincadeira favorece a criatividade e a espontaneidade, desenvol-
vendo o hábito da pesquisa, da exploração, da comunicação, da imagi-
nação e da criação. Além disso, manifesta o desejo de ser mais velho, de 
ser adulto; e, para o adulto, de ser criança. Para a criança, a brincadeira 
significa progressão; para o adulto, regressão. 
O propósito deste capítulo é relacionar os conceitos que envolvem a 
noção do que é lúdico, com os conceitos de brinquedo e jogo.
2.1 A importância do lúdico, 
do jogo e do brinquedo
Segundo Apolo (2007), diversos dados científicos, de grande rele-
vância, cairão por água abaixo se, na prática, não tivermos consciência 
de como aplicar atividades de acordo com a realidade das crianças, que 
sejam próprias para seu mundo, para sua visão e maturação. Das ativida-
des comuns de qualquer criança, a que mais desperta sua atenção e seu 
interesse é, com certeza, a brincadeira. É por meio desta que a criança 
se expressa e interage com o ambiente e a sociedade, como vimos no 
capítulo anterior.
Porém, devemos lembrar que o mundo está cada vez mais se distan-
ciando da natureza, e que as crianças vivem realidades completamente 
diferentes. Além disso, o mundo em que vivem está em constante muta-
ção, aliado ao avanço da tecnologia.
O progresso trouxe a globalização, e as crianças deixaram de brincar 
ao ar livre e em grupos. Muitas vezes, por falta de espaço ou tempo, tendo 
em vista que as atividades extracurriculares têm sido muito utilizadas 
para ocupar o espaço que antes era da recreação. Coube, então, aos pro-
fissionais da Educação a missão de fazer, em suas atividades, um retorno 
a estas práticas lúdicas, possibilitando estas experiências que deveriam 
surgir do tempo livre para lazer das crianças. A perda do meio ambiente 
próprio, ou até da capacidade de brincar, produz efeitos irreparáveis na 
vida de uma criança. 
– 25 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Figura 2.1 – Brinquedo de bolhas de sabão
Fonte: Shutterstock.com/ Yuliya Evstratenko
Estudos revelam que, ao brincar, as células cerebrais formam diversas 
conexões sinápticas, criando uma densa rede de ligações entre os neurô-
nios, que passam sinais eletroquímicos de uma célula a outra, como apre-
senta Catania (1999). Assim, entendemos que o brincar exercita as dife-
rentes funções cerebrais, fazendo que sinapses dos neurônios do cérebro 
surjam em grande número. Ainda pensando nas habilidades que o brincar 
proporciona, o cerebelo, que fica na base do crânio, é a parte do cérebro 
responsável pelo equilíbrio, pela coordenação motora e pelo controle dos 
músculos. É pelos estímulos físicos e sensoriais intensos das brincadeiras 
que se reforçam as ligações sinápticas cerebelares, que, por sua vez, favo-
recem o desenvolvimento motor das crianças. 
Ainda segundo Catania, os movimentos proporcionados pelas brin-
cadeiras colaboram, em muito, para o amadurecimento dos tecidos mus-
culares, pois o envio de sinais nervosos diversos para os músculos permite 
a distribuição e o crescimento das fibras musculares de resposta rápida, 
essenciais para atividades de intenção aeróbia.
 Saiba mais
Palavra lúdico:
Adjetivo
Feito através de jogos, brincadeiras, atividades criativas.
Que faz referência a jogos ou brinquedos: brincadeiras lúdicas.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 26 –
Que tem o divertimento acima de qualquer outro propósito; divertido.
Que faz alguma coisa simplesmente pelo prazer de a fazer.
Na psicologia, refere-se à manifestação artística ou erótica que aparece 
na idade infantil e se acentua na adolescência, aparecendo sob a forma 
de jogo.
Etimologia (origem da palavra lúdico). Lud + ico. 
(Dicionário Aurélio, disponísvel em: https://www.dicio.com.br/aurelio).
A criança interage com o mundo por meio da brincadeira. Para interagir 
com o mundo adulto, ela brinca com jogos de imitação, como casinhas, bone-
cos(as) etc. Para se enturmar e conhecer sua cultura e traduções, há as brinca-
deiras com artes, cantigas e cirandas. Para se relacionar com a natureza e com-
preendê-la, brinca com elementos como areia, chuva etc (BRASIL, 2019).
Já os jogos de competição e cooperação entram no âmbito das brin-
cadeiras que geram desenvolvimento e amadurecimento cognitivo e inte-
rações sociais e interpessoais. Tudo isso mostra o quanto a cultura do 
brincar é importante e necessária – não somente para o desenvolvimento 
da criança, em suas diversas dimensões (linguagem, motricidade, neuro-
desenvolvimento e área socioafetiva), mas também comoforma de esta 
se relacionar com o ambiente e a cultura em que está inserida, podendo 
sentir-se como parte integrante da sociedade.
Figura 2.2 – Crianças brincando ao ar livre
Fonte: Shutterstock.com/ Jacob Lund
– 27 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
2.2 O lúdico, o jogo e o brinquedo 
O jogo acompanha o homem desde início dos tempos, constituindo 
uma dimensão fundamental em sua vida. Conforme Carneiro (2007), 
devemos entender o jogo como um fenômeno antropológico, ou seja, pre-
sente na cultura humana, atuando decisivamente na geração desta e sendo 
por ela transformado. Pode-se dizer que o jogo foi e é uma constante em 
todas as civilizações, nas quais esteve ligado a diferentes manifestações: 
sagradas, festivas, de guerra, de espetáculo, de lazer, educativas, terapêu-
ticas etc.
O jogo, segundo Gilles Brougere, citado por Carneiro (2007), pos-
suía, na antiga Roma, um aspecto religioso. Havia jogos em homenagem 
a vários deuses, ou seja, atos e ritos oferecidos a eles como um presente. 
Outra característica interessante refere-se ao caráter contemplativo: tra-
tava-se de jogos em que a exibição era mais importante que a participação, 
uma vez que eram competidos por escravos, para o deleite dos expectado-
res. Já na Grécia Antiga, os jogos eram realizados em forma de lutas, con-
cursos, combates, atividades ginásticas e também manifestações teatrais. 
Além dos conhecidos jogos Olímpicos (inaugurados em 776 a.C.), havia 
outros, como os jogos Pítios e os Nemeus, que eram realizados também 
em honra às divindades.
Dessa forma, jogar simbolizava “a celebração e a reenergização 
da vida e do mundo, na qual cooperar, lutar, vencer, superar, perder ou 
morrer (atos comuns nos jogos) eram atitudes entendidas como elemen-
tos pertinentes e necessários à regeneração cósmica, fundamental para 
a sobrevivência da sociedade” (BROUGÈRE, 1998 apud WITTZORE-
CKI 2009, p. 40).
