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1 2 SUMÁRIO 1 UM MERCADO EM EXPANSÃO ........................................................................ 4 1.1 No Judiciário ................................................................................................. 6 1.2 Perícia X Auditoria ........................................................................................ 7 1.3 Competência e Campo profissional .............................................................. 8 1.4 Comprovação De Habilitação ....................................................................... 9 1.5 Responsabilidade de Pagamento dos Honorários ........................................ 9 1.6 Exames ......................................................................................................... 9 1.7 Responsabilidade e zelo ............................................................................. 10 1.8 Contratação de Especialistas ..................................................................... 10 1.9 Normas ....................................................................................................... 11 2 O OBJETO DA PERÍCIA CONTÁBIL ................................................................ 11 3 PERÍCIA CONTÁBIL EXTRAJUDICIAL ............................................................ 12 4 ARBITRAGEM ................................................................................................... 12 5 A IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA CONTÁBIL ...................................................... 14 6 A ÉTICA NOS TRABALHOS PERICIAIS .......................................................... 15 7 DIREITOS E DEVERES DO PERITO ............................................................... 15 8 PENALIDADES APLICADAS AO PERITO CONTADOR .................................. 16 9 PRÁTICA DE PERICIA CONTÁBIL ................................................................... 17 9.1 O Trabalho realizado pelo Perito Assistente ............................................... 17 10 CASOS DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO ................................................. 18 11 O LAUDO ....................................................................................................... 21 11.1 Laudo Pericial e Parecer Técnico ............................................................ 24 11.2 Características do Laudo Pericial ............................................................ 24 11.3 Laudo de Esclarecimentos ...................................................................... 25 3 11.4 Laudo Complementar .............................................................................. 26 12 BREVE HISTÓRIA DA PERÍCIA CONTÁBIL ................................................. 26 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 30 13 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................... 32 Abstract ................................................................................................................... 33 4 1 UM MERCADO EM EXPANSÃO Fonte:talcsd.com Uma função que necessita constante aprimoramento, a perícia contábil vem atraindo cada vez mais a atenção dos profissionais de contabilidade. O perito contábil, contratado pelas partes ou indicado pelo juiz para fazer laudos sobre um determinado caso, é essencial para a solução de litígios na Justiça. Pela definição da Norma Brasileira de Contabilidade, a perícia contábil é “o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. ” A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. O perito é a pessoa nomeada pelo juiz ou pelas partes (em caso de perícia extrajudicial). Segundo a Norma Brasileira De Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de Fevereiro de 2015 O Decreto-Lei n. º 9.295/46, na alínea “c” do Art. 25, determina que o laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil somente sejam elaborados por contador ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados em 5 Conselho Regional de Contabilidade. A habilitação é comprovada mediante Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico- contábil, de forma clara e precisa, as suas conclusões. Para Moura (2017, p. 05) ressalta que a perícia contábil é uma evidência para “verificar e examinar fatos da causa”. Podemos compreender que, para uma análise mais detalhada de uma situação ocorrida, o papel do perito é de cunho relevante, pois se trata de uma apuração de fatos e requer veracidade. De acordo com o CPC (Lei nº 13.105/15) é ponderado a importância dos procedimentos da perícia contábil nas empresas na constatação de respostas às questões que norteiam as empresas, em busca de soluções para a empresa. O quadro a seguir, faz um comparativo entre o NCPC e o antigo CPC. NCPC CPC Antigo Artigo 145. Perito Artigo 156. Perito Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juíz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico Fonte: Adaptado de Magalhães, 2017. 6 1.1 No Judiciário Fonte: crq4.org.br O conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória, elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, por meio do laudo pericial ou parecer técnico, respeitadas as normas jurídicas, profissionais e a legislação específica. Em suma, a prova pericial judicial é aquela pela qual a elucidação do fato se dá com o auxílio de um perito, especialista em determinado campo do saber, devidamente nomeado pelo juiz, que deve registrar sua opinião técnica e científica em um documento chamado laudo pericial, que, uma vez produzido, pode ser objeto de discussão e questionamentos pelas partes e seus assistentes técnicos. A Justiça recorre ao perito contábil quando o juiz necessita de um laudo profissional especializado ou para atender ao pedido de uma das partes envolvidas no processo. Muitas perícias na área da contabilidade são hoje requeridas principalmente na parte de revisão de encargos financeiros contra bancos, também referentes ao Sistema Financeiro Habitacional, e demais questões como leasing, condomínios, entre outros. A perícia é um meio de prova previsto no Direito, assim como a documental, a testemunhal e a do depoimento pessoal. 7 O perito contábil, além da condição legal, da capacidade técnica e da idoneidade moral, tem uma responsabilidade enorme,já que suas afirmações envolvem interesses e valores consideráveis. No caso de perícia judicial, o prazo estabelecido para a conclusão dos trabalhos, fixado pelo juiz, deve ser cumprido pelo perito como forma de não obstar a celeridade processual. O perito-assistente deve cumprir o prazo fixado em lei, para suas manifestações sobre o laudo pericial, de forma a não prejudicar a parte que o indicou. 1.2 Perícia X Auditoria A característica básica de ambas é a revisão de trabalhos já executados por colegas nas outras áreas da contabilidade. Em alguns casos até, a identificação e/ou a produção de trabalhos que deveriam ter sido executados e não o foram. Auditoria Perícia É mais revisão, verificação; tende a ser necessidade constante, repetindo- se de tempo em tempo, com rigores metodológicos próprios e diferentes, pois utiliza amostragem nos seus levantamentos. É a prova elucidativa dos fatos e, sendo assim, até mesmo por ser um meio de prova, repudia a amostragem como critério, tem caráter de eventualidade e só trabalha com o universo completo, em que a opinião é expressa com rigores de cem por cento de análise. A principal diferença entre auditoria e perícia é que a auditoria opera através de um processo de amostragem, e a perícia sobre um determinado ato, ligado ao patrimônio das entidades físicas ou jurídicas, buscando a apresentação de uma opinião através do laudo pericial. O perito contador atua sobre um caso litigioso, envolvendo duas partes, enquanto que o auditor desenvolve seu trabalho para uma entidade privada ou pública que o contrata para apreciar e emitir parecer sobre controles internos ou demonstrações financeiras. Sendo, auditória e perícia, técnicas de revisão elas não podem ser confundidas, pois a auditória utiliza-se quase sempre do método de amostragem, já a perícia usa o método 8 analítico de maior abrangência. Quando ocorre, na perícia, o método de amostragem, trata- se de um caso excepcional. 