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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ATLETISMO GUARULHOS - SP SUMÁRIO 1 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DO ATLETISMO .................................................. 4 1.1 História ................................................................................................................ 5 1.2 História do atletismo no Brasil ............................................................................. 6 1.3 Conceito de atletismo ........................................................................................ 10 2 O ATLETISMO NO CURRÍCULO ESCOLAR .......................................................... 11 2.1 Brincando com o atletismo na escola ................................................................ 12 2.2 Atletismo na escola ........................................................................................... 17 2.3 Propostas de ensino do atletismo na escola ..................................................... 19 3 MARCHA ATLÉTICA E CORRIDAS ........................................................................ 22 3.1 Diferenças entre o andar e o correr .................................................................. 23 3.2 Passo e Passada .............................................................................................. 23 3.3 Padrão de Caminhada ...................................................................................... 24 3.4 Marcha Atlética ................................................................................................. 24 3.5 Corrida de Competição ..................................................................................... 28 3.6 Classificações das Corridas .............................................................................. 32 3.7 Corridas de Velocidade ..................................................................................... 38 3.8 As corridas com barreiras ................................................................................. 40 4 AS CORRIDAS DE REVEZAMENTO ...................................................................... 43 4.1 Bastões de revezamento ................................................................................... 44 4.2 Provas de revezamento .................................................................................... 44 4.3 Formas de entrega/recepção do bastão............................................................ 45 5 CORRIDAS DE “MEIO-FUNDO” ............................................................................. 47 5.1 Procedimentos na competição .......................................................................... 49 5.2 Corridas de “Fundo” .......................................................................................... 52 5.3 Técnica .............................................................................................................. 52 5.4 Passos .............................................................................................................. 53 5.5 Tática ................................................................................................................ 53 6 SALTO EM DISTÂNCIA ........................................................................................... 54 6.1 História .............................................................................................................. 54 6.2 O Salto em Distância ......................................................................................... 55 6.3 Salto em Distância Parado ................................................................................ 55 6.4 Regras do Salto em Distância ........................................................................... 57 6.5 Fases do Salto em Distância ............................................................................. 57 6.6 Salto inválido ..................................................................................................... 58 7 SALTO TRIPLO ....................................................................................................... 58 7.1 A corrida ............................................................................................................ 60 7.2 A impulsão ........................................................................................................ 60 7.3 O primeiro salto ................................................................................................. 60 7.4 O segundo salto ................................................................................................ 