No livro A formação do símbolo na criança, de 1946, Jean Piaget, 
citado por Carneiro (2007), relacionou a brincadeira e o jogo com o desen-
volvimento cognitivo da criança. Para esse estudioso, a criança adapta a 
realidade e os fatos às suas possibilidades e esquemas de conhecimento, 
manifestando isso também no brincar.
Segundo a psicanálise, e, de acordo com Carneiro (2007), podemos 
expressar nossos desejos de forma simbólica quando sonhamos, fantasia-
mos ou brincamos. É comum, por exemplo, observar uma criança brincar 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 28 –
repetidamente com algo que lhe provocou sofrimento. É no jogo, portanto, 
que a criança pode recriar situações, de modo a elaborar e suportar episó-
dios traumáticos, dolorosos ou mesmo prazerosos.
Winnicott, também citado por Carneiro (2007), argumenta que brin-
car pode interessar tanto ao psicoterapeuta quanto ao professor. Sua teori-
zação acerca do brincar assenta-se eminentemente nas primeiras relações, 
ou seja, nas relações primárias do bebê com a mãe. Para esse autor, se o 
processo de separação entre o bebê e sua mãe for bem-sucedido e capaz 
de inspirar confiança, cria-se entre os dois uma zona intermediária ou de 
transição (entre a experiência de sentir-se fundido e separado) que é deno-
minada de espaço potencial ou transicional.
Segundo Mariotti (2004), na aparente singeleza dos jogos infantis o 
adulto sensível pode descobrir uma valiosa chave de entendimento e comu-
nicação com as crianças, porque, cada vez que joga, a criança está apren-
dendo a investigar, a descobrir, a aceitar e amar o mundo de que faz parte. 
A atividade de uma criança jogando, no geral não merece nossa atenção, 
porém seu desenvolvimento sucede enquanto ela joga, simplesmente. 
Segundo Carneiro (2007), os jogos podem ser
 2 de campo: realizados em médios e grandes espaços, que permi-
tem aos participantes grandes deslocamentos, com ou sem uso 
de materiais diversos. Por exemplo: jogos com bola (‘bobinho”, 
“caçador”) e jogos de correr (“pega-pega”, “nunca três”).
 2 de salão: realizados em espaços mais fechados e de menor mobi-
lidade. São divididos em:
 2 jogos sensórios (atuando sobre os sentidos, proporcionando 
sensações agradáveis e desafiadoras);
 2 jogos motores (envolvendo atividades de coordenação 
motora e agilidade);
 2 jogos intelectuais (como xadrez, quebra-cabeça, charadas, 
damas, dominó).
Segundo Darido (2007), tão fascinante quanto jogar, a palavra jogo 
emerge dos dicionários possibilitando-nos interpretações diversas. Podería-
– 29 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
mos dizer que o jogo é um universo compreendido muito bem pelas crianças 
e, ao mesmo tempo, um fenômeno extremamente complexo. Para o autor, a 
preocupação com o fenômeno jogo, apesar de intensa, vem muito mais de 
estudiosos da educação. À Educação Física, coube, até agora, o interesse pelos 
jogos em si, com sua utilização, muitas vezes, quase que despreocupada.
A respeito do jogo, inúmeros autores teceram considerações extrema-
mente ricas. Talvez a mais famosa conceituação, embora às vezes contes-
tada, seja a de Huizinga (2001), citado por Darido (2007):
(...) o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida den-
tro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo 
regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, 
dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento 
de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida 
quotidiana” (Rangel, 2008, p. 33).
Para Darido (2007), tanto a brincadeira quanto o esporte são manifes-
tações do fenômeno jogo.
O jogo é uma categoria maior, uma metáfora da vida, uma simula-
ção lúdica da realidade, que se manifesta, que se concretiza quando 
as pessoas fazem esporte, quando lutam, quando fazem ginástica, 
ou quando as crianças brincam (p. 69).
Figura 2.3 – Meninos jogando futebol
Fonte: Shutterstock.com/ Fotokostic
Segundo Darido (2007), podemos identificar que o jogo possui alguns 
aspectos, como possuir regras, ser prazeroso, não é uma obrigação, possui 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 30 –
tempo e lugar próprios etc. Assim, o jogo traz alguns conceitos, como os 
limites, a liberdade e a invenção. Darido coloca ainda que o jogo facilita o 
que é difícil, e por isso é tão utilizado pela pedagogia e pela psicologia, e 
possui portanto um papel crucial para formação da personalidade infantil.
Toda criança brinca e joga. Por isso, mesmo que jogos e brincadeiras 
não sejam restritos a crianças, quando pensamos neles, automaticamente 
os associamos ao público infantil. Mas hoje já vemos idosos utilizando 
jogos para recreação e, ampliando o olhar, vemos que jogos como os que 
utilizam cartas são praticados por todas as idades.
2.2.1 A importância do jogo e da brincadeira 
Há relatos de jogos e brincadeiras desde a Antiguidade. Nas caver-
nas, há registros de desenhos nas suas paredes simulando jogos. Tais evi-
dências auxiliam a confirmar que os jogos estiveram presentes em todas 
as civilizações. A famosa brincadeira de amarelinha, empinar pipa, jogar 
pedrinhas, são práticas que podem ter surgido na Grécia e no Oriente, o 
que comprova a universalidade dos jogos infantis.
As brincadeiras variam entre as regiões, como letra das canções, nome 
dos jogos, mas a essência permanece a mesma. No Brasil, herdamos dos por-
tugueses, índios e negros uma quantidade considerável de jogos e brincadeiras.
Figura 2.4 – Jogo de tabuleiro
Fonte: Shutterstock.com/ Fotyma
– 31 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Rosa (2016) realizou uma pesquisa no município de Alvorada/RS 
com crianças de uma escola da rede pública estadual, com o objetivo de 
identificar a importância dos espaços para prática do lazer, de jogos e 
brincadeiras, como a escola, a casa, a rua, as praças e os parques. A pes-
quisa se deu por intermédio de um questionário, pelo qual Rosa (2016) 
constatou que os espaços públicos oferecidos eram insuficientes para a 
fruição dos momentos de lazer, e essa falta de espaçostinha relação com 
a falta de uma política pública com ações voltadas para o lazer, e, apesar 
de a pesquisa ter sido feita em um único município brasileiro, essa é a 
realidade representada por muitas outras regiões quando se fala em ins-
tituições públicas.
O estado, juntamente com os municípios, deveria oferecer o acesso 
ao esporte e ao lazer – direito garantido na constituição – fomentando, 
nas praças e parques, encontros descontraídos e prazerosos das famílias, 
os quais servem como estímulo e motivação às crianças e aos jovens para 
a prática de esportes, brincadeiras e jogos ao ar livre, bem como para o 
contato entre as pessoas, promovendo, assim, o desenvolvimento social, a 
cooperação, a interação e o desenvolvimento psicomotor. 