1.3 Competência e Campo profissional Fonte: sescap-pr.org.br A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. Competência profissional pressupõe ao perito demonstrar capacidade para pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial e no parecer pericial contábil. O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de competência profissional, atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), além das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia. A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgãos de Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum acordo entre as partes. 9 Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação e certificação. A perícia desenvolve-se como um campo de atuação bastante importante para os contadores, na medida em que há uma grande responsabilidade no trabalho, pois suas conclusões podem levar ao deslinde da questão, constituindo-se prova no processo judicial. Durante o processo da perícia, três profissionais podem atuar concomitantemente, pois o autor e o réu podem indicar assistentes técnicos para acompanharem o perito indicado pelo juiz. O perito do juiz faz o laudo e submete aos assistentes. Caso um deles discorde, faz um laudo em separado. 1.4 Comprovação De Habilitação O perito-contador e o perito-contador assistente devem comprovar sua habilitação profissional mediante apresentação de certidão específica, emitida por Conselho Regional de Contabilidade, na forma a ser regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade. 1.5 Responsabilidade de Pagamento dos Honorários As despesas de perícia fazem parte dos custos processuais, cabendo às partes prover tais despesas, antecipando-lhe o valor, que ficará consignado em juízo. 1.6 Exames O perito contábil utilizará, em seus exames, dos registros e demonstrações contábeis (livros diário e razão), podendo, também, servir-se de outros elementos para produção de provas. 10 1.7 Responsabilidade e zelo Fonte: lemosemontenegro.com O perito-contador e o perito-contador assistente devem conhecer as responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às quais estão sujeitos no momento em que aceitam o encargo para a execução de perícias contábeis judiciais, extrajudiciais e arbitrais. 1.8 Contratação de Especialistas O perito-contador e o perito-contador assistente, são responsáveis também pelos trabalhos realizados por especialista contratado para a realização de parte da perícia que exija conhecimento específico em outras áreas do conhecimento humano. Tal obrigação assumida pelo perito perante o julgador ou contratante não exime o especialista contratado da responsabilidade pelo trabalho executado. A utilização de serviços de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto da perícia assim o requerer, não implica presunção de incapacidade do perito-contador e do perito-contador assistente, devendo tal fato ser, formalmente, relatado no Laudo Pericial Contábil ou no Parecer Pericial Contábil para conhecimento do julgador, das partes ou dos contratantes. São exemplos de trabalho de especialista: programador de computador para desenvolvimento de programas para perícias, inclusive para liquidação de sentenças em 11 ações trabalhistas, apuração de haveres, aferição de diferenças do Sistema Financeiro de Habitação; atuários; especialista contábil em partes específicas da perícia, entre outros. 1.9 Normas As normas da profissão e da atividade do perito contábil são disciplinadas pelas seguintes NBC`s: NBC TP 01 – Normas de Perícia Contábil NBC PP 01 – Normas Profissionais de Perito Contábil Segundo Moura (2017, p. 11) ressalta que o perito é o responsável e/ou nomeado em juízo para os trabalhos fins, de acordo com as normas legais, indicado pelas partes, ao que, deve realizar o trabalho na obtenção de um parecer. Ainda, o mesmo autor (2017, p. 11) sinala que, para que se realize essa prática, devem seguir as normas e procedimentos legais estipuladas no Código de Processo Civil, em seus respectivos artigos 464 a 480, que versam sobre os meios legais ao qual o perito contábil deve labutar até chegar a um parecer pericial. 2 O OBJETO DA PERÍCIA CONTÁBIL Com relação ao objeto da perícia contábil, Zanna (2016) destaca que esta é uma prática de apuração técnica de atitudes e ocorrências, e que seus objetivos visam levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução de litígios, desse modo, são fatos ou questões contábeis utilizadas para que se possa provar determinada situação. Na busca de motivos da vinculação de perícia com contabilidade, identifica-se que isto ocorrerá sempre quando a perícia em questão envolver questões patrimoniais. A perícia ocorre por instrumento de forma técnica e profissional, mediante o auxílio na resolução de situações contraditórias. Os elementos que são utilizados para gerar a prova pericial com relação ao fato periciado. 12 3 PERÍCIA CONTÁBIL EXTRAJUDICIALÉ a perícia levada a efeito fora do processo judicial. Pode-se dizer que a perícia extrajudicial é a perícia amistosa consentida pelas partes. Divide-se em: Demonstrativas: Demonstrar a veracidade ou não do fato ou coisa previamente especificado na consulta. Discriminativas: Colocar nos justos termos os interesses de cada um dos envolvidos. Comprobatórias: Visa à comprovação das manifestações patológicas da matéria periciada (fraudes, desvios, simulações, dentre outros). Moura (2010) ressalta que a Perícia Contábil Extrajudicial é de competência dos contadores, devidamente registrados no Conselho Regional de Contabilidade, e que, da mesma forma como ocorre na Perícia Judicial, o Perito Contábil ou Perito Contábil Assistente Técnico deve buscar provas e elementos comprobatórios, a fim de esclarecer e solucionar o litígio, sempre respeitando os procedimentos técnicos e a Legislação específica pertinente 4 ARBITRAGEM Quando duas partes discordam sobre algum ponto de conflito e decidem buscar a avaliação neutra da causa para a resolução de divergências, pode-se buscar os meios judiciais ou optar por meios alternativos e mais ágeis, como a arbitragem. A arbitragem é um meio privado e alternativo à solução judicial de conflitos, desde que eles sejam decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis. É regida pela Lei nº 9.307/96 e ganhou grande ênfase no Código de Processo Civil em vigor desde março de 2016, junto com a conciliação e a mediação. A perícia contábil é definida pela Norma Brasileira de Contabilidade como: o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante 13 laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. Existem alguns procedimentos introdutórios para a execução do trabalho pericial, entre elas, a definição do objeto da perícia, os elementos da consulta e a finalidade da perícia, verificando durante as análises qual a melhor metodologia a ser utilizada. É importante ressaltar que o método escolhido é fundamental