Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EAD E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Autoria: Andreia de Bem Machado Indaial - 2020 UNIASSELVI-PÓS 2ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M149e Machado, Andreia de Bem EAD e métodos de avaliação. / Andreia de Bem Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 114 p.; il. ISBN 978-85-7141-426-6 ISBN Digital 978-85-7141-427-3 1. Ensino a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 História e Concepção Sobre Avaliação ......................................7 CAPÍTULO 2 Estratégias Avaliativas ...............................................................45 CAPÍTULO 3 Avaliação no Contexto da EAD ..................................................81 APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático EAD e Métodos de Avaliação! Como você já deve ter observado, a educação está presente em nossa vida em todos os lugares, seja presencialmente na escola, no trabalho, no cinema, no shopping e também no mundo digital, no espaço da virtualidade. Assim, a educação permeia nossa vida desde quando nascemos, pois através dela aprimoramos nossas relações com outros seres e com a natureza. Dentro do contexto virtual, a educação estabelece interações de trocas que fortalecem nosso conhecimento e que nos fazem aprender sobre saberes que foram deixados pela humanidade. Esse saber escolar é compartilhado dentro do espaço digital, ou seja, a Educação a Distância (EAD). A EAD é a modalidade de ensino que permite a interatividade e que pode ser realizada em tempos e espaços diversos, por meio da tecnologia da informação e comunicação (TIC). Dentro desse cenário, há momentos de reflexão, feedbacks e avaliações, a fim de verificar o conhecimento de cada um sobre determinados conteúdos. Além disso, para cada assunto há uma estratégia avaliativa no universo da EAD. Você pode perceber com esse pensamento que a EAD passa a integrar diferentes metodologias, tanto de aprendizagem, como avaliativas. Você deve estar se perguntando: como são os métodos de avaliação na EAD? Para compreendermos o tema da disciplina EAD e Métodos de Avaliação, devemos ter em mente que a EAD se constitui de diferentes metodologias que permitem avaliar o conhecimento do estudante. Assim, essa disciplina visa estudar as tomadas de decisões acerca das questões relacionadas com a EAD. Essa concepção é importante para você, que será um professor e atuará nos vários âmbitos e modalidades de ensino. No primeiro capítulo, você identificará a história e a concepção sobre a avaliação, compreendendo através dos tempos o processo avaliativo no cenário educacional. Além disso, estudará as diferentes concepções sobre a avaliação dentro da modalidade presencial e do contexto da EAD. Para finalizar, o capítulo compreenderá a avaliação, suas características e suas funções no cenário virtual, ou seja, dentro da modalidade EAD. No Capítulo 2, você compreenderá as estratégias avaliativas no contexto da EAD. Primeiramente, estudará sobre as formas de avaliação: diagnóstica, somativa e formativa, compreendendo cada uma delas no contexto educacional, seja virtual ou presencial. Além disso, compreenderá a prática avaliativa Portfólio dentro da sala de aula digital, como é essa metodologia e as principais características dessa ferramenta de ensino. Por fim, compreenderá os tipos de questões no processo avaliativo no cenário da educação. No terceiro capítulo, você estudará a avaliação no contexto da EAD, compreendendo as ferramentas e metodologias utilizadas nesta modalidade. Primeiramente, estudará a avaliação nos ambientes virtuais de aprendizagem, entendendo sobre estes ambientes que permitem a interatividade entre professor e estudante e vice-versa. Da mesma maneira, compreenderá os critérios avaliativos dentro do mundo da EAD, identificando a avaliação de aprendizagem e o feedback no processo ensino-aprendizagem nessa modalidade de ensino. Boa leitura e bons estudos! Professora Andreia de Bem Machado CAPÍTULO 1 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO A partir do estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de: Identifi car a linha histórica do processo avaliativo. Analisar os diferentes conceitos sobre avaliação. Estudar e relacionar as características das avaliações e suas funções. 8 EAD e Métodos de Avaliação 9 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A sociedade do conhecimento é marcada pela conectividade das informações. Praticamente não há distâncias do saber, pois um acontecimento que, por exemplo, acontece na China, em questão de segundos poderá ser divulgada no Brasil. Isso demonstra o quanto a comunicação mudou e consequentemente a nossa metodologia pedagógica também se alterou, visto que hoje podemos estudar a qualquer momento e em qualquer lugar, interligados pelas tecnologias de informação e comunicação. Diante destas primeiras considerações sobre o novo formato educacional, intitulado de Educação a Distância (EAD), percebemos que há várias ferramentas ligadas a essa nova forma do fazer pedagógico que facilitam o processo ensino- aprendizagem. Assim, no aprender-ensinar a distância, também se estabelece métodos diferenciados para o processo avaliativo. Neste primeiro capítulo, estudaremos a linha histórica do processo avaliativo, as diferentes concepções de avaliação, bem como as características e funções da avaliação. Boa leitura e bons estudos! 2 HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO Avaliar sempre marcou a vida do ser humano. Atualmente, a avaliação é utilizada em vários contextos, como: teste esportivo; compra de um produto; para saber as condições da saúde individual; no processo seletivo de emprego ou na universidade; para analisar o processo de ensino-aprendizagem etc. Porém, o processo avaliativo não é contemporâneo, pois ele já era utilizado por algumas tribos indígenas brasileiras com a fi nalidade de verifi car se o jovem já estava apto para a vida adulta. Um exemplo é o ritual praticado pelos índios da tribo Sateré-Mawé. O ritual é uma maneira de iniciar o jovem índio na vida adulta. Essa prática avaliativa é repassada de geração em geração e é considerada pela tribo um ato de força, coragem e resistência à dor. O jovem índio precisa vestir uma luva cheia de formigas tucandeiras e resistir quinze minutos para ser considerado apto para a vida adulta (PINTO, 2018). 10 EAD e Métodos de Avaliação O referido ritual pode ser conferido no link do vídeo: Ritual da Tucandeira na Tribo Sateré-Mawé. FONTE: <https://www.youtube. com/watch?v=1RO1QetxF8I>. Acesso em: 5 ago. 2019. O processo avaliativo é muito antigo, anterior à comunidade indígena. Os chineses e os gregos iniciaram esta prática com o intuito de selecionar determina- dos cidadãos para trabalhos específi cos dentro da comunidade. No mapa concei- tual a seguir, você verifi cará o objetivo da avaliação para esses povos. FIGURA 1 – OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO FONTE: A autora Os chineses utilizavam a avaliação desde 360 a.C. por meio de um sistema de exames que permitiam o acesso a cargos que tinham prestígio e poder dentro da sociedade. Já na Grécia,a avaliação era usada como uma autoavaliação, sugerindo que cada pessoa tinha que fazer uma refl exão sobre o seu ser, seu comportamento dentro do contexto que vivia, buscando se conhecer para melhor viver na socieda- de. Nesse contexto, surgiu a frase “Conhece-te a ti mesmo” do fi lósofo Sócrates (GHIRALDELLI, 2009), mensagem chave para o processo avaliativo. Então, vamos conhecer um pouco sobre a avaliação ao longo da história? Você perceberá na linha histórica a seguir, a avaliação ao longo dos anos. 11 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 FIGURA 2 – LINHA HISTÓRICA FONTE: A autora A avaliação na Idade Média acontecia por meio de exercícios orais. Tais testes eram realizados nas universidades e pelos jesuítas. Esses exames averiguavam o conhecimento do professor para exercer o magistério. O procedimento era realizado na graduação, nos cursos de bacharelado. Na pós-graduação, o estudante só era considerado doutor se lesse os livros das Sentenças de Pedro Lobardo. Após a leitura e exposição oral do livro, para a banca avaliadora, é que o estudante estaria qualifi cado para defender a sua tese. No século XVII, a avaliação passou a ser pensada e estruturada com um formato diferenciado, ou seja, por meio da representação de palavras para atestar o aprendizado sobre determinado tema, com a utilização de exames e testes que controlavam e mensuravam o nível de conhecimento de cada estudante. Nessa época, os estudos da docimologia eram requeridos para tal atividade. Você sabe o que é docimologia? “Docimologia é originária do grego e quer dizer dokimé, teste. Foi utilizada no ano de 1920, por Henri Piéron, para designar o estudo refl exi- vo dos exames e das ferramentas de atribuição de notas, bem como dos comportamentos dos educandos e educadores” (CUNHA, 2010, p. 227). Os exames aplicados nas escolas atualmente tiveram sua história datada do século XVI até a primeira metade do século XVII, quando os Jesuítas elaboraram um documento publicado no ano de 1599, chamado Ratio atque Institutio Studiorum Societatis Jesus, que signifi ca Ordenamento e Institucionalização dos Estudos na Sociedade de Jesus, conhecido na comunidade acadêmica como Ratio Studiorum. Esse documento marcou a história da Didática, pois estabelecia metodologias pedagógicas das escolas jesuítas e orientações para os testes/ exames no fi nal do ano letivo. 