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Muitas vezes, ao ler um poema, temos de ir além das palavras e estabelecer reflexões im- portantes sobre o mundo e até mesmo sobre nosso comportamento diante de determinadas situações. 1 Para começar, observe que todo o poema, incluindo o título, tem como base uma figura de linguagem chamada metáfora. Explique como ela está presente no texto. A metáfora está presente na comparação entre o cão ao qual o eu lírico faz referência e a imigração, pois essa condição, que está sempre perto do imigrante, sempre atrás dele, é a todo momento uma lembrança. 2 No poema, há menção a dois cães: o que segue o eu lírico e o que ele deixou em casa. Por que um dos cães rosna para o interlocutor? O cão rosna porque o vê como uma ameaça, como um perigo a ser evitado. 3 A zoomorfização (atribuição de características de animais a outros seres) está presente no texto nos versos “um país que te rosna / uma cidade que te rosna / ruas que te rosnam”. Explique o efeito de sentido pretendido por essa comparação inesperada. A atribuição do ato de rosnar ao país, à cidade e às ruas se deve ao fato de o eu lírico não se sentir bem-vindo quando imigra, apontando para a forma negativa, agressiva e inóspita como os países e seus habitantes recebem os imigrantes. 4 Analisando a sintaxe do poema, observamos a predominância de predicados verbais. Justifique esse predomínio considerando o objetivo da autora. No texto, há predomínio de predicados verbais, pois o eu lírico busca narrar suas ações e as ações do cão. Neste módulo, estudamos o predicado, termo realmente essencial da oração, já que é nele que se encontra o verbo e a informação maior que se deseja transmitir. Retomamos também as características básicas dos poemas e das letras de canção e obser- vamos que a diferença básica entre esses gêneros é a intenção no ato da produção. Por fim, aprendemos que as figuras de linguagem são muito importantes para a constru- ção de textos mais subjetivos e expressivos, esclarecendo que esse tipo de linguagem não é característico apenas de textos poéticos e pode aparecer em qualquer contexto com o objetivo de enriquecê-lo. PARA CONCLUIR 32 L ÕN G U A P O R T U G U E S A M ” D U LO 1 6 PH_EF2_7ANO_LP_020a036_CAD3_MOD16_CA.indd 32 19/03/20 17:53 Casimiro de Abreu (1839-1860) foi um escritor brasileiro pertencente ao movimento artístico intitulado Romantis- mo. Em sua obra abordou o amor, a saudade da infância, a tristeza da vida e a saudade do Brasil, já que passou parte da vida em Portugal. Leia o poema de Casimiro de Abreu transcrito a seguir para resolver as questões 1 a 5. O que é – simpatia (A UMA MENINA) Simpatia – é o sentimento Que nasce num só momento Sincero, no coração; São dois olhares acesos Bem juntos, unidos, presos Numa mágica atração. Simpatia – são dois galhos Banhados de bons orvalhos Nas mangueiras do jardim; Bem longo às vezes nascidos, Mas que se juntam crescidos E que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeas Que riem no mesmo riso, Que choram nos mesmos ais; São vozes de dois amantes, Duas liras semelhantes, Ou dois poemas iguais. Simpatia – meu anjinho, É o canto do passarinho, É o doce aroma da flor; São nuvens dum céu d’Agosto, É o que m’inspira teu rosto... – Simpatia – é – quase amor! Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/wk000411.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2019. 1 O p oema de Casimiro de Abreu aborda o tema da simpa- tia, procurando defini-la. Explique a metáfora presente no último verso do poema. A metáfora consiste na comparação entre a simpatia e o amor, destacando que o primeiro sentimento se aproxima do segundo, mas não se iguala a ele. 2 O predicado é a parte da oração que contém o verbo e na qual se faz uma declaração. Identifique e classifique o predicado das orações a seguir. a) “Simpatia [...], É o canto do passarinho,” O predicado é “é o canto do passarinho” e se classifica em predicado nominal. b) A simpatia nasce no coração. O predicado é “nasce no coração” e se classifica em predicado verbal. c) Teu rosto me inspira simpatia. O predicado é “me inspira simpatia” e se classifica em predicado verbal. d) Os galhos da mangueira do jardim se abraçam. O predicado é “se abraçam” e se classifica em predicado verbal. e) Dois olhares estão presos numa mágica atração. O predicado é “estão presos numa mágica atração” e se classifica em predicado nominal. 