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Introdução à economia monetária

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Tecnologia em Processos gerenciais
Economia
Introdução à 
economIa monetárIa
13
Economia
Introdução à economIa 
monetárIa
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Apresentar os conceitos relativos ao lado monetário 
da economia.
COmpetênCias 
Analisar as funções da moeda e das taxas de juros.
Habilidades 
Compreender as variáveis que influenciam a oferta e a 
demanda por moeda.
ApresentAção
Agora que vocês já aprenderam sobre macroeco-
nomia, vamos estudar um pouco a importância da 
moeda para as organizações.
Nesta Unidade vocês conhecerão um pouco da 
história do surgimento da moeda, suas funções 
e características.
Vocês irão compreender como ocorre a oferta de 
moeda na economia, a forma como o sistema finan-
ceiro pode criar ou retirar moeda do mercado e como 
é composto o conselho monetário nacional.
Nesta Unidade de aprendizagem vamos aprofun-
dar o estudo do instrumento de política monetária 
que o governo dispõem, bem como as funções do 
Banco Central.
Para finalizarmos, vocês entenderão os motivos que 
levam o governo a praticar taxas de juros elevadas, e 
a diferença entre taxa de juros nominal e real e com-
preender porque a empresa oferece um produto ou 
serviço a uma taxa de juros de 2%, mas no final você 
acaba pagando 4%.
Vamos lá?
pArA ComeçAr
Você costuma pagar suas contas em dinheiro ou 
em cheque? Em cartão ou com sal?
Como, sal? Isso mesmo.
O sal já foi tão valorizado quanto o ouro porque seu 
uso era fundamental na conservação de alimentos. 
Na época do Império, os soldados romanos recebiam 
parte de seu pagamento em sal – daí a palavra salário, 
segundo a revista Superinteressante.
No nosso estudo Macroeconômico vimos que a 
economia apresenta dois lados, o lado real e o lado 
monetário. O lado real representado pela produção e 
consumo dos bens e serviços. Nesta UA vamos estudar 
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 4
o importante papel do lado monetário na economia e iniciamos nosso 
estudo por uma breve história da moeda.
FundAmentos
1. História da mOeda
Segundo Montoro Filho e Troster (2006), a história da moeda pode ser 
dividida em cinco estágios:
1. Pré-economia monetária ou escambo;
2. Moeda mercadoria;
3. Moeda simbólica;
4. Moeda escritural; e
5. Moeda sofisticada. 
Cabe ressaltar que essa evolução não se deu de forma contínua e 
nem em todos os lugares da mesma forma. Houve avanços e retro-
cessos também.
No início, na pré-história, não existia a moeda, praticava-se o 
escambo, ou seja, a troca de mercadoria por mercadoria de valor 
similar, trocava-se, por exemplo, 1 porco por 10 peixes. De acordo com 
autores citados, os pequenos agricultores da época produziam para 
sua subsistência e o excedente era levado às feiras para trocas.
Após algum tempo o mercado começou a utilizar uma moeda-
-mercadoria, que seriam as mercadorias mais procuradas do que as 
outras, no início era o gado, mas com o tempo o sal foi adotado como 
elemento de troca. Aqui as trocas são indiretas, existe um venda e 
depois uma compra. O produtor recebe moeda mercadoria e depois 
troca essa moeda mercadoria pelo que deseja.
O terceiro estágio é o da moeda simbólica. Após o descobrimento 
do metal o homem começou a utilizar metais como bronze, prata e 
ouro, o que originou a moeda-metal, cujas características são a rari-
dade, a facilidade de transporte, a padronização por peso e a pureza. A 
maioria das moedas tem a esfinge do soberano garantindo o seu valor. 
Já no Egito Antigo e no Império Romano se utilizava esta moeda. A 
moeda-metal apresenta vantagem sobre a moeda-mercadoria porque 
as trocas são feitas com maior facilidade.
A moeda-escritural surgiu já na Idade Média. Como o metal é muito 
pesado, as pessoas começaram a guardar o ouro com os ourives e 
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 5
recebiam um recibo em troca, este papel de recibo era negociado na 
compra de bens e serviços como o dinheiro utilizado atualmente. Com 
o tempo começaram a surgir as “Casas de Custódia” onde os comer-
ciantes depositavam a moeda metálica e recebiam um papel que era 
denominado certificado de depósito.
Com os atuais avanços tecnológicos foi possível a criação da moeda 
sofisticada. Essa moeda “é basicamente um conjunto de registros 
eletrônicos que representam uma diversidade de ativos” (MONTORO 
FILHO e TROSTER, 2006, p. 321).