12 EAD e Métodos de Avaliação Para saber mais sobre Ratio Studiorum, leia o artigo: Algumas considerações sobre o Ratio Studiorum e a Organização da Educa- ção nos Colégios Jesuíticos, disponível em: <http://www.uel.br/grupoestudo/processoscivilizadores/portugues/ sitesanais/anais14/arquivos/textos/Comunicacao_Oral/Trabalhos_ Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagnoli_e_Celio_Costa. pdf>. Acesso em: 5 ago. 2019. A partir do fi nal do século XIX e início do século XX, os testes para aferir o quo- ciente de inteligência e o desempenho de cada estudante começaram a ser utiliza- dos. Esses testes faziam parte do estudo da psicometria. Você sabe o que signifi ca? “Psicometria é o estudo do conjunto de exames de método quantitativo utilizado na Psicologia” (CUNHA, 2010, p. 529). Com o passar dos anos, no contexto educacional, os testes quantitativos foram substituídos por novas metodologias com o intuito de avaliar o educando em sua totalidade, assim observava-se os alunos em todas as especifi cidades, ou seja, o ser global (FERNANDES, 2014). Atividade de Estudo: 1 A avaliação era realizada na Antiguidade por quais civilizações? Qual a metodologia avaliativa utilizada por essas comunidades? 2 Como era a avaliação na Idade Média? 13 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Em 1934, surgiu pela primeira vez o termo “avaliação educacional”, proposto por Tyler (1949). No mesmo período, foi pensada a educação por objetivos. A meta era planejar objetivos e verifi car se eles eram alcançados. Por volta de 1950, Tyler entendia que a avaliação não era apenas uma aplicação de exames e testes com lápis e papel, mas outras maneiras poderiam verifi car alterações comportamentais e nas aprendizagens. Segundo Tyler, era necessário uma diversidade de procedimentos avaliativos, como: testes, escalas de atitude, inventários, questionários, fi chas de registros de comportamento, entre outras maneiras de conceber informações relevantes sobre o rendimento dos estudantes de uma forma longitudinal, intersectada aos objetivos curriculares. Para o teórico, a avaliação estava ligada aos objetivos educacionais relacionados aos programas curriculares. Assim, a ideia de avaliação tem duas questões importantes: primeiramente, a avaliação verifi caria o comportamento do estudante e em segundo lugar, envolveria mais de um julgamento alinhado ao contexto vivenciado pelo educando, com a intenção de identifi car as mudanças que poderiam acontecer no cenário que esse aluno estivesse inserido. Há três critérios no entendimento de Tyler sobre a avaliação: o estudante, a sociedade e a área do conhecimento a ser desenvolvida em relação aos objetivos da Psicologia da Aprendizagem e da Filosofi a da Educação. Assim, o autor parte da questão educacional tendo como fonte tanto o estudante quanto os especialistas, e, como fi ltros, a Filosofi a e a Psicologia Educacional, conforme a Figura 3 a seguir: FIGURA 3 – MODELO DE AVALIAÇÃO CONFORME TYLER FONTE: Adaptado de Tyler (1949) 14 EAD e Métodos de Avaliação A avaliação, segundo Tyler (1949), segue os seguintes procedimentos: • Verifi cação atrelada aos objetivos interceptados a cada nível de especifi - cidade de conteúdo. • Estabelecimento de cada objetivo em temas comportamentais. • Verifi cação de situações que explicitem os comportamentos estabelecidos. • Seleção, construção e coleta de informações atrelada a cada objetivo proposto. • Elaboração de procedimentos para interpretação dos resultados. Tyler arguia que o objetivo da avaliação era apreciar o comportamento dos estudantes, verifi car os objetivos educacionais atrelados às questões comportamentais, de maneira precisa e clara. Assim, a avaliação ocorreria processualmente, analisados por mais de um prisma de julgamento. Esse enfoque avaliativo fi cou conhecimento como avaliação por objetivos. Para saber mais sobre Tyler e os modelos de avaliação, acesse e leia o artigo de Léa Depresbiteris: Avaliação de Programas e Avaliação da Aprendizagem, disponível em: <http://www.fcc.org.br/ pesquisa/publicacoes/es/artigos/163.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2019. Na década de 50, outro grande pensador da avaliação foi Benjamin S. Bloom, responsável pela Taxionomia atrelada aos objetivos educacionais e que enfatizava a aprendizagem processual no desenvolvimento do ser humano. Os estudos da Taxinomia de Bloom são fundamentais para a compreensão do processo de aprendizagem a luz da Psicologia da Aprendizagem. A Taxionomia auxilia no planejamento da atividade de sala de aula e pode aferir o nível de aprendizagem de cada educando, compreendendo o nível cognitivo de alguns materiais utilizados no contexto educacional. A Taxionomia parte de três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor, conforme a tabela a seguir: TABELA 1 – DOMÍNIOS DA TAXIONOMIA DE BLOOM Domínio cognitivo. Domínio afetivo. Domínio Psicomotor. Foco no saber. Foco nas emoções. Foco no corpo, movimento. FONTE: A autora 15 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Os domínios explicitados por Bloom, são intersectados (Figura 4). Cada domínio analisa uma dimensão do ser humano. O domínio cognitivo examina o saber. Por sua vez, o domínio afetivo observa e compreende questões atreladas às emoções, aos sentimentos e ao grau de aceitação ou rejeição do indivíduo. Já o domínio psicomotor compreende questões relacionadas à coordenação motora/ corporal e à manipulação dos objetos. FIGURA 4 – DOMÍNIOS DA TAXIONOMIA DE BLOOM FONTE: A autora A Taxionomia de Bloom é subdividaem seis categorias e cada uma é ligada aos verbos, com o objetivo de dar suporte ao planejamento pedagógico, elaborado pelo professor, e são ligados ao domínio cognitivo, conforme a fi gura a seguir: FIGURA 5 – SUBCATEGORIAS DA TAXIONOMIA DE BLOOM FONTE: A autora 16 EAD e Métodos de Avaliação No domínio cognitivo, a Taxionomia de Bloom é explicitada por seis critérios, a saber: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. No domínio afetivo são interligadas as questões referentes ao comportamento, atitu- de, responsabilidade, respeito, emoção e valores. Já no domínio psicomotor, estão relacionadas as questões referentes ao refl exo, movimentos básicos, comunicação verbal e não verbal, entre outras questões relacionadas ao movimento psicomotor. Nas décadas de 60 e 70, nos Estados Unidos, as questões relacionadas com a avaliação e com os programas educacionais ganharam espaço com a preocupação dos governantes com o fracasso do desempenho escolar, resultando em investi- mento públicos para essa demanda. No governo de John Kennedy, iniciaram os modelos de avaliações para aplicabilidade em larga escala. Tais modelos chegaram ao Brasil por volta de 1980-1990 e atualmente ainda são utilizados, com o intuito de verifi car a efetividade e a efi cácia dos resultados oriundos dos exames escolares. Nos Estados Unidos, a partir daquela época, a avaliação era obrigatória a todos os programas sociais. Além disso, foram incluídas as seguintes áreas do conhecimento: Filosofi a, Sociologia, Economia e Administração. O conhecimento era avaliado de forma ampla, com métodos atrelados aos objetivos curriculares. No Brasil, as questões referentes à teoria e à prática avaliativa da aprendiza- gem, sofreram infl uências dos acontecimentos e das metodologias norte-america- nas e do pensamento positivista. O Positivismo está relacionado ao conhecimento científi co en- quanto único conhecimento existente e verdadeiro, ou seja, o conhe- cimento só é verdadeiro quando é comprovado cientifi camente. Um exemplo da corrente positivista é a Lei n° 5.692/71, no Artigo 14: Art. 14. A verifi cação do rendimento escolar fi cará, na forma regimental, a cargo dos estabelecimentos, compreendendo a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade. § 1º Na avaliação do aproveitamento, a ser expressa em notas ou menções, preponderarão os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e os resultados obtidos durante o período letivo sobre os da prova fi nal, caso esta seja exigida. § 2º O aluno de aproveitamento insufi ciente poderá obter apro- vação mediante estudos de recuperação proporcionados obri- gatoriamente pelo estabelecimento. 17 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 § 3º Ter-se-á como aprovado quanto à assiduidade: a) o aluno de frequência igual ou superior a 75% na respectiva disciplina, área de estudo ou atividade; b) o aluno de frequência inferior a 75% que tenha tido apro- veitamento superior a 80% da escala de notas ou menções adotadas pelo estabelecimento; c) o aluno que não se encontre na hipótese da alínea anterior, mas com frequência igual ou superior, ao mínimo estabeleci- do em cada sistema de ensino pelo respectivo Conselho de Educação, e que demonstre melhoria de aproveitamento após estudos a título de recuperação. § 4º Verifi cadas as necessárias condições, os sistemas de en- sino poderão admitir a adoção de critérios que permitam avan- ços progressivos dos alunos pela conjugação dos elementos de idade e aproveitamento (BRASIL, 1971). No referido Artigo, assegura-se a ordem e a disciplina no contexto escolar como um dos critérios de verifi cação do rendimento, ou seja, da avaliação. Caso tenha interesse, acesse e leia na íntegra a Lei n° 5.692/71, em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11- agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>. Entre 1965 e início da década de 80, período intitulado de profi ssionalização da avaliação, aconteceram vários debates sobre a educação, porém, todos tinham como ponto em comum: a valorização de métodos qualitativos, incluindo no processo avaliativo a participação e a interação do estudante no contexto escolar. Conforme a discussão histórica sobre a avaliação analisada neste capítulo, observamos que em algumas salas de aulas a preocupação maior é com a disciplina e o comportamento do estudante, do que com o processo de ensino- aprendizagem. No entanto, há contextos escolares em que o enfoque da avaliação é o processo ensino-aprendizagem, sendo este processual, com função diagnóstica, formativa e somativa, estabelecendo critérios para o acompanhamento do estudante no contexto escolar. 