3 As figuras de linguagem são responsáveis por tornar o texto mais expressivo e estão presentes com frequência nos poemas. Releia o verso a seguir: “E que se abraçam por fim.” Identifique a figura de linguagem presente no verso e justifique sua resposta. No verso, há personificação: os galhos da mangueira realizam a ação de se abraçar. PRATICANDO O APRENDIZADO 33 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_7ANO_LP_020a036_CAD3_MOD16_CA.indd 33 19/03/20 17:53 4 Há no poema várias orações com predicado nominal. Considerando a função desse tipo de predicado, justi- fique sua utilização. Os predicados nominais são usados, pois o eu lírico tem por objetivo caracterizar a simpatia. Assim, esse predicado, que tem como núcleo um elemento caracterizador (predicativo do sujeito), aparece no poema em muitos versos. 5 Ao associar a simpatia ao canto do passarinho e ao doce aroma da flor, que imagem a respeito desse sentimento o eu lírico pretende transmitir? Explique sua resposta. O eu lírico apresenta uma imagem positiva a respeito da simpatia ao associá-la a elementos agradáveis, como o canto dos pássaros ou o perfume das flores. APLICANDO O CONHECIMENTO Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um escritor brasi- leiro muito importante para a literatura nacional. Leia o seu poema a seguir para responder às questões 1 a 6. Namoro a cavalo Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça Que rege minha vida malfadada Pôs lá no fim da rua do Catete A minha Dulcineia namorada. Alugo (três mil réis) por uma tarde Um cavalo trote (que esparrela!) Só para erguer meus olhos suspirando A minha namorada na janela… Todo o meu ordenado vai-se em flores E em lindas folhas de papel bordado Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, Algum verso bonito… mas furtado. Morro pela menina, junto dela Nem ouso suspirar de acanhamento… Se ela quisesse eu acabava a história Como toda a Comédia-em casamento… Ontem tinha chovido… Que desgraça! Eu ia a trote inglês ardendo em chamas Mas lá vai senão quando uma carroça Minhas roupas tafuis encheu de lama… Eu não desanimei. Se Dom Quixote No Rocinante erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada… Mais eis que no passar pelo sobrado, Onde habita nas lojas minha bela, Por ver-me tão lodoso ela irritada Bateu-me sobre as ventas a janela… O cavalo ignorante de namoros Entre os dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com pernas para o ar, sobre a calçada… Dei ao diabo os namoros. Escovado Meu chapéu que sofrera no pagode, Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode. Circunstância agravante. A calça inglesa Rasgou-se no cair de meio a meio O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!… AZEVEDO, Álvares de. Disponível em: <http://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da- memoria-virtual-brasileira/literatura/a-poesia-romantica/>. Acesso em: 2 dez. 2019. esparrela: no contexto, tem sentido de roubo. tafuis: luxuosas. lodoso: cheio de lodo, de barrenta. 34 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_7ANO_LP_020a036_CAD3_MOD16_CA.indd 34 19/03/20 17:53 1 O poema de Álvares de Azevedo narra, com certo de- boche, uma tentativa de um encontro amoroso. Retire das duas últimas estrofes versos que exemplifi- cam essa afirmativa. “Dei de pernas corrido e cabisbaixo / E berrando de raiva como um bode.”, “Circunstância agravante. A calça inglesa / Rasgou-se no cair demeio a meio” 2 Aprendemos que a utilização de um ou outro tipo de predicado nos diz muito sobre a intenção comunicativa do texto. Assim, responda: a) Identifique e classifique o predicado da oração “eu escrevo trêmulo, amoroso, / Algum verso bonito”. O predicado dessa oração é “escrevo trêmulo, amoroso, / Algum verso bonito” e se classifica em predicado verbo-nominal por apresentar dois núcleos: a forma verbal “escrevo” e os predicativos do sujeito “trêmulo e amoroso”. b) Qual é a intenção comunicativa do eu lírico ao fazer uso desse tipo predicado? A intenção comunicativa do eu lírico ao usar predicado verbo- -nominal é apresentar a ação que ocorreu e apontar o estado em que estava diante dessa ação, caracterizando-se. 3 Há na penúltima estrofe uma comparação. Quais são os elementos comparados e o que há de semelhante entre eles? O eu lírico compara seu comportamento ao de um bode (correu e berrou como o animal). 