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ENSINO DE LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA: A LITERATURA DE CORDEL NAS AULAS DE ENSINO MÉDIO Autor: Prof. Orientador: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso (TURMA) – Projeto de Ensino Letras – Português – Projeto de Ensino 2021 RESUMO O presente trabalho tem como tema: A literatura de cordel nas aulas de ensino médio. O objetivo é mostrar a importância do cordel na educação escolar e na leitura. Optaremos pela escolha deste tema, para mostrar que até nos dias atuais os cordéis são muito importantes para a preservação dos costumes regionalistas e partir deles as crianças e adolescentes podem avançar como alunos na sala de aula e na vida através da prática da leitura, já que os textos são fáceis de memorizar. Dessa forma, o cordel pode ser usado como um instrumento que motiva/incentiva as crianças e adolescentes a lerem, recitarem e escreverem folhetos. Consideramos assim que, é de suma importância levar a literatura de cordel para as escolas, isso vai motivar os alunos a conhecerem mais da formação cultural de nosso povo. Pois, o Cordel em sua temática não vai narrar apenas ficção, mas também os fatos que retratam o cotidiano e a realidade que os cordelistas vivem. Portanto ao propor a literatura de cordel nas salas de aula, os professores oferecerão vários recursos para seus alunos que os ajudarão em vários tipos de aprendizagem, como a produção textual, a leitura e a escrita. O artigo foi realizado em modo de pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e sites. Como aporte teórico utilizaremos os autores Barroso (2006), Alves (2008), e Fonsêca (2008). Palavras-chave: Leitura. Literatura. Cordel. 01 INTRODUÇÃO A literatura brasileira existe desde o descobrimento do Brasil, quando Pedro Álvares Cabral escreve a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita na Bahia em 1500, quando descreve ao rei de Portugal suas impressões sobre a terra encontrada aqui. A Literatura é uma área de conhecimento de suma importância para a formação e desenvolvimento humano, isso porque é gratuita e tem o entretenimento que a ficção proporciona, mas também por possibilitar aos leitores refletirem. Isso porque é possível vivenciar as situações que são da ficção, mas que tem inspiração no cotidiano das pessoas. A Literatura é considerada um bem cultural, o qual o acesso a ela contribui para o desenvolvimento da educação estética, da sensibilidade, da concentração, dos aspectos cognitivos e linguísticos no exercício da imaginação. A literatura de língua portuguesa traz uma construção de conhecimento, a qual deve ser leve e prazerosa, e que também é responsável pelo equilíbrio existencial, pelo sucesso e pela emancipação humana. Nesse trabalho estará presente Barroso (2006); Freire (1989); Moran (2000); Cosson (2014) entre outros autores que trazem ótimas reflexões sobre a literatura numa perspectiva da educação para sensibilidade estética e humana. Além dos documentos oficiais publicados pelo Ministério da Educação e Cultura serviram de alicerce teórico para esse trabalho. Essa pesquisa será realizada através de uma pesquisa bibliográfica e com levantamento documental, a qual pretendemos entender quais são as contribuições do ensino de literatura para a formação do leitor no ensino médio e se o ensino da literatura na escola é feito de maneira a contento para se ter bons leitores. 02 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O tema geral deste trabalho é ensino de literatura de língua portuguesa, tendo como específico: A Literatura de cordel nas aulas de ensino médio. Esse tema foi escolhido para conhecermos um pouco mais sobre o cordel, como a sua origem, e a fim de mostrar a importância da inclusão da literatura de cordel em sala de aula, para que assim os docentes possam estabelecer propostas e divulgar essa arte para seus alunos, e com isso fazer com que os alunos tenham o interesse em ler e conhecer mais sobre o cordel. Literatura de cordel é um tipo de poesia popular onde seus versos são compostos por rimas, o cordel é de origem portuguesa e ao ser escritas eram expostas em cordéis, cordas ou barbantes. Nos dias atuais o cordel é popularmente conhecido na região nordeste e norte do Brasil e é recitada