Chamamos organizações desportivas públicas, ou de caráter público, 
as unidades administrativas, as entidades, os órgãos ou as sociedades cria-
das pelas administrações públicas para desenvolver políticas públicas 
de incentivo ao esporte e construção e gestão de complexos desportivos 
(SANTANA, 2011). Essas organizações desenvolveram-se na medida em 
que as instituições públicas passaram a destinar recursos ao esporte, fun-
damentalmente a partir de 1980, com as prefeituras democráticas, e por 
intermédio de competências assumidas pelas comunidades autônomas, de 
acordo com Carneiro (2007).
Nem todos os municípios possuem estrutura para o desenvolvimento 
de atividades físicas voltadas ao bem-estar da população. Carneiro (2007) 
apresenta que o esporte e o lazer, conforme preconizam os artigos 6º e 
127 da Constituição Federal, são direitos de cada cidadão, e o Estado deve 
grantir o acesso ao esporte e ao lazer como forma de mudar o quadro de 
vulnerabilidade social, atuando como instrumentos de formação integral 
dos indivíduos e, consequentemente, possibilitando o desenvolvimento da 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 32 –
convivência social, a construção de valores, a promoção da saúde e o apri-
moramento da consciência e da cidadania.
A seguir são apresentados os resultados encontrados na pesquisa de 
Rosa (2016):
Figura 2.5 – Gráfico referente ao questionário
Faz atividade ou brincadeira 50
Faz brincadeiras ou jogos em casa 45
Não realiza brincadeiras em casa 5
Fonte: adaptada de Rosa (2016).
Figura 2.6 – Gráfico referente ao questionário
Onde sua família realiza os momentos de lazer?
– 33 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Casa 31
Parques e Praças 11
Shopping 7
Sítio 1
Fonte: adaptada de Rosa (2016).
Segundo a Secretaria Estadual do Esporte e Lazer e Fundação de 
Esporte e Lazer do RS (2014), o lazer foi reconhecido como direito de 
toda a população, na década de 1980, período em que o país viveu o resta-
belecimento da democracia, num processo marcado por ampla participa-
ção da sociedade e que culminou na Constituição Federal de 1988.
A Constituição Federal não apenas determina o fomento a práticas 
desportivas formais e não formais como dever do Estado, como também 
afirma que ambas devem ser tomadas como forma de promoção social.
Segundo Vieira (2011) citado pela Secretaria Estadual de Esporte e 
Lazer e Fundação de Esporte e Lazer do RS (2014), a responsabilidade de 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 34 –
ação acaba por recair sobre a esfera municipal, a qual se relaciona dire-
tamente com o cidadão. Dessa forma, o Governo Federal deve oferecer 
subsídios aos Municípios para que os programas sociais atinjam seus 
objetivos de superação da marginalidade, sendo esta considerada como 
característica daquele que se encontra à margem dos processos sociais, 
posto que alterações de comportamento exigem programas continuados 
capazes de possibilitar o desenvolvimento de novos valores, baseados 
em uma maior reintegração à sociedade, permitindo o desprendimento de 
antigas atitudes.
Há um acordo conceitual importante, na medida em que se acredita 
que, no tempo e no espaço de lazer, a manifestação cultural esportiva apre-
senta-se como possibilidade a ser vivenciada por todos que a acessam. 
Desse modo, pode ser uma experiência que colabora para a emancipação 
humana, o que deve motivar a ação consciente e decidida de estímulo ao 
lazer esportivo (SILVA JÚNIOR, 2006, [S.p.]).
Figura 2.7 – Criança admirando balão
Fonte: Shutterstock.com/ Iam_Anupong
Segundo Mariotti (2004), tempo livre é o que fica isento da satisfa-
ção das necessidades vitais de um indivíduo (alimento, descanso, higiene, 
por exemplo), assim como de exigências (estudar, trabalhar, aprender um 
idioma). A relação com a atividade recreativa se dá quando nesta experi-
menta-se a vivência do “não obrigatório”, quando o tempo que ocupamos 
nela é lúdico. Neste sentido, como atividade de cunho próprio, sem rédeas, 
– 35 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
sem limites. Mas o tempo livre não é, necessariamente, uma condição 
indispensável para que a brincadeira tenha lugar.
2.3 Jogos e brincadeiras para aplicação
A seguir, foram selecionadas algumas brincadeiras que possuem um 
formato mais lúdico, e não requerem muitos materiais. 
É importante ressaltar que, para cada faixa etária ou de desenvolvi-
mento, existem algumas brincadeiras que melhor se encaixarão. Cabe ao 
professor analisar e propor a que melhor se relaciona. Sugere-se, também, 
realizar adaptações, de modo a permitir que, tanto nas regras quanto no 
formato, a participação da criança e do grupo seja de forma protagonista.
Caixinha de surpresas
1- Prepare uma caixinha com tarefas engraçadas e feche-a bem.
2- Coloque os participantes do grupo sentados em círculo.
3- A caixinha deverá circular de mão em mão até um sinal dado, ou ao 
som de uma música que todos deverão cantar batendo palmas até que 
pare, subitamente.
4- Aquele que estiver com a caixinha quando é dado o sinal, ou 
quando a música para, deverá tirar da caixinha uma papeleta e execu-
tar a tarefa prescrita.
5- A brincadeira continua enquanto houver papéis na caixinha.
Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-
importancia-da-recreacao-e-educacao-fisica-nas-escolas/50585.
Cruzado ou descruzado
1- Coloque o grupo todo disposto em forma circular.
2- Apresente dois objetos que se possam cruzar - dois lápis, por exemplo.
3- Os dois lápis serão passados ao primeiro vizinho.
4- A pessoa que passa o lápis deverá declarar “cruzado” ou então “des-
cruzado” momento em que o animador julgará e dirá “certo” ou “errado”.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 36 –
Cruzado ou descruzado
5- O truque está em que, enquanto quem passa os lápis diz cruzado ou 
descruzado referindo-se aos lápis, o animador diz certo ou errado refe-
rindo-se à perna de quem passa, perna cruzada ou descruzada.
6- O brinquedo prossegue até todos descobrirem o truque.
7- Quem descobrir não divulgará sua descoberta, mas fará coro ao ani-
mador no julgamento “certo ou errado”.
Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-
importancia-da-recreacao-e-educacao-fisica-nas-escolas/50585.
Fui à feira
1- Coloque o grupo reunido em círculo.
2- Comece falando: “Fui à feira e comprei bananas”
3- O seguinte participante deverá repetir a frase e acrescentar mais um 
produto. Exemplo: “Fui à feira e comprei bananas e laranjas.”
4- Quem se distrair ou quebrar a sequência, sai da brincadeira.
Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-
importancia-da-recreacao-e-educacao-fisica-nas-escolas/50585.