para o sucesso da ação e mediação no alcance de resultados pacificadores. Recorrer à arbitragem como uma forma mais ágil da resolução de conflitos é uma alternativa ao litígio e também um meio para resolvê-lo, porém as partes devem estabelecer em contrato a cláusula arbitral, deixando claro que utilizarão esse meio para solucionar eventuais controvérsias, evitando o Poder Judiciário. Geralmente, os casos demandam um grande volume de trabalho técnico, necessitando de profissionais bem preparados com conhecimento e ética. A habilidade para desempenhar o papel é essencial para garantir e atender as demandas de seus clientes, contando com equipe técnica específica para esse tipo de ação. A arbitragem pode ser uma alternativa mais ágil para resolução de pendências, mas sem usar corretamente todos os seus artífices, não se torna eficaz. A perícia contábil é um dos recursos que traz veracidade a decisão. A arbitragem é uma perícia como sendo aquela realizada no juízo arbitral, ou seja, premência decisória produzida pela vontade das partes, não se enquadrando em nenhuma das anteriores. Esta espécie de perícia subdivide-se em probante e decisória, em conformidade com o funcionamento do meio de prova do juízo arbitral, sendo balizadora da certeza do árbitro ou na própria arbitragem. Quando a instância decisória é criada pelas partes. Tem as características da judicial e extrajudicial. Agente ativo como próprio árbitro da controvérsia. Divide-se em: Probante: Se destina a ser meio de prova do juízo arbitral, sendo subsidiada a da convicção do árbitro. Decisória: Seu agente ativo funciona como o próprio árbitro da controvérsia. De acordo com Alberto (2010), menciona que os fatos comprobatórios estarão à disposição da arbitragem, ao qual tomará as decisões pertinentes, considerando os aspectos legais. 14 5 A IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA CONTÁBIL Fonte: infoescola.com A perícia contábil é uma ferramenta fundamental da Ciência Contábil, desempenhando um papel relevante perante a sociedade, pois se constitui em fornecer um parecer pericial a fim de tornar claro e compreensível, questões apresentadas que se adentre esta função. Em vários setores, departamentos, a perícia contábil pode contribuir em apresentar provas verídicas sobre uma determinada situação, que requer o controle e/ou respostas para as tomadas de decisões. Segundo Lopes de Sá (2003, p. 03). É a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião. Deste modo, a importância da perícia contábil se faz de grande relevância, por proporcionar condições com a natureza da verdade, sob procedimentos legais cabíveis ao fato que requer um parecer. 15 6 A ÉTICA NOS TRABALHOS PERICIAIS Sabemos que a palavra Ética é definida como a ciência o comportamento moral dos indivíduos perante a sociedade. A ética, como princípio contábil, envolve aspectos objetivos em que sua aplicação não depende de opção ou escolha do profissional, mas é consequência da própria natureza da Contabilidade, contida no princípio contábil, a qual precisa ser respeitada. Assim, como não se pode alegar ignorância da lei, para não cumpri-la, também não se podem ignorar exigências técnicas e culturais para o exercício da profissão. De acordo com a CFC (2016) determina a conduta do profissional, com diligência, honestidade e capacidade técnica, no exercício de suas funções. O Código de Ética Profissional do Contador, Resolução nº. 893, dispõe sobre o cumprimento dos princípios éticos do profissional perito. O seu cumprimento na realização de suas atividades tem o amparo legal. É de fundamental relevância destacar a função de perito contábil requer responsabilidade, compromisso, veracidade e ética na execução de suas atividades, pois a perícia é compreendida como um exercício pleno de cidadania, e o perito tem o dever de cumprir mais do que qualquer cidadão, um comprometimento com a verdade dos fatos apresentados. 7 DIREITOS E DEVERES DO PERITO Assim como qualquer indivíduo, o perito também tem direito e deveres a serem cumpridos. De acordo com as observações feitas por Alberto (2007, p. 56) descreve sobre os deveres legais e profissionais do perito: 1) dever de aceitar o encargo, do qual não se pode escusar-se “salvo alugando motivo legítimo”; 2) dever de cumprir o ofício (CPC, art. 146); 3) dever de comprovar sua habilitação (CPC, art. 145); 4) dever de respeitar os prazos (CPC, art. 146); 5) dever de lealdade (CPC, art. 147); 16 6) dever de cumprir escrúpulo somente o encargo (CPC, art. 422); 7) dever de prestar os esclarecimentos (CPC, art. 435); 8) dever profissional de recusar a indicação, quando não se achar capacitado para desempenhar o encargo (Código de Ética Profissional do Contabilista, art. 5º, item I); 9) dever profissional de evitar interpretações tendenciosas, mantendo absoluta independência moral e técnica (idem, item II); 10) dever profissional de abster-se de dar sua convicção no âmbito técnico e comprovar sua habilitação (idem, item III); 11) dever profissional de apreciar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo pericial que lhe for submetido (idem, item IV); 12) deverprofissional de abster-se de dar parecer, de emitir opinião sem estar suficientemente informado e documentado (idem, item VI); 13) dever de cumprir as normas profissionais da Perícia Judicial (APEJESP) e as Normas Técnicas Profissionais de Perícia Contábil (Conselho Federal de Contabilidade). Podemos observar que, o perito tem um papel ao qual lhe cabe seguir e cumprir normas legais, com seus direitos e deveres garantidos e assegurados pelo Conselho Federal de Contabilidade. 8 PENALIDADES APLICADAS AO PERITO CONTADOR O perito contábil deve manter seus objetivos voltados aos conhecimentos e priorizar seus esforços na busca do mesmo, pois assim poderá ter uma formação e qualificação sólida para atuar no mercado de trabalho. De acordo com o Código de Ética do Profissional Contabilista, em seu artigo 12, ressalta sobre as penalidades aplicadas ao perito: Art.12- A transgressão de preceito deste Código constitui infração ética, sancionada, segundo a gravidade, com a aplicação de uma das seguintes penalidades: I – É um comunicado pessoal do conselho de classe ao contabilista infrator, alertando-o do cometimento da falta ética e advertindo-o reservadamente. II – Toda a classe contábil fica conhecendo publicamente o infrator ético-profissional. É imprescindível que haja a manutenção de uma postura responsável diante do exercício profissional, desde a apresentação pessoal até a formação ético-profissional na 17 busca de diferenciais pela observação, procurando inovar com os procedimentos já existentes, sendo ágil e flexível para aceitar mudanças. 9 PRÁTICA DE PERICIA CONTÁBIL Fonte: dextercontabilidade.com.br O trabalho da perícia contábil tem suas atribuições, que consiste em possuir uma gama de conhecimento, informações, sobre todas as áreas que afetam sua especialidade. A atividade pericial é o meio de o perito contábil colocar em prática seus conhecimentos de modo profissional, responsável, ético, de maneira a desempenhar um trabalho social e confiável. De acordo com o CPC (2015) ressalta que o perito oficial é o nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou privada, para o exercício da perícia contábil. 