pelos cordelistas em forma melodiosa e cadenciada tomando a forma de uma literatura confeccionada para o povo e com suas características muito próprias da região. Conforme Silva, 2016, confirma que: No Brasil, a Literatura de Cordel chegou com os portugueses e permanece até a presente data no nordeste brasileiro e em outras regiões do país, tomando a forma de uma literatura confeccionada pelo povo e para o povo, com características próprias, possuindo seus próprios clássicos e mestres. Quando falamos de literatura, falamos de liberdade, cultura e conhecimento aptos de transformar a visão de mundo do leitor. Com a literatura de cordel não é o oposto. Podemos alegar que esse gênero acaba por veicular os valores sociais da população nordestina. A história da literatura brasileira teve início em 1500 na chegada dos portugueses no Brasil. Isso porque as pessoas que viviam aqui na época eram ágrafas, ou seja, não tinham uma representação de escrita. A produção literária no Brasil começou quando os portugueses escrevem seus primeiros relatos da terra e dos povos que viviam aqui no Brasil. Essas escritas, mesmo que sejam diários e documentos históricos, esses representam as primeiras manifestações escritas em território brasileiro. Como destaca Nogueira (2009) que a literatura de cordel, mesmo consagrada na Europa e chegada ao Brasil pelas mãos dos Portugueses, foram se tornando mais popular, onde o Nordeste e o Sul do País foram regiões que mais presentearam o mundo com grandiosos nomes nessa arte. A literatura brasileira é subdividida em duas grandes eras que acompanham a evolução política e econômica do País, a era colonial e a era nacional. A era colonial da literatura brasileira começou em 1500 e vai até 1808 e recebeu esse nome pois nesse período o Brasil era colônia de Portugal. A era nacional da literatura brasileira começa em 1836 e dura até os dias atuais e recebe esse nome pois ela aconteceu após a Independência do Brasil, em 1822. Nos últimos tempos, a educação passou a discutir a sua importância e agora é uma realidade. E o estudo da literatura não está sendo diferente no quesito preocupação dos professores e da comunidade escolar e a falta de interesse dos alunos pelas leituras com mais frequência. A educação, a escola, os professores, os alunos e as famílias, todos precisaram mudar e evoluir a forma de aprender e ensinar. Ainda mais agora no século XXI, onde é fato que a tecnologia faz parte da vida escolar de alunos e professores. É nesse momento que a era digital pode contribuir bastante para essa união do aprendizado da literatura em sala de aula. Para MORAN (2000, p.53), “a internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece”. Através da leitura de um livro que o sujeito começa a compreender a sua realidade e seu papel como indivíduo inserido na sociedade que vive e no mundo. Pois, “o bom leitor […] é aquele que agencia com os textos os sentidos do mundo, compreendendo que a leitura é um concerto de muitas vozes e nunca um monólogo” (COSSON, 2014, p. 27). A literatura é muito importante para o desenvolvimento dos discentes, pois é uma prática que permite evoluir as habilidades socioemocionais. É o hábito de leitura que permite que os jovens e crianças ampliem a criatividade, a imaginação, trabalhem a construção de vocabulário, a interpretação de mundo, além de ajudar formar pessoas mais humanas, para que possam https://www.sponte.com.br/saiba-qual-e-a-importancia-de-desenvolver-as-habilidades-socioemocionais-nos-alunos/ enxergar com mais clareza as questõessociais, assim podendo desenvolverem um senso crítico e ampliar os seus horizontes a respeito da vida. Entendo aqui por humanização…o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CÂNDIDO, 1995, p. 249) Percebe-se que a literatura atende às expectativas da educação escolar, pois ela possibilitará aos discentes, a administrar as situações do cotidiano, incluindo o ambiente escolar e os desafios que os discentes encontram nele. Além de promover o crescimento de ideias e do pensamento crítico a literatura apresenta ao seu leitor as diversidades existentes em sua língua materna, de forma a difundir e refletir na linguagem literária. A literatura possui uma linguagem específica e é preciso considerar que a diversidade do discurso