Morto-vivo
1- Disponha os alunos de frente para a criança que for escolhida como 
líder, que é quem dará os comandos: “morto”, quando todos devem se 
abaixar, e “vivo”, quando todos devem se levantar.
2- A dificuldade aumenta conforme a velocidade e a sequência ditada 
pelo líder.
3- Quem se engana, passa a ser o líder.
4- Ganham os participantes que não se enganarem.
Fernandes ([S.d.]).
– 37 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Telefonesem fio
1- Coloque a turma em fila, uma ao lado da outra. As crianças transmi-
tem uma mensagem no ouvido da criança que está mais próxima.
2- A mensagem pode ser uma palavra ou frase escolhida por quem está 
na ponta, ou sugerida por outra pessoa. 
3- Iniciado o jogo, os participantes têm que dizer ao ouvido de quem 
está ao seu lado a mensagem escolhida.
4- Se alguém não entender bem a mensagem, tem que repassá-la mesmo 
assim, uma vez que esta não pode ser repetida. 
5- As mensagens costumam ser modificadas ao longo do jogo, e o último 
fala em voz alta o resultado.
Fernandes ([S.d.]).
Estátua
1- As crianças se posicionam de forma aleatória e dançam ao som da 
música, mas quando ela for parada, os participantes não podem se mexer 
mais, permanecendo na forma como estavam quando a música parou.
2- Depois disso, você ou um aluno escolhido deve passar pelos partici-
pantes avaliando quem permanece imóvel como uma estátua. 
3- Pode apenas passar entre os participantes ou falar com eles e fazer 
caretas tentando fazer com que eles se mexam.
4- Quem se mexer, passa a auxiliar a professora a identificar quem se 
movimenta.
Fernandes ([S.d.]).
Detetive
1- Escreva em um papelzinho a palavra “detetive”; em outro, “ladrão”, 
e, de acordo com o número de participantes, escreva papeizinhos com a 
palavra “vítima”.
2- Faça um sorteio e depois organize as crianças em roda, sentadas ou 
em pé, para o jogo começar.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 38 –
Detetive
3- Assim, o participante que pegou o papel de “ladrão” tem que arriscar 
e piscar para os outros participantes - um por vez - para tentar matá-los, 
mas sem que seja percebido.
4- Se o participante para quem o ladrão piscar for uma “vítima”, dirá 
“morri”, mas, se for o “detetive”, o ladrão é descoberto, fazendo com o 
que jogo acabe.
Fernandes ([S.d.]).
Dança das cadeiras
1- Coloque cadeiras dispostas em roda ou viradas de costas uma para as 
outras, em duas fileiras.
2- Deve ter uma cadeira a menos que o número de participantes.
3- Com o auxílio de música, as crianças devem começar a correr, em 
fila, em volta das cadeiras até que você pare ou abaixe o som. Cada par-
ticipante tem que tentar ocupar um lugar para se sentar.
4- O participante que ficar em pé, sai do jogo, e, com a sua saída, sai 
também uma cadeira, até o fim do jogo. Todos que saem devem cantar a 
música e bater palmas no ritmo.
Fernandes ([S.d.]).
Quente ou frio
1- Esconda um objeto, que será procurado pelos alunos. 
2- À medida que uma criança se aproxima do local onde o objeto foi 
escondido, você diz «quente», mas, ao contrário, quanto mais distante, 
diz “frio”.
3- Você pode ajudar ainda mais dizendo que “está esquentando” ou “está 
tão frio que congela”.
4- Quem encontrar o objeto, passa a comandar a brincadeira da próxima vez.
Fernandes ([S.d.]).
– 39 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Espelho
1- Em duplas, e posicionadas de forma aleatória em um espaço, as crian-
ças têm que imitar os movimentos de quem está à sua frente, tal como se 
uma fosse o espelho da outra.
2- Uma criança pode ser escolhida como líder e será a responsável por 
avaliar quem consegue imitar melhor a criança à sua frente.
3- Ganha quem conseguir ser mais fiel aos gestos do seu companheiro.
Fernandes ([S.d.]).
Queimada
1- Divida os alunos em dois grupos. Cada equipe deve ocupar um lado 
de um campo chamado de campo de batalha, cujo meio deve ser mar-
cado com um risco no chão.
2- Com uma bola, as crianças tentam acertar nos participantes da equipe 
adversária. As atingidas, são «queimadas», e saem do jogo.
3- Quando uma equipe lança a bola, a outra tem que tentar segurar e, 
em seguida, mandar a bola novamente para o lado oposto do campo 
para tentar atingir os adversários, ou então os integrantes têm que tentar 
escapar da bola sem sair dos limites do campo.
4- Ganha quem ficar por último, ou seja, aquele que não for “queimado”.
Fernandes ([S.d.]).
Pular elástico
1- Para essa brincadeira, é preciso um elástico de, pelo menos, 3 metros, 
o qual será amarrado pelas pontas, e haver, no mínimo, três participan-
tes.
2- Duas crianças colocam o elástico na altura dos tornozelos e se distan-
ciam para mantê-lo esticado, com a forma de um retângulo. 
3- Outra criança tenta saltar o elástico, para dentro e para fora, sem se 
embaraçar nele.
4- São feitos vários movimentos com o elástico, saltando e o cruzando 
entre os pés. 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 40 –
Pular elástico
5- A dificuldade aumenta à medida que a altura do elástico vai subindo 
ao longo do jogo.
Fernandes ([S.d.]).
Jogo do Stop
1- Numa folha de papel, as crianças devem fazer colunas com os temas 
que querem preencher ao longo do jogo (nome, cor, fruta, carro, objeto, 
país, entre outros). 
2- Uma das colunas deve ser reservada para a soma dos pontos.
3- Antes de cada partida, dizem “stop”, e cada participante mostra quan-
tos dedos quiser.
4- O número de dedos corresponde às respectivas letras do alfabeto: 1 é 
A, 2 é B e assim por diante.
5- Depois de conhecida a letra, as crianças começam a preencher cada 
item da lista com um nome iniciado por essa letra. 
6- Quem terminar de preencher primeiro, grita “stop” e o restante dos 
participantes para de escrever.
7- Ao fim de cada partida, os pontos são somados, sendo que cada um 
dos itens preenchidos vale 10, mas se alguém tiver preenchido com o 
mesmo nome, o item passa a valer 5 pontos.
8- Ganha quem tiver mais pontos.
Fernandes ([S.d.]).
Escravos de Jó
1- Coloque os alunos sentados em roda e na posse de objetos semelhan-
tes (pedrinhas ou copinhos, por exemplo). As crianças vão passando os 
objetos para a criança ao lado, ao som da canção Escravos de Jó.
2- Ao cantar a palavra “tira”, a criança levanta o objeto do chão, depois, 
na sequência do verso, “bota”, devolve o objeto para o chão, e, no “deixa 
ficar”, a criança volta a passar o objeto para quem está ao seu lado.