61 7.5 O terceiro salto .................................................................................................. 61 8 SALTO EM ALTURA................................................................................................ 62 8.1 Salto em Altura ao Estilo Fosbury Flop ............................................................. 67 8.2 Salto em Altura Estilo Tesoura .......................................................................... 71 8.3 A Técnica do Salto em Altura ............................................................................ 74 8.4 A técnica do salto « FLOP » .............................................................................. 77 8.5 A Técnica do Rolamento Ventral ....................................................................... 81 9 SALTO COM VARA ................................................................................................. 84 9.1 Medidas e pesos principais ............................................................................... 85 10 ARREMESSOS E LANÇAMENTOS ..................................................................... 86 10.1 Arremesso de peso ........................................................................................ 86 10.2 Lançamento de dardo .................................................................................... 88 10.3 Lançamento de disco ..................................................................................... 89 10.4 Lançamento de martelo ................................................................................. 90 11 PROVAS COMBINADAS ..................................................................................... 91 11.1 Decatlo ........................................................................................................... 92 11.2 Heptatlo .......................................................................................................... 96 12 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 97 4 1 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DO ATLETISMO As capacidades de andar e correr são muito naturais aos seres humanos, e talvez este motivo seja um dos que colaboram para que o atletismo seja um dos esportes mais antigos do mundo. Alguns indícios dizem que ele é praticado há pelo menos cinco mil anos. Fonte: pt.pngtree.com O atletismo é chamado de esporte-base, justamente por isso, é considerado o esporte mais importante das Olimpíadas. Pode ser praticado tanto por homens, quanto por mulheres, principalmente em estádios, mas também em outros locais, tais como ruas e estradas. Atletismo é o conjunto de esportes formado por três modalidades: corrida, lançamentos e saltos. Geralmente é praticado em estádios, exceto a maratona, que é uma corrida de longa distância. O atletismo nasceu na Grécia, onde foram criados os estádios para realização das corridas a pé. Foi na Grécia também que houve o primeiro registro de uma competição de atletismo, durante as Olimpíadas realizadas em 776 a.C. 5 A corrida envolve estratégia, técnica e bom condicionamento físico do atleta. As corridas sãodivididas em curta distância ou de velocidade; média distância ou de meio fundo; e longa distância ou de fundo. A pista de corrida contém oito raias, com largura mínima de dez metros. A pista oficial de atletismo é composta de duas retas e duas curvas. As modalidades oficiais de arremesso e lançamentos abrangem o arremesso de peso, e lançamentos de martelo, disco e dardo. Esses são realizados dentro de áreas limitadas. Os lançamentos dividem-se em três partes: lançamento do martelo, do disco e do dardo. As provas de salto dividem-se em: provas de salto vertical e de salto horizontal. As provas de salto verticais implicam o salto em altura e o salto com vara. As provas de salto horizontal abrangem o salto em distância e o salto triplo. O atletismo possui quarenta e duas modalidades atualmente, sendo vinte e oito olímpicas disputadas por homens e mulheres em campo, ao ar livre ou em espaço fechado. Além de estar presente em competições olímpicas, nos Jogos Pan-Americanos, são realizados também campeonatos mundiais, regionais e encontros de atletismo. A corrida de São Silvestre, realizada todos os anos em São Paulo no dia 31 de dezembro, foi criada em 1925, e era incialmente disputada apenas por brasileiros; porém tornou-se uma prova mundial e popularizou o esporte no país.1 1.1 História O atletismo surgiu como esporte na Grécia Antiga em 776 a.C., ano que a primeira Olimpíada da história foi realizada, na cidade de Olímpia. Chamada de stadium pelos gregos, Coroebus foi o vencedor da prova cujo percurso tinha 200 m. No entanto, registros apontam que há cerca de 5 mil anos ele já era praticado no Egito e na China. 