literário é ampla e, portanto, a língua é vista de forma bem abrangente. O Ensino de literatura dá esta contribuição extra ao trabalho docente e à formação discente. Além do prazer, através da peculiaridade do texto literário, é possível uma apreciação da língua materna em ampla performance. (OSAKAB, 2004, p.50) Quando falamos de literatura, falamos de liberdade, cultura e conhecimento aptos de transformar a visão de mundo do leitor. O objetivo geral deste trabalho, é abrir espaço para uma reflexão sobre a importância de se inovar na sala de aula través da literatura do cordel, pois a mesma pode apresentar-se de diversas formas como, oral, escrita, cantada, dado várias oportunidades de se desenvolver belíssimos trabalhos pedagógicos. 2.1 A origem da literatura de cordel no Brasil Muitos estudiosos acreditam que a Literatura de cordel chegou ao Brasil em fins do século XVIII. A Literatura foi trazida para o Brasil por colonizadores europeus, e através de folhetos impressos que circulavam principalmente nas zonas rurais o cordel ia sendo cada vez mais divulgado e assim começou a ser mais apreciado pelas populações, vale lembrar que esse cordel foi primeiramente difundido no Nordeste do Brasil, em Salvador, e com o passar do tempo foi se espalhando para outras regiões brasileiras. Em 1750, apareceram os primeiros poetas populares que narravam sagas em versos, visto que a maioria desse povo, não sabia ler e as histórias eram decoradas e recitadas nas feiras ou nas praças. Às vezes, também acompanhadas por música de violas. Portanto, surgiu também no Brasil, como literatura oral, característica fundamental da cultura popular. Penso que o hábito de decorar histórias, dos cantos de trabalho, as cantigas de embalar e toda sorte de narrativas orais trazidas pelos colonizadores vão sedimentando, na cultura brasileira, o costume de cantar e contar histórias, de guardar na memória os acontecimentos da vida cotidiana. Assim, pouco a pouco, foi se desenvolvendo junto ao homem brasileiro, mais especificamente na região Nordeste, onde se deu o início da colonização, uma poesia oral com características muito peculiares. (BARROSO, 2006, p.22) Nos dias atuais a região brasileira que continua tendo mais foco da literatura de cordel ainda é no Nordeste. Os folhetos ainda são vendidos em lonas nas freiras populares, ou até mesmo os pendurados em cordas. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas e as estrofes mais comuns são as de seis, oito ou até dez versos, os cordelistas recitam esses versos de forma melodiosa acompanhado de violas, como também fazem leituras ou declarações de formas muito empolgadas para conquistar o seu público. O cordel tem como principais características a oralidade, que tem como principal função social, informar e ao mesmo tempo, divertir seus leitores, e outras características é a linguagem informal, ironia e uso de humor. No Brasil a literatura do cordel é comemorada no dia 19 de novembro, em homenagem ao nascimento de Leandro Gomes de Barro que é considerado o primeiro escritor brasileiro de Literatura do Cordel no Brasil, tendo escrito aproximadamente 240 obras, e no seu tempo era conhecido como “O primeiro sem segundo” e ainda é considerado como o maior poeta popular de todos os tempos. E nos dias de hoje o cordel passou a ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial, existindo uma academia Brasileira de Literatura de cordel que foi fundada em 1988 com sede no Rio de Janeiro. 2.2 O ensino da literatura para o ensino médio O ensino da literatura que é realizado nas escolas hoje em dia, não despertou o interesse dos discentes. Eles não veem o motivo de se estudar literatura, a não ser para fazer vestibulares, o ENEM, e depois de tudo isso? Qual é a utilidade da literatura além disso? Qual o verdadeiro propósito da literatura? Os discentes precisam entender a literatura como um fenômeno, histórico, cultural e social. O papel do professor é chamar a atenção dos discentes para o caráter ideológico dos textos literários, mostrando que as obras literárias são repletas de informações (valores ideológicos de uma época, costumes etc.) que influenciam a constituição do texto. Os professores ao apresentarem um livro aos seus discentes, precisam ter a sensibilidade em mostrar o poder que a