9.1 O Trabalho realizado pelo Perito Assistente De acordo com Ornelas (2003, p. 44) ressalta sobre o trabalho do perito assistente que: O perito contábil, na função de assistente técnico, pode oferecer colaboração deveras importante aos advogados, debatendo com os mesmos as possibilidades técnicas 18 quanto ao desenvolvimento da prova técnica contábil, culminando por sugerir quesitos ou proposições que possam solucionar os fatos controvertidos objetos da lide. Corroborando com o trabalho realizado pelo perito assistente, Zanna (2007) descreve, em suas entrelinhas, que este profissional deve possuir as mesmas qualificações, sendo que o mesmo pode vir a atender a parte que o contratou. Ou seja, realiza as mesmas funções de modo legal, seguindo aos procedimentos. Detalhamento entre o perito oficial e o perito assistente: Função Indicação Parcialidade Participação Atividade Instrumento Perito Oficial Auxiliar da Justiça. Nomeado pelo Juiz, respeitando as exigências legais. Deve ser imparcial. Submete-se às alegações de suspeição e impedimento. Obrigatória. Emitir juízos técnicos e científicos sob questão sub examine. Laudo pericial. Perito Assistente Auxiliar das partes. Livre indicação das partes. É parcial. Não se submete às alegações de suspeição e impedimento. Opcional, a critério das partes. Fiscalizar o trabalho do perito e emitir sua opinião para criticar ou apoiar o laudo pericial. Parecer técnico. 10 CASOS DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO Moura (2017, p. 46) ressalta sobre os casos de suspeição e impedimento, no que, de acordo com a NBC PP 01, estes termos são situações relativas que impossibilitam o perito de exercer suas funções. Segundo Moura (2017, p. 46-47) A suspeição fundamenta-se no explícito do agente e, quanto ao impedimento, este, fundamenta em objetivos do agente. Detalhamento dos casos de impedimento contidos no NCPC e NBC: Artigo 134 do CPC Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: 19 I – De que for parte; II – Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; III – Que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; IV – Quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V – Quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI – Quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. Artigo 144 do NCPC Art. 144 do NCPC – Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I – Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II – De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III – Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV – Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V – Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI – Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; 20 VII – Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII – Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX – Quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1º – Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º – É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º – O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. Detalhamento dos casos de suspeição contidos no NCPC e NBC NCPC Art. 145 do NCPC – Há suspeição do juiz: I – Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II – Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III– Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV – Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. § 1º – Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. § 2º – Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I – Houver sido provocada por quem a alega; 21 II – A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. NBC O perito-contador pode declarar-se suspeito quando, após, nomeado, contratado ou escolhido verificar a ocorrência de situações que venha suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e, desta maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à decisão. Os casos de suspeição aos quais estão sujeitos o perito-contador são os seguintes: a) ser amigo íntimo de qualquer das partes; b) ser inimigo capital de qualquer das partes; c) ser devedor ou credor de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau; d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges; e) ser empregador de alguma das partes; f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão; g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das partes; h) declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, ficando isento, neste caso, de declinar os motivos. 11 O LAUDO Terminadas as operações de averiguação e coleta das informações, dos documentos necessários, é chegado o momento de elaboração do laudo contábil. O laudo contábil pode ser entendido sob dois aspectos: a) é a materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito contábil; b) é a própria prova pericial. Moacyr Amaral Santos conceitua laudo: “consiste na fiel exposição das operações e ocorrências da diligência com o parecer fundamentado sobre a matéria que lhes foi submetida. ” 22 Enquanto prova técnica, servirá para suprir as insuficiências do magistrado no que se refere a conhecimentos técnicos ou científicos, propiciando certeza jurídica quanto à matéria fática. O laudo contábil deve obedecer a certos requisitos “extrínsecos uns, intrínsecos outros. ” Requisitos extrínsecos entende-se que deve o laudo contábil ser lavrado na forma escrita e assinado pelo perito contábil, além de ser rubricado, evitando-se qualquer possibilidade de substituição de folhas. O laudo contábil deve possuir algumas determinadas qualidades intrínsecas, tais como: ser completo, claro, circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. O laudo pericial, é o relatório feito pelo perito, onde ele resume tudo quanto pode observar durante as Diligências. Não existe um padrão de laudo, mas existem formalidades que compõem a estrutura dos mesmos. Em geral, no mínimo, um laudo deve ter em sua estrutura os elementos seguintes: I. Prólogo de encaminhamento: é, a identificação e o pedido de anexação aos autos. II. Abertura: primeiramente, é a indicação do procedimento ordenatório, identificando sua numeração, as partes envolvidas, no litígio ou setor sobre o qual a perícia se manifestará. Indica-se a vara ou junta que o processo tramita ou a indicação da ordenação administrativa que determinou o trabalho, bem como a caracterização dos profissionais responsáveis pela vara, junta ou esfera administrativa. III. Consideração Preliminares: É a parte introdutória da peça técnica pericial, ou seja, a parte relativa ao relatório pericial. Pode ser dividida em alguns sub-tópicos. No primeiro sub-tópico, deve descrever, sucintamente, o pedido formulado pelo proponente da ação constante da inicial e traz à luz os contornos e limites do trabalho pericial. Um segundo sub-tópico a ser oferecido é o que relata as diligências realizadas pelo perito contábil. Informa-se os principais momentos de como foi desenvolvido o trabalho de 23 campo, referenciando, inclusive, o termo de diligência. É também pertinente inserir aqui eventuais ocorrências que, porventura, tenham sucedido. IV. Quesitos: São as questões técnicas objeto da lide que se apresentam desenvolvidas através de perguntas formuladas pelo magistrado ou pelas partes, ou por uma das partes apenas. No caso administrativo, os quesitos são identificados pelas áreas de interesse que foram objeto de indagação. V. Respostas: O perito contábil deve observar algumas regras básicas. As respostas devem seguir-se aos quesitos e por uma questão hierárquica, são oferecidas, preliminarmente, as respostas aos quesitos formulados pelo magistrado, em seguida as respostas aos quesitos oferecidos pelas partes, pela ordem de juntada das mesmas aos autos do processo. VI. Assinatura do Perito: VII. Anexos: “ilustram” as respostas, para evitar que se tornem prolixas ou, então, reforçam a opinião. Deve se fazer de forma parcimoniosa, nunca no sentido de “inchar” o laudo contábil, admitindo-se a juntada de apenas alguns exemplares de vários documentos. Primeiro porque o perito contábil tem fé pública; segundo, porque o excesso de juntada, em especial de documentos, estará transformando a prova pericial em prova documental. VIII. Pareceres (Se houver): Pareceres de outros especialistas ou de notáveis podem ser requeridos para efeito de reforço da opinião do perito ou até para suplementá-la e, nesse caso, apensos ficam ao laudo. A inserção no laudo, de metodologia técnica, formas ou critérios que servem exclusivamente para análise do fato, portanto particularíssima ao perito, devem ser sempre que possível agrupadas, quando impossível sua supressão devem acompanhar o laudo, nas preliminares e a sua exposição sob forma de anexos elucidados, da mesma maneira que os mapas demonstrativos ou documentos ilustrativos, de maneira que o corpo do laudo represente apenas a síntese do ocorrido durante as Diligências e as conclusões do perito. 