18 EAD e Métodos de Avaliação Atividade de Estudo: 1 O termo avaliação educacional foi utilizado pela primeira vez quando e por qual autor? 2 Segundo Tyler, quais são os passos do modelo de avaliação? 3 Outro autor que também explicita sobre a avaliação é o Bloom. Segundo esse teórico, a avaliação é constituída por três domínios. Quais são? Acerca do domínio cognitivo, a Taxionomia de Bloom cita seis critérios, a saber: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. O domínio afetivo é interligado as questões referentes ao comportamento, atitude, responsabilidade, respeito, emoção e valores. O domínio psicomotor é relacionado as questões relativas ao refl exo, movimentos básicos, comunicação verbal e não verbal, entre outras. 3 CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO No cenário educacional, a avaliação é utilizada no contexto da sala de aula como ferramenta pedagógica para verifi car o processo de aprendizagem do estudante. E você, já se perguntou o que é avaliação? Qual é o seu signifi cado? Diferentes teóricos estudaram e conceituaram a avaliação. Vamos começar com a raiz do termo, ou seja, de onde deriva-se a palavra “avaliação”. Avaliação é proveniente do latim, signifi ca valor e mérito ao objeto de pesquisa, conexão entre o ato de avaliar e medir os conhecimentos adquiridos por um indivíduo (KRAEMER, 2006). A avaliação é um instrumento utilizado no contexto escolar que pode averiguar/ desenhar os conhecimentos, atitudes, habilidades ou aptidões que o estudante se apropria. Assim, a avaliação pode mensurar, através dos objetivos propostos no planejamento didático do professor, os conceitos que já foram aprendidos pelo estudante e as difi culdades apresentadas no processo ensino-aprendizagem. 19 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Nos estudos de avaliação de Luckesi: Esses casos atestam a possibilidade efetiva de desenvolvimento de pesquisas de vários tipos, até da mais rigorosa pesquisa acadêmica, mesmo nas nossas escolas. É verdade que elas não representam a situação comum das escolas da rede pública no país, como já fi cou dito. Mas, guardadas as devidas distâncias, creio que podemos, a partir de seu estudo, discutir um pouco o estado atual da questão do professor-pesquisador e seu saber, tal como vem sendo apresentada por alguns dos seus estudiosos (1998, p.14). Para Luckesi (2011), o professor é um pesquisador e o ato de avaliar é um ato de observar, verifi car, e não é restrito a um só objetivo, pois vai além da di- mensão da sala de aula, permitindo ao professor avaliar-se para uma tomada de decisão: permanecer com a mesma metodologia adotada ou mudar a prática pe- dagógica utilizada até então. Outro teórico que conceitua avaliação é Sant’Anna (1995). Para a autora, a avaliação é um procedimento possível de identifi car, aferir e averiguar, pois anali- sa as alterações do comportamento e rendimento do estudante, do professor, do contexto escolar, além disso, verifi ca se a aprendizagem aconteceu tanto mental- mente, quanto se o estudante aprendeu a prática do conhecimento compartilhado. A avaliação, ainda segundo Sant’Anna (1995), é global, visto que permite analisar todas as dimensões da vida do estudante, na sua totalidade, percebendoprimeiramente o contexto, a partir do diagnóstico realizado no início do processo de aprendizagem. Desse modo, é possível verifi car as difi culdades do educando no início de sua jornada acadêmica. Essa avaliação inicial (diagnóstica) avalia tanto a parte prática quanto a teórica. Both (2007) é outro autor que explicita sobre a avaliação. Segundo o teóri- co, ela vem atrelada a duas questões que são: a qualidade do desempenho do estudante relacionada à quantidade de atividades que são propostas ao aluno. Essas questões precisam ser equilibradas e planejadas pelo professor. Para Both, o importante é a qualidade do ensino, assim a avaliação vai além da questão da verifi cação de aprendizagem. Para você saber mais sobre a avaliação, indicamos a leitura dos seguintes livros: Avaliação da Aprendizagem Componente do Ato Pedagógico de Cipriano Carlos Luckesi, São Paulo: Editora Cortez, 2011. 20 EAD e Métodos de Avaliação A Avaliação da Aprendizagem na Escola da Ponte de José Pacheco e Maria de Fátima Pacheco (Org.), Rio de Janeiro: Editora Wake, 2012. Você já pensou na avaliação como processo de refl exão e planejamento para atingir um determinado objetivo? O teórico Fernandes (2014) defi ne a avaliação como um ato de refl etir, planejar, bem como estabelecer metas e objetivos. Assim, os critérios de avaliação podem estar atrelados aos resultados e relacionados tanto com a fi nalidade como aos objetivos propostos no início da caminhada acadêmica. Conforme o pensamento deste autor, a avaliação requer refl exão e planejamento para atingir o objetivo. Além disso, propõe avaliar se intersecta com todo o processo avaliativo, social e político. Outra concepção de avaliação vem do autor Libâneo (1994). Segundo esse autor, a avaliação é um instrumento que permite ao professor observar se o estudante aprendeu ou não determinado conteúdo. Além disso, permite perceber o que o aluno sabe sobre determinado tema. A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a reali- zação de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma aprecia- ção qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógi- co-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se recorrem a instrumentos de verifi cação do rendimento esco- lar (LIBÂNEO, 1994, p. 195). Neste contexto, a avaliação tem como meta auxiliar o professor no processo de aprendizagem, observando o aprendizado de determinado conteúdo. Assim, mediante os aprendizados conquistados ou não pelo estudante, o planejamento do professor poderá ser alterado, caso o estudante não esteja aprendendo deter- minado conteúdo ou permanecer com aquele planejamento, pois o aluno demons- tra que está aprendendo o tema proposto com facilidade. A avaliação pode ser percebida como transformadora da realidade escolar, pois proporciona mudanças no planejamento do professor, quando o educando apresentar difi culdades, a fi m de que o aprendizado aconteça por meio de outras técnicas. 21 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Atividade de Estudo: 1 A avaliação faz parte do cenário escolar e ocorre em diferentes momentos pedagógicos, no início ou no fi nal do ano letivo. Assinale a alternativa CORRETA sobre o conceito de avaliação: a) ( ) A avaliação é a conexão entre o ato de avaliar e de medir os conhecimentos adquiridos por um indivíduo. b) ( ) A avaliação é pontual, é uma ferramenta que está contida no livro didático. c) ( ) A avaliação é um termo em latim que signifi ca escolare. d) ( ) A avaliação é realizada nas férias escolares. 2 Há várias concepções sobre avaliação. Entre os autores que explicitam sobre esse tema, temos Sant´Anna (1995). O que ela explicita sobre esse assunto? 4 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AVALIAÇÃO Na relação entre teoria e prática no trabalho pedagógico, atrelados a avalia- ção, é necessário clareza em questões importantes do contexto da sala de aula. Uma delas é o planejamento, a escolha do método e a avaliação utilizadas nesse cenário. Outra é a organização dos educadores no fazer pedagógico, para propor- cionar a melhor interação e assimilação dos conteúdos. Planejar exige cuidado com as tarefas que são traçadas para serem alcan- çadas, ou seja, verifi car objetivamente os procedimentos para executá-los de ma- neira que responda a problemática inicial. O modelo educacional do saber fazer é baseado no planejamento e ganha lugar de destaque no programa curricular de ensino, bem como nos planos de aula docente. “A racionalidade do processo aparece como necessidade básica para o alcance dos objetivos do ensino” (MAR- TINS, 2008, p. 18-19). Analisaremos a efi ciência dos métodos na atividade pedagógica e compre- enderemos as formas e práticas de interação e avaliação no contexto escolar. Vamos lá? 22 EAD e Métodos de Avaliação No contexto da organização das escolas e da formação do professor, perce- bemos na caminhada algumas iniciativas que infl uenciaram a prática do docente no percurso histórico, brevemente assinalados a seguir: FIGURA 6 – MAPA CONCEITUAL: PERCURSO HISTÓRICO FONTE: A autora Dentro desta organização escolar e deste histórico, uma das questões as- sinaladas e importantes nesse espaço do conhecimento, é o método de ensino utilizado pelo professor. Para a escolha do método adequado a ser utilizado em sala de aula, verifi camos primeiramente, qual a nossa intenção educacional, qual o objetivo que queremos alcançar. O método a ser utilizado, portanto, deve levar em conta o contexto do educando, a realidade sociocultural do aluno. Nesse fazer pedagógico, devemos observar que há uma diferenciação entre método e técnica, como explicita Martins (2008, p. 35): Tendo como direção uma intencionalidade educativa, método é o elemento unifi cador e sistematizador do processo de ensino, que determina o tipo de interação a ser estabelecida entre pro- fessor, alunos e conteúdo, conforme a orientação que o funda- menta. Tal orientação envolve concepções de homem, mundo, sociedade, educação, escola, respondendo, em última análise, a um ponto de vista de classe social. Já as técnicas são as ins- tâncias intermediárias, os componentes operacionais de cada proposta metodológica que viabilizarão a implementação do método em situações práticas. 