Literatura possui ao descrever os sentimentos mais simples e complexos da mente humana. Conforme Cândido (2002), “A Literatura é devaneio, é fantasia. Mostra-nos a realidade concreta sob outro olhar. Ao proporcionar diferentes realidades, humaniza o homem. O leitor, no ato de ler, foge do mundo concreto e tenta refugiar-se na subjetividade do conjunto semântico produzido pelas palavras”. Quanto mais diversificados os textos literários apresentados aos alunos do ensino médio, mais rica será a experiência que eles terão deste mundo repleto de beleza, emoção e magia. Trabalhar com a literatura no contexto escolar é antes de tudo mergulhar num mundo de subjetividade e encantamento, um lugar mágico onde os discentes encontraram a possibilidade de se descobrirem, de se encontrarem, de se reconhecerem. Diante disso, observa – se que “na área educacional o Cordel pode exercer várias funções que despertem o interesse de cada aluno até mesmo para a compreensão da arte regional brasileira [...].” de acordo com Valendolf e Toscan (2013, p. 06). Neste sentido, a literatura torna-se um convite à liberdade de expressão, onde os discentes podem expressar seus sentimentos, descobrir e compreender melhores suas emoções. Mas também os significados culturais para que com eles, as pessoas do meio social entendam e interpretem sua realidade. Como dizia Paulo Freire (1983), uma leitura de mundo para que se possa compreender a própria realidade onde se está inserido. Como já mencionado, a leitura fornece uma infinidade de conhecimento. Uma vez aberta a porta, ela proporcionará riquezas para o intelecto de um indivíduo, formando assim uma nova mentalidade. E proporcionar o contato com a leitura, antes de tudo, é uma responsabilidade com a formação de futuros adultos. 2.3 A leitura do texto literário cordel: uma proposta de ensino A leitura na escola deve ser uma oportunidade única, deve proporcionar para os alunos e docentes interesse, prazer e desafios. Sendo assim, os docentes não podem perder a oportunidade de trabalhar com a literatura de cordel no ensino médio, que se trata de um gênero que respeita a cultura popular de um povo, onde a mesma é resgatada em versos e prosas,a fim de relatar as histórias com bases nos acontecimentos do lugar, destacando principalmente as características da realidade dos povos, proporcionando ao professor trabalhar em sala de aula com texto literário que esteja mais próximo do mundo do aluno. Perante isso, nós voltamos para o que diz os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN que asseguram: É importante que o trabalho com o texto literário esteja incorporado às práticas cotidianas da sala de aula, visto tratar-se de uma forma específica de conhecimento. Essa variável de constituição da experiência humana possui propriedades compositivas que devem ser mostradas, discutidas e consideradas quando se trata de ler as diferentes manifestações colocadas sob a rubrica geral de texto literário (BRASIL, 1997a, p. 29) A Literatura de Cordel sempre foi atrativo aos olhos de quem os lê, pelo fato da poesia ser escrita em versos, e o cordel ser um gênero poético recitado em rimas. Com isso, enxergamos a leitura de cordel como algo prazeroso de se trabalhar no processo de letramento, ou seja, os professores não podem deixar de trabalhar com a literatura de cordel. Pois através dela encontraremos diversas formas lúdicas para colaborar com o ensino da leitura, até porque o cordel é um instrumento de grande ajuda para que o professor apresente a leitura de forma dinâmica, e ao mesmo tempo, é uma forma de resgatar a cultura local, colaborando assim com a relação professor-aluno com as raízes literárias de forma simples e criativa. Mas, sabemos que o processo de letramento ainda é visto como um grande desafio, pois fazer com que os alunos despertem o gosto pela leitura ainda é bastante complicado para os professores. No entanto, as rodas de leitura sempre vão permanecer nas salas de aula. Diante desse desafio didático pedagógico na sala de aula, alguns professores começam a trabalhar com o cordel nas escolas, por ser tratar de textos de fácil compressão e nos proporciona quebrar muito das vezes aquele “bloqueio” que os alunos possuem sobre as regras gramaticais, esse tipo de literatura consegue possibilitar