A moeda eletrônica (ou dinheiro de plástico): pode ser movimentada 
por canais múltiplos fora da rede de compensações, são os cartões de 
débito e crédito que podemos utilizar para compra de bens e serviços 
desde que o estabelecimento possua uma máquina com ligação direta 
as centrais de cartões.
Imagine como poderíamos comprar algum bem ou serviço se não 
tivéssemos um valor padrão de conversão, ou seja, como determinar 
um valor comum ao comprador e ao vendedor. Essa necessidade foi 
resolvida ao longo da história de acordo com a tecnologia da época. 
Hoje, a moeda sofisticada está no cartão de débito e de crédito que 
utilizamos no nosso dia a dia.
2. COnCeitO e tipOs de mOeda
Mas, o que exatamente é uma moeda?
Mankiw (2005, p. 616) explica que: “moeda é um conjunto de ativos 
na economia que as pessoas usam regularmente para comprar bens 
e serviços de outras pessoas”. 
Então, moeda é o dinheiro que utilizamos para comprar coisas. Mas, 
não é só isso. Quando a moeda tem a forma de uma mercadoria, como 
o ouro, é chamada de moeda-mercadoria e possui valor intrínseco. O 
ouro tem valor intrínseco, segundo Mankiw (2005), porque é usado na 
produção de joias. O ouro foi por muito tempo um importante instru-
mento de troca. Quando uma economia utiliza o ouro como moeda ou 
um papel-moeda que seja conversível em ouro, se diz que essa econo-
mia opera sob o padrão-ouro.
A moeda sem valor intrínseco é chamada de moeda de curso 
forçado. Isso quer dizer que quem garante o valor da moeda é um 
decreto governamental.
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 6
concEito
“Moeda é um instrumento ou objeto aceito pela coletividade para 
intermediar as transações econômicas, para pagamento de bens e 
serviços. Essa aceitação é garantida por lei, ou seja, a moeda tem 
‘curso forçado’.” (VASCONCELLOS e GARCIA, 2008, p. 171)
Rossetti (2005) explica que nas economias modernas, a moeda utili-
zada e aceita por todos caracteriza-se por ser fiduciária (notas bancá-
rias), de emissão não lastreada em ativos metálicos, de curso forçado 
e de poder liberatório garantidos por disposições legais. 
Também utilizado como meio de pagamento há a moeda escritural, 
também chamada de moeda bancária ou invisível. A moeda escritural 
é constituída pelos depósitos a vista, mantidos pelos agentes econômi-
cos nas instituições bancárias.
Os saldos destes depósitos, mais o papel-moeda e as moedas metá-
licas nas mãos dos agentes econômicos constituem os meios de paga-
mento nas economias modernas.
Portanto, segundo Vasconcellos e Garcia (2008), há três tipos 
de moeda:
1. Moedas metálicas – emitidas pelo Banco Central, seu objetivo é 
facilitar as operações de compra e venda por ser uma unidade mone-
tária fracionada (troco);
2. Papel-moeda (Figura 1) – emitidas pelo Banco Central e corresponde 
ao dinheiro em poder do público;
3. Moeda escritural ou bancária (Figura 2 e 3) – é constituída pelos 
depósitos a vista (depósitos em conta corrente) nos bancos comerciais.
3. as fUnções das mOedas
De acordo com Montoro Filho e Troster (2006) e Vasconcellos e 
Garcia (2008), as funções da moeda nos sistema econômico são 
fundamentalmente:
1. Instrumento ou Meio de Troca – Por ter aceitação geral, promove 
e facilita o intercâmbio de bens e serviços. Evita a chamada economia 
de trocas ou escambo.
2. Medida de Valor ou Unidade de Conta ou ainda denominador 
comum monetário – Permite que os bens e serviços possam ser 
expressos em valores monetários. Serve para comparar os valores das 
mercadorias. Com o sistema monetário é possível somar o valor de 
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 7
um caminhão e de um automóvelpermitindo saber qual é o total de 
produção de veículos de um país. Pode ser utilizada como unidade de 
conta contábil, sem necessidade de transferências físicas de moeda. 
E, ainda, segundo Montoro Filho e Troster (2006), serve como unidade 
para pagamentos diferidos no tempo, ou seja, pode ser utilizada como 
medida para um pagamento a ser realizado no futuro.