24 11.1 Laudo Pericial e Parecer Técnico Tanto o laudo quanto o parecer são ferramentas importantes para o trabalho do perito. De acordo com Moura (2017, p. 31-32) descreve sobre o laudo pericial que: É um documento escrito, no qual o perito deve registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam a demanda, a lide, o litígio, e deve ser elaborado de forma sequêncial e lógica, para que o trabalho do perito seja reconhecido também pela padronização estrutural. Ainda, segundo Moura (2017, p. 40-41) destaca que: Entende-se por parecer técnico, ou parecer técnico contábil, a peça técnica elaborada de forma sequêncial e lógica, na qual o assistente técnico expressa, de maneira circunstanciada, clara, objetiva e precisa, os estudos, as pesquisas, as observações, as diligências que realizou ou as buscas de elementos de provas necessárias para a conclusão de seu trabalho. Assim, podemos compreender que, tanto o laudo pericial quanto o parecer técnico são instrumentos de suma necessidade ao perito contador, pois um elo com a veracidade dos fatos para então, sua apresentação, elaborado com objetivos para a preparação de sua redação e, que será utilizada minuciosa. 11.2 Características do Laudo Pericial Antes de iniciar um laudo pericial, o perito contador deve observar as peculiaridades decretadas pelo CPC/2015, no que, o mesmo deverá conter: I. A exposição do objeto da perícia; II. A análise técnica ou científica realizada pelo perito; III. A indicação do método utilizado,esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; IV. Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. 25 No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer- se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. Consiste em técnicas, procedimentos periciais contábeis que focam em fundamental o laudo pericial, estabelecendo uma conexão entre vários fatos e atos e, com o laudo pericial finda-se no esclarecimento, apresentados de forma correta, organizada, legalizada, e demonstrando ser uma ferramenta indispensável pelo perito contábil. 11.3 Laudo de Esclarecimentos Com relação ao laudo de esclarecimentos, estes, são respostas ao qual o indivíduo necessidade para indagações destinadas ao mesmo. De acordo com o CPC (2015), em seu artigo 435, destaca sobre o laudo de esclarecimento pericial, que: Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados cinco dias antes da audiência. Podemos observar que, o perito deve apresentar suas devidas explicitações conforme o ordenamento judicial. 26 11.4 Laudo Complementar De acordo com o CPC (2015) pontua em seu artigo 469, sobre o laudo complementar, que: Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. O laudo complementar é a execução do trabalho do perito, assegurando ao magistrado e as partes a apresentação de uma peça técnica auxiliando no parecer final judicial. 12 BREVE HISTÓRIA DA PERÍCIA CONTÁBIL Podemos afirmar que a atividade pericial, entendida como instrumento na busca de esclarecimentos acerca da verdade real, ainda que não identificada na forma como a concebemos atualmente, sempre esteve presente na vida do homem. Desde o momento em que o homem passou a viver em sociedade podemos afirmar que existe também atividade pericial. Isto porque, nas atividades cotidianas, ao necessitarmos de conhecimentos técnicos e/ou próprios de determinada área do conhecimento, é comum e natural recorrermos àqueles que possuem tais conhecimentos. Em relato histórico, Heródoto, 1400 A.C, demonstra que a atividade pericial entendida como a elucidação de fatos ou esclarecimentos já era utilizada na antiga civilização egípcia quando as terras às margens do rio Nilo eram divididas para serem utilizadas para o cultivo. Sempre que o rio transbordava e avançava se fazia necessário o conhecimento de técnicos para medir as porções de terras e dividi-las novamente. O técnico responsável por realizar esta medição era funcionário nomeado pelo faraó com a tarefa de avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as fronteiras entre as diversas propriedades 27 Fonte: dextercontabilidade.com.br No papiro abbot, que se encontra no museu britânico, datado de 130 da era cristã, de acordo com Machado (1930), existe relatos de um relatório de ferimentos sofridos por um indivíduo. O documento possui todas as características de um laudo tal como a requisição da autoridade, compromisso dos participantes, atuação do profissional, presença de testemunhas, descrição minuciosa da lesão, etc. Não obstante os relatos históricos existente em diversos documentos antigos, foi a partir do império romano que a atividade pericial experimentou seu primeiro desenvolvimento no sentido da atividade técnico científica como a concebemos hoje. Nessa fase, o magistrado transferia a faculdade de deferir o juízo da causa a homens que melhor pudessem, por seus conhecimentos técnicos, pronunciar-se sobre os fatos. Essa pessoa, era na prática juiz e perito ao mesmo tempo. Já no período medieval, por outro lado, predominaram as provas de caráter religioso como as ordálias e o juramento não existindo assim espaço para a prova pericial. Neste período a escrita era privilégios de poucos. No Brasil, a utilização da figura do perito passa a ser necessária pela primeira vez em 1832 com a promulgação do código de processo penal conforme a seguir transcrito: 28 DA FORMAÇÃO DA CULPA Art. 134. Formar-se-ha auto de corpo de delicto, quando este deixa vestigios que podem ser ocularmente examinados; não existindo, porém, vestigios, formar-se-ha o dito auto por duas testemunhas, que deponham da existência do facto, e suas circunstâncias. Art. 135. Este exame será feito por peritos, que tenham conhecimento do objecto, e na sua falta por pessoas de bom senso, nomeadas pelo Juiz de Paz, e por elle juramentadas, para examinarem e descreverem com verdade quanto observarem; e avaliarem o dano resultante do delicto; salvo qualquer juízo definitivo a este respeito. Art. 136. O Juiz mandará colligir tudo, quanto encontrar no lugar do delicto, e sua vizinhança, que possa servir de prova. Art. 137. O auto de corpo de delicto será escripto pelo Escrivão, rubricado pelo Juiz, e assignado por este, peritos e testemunhas. Já no âmbito contábil a matéria foi tratada pela primeira vez no I Congresso Brasileiro de Contabilidade de 1924. Nesse congresso foi discutida, inclusive a divisão da classe em três funções, contador, guarda livros e perito. Fonte: dextercontabilidade.com.br 29 Só na década de 40, todavia, seria regulamentada a profissão de Contador nos termos do Decreto Lei de nº 9.295 de 1946 e foi então definido que a atividade de perícia contábil é privativa do bacharel em contabilidade. A década de 50 foi um marco para o estudo da perícia contábil no Brasil, pois foi nessa época que foi publicado a obra Revisão e Perícia Contábil do professor Francisco D´auria, publicada pela editora Nacional. 