23 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 O signifi cado do termo “método” vem do grego e signifi ca methodos. Esse termo tem o sentido de uma meta a ser seguida, um caminho, um traço. Assim, podemos explicitar que método é um conjunto de procedimentos para atingir um fi m, ou seja, para atingir um objetivo que foi traçado no começo de qualquer planejamento. Para elaborar os métodos, como abordados pelo autor, é necessário saber qual a visão de mundo, de homem e de sociedade. Enfi m, é preciso escolher o melhor caminho a seguir, dentro das metodologias de ensino existentes para o seu fazer pedagógico. “A escolha do método é determinada pela matéria a ser ensinada, pela maneira como o professor considera o aluno e pelos objetivos” (MARTINS, 2008, p. 42). Dentro da escolha da metodologia, é importante considerarmos quais são os objetivos de ensino propostos para aquela aula, o conteúdo que será ministrado e qual será a melhor técnica a ser utilizada para que os educandos aprendam conforme o proposto para aquele momento pedagógico. Portanto, essa escolha deve levar em consideração a relação entre os procedimentos de ensino e os objetivos propostos, ou seja, a intenção educacional almejada. Esta seleção do método deve apreciar a realidade sociocultural do aluno, da escola, da sociedade em que ambos estão inseridos. Assim, o caminho escolhido alcança a intenção educacional proposta pelo educador. Como explicita Martins (2008, p. 40): “[...] unifi cador e sistematizador do processo de ensino, determinando o tipo de relação a ser estabelecida entre professor e alunos, conformeorientação fi losófi ca que o fundamenta; tal orientação envolve uma concepção de homem e de mundo, respondendo, em última análise, a um ponto de vista de classe”. O ensino proporciona muitas formas de assimilação do conteúdo. Martins (2008) cita que Comênio, no século XVII, propôs a ruptura da interação particular entre professor e aluno para a concepção de um professor para vários alunos. Segundo o autor, existia um método único de ensinar tudo a todos, afi rmando: “Não é necessário que o professor ouça sempre todos os alunos, nem que examine sempre os cadernos e os livros de todos, pois tendo como ajudantes os chefes de turma, estes estarão atentos a que os alunos, colocados sob sua responsabilidade, procedam como devem (MARTINS, 2008, p. 36)”. É importante que saibamos que atualmente a escola é uma construção do capitalismo (POCHMANN, 2007), tendo como objetivo instruir a sociedade através da comunicação vertical (professor-aluno). Essa instrução é o caminho que se faz para unifi cação, seleção e organização dos conteúdos e dos procedimentos didáticos para alcançar o objetivo determinado (conhecimento). 24 EAD e Métodos de Avaliação Nesta concepção, o professor ensina e o aluno aprende, sendo considerado uma tábula rasa, um mero receptor de conteúdo, informações. Assim, o estudante aprende o que o professor transmite, ou seja, o conteúdo produzido historicamente pela sociedade. A interação pela transmissão-assimilação é estudada por Herbat, conforme explicita Martins (2008), o aluno se prepara através do estudo da lição anterior, motivando-se para assimilação de outros conteúdos, o educador apresenta um novo conteúdo através de aulas expositivas e o aluno assimila o conteúdo pela comparação do conhecimento anteriormente adquirido. Podemos destacar outras formas de interseção entre professor e aluno. São elas: • Transmissão-assimilação: o processo didático ocorre pela transmissão, pelo professor, de conteúdos didáticos produzidos e acumulados pela humanidade. O aluno, conforme explicitado anteriormente, é um assimi- lador de conteúdo. Conforme Martins (2008, p. 38), esse método é com- posto por cinco etapas: “instâncias operacionais (técnicas) tais como: au- las expositivas, exercícios, demonstração didática, entre outros”. • Aprender a aprender: o processo didático é enfatizado através da redes- coberta do conhecimento, sendo que a questão central aqui é aprender o método de aprender. A proposta, portanto, é o método estudado por Dewey, composto por cinco etapas: “dinâmica de grupo, pesquisa bibliográfi cas e de campo, entrevista, entre outros” (MARTINS, 2008, p. 41). Nesse contexto, as atividades são realizadas em grupos, com o objetivo de integrar os estu- dantes e trabalhar as relações interpessoais. Observa-se que nessa propos- ta a ênfase do processo pedagógico foca-se no estudante. • Aprender a fazer: nesta prática, os procedimentos didáticos são intitula- dos de estratégias, sendo que o controle do tempo em cada etapa do mo- mento pedagógico é enfatizado como objetivo de ser produtivo. A seleção dos conteúdos programáticos é atrelada ao objetivo político da sociedade. Assim, o foco do processo encontra-se nos meios, sendo importante o alu- no aprender a fazer, dando respostas defi nidas pelos objetivos propostos. Bloom (1975) abordou práticas que defi niu como instâncias operacionais que podem ser avaliadas em três dimensões: cognitiva, psicomotora e afetiva. Essas possibilitam diretrizes com o foco no aprender a fazer, na realização de exames de avaliação, provas, programas, módulos de aprendizagem, entre outras práticas. 25 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 • Sistematização coletiva do conhecimento: nesta interação, o foco é a práxis social, em que a relação dialética da compreensão-transformação é a abordagem central. A interação entre educador e educando acontece pela atuação do docente como mediador do processo pedagógico e do conhecimento para o aluno na sala de aula. Nessa prática, como ressalta Martins (2008, p. 45), as técnicas utilizadas são: “atividades coletivas de sistematização do conhecimento, grupos diversos, exposições, plenários, projetos, entre outras”. Como você percebeu, a prática de interação no contexto escolar entre edu- cadores e educandos são diversas, e estão ligadas diretamente aos diferentes momentos históricos da sociedade. Além disto, estas práticas indicam as possibilidades de organização do ensi- no, do professor e da escola, e estão vinculadas ao contexto pedagógico. Assim, é importante que ao planejar o ensino, o professor faça a opção do método (ca- minho) que pretende utilizar em sala de aula, favorecendo a seleção de procedi- mentos (técnicas) que serão mais apropriadas para atingir os objetivos propostos. Na trajetória educacional brasileira há diferentes métodos e técnicas de aprendizagem que foram implementadas, segundo a visão de mundo, sociedade e cultura de cada período histórico brasileiro. Analisaremos o histórico da educação no Brasil sustentado pelos papéis do aluno e do professor no contexto escolar. Vamos estudar! A educação no Brasil está relacionada com as concepções de homem, mun- do, sociedade e cultura de cada momento histórico. O primeiro momento histórico no Brasil aconteceu nos séculos XVII e XVIII e foi marcado pelo período pós Primeira Guerra Mundial, crise do café, com a subs- tituição deste pela indústria. Aqui a Pedagogia era intitulada tradicional, o conteú- do era assimilado pelo estudante e o professor era o responsável por transmitir o conhecimento. Neste contexto, as aulas eram expositivas, predominando a comunicação ver- tical, em que o professor ordenava a sequência das atividades. A memorização tor- nou-se muito importante e quanto maior o número de exercícios que o estudante realizava, maior era a sua memorização e assim ele aprenderia (decoraria) o con- ceito transmitido em sala de aula. O aluno tinha o papel de aprender (assimilar) o conteúdo através da repetição de exercícios e fórmulas que proporcionariam a assi- milação. A avaliação era o instrumento de verifi cação do conhecimento e os temas propostos eram temas articulados com a repetição das atividades que eram minis- 26 EAD e Métodos de Avaliação tradas em sala de aula. Você lembra das provas em que a resposta tinha que ser decorada, memorizada? Lembra dos verbos que eram decorados, sem sabermos quando seriam utilizados? Pois bem, essa era a época vivenciada na educação tradicional, em que a avaliação era o mecanismo de reprodução e assimilação de conteúdo, além de ser usada como meio de punição para alguns estudantes. Nestas décadas, a educação era marcada pela transmissão e assimilação do conhecimento conforme o quadro explicativo a seguir: QUADRO 1 – ENSINO BASEADO NA TRANSMISSÃO-ASSIMILAÇÃO DE CONTEÚDOS Professor Expõe a matéria. Cobra do aluno a defi nição do conteúdo e a recordação das matérias anteriores, fazendo associação da matéria nova com um assunto visto anteriormente para melhor fi xação. Além disso, o educador dá ênfase em formular exercícios de repetição sobre conceitos ou fórmulas para os estudantes, visando disciplinar a mente e formar hábitos. Aluno Aprendia através da repetição e memorização de conteúdo. É receptivo e mecânico, através de exercícios sistemáticos e retenção da matéria. Avaliação A avaliação era mecânica, baseada na repetição da matéria pelo estudante. FONTE: Adaptado de Martins (2008) O professor era considerado o centro do processo, assumindo o papel de transmissor do conhecimento e o aluno, por sua vez, uma tábula rasa, conforme o mapa conceitual a seguir. FIGURA 7 – ENSINO BASEADO NA TRANSMISSÃO-ASSIMILAÇÃO DE CONTEÚDOS FONTE: A autora 27 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 No período de 1985 a 1988, o ato pedagógico foi marcado pela participação social e foi mais percebida no fi nal dos anos 70 e início dos anos 80, comos movimentos sociais. “O objetivo era mobilizar a sociedade para uma nova organização e impactar a escola. Os grupos sociais se defi niram como classe, com ênfase na problemática política” (MARTINS, 2008, p. 25). A prática pedagógica buscava compreender a intersecção entre o contexto escolar e a sociedade, iniciando-se a pedagogia crítico-social dos conteúdos, proposta