1 Texto modificado: Thiago Ribeiro. Extraído: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br 6 O formato moderno do atletismo data do século XIX, na Inglaterra, e conta com as seguintes provas oficiais: Corridas: rasas, com barreiras, com obstáculos Marcha atlética Revezamentos Saltos Arremesso e Lançamentos Combinada Em cada uma dessas provas há um total de 20 modalidades diferentes. Tais modalidades se diferenciam, por exemplo, pelo tamanho dos percursos e equipamentos utilizados. O atletismo é uma modalidade olímpica cuja responsabilidade está a cargo da Associação Internacional de Federações de Atletismo, fundada em 1912 em Londres. O esporte está entre os favoritos para os ingleses. No Brasil, a organização das competições está a cargo da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT). O esporte ficou conhecido no Brasil no século XX. Em 1952, Adhemar Ferreira da Silva conquistou a primeira medalha de ouro em salto triplo para o Brasil, o que aconteceu nos Jogos de Helsinque, na Finlândia.2 1.2 História do atletismo no Brasil Os ingleses e alemães radicados no Brasil foram os propulsores do esporte organizados no Brasil. Em 1880 havia do Rio de Janeiro, o Club Brasileiro de Cricket que eram vendidos aposta para corridas de rua. 2 Texto extraído: www.todamateria.com.br 7 Segundo enunciado do Portal São Francisco (2010) em São Paulo em 1888 foi fundado o Athletic, de início só para a prática da enquete e mais tarde corridas a pé e outros. Em São Paulo surgiram vários outros clubs, Club Alemão (1888), Associação Atlética Macknzies Collag (1898), Spot Club Internacional (1899), Club Atlético Paulistano (1900) em Niterói, a Rio Gricket and athletica Association (1899) em Porto Alegre, com várias agremiações dirigidas por Alemães que se dedicavam a ginástica, jogos com bola e provas atléticas. Em todos esses Clubes o atletismo era praticado de forma não continua e não eram obedecidas as normas efetuadas na Inglaterra. Em 1907 foi editado o primeiro livro de regras oficiais de diversos jogos, pela livraria Garnil (incluía também o atletismo). Dali a três anos essas regras já eram observadas em torneios regularmente disputados em clubes e colégios. Fonte: cob.org.b Matthiesen (2007, p. 11) destaca algumas das principais datas e acontecimentos que envolvem o atletismo no Brasil. 1910 – Registro das primeiras competições de atletismo no Brasil, época em que esse esporte estava sob a responsabilidade da CBD – Confederação Brasileira de Desportos. 8 1912 – Criação da IAAF – Internacional Amateur Federation (Federação Internacional de Atletismo Amador). 1914 – Filiação da Confederação Brasileira de Desporto (CDB) à Federação Internacional de Atletismo Amador (IAAF). Em 1918, realizaram-se os primeiros eventos de que se tem notícia no Brasil. O jornal “O Estado de São Paulo” organizou um campeonato para atletas em provas combinadas, “Duodecatlo” com 12 provas. Iniciou-se também a disputa de uma corrida de rua denominada “Estadinho”, no Rio de Janeiro, em 1921, com campo do Flamengo, uma das primeiras do Brasil. Em 1923, foi fundada a Federação Paulista de Atletismo, a primeira do Brasil, seguindo-se nos anos 30 a fundação de mais algumas federações no sul do país. 1924 – Primeira participação oficial do atletismo brasileiro masculino em Olimpíadas – Jogos Olímpicos de Paris. 1929 – Realização do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, primeira competição de caráter nacional, cuja última edição aconteceu em 1985. 1945 – Realização da primeira Edição do Troféu Brasil de Atletismo, que atualmente corresponde à principal competição nacional do calendário da CBAt e que, desde 1986, consagra os atletas vencedores como “Campeões Brasileiros de Atletismo”. 1977 – Criação do CBAt – Confederação Brasileiro de Atletismo, no rio de Janeiro, em 02/02/1977, com exercícios a partir de 01/01/1979, fazendo com que o atletismo se separasse da CBD. Transferida para Manaus em 1994, a CBAt contava em 2004, com 27 federações (26 estaduais e uma do Distrito Federal) filiadas. A partir de 1987, a firme determinação da CBAt de fazer o Brasil presente em todos os event0os internacionais, sempre com o número máximo de atletas permitido fez com que o atletismo tivesse um grande crescimento e viesse, inclusive, a receber um respeito maior internacionalmente. Também é a partir desse período que o atletismo Brasileiro começa a reorganizar-se para poder acompanhar o ritmo internacional, modernizando-se, buscando meios, instalações, preparação de recursos humanos, para alcançar um melhor nível. 