– 41 –
O lúdico, o brinquedo, o jogo e suas relações 
Escravos de Jó
3- No “zigue-zigue-zá”, do verso “Guerreiros com guerreiros fazem 
zigue-zigue-zá”, a criança passa o objeto para a frente e volta atrás sem 
o soltar.
Fernandes ([S.d.]).
 QRCode
No canal Mundo Das Crianças Tv, no 
YouTube, é possível conhecer a rítmica 
desta canção:
Link: https://www.youtube.com/
watch?v=iFwV4Q24KbU. Acesso em: 21 
set. 2020
É importante salientar a função do professor como “condutor” destas 
práticas, uma vez que estas brincadeiras antigamente eram passadas de 
criança para criança, em espaços de lazer, e hoje, com a diminuição 
destes espaços, muitas 
crianças desconhecem 
estas atividades. 
Também é o professor 
quem pode incentivá-
las, com o protagonismo 
das crianças, dos 
adolescentes, e de jovens 
e adultos.
Também é o profes-
sor quem pode incentivá-
-las, com o protagonismo 
das crianças, dos adolescentes, e de jovens e adultos. As brincadeiras 
podem ser utilizadas no recreio escolar, nos intervalos de alguma ativi-
Figura 2.8 – Crianças brincando, guiadas por adulto
Fonte: Shutterstock.com/ Kzenon
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 42 –
dade dirigida, e, inclusive em dias de chuva, quando a atividade em quadra 
não seja possível.
 Saiba mais
Cartilha de orientação de jogos e brincadeiras das culturas populares 
na Primeira Infância
http://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/crianca_feliz/Cartilha-
CriancaFeliz_web.pdf
Desenvolvida pelo Ministério da Cidadania, Secretaria Especial da 
Cultura, Secretaria da Diversidade Cultural, Departamento de Promo-
ção da Diversidade Cultural, Secretaria Especial do Desenvolvimento 
Social, Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano 
e Departamento de Atenção à Primeira Infância, com Produção Edito-
rial e Coordenação-geral de Renata de Carvalho Ferreira Machado e 
Gilvani Pereira Grangeiro, esta publicação tem o objetivo de mostrar 
um pouco das brincadeiras e brinquedos da cultura popular e tradicio-
nal do Brasil paraa primeira infância. As atividades desta cartilha estão 
apresentadas por faixas etárias, do nascimento até os cinco anos.
Atividades
1. Em que dimensão ocorre o desenvolvimento da criança por 
intermédio das brincadeiras?
2. O que são e como se classificam os jogos de salão? 
3. Quais princípios podem ser verificados no jogo? Qual a ideia de 
formato do jogo?
4. Qual a função do professor na condução dos jogos e brincadeiras? 
3
Introdução aos jogos 
e brincadeiras 
O jogos e as brincadeiras são muito mais numerosos do que 
os registrados. É impossível reproduzir o universo lúdico das 
crianças sem utilizar estes dois elementos. Compreender a histó-
ria do brincar é um trabalho de pesquisadores pelo mundo todo. 
São diversas fotografias de jogos e brincadeiras de acordo com 
seu tipo, material, funcionamento, temas e formatos. Essa prática 
social e cultural da criança tem grande significado no lugar em 
que a sociedade concede à criança e às representações que essa 
sociedade faz da infância. A ideia deste capítulo não é organizar 
um catálogo de jogos e brincadeiras, mas, por meio dos tópicos, 
vamos contextualizar a história da brincadeira e do jogo para que 
possas compreender que tanto as práticas do passado quando 
as atuais se cruzam e são fundamentais no desenvolvimento 
humano. O uso da tecnologia também pode estimular o imagi-
nário e a criatividade. Porém, não estimula muito as vivências 
corporais, que são fundamentais para nosso desenvolvimento 
afetivo, cognitivo e psicomotor. Na literatura, nos jornais ou 
nas biografias, a lembrança dessas práticas foi conservada pelos 
folcloristas do século XIX e por etnólogos do século XX. Nas 
sociedades trandicionais, ainda se conserva parte destas práticas, 
o que nos permite a redescoberta de brincadeiras utilizadas, a 
maneira como eram realizadas e como elas ocorriam.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 44 –
Figura 3.1 – Criança brincando com bolha de sabão
Fonte: Shutterstock.com/AMidesign
3.1 História dos jogos e das brincadeiras
Para pensarmos na história dos jogos e das brincadeiras, precisamos 
levar em conta essa dimensão, implicando em leituras dos pedagogos e 
dos educadores. Os jogos aparecem na literatura geral e somente a partir 
do século XVIII na literatura infantil. A partir deste material é que sabe-
mos sobre a importância da utilização pedagógica e terapêutica dos jogos 
e brincadeiras nos trabalhos científicos brasileiros atuais. É importante 
ressaltar que a representação da cultura da infância oferecida pela litera-
tura infantil ocupa um lugar especial na construção da história dos jogos e 
das brincadeiras. Os jogos e brincadeiras testemunham o olhar da criança 
e da sua cultura infantil; é por meio das representações que a criança se 
comunica com o mundo à sua volta. O mesmo vale para o adolescente, o 
adulto e a as pessoas da terceira idade. Cada país opera a sua própria sín-
tese entre as raízes culturais locais e as que vêm de fora, e é assim que nas-
cem seus jogos e brincadeiras regionais. A história da criança e da infância 
é, no Brasil, uma história sem dúvida muito complexa; para construir a 
história do jogo e da brincadeira nesse país, é preciso pesquisar muito as 
fontes, analisar e interpretar as que se parecem com as ferramentas e os 
conceitos que devem ser especificamente adaptados à história, à cultura e 
à sociedade brasileira.
– 45 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
Tendo em vista que o Brasil é um país muito grande, diversas são 
as brincadeiras tradicionais. Algumas delas são características de regiões 
específicas.
Entre as principais, podemos citar:
 2 amarelinha
 2 cabra-cega
 2 esconde-esconde
 2 passa anel
 2 cabo de guerra.
 2 queimada
 2 batata quente
 2 pula sela
 2 morto-vivo
 2 elástico
 2 bambolê
 2 bola de gude
Figura 3.2 – Brincadeira com bola de gude e bambolê
Fonte: Shutterstock.com/Robert Kneschke
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 46 –
 QRCode
No link a seguir, do blog Como Educar 
Filhos, conheça algumas das brincadei-
ras mais realizadas nas regiões Nor-
deste e Sudeste do Brasil para ensinar 
as crianças.