uma produção um pouco menos conservadora no que se diz respeito à gramática normativa. Conforme Alves (2008), Abordar a presença da Literatura de Cordel em sala de aula implica refletir, entre outras coisas, sobre as concepções de leitura, literatura e ensino postos em prática no cotidiano das escolas. Seria propor uma forma de estimular os alunos a enxergarem o que há por trás dessas produções textuais, não só no que diz respeito ao texto em si, mas com relação às vozes que ele traz consigo. Vozes essas capazes de expressar questões morais, políticas, sociais, econômicas e culturais (ALVES, 2008, p.108). A Literatura de cordel para o ensino proporcionará condições satisfatórias para os docentes como para seus alunos, pois é possível desenvolver um trabalho conjunto de ensino e aprendizado através da literatura do cordel, com a leitura dos folhetos por serem simples e atrativas favorece a sua aplicação em sala de aula. Com isso, vale ressaltar que o que faz a literatura de cordel um instrumento capaz de estimular o hábito de leituras são características que costumam encantar os jovens e as crianças, entre elas a musicalidade das rimas, a temática, que geralmente remete a cultura nordestina, e as metáforas, que abrem caminho para boas discussões. Dessa forma, por meio da literatura de cordel há a possibilidade de trabalhar com vários temas e novos métodos de ensino, pois este reflete sobre questões sociais, culturais, e construção de conhecimentos. Na sequência um trecho do poema Corrida da Vida, de Bráulio Bessa, o qual são palavras do nosso dia – a – dia, e que servem para serem trabalhadas em vários aspectos. A corrida da vida Na corrida dessa vida é preciso entender que você vai rastejar, que vai cair, vai sofrer e a vida vai lhe ensinar que se aprende a caminhar e só depois a correr. A vida é uma corrida que não se corre sozinho. E vencer não é chegar, é aproveitar o caminho sentindo o cheiro das flores e aprendendo com as dores causadas por cada espinho. Aprenda com cada dor, com cada decepção, com cada vez que alguém lhe partir o coração. O futuro é obscuro e às vezes é no escuro que se enxerga a direção. (Bessa). De acordo com (Fonsêca, p.123), “As alternativas pedagógicas, no sentido de encontrar soluções para a melhoria de qualidade das aulas, são inúmeras e o esforço do professor no sentido de adotar metodologias de ensino com conteúdos específicos é grande”. Portanto diante de um leque de possibilidade que a Literatura de Cordel abre em sala de aula, o docente poderá propor a interpretação e criação de textos em cordéis, tornando as aulas muitas vezes mais atrativas para seus alunos, pois os textos de cordel proporcionarão um diálogo entre os mais diversos conteúdos escolares e cotidiano, possibilitando com sua prática em sala de aula, e auxiliar na formação de um leitor crítico. Citaremos um exemplo de Poema de Cordel. “As proezas de João Grilo”, de João Martins de Athayde: João Grilo foi um cristão que nasceu antes do dia, criou-se sem formosura, mas tinha sabedoria e morreu depois da hora pelas artes que fazia. E nasceu de sete meses, chorou no bucho da mãe; quando ela pegou um gato ele gritou: "não me arranhe não jogue neste animal que talvez você não ganhe. Na noite que João nasceu houve um eclipse da lua e detonou um vulcão que ainda continua, naquela noite correu um lobisomem na rua. Porém João Grillo criou-se pequeno, magro e sambudo as pernas tortas e finas a boca grande e beiçudo. No sítio onde morava, dava notícia de tudo. Esse poema relata o nascimento de um herói e uma de suas presepadas. As histórias de João Grilo provocaram a imaginação de muitas crianças e jovens nordestinos. Por isso, várias cordelistas contaram uma versão desse personagem de espírito moleque, que estava sempre disposto a pregar uma peça nos poderosos e injustos. Esta versão que vivenciamos relata as travessuras do personagem no encontro com o vigário. Os poemas de Literatura de cordel são marcados por possuírem fortes elementos da cultura brasileira, com temas que incluem fatos do cotidiano, lendas, temas religiosos, entre outros. E a sua escrita conta com linguagem coloquial, que contém uso de humor, ironia e sarcasmo. Com isso, esse modelo de Literatura de cordel atinge as camadas mais desfavorecidas de leitura, e uma vez que os folhetos passam a ser lidos na sala de aula ou em lugares públicos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e luta contra o analfabetismo. 