PAPER LITERATURA DE CORDEL

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TEXTOS LITERARIOS - LITERATURA DE CORDEL
										Acadêmicos¹
Tutor Externo²
RESUMO: 
Este trabalho pretende compreender melhor o entendimento que se tem sobre a literatura de cordel e como sua compreensão influencia na vida de professores e alunos. E se o uso dessa literatura influenciaria na aprendizagem de alunos em sala de aula se caso fosse estudado. Nessa pesquisa através de relatos dos professores deu – se para perceber a falta da literatura popular na grande maioria dos livros didáticos e tendo como consequência a ausência dessa arte em sala de aula, assim como a inserção da literatura no cotidiano das crianças, principalmente a Literatura de Cordel. Diante disso, nota-se que a inserção da literatura de cordel no ambiente escolar vem somar na aprendizagem, sem perder o caráter de divertimento e criatividade, juntamente com a tecnologia, que pode ser usada para diversificar nas atividades e para chamar a atenção das crianças para a aula. Desse modo, constatou-se que é possível trabalhar com os poemas da Literatura de cordel, mas para isso é inevitável uma boa formação para os professores para inserção de variedades literárias na vida de cada aluno, assim como a inserção da literatura de cordel também aconteça.
Palavras-chave: Literatura, cordel, incentivo, leitura.
1. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho é sobre Estudos Literários, no qual o tema central é literatura de cordel, visa mostrar o entendimento que se tem sobre essa literatura e como sua compreensão influencia na vida de professores e alunos. E se o uso dessa literatura influenciaria na aprendizagem alunos em sala de aula se caso fosse estudado. 
No inicio do ano letivo foi feito uma observação na turma de 7º da Escola Municipal Homero Fraga, e foi lido um trecho do poema Corrida da Vida, na disciplina de língua portuguesa. A leitura desse poema foi uma proposta baseada nas teorias das literaturas e no entusiasmo de apresentar uma novidade para os alunos. 
A observação e as conversas foram muito importantes para conhecer os alunos e assim verificar a grande diversidade econômica, social e geográfica entre eles. Nota-se que há bastante variação entre os alunos, e varias formas de entendimento do meio em que vive e cada um tem sua própria identidade. Isso poderia ser usado para trabalhar justamente a literatura de cordel. Diante desse fato foi sugerida a leitura do poema, justamente para que todos pudessem passar a conhecer outro tipo de texto e motivar os alunos a conhecer mais da formação cultural do povo brasileiro. 
Ademais com o mundo da tecnologia em evidencia é preciso chamar a atenção da criança e do adolescente para os assuntos trabalhados em sala – de – aula, os quais eles precisam ser incentivados a gostar e se interessar pelo que é proposto. E nisso, as mais variadas técnicas, entram no vale tudo pra despertar o interesse pela literatura. 
Apesar de que, quando se fala em literatura o não conhecimento, já direciona os pensamentos de alguns jovens para o lado complicado da leitura. Mas não percebem que existem vários tipos de leitura. E além do mais a literatura está inserida no nosso dia – a dia, pois, todos os assuntos e matérias giram em torno da literatura.
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
A literatura de cordel chegou ao Brasil com os portugueses, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. Isso porque Salvador foi a primeira capital da nação, ponto de encontro natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro. Conforme Silva, 2016:
No Brasil, a Literatura de Cordel chegou com os portugueses e permanece até a presente data no nordeste brasileiro e em outras regiões do país, tomando a forma de uma literatura confeccionada pelo povo e para o povo, com características próprias, possuindo seus próprios clássicos e mestres.
A literatura de cordel foi popularizada no Brasil por volta do século XVIII e também ficou conhecida como poesia popular, porque contava histórias com os folclores regionais de maneira simples, possibilitando que a população mais simples entendesse, e onde possibilitou o conhecimento de importantes cordelistas, onde se espalhou por todo o Brasil e hoje é patrimônio da humanidade. Como destaca Nogueira (2009) que a literatura de cordel, mesmo consagrada na Europa e chegada ao Brasil pelas mãos dos Portugueses, foram se tornando mais popular, onde o Nordeste e o Sul do País foram regiões que mais presentearam o mundo com grandiosos nomes nessa arte.