3. Reserva de Valor – As pessoas podem receber a moeda e guardar 
para uso futuro possuindo assim um alto grau de liquidez. Portanto, 
segundo Vasconcellos e Garcia (2008), a moeda pode ser acumulada para 
a aquisição de um bem ou serviço no futuro. Entretanto, devemos lem-
brar que a reserva de valor pode ser comprometida se houver inflação.
Segundo Rosseti (2005), a moeda ainda teria as seguintes funções:
 → Poder Liberatório – Utilizada para saldar dívidas, liquidar débitos;
 → Padrão Pagamentos Diferidos – Facilita a distribuição de paga-
mentos ao longo do tempo;
 → Instrumento de Poder – Influência Econômica, Política e Social.
4. Oferta de mOeda OU Oferta mOnetária
Vasconcellos e Garcia (2008, p.173) explicam que “como qualquer mer-
cadoria, a moeda tem seu preço e quantidade determinados pela 
oferta e demanda”. A oferta de moeda compreende o suprimento 
de moedas colocadas pelas autoridades monetárias e pelos bancos 
comerciais para atender às necessidades das pessoas e organizações. 
Destacam os autores que a oferta de moeda também é chamada de 
meios de pagamentos.
concEito
“Os meios de pagamento constituem o total de moeda à dis-
posição do setor privado não bancário, de liquidez imediata, ou 
seja, que pode ser utilizada imediatamente para efetuar transa-
ções.” (VASCONCELLOS e GARCIA, 2008, p. 174)
No entanto, como lembra Rossetti (2003), a oferta monetária é mais do 
que o meio circulante definido pelas autoridades monetárias. Depende 
também do processo de multiplicação de seu componente escritural, 
que ocorre no sistema bancário.
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concEito
“A liquidez da moeda é a capacidade que ela tem de ser um ativo 
prontamente disponível e aceito para as mais diversas transa-
ções.” (VASCONCELLOS e GARCIA, 2008, p. 174)
Então, meios de Pagamento é igual à oferta de Moeda e representa 
todos os haveres com liquidez imediata em poder do público, exceto o 
setor bancário.
Em outras palavras, os meios de pagamento ou a oferta de moeda 
é dado pelo total de moeda em poder do público (consumidores e 
empresas) mais os depósitos a vista do público nos bancos comerciais. 
“É a moeda que não está rendendo juros, aquela que não está aplicada 
em contas ou ativos remunerados” (VASCONCELLOS e GARCIA, 2008, 
p. 174). É uma medida do nível de liquidez do sistema econômico e é 
representada pela seguinte fórmula: 
M = PP + DV
Sendo que,
M = Meios de pagamento ou oferta monetária;
PP = Papel moeda em poder do público (Ativo de maior Liquidez);
DV = Depósito a vista (É o valor que o correntista tem, não é o che-
que – Moeda escritural ou moeda bancária).
Cabe destacar que os depósitos a vista é o quanto os correntistas de 
banco tem depositado e não o quanto os bancos comerciais possuem.
E só para lembrar, de acordo com Silva e Synclayr (2010), as autorida-
des monetárias são constituídas pelo Banco Central do Brasil e o Banco 
do Brasil. Os Bancos Comerciais são instituições financeiras públicas 
ou privadas especializadas em operações de crédito de curto e, médio 
prazo, com o objetivo de proporcionar crédito ao comércio, à indústria, 
à agricultura, às empresas prestadoras de serviços e às pessoas.
Montoro Filho e Troster (2006) afirmam que cada país classifica sua 
oferta monetária por ordem de liquidez. No Brasil os meios de paga-
mento estão definidos pelo Banco Central da seguinte forma:
M1 = Total de moeda que não rende juros e é de liquidez imediata 
(haver monetário ou moeda).
São definidos também M2, M3 e M4, que incluem ativos financeiros 
que rendem juros e são de alta liquidez, embora não imediata. (haver 
não monetários ou quase moeda)
Então temos:
M1 = Moeda em poder do Público (papel-moeda e moedas metálicas);
(+) depósitos a vista nos Bancos Comerciais;
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 9
M2 = Conceito M1;
(+) depósitos especiais remunerados;
(+) depósitos de poupança;
(+) títulos emitidos por instituições depositárias;
M3 = Conceito M2;
(+) quotas de fundos de renda fixa;
(+) operações compromissadas registradas no Selic;
M4 = Conceito M3;
(+) títulos públicos de alta liquidez.
Os ativos adicionados ao M1 são chamados quase-moeda ou não 
monetários. 
Quando o volume de M4 é baixo denota restrições às funções de 
intermediação financeira do Sistema Bancário.