2.4 Educação no Cordel: análise de folhetos selecionados Com o propósito de verificar conteúdos de textos de cordel, foram escolhidas duas produções e através dos textos buscamos identificar, na abordagem de cada folheto, como a educação é suscitada pelo poeta popular. Os poemas que foram consultados são: Nos caminhos da educação de Moreira de Acopiara e Paulo Freire, e estrela guia de autoria de Allan Sales. No primeiro cordel de Moreira de Acopiara “Nos caminhos da educação”, no poema é demonstrado a importância de falar sobre a educação, e evidência também sobre a importância do cordel durante o processamento de alfabetização para as crianças e jovens. Nos caminhos da educação, como disse Paulo Freire, um homem muito sabido: Educação e cultura dão à vida mais sentido! E educar é libertar de uma vez o oprimido” trecho do cordel (idem, p. 07) Veja mais em: http://tecnologiaemidiaseaprender.blogspot.com/ 2016/07/um-pouco-sobre-o-cordel_63.html O poeta discute a importância da educação, em que ela abre novas concepções no entendimento da sociedade e do mundo, atraindo a atenção, sobretudo, à alfabetização nas classes populares mostrando que ao teracesso à educação o ser humano “vê o mundo com uma visão diferente” (ACOPIARA, 2003. p. 09). Mais que isso, a Acopiara tem uma forte importância no ato de educar e do acesso à escrita e a leitura. O autor nos faz refletir também sobre a desigualdade social no Brasil e como isso afeta no acesso à educação, trazendo para o cordel uma responsabilidade ainda maior, visto que aborda aspectos da realidade brasileira. Já o segundo folheto, “estrela guia de autoria de Allan Sales”; Grande filho do Recife, Paulo Freire educador, alfabetizar o povo de um modo inovador, libertar o oprimido Da condição de excluído, foi ele um libertador pois falou-nos do amor do ato de educar original no seu modo novo de alfabetizar toda carga de verdade com base na realidade Consciências despertar. (SALES, 2003). Esse poema já fala sobre as mudanças que vai dando-se na educação brasileira com a cooperação do docente brasileiro. O texto utiliza como referencial alguns trechos de Pedagogia do oprimido, para mostrar que a educação, na proposta Freireana, abre possibilidades para a libertação. A partir da análise dos dois poemas, “nos caminhos da educação” e “estrela guia” podemos observar que os dois folhetos sempre que se refere a educação busca falar sobre a importância da alfabetização e do trabalho do docente para a população. Paulo Freire se detinha em promover a transformação do ensino, através do diálogo. 03 MATERIAIS E MÉTODOS Na produção deste trabalho foi utilizada uma metodologia pautada na pesquisa bibliográfica. Conforme diz Tafner e Silva (2013, p.96), a pesquisa bibliográfica “utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, http://tecnologiaemidiaseaprender.blogspot.com/2016/07/um-pouco-sobre-o-cordel_63.html http://tecnologiaemidiaseaprender.blogspot.com/2016/07/um-pouco-sobre-o-cordel_63.html de informações disponibilizadas na internet”. Foi escolhido trabalhar com o método de pesquisa bibliográfica qualitativa, o qual proporciona ao indivíduo realizar pesquisa em livros, artigos, periódicos online devido à dificuldade e impossibilidade de frequentar as aulas em uma escola e também por sermos acadêmicas, uma de cada parte do País. E mesmo assim foi possível ter oportunidade de expor uma base teórica sólida e confiável, com o propósito de analisar, refletir e discutir acerca dos assuntos relacionados a temática proposta. Como base de pesquisa em diversos autores que abordaram o tema de forma ampla e esclarecedora, foi possível fazer com que se tivesse um maior conhecimento sobre o tema abordado no desenvolvimento desse um artigo científico. Foram analisados e levado em consideração, itens como abordagem conceitual do tema, relação com o cotidiano da sala de aula e importância da literatura de cordel na prática docente e feito reflexões dos trabalhos pesquisados, a fim de aprimorar mais o nosso conhecimento e entendimento. As informações aqui dispostas que serviram como um reforço para a hipótese da importância do ensino da literatura de cordel no campo da educação, trata – se de um ato de interdisciplinariedade e entender que é possível trazer esse conteúdo para a realidade de cada aluno é muito importante para o crescimento da aprendizagem. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Mas o que foi mais curioso nessa pesquisa, pensando na realidade de cada cidade em que vivemos e as quais nós já conhecemos, foi de que a literatura é bem deficiente, não tem muita importância e não é levada a sério como devia ser, por professores e alunos, em diferentes partes do Brasil. Quase sempre o incentivo vem através da obrigatoriedade e não pelo prazer de ler e de conhecer algo novo. https://www.funarte.gov.br/literatura/publicacao-da-segunda-edicao-da-pesquisa-retratos-da-leitura-no-brasil/ Esse levantamento em 2010, mostra que o brasileiro não tem o hábito de ler, em seu tempo livre, onde a atividade de leitura não é considerada relaxante e nem que descansa, mas um trabalho que cansa, segundo o estudo da Funarte (2010). http://wp.clicrbs.com.br/clicvestibular/2012/03/29/veja-numeros-da-pesquisa-retratos-da-leitura-no-brasil-por-regiao/ Mesmo assim, através de levantamento sobre a situação do deficit de leitura no decorrer dos anos, o gráfico acima da pesquisa feita em 2012, aponta que ainda há uma grande diferença dos leitores e não leitores, levando em consideração as condições e o tamanho de cada município. E levando em consideração a falta der interesse na leitura pelos adultos, consequentemente as crianças dessas famílias também podem não criar o habito em ler. E por isso, que trazer presente uma literatura mais fácil, pratica e de cotidiano pode auxiliar bastante no incentivo da leitura com os alunos. http://wp.clicrbs.com.br/clicvestibular/2012/03/29/veja-numeros-da-pesquisa-retratos-da-leitura-no-brasil-por-regiao/ https://www.cenpec.org.br/tematicas/retratos-da-leitura-no-brasil-por-que-estamos-perdendo-leitores Com o passar dos anos faltou mais incentivo das politicas públicas direcionadas ao incentivo à leitura e com a chegada da pandemia isso só teve a piorar. Isso porque de acordo com o gráfico acima, os professores são os grandes incentivadores para que os alunos leiam. Porém, esse contato da escola e dos professores com os alunos não houve, o que deixar com mais defasagem as leituras. Pois, ler é compartilhar, sonhar e aprender a sonhar. Ainda mais nesse momento tão delicado que vivemos, que o continuar sonhando e tendo esperança em dias melhores é o que nos move. No entanto, o desenvolvimento do aluno/a precisa ser o objetivo principal da escola e isso se constrói pela soma dos papéis desempenhados por todos os protagonistas do processo educativo. O educador ao pensar sua prática em sala de aula, deve compreender o universo de vida de seus educandos, a realidade do aluno deve ser o ponto de partida para suas aulas. Pois, de acordo com Kleiman (1996), que quando tem dificuldade de leitura somada ao pouco hábito de ler possivelmente aponta para uma falta de familiaridade com o texto escrito, em suas diferentes modalidades. Pois, o que interessa na sala de aula é ensinar, é a aprendizagem do aluno o mais importante, qualquer que seja a disciplina. Porém para aprender, o indivíduo deve construir https://www.cenpec.org.br/tematicas/retratos-da-leitura-no-brasil-por-que-estamos-perdendo-leitores seu próprio conhecimento, fundamentado na observação de mundo, na leitura e interpretação das mais variadas formas possíveis. E o ensino da literatura de cordel em sala de aula pode vir a ampliar a criatividade, a imaginação, trabalhar a construção de vocabulário, a interpretação de mundo, além de ajudar formar pessoas mais humanas, para que possam enxergar com mais clareza as questões sociais, assim podendo desenvolverem um senso crítico e ampliar os seus horizontes a respeito da vida e consequentemente o gosto pela leitura. Portanto, ao fim deste trabalho, pudemos perceber que a Literatura de Cordel é de grande ajuda no processo de letramento por ser tratar de um gênero bastante animado e ao ser utilizado pelos docentes nas escolas, os alunos vão passar a gostar e praticar a leitura e, assim resultará em leitores indagadores e conscientes capazes de compreender o que leem e, através da literatura, exercer seus direitos como cidadãos, e além disso, passarão a conhecer mais sobre a sua cultura no caso do Nordeste e de outras culturas no caso do Sul, através da literatura de cordel. 