Seus autores ficaram conhecidos como poetas de bancada ou de gabinete. Aqui no Brasil, a literatura de cordel popularizou-se por meio dos repentistas ou violeiros, que se assemelham muito aos trovadores medievais por contarem uma história musicada e rimada nas ruas das cidades, popularizando os poemas que depois viriam a serem os cordéis. Como destaca o Dossiê de Registro do Ministério da Cultura (2018, p.08): 
A literatura de cordel é forma de expressão, linguagem, gênero literário, veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros: poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (como são conhecidos os vendedores de livros de cordel).
É por meio da leitura e da escrita que se dá acesso à grande parte da cultura humana. Mais que uma mera reprodução do som das palavras, é imprescindível compreendê-las. Aprender a ler significa aprender a ler o mundo, dar significado a ele, não é aprender apenas as palavras, mas também os seus significados culturais para que com eles, as pessoas do meio social entendam e interpretem a realidade. Como dizia Paulo Freire (1983), uma leitura de mundo para que se possa compreender a própria realidade onde se está inserido. 
	A literatura popular não esta muito presente nos livros didáticos e tendo como consequência a ausência dessa arte em sala de aula, e assim gerando certo preconceito na aceitação de que é possível sim desenvolver vários trabalhos interessantes e com a literatura de cordel. Pois, “na área educacional o Cordel pode exercer varias funções que despertem o interesse de cada aluno até mesmo para a compreensão da arte regional brasileira [...].” de acordo com Valendolf e Toscan (2013, p. 06).
Hoje a exemplo dos quadrinhos, tirinhas, charges, leitura visual e da música que, são instrumentos de colaboração usados fartamente em sala de aula a Literatura de Cordel vem a facilitar o trabalho do professor no quesito incentivo à prática da leitura. Pois, sabemos que a Língua Portuguesa deve ser trabalhada em um contexto harmônico para despertar o interesse pela leitura e as mais diversas leituras também facilitaria o aprendizado. Sendo assim, a literatura de Cordel pode auxiliar no quesito aprendizagem, pois os temas do cordel são bem variados e seus autores retratam aquilo que veem, sentem ou imaginam, onde descrevem o cotidiano ou registrando um velho conto. De acordo com Haurélio (2016). 
Mas para que isso aconteça, é necessário inserir essa opção de leitura em sala de aula e o que se observa que não é feito na escola e o professor não se mostra motivado a influenciar essa pratica entre os alunos. Se tornando muito pouco usado esse tipo de trabalho e ainda nada incentivado os alunos a se terem outros tipos de linguagens e de palavreados no meio escolar. O que poderia se tornar mais rico os conhecimentos de cada um, assim como de maior qualidade quando se trata de leitura e conhecimentos. 
	A presença da literatura popular em sala de aula, mais especificamente a literatura de cordel, além de revelar as especificidades desta produção cultural, permite aos professores, juntamente com os alunos, voltar-se para a cultura popular e refletir sobre seus princípios e sua realidade e sua própria identidade. 
O professor, além de leitor de literatura, precisa estar munido de alguns conceitos que fazem parte da teoria da literatura para poder melhor discutir o efeito estético da obra estudada. Faz-se necessário aoprofessor assimilar algumas possibilidades para a leitura/interpretação de um texto a ser discutido na sala de aula, pois o texto literário pode apresentar-se como forma de arte, diversão, conhecimento e socialização. (SILVA, 2007, p.18)
De forma descontraída e incomum, a poesia em sala de aula, estimula a aprendizagem: leitura, interpretação, criação e reflexão, despertando nossas emoções. Isto, por que os textos poéticos exigem muitos cuidados quanto à leitura no que diz respeito aos significados das palavras e a pontuação, o que faz com que o aluno exercite mais a sua mente, desenvolvendo e enriquecendo o seu vocabulário gradativamente. Ampliar o universo de palavras com as leituras e releituras de textos poéticos e abrir a mente às interpretações de textos variados é contribuir para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento de cada educandos. De acordo com Filipouski (2006) A poesia é uma forma radical que a educação pode oferecer para o exercício de liberdade através da leitura, de oportunidade de crescimento e problematização das relações entre pares e de compreensão do contexto onde interagem os leitores.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização desse trabalho, foi feito uma pesquisa exploratória, juntamente com um levantamento bibliográfico sobre a Literatura de cordel, sobre a sua história e como poderia ser aplicado em sala de aula, foi feito um levantamento em livros, artigos e monografias, com isso, pretendia conhecer se teria possibilidades de aplicação pedagógica desse método no contexto educacional da escola. E assim ser proporcionando maior familiaridade com um o assunto. 