Link: http://comoeducarseusfilhos.com.
br/blog/6-brincadeiras-infantis-do-nor-
deste-e-do-sudeste/
3.2 Jogos cooperativos
Dentre os jogos, vamos dar destaque aos jogos cooperativos. Este 
tipo de jogo tem como principal objetivo socializar as pessoas por meio de 
atividades que normalmente estão presentes nos jogos recreativos. Apesar 
de os jogos competitivos serem importantes no processo pedagógico, os 
jogos cooperativos podem ser utilizados como um recurso para antecipar 
as atividades competitivas esportivas e colaborar para desenvolver o tra-
balho em equipe.
Para Soler (2002) e Brotto (2001), os jogos cooperativos são aque-
les em que se joga em conjunto com alguém, e não contra. O objetivo da 
prática é unir os participantes, com uma meta coletiva, e não individual. 
Assim, os jogos cooperativos têm como foco a superação de desafios 
e obstáculos, e não a superação do outro. Algumas competências que 
podem ser adquiridas com estas práticas são a empatia, a cooperação e 
a comunicação. 
3.2.1 História e classificação dos jogos cooperativos
Os jogos cooperativos tiveram início na década de 1950, nos Esta-
dos Unidos da América (SOLER, 2002). Na década de 1970, o professor 
Orlick (1999), da Universidade de Ottawa, no Canadá, foi um dos princi-
– 47 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
pais difusores desse tipo de jogo. Orlick organizou os jogos cooperativos 
em três categorias, a saber:
 2 jogos cooperativos sem perdedores – formados por um único 
grande time;
 2 jogos de resultado coletivo – duas ou mais equipes, com forte 
traço de cooperação generalizado (dentro de cada equipe e entre 
equipes). O objetivo principal desse tipo de jogo é realizar metas 
em comum.
 2 jogos de inversão – o praticante tem uma interdependência com 
a equipe.
O professor deve auxiliar para que o jogo cooperativo aconteça, 
somente intervindo quando necessário. Deve ainda propiciar um ambiente 
favorável para que o praticante se sinta motivado em jogar.
Quadro 3.1 – Comparação entre jogos competitivos e cooperativos
Jogos competitivos Jogos cooperativos
São divertidos apenas para alguns. São divertidos para todos.
Alguns têm o sentimento de derrota. Todos têm sentimento de vitória.
Alguns são excluídos por falta de 
habilidade.
Todos se envolvem independente 
de suas habilidades.
Aprende-se a ser desconfiado e 
egoísta. Aprende-se a compartilhar e confiar.
Divisão por categorias (meninos 
versus meninas).
Há mistura de grupos, com um 
nível de aceitação mútua.
Os perdedores são excluídos e tor-
nam-se observadores.
Os jogadores estão envolvidos por 
mais tempo no jogo.
Os jogadores não se solidarizam 
e ficam “felizes” quando algo de 
ruim acontece aos outros.
Aprende-se a se solidarizar com os 
sentimentos dos outros.
Os jogadores são desunidos. Os jogadores têm um senso de unidade.
Os jogadores perdem a confiança 
em si. Desenvolvem autoconfiança. 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 48 –
Jogos competitivos Jogos cooperativos
Pouca tolerância à derrota desen-
volve em alguns um sentimento de 
desistência face a dificuldades.
A habilidade de perseverar face às 
dificuldades é fortalecida.
Poucos se tornam bem-sucedidos. Todos encontram um caminho para se desenvolver.
Fonte: Walker (1987).
3.3 Competências e habilidades relacionadas 
à prática dos jogos e brincadeiras
Para compreendermos as competências e habilidades relacionadas à 
prática dos jogos e das brincadeiras, é fundamental contextualizar com o 
documento vigente que orienta a educação básica quanto ao desenvolvi-
mento de competências e habilidades no ensino formal – a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC). A BNCC é um documento feito pelo Minis-
tério da Educação (2018), o qual define as aprendizagens essenciais para 
alunos brasileiros no Ensino Básico. Objetivaque todos os estudantes 
tenham a preservação do direito ao acesso ao conhecimento, independen-
temente das diferenças sociais ou culturais.
A BNCC serve de referência para o desenvolvimento dos currículos 
das redes municipais, estaduais e federal. Ela pode ser uma balizadora 
da qualidade da educação nas escolas públicas e particulares do país. 
Para atividades em contraturno e em escolas especializadas, é interes-
sante se utilizar deste documento, a fim de justificar a importância dos 
serviços prestados. 
Segundo a BNCC, dez competências gerais devem nortear a produ-
ção de conhecimento de todas as disciplinas escolares. Os alunos devem 
aprender a (BNCC, 2018):
1. aplicar os conhecimentos sobre o mundo para compreender a 
realidade e construir uma sociedade mais justa, democrática e 
inclusiva.
– 49 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
2. promover pensamento científico, crítico e criativo para encontrar e 
solucionar problemas de diferentes áreas.
3. valorizar e participar de manifestações artísticas e culturais do Bra-
sil e do mundo.
4. utilizar diferentes linguagens (verbal, corporal, sonora, digital…) 
para produzir e compartilhar conhecimento.
5. compreender, utilizar e criar tecnologias digitais nas diversas prá-
ticas sociais para compartilhar e produzir conhecimento, resolver 
problemas e exercer protagonismo.
6. valorizar a diversidade e apropriar-se de conhecimentos que 
colaborem no mundo do trabalho, exercício da cidadania e pro-
jeto de vida.
7. promover os direitos humanos, consciência socioambiental e o 
consumo responsável com base em informações confiáveis.
8. conhecer e preservar a própria saúde física e emocional.
9. exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a coope-
ração, valorizando a pluralidade sociocultural sem preconceitos.
10. agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, fle-
xibilidade, resiliência e determinação, em defesa da ética, demo-
cracia, inclusão, sustentabilidade e solidariedade.
A seguir, iremos verificar as habilidades eu desenvolvo quando jogo 
ou realizo brincadeiras (7 HABILIDADES... [S.d.]):
1. Criatividade
Ao brincar, utilizamos imagens, cenários, cores, desafios etc., 
o que exige grande imaginação e criatividade. Jogos e brinca-
deiras auxiliam as crianças no desenvolvimento da criatividade, 
que está potencializado nessa fase da vida. Ao aprimorar essa 
habilidade, a criança pode então explorá-la de outras formas nas 
tarefas do cotidiano.
2. Trabalho em equipe
Os jogos podem ajudar a trabalhar esta competência tão impor-
tante, pois os jogos exigem interação e o trabalho pelo bem do 
coletivo. Mesmo em jogos individuais, há interação, pois preci-
samos trocar ideias, informações etc.
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 50 –
3. Raciocínio lógico
O jogo exige raciocínio lógico, realizar ações em sequência. Por 
isso, essa habilidade é amplamente trabalhada.
4. Resolução de problemas
Durante o jogo podem surgir problemas, e a habilidade de 
resolver problemas se fará importante para obter sucesso/ven-
cer a partida.