4.1. A desmonetArizAção e monetArizAção dA economiA
Vasconcellos e Garcia (2008) salientam que em processos inflacioná-
rios intensos ocorre a chamada desmonetarização da economia. Isso 
acontece quando há uma diminuição da quantidade de moeda sobre 
o total de ativos financeiros. Para se defenderem da inflação, as pes-
soas preferem aplicar seus recursos onde eles rendem juros e, assim, 
transferem o dinheiro da conta corrente para aplicações financeiras.
Isso também pode ser entendido como um aumento da relação 
M4/M1.
A redução de M4/M1, chama-se monetização da economia 
(aumento da quantidade de moeda em circulação). Esse é exata-
mente o processo inverso, ou seja, com inflação em baixa, as pessoas 
acabam mantendo suas reservas financeiras em conta corrente, que 
não rendem juros.
4.2. “criAção” e “destruição” de moedA 
Vasconcellos e Garcia (2008) ainda explicam que pode ocorrer na eco-
nomia a criação e destruição de moeda ou da oferta monetária. 
Ocorre criação de moeda quando há aumento do volume de meios 
de pagamentos, ou seja, quando se altera o saldo de M1 (PP + DV). Veja 
os exemplos a seguir de:
 → Criação da moeda
 → Exportadores trocam dólares por reais no Bacen (Banco Central);
 → Empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado (ban-
cos comerciais tiram moedas de suas reservas e emprestam 
ao público).
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 10
E ocorre destruição de moeda quando há diminuição do volume de 
meios de pagamentos.
 → Destruição da moeda
 → Bacen vende U$ aos importadores, recebendo R$ em troca;
 → Resgate de um empréstimo bancário (reduzem-se os meios de 
pagamento porque a moeda em poder do público vão para o caixa 
dos bancos);
 → Depósito a longo prazo (porque depósitos a prazo não são 
meios de pagamento, dado que não são de liquidez imediata e ren-
dem juros).
 → E quando não há nem criação nem destruição da moeda
 → Depósito à vista: Dinheiro seu sob Custódia do Banco;
 → Saque por meio de cheque da conta corrente (transferência 
de depósito à vista – moeda escritural – para moeda em poder do 
público – moeda manual).
4.3. ofertA de moedA pelo BAnco centrAl
Vasconcellos e Garcia (2008) esclarecem o órgão responsável pela polí-
tica monetária e cambial do país é o Banco Central.
O Banco Central tem como objetivo regular o montante de moeda, 
crédito, taxas de juros e taxa de câmbio com o intuito de manter a 
liquidez da economia ao atender às necessidades de transações do 
sistema econômico.
Não obstante, no topo do sistema financeiro nacional está Conselho 
Monetário Nacional (CMN). É por meio das decisões do CMN que o 
governo estabelece a política monetária nacional. O CMN é um órgão 
normativo, portanto, estabelece todas as normas e regulamentos do 
sistema financeiro nacional. Cabe ao Banco Central cumprir e fazer 
cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor 
e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
É por meio do Banco Central (Bacen) que o governo coloca em prá-
tica todas as determinações para adequação da moeda e do crédito no 
sistema financeiro nacional.
São funções do Banco Central, de acordo com Vasconcellos e Gar-
cia (2008): 
1. Executar a política monetária – controlar a oferta de moeda 
e crédito;
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária11
2. Banco emissor de moeda – monopólio da emissão de papel-moeda 
e de moeda metálica;
3. Banco dos bancos – os bancos depositam seus fundos e transfe-
rem entre eles (pela câmara de compensação de cheques no Banco 
do Brasil). Além disso, o Bacen empresta aos bancos (redesconto ban-
cário). Explicam Vasconcellos e Garcia (2008) que quando o fluxo de 
caixa dos bancos apresenta insuficiência, o Banco Central os ajudam. 
Quando a excesso de recursos, os bancos comerciais os depositam no 
Banco Central;
4. Banco do governo - O Banco do Brasil recebe fundos do Governo 
e emite títulos (obrigações) para a venda ao público, ou seja, recebe 
depósitos do governo e lhe concede crédito. Vasconcellos e Garcia 
(2008, p. 176) lembram que “muitos questionam essa função, devido à 
eventual utilização abusiva do Banco Central pelo governo para o finan-
ciamento de déficits públicos”;
5. Execução da política cambial e administração do câmbio – é o 
banco depositário das reservas internacionais, controla as operações 
com moeda estrangeira e capitais financeiros externos. Como lembram 
Vasconcellos e Garcia (2008), sua mais importante missão é defender a 
moeda nacional;
6. E fiscalização das instituições financeiras.
Para exercer essas funções, o Banco Central utiliza os instrumentos 
de política monetária, como vimos na UA 11. Na ocasião dissemos que 
o Banco Central possui cinco instrumentos para controlar o oferta de 
moeda na economia. Agora vamos estudá-los com mais profundidade.