por Dermeval Saviani e José Carlos Libâneo . A abordagem educacional entendia o ser humano como resultante das infl uências do contexto social, como consequência de um processo de evolução, entendendo este como um ser produtivo e efi ciente. Nessa abordagem, o homem era externo ao mundo e aperfeiçoado pela produção. Acreditava-se no “aprender a fazer”, ou seja, “só se ensina o que é mensurável e observável” (MARTINS, 2008, p. 42). O segundo período no Brasil, entre os anos de 1989 a 1993, foi marcado por movimentos sociais, sendo denominado por Martins (2008), de organização do trabalho na escola. “No interior da organização escolar, fazem tentativas de alterar as relações sociais estabelecidas no seu interior, burlando as normas, agindo de maneira diferente daquela que é prescrita na escola (MARTINS, 2008, p. 25)”. Este período foi consolidado pela transição. Os professores quebraram normas com iniciativas que consolidavam nova estrutura educacional. Assim, a educação era baseada no “aprender fazendo”, em que o papel do professor, segundo Martins (2008), era de intermediário entre o planejamento e o aluno, conforme o quadro a seguir: QUADRO 2 – APRENDER A FAZER Professor O elo entre a verdade científi ca e o aluno é a comunicação técnica que garante a efi cácia da transmissão do conhecimento. Aluno Comportamento de entrada e saída visando uma profi ssão. Resposta a estímulos externos, comportamento operante seguido pela apresentação de um estímulo. Avaliação É um instrumento que permite o professor observar se o estudante aprendeu ou não determinado conteúdo. Além disso, possibilita perceber o que o aluno sabe de determinado tema. FONTE: Adaptado de Martins (2008) O planejamento era considerado o centro do processo (MARTINS, 2008), conforme ilustrado em seguida: 28 EAD e Métodos de Avaliação FIGURA 8 – O PLANEJAMENTO É O CENTRO DO PROCESSO FONTE: Adaptado de Martins (2008) No terceiro período, ocorreram mudanças devido aos movimentos sociais. Portanto, o contexto cultural foi marcado por confl itos. Nesta abordagem, a ênfase do processo ensino-aprendizagem centrava-se na práxis social, sendo o cerne da questão a relação dialética entre a compreensão e a transformação. O período entre 1994 a 2000 é intitulado por Martins (2008) de: a produção e a sistematização de conhecimento, em que o foco é o aluno como sujeito da sua prática social. O aluno é concebido como um ser historicamente situado, pertencente a uma determinada classe, portador de uma prática social com interesses próprios e de um conhecimento adquirido nessa prática, os guias não podem mais ser ignorados pela escola (MARTINS, 2008, p. 26). Neste contexto, no cenário educacional, a prática social era considerada o centro do processo. O professor tinha o papel de mediador do conhecimento sis- tematizado e da prática social, e o aluno assumia o papel de sujeito do processo, um ser histórico (MARTINS, 2008). 29 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 QUADRO 3 – SISTEMATIZAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Martins (2008) Neste método pedagógico, o processo passa a ser o mediador do conheci- mento sistematizado e o estudante é o sujeito-centro do processo educativo. FIGURA 9 – A PRÁTICA SOCIAL COMO CENTRO DO PROCESSO Professor Organiza atividades em grupo. Organiza o conhecimento coletivo com os estudantes. Aluno Sujeito histórico. Ser problematizador do seu contexto. Avaliação Instrumento alinhado ao planejamento que verifi ca como está o aprendizado do estudante, para que o plano permaneça igual ou seja alterado. FONTE: Martins (2008, p. 46). Para saber mais sobre aprender a fazer leia: O ato de apren- der e o sujeito que aprende. Acesse o link: <http://pepsic.bvsalud. org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542010000100010>. Acesso em: 30 ago. 2019. O quarto momento histórico no Brasil é caracterizado por Martins (2008) pela ênfase na aprendizagem e no aprender a aprender. Na educação, por sua vez, foi um período marcado por práticas do ensino do aprender a aprender, em 30 EAD e Métodos de Avaliação que o papel do professor era orientar o aluno, criando desafi os e estimulando a investigação. A escola, portanto, assumia a função de preparar estudantes criativos, produtivos para a vida profi ssional. O aluno assumia o papel de centro do processo. Assim, a abordagem era considerada existencialista, focada na vida, na atividade. Nessa perspectiva, o homem era mutável, determinado pela existência, como explicita Martins (2008, p. 39): “O homem é um sistema aberto, em evolução contínua, desenvolve-se em etapas, buscando um estágio fi nal alcançado. O homem é um animal social e o mundo, um meio rico em transformação a ser descoberto pelo indivíduo, constitui-se num espaço das vontades individuais”. QUADRO 4 – APRENDER A APRENDER Professor • Promove situações com experiências interessantes e propõe situações problemas. • Realiza pesquisa para a descoberta de soluções. Aluno • Motivados, estimulados, interessados, autoaprendizagem, tendo o ambiente como estímulo para novas descobertas. Avaliação • A avaliação é realizada durante o processo de aprendizado. FONTE: Adaptado de Martins (2008) O estudante, portanto, era o foco do processo ensino aprendizagem. O professor, por sua vez, era o orientador das situações de aprendizagem, conforme ilustra a Figura 10 a seguir. FIGURA 10 – ALUNO COMO CENTRO DO PROCESSO FONTE: Martins (2008, p. 41) A avaliação ao longo da história, conforme você observou, está relacionada com as tendências pedagógicas de cada período, ou seja, a avaliação está atrela- da a cada período histórico e educacional vivenciado na sociedade. Um exemplo é a educação tradicional, em que conteúdo é transmitido e as- similado. Na concepção do aprender a fazer, a avaliação é realizada através de 31 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 exames, com o objetivo de verifi cação dos conhecimentos. Assim, podemos en- tender que a avaliação é mais conservadora e crítica. Na abordagem tradicional explicitada como transmissão e assimilação de con- teúdo [...] os conteúdos e procedimentos didáticos não tinham nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. “É a predomi- nância da palavra do professor, das regras impostas” (LUCKESI, 1998, p. 55). E para Luckesi (2011), como deve ser a avaliação? Para este teórico, a ava- liação perpassa quatro aspectos que estão imbuídos na prática de algumas esco- las que trabalham com a abordagem tradicional. São elas: • Planejar uma lista de perguntas, para questionar os alunos depois de mi- nistrar um determinado número de aulas, para verifi cação do aprendizado. • Para os estudantes responderem as perguntas, adotar a seguinte me- todologia: organizar a sala de aula de tal forma que um estudante fi que bem distante do outro. Distribuir os questionários e fi scalizar para que não copiem as respostas. • Corrigir o questionário, de forma a analisar a nota quantitativamente, ou seja, de forma classifi catória. • Na última etapa, fazer o registro no diário de classe. Esses passos comentados por Luckesi (2011) evidenciam a educação como transmissão e assimilação de conteúdos em que há apenas a reprodução dos te- mas abordados no contexto escolar. Ao estudante é necessário apenas reprodu- zir o conteúdo sem refl exão e nem problematização assunto. A avaliação, nesse contexto, é um instrumento de mensuração, de classifi cação, com o objetivo de incentivar o estudante a buscar as melhores notasatravés do método de memori- zação do conteúdo. Você lembra como era o estudo da tabuada? O estudo da tabuada era realizado por meio da memorização dos cálculos e na sequência o professor aplicava uma prova oral, para verifi car se o estudante tinha aprendido a tabuada, perguntando a ele cada uma das sentenças de multi- plicação. Busca respostas prontas, e quando as perguntas são propostas que objetivam respostas pré-determinadas, não possibilitam a formulação de novas perguntas. Este fator impede os alunos de serem criativos, refl exivos e questionadores. A avaliação, de maneira geral, única e bimestral, contempla questões que envolvem a reprodução dos conteúdos propostos, enfatizando e valorizando a memorização, a repetição e a exatidão, perguntas que envolvem reprodução buscam respostas prontas, ela é única e bimestral, impede aos alunos o questionamento, valorizando a memorização (BEHRENS, 2005, p. 46). 32 EAD e Métodos de Avaliação Na proposta do aprender a fazer, também intitulada de escola tecnicista, a técnica está sempre à frente da afetividade (LUCKESI, 2011). Nesse modelo, é importante fazer os testes, exames para analisar se o estudante aprendeu, além de também fazer testes práticos para mensurar o aprendizado daquela técnica. Na abordagem tradicional e tecnicista, conforme explicita Behrens (2005), o educando e o professor não são elementos principais no processo. O elemento principal é o planejamento dos meios para atingir os fi ns propostos. O planejamento e o controle fazem com que o objetivo do processo educacional seja alcançado. Tanto a sistematização do conhecimento quanto o aprender a aprender são propostas baseadas em uma abordagem sistêmica, segundo Behrens (2005). É uma concepção que visa o processo avaliativo, o crescimento progressivo do es- tudante, respeitando-o como pessoa, contemplando no processo as inteligências múltiplas, os limites e qualidades. Assim, a construção do conhecimento estará em harmonia com os conteúdos propostos e com a aceitação dos diferentes pro- cessos de aprendizagem. Avaliação no ensino com pesquisa apresenta-se contínua, processual e participativa. O acompanhamento dos alunos em projetos e pesquisas tem como norteador a proposição de critérios discutidos e construídos com os alunos antes de começar o processo... O aluno é avaliado pelo desempenho geral e globalizado, com acompanhamento do seu ritmo participativo e produtivo, todos os dias e não por momentos de grande esforço de memorização e cópia no fi nal do bimestre (BEHRENS, 2005, p. 102). A avaliação é processual e diagnóstica, voltada ao aprendizado, com o objeti- vo de averiguar o processo ensino-aprendizagem, ou seja, verifi car o andamento do aprendizado do estudante para prosseguir ou modifi car o planejamento pedagógico. O importante dentro deste contexto é observar qual a tendência pedagógica que o professor adota em sala de aula, pois por meio desta observação você per- ceberá a escolha avaliativa do profi ssional aplicada no contexto educacional. Atividade de Estudo: 1 Estudamos que as tendências pedagógicas estão ligadas aos acontecimentos históricos. Disserte aqui sobre a linha histórica das tendências pedagógicas. 