4 No poema ocorrem, quase que exclusivamente, predi- cados verbais. Justifique essa utilização. Como se trata de um poema narrativo, cujo objetivo central é narrar os fatos que aconteciam naquele momento, em sequência, há o emprego de predicados verbais, cujos núcleos são verbos de ação. 5 O eu lírico se compara, na 6ª estrofe, a Dom Quixote, importante personagem da literatura mundial. De acor- do com ele, qual característica os aproximava? A valentia, segundo o eu lírico, era a característica que o aproximava de Dom Quixote. 6 As figuras de linguagem são responsáveis por transmitir mensagens de forma conotativa a fim de tornar o texto mais expressivo. Releia os versos a seguir: Morro pela menina, junto dela Nem ouso suspirar de acanhamento… Identifique a figura de linguagem presente na expressão “morro pela menina” e explique o sentido atribuído por ela à frase. A figura de linguagem presente no trecho é a hipérbole, pois o eu lírico tem a intenção de intensificar seu sentimento pela amada, usando uma expressão exagerada, já que, na realidade, ele não morre por ela. Leia a tirinha a seguir para responder aos testes 1 e 2. LEITE, Willian. Anésia, 24 jun. 2019. Disponível em: <www.willtirando.com.br/anesia-455/>. Acesso em: 25 nov. 2019. DESENVOLVENDO HABILIDADES © W ill L e it e /A c e rv o d o c a rt u n is ta 35 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_7ANO_LP_020a036_CAD3_MOD16_CA.indd 35 19/03/20 17:53 1 Maquiavel, Jean-Jacques Rousseau e John Locke são pensadores importantes da história que tinham visões diferen- tes sobre a humanidade. Já Dona Anésia é a personagem de uma tirinha que é conhecida por ser sincera e ranzinza demais. A tirinha é um gênero textual que usa, em sua maioria, a linguagem híbrida e se constrói com base no humor. No texto, podemos perceber que o humor se constrói com base em uma intertextualidade porque a) a fala de Dona Anésia é mais importante do que todas as outras devido ao fato de ela ser mais famosa. b) são colocadas falas de pensadores famosos dentro da tirinha, construindo um diálogo entre os textos. c) apenas as imagens dos pensadores foram preservadas, modificando o sentido de suas frases. d) a tirinha é da Dona Anésia, e ela faz parte dos pensadores colocados em destaque. e) o que predomina na tirinha é a ironia da fala de Anésia diante dos outros pensadores. 2 Nos dois primeiros quadrinhos, temos a fala dos pensadores Maquiavel e Rousseau buscando uma definição do ser humano que, para eles, é oposta. Analisando a função do predicado nas orações, podemos observar que a) em ambas as frases temos predicados nominais devido ao objetivo de caracterizar o ser humano. b) em ambas as frases os predicados são verbo-nominais devido ao objetivo de caracterizar o ser humano. c) as duas frases são formadas por predicados nominais, pois o núcleo é o verbo. d) as duas frases não apresentam predicado, pois não têm verbo de ação. 3 Leia a tirinha. Anésia é uma senhora muito mal-humorada e sincera que diz tudo aquilo que pensa sem considerar o incômodo que esse comportamento pode gerar no outro. Na tirinha, percebemos que a senhora faz uso de uma figura de linguagem no segundo quadrinho. Essa figura se classifica em a) metáfora. b) metonímia. c) hipérbole. d) eufemismo. ANOTAÇÕES © W il l L e it e /A c e rv o d o c a rt u n is ta 36 L ÍN G U A P O R T U G U E S A M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_7ANO_LP_020a036_CAD3_MOD16_CA.indd 36 19/03/20 17:53
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