4.4. instrumentos de políticA monetáriA
Rossetti (2003) e Vasconcellos e Garcia (2008) concordam que os ins-
trumentos de política monetária são utilizados para correções de 
eventuais desvios na expansão ou contração dos meios de paga-
mento, são eles:
 → Controle das Emissões de moeda: O Bacen tem o monopólio das 
emissões de moeda e deve colocar em circulação o volume de notas e 
moedas metálicas necessárias ao bom desempenho da economia;
 → Depósitos Compulsórios (Reservas obrigatórias) ou Depósitos 
Voluntários dos bancos comerciais. São depósitos obrigatórios feitos 
no Bacen para atender ao seu movimento de caixa e compensação de 
cheques. É um percentual incidente sobre os depósitos captados pelos 
bancos comerciais, que deve ser colocado a disposição do Banco Central;
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 12
 → Operação de Mercado Aberto (open market): Estas operações 
funcionam como instrumento ágil de política monetária para melho-
rar o fluxo monetário da economia e influenciar os níveis das taxas 
de juros a curto prazo. O governo compra e venda de títulos da dívida 
pública no mercado, processadas pelo Bacen na qualidade de agente 
monetário do governo:
 → Para aumentar os meios de pagamento o governo resgata títu-
los públicos, injetando dinheiro;
 → Para reduzir os meios de pagamento e aumentar a taxa de juros, 
o governo emite e coloca novos títulos da dívida em circulação.
 → Política de Redesconto: Funciona como um “cheque especial” 
para os bancos, quando eles emprestam mais dinheiro do que pos-
suem, ele pedem dinheiro emprestado ao Bacen que socorre os ban-
cos. A taxa de juros cobrada pelo Bacen nessas operações chama-se 
taxa de redesconto. Esta taxa age sobre o nível de liquidez monetária 
da Economia e sobre as taxas de juros praticadas pelos Bancos;
 → Regulamentação e Controle de Crédito: É função do Bacen 
determinar:
 → Política de juros (inclusive a taxa Selic – sistema especial de liqui-
dação e custódia);
 → Controle de prazos;
 → Regras para o financiamento aos consumidores etc.
A taxa de Juros Selic serve como base para definição dos juros do mer-
cado, pois ela define a taxa de juros dos títulos da dívida pública. Quanto 
maior a Selic, maior o juros do cheque especial, cartão de crédito.
4.5. o multiplicAdor BAncário
Montoro Filho e Troster (2006) explicam que um depósito à vista num 
banco comercial consiste em um direito que o correntista possui sobre 
uma determinada quantia.
Quando um banco recebe esse depósito, ele promete pagar a quan-
tia depositada quando for solicitado pelo cliente. Normalmente, essa 
solicitação será feita pelo cliente por meio de cheque.
No entanto, diariamente, há um movimento nos bancos de depósi-
tos e saques, mas somente parcela do total dos depósitos é necessá-
ria para atender a esse movimento. Ou seja, o que é resgatado pelo 
correntista por meio de cheque é um montante bem menor do que é 
depositado no banco. Assim, o banco pode fazer “promessas de pagar” 
um volume muito maior do que foi depositado, é quando o banco con-
cede empréstimos. Observe a Figura 1.
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 13
injeção inicial 
operações de 
empréstimo
novas operações 
de empréstimo
novos depósitos 
à vista
encaixes voluntários 
e compulsórios
novos depositos 
à vista
encaixes voluntários 
e compulsórios
Vasconcellos e Garcia (2008) alertam que somente os bancos comer-
ciais podem efetuar empréstimos com suas obrigações, ou seja, com 
seus depósitos à vista. Os chamados intermediários financeiros não 
bancários, como as financeiras, os bancos de investimentos, apenas 
transferem recursos entre aplicadores e tomadores.
A criação de meios de pagamentos ou moeda pode será mais bem 
entendida se você ler com atenção os dados da Tabela 1. Observe que 
a oferta inicial de moeda manual é de R$ 100.000,00 que se transfor-
mou em uma oferta total de moeda escritural (depósito à vista) de 
R$ 250.000,00.