5. Comunicação
Em muitos jogos, é necessário trabalhar em equipe. Para isso, 
é preciso aprender a ter uma boa comunicação O contato com 
outras pessoas estimula o aprimoramento dessa habilidade.
6. Pensamento abstrato
Em brincadeiras e jogos, muitas vezes precisamos pensar de 
forma abstrata, ou seja, o pensamento sobre o que não está no 
meio físico. A organização dessas ideias na mente é um estímulo 
para desenvolver essa competência, que é importante em diver-
sas situações da vida.
7. Resiliência
Resiliência é a habilidade em vivenciar um problema e manter o 
equilíbrio emocional. Essa competência relaciona-se com supe-
rar frustrações, o que pode acontecer com frequência em jogos, 
afinal, às vezes o planejado pode não dar certo, e o resultado 
do jogo não ser satisfatório, ou ser necessário recomeçar tudo o 
que foi feito. A resiliência traz a capacidade de compreender que 
esse tipo de situação acontece e organizar os pensamentos, bus-
cando no raciocínio lógico a resolução de problemas e a supera-
ção do ocorrido.
Ainda pensando no desenvolvimento de habilidades durante a prática 
de jogos e brincadeiras, a Universidade de Harvard, dentro do seu cen-
tro de desenvolvimento infantil, produziu um guia com estas habilidades. 
Este material chama-se: Como usar brincadeiras para ensinar habilida-
des essenciais a crianças. Acesse em: https://developingchild.harvard.edu/
– 51 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
media-coverage/como-usar-brincadeiras-para-ensinar-habilidades-essen-
ciais-a-criancas-segundo-harvard/
Neste material, atividades são sugeridas para serem aplicadas por pais 
e professores, para desenvolver crianças, tendo em vista a formação de adul-
tos prontos para o futuro no mercado de trabalho e nas relações humanas. A 
seguir, os dados contidos neste material, explicados pela BBC Brasil:
Para bebês de 6 a 18 meses de idade
- Brincar de “esconde/achou!” ajuda a exercitar a memória, ao 
desafiar o bebê a lembrar quem está escondido e a esperar que a 
pessoa se revele.
- Esconda um brinquedo sob um pano e peça ao bebê que o pro-
cure; aumente o desafio à medida que ele identifique os objetos. Ao 
lembrar a mudança de lugar do brinquedo, ele exercita a memó-
ria. Crianças maiores vão se divertir se escondendo e escutando o 
adulto enquanto ele a procura. Uma variação dessas brincadeiras 
é esconder um objeto sob um de três copos virados para baixo e 
pedir que a criança adivinhe em qual ele está.
- Jogos de imitação divertem e desafiam o bebê a acompanhar 
as ações dos adultos, lembrá-las e esperar sua vez de repeti-las. 
Podem ser desde repetir gestos ou ordenar os brinquedos de certo 
modo (por exemplo, empilhar blocos ou colocar animais dentro de 
um cercadinho), para depois pedir ao bebê que repita (IDOETA, 
2018, [S.p.]).
Para crianças de 18 a 36 meses
- Brincar de jogar e pegar bola, pular, correr para cima e para baixo 
em uma ladeira. Estipule regras simples, como correr até uma linha 
de chegada
- Narrar a brincadeira da criança ajuda-a a entender como a lingua-
gem descreve suas ações. À medida que a criança cresce, é possível 
lançar perguntas: “O que você vai fazer a seguir?” ou “Quero ver 
você colocar a bola dentro do pote. Quais as formas de se fazer isso?”
- Pedir à criança que separe objetos por tamanho, forma ou cor, 
por exemplo, exige da criança entender as regras da atividade, 
memorizá-la e segui-la.
- Brincar de imitar adultos com objetos do dia a dia (panelas, 
vassouras) ou de imaginar, deixando a criança determinar qual 
“papel” ela e o adulto devem interpretar (IDOETA, 2018, [S.p.]).
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 52 –
Para crianças de 3 a 5 anos:
- Brincar de imaginar ajuda a criança a desenvolver pensamentos 
complexos e a interpretar um papel por exemplo recriando uma ida 
ao médico, montando sua peça de teatro ou contando uma história. 
- Estimular a criança a contar histórias, que vão crescendo em 
complexidade à medida que ela crescer estimulando a memória 
e o uso de informações de modo coerente. Ajude-as a criar suas 
próprias histórias e peças.
- Brincadeiras de movimento com música, como “estátua” - tor-
nando as tarefas mais difíceis à medida que a criança vencer os obs-
táculos -, ajudam a ensinar a sincronizar palavras, ações e ritmos.
- Já dá para estimular atividades silenciosas e de foco, como equi-
librar-se em uma trave ou meio-fio da calçada, exercitar uma pose 
de ioga, jogar bingo ou fazer jogos de memória e quebra-cabeças 
mais complexos. Todos exercitam a flexibilidade cognitiva (IDO-
ETA, 2018, [S.p.]).
Para crianças de 5 a 7 anos:
- Jogos com regras e desafios crescentes permitem às crianças 
exercitar habilidades como atenção, foco, memória operacional, 
cooperação e autocontrole. 
- Sugira jogos que sejam desafiadores, mas não em excesso, e 
esteja pronto para ajudar a negociar eventuais conflitos que sur-
jam durantea atividade - por exemplo, usando cara ou coroa para 
designar de quem é a vez de jogar.
- Estimule jogos de tabuleiro, de cartas e de estratégia. Algumas 
sugestões: Uno, Mico, Duvido (também chamado de Desconfio), 
Batalha Naval ou Damas.
- Dança das cadeiras, “estátua”, queimada, batata-quente, músicas 
de repetição em que cada jogador acrescenta uma frase nova e ati-
vidades semelhantes exigem que a criança esteja atenta, entenda 
regras, monitore as ações dos demais e reaja com agilidade.
- É uma fase importante para estimular a prática de esportes organi-
zados - jogos que exigem coordenação e exercício aeróbico, como 
o futebol, ajudam a melhorar a atenção. Atividades como ioga e tae 
kwon do exercitam o foco, a atenção e o controle das ações.
- Atividades mais silenciosas podem exercitar a habilidade de 
resolver problemas, a autonomia e a reflexão. Bons exemplos são 
livros de atividades com labirintos e caça-palavras, quebra-cabe-
ças ou jogos de adivinhar (IDOETA, 2018, [S.p.]).
– 53 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
Para crianças de 7 a 12 anos:
- Nessa idade, é importante ir aumentando a complexidade das ati-
vidades e estimular as que envolvem regras, movimentos, flexibi-
lidade e atenção seletiva.
- Jogos de baralho como Espadas e Bridge, Sudoku, palavras-
-cruzadas e cubo de Rubik (ou cubo mágico) desafiam o cérebro 
e estimulam a memória operacional; games fantasiosos de regras 
complexas, como Minecraft e Dungeons & Dragons, ajudam a pra-
ticar estratégias e objetivos.
