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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC DISCIPLICA DE PEDIATRIA DISCENTES: ANA BEATRIZ PRIMO CAVALLEIRO DE MACEDO, BEATRIZ MELO RIBEIRO, DANIELA SILVA LUCENA, GABRIEL ANDRADE SILVA RODRIGUES, HARRISON BALDEZ REIS, HELEN MENDES TEIXEIRA, LARA BIANCA CARDOSO PEREIRA, LUÍS PHELIPE DE SOUSA CALDAS INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS INFERIORES ANATOMIA DAS VIAS AÉREAS INFERIORES: A anatomia das vias Aéreas é dividida em duas porções: via aérea superior, que se situa fora da cavidade torácica e é constituída pela cavidade nasal, faringe e laringe; e via aérea inferior, que consiste na traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos. BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA: Doença respiratória aguda que acomete crianças menores de 2 anos, causada por uma infecção viral das vias aéreas inferiores. É caracterizada por uma inflamação aguda, edema e necrose do epitélio das pequenas vias aéreas, aumentando a produção de muco e promovendo broncoespasmo. Hipersecreção e estreitamento das vias aéreas. ETIOLOGIA: → PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS 1- VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO -> 50 a 80% dos casos, infectando 90% das crianças até 2 anos. Não confere imunidade permanente, tornando reinfecções comuns, porém com menor gravidade 2- Metapneumovírus humano (MPVH) 3- Rinovírus 4- Vírus Influenza 5- Adenovírus - OUTROS: Parainfluenza, Coronavírus, Enterovírus e Bocavírus FISIOPATOLOGIA Infecção viral começa nas vias aéreas superiores e atinge as vias inferiores em quatro a seis dias, resultando em inflamação do epitélio brônquico, com infiltrado peribrônquico de leucócitos. Formação de tampões de muco, epitélio necrótico e fibrina nas vias aéreas, causa obstrução total ou parcial do fluxo aéreo. Formação de atelectasias pode ser facilitada em lactentes pelo pequeno calibre das vias aéreas e escassez de vias aéreas colaterais. QUADRO CLÍNICO: Inicia-se como quadro leve de infecção de vias aéreas superiores, com coriza hialina e tosse, sendo a febre usualmente baixa e nem sempre está presente. Obs: quando causada por adenovírus, a febre tende a ser mais elevada. Sintomas evoluem em um a dois dias: surgimento de taquipneia, tiragem intercostal e sibilância. EXAMES FÍSICOS: - Aumento da frequência respiratória e sinais de esforço respiratório (retrações esternais, intercostais e diafragmáticas, batimento de aletas nasais e gemidos expiratórios). - Ausculta pode ser normal, apenas com fase expiratória prolongada, com presença de sibilos expiratórios e crepitações difusas; - Tiragem intercostal ou subcostal; - Retração da fúrcula esternal, cianose e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax -> casos mais graves. EXAMES COMPLEMENTARES - Obs: não são indicados rotineiramente ACHADOS RADIOLÓGICOS - Alterações variáveis e pouco específicas - Retificação dos arcos costais -> Síndrome de Hiperinsuflação -> Secreção dificulta a expiração -> Tempo de expiração prolongado - Atelectasias ACHADOS LABORATORIAIS - Hemograma -> Leucocitose e Linfocitose - Leucograma pode mostrar padrão inespecífico ou de infecção viral DIAGNÓSTICO: Essencialmente CLÍNICO -> história de comprometimento das vias aéreas superiores, seguida de tosse, sibilância e dificuldade respiratória em lactentes. Principal diagnóstico diferencial -> Primeira crise de asma. Excluir outras causas de dificuldade respiratória, como cardiopatias congênitas ou adquiridas, refluxo gastroesofágico, aspiração de corpo estranho, fibrose cística e malformações congênitas pulmonares. CONDUTA: Indicações de internação: EVOLUÇÃO: Doença autolimitada com bom prognóstico e baixa mortalidade em crianças previamente hígidas. Duração depende da gravidade, do agente causal e da presença ou não de condições de risco (prematuridade ou doença pulmonar crônica). COMPLICAÇÕES: - Insuficiência Respiratória Grave - Apneia TRATAMENTO: - Suporte clínico -> oximetria de pulso ou no pé (depende da idade). SatO2 < 92% -> sinal da gravidade -> OXIGENIOTERAPIA -> máscara de Venturi - Broncodilatador (Berotec) -> inalação - Uso de corticoides apenas em alguns casos PREVENÇÃO: MEDIDAS PARA REDUZIR A TRNASMISSIBILIDADE DO VSR -> evitar contato com pessoas com sinais de IVAS, evitar locais com aglomerações de pessoas, evitar exposição passiva ao fumo dos pais e familiares e receber vacina contra a influenza a partir dos 6 meses de vida IMUNIZAÇÃO PASSIVA - Uso de anticorpo monoclonal humanizado (palivizumabe) -> prevenção de casos graves COQUELUCHE: DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA Doença infecciosa aguda do trato respiratório, altamente contagiosa, causada por