9 Em 1985, é iniciada a disputa do torneio Internacional de São Paulo que, a partir de 1990, passa a constituir uma etapa do Grande Prêmio Internacional, promovido pela IAAF. Em 1989, é realizado na cidade do rio de janeiro o Campeonato Mundial Feminino de 15 km em Estrada, o primeiro campeonato mundial de Atletismo a ser realizado na América do Sul. Em 1990, coma inauguração da Vila Olímpica de Manaus, equipada com pista e material olímpico, ganha o Brasil um grande palco para eventos internacionais, onde se realizou, naquele ano, um meeting internacional com atletas de renome mundial. No mesmo ano, Manaus sedia os Campeonatos Ibero-americanos, fortalecendo assim, a imagem do Brasil como organizador de grandes eventos. 2001 – Alteração do significado da sigla IAAF. De internacional Amateur Athletic federation (federação Internacional Amador), passou a ser definida como Internacional Association of Athletics Federation (Associação Internacional das Federações de Atlético). Vale salientar que, até 2006, quatro atletas brasileiros haviam estabelecidos oito recordes mundiais ainda que já tenham sido superados: cinco recordes de Adhemar Ferreira da Silva; um recorde de Nelson Prudêncio e um recorde de João Carlo de Oliveira, todos no salto triplo; na maratona, um recorde mundial com Ronaldo da Costa. Conforme exposto no Portal São Francisco (2010) atualmente, o atletismo divide- se em grupos deprovas: provas de pista, provas de campo e provas combinadas. As provas de pista incluem todas as corridas, sejam elas de velocidade, meio-fundo, e também a marcha atlética. Já as provas de campo, são os saltos, os lançamentos. Os saltos se apresentam em quatro provas: salto em distância, s alto triplo, salto em altura e salto com vara. E os lançamentos são: do dardo, do disco, e do martelo e o arremesso do peso. Têm-se também as provas combinadas, que são o decatlo, isto é, dez provas que são disputadas pelo sexo masculino, e o heptatlo, isto é, sete provas disputadas pelo sexo feminino. 10 1.3 Conceito de atletismo Ao registra a palavra atletismo, Matthiesen (2007) coloca que, vem do grego “ethos” e que significa combate, consta nos registros históricos de atividades como corridas, saltos, lançamentos desenvolvidos pelos gregos na antiga Grécia. Ou seja, todas as atividades que envolvam algumas destas habilidades motoras como correr, saltar, marchar, lançar e arremessar, para ser considerado atletismo há de ter características normativas técnicas. Segundo Matthiesen (2007, p. 7): O correr do atletismo não é um correr qualquer, assim como o saltar, o arremessar e o lançar não podem ser considerados de uma forma descontextualizada, fora do campo normativo e técnico que envolve o atletismo propriamente dito. E veja: isso é mais importante do que parece! Essa definição é de suma importância para que se garanta o espaço do atletismo no âmbito da cultura corporal. A Confederação Brasileiro de Atletismo – CBAt define o atletismo como provas atléticas de pista e de campo, corridas, marcha atlética, corrida através do campo Cross country e corridas em montanhas. Fonte: maxithlon.com 11 Aqui o termo atletismo não é o das corridas de final de semana nem os dá da pré-história onde o homem utilizava os movimentos básicos do atletismo para a sua sobrevivência. Atletismo levado a sério é o de competição, com técnicas, não aquela de habilidade motora que o indivíduo adquira desde seu primeiro passo, é as exigidas no âmbito de provas, ou seja, habilidade motora e física. O atletismo não é só o de preparação física para os outros esportes, pois o lançar, o saltar e o correr, é normativo, é técnica de provas de competição, isto é, capacidade física básica identificada como própria desse esporte como velocidade, resistência, força e agilidade. 2 O ATLETISMO NO CURRÍCULO ESCOLAR Para que a educação escolar seja revista com novas perspectivas, é importante que o aluno adquira além do conhecimento prático. O conhecimento histórico deve fazer do aprendizado do aluno, para que o mesmo possa interpretá-lo, e assim construir uma linguagem nos três contextos, isto é, no contexto comunicativo, expressivo e teórico. Kunz (1991 apud Oliveira 2006) questiona a competência comunicativa para a aprendizagem dos alunos e cita que a capacidade de se comunicar não é algo dado, mas a ser desenvolvido. De acordo com Oliveira (2006, p. 28). A grande tarefa e transformação didática e pedagógica dentro das escolas brasileiras e aumentar sua atratividade e sua compreensão, porque fazer, como fazer, quando fazer e como melhorar esse fazer, com diferentes estímulos e diferentes formas de adquirir o conhecimento. Um atletismo voltado para os jogos e brincadeiras seguido pela compreensão dos seus movimentos. A aceitação do atletismo por parte do aluno não deve ser algo imposto, mas visto como ampliação dos conhecimentos e algo que traga benefícios tanto de forma individual quanto coletiva. O processo deve ocorrer de maneira a adequá-lo a transformação da modalidade, visando os objetivos cooperativos e autônomos. 