Você pode notar que o Banco possui R$ 100.000,00, ao emprestar 
ao mercado ele é obrigado a reter 40% por norma do Banco Central, 
podendo emprestar R$ 60.000,00, quando as pessoas pagam suas con-
tas e depositam o dinheiro no banco novamente ele poderá emprestar 
mais R$ 36.000,00 e reter mais 20%, ou seja, em dois empréstimos ele 
cria R$ 96.000,00, sendo R$ 100.000,00 – R$40.000,00(20%) + R$ 60.000 
– R$ 24.000(20%) = R$ 96.000,00.
Observe que após seis empréstimos, supondo que todo dinheiro 
emprestado retornou durante o expediente bancário, o banco comer-
cial conseguiu empresar R$ 150.000,00 com apenas R$ 100.000,00 de 
depósito, ou seja, o banco comercial criou R$ 150.000,00 em moeda 
para circular na economia. Lembrar que, quanto maior o depósito com-
pulsório, menos o banco comercial possui condições de criar dinheiro.
Figura 1. Mecanismo 
de criação da 
moeda escritural 
- multiplicador 
bancário. Adaptado 
de Rossetti (2003).
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 14
banco depósIto à vIsta
reserva dos bancos  
comercIaIs (40 % 
dos depósitos à vista)
empréstImos
A 100.000,00 40.000,00 60.000,00
B 60.000,00 24.000,00 36.000,00
C 36.000,00 14.400,00 21.600,00
D 21.600,00 8.640,00 12.960,00
E 12.960,00 5.184,00 7.776,00
Demais bancos 
somados 19.440,00 7.776,00 11.664,00
Total 250.000,00 100.000,00 150.000,00
Como pode ser observado, a oferta inicial de R$ 100.000,00 transfor-
mou-se em uma oferta total de moeda de R$ 250.000,00. Em outras 
palavras, o efeito multiplicador é uma progressão geométrica decres-
cente, cuja fórmula que nos permite calcular o efeito multiplicador é 
dado pelo inverso da porcentagem da reserva bancária.
m = 1/r
Em que:
m = efeito multiplicador monetário;
r = taxa ou percentagem de reserva dos bancos comerciais sobre os 
depósitos à vista.
No nosso exemplo, temos m = 1/0,40 ou m = 2,5.
De fato, 100.000,00 X 2,5 = R$ 250.000,00.
Agora, já que falamos da Oferta de moeda, vamos falar também da 
Demanda de moeda.
5. demanda de mOeda OU demanda mOnetária
Montoro Filho e Troster (2006, p. 331) esclarecem que “assim como 
existe uma oferta de moeda pelo Banco Central e pelos bancos comer-
ciais (via mecanismo multiplicador), podemos definir uma demanda 
por moeda por parte das firmas e das famílias”.
Montoro Filho e Troster (2006) e Vasconcellos e Garcia (2008) expli-
cam que a demanda por moeda corresponde à quantidade que o 
público (firmas e famílias) retém, em média, no cofre das empresas, 
consigo mesmo ou em depósitos à vista nos bancos comerciais.Note 
que esse montante de dinheiro não rende juros.
Os autores citados apontam as razões pelas quais se retém moeda:
Tabela 1. Exemplo 
numérico do 
Multiplicador 
bancário. 
Fonte: Adaptado 
de Vasconcellos e 
Garcia (2008).
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 15
 → Demanda de moeda para transações – tanto consumidores 
quanto empresas precisam de dinheiro para suas transações do dia a 
dia, para pagar por alimentação, transporte e outros;
 → Demanda de moeda por precaução – mais uma vez o público 
precisa ter certa reserva para fazer face a pagamentos imprevistos ou 
atrasos em recebimentos esperados;
 → Demanda de moeda por especulação – em seu leque de aplica-
ções ou portfólio, o público costuma deixar um montante de moeda 
enquanto observa o comportamento da rentabilidade dos títulos, antes 
de fazer qualquer negócio.
Esses autores destacam que as duas primeiras demandas (transações 
e precaução) dependem diretamente do nível de renda nominal, ou 
seja, quanto maior a renda, maior a necessidade de moeda para tran-
sação e precaução.
Já a demanda por especulação depende da taxa de juros. Essa rela-
ção é inversa, em outras palavras, Quanto maior a taxa de juros e, 
consequentemente, o rendimento dos títulos, menor é a quantidade 
de moeda retida porque o agente econômico vai preferir aplicar em 
títulos que rendam juros.
Em resumo, a demanda por moeda depende principalmente de 
duas variáveis: do nível de renda nominal e da taxa de juros.