05-CONCLUSÃO Neste artigo, contemplaram-se questões que colaboram na reflexão sobre o tema (ensino de literatura de língua portuguesa: a literatura do cordel nas aulas de ensino médio). Apoiados por estudiosos, procuramos mostrar a origem da literatura de cordel no Brasil e a sua importância no ambienteescolar como método de incentivo à leitura. Os cordéis são textos em forma de poesia que pode ser apresentado de diversos jeitos, como escrita, oral, cantada ou declamada o que faz encantar quem os leem. Esse gênero foi trazido para o Brasil pelos colonizadores portugueses e são típicos do nordeste brasileiro e são apresentados em forma de folhetos e geralmente ficam à amostra em cordões. Com isso, o presente trabalho foi elaborado com o propósito de rever quais as contribuições que a Literatura de Cordel poderia trazer para o processo de letramento nas escolas, pois como já foi exposto anteriormente, o gênero de cordel é bastante rico e é um instrumento pedagógico bastante importante devido a sua linguagem peculiar, além de ser um incentivo à leitura, com o cordel nas salas de aula os professores terão muitas possibilidades de se trabalhar no cotidiano escolar e passarão a estimular os alunos a praticarem a leitura com mais frequência dentro e fora das escolas. Visto que, por se tratar de folhetos impressos e ilustrações atrativas e sua livre expressão, o cordel desperta o interesse na maioria das pessoas que já tiveram ou mantém o contato com esta literatura. Dessa forma, o processo de leitura com a inclusão de folhetos de literatura de cordel nas salas de aula, seriam de grande ajuda no incentivo à leitura, como já falamos ao decorrer dessa pesquisa, pois o gênero de cordel é bastante dinâmico e faz os jovens a despertarem uma certa curiosidade. Além de incentivar a leitura, os alunos podem recitar e até mesmo criar seus próprios folhetos, principalmente porque a literatura de cordel faz parte da nossa cultura, ou seja, ao levar o cordel para as escolas vai ser uma forma de motivar nossos jovens e crianças a conhecerem um pouco mais sobre a nossa cultura, visto que ela não apresenta apenas ficção, mais sim a nossa realidade. Por isso, a literatura de cordel é conhecida como noticiário do povo. Portanto com a dinamicidade do gênero cordel, seja ele na música, ou declamada, despertará no aluno a curiosidade de descobrir coisas novas, quando se usa o dinamismo nas aulas, observaremos os alunos com mais interesse em aprender, deixando de lado as aulas cansativas de conteúdos expostos, pois quando o aluno se sente parte integrante do meio do qual se encontra ele tem a capacidade de expor suas ideias, para que aquele momento se torne prazeroso e sendo atrativo, será capaz de contribuir no seu processo de aprendizagem e sua proximidade com a leitura. Concluímos esse artigo reafirmando nossa ideia inicial, que a literatura de cordel é de fato uma fonte de informação. E o que acreditamos ser mais importante é que aprendemos a admirar e a honrar ainda mais esse gênero literário. REFERENCIAS ACOPIARA, Moreira. Caminhos da educação.São Paulo:s.ed., 2003. ATHAYDE, João Martins de. Literatura de Cordel (2) - Proezas de João Grilo. Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/literatura-de-cordel-2-proezas- de-joao-grilo.htm?cmpid=copiaecola.&cmpid=copiaecola. Acesso em 19/09/2021. BARROSO, Maria Helenice. Os cordelistas no D.F.: dedilhando a viola, contando a história. Dissertação de Mestrado pela Universidade de Brasília – UnB, 2006. BESSA, Braulio - Poesia com Rapadura – Ed. 1º. Editora Cense. 2017. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1997. COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2014. https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/literatura-de-cordel-2-proezas-de-joao-grilo.htm?cmpid=copiaecola.&cmpid=copiaecola https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/literatura-de-cordel-2-proezas-de-joao-grilo.htm?cmpid=copiaecola.&cmpid=copiaecola CÂNDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. In: Textos de intervenção. 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