Bordetella pertussis e B. parapertussis. São cocobacilos gram-negativos não esporulados, pequenos, imóveis e aeróbios, providos de cápsula (formas patogênicas) e de fímbrias. Caracteriza-se por tosse paroxística de longa duração, podendo determinar uma série de complicações com risco de óbito, principalmente em lactentes. Bactérias apresentam especial tropismo para as células do epitélio respiratório, através de seus chamados fatores de virulência, que causam sua adesão e produzem inflamação da mucosa respiratória. Ocorre congestão, edema, muco espesso, infiltração de neutrófilos e linfócitos, necrose do epitélio, agravando-se o quadro com áreas de atelectasia e enfisema. CARACTERÍSTICAS - Agente Etiológico: Bordetella pertussis -> bactéria gram negativa - Altamente contagiosa - Transmissão: secreções de vias aéreas (gotículas) - Período de Transmissão: 5 dias após o contato e prolonga-se por 3 semanas após o início da tosse paroxística - 7 a 10 dias após o início dos sintomas -> tosse paroxística característica que pode persistir por várias semanas - Acesso de tosse é súbito, tossidas são rápidas, curtas, em uma única expiração e seguidas por uma inspiração profunda que dá origem ao “guincho” característico e/ou vômitos pós tosse -> mais comum em menores de 3 meses de vida (fica vermelha, com cianose e faz um episódio de apneia) QUADRO CLÍNICO SUSPEITA - Tosse por mais de 21 dias, sob a forma de acessos - Lactentes menores de 3 meses, apresentando crises de apneia e/ou cianose - Quadro clínico respiratório sugestivo e ausência de febre (exceto em complicações) - Tosse por mais de 7 dias e história de contato com caso conhecido - Compressão da fúrcula esternal, levando à compressão da traqueia subjacente, desencadeando os acessos de tosse TOSSE - Tende a ter predominância noturna - Paciente não tosse entre as crises e tem pouca repercussão sobre o estado geral, salvo nas formas graves - Pouco sensível a mudanças de temperatura e terapêutica para tosse - É emetizante por natureza, com eliminação da secreção mucocatarral EXAME FÍSICO - Ausculta: crepitação, MV diminuído, estertores crepitantes - Exame físico do aparelho respiratório é pobre em sinais, apesar do caráter imperioso e renitente da tosse CASO SUSPEITO -Tosse por mais de 14 dias associada a paroxismos, guincho e vômitos após tosse DIAGNÓSTICO: Isolamento da B. pertussis pela cultura de secreção de nasofaringe posterior (Swab de Nasofaringe – PCR com pesquisa de B. pertussis) Positividade é maior quando colhida na fase catarral e até as duas primeiras semanas de tosse paroxística Reação em cadeia de polimerase (PCR) -> método rápido e sensível EXAMES COMPLEMENTARES: ACHADOS RADIOLÓGICOS - Coração felpudo -> perda da nitidez dos limites do coração - Retificação dos arcos costais (mais comum na bronquiolite) ACHADOS LABORATORIAIS - Hemograma: linfocitose importante - Lactentes -> contagem de linfócitos pode apresentar-se diminuída ou ausente FASES: 1- CATARRAL - Período de maior transmissibilidade da doença - Evolução de 1 a 2 semanas com surgimento de sintomas inespecíficos,tais como: anorexia, lacrimejamento, espirros, coriza, mal-estar, irritabilidade, febre baixa 2- PAROXÍSTICA - Dura de 4 a 6 semanas - Episódios de tosse ou “quintas” com “guinchos” característicos, seguindo-se de expectoração de muco claro e espesso e, quando intensos e repetidos, resultam em sudorese abundante, exaustão, congestão das conjuntivas, turgescência dos vasos do pescoço, incontinência dos esfíncteres, convulsões, perda da consciência, asfixia (no lactente) e sufocação (crianças maiores). - Guincho -> surge após inspiração profunda que se sucede a numerosos golpes de tosse, determinados por movimentos expiratórios sucessivos, sem inspiração intermediária. Criança entra em apneia de duração variável, com o tórax fixo em expiração para subitamente sobrevir uma inspiração forçada, ruidosa e estridente, resultante da inspiração com glote semicerrada. Episódio pode terminar com a expulsão de um tampão espesso de secreções traqueais. 