- Esportes organizados, instrumentos musicais e aulas de dança 
ajudam a praticar diversos aspectos das funções executivas.
- Pular corda, com todas as suas variações, exige prática e foco.
- Aulas de música ou corais estimulam a seguir ritmos e desenvol-
ver coordenação (IDOETA, 2018, [S.p.]).
Adolescentes
- Atividades como esportes, ioga, meditação, música, teatro, jogos 
de estratégia (como xadrez) ou mesmo de computador (desde que 
com limites de tempo) ajudam a praticar foco, reduzir estresse, 
promover decisões menos impulsivas e gerenciar o próprio com-
portamento (IDOETA, 2018, [S.p.]).
3.4 Os jogos e brincadeiras: planos de aula 
Agora que você já identifica as habilidades relacionadas ao trabalho 
das culturas corporais do movimento, você já pode realizar um plano de 
aula com jogos e brincadeiras.
Pense no seguinte formato:
 2 tema da aula;
 2 objetivo (lembre-se de apresentar uma contextualização com a 
BNCC);
 2 faixa etária;
 2 tempo de aula;
 2 materiais;
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 54 –
 2 aquecimento;
 2 desenvolvimento;
 2 finalização, volta calma;
 2 avaliação.
Exemplo (IDF, 2020):
 2 tema da aula – recreação.
 2 objetos de conhecimentos – brincadeiras e jogos da cultura 
popular presentes no contexto comunitário e regional.
 2 faixa etária – crianças de 6 a 10 anos.
 2 tempo de aula – 2 horas.
 2 materiais – corda.
 2 habilidades desenvolvidas:
 2 o Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e 
jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário 
e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças indi-
viduais de desempenho dos colegas.
 2 o Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, 
visual, oral e escrita), as brincadeiras e os jogos populares 
do contexto comunitário e regional, reconhecendo e valori-
zando a importância desses jogos e brincadeiras para suas 
culturas de origem.
 2 o Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de 
brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e 
regional, com base no reconhecimento das características 
dessas práticas.
 2 o Colaborar na proposição e na produção de alternativas 
para a prática, em outros momentos e espaços, de brinca-
deiras e jogos e demais práticas corporais tematizadas na 
escola, produzindo textos (orais, escritos, audiovisuais) 
para divulgá-las na escola e na comunidade.
– 55 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
1. Aquecimento
Alongamento seguido de explanação sobre a atividade que 
será desenvolvida.
2. Desenvolvimento
 2 Atividade 1: corda no chão
Deve-se estender uma corda no pátio, formando curvas. O 
aluno deve caminhar sobre a corda com os dois pés, equi-
librando-se. Em seguida, a atividade será repetida, porém 
dessa vez com um colega de cada lado segurando o aluno 
peço braço, para facilitar a realização da atividade. Como 
regra, não se deve pisar fora da corda.
 2 Atividade 2: risonhos
Os alunos devem ser colocados em círculo numa área 
aberta. Um dos alunos irá lançar uma bola para o alto e 
em seguida pegá-la no ar. Os demais devem rir sem parar, 
exceto quando a bola tocar o chão, ocasião em que deverão 
se calar imediatamente. Quem não conseguir parar de rir, 
deverá pagar uma prenda (responder a uma pergunta sobre 
algum conteúdo estudado, por exemplo).
 2 Atividade 3: lencinho na mão
Os alunos devem ser colocados em círculo no pátio, senta-
dos no chão. Um deles deve receber um lenço, e em seguida 
irá caminhar em volta do círculo de alunos, deixando o 
lenço, sem que ninguém perceba, atrás de algum colega. 
Este colega deve pegar o lenço e correr atrás do primeiro 
aluno, tentando pegá-lo. Caso consiga, o aluno pego deve 
virar o pegador. Para salvar o fugitivo, ele deve se sentar no 
lugar em que o pegador estava sentado originalmente.
 2 Atividade 4: bola na cabeça
Devem ser formadas duas colunas com o mesmo número 
de participantes. O professor deve distribuir a bola para 
Recreação, Atividades Rítmicas, Dança e Cultura Popular
– 56 –
o primeiro jogador de cada coluna, os quais devem pas-
sar a bola para o colega seguinte, com as duas mãos, por 
cima da própria cabeça. Os alunos do restante das colunas 
devem proceder de igual forma, até o último jogador de 
cada coluna, que deve então correr para a frente e repetir o 
exercício. Essa sequência deve ser repetida até o primeiro 
jogador voltar para a posição inicial na coluna. A equipe 
que realizar a tarefa por primeiro, sem deixar a bola cair no 
chão, é a vencedora.
3. Volta calma
Ao final das atividades, os alunos devem ser posicionados em 
círculo e deve ser feita uma breve discussão sobre a aula – pon-
tos mais apreciados, o poderia ser melhorado etc.
4. Relaxamento
Os seguintes conceitos devem ser desenvolvidos:
 2 entendimento sobre as características dos jogos;
 2 participação de maneira interativa e cooperativa nas ati-
vidades;
 2 prática leal e cumprimento das regras propostas.
Figura 3.4 – Criança em atividade de jogos cooperativos dirigido por professora
Fonte: Shutterstock.com/Oksana Shufrych
– 57 –
Introdução aos jogos e brincadeiras 
A seguir, serão dados exemplos de jogos e brincadeiras para incluir no 
seu plano de aula. Serão divididos pelo formato de realização e classificação.
3.4.1 Jogos cooperativos
 2 Pique bola na mão (BARTHOLO, 2009)
Este jogo é um pega-pega que conta com um pegador e uma bola 
salvadora. O objetivo é passar essa bola entre os alunos, difi-
cultando a ação do pegador. Os alunos devem cooperar entre si, 
fazendo a bola chegar até aqueles que estão em maior dificuldade.
 2 Bola no lençol (BARTHOLO, 2009)
Os alunos devem ser divididos em grupos de 4 ou 5 participan-
tes. Cada grupos deve segurar as pontas de um lençol, aumen-
tando sua superfície, e jogar a bola do lençol de um grupo para 
o outro, utilizando o próprio lençol para lançar a bola. Essa brin-
cadeira tem como objetivo que a bola seja lançada de um grupo 
para o outro sem que toque o solo.
3.4.2 Jogos competitivos
 2 O queijo é meu (BARTHOLO, 2009)
Essa brincadeira tem como objetivo acumular bolas em uma 
equipe. Deve-se dividir uma quadra em quatro espaços iguais. 
Cada um desses espaços será a “casa” de uma equipe, que deve 
possuir 6 integrantes. Os integrantes de cada equipe serão dividi-
dos em funções: 4 integrantes deverão ser os “gatos”, que devem 
permanecer em suas casas e passar o queijo (representado pela 
bola), impedindo que ele seja interceptado pelos “ratos” das 
outras equipes,

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