12 Segundo Oliveira (2006, p. 8): Queremos com isso chamar a atenção para o esporte educativo, aquele que leva o aluno à aprendizagem e aquisição de novos conhecimentos, através de trocas de experiências coletivas e individuais e respeito à cultura que o aluno traz consigo. Um esporte que solicite a presença o aluno do seu todo, no cognitivo, no físico, no social, no simbólico, no motor, de ações, de entendimento e que permita resoluções de problemas. A autonomia nasce da compreensão que o aluno possa ter sobre sua prática. Para Oliveira (2006) já, na escola, a opção metodológica mais utilizada no ensino do esporte nas aulas de educação física pode ser o jogo recreativo. Pois, é importante que o atletismo se mostre interessante, motivador, versátil e que indique outros caminhos e valores aos alunos. Levando em consideração que o atletismo pode ser jogado, brincado e reconstruído de forma lúdica, contemplando também, o conhecimento de suas técnicas específicas. 2.1 Brincando com o atletismo na escola As brincadeiras e os jogos são os meios mais efetivos para o desenvolvimento do iniciante. De acordo com Frómeta e Takahashi (2004, p. 90): “a criança vive quando joga e aprende a viver jogando”. A criança quando realiza as tarefas indicadas, desenvolve todas as habilidades pela emoção despertada e também pelas diferentes situações que vivencia neste tipo de exercício. É por meio dos jogos que a criança aprende a técnica e desenvolve a preparação física de forma múltipla e combinada. Segundo Frómeta e Takahashi (2004, p. 90): A criança que se inicia no atletismo dos 9 aos 11 anos começa a sentir uma grande inclinação pelos jogos esportivos. Por essa razão, é amplamente utilizado o grupo de jogos com tarefas e dimensões diversas, como o mini futebol, o mini basquetebol, o mini vôlei e o mini handebol, uma vez que realizá-lo em quadra oficial torna-se muito complexo [...], porém devem-se utilizar os jogos pré- esportivos do atletismo que incluem ações técnicas de diferentes provas, bem como o desenvolvimento da preparação física geral. 13 O ensino de técnicas no período de formação inicial da criança está ligado ao desenvolvimento das habilidades naturais, sendo importante levar a ela a informação de novos movimentos, ampliando e valorizando as manifestações de lazer e diversão. De acordo com Oliveira (2006, p. 56): Correr é uma ação intuitiva, sendo considerada uma continuação da marcha que utiliza a coordenação motora global, não sendo necessário nesta faixa etária à utilização de exercícios específicos para melhorar equilíbrio e coordenação no esporte. Para Koch (1983 apud Oliveira 2006) a criança com apenas dois anos de idade já consegue correr com certa velocidade, o professor deverá promover e trabalhar o ritmo para dar controle a velocidade que ela já exerce nesta fase. Já com três anos tende a combinar as corridas e os saltos de baixa altura, com isso deve oferecer para as crianças um espaço que seja suficiente para que possa desenvolver essa atividade. Deve cuidar a ao forçar a criança um espaço que seja suficiente para que possa desenvolver essa atividade. Deve cuidar a não forçar em alturas, pois aos seis anos de idade ela ainda demonstra dificuldades em efetuar saltos em determinadas alturas. Quanto a arremessar desde pequena a criança realiza o ato de jogar fora pequenos objetos, na posição para esta inicia aos sete anos. Este relato demonstra que é possível contribuir no desenvolvimento motor da criança na educação infantil de forma lúdica. Nas atividades competitivas as competências individuais se manifestam, então cabe ao professor a patente de organizar de modo a expor, a todas as oportunidades de aprendizagem. É comum encontrar em jogos pré-esportivos crianças com maiores habilidades e devido processo monopolizar situações em prol destas habilidades. Segundo Oliveira (2006) nestas situações o professor deverá intervir e promover atividades de modo em que todos os alunos possam avançar nas suas competências corporais. O professor deverá ter a competência de propor os desafios adequados para cada um, considerandona organização das atividades e diversidades, valorizando as diferenças. 