30 BIBLIOGRAFIA ALBERTO, Valder Luiz Palombo. PERÍCIA CONTÁBIL. 5ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Lei nº 13.105/2015. Código de Processo Civil Brasileiro. Brasília, DF: Senado, Diário Oficial da União, 2015. República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,Senado,1998.Disponívelem:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui cao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 20 nov. 2017. Lei nº 6.404. Auditoria. Brasília 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/1976. Acesso em: 10 nov. 2017. CÓDIGO DE ÉTICA DOS PERITOS JUDICIAIS – CONSELHO NACIONAL DOS PERITOS JUDICIAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. <. Disponível em: https://www.conpej.org.br/codetica.pdf.Acesso em: 20 nov. 2017.> CORDEIRO DE MELLO, Paulo. A PERÍCIA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. São Paulo: Editora Trevisan, 2016. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. – CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC).Brasília: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2015. MARLUCIO, Cândido. Perícia Contábil. Marlúcio Cândido. Belo Horizonte: FEAD, 2014. MELLO, P. C. A perícia no novo código de processo civil. São Paulo: Trevisan Editora, 2016. MOURA, Ril. Perícia Contábil Judicial e Extra Judicial. 1. Ed. Rio de Janeiro. Freitas Bastos, 2002. ______. Perícia Contábil: judicial e extrajudicial. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2010. ______. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos, 2017. 31 MORAIS, Antônio Carlos. A busca da prova pericial contábil. Brasília, 2005. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas brasileiras de contabilidade: Perícia contábil. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade. 2015.Art. 6º do Decreto- Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10 – Conselho Federal de Contabilidade– NBC TP 01, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2015. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/NBC_TP_01.pdf. Acesso em: 26 nov. 2017. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia contábil. 3ª edição. São Paulo. Atlas, 2000. ______. Perícia contábil: diretrizes e procedimentos. 6ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2017. RESOLUÇÃO CFC Nº 1.502/2016. CADASTRO NACIONAL DE PERITOS CONTÁBEIS (CNPC). Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2016. RESOLUÇÃO CFC Nº 803/1996. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 1996. SÁ, Antonio Lopes. Perícia contábil. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. ZANNA, Remo Dalla. Prática de perícia contábil. 5ª ed. São Paulo: IOB, 2016. SILVA, Verônica de Oliveira; PAIVA, Jonas. Perícia Contábil, Prática Pericial: Estudo de Caso. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 02, Vol. 02, pp. 110-145, Fevereiro de 2018. ISSN: 2448-0959 Breve História da Perícia Contábil. Disponível em:< https://dextercontabilidade.com.br/breve-historia-da-pericia-contabil/>. Acesso em 29 de Out. de 2018. Perícia Contábil um Mercado em Expansão. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/trabalhopericial.htm> Acesso em 30 de Out.de 2018. Qual o papel da perícia contábil na arbitragem? Disponível em:< https://ribas- secco.com/qual-o-papel-da-pericia-contabil-na-arbitragem/> Acesso em 30 de Out. de 2018. 32 13 LEITURA COMPLEMENTAR A PROFISSÃO DE PERITO CONTÁBIL E SUA IMPORTÂNCIA NO CAMPO DA CONTABILIDADE ADRIANA FERREIRA ANA LÚCIA HONÓRIO ANDRÉ RICARDO SANTANA VIVIANE CAVALCANTE PROFESSORA Ma. SÍLVIA RANGEL UNISUZ / UNIESP RESUMO Este artigo tem por objetivo analisar a importância da perícia e da profissão de perito contábil, oferecendo o embasamento necessário para sua formação nesta área que a cada ano se torna mais promissora. O trabalho elaborado pelo profissional e minuciosamente analisado pelo perito contábil com base em dados, tendo como princípio a verdade, a moral e a ética como o lastro que alicerça essa profissão. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a entrevista com um profissional perito utilizando um questionário semiestruturado. Os resultados demonstram a importância deste profissional dentro do campo da contabilidade e a necessidade de aprimorar conhecimentos pautados a uma conduta de valores e princípios a fim de que se possa ter uma visão geral sobre o tema proposto, serão complementados alguns aspectos do perfil profissional do perito contador, função pericial utilizada, principalmente, para esclarecer litígios em processos judiciais que envolvam pessoas ou patrimônio. Palavras-chave: perícia contábil, profissão do perito, perfil profissional. 33 ABSTRACT This article aims to analyse the importance of skill and profession of accounting expert, offering the support necessary for its formation in this area every year becomes more promising. The work prepared by professional, is thoroughly analyzed by forensic accountant based in data as beginning the truth, morality and ethics as the ballast that support this profession. The methodology used was bibliographical research and the interview with a professional expert using a semi-structured questionnaire. The results demonstrate the importance of this professional in the field of accounting and the need to enhance knowledge guided the conduct of values and principles in order to have an overview of the proposed theme, will be complemented some aspects of the professional profile of the expert accountant, expert function used mainly to clear up disputes in court cases involving people or patrimôn ... Keywords: forensic accounting, profession of expert, professional profile. Introdução A Perícia Contábil é uma das áreas de aplicação das Ciências Contábeis, cuja função é exercida pelo bacharel em Ciências Contábeis, o contador, devidamente registrado em órgão da categoria, o Conselho Regional de Contabilidade – CRC, para poder cumprir uma exigência judicial que possa trazer a verdade real demonstrada de maneira técnico/científica às decisões judiciais ou extrajudiciais. Seu trabalho é minuciosamente elaborado, com base em dados e revisado, o seu compromisso com a verdade, a moral e a ética são as bases dessa função, pois a capacidade ética é a que estabelece o Código de Ética Profissional do Contador e a Norma do Conselho Federal de Contabilidade e a capacidade moral é a que se baseiam na virtude das atitudes pessoais do profissional, seus princípios. Segundo Sá (2009), a perícia contábil foi debatida pela primeira vez no Brasil em 1924 no congresso brasileiro de contabilidade, através do decreto 5.746/29, sem abrangência, mas de modo objetivo, foi regulado a exigência de atribuir apenas ao contador 34 a tarefa pericial. Passado mais de 10 anos, foi regulamentado a profissão do contador, ao mesmo tempo oficializa a função de perito contador. O objetivo desta pesquisa é discutir a importância da atividade do perito no campo da contabilidade, na sua verificação aos fatos ligados ao patrimônio, na realização de exames, vistorias, indagações, investigações ou qualquer procedimento de acordo com a pertinência a cada caso. Segundo Hoog (2005, p.47), a Perícia contábil é conceituada “como um serviço especializado, com bases científicas, contábeis, fiscais e