Montoro Filho e Troster (2006) ainda lembram que a demanda por 
moeda também é afetada por outras variáveis como: expectativas 
sobre as taxas de inflação; pela estrutura do mercado financeiro e de 
capitais; por questões sazonais; e outras razões.
6. taxas de jUrOs real e nOminal
Para encerrar nossa discussão sobre o lado monetário da economia, 
cabe destacar a diferença entre as taxas de juros real e nominal.
Vasconcellos e Garcia (2008) explicam que as taxas de juros têm um 
importante papel nas decisões das empresas. Com base nelas e, tam-
bém na expectativa quanto ao seu valor futuro, o empresário decide 
seu investimento em máquinas, equipamentos, aumento ou diminui-
ção de estoques, do volume de capital de giro, e outras decisões. Em 
outras palavras, quanto mais alta for a taxa de juros, menor será o 
investimento e vice-versa.
Os consumidores também reagem ao valor da taxa de juros. Quanto 
mais alta a taxa de juros, menor é o interesse em consumir, em espe-
cial, bens de consumo duráveis. Assim, os consumidores desviam o 
montante a ser utilizado em consumo para a poupança.
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 16
A fixação da taxa de juros doméstica está relacionada com a 
demanda de crédito nos mercados internacionais. Assim, o movimento 
de capitais financeiros internacionais está condicionado aos diferen-
ciais de taxas de juros entre os diversos países. Por exemplo, se a taxa 
de juros no Brasil estiver alta, as empresas tendem a buscar crédito 
externo e os aplicadores de outros países tendem a buscar a remune-
ração de seus ativos monetários no Brasil. Isso tem sido chamado de 
entrada de dinheiro especulativo.
No entanto, cabe destacar que existe uma diferença entre as taxas 
de juros real e nominal. A taxa de juros nominal é o valor da taxa de 
juros aplicada, mas a taxa de juros real leva em consideração o valor da 
inflação no período, portanto, a real rentabilidade deve ser observada 
por meio da taxa de juros real.
Por exemplo, se colocarmos uma taxa de juros de 10% e uma infla-
ção de 5% teremos:
valor da aplIcação
rentabIlIdade da
taxa de juros nomInal 
rentabIlIdade da
taxa de juros real
r$ 1.000,00 R$ 1.100,00 R$ 1.050,00
PaPo técnico
A taxa de juros efetiva é a taxa que você paga na loja de fato, 
por exemplo, ao financiar um televisor você pode financiar a 
taxa de juros de 1,99% a. m., mas deve ser computado todas 
as taxas, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que irão 
recair. Você irá se surpreender, pois essa taxa poderá chegar a 
mais de 4% a.m.
Tabela 2. Exemplo 
numérico de taxas de 
juros nominal e real. 
antena 
pArAbóliCA
BC eleva juros para maior patamar em dois anos e difi-
culta empréstimos aos consumidores1
Objetivo é reduzir a demanda por crédito e o consumo para 
evitar inflação
Banco Central mostrou mais uma vez que está disposto a 
aplicar remédios amargos para segurar o dragão da infla-
ção. Mesmo com integrantes do governo dando decla-
rações de que os aumentos de preços são passageiros, 
a autoridade monetária voltou a aumentar a taxa básica 
de juros, de 11,25% para 11,75% ao ano – maior taxa desde 
janeiro de 2009, quando chegou a 12,75% ao ano. O índice 
foi definido nesta quarta-feira (2) pelo Copom (Comitê de 
Política Monetária). 
Para o consumidor, o impacto imediato da elevação da 
taxa básica, a Selic, é negativo. Com esse novo aumento, 
a tendência é de que os juros cobrados pelos bancos 
nas operações de empréstimo pessoal e cheque especial 
subam ainda mais.
“Dando seguimento ao processo de ajuste das condições 
monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a 
taxa Selic para 11,75% ao ano, sem viés [tendência de alta 
ou baixa]”, divulgou o BC ao fim da reunião.
Cinco dos sete bancos avaliados pela pesquisa mensal 
de taxas de juros da Fundação Procon-SP elevaram as taxas 
do cheque especial em fevereiro, em reflexo ao aumento 
da Selic na reunião anterior do Copom, em janeiro. Foi a 
maior alta desde julho de 2010 e a taxa média dos bancos 
pesquisados chegou a 9,29% ao mês. No empréstimo pes-
soal, duas instituições elevaram os juros. Dessa forma, a 
taxa média registrada foi de 5,39% ao mês.
A Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finan-
ças Administração e Contabilidade) dispõe de números 
ainda mais preocupantes para o consumidor. Caso uma 
pessoa tome um empréstimo em banco, terá de pagar 
76,53% a mais em um ano. Ou seja, os juros cobrados por 
um empréstimo de R$ 1.000 chegam a R$ 765,3 em um ano.
1. R7 Notícias, 
economia. mar.2011. 
Disponível em:
http://noticias.r7.com/
economia/noticias/
bc-eleva-juros-para-
maior-patamar-em-
dois-anos-e-dificulta-
emprestimos-para-
o-consumidor-
20110302.html
http://noticias.r7.com/economia/noticias/bc-eleva-juros-para-maior-patamar-em-dois-anos-e-dificulta-emprestimos-para-o-consumidor-20110302.html
http://noticias.r7.com/economia/noticias/bc-eleva-juros-para-maior-patamar-em-dois-anos-e-dificulta-emprestimos-para-o-consumidor-20110302.html
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As dívidas no comércio podem crescer 96,49% ao ano e 
no cheque especial em 141,66% ao ano. Mas é o cartão de 
crédito que continua sendo o vilão dos juros: a taxa chega 
a impressionantes 238,3% ao ano – neste caso, o valor da 
dívida pode mais que triplicar em um ano.
Com isso, as duas instituições aconselham o consumidor 
a evitar pegar empréstimos e priorizar o pagamento das 
dívidas pendentes.
Entenda o que é a chamada taxa Selic
Trata-se do juro usado como referência para toda a 
economia
A Selic é chamada de taxa básica porque é a mais baixa da 
economia. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas 
aplicações que os bancos fazem em títulos públicosfederais.
A taxa funciona ainda como um piso para a formação 
dos demais juros cobrados no mercado para financiamen-
tos e empréstimos – que são influenciados também por 
outros fatores, como o risco de que quem pegou o dinheiro 
emprestado não pague a dívida.
É a partir da Selic que as instituições financeiras defi-
nem também quanto vão pagar de juros nas aplicações 
dos seus clientes.
Ou seja, a taxa básica é o que os bancos pagam para 
pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou 
consumidores em forma de empréstimos ou financiamen-
tos, a um custo muito mais alto.
Por isso os juros que os bancos cobram dos clientes é 
superior à Selic.
LEmbrE-sE
A taxa Selic é determinada pelo Banco Cen-
tral e serve como base para determinação 
dos juros que serão praticas no mercado.
e AgorA, José?
Vimos nesta UA importantes conceitos sobre o lado 
monetário da economia.
Começamos com a história da moeda.
Vimos os conceitos, tipos e funções da moeda.
Estudamos a oferta e a demanda monetária.
Você aprendeu a diferença da taxa de juros real 
e nominal, o efeito multiplicador bancário, as fun-
ções do Banco Central e os instrumentos de política 
monetária que o governo possui para estimular e 
desestimular o consumo, e como a taxa Selic serve de 
referência para nortear as taxas de juros que serão 
cobradas pelo mercado.
Agora vamos falar um pouco sobre Contabilidade 
Social.
AtividAdes
Agora que você já conheceu os conceitos relativos ao 
lado monetário da economia, vamos praticar?
Economia / UA 13 Introdução à Economia Monetária 20
glossário
Escambo: troca de um bem ou serviço por outro.
Taxa de juros nominal: é relativa a uma ope-
ração financeira. Pode ser calculada pela 
expressão: Taxa nominal = Juros pagos / Valor 
nominal do empréstimo
Taxa de juros real: é a taxa de juros nominal 
descontada a inflação.
Taxa Selic: é um índice pelo qual as taxas de juros 
cobradas pelo mercado se balizam no Brasil. É a 
taxa básica utilizada como referência pela política 
monetária. A meta para a taxa Selic é estabele-
cida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
reFerênCiAs
MANKIW, N. G. Introdução a economia. São 
Paulo: Thomson Pioneira, 2005.
MONTORO F., A. F. E TROSTER, R. L. Introdução à 
Teoria Monetária. In: PINHO, D. B; VASCONCE-
LOS, M. A. Manual de Economia. São Paulo: 
Saraiva, 2006.
SILVA, C. R. L.; SYNCLAYR, L. Economia e Merca-
dos. São Paulo: Saraiva 2010. 
SUPERINTERESSANTE, jul. 1998. São Paulo: 
Abril, 1997. 
VASCONCELLOS, M. A. S; GARCIA, M. E. Fundamen-
tos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2008.

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