Na tentativa de inserir a opção de literatura de cordel para o/a professor/a trabalhar em sala de aula, o qual poderia usar o meio que cada um vive e o saber que cada um tem e assim desenvolver a escrita e a leitura muito melhor. Foi sugerida para fazer uma leitura do poema “A Corrida da Vida”, o qual foi lhe apresentado um dia anterior da ida a observação. 
No inicio ela ficou meio receosa, depois aceitou. Quando leu para si mesma, até que gostou da letra, e disse achar interessante. O trecho do poema, foi lido no inicio do ano letivo, era primeira semana de aula, na turma de 7º ano, na disciplina de língua portuguesa da Escola Homero Fraga, Município de Nova Santa Rita, o poema se chama Corrida da Vida, de Bráulio Bessa.
A corrida da vida (trecho)
Na corrida dessa vida
é preciso entender
que você vai rastejar,
que vai cair, vai sofrer
e a vida vai lhe ensinar
que se aprende a caminhar
e só depois a correr.
A vida é uma corrida
que não se corre sozinho.
E vencer não é chegar,
é aproveitar o caminho
sentindo o cheiro das flores
e aprendendo com as dores
causadas por cada espinho.
Aprenda com cada dor,
com cada decepção,
com cada vez que alguém
lhe partir o coração.
O futuro é obscuro
e às vezes é no escuro
que se enxerga a direção. (Bessa).
Apesar de não perguntar, além de observar a professora fez um comentário com a turma. Disse que estavam no inicio do ano letivo, inicio das aulas e nada melhor do que iniciar com uma boa reflexão. Falou, que o poema, fala da vida, onde cada um tem uma estrada particular, um caminho específico a seguir, e ele fala das dificuldades encaradas por cada um em algum momento. Nisso pediu para que os alunos escrevessem em algumas palavras o que mais gostou do poema e se tinha algum trecho que pudesse descrever o aluno ou uma situação que ele passou. 
O fato de que os alunos não conhecem, ou entenderam pouco o que foi lido, não é tão pertinente quanto o fato de que a professora inconscientemente viu que pode sim, trabalhar com literatura de cordel. Ainda mais, que nessa escola, assim como muitos no município, os alunos às vezes são incentivados pelos pais a trabalhar para ajudarem a família, porque não se tem muitas opções de sobrevivência a não ser o trabalho braçal ou na agricultura e assim estudar fica em segundo plano. 
E justamente por essa dura realidade que a leitura do poema veio como um incentivo, com uma linguagem informal e um tom de oralidade, o que faz o leitor ter uma relação de proximidade com o seu dia a dia. E assim, não ter o preconceito de que literatura de cordel, não é pra ele. E sim que literatura de cordel é pra quem quiser, para todos. 
E é com o propósito de fazer com que o aluno sinta o prazer e adquira o habito pela leitura, que é preciso buscar algumas alternativas, e a literatura de cordel pode ser uma boa opção. Ela vem com uma linguagem simples, escrita leve, traz uma realidade nos versos, o que pode incentivar e facilitar a leitura. 
A leitura e a escrita são essenciais na formação escolar e merecem atenção específica dos professores das diversas áreas. A escola deve criar um círculo virtuoso em que esses dois segmentos (leitura e escrita) melhorem e ajudem na aprendizagem global do aluno. É muito importante, não somente a leitura de materiais que se encontrem na sala de aula, e sim preciso ir mais longe. 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi realizada uma observação a partir de convivências com os alunos da Escola Municipal Homero Fraga, do Município de Nova Santa Rita, e observei que eles não interagiam com o saber poético e nem conheciam ou ouviram falar dos cordelistas. Durante a leitura do poema “A corrida da vida” o qual fala sobre as fases da vida. E a fase escolar também faz parte da vida de cada um, foi observado que os alunos prestaram atenção e gostaram da forma que foi lido e nisso observou – se que esse tipo de estudo pode transformar alunos com gosto pela leitura. 
 No inicio houve certo desconforto por parte de alunos e até de alguns professores para desenvolver o interesse e inserção da literatura de cordel em sala de aula. Os próprios poetas veem a literatura de cordel na perspectiva da sala de aula, como pode ser rico e proveitoso usar mais um material no aprendizado.