societárias, à qual se exige formação de nível superior, e deslinda questões judiciais e extrajudiciais. ” A perícia contábil é uma tecnologia porque é aplicação dos conhecimentos científicos da contábil. Portanto, perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado com o intuito de oferecer opinião, mediante o conflito existente. Para expressar tal opinião a perícia se mune de exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer ferramentas necessárias para basear à opinião. Tal verificação, por natureza é determinada ou requerida; alguém interessado pede a opinião de um especialista. Há ainda muitos problemas e obstáculos a serem vencidos pela classe contábil para que a perícia contábil, principalmente, a judicial possa ser executada com maior rigor cientifico e técnico. Dentre desses problemas, um dos maiores é a remuneração do perito. O perito contábil é uma profissão autônoma que está cada vez mais em ascensão. Existe uma vasta área de atuação, já que o perito contábil pode realizar diversos trabalhos, como exemplo,na verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a concordata que ela pediu, na verificação contábil para apurar corrupção, processos de fusão de sociedades, etc. De acordo com Cavalli e Ritterbuch (2010, p. 80) “o perfil do contabilista e da própria contabilidade como ciência social vem se modificando para adequar-se ao ambiente em que está inserida, possuindo como prerrogativa básica a satisfação da célula social”. Para se tornar um perito de fato precisa-se além do registro de classe CRC, ser nomeado por um juiz, portanto este profissional tem que ser bem relacionado, tecer uma boa rede de comunicação para facilitar sua inserção neste mercado. O horário de trabalho é bem flexível, visto que, a grande maioria dos serviços realizados é feito de forma digital bem como a consulta ao processo e a entrega dos laudos. O profissional tem que possuir 35 além dos conhecimentos técnicos um sistema de informações que lhe de um bom e confiável suporte. Alberto (2009, p.72), “a perícia por sua própria natureza, é um exercício (ou deveria ser) pleno de cidadania, já que, ao dispor e ordenar direitos de outrem tem, ao mesmo tempo, o dever de fazê-lo com total isenção de ânimo. ”. Ainda Aberto (2009, p. 150) afirma que o “mais importante é confrontar a teoria exposta com a prática, pois somente através dos raciocínios que decorrerão deste confronto é que a criatividade e o espírito crítico se desenvolvem, e a união da primeira com o segundo certamente propiciará o aperfeiçoamento da perícia contábil”. O profissional que executa perícia contábil precisa ter um conjunto de capacidades legal, profissional, ética e moral, além de todas essas qualidades, precisa ainda ser comunicativo, ter boa compreensão de texto, ser dinâmico e proativo. A capacidade legal é a que lhe conferem o título de bacharel em Ciências Contábeis e o registro no Conselho Regional de Contabilidade - CRC. Está capacidade caracteriza-se por: Conhecimento teórico da contabilidade; Conhecimento prático das tecnologias contábeis; Experiência em perícias; Perspicácia; Perseverança; Sagacidade; Conhecimento geral de Ciências afins à contabilidade; Índole criativa e intuitiva. A capacidade ética é a que estabelece o Código de Ética Profissional do Contador e a Norma do Conselho Federal de Contabilidade. A capacidade moral é a que se base na virtude das atitudes pessoais do profissional, seus princípios. Sá, Antônio Lopes de “O perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectual, e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade”. A qualidade do trabalho do profissional perito representa a qualidade do profissional em si, um bom trabalho pericial de ter: objetividade; precisão; clareza; fidelidade; concisão; 36 confiabilidade baseada em materialidades; plena satisfação da finalidade. E por fim a opinião do perito deve estar: justificada (a exposição da razão pela qual o perito concluiu tal fato); lastreada em elementos sólidos (provas concretas, documentos, testes e exames); ao alcance de quem dela vai-se utilizar (tudo deve ser exposto de forma clara, precisa, detalhada e dar segurança a quem se vai utilizar das conclusões). Os métodos utilizados no desenvolvimento deste estudo abrangem o exame de dados, através da pesquisa bibliográfica e por entrevista com o Dr. José Castilho, obtendo- se informações importantes com o intuito de conhecer as responsabilidades, aptidões e competência do Perito Contábil. A entrevista A entrevista se deu por questionário semiestruturado que ofereceu uma visão geral sobre as vantagens e as desvantagens, distinções de conceitos periciais e situações vivenciadas ao longo de sua carreira. Qual é seu nome? Resposta: José Castilho Junior Castilho possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade de Mogi das Cruzes (1993). Possui Pós-Graduação em Auditoria e Controladoria. Mestre em Semiótica, Educação e Sistemas de Informação. Atualmente é professor no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Suzano. Tem experiência na área de Contabilidade, Controladoria e Administração com aderência nas disciplinas de Contabilidade Internacional, Controladoria, Contabilidade Gerencial, Contabilidade Social, Contabilidade de Custos, Contabilidade Agropecuária, Contabilidade Básica. É professor na Unisuz onde leciona as disciplinas de Auditoria, Análise das Demonstrações Contábeis, Contabilidade Gerencial, Contabilidade e Análise de Custos. Atua como perito contador judicial na 1 Vara Trabalhista de Mogi das Cruzes e na 1 Vara do Juizado Especial Federal de Mogi das Cruzes. 37 O que é perícia contábil? Resposta: Perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e a legislação específica no que for pertinente. Desta forma a perícia é entendida como a diligência praticada por peritos com o objetivo de esclarecimento de determinados fatos. Ela tem a função de processar e interpretar os vestígios resultando em um laudo pericial que dará suporte ao processo de investigação. Assim a perícia contábil verifica fatos ligados ao patrimônio de pessoas físicas e jurídicas, em busca de uma opinião válida para afirmar irregularidade ou regularidade da situação proposta. Qual a importância da perícia contábil à sociedade? Resposta: Para a sociedade o perito contribui no esclarecimento de prova quando os envolvidos no processo requerem a revisão de encargos financeiros de bancos, condomínios, ou até mesmo no Sistema Financeiro de Habitação. Desse modo entende-se que a perícia contábil tem como objeto os elementos que são utilizados para gerar a prova pericial em relação à matéria periciada. Qual a diferença entre perícia judicial e extrajudicial? Resposta: A perícia judicial está sob a tutela do Judiciário e é colocado em prática quando concedida pelo juiz. A perícia extrajudicial não obriga a presença do Estado representada pelo Judiciário, ou seja, depende da convenção entre as partes e poderá ser designada por elas. Podemos afirmar que perícia judicial é realizada de acordo com os procedimentos exigidos pelo Poder Judiciário, ocorre nas varas cíveis, criminais, de família, de falências e concordatas e na justiça do trabalho. Já a perícia extrajudicial não envolve processo judicial, 38 ela é contratada em litígio pelas partes, ou seja, acontece fora do âmbito do Poder Judiciário, dividida em perícia demonstrativa, discriminativa e comprobatória. Como é o mercado de trabalho para perícia contábil? Resposta: O mercado de trabalho para peritos está aquecido com o aumento e distribuição de processos judiciais. Entendemos