3- CONVALESCÊNCIA - Duração em torno de 3 semanas - Pode haver reaparecimento transitório dos paroxismos COMPLICAÇÕES - Broncopneumonia -> Pneumococo ou Estafilococo - Durante os acessos de tosse paroxística, a elevação da pressão intra- abdominal e torácica pode causar epistaxe, hemorragia subconjuntival, petequeias hérnias e prolapso retal - Convulsões -> devido à hipóxia - Hiperleucocitose -> hiperviscosidade sanguínea, lentificação da circulação pulmonar, formação de trombos de leucócitos nas veias pulmonares e diminuição da hematose CONDUTA E TRATAMENTO Visa tentar limitar o número de acessos de paroxismos, monitorar e acompanhar a intensidade da tosse e fornecer assistência, caso seja necessário. INTERNAÇÃO - Crianças maiores de 1 ano com coqueluche, sem complicação, podem ser tratadas em domicílio - Isolamento respiratório por 5 dias após início do tratamento → TRATAMENTO MEDICAMENTOSO - Antimicrobianos (Macrolídeos) - Broncodilatadores (Salbutamol) - Corticoesteroide - Anticonvulsivantes - IOT e ventilação mecânica -> podem ser necessárias em lactentes pequenos ou prematuros com apneia e cianose importante PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE INTRODUÇÃO: A pneumonia é a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento. Dados do DataSUS, apontaram a pneumonia como causa mortis de 886 casos de óbitos infantis no Brasil no ano de 2016. A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções respiratórias agudas (IRA) por ano. Dessas, apenas 2-3% evoluem para pneumonia. Entretanto. 80% das mortes por IRA ocorrem devido à pneumonia. FISIOPATOLOGIA: Geralmente a pneumonia ocorre como complicação de uma infecção viral das vias aéreas. Os virus alteram os mecanismos de defesa do trato respiratório por modificar as secreções, inibir a fagocitose, alterar a flora bacteriana e diminuir o movimento ciliar. Além disso, vários fatores de risco podem contribuir para o aumento da incidência e/ou da gravidade da pneumonia em crianças, tais como prematuridade, baixo peso ao nascer, desmame precoce, desnutrição, baixo nível socioeconômico, tabagismo passivo, frequência em creches e doenças de base, especialmente aquelas que afetam os sistemas cardiopulmonar imunológico ou neurológico. ETIOLOGIA: CLÍNICA: Vários sinais e sintomas foram descritos em casos PAC e são dependentes da idade da criança, da extensão do acometimento e gravidade do quadro. Tosse, febre, taquipneia, tiragens subcostais, crepitações, dor torácica, hipoxemia e sintomas sistêmicos associados fazem parte deste grupo. Na criança com sinais de infecção respiratória aguda como febre e tosse, a frequência respiratória (FR) deverá ser sempre avaliada. Na ausência de sibilância, a presença de taquipneia é um dos principais achados clínicos para o diagnóstico de PAC. DIAGNÓSTICO: CLÍNICO! EXAMES COMPLEMENTARES Radiografia de tórax (PA e perfil) Recomendada nos casos graves que demandam internação Etiologia bacteriana – sugerida por consolidação alveolar, pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos. Etiologia viral / M. pneumoniae / C. pneumoniae – padrão intersticial (infiltrados) US tórax – visualização de áreas de condensação a beira de leito TC tórax – as vezes necessária em pneumonias complicadas (melhor visualização) Hemograma completo (leucocitose, neutrofilia e ocorrência de formas jovens em PAC bacteriana) Proteína C reativa (≥40-100mg – suspeitar de PAC bacteriana) Hemocultura Pesquisa no lavado nasal / lavado broncoalveolar (broncoscopia) – identificar o agente causal TRATAMENTO: TRATAMENTO AMBULATORIAL Toda criança com pneumonia, que tenha condições clinicas de ser tratada em seu domicilio deve ter uma consulta de reavaliação agendada após 48 a 72 horas do início do tratamento ou a qualquer momento se houver piora clínica. Caso apresente melhora, o tratamento deve ser mantido até completar dez dias. Por outro lado, se a criança estiver pior ou sem melhora do quadro cabe avaliar internação hospitalar. O tratamento inicial com antibióticos em geral é empírico, pois o isolamento do agente infeccioso não é sempre realizado e pode demorar. Crianças de 2 meses a 5 anos: • l° opção terapêutica: Amoxicilina, na dose de 50 mg/kg/dia de 8 em 8 horas; Crianças › 5 anos: l° opção terapêutica: Amoxicilina, na dose de 50 mg/kg/dia de 8 em 8 horas; Na suspeita de pneumonia atípica (M. pneumoniae) – macrolídeos: Azitromicina 10mg/kg/dia dose única diária por 5 dias ou Claritromicina 7,5 mg/kg/dose, 12 em 12 horas, por 10 dias. TRATAMENTO HOSPITALAR 1. Pneumonia sem tiragem subcostal deve ser tratada com Amoxicilina oral: 50 mg/kg/dia 3 vezes ao dia, durante dez dias. 2. Pneumonia grave deve ser tratada com Ampicilina parenteral 50mg/kg/dose, de 6 em 6 horas ou penicilina cristalina 150 000U/Kg/dia a cada 6 horas. Gentamicina 7,5 mg/kg/dia, a intervalos de 12 horas, deve ser associada nos menores de dois meses. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Bedran, Renata M. Pneumonias adquiridas na comunidade na infância eadolescência. Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 7): S40-S47. Diretrizes Brasileiras em Pneumonia Adquirida na Comunidade em Pediatria. J Bras Pneumol. 2007;33 (Supl 1):S31-550. Hay. William W. Current Pediatria - Diagnóstico e Tratamento - 22º Ed. Amgh Editora, 2015. Sociedade Brasileira de Pediatria Departamento Cientifico de Pneumologia. N° 3, julho de 2018.
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