14 Fonte: denzellima.blogspot.com Nos trabalhos em duplas ou em grupo, a cooperação é fundamental; nesse tipo de trabalho, observar e valorizar a vivência de cada adulto, de preconceitos e comportamentos esteoriatipatos. Na averiguação de todas as diferenças e habilidades ter como objetivo central a cultura lúdica estabelecendo e possibilitando a prática com experiência com este material. Desenvolvendo correr, pular, lançar, e arremessar dar ênfase nas capacidades de equilíbrio, força, velocidade, coordenação, agilidade e ritmo de forma de equidade de cada criança e de acordo com essas características individuais, e que seja aplicado com a prática. A criatividade do professor de educação física é primordial na busca de exercícios, com isso traçar temas, em que possa vir a pular etapas do desenvolvimento motor da criança, e com essa atitude vir a queimar futuros admiradores da modalidade atletismo. O professor irá selecionar dentre os conteúdos propostos de correr, saltar, lançar e arremessar, brincadeiras e pequenos jogos, não temos regras oficiais, sendo de fácil execução e tempo mínimo de duração de 5 a 10 minutos, pois nessa faixa etária dispersam-se facilmente (OLIVEIRA, 2006, p. 55). 15 Com isso realizar atividades de exercícios básicos de deslocamentos curtos evidenciando repetições de velocidade variadas, e aos poucos desenvolver condições básicas, e dessa maneira começar o processo de desenvolvimento da velocidade propriamente dito. Oliveira (2006) exemplifica algumas brincadeiras a serem desenvolvidas: quanto ás corridas, tem-se as variações do pegador: Mão no pega: o aluno pegador, que terá e colocar uma das mãos na parte do corpo que foi tocada, ficando a outra disponível para tocar o colega. Pique Cola Americano: o aluno pegador corre atrás dos demais, aqueles que forem pegos deverão ficar colado, com as pernas afastadas. O pegador continua colocando os colegas que estiverem livres deverão passar por baixo das pernas deles, salvando-os. Pique Cola Brasileiro: a mesma atividade, porém o colado fica agachado para ser salvo. O colega tem que saltar sobre ele. Pega avião: o pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na posição de avião. Tartaruga: o pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na posição de tartaruga com o casco para baixo e as pernas pra cima. Nesta brincadeira a criança deverá ficar mexendo os braços e as pernas. Jacaré: o pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na posição de jacaré, isto é, deitado no chão com a barriga para baixo, movimentando os braços e as pernas. Elenfantinho: o pegador segura o nariz com uma das mãos e passa a outra por dentro imitando a tromba do elefante, este só poderá pegar os colegas com a tromba, trocando de pegador. Empresta-me sua casinha: desenhos variados de formas geométricas no chão, cada forma e ocupada por uma criança ficando apenas uma sem casinha. Esta deverá gritar: empresta-se sua casinha e todos deverão trocar de casa. 16 Refúgio: marque no solo refúgios com os nomes conhecidos (jardim, parque, piscina), divida a turma em três grupos e ao sinal, deverão trocar de refúgio, tendo um ou mais pegadores ao centro. Desta maneira, podemos encontrar inúmeras brincadeiras que possamos desenvolver e aprimorar, as habilidades dirigidas à rapidez da criança. Quanto aos saltos, não podemos esquecer que algumas crianças precisam vencer o medo, que está ligado ao espaço, pois os saltos estão ligados à exercícios que combinam corrida e salto, trazendo a ela uma complexidade maior na adaptação desta atividade. Com isso vale ao profissional comportar brincadeiras que a levem a superar estes medos. Oliveira (2006) sugere alguns tipos de saltos: Com Arco: correr e saltar por cima e dentro de arcos ou círculos desenhados pelo chão. Usar cores e tamanhos diferentes. Ou saltar de um arco para outro sem tocá-los, saltos consecutivos. Incentive descobrir diferentes formas de saltar. Corpo: experimentar saltar por cima das pernas dos colegas, sentados com as pernas unidas realizando movimentos de abra e fecha. Ou saltar companheiros deitados no solo, sempre trocar posições. Modifique as posições em deitado, sentado, quatro apoia e agachado. Pneus: saltar por cima e dentro dos pneus. Utilizar várias alturas, cortando o pneu pela metade poderá colocá-lo em pé modificando a altura e propondo um novo desafio. Bastões: espalhar bastões no solo e variar as posições. Saltar por cima de um ou de vários sucessivos. Também pode-se aumentar a distância e estimula os participantes a descobrir outras formas de saltar. Cordas: espalhe várias cordas no solo e estimule os alunos a saltarem sem tocá- las. Formar uma figura com a corda e saltar por cima e dentro dela. Saltar na dos amigos. Fazer cobrinhas com a corda para que saltem tentando não tocá-la. Pendurar a corda para que agarrem e saltem para a frente. 