que se trata de uma profissão que vem se despontando no mercado de trabalho, mas é pouco explorada no meio contábil, tanto por profissionais contábeis quanto pelos cursos de ciência contábeis. O que levou você a se tornar um perito contábil? Resposta: Interesse em atuar como perito judicial junto aos Tribunais de Justiça Trabalhista e Federal, colocar o meu conhecimento técnico na elaboração de laudos periciais. Tendo visto as qualificações de Castilho compreendemos que atuar como perito contábil exige dos profissionais habilitados à participação em cursos preparatórios, ter habilidade, conhecimento e experiência da perícia contábil a ser desenvolvida.Quais são as vantagens e desvantagens de ser um perito contábil? Resposta: As vantagens é que em algumas Varas Trabalhista o sistema é eletrônico, não há necessidade de locomoção sendo que o trabalho pode ser feito de forma remota, ou seja, home office. No quesito desvantagem, em alguns momentos os honorários periciais são discutidos e acabam (uma das partes) não valorizando o trabalho pericial. Desta forma entendemos que por meio de um sistema eletrônico tornou-se mais exigível os profissionais se atualizarem, pois, tal mudança grandiosa não existia para os peritos desde que deixaram as máquinas de escrever e partiram para o computador com os seus diversos programas de cálculos. Quando se trata do pagamento de honorário do perito, os nossos magistrados buscam vários entendimentos. Há casos em que há depósitos preliminares, noutros há depósitos parciais, arbitramentos, depósitos na oferta 39 do laudo, e há casos em que nada disso ocorre. Assim, ficam os peritos à deriva, sem um norte verdadeiro para a caminhada, embora, haja farta legislação a respeito. Quais as funções de um perito? Resposta: Quando o juiz recorre ao perito, pois precisa de um laudo profissional específico e também para atender ao pedido de uma das partes que estão envolvidos no processo. O perito contribui no esclarecimento de prova quando os envolvidos no processo requerem a revisão de assuntos financeiros, e neste momento entra o perito contábil para contribuir com o seu trabalho. De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis é dever de o perito contador aceitar a responsabilidade que lhe foi incumbida; comparecer a audiência para prestar esclarecimento se necessário; prestar informações verídicas respeitando os prazos; manter elevado o seu nível de competência profissional, bem como estar a par das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia, da legislação relativa à profissão contábil e das normas jurídicas e deve continuadamente atualizar-se através de programas de capacitação, treinamento e especialização. O que é e qual o papel do assistente técnico? Resposta: O perito assistente é aquele que é contratado e indicado pela parte em perícias contábeis ele dá suporte ao perito contador caso este solicite informações para preparação da peça pericial. Remo Dalla Zanna, (2007), ressalta que o perito contador pode atuar como assistente técnico atendendo aos advogados das partes que o indicam para produzir um parecer técnico do laudo apresentado; também como consultor dos advogados para elaborar um parecer técnico sobre as questões econômicas, financeiras e empresariais que serão submetidas a julgamento; como policial especializado, atuando nos inquéritos policiais que darão suporte aos processos de sonegação de tributos ou nos casos de corrupção; 40 Quais as maiores dificuldades que um perito encontra ao ingressar no mercado de trabalho? Resposta: Ao ingressar no mercado, as dificuldades estão em se adequar ao sistema eletrônico do Tribunal de Justiça, navegar no site, carregar arquivos, com o tempo o perito se acostuma com a plataforma eletrônica do sistema. Segundo André Vicente Machado, advogado, 61 anos, O processo eletrônico foi bem elaborado e está sendo bem distribuído, mas as pessoas ainda têm que assimilar. Há dificuldade muito grande entre os profissionais porque estávamos acostumados a lidar com o processo em papel, mas o sistema, em si, é excelente. 41 Considerações finais A profissão do perito contábil mantem-se em constante ascensão, seus serviços técnicos cada vez mais requisitados, porém, apesar de ser uma profissão autônoma, com um ótimo retorno financeiro possibilitando ao profissional trabalhar em horários flexíveis, na grande maioria das vezes de forma digital, é uma profissão que exige bastante do profissional, pois este, além dos conhecimentos técnicos deve manter uma postura ética, agir com moralidade, ser confiável e ter uma boa rede de comunicação profissional e pessoal, sendo o caminho inicial para ingressar na área é ter a indicação de um juiz. Um excelente campo para os profissionais de contabilidade, muito promissora sendo imprescindível que o perito contábil apresente responsabilidade e qualidade no serviço prestado, o princípio ético é de extrema importância, por tratar-se de uma área que exige sigilo profissional, referenciada pelo Código de Ética Profissional do Contador e a Norma do Conselho Federal de Contabilidade baseando-se na virtude das atitudes pessoais do profissional e seus princípios. Conclui-se que se trata de um tema de grande relevância e de interesse dos estudantes do curso de Ciências Contábeis apresentando uma oportunidade para atuação após o término da graduação. A troca de experiência entre os profissionais fortalece o aprendizado e estimula a continuidade na busca pelo conhecimento especifico na área da perícia contábil. 42 Referências ALBERTO, V. L. P.. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CAVALLI, Fabrina; RITTERBUCH, Diana de Souza. A prova pericial contábil nas causas de competência dos Juizados Especiais Cíveis. Revista Brasileira de Contabilidade ano 39, n. 182 mar/abr 2010, p. 79 – 89. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade de auditoria e perícia. Brasília: CFC, 2006. HOOG, Wilson Alberto Zappa. Prova Pericial Contábil: Aspectos Práticos & Fundamentais. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2005. ORNELAS, M. M. G. de. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SÁ, A. L. de, Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SANTOS, J. L. dos, et al. Fundamentos de perícia contábil. Vol. 18. São Paulo: Atlas, 2006. SILVA, A. C. R. da. Metodologia da pesquisa aplicada contabilidade. São Paulo: Atlas,2003. ZANNA, R. D. Prática de perícia contábil. 2. ed. São Paulo: IOB Thomson, 2007. Informações sobre os autores: ADRIANA FERREIRA – CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANA LÚCIA HONÓRIO – CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANDRÉ RICARDO SANTANA – CIÊNCIAS CONTÁBEIS VIVIANE CAVALCANTE – CIÊNCIAS CONTÁBEIS PROFESSORA Ma. SÍLVIA RANGEL - Faculdade Unida de Suzano Gestora Social com 20 anos de experiência em projetos e programas de desenvolvimento sócio comunitários, transformação e responsabilidade social. Coordenadora de projetos e ações sócio educacionais, graduada em Direito pela Universidade Braz Cubas, pós-graduada em Desenvolvimento Social (OIT) e Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Mogi das Cruzes. Docente Universitária nos 43 cursos de Administração, Ciências Contábeis, Direito e Gestão. Profissionalmente com vasto conhecimento em Legislação e Administração do Terceiro Setor, Criança e Adolescente, SUAS e Políticas Sociais. Pesquisa cientifica na área de Empreendedorismo Comunitário, Redes Sociais, Administração, Implantação, Monitoramento e Avaliação de Projetos e Programas Sociais.
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