Logo no início da pesquisa, pude perceber a falta da literatura popular na grande maioria dos livros didáticos e tendo como consequência a ausência dessa arte em sala de aula. Os professores acham que a literatura de cordel é menor, sem valor, que não faz parte dos programas do vestibular e por estes motivos, não deve ocupar o espaço da sala de aula. E não se permitem fazer diferente, buscar conhecer e trazer para seus alunos umas poesias do dia a dia, que são agradáveis de ouvir, traz um sentimento bom e pode ser relacionada com varias questões escolar e mesmo da realidade dos alunos. Pois, acredito que quando se trabalha com o dia a dia de cada aluno, a aceitação é melhor, o interesse pelos trabalhos flui com facilidade e assim os professores acabam sem muito esforço trabalhando com a diversidade.
	Levando em consideração o exposto, é importante ressaltar o quanto é necessário e indispensável o saber que cada um tem, assim, se podem possibilitar espaços de opinião e espontaneidade dos alunos. De acordo com as leituras realizadas e as observações no dia – a – dia das crianças na Escola Homero Fraga observa – se que a forma de comunicação é muito diversificada entre os alunos, mas ainda falta um pouco mais de incentivo aos professores e isso se reflete na sala de aula. Nota-se que há bastante variação entre os alunos, e varias formas de entendimento do meio em que vive e cada um tem sua própria identidade. Isso poderia ser usado para trabalhar justamente a literatura de cordel. 
Através de diálogos com professores observa se que alguns mesmo com graduação superior têm dificuldades em levar em consideração que a sua dedicação poderia transformar ainda mais a vida de cada aluno da escola. Isso também se evidencia em conversas paralelas, pois o trabalho de intervenção está focado na produção de textos escritos básicos, realizados mecanicamente, como sendo uma forma de abordar a diversificação da variação literária. 
 https://plenarinho.leg.br/index.php/2018/09/arte-da-literatura-de-cordel/
 
5. CONCLUSÃO 
É necessário que os professores reconheçam que há diferentes formas de incentivar o gosto por leituras diferenciadas. São com essas práticasque contribuem para o desenvolvimento de relações mais solidárias e integradoras para a transformação do espaço escolar em instância de pertença e identidade. 
As concepções dos professores em sala de aula precisam ser adaptadas, estudadas e buscar a melhor forma possível de trabalhar a diversidade literária e onde não haja pré-conceitos ou até mesmo preconceitos.
Cabe ao professor liderar um trabalho em classe que conduza os alunos ao manuseio de livros, a conhecerem os seus autores, a participarem de oficinas de textos, rodas de conversa, atividades lúdicas com palavras, etc.
Pois, quanto mais cedo à criança tiver contato com textos poéticos, maiores chances ela terá de desenvolver-se intelectualmente dentro de uma maior escala. E a poesia amplia visivelmente as possibilidades de o aluno vir a comunicar-se e expressar-se melhor, tornando-o mais receptivo a conhecer outros gêneros literários.
Fala-se muito em trabalhar de acordo com a realidade de cada um, incentivando a aprender com o que se tem no dia a dia, mas quando é preciso fazer, na pratica	 tudo é esquecido. Porém, cada docente em conjunto com a escola precisa buscar formação continuada consistente e atual, para que possam ter um posicionamento mais adequado frente às situações apresentadas nesse trabalho. 
6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
BESSA, Braulio - Poesia com Rapadura – Ed. 1º. Editora Cense. 2017 
Cultura, Ministério da - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular – CNFCP - Dossiê de Registro Literatura de Cordel/ Brasília, 2018.
FREIRE, Paulo - A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo. Cortez, 198. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4°coleção 23° edição.)
Haurélio, Marco. Breve história da Literatura de Cordel. 2 ed. São Paulo. Claridade, 2016.
NOGUEIRA, Angela Maciel - Origem e Características da Literatura de Cordel. Ariquemes, 2009.
SILVA, Josivaldo Custódio da. Literatura de Cordel: Um Fazer Popular a Caminho da Sala de Aula. Universidade Federal da Paraíba – UFPB. João Pessoa- Maio – 2007.
SILVA, Verônica Diniz da. A literatura de cordel e suas contribuições para o ensino desse gênero na sala de aula. 10º Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental. Universidade Federal do Acre (UFAC), [2016?]. 
VALENDLF, Eduarda Caroline; TOSCAN, Márcia. Algumas considerações sobre a importância do cordel para a cultura e arte brasileira. Revista Educação, Artes e Inclusão. Volume 07, nº 1, 2013. 
31/07/2020