33 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 2 Na abordagem tradicional, conhecida como transmissão e assimi- lação de conteúdo, o processo avaliativo é muito importante. So- bre a avaliação nessa abordagem, assinale com V as sentenças verdadeiras e F as falsas: ( ) A avaliação era a repetição dos conteúdos aprendidos no contex- to educacional. ( ) A avaliação é realizada em vários momentos do contexto escolar. ( ) A avaliação é feita através de exames para verifi cação dos co- nhecimentos. ( ) A avaliação é feita através da autoavaliação. Agora assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a) ( ) V - V - V - F. b) ( ) F - F - F - V. c) ( ) F - V - F - V. d) ( ) V - F - V – F 3 Na perspectiva da escola tecnicista, do aprender a fazer, a avalia- ção era primordial, pois nesse processo o professor a utiliza para qual fi nalidade? 4 Na concepção pedagógica da sistematização dos conteúdos, uma abordagem crítica da educação, a avaliação exercia qual papel? 5 Na tendência do aprender a aprender, em que professores e es- tudantes participam ativamente do processo pedagógico, qual era a metodologia avaliativa? 5 AVALIAÇÃO: CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES Você sabia que a avaliação pode ser estudada por diferentes prismas? Isto acontece devido às características e funções do contexto escolar. O ato de avaliar tem a intenção de emitir quantitativamente um valor ou julgamento, seja de um assunto, um objetivo ou uma pessoa. 34 EAD e Métodos de Avaliação A avaliação é usada em nossa sociedade em diferentes cenários para men- surar numericamente. As notas podem ser mensuradas em números e expressas em gráfi cos, classifi cando os estudantes, como no gráfi co a seguir: GRÁFICO 1 – NOTA DOS ESTUDANTES DA SALA X FONTE: A autora O aluno Mi recebeu nota 10; o estudante Do, nota 8, já o estudante Re, nota 7 e o aluno Si, nota 6. O estudante Lá ganhou nota 4 e o estudante Só, nota 5. Assim, o professor verifi ca os estudantes que precisam mais atenção para criar novos formatos e metodologias de ensino. Há avaliações realizadas por letras, ou seja, conceitos, como expresso no gráfi co a seguir: GRÁFICO 2 – GRÁFICO DE ALUNOS CONCEITO FONTE: A autora 35 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 No Gráfi co 2, o conceito A é o maior na escala. Na turma analisada, três estu- dantes alcançaram o conceito A, dois atingiram o conceito B e um o conceito C. A avaliação pode ser mensurada por nota ou conceito, porém, as duas maneiras de avaliar explicitam um ato voltado ao processo de ensino aprendizagem. O objetivo é avaliar o desenvolvimento da aprendizagem do estudante, explicitando valores em escalas atreladas a questões quantitativas e/ou qualitativas. A avaliação tem como meta verifi car se os objetivos pensados no início do processo do planejamento de ensino foram alcançados. A intenção é saber o que foi proposto no planejamento de ensino. Para Luckesi (2011), avaliar é apreciar os conceitos teóricos sobre avaliação e aprender a prática da avaliação, pois para compreender a teoria avaliativa, é preciso buscar teorias e fontes de estudo. Con- tudo, a prática avaliativa é algo que só será efetivamente compreendida no con- texto escolar. Neste contexto, faz-se necessário conceituar os tipos de avaliação tanto na concepção tradicional e na construtivista, em que o erro faz parte do processo de aprendizagem. QUADRO 5 – CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO Concepção tradicional Concepção construtivista Avaliação como instrumento de controle. Avaliação como construção da aprendizagem. FONTE: A autora Na concepção tradicional, a avaliação é vista como um instrumento de contro- le, de medida, de comparação e de classifi cação. Segundo Libâneo (1994), a práti- ca da avaliação que é utilizada no contexto escolar é interligada ao controle e men- surada numa expressão quantitativa que é obtida por meio da realização de provas. Na visão tradicional, a função da avaliação está ligada a um instrumento de controle que é usado para mensurar os conteúdos que muitas vezes são memori- zados. O estudante realiza a prova para verifi car se aprendeu ou não o tema que foi abordado pelo docente, no contexto da sala de aula. A avaliação no contexto educacional é uma prática que refl ete uma sociedade reprodutora e autoritária, em que o professor tem o papel de autoridade na sala de aula. Além disso, o professor é o detentor do conhecimento e o estudante é o que recebe o conteúdo como uma tabúla rasa. 36 EAD e Métodos de Avaliação Para saber mais sobre avaliação, acesse o link e leia o artigo: A Avaliação da Aprendizagem na Perspectiva Formativa e na Clas- sifi catória de Thais Salomão e Mari Nascimento: <http://www.uel.br/eventos/semanaeducacao/pages/arquivos/ANAIS/ARTIGO/SABE- RES%20E%20PRATICAS/A%20AVALIACAO%20DA%20APREN- DIZAGEM%20NA%20PERSPECTIVA%20FORMATIVA%20E%20 NA%20CLASSIFICATORIA.pdf>. Outra questão fundamental na concepção tradicional é o fator medo. O estu- dante tem medo das notas baixas, medo do professor e consequentemente medo da avaliação. Nesse contexto, a avaliação é usada como instrumento de castigo, de ameaça, para controlar uma situação. Podemos observar isso em sala de aula, por meio da postura do professor, quando os estudantes estão fazendo barulho, desorganizados e o professor diz: “já que estão nessa bagunça, vamos fazer uma prova?” Com essa atitude, o professor usa a punição para controlar o comporta- mento dos estudantes. Em algumas escolas, a avaliação tem sido utilizada com esse objetivo de punir, intimidar, como instrumento de controle social e elemento disciplinador (LUCKESI, 2011). A avaliação classifi catória seleciona o estudante em primeiro, segundo e terceiro lugar e assim sucessivamente. Os discentes são mensurados pela qualidade de res- postas, conforme o padrão utilizado pelo professor. A nota obtida na prova é usada para promoções, para mensurar o comportamento ideal do estudante e as provas têm as respostas prontas em um gabarito que é padrão para todos os estudantes. Este modelo avaliativo classifi catório é distante do processo de ensino e pode ser considerado como um recorte da aprendizagem. Nessa concepção, a avaliação é vista como controladora de condutas e a sua atuação é realizada em sala de aula como excludente, pois os estudantes que não sabem o conteúdo são excluídos do contexto escolar. O erro, nesse processo, é relacionado ao fracasso. A prova é um instrumento utilizado pelo professor como um meio de acerto de contas. Dessa forma, passamos a atribuir desmesurado valor às ques- tões de única e múltipla escolha, questões de lacunas, de res- postas ditas “objetivas” a serem respondidas pelos educandos, como garantia de uma suposta previsão dos resultados confe- ridos pelos professores. Contudo, o cotidiano da sala de aula apresenta certos fatos que apontam para a urgente necessida- de de refl exão de algumas tarefas propostas as crianças (HO- FFMAN, 2011, p. 60). 37 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Observa-se, neste processo, que a avaliação é uma prova com respostas prontas como mostra a fi gura a seguir, de um teste de Ciências. FIGURA 11 –TESTE DE CIÊNCIAS FONTE: Hoffman (2011, p. 61) Este formato de avaliação é oriundo da metodologia tradicional. O estudante que não tivesse memorizado o conteúdo, linha por linha, com certeza não iria responder o teste de Ciências exemplifi cado anteriormente, pois não saberia as respostas certas para preencher cada lacuna. Já a avaliação processual é realizada durante o processo, no momento da aprendizagem. Nesses casos, observa-se que a avaliação é dinâmica, contínua, realizada desde o início do processo educacional, ou seja, acontece em todas as etapas do planejamento de ensino. A avalição processual é inclusiva, pois observa, analisa os erros dos estudantes e verifi ca o que precisa ser realizado no contexto escolar, ou seja, no processo de ensino aprendizagem, para que o estudante aprenda o conteúdo que errou no momento da avaliação. Você sabe o que é uma avaliação processual? A avaliação processual, como explicitado, é realizada durante todo o processo de aprendizagem. A prova é um elemento da avaliação, realizada para verifi cação dos estudos que o estudante realizou no contexto escolar. A prova permite que o aluno perceba os seus erros e busque alternativas para o acerto. Além disso, o 38 EAD e Métodos de Avaliação professor busca novas metodologias para o ensino daquele tópico escolar. Assim, a avaliação faz parte da construção do conhecimento. O contexto escolar usa a prova como promoção para outro grau de ensino, ou seja, grau escolar. Então, a prova torna apto ou reprova o estudante para a etapa seguinte. Você sabe como isso é feito? O sistema escolar utiliza os resultados quantitativos para a aprovação e os pais dos estudantes aguardam o resultado