17 Elásticos: saltar de diferentes alturas. Esticar elásticos em um suporte e ir desafiando com maiores alturas, sempre compatíveis à idade. Esticar elásticos sucessivos para que saltem duas, três vezes. Saltar individualmente e também de mãos dadas com o colega, com a turma. Troncos, bancos e árvores: usar elementos da natureza e objetos da escola como obstáculos, pode ajudar bastante quando se tem pouco material disponível na escola. O professor precisa ser criativo e promover a criatividade das crianças. Para Oliveira (2006) no arremesso ou no lançamento além das habilidades exigidas nas atividades anteriores, necessitam-se trabalhar também na criança, exercícios de coordenação viso motora. O trabalho consiste em lançar objetos de vários tamanhos, peso, alturas, distância e em diferentes alvos. Lançar argolas e segurar. Lançar bolas para o outro, quicando de mão em mão. Lançar arco em pinos. Atirar bolas de papel ou de pano em garrafas, caixas e latas. Atirar em sacos pendurados em varal, com números, cores e letras para estimular. Pendurar arco e atirar para acertar por dentro. Arremessar com direção determinada em alvo fixo, em superfície plana e suspensa. Arremessar em cesto, lixeiras e sacos. Um aluno entra no saco de estopa e os demais atiram bolinhas de papel dentro do saco. Propor equipes e grupos. Atirar pedras em bexigas penduradas em árvores ou em varais.3 2.2 Atletismo na escola A escola é um espaço destinado para assimilação e absorção de diversos conteúdos inerentes ao desenvolvimento das habilidades psicomotoras, psicossociais e culturais. 3 Texto de: Marilândia do Nascimento. Extraído: www.periodicos.unc.br 18 Por isso é necessário que a Educação Física esteja presente de forma sistemática e integral nesse espaço. Segundo Barros, a educação física tem papel importante na formação global da personalidade da criança e do adolescente, assegurando-lhe autonomia individual e sua integração no meio social e que utiliza como ferramentas no processo educacional os exercícios físicos, os jogos e os desportos, cuja finalidade é de contribuir para adaptação biológica e social do indivíduo. Fonte: eepinaciocastilho.wordpress.com A Educação Física escolar é entendida, frequentemente, como uma prática sem interesse com a formação integral dos estudantes. A década de 80 do século XX foi o período de maior produção de conhecimentos na área de Educação Física Escolar no Brasil. Se na primeira república a Educação Física está vinculada a um movimento de regeneração do brasileiro, temos um período posterior que a Educação Física passa a ser vista como sinônimo de eficiência, entrandoneste momento o esporte como conteúdo no lugar da ginástica. No período militar temos a Educação Física atrelada ao esporte de rendimento, onde a técnica era a base das aulas. Alguns intelectuais, ainda neste período, em seus momentos finais, movimentam-se no sentido de questionar o tipo de Educação Física que está na Escola, mostrando que neste momento surgem várias concepções teórico-metodológicas que vão pensar a formação do aluno nas aulas de Educação Física. 19 O ensino do atletismo não pode fugir dos objetivos das atuais concepções metodológicas para o ensino da Educação Física na escola. É preciso tratar o público alvo com responsabilidade e dar-lhes a formação necessária para o desenvolvimento da aprendizagem e para a melhoria da relação entre o tripé professor-aluno-escola. O jogo nesse momento é visto como ferramenta ideal no fortalecimento dos ideais. Claparéd enfatiza isso ao afirmar que: [...] o fundamento do jogo não está na forma exterior do comportamento, que pode ser completamente igual tanto se se joga, quanto se não se joga; está isso sim, na atitude interna do sujeito diante da realidade. Portanto, o ensino do conteúdo atletismo não deve se concentrar em poucas modalidades à maneira que acontece em muitos estabelecimentos de ensino, priorizando somente corridas e saltos. Aliás, em muitas escolas, o atletismo ainda é desenvolvido com o objetivo clássico de sobrepujar o adversário, através de procedimentos metodológicos que visam ao rendimento, estando à margem da criatividade, da construção de novas formas de movimento e da inserção das mesmas no contexto pedagógico dos outros esportes. 2.3 Propostas de ensino do atletismo na escola O atletismo proporciona uma gama de conteúdo a serem trabalhados na escola. A seguir apresentaremos algumas dinâmicas com aspectos lúdicos para facilitar o ensino de algumas modalidades do atletismo. Dinâmicas de Salto em Altura Para esta modalidade podem ser aplicados os seguintes educativos. Os educativos seguem a ordem de baixo para cima, ou seja, os alunos terão contato com técnicas de quedas para depois partir com segurança para a realização do salto. EDUCATIVO Nº 1: Deitado sobre o tatame, fazer rolamentos