positivo deste instrumento. Os professores usam a prova apenas para elencar quem está aprovado ou reprovado, aproveitando-a como critério de comportamento. Já os estudantes pensam na prova apenas como fator para aprovação. Nesse contexto, a aprendizagem e todo o processo pedagógico da avaliação são deixados para segundo plano, pois é valorizado o maior número de estudantes com conceitos para aprovação (LUCKESI, 2011). Você sabia que a avaliação também tem função punitiva? A avaliação como metodologia de punição e hierarquização é utilizada como excludente, ou seja, como elemento de controle e de reprodução do contexto social. A observação da avaliação como punição ou sistema de medida é notável em determinadas atitudes que são repassadas por professores a outros professores, ou seja, professores que aprenderam com essa metodologia, na maioria das vezes, utilizarão esse mesmo formato em sala de aula. Você já percebeu como o seu professor avalia? Pode-se observar que avaliação realizada no contexto escolar é fruto do histórico escolar do professor, ou seja, como esse docente aprendeu, qual a metodologia usada pelo professor no cenário educacional. Assim, o formato avaliativo, na maioria das vezes, é consequência da repetição do modelo tradicional do século XIX. Você sabe qual a concepção que é contrária à tradicional? É a concepção da avaliação mediadora de aprendizagem. Essa é contrária à tradicional, considerando a avaliação como um processo. A compreensão da avaliação como verifi cação é um ato que tem uma fi nalidade no próprio ato (LUCKESI, 2011). 39 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 VILLAS BOAS, B. M. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 2006. Nesse livro o autor explicitará sobre a avaliação e o processo de aprendizagem. As novas concepções de aprendizagem são baseadas na construção do co- nhecimento para que o estudante tenha autonomia no processo. A avaliação é vista como contribuição para que o educando e o educador refl itam nos objetivos que serão alcançados no processo ensino-aprendizagem. O docente verifi ca e es- tuda os procedimentos a serem adotados para a superação das difi culdades dos estudantes no processo de ensino. Você já ouviu falar em avaliação mediadora? A avaliação mediadora é um conceito de Hoffmann (2011) e tem o intuito de au- xiliar o estudante, aproximando o professor e o educador. É a transformação realiza- da pelos atos de agir-refl etir-agir. O educador passa a ser um pesquisador que obser- va a sua prática pedagógica. A partir da observação e refl exão da sua postura e ação no contexto escolar, o professor busca recriações pedagógicas para melhor orientar o estudante na construção do conhecimento. A avaliação mediadora oportuniza aos estudantes muitos momentos para expressar suas ideias (HOFFMANN2011). As atividades escolares são fundamentais para a observação das hipóteses que são construídas pelos estudantes no contexto escolar. Por meio delas, o edu- cador poderá estabelecer diálogo pedagógico com o estudante, com o objetivo de analisar a produção do conhecimento para compreender em qual momento este estudante se encontra, qual a dimensão do entendimento dele. Você pode questionar como acontece a avaliação neste cenário mediador? A avaliação será inovadora, pois respeitará o saber elaborado pelo estudan- te, o seu ato espontâneo, as ações que desencadeiam refl exões do saber e o desafi am a evoluir, encontrando novas e diferentes soluções para as atividades determinadas pelo docente. No contexto escolar, na proposta da avaliação mediadora, é importante a re- alização de atividades diversifi cadas. Essas podem ser feitas em casa, em sala de aula, umas extensas e outras curtas. O essencial nesse contexto é garantira espontaneidade do estudante ao realizá-las. 40 EAD e Métodos de Avaliação O professor, ao propor atividades para o estudante, precisa ter em mente a seguinte questão: “Por que elaborar tais questões sobre este tema e neste mo- mento escolar? O que eu pretendo apurar ou observar em relação ao saber dos estudantes?” O professor adota uma postura de valorização das ideias dos alu- nos, tendo como ponto de partida os conhecimentos ou difi culdades deles, para a reformulação do planejamento. Outro ponto importante da avaliação mediadora, segundo Hoffmann (2011, p. 73) é “oportunizar a discussão entre os alunos a partir de situações desencadeadoras”. Na proposta de construção do saber que adota a avaliação mediadora na sua prática educativa, é essencial a interação entre os iguais, a fi m de desen- volver o conhecimento lógico matemático. O estudante, ao interagir com os seus colegas, não está submetido a uma relação de autoridade com o seu professor. Discute, briga, busca argumentos convincentes, estabelece melhores relações entre suas ideias e as dos outros. Muitas vezes compreende rápido o que não entendeu através da discussão com os colegas. Não me refi ro aqui aos tradicionais trabalhos feitos em grupo, em que cada um copia trechos de um livro ou contribui com a elaboração de uma parte da tarefa, mas se trata de proporcionar aos alunos situações-problemas que desencadeiem vários pontos de vista e que os levem a encontrar uma solução dentre várias alternativas colocadas (HOFFMAN, 2011, p. 73). A avaliação mediadora propõe a observação individual de cada estudante, a fi m de perceber o seu desenvolvimento do processo de construção do conhe- cimento. Isso permite uma relação direta entre estudante e professor, a partir das atividades realizadas pelo educando, sejam orais ou escritas. Assim, o educador pode interpretar as atividades dos estudantes com olhar subjetivo, respeitar a indi- vidualidade de cada um, refl etir sobre as soluções dos estudantes, considerar os estágios do pensamento e a área de conhecimento proposta na atividade, atrela- da com a experiência do discente. Além da avaliação mediadora, estudaremos a avaliação diagnóstica, somati- va e formativa no Capítulo 2. Bons estudos e até a próxima! 41 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 Atividade de Estudo 1 A avaliação é realizada de várias maneiras no contexto escolar. Quais são os critérios utilizados no contexto escolar para a ava- liação? 2 Neste capítulo, estudamos duas concepções educativas que re- fl etem a proposição da avaliação. Quais são as concepções? 3 A avaliação no contexto escolar pode ser realizada de diferentes maneiras. Apresente como é a avaliação processual. 4 No cenário escolar há a avaliação que permite o olhar subjetivo do estudante, que verifi ca a construção do conhecimento. Como é o nome dessa avaliação? Disserte um pouco sobre ela. 6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, procuramos detalhar o histórico da avaliação, além de explici- tar suas concepções. Estudamos as características e as funções de cada avalia- ção, na concepção tradicional e construtivista. A avaliação é um tema desafi ador no contexto escolar, pois está relacionada à prática docente e pode ser usada como um ato punitivo, de controle do compor- tamento do estudante. No entanto, a avaliação pode ser utilizada como ferramenta de observação da construção do conhecimento do estudante. A prova, os exames e outras atividades são instrumentos da avaliação e além destes, o professor poderá utilizar outras ferramentas. A avaliação pode ser realizada durante todo o processo de ensino-aprendizagem, sendo processual e mediadora no contexto escolar. No próximo capítulo, abordarmos as questões relacionadas às formas de avaliação diagnóstica, somativa e formativa. Você compreenderá a prática avalia- tiva do Portfólio e os tipos de questões utilizadas no processo avaliativo. 42 EAD e Métodos de Avaliação REFERÊNCIAS AB RAMOWICZ, M. Avaliando a Avaliação da Aprendizagem: um novo olhar. São Paulo: Lúmem, 1996. BEHRENS, M. A. O Paradigma emergente e a prática pedagógica. 4. ed. Curitiba: Editora Universitária Champagnat, 2005. BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T.; MADAUS, G. F. Evaluación del aprendizagen. Argentina: Troquel, 1975, Tomo 1. BOTH, I. J. Avaliação planejada, aprendizagem consentida: a fi siologia do conhecimento. Curitiba: Ibpex, 2007 BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Disponível em: http://www2. camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752- publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 19 fev. 2019. CUNHA, A. G. da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010. DEMO, P. Avaliação Qualitativa. 6. ed. Campina, SP: Autores Associados, 1999. KRAEMER, M. E. P. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. Revista Gestão Universitária, Porto Alegre - RS, n. 204, p. 02-15, 2006. FERNANDES, C. O. de. Por que avaliar as aprendizagens é tão importante? In: (Org.). Avaliação das aprendizagens: sua relação com o papel social da escola. São Paulo: Cortez, 2014. GHIRALDELLI, J. P. História Essencial da Filosofi a. São Paulo: Universo dos Livros, 2009. HOFFMANN J. M. L. Avaliação: mito e desafi o – uma perspectiva construtivista. 41 ed. Porto Alegre: Mediação, 2011. LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011. 43 HISTÓRIA E CONCEPÇÃO SOBRE AVALIAÇÃO Capítulo 1 LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 8. ed. São Paulo: Cortez, 1998. MARTINS, P. L. O. Didática. Curitiba: IBPEX, 2008. PINTO, L. F. O ritual de iniciação masculina do povo Saterê-Mawé. Disponível em: https://www.xapuri.info/sagrado-indigena/tucandeira-o-ritual-de-iniciacao- masculina-do-povo-satere-mawe/. Acesso em: 5 ago. 2019. POCHMANN, M. O trabalho sob fogo cruzado: exclusão, desemprego e precarização no fi nal do século. São Paulo: Contexto, 2007. SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar? - Critérios e instrumentos. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. SOEIRO, L.; AVELINE, S. Avaliação Educacional. Porto Alegre: Editora Sulina, 1982. TYLER, R. W. Basic principles of curriculum and insmction. Chicago: University of Chicago Press, 1949. 44 EAD e Métodos de Avaliação CAPÍTULO 2 ESTRATÉGIAS AVALIATIVAS A partir do estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de: identifi car os diferentes e variados formatos de avaliação; estudar o uso do portfólio como prática avaliativa no cenário educacional; apresentar os diferentes tipos de questões no processo avaliativo; estabelecer relações entre a avaliação e as diferentes formas de avaliar: diagnóstica, somativa e a formativa; aplicar no cenário escolar os diferentes tipos de questões do processo avaliativo. 46 EAD e Métodos de Avaliação 47 ESTRATÉGIAS AVALIATIVAS Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O momento cibernético alterou o modo como nos comunicamos. Atualmente, a comunicação acontece por meio digital, como, por exemplo, nas redes sociais. A modalidade de ensino acompanhou essas mudanças. Agora estudamos de qual- quer lugar e a qualquer momento, através das tecnologias de informação e comu- nicação (TIC). Somos ligados por megabytes. A Educação a Distância (EAD) faz parte do nosso contexto pedagógico. Com essa modalidade também pensamos em novos formatos de avaliação. Diante destas primeiras considerações, observamos que há maneiras di- ferentes de avaliar. A avaliação pode ser diagnóstica, somativa e formativa. Um exemplo de instrumento avaliativo é o portfólio. Este capítulo explicitará as estratégias avaliativas e os tipos de questões no processo avaliativo. Assim, você compreenderá as relações entre a avaliação e as diferentes for- mas avaliativas: a diagnóstica, a somativa e a formativa. Além disso, entenderá ausabilidade do portfólio como ferramenta da avaliação no contexto escolar e per- ceberá a aplicabilidade dos diferentes tipos de questões no cenário escolar. 2 FORMAS DE AVALIAÇÃO: DIAGNÓSTICA, SOMATIVA E FORMATIVA A avaliação nos diferentes contextos escolares geralmente acontece no fi nal do processo de produção do conhecimento. Você, estudante, acredita que a avaliação deve ser realizada apenas no fi nal do processo de avaliação? FIGURA 1 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO FONTE: A autora 48 EAD e Métodos de Avaliação A avaliação deve ser realizada durante todo o processo de ensino. Você talvez questione: “Por que?” A avaliação deve ser realizada durante todo o processo com o objetivo de analisar o transcorrer da aprendizagem do estudante. Assim, a avalia- ção pode ser diagnóstica, formativa e somativa, conforme a Figura 2 a seguir: FIGURA 2 – AVALIAÇÃO FONTE: A autora Você sabe o que é avaliação diagnóstica? FIGURA 3 – CONCEITO AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA FONTE: A autora A avaliação diagnóstica é embasada na verifi cação dos conhecimentos dos estudantes no início do processo de aprendizagem, para que o professor tenha conhecimento de quais os conteúdos que o estudante sabe. Assim, o professor terá dados para planejar situações de aprendizagem que possibilitem que o estudante apreenda novos conteúdos a partir do que ele já sabe. Portanto, o papel da avaliação diagnóstica é diagnosticar os conceitos que os estudantes sabem e o que eles não sabem, e avançar assim a partir dos conhecimentos prévios, para novos conhecimentos. 49 ESTRATÉGIAS AVALIATIVAS Capítulo 2 E a avaliação formativa? Você sabe o que é? FIGURA 4 – CONCEITO AVALIAÇÃO FORMATIVA FONTE: A autora A avaliação formativa tem como objetivo demonstrar ao educando e ao educador o desempenho da aprendizagem ao longo do ano escolar. Isso acontece por meio das atividades realizadas na jornada, com o intuito de detectar as difi culdades no processo de ensino aprendizagem, na as- similação e na construção do conhecimento. Esses dados darão ao profes- sor a oportunidade de correção e recuperação do planejamento didático. E a avaliação somativa, você sabe o que signifi ca? FIGURA 5 – CONCEITO AVALIAÇÃO SOMATIVA FONTE: A autora 50 EAD e Métodos de Avaliação A avaliação somativa é oriunda da proposta de ensino tradicional, em que o estudante é medido pelo seu resultado no momento da prova, dos testes. Nesse contexto, o professor é o centro do processo de aprendizagem. O objetivo é averi- guar o desempenho do educando perante as diretrizes estabelecidas no planeja- mento do professor. Para realizar essa verifi cação são realizados testes, provas, questionários entre outros instrumentos, com o intuito de observar se os objetivos traçados foram alcançados. Essa mensuração é feita quantitativamente, ou seja, por meio de notas. Atividade de Estudo: 1 O que é avaliação diagnóstica? 2 Como é aplicada a avaliação formativa? 3 Em qual cenário é aplicada a avaliação somativa? Você já percebeu que a avaliação tem várias funções. No contexto da Educação a Distância, como ela aconteceria? Caso você queira conhecer mais sobre avaliação a distância, um bom livro que aborda este assunto é: RUHE, V.; ZUMBO, B. D. Avaliação de educação a distância e e-learning. Porto Alegre: Penso Editora Ltda., 2014. 336 p. As questões acerca da avaliação da aprendizagem são pensadas e refl etidas no contexto educacional e estão interligadas às concepções de ensino e aprendi- zagem abordadas no Capítulo 1. A concepção adotada pelo professor dará a dire- triz ao seu fazer pedagógico. Assim, a avaliação pode ser diagnóstica, formativa ou somativa, exercendo função quantitativa ou qualitativa, interligada aos instru- mentos e métodos de avaliação. 51 ESTRATÉGIAS AVALIATIVAS Capítulo 2 A avaliação, no contexto da educação a distância, é algo polêmico. Há muitos educadores que ainda questionam a legitimidade da avaliação dos estudantes na EAD. Porém, o foco da avaliação foi se voltando à questão do conceito da avaliação e do desempenho dos estudantes dentro dessa modalidade de ensino. Essas questões são discutidas no cenário da educação a distância e um dos focos é a relação da legitimidade da avaliação de estudantes a distância: A educação a distância em modalidade de e-learning, como qualquer outro cenário de inovação no ensino e formação, tem originado simultaneamente um coro de entusiastas e outros detractores, uns e outros esgrimindo argumentos nem sempre bem fundamentados. Um dos aspectos frequentemente evoca- dos prende-se com a questão da avaliação das aprendizagens e com todo um clima de suspeita em torno da legitimidade da avaliação a distância. Essa questão, complexa e importan- te, remete para toda uma discussão em torno do conceito de avaliação e das funções que esta pode desempenhar (SILVA; PESCE; ZUIN, 2006, p. 229). As problemáticas em relação à avaliação são várias. Em termos gerais, refe- rentes aos modelos de educação presencial e a distância. As questões são relati- vas a: qual deve ser a função da avaliação? Quais aspectos devem ser valoriza- dos? Quem deve avaliar quem? O que devemos avaliar? O professor, no contexto escolar, refl etirá acerca dessas questões que estão atreladas à tendência peda- gógica, ou seja, com a postura pedagógica que ele exerce no contexto escolar. A avaliação pode promover melhoria e qualidade nas condições de ensino e aprendizagem na conjuntura escolar. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 507), a avaliação é um requisito para a melhoria das condições que afetam di- retamente a qualidade de ensino. Considerando-se que: Ela pode melhorar a qualidade de aprendizagem dos estudan- tes [...]: uma proposta de avaliação dos estabelecimentos es- colares por meio dos resultados de aprendizagem dos alunos (embora essa aferição não deva ser utilizada para classifi car as escolas, determinando quais serão benefi ciados por recur- sos públicos, algo totalmente inaceitável), a descentralização das escolas, favorecendo a identifi cação e necessidades lo- cais, o envolvimento dos professores e pais. 52 EAD e Métodos de Avaliação Assim, a avaliação deve contemplar todos os envolvidos no âmbito esco- lar, para que sirva como um termômetro dos resultados das aprendizagens dos estudantes. Além disso, estabelece formas e maneiras de melhorar a qualidade da aprendizagem, a inovação de metodologias de ensino, visando a efi cácia da aprendizagem dos estudantes. Dentro desse cenário, aprofundaremos a seguir as funções diagnóstica, formativa e somativa da avaliação. 2.1 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA A avaliação diagnóstica pode ser chamada de avaliação inicial ou avaliação diagnóstica inicial. Essa avaliação geralmente acontece no início do ano escolar, antes mesmo de qualquer conhecimento ou conteúdo ser trabalhado. A principal função da avaliação é reconhecer o que o estudante sabe ou não, acerca de de- terminado conhecimento. Além disso, busca descobrir pré-requisitos para novos saberes que acontecerão durante a trajetória do ano letivo. Com esse diagnóstico, o professor poderá manter o planejamento ou replanejar a prática docente, tendo em vista os resultados obtidos na avaliação dos alunos. Para saber mais sobre o tema da avaliação diagnóstica leia a reportagem: <https://novaescola.org.br/conteudo/7743/avaliar-o-tem- po-todo>. Acesso em: 30 ago. 2019. O psicólogo americano Benjamin Samuel Bloom foi um autor da avaliação diagnóstica, ligado à educação e fez diferentes contribuições nessa área, em consonância com os objetivos da aprendizagem. A avaliação diagnóstica é: Investigar seriamente o que os alunos ainda não compreende- ram, o que ainda não produziram, o que ainda necessitam de maior atenção e orientação [...] enfi m, localizar cada estudante em seu momento e trajetos percorridos, alterando-se radical- mente o enfoque avaliativo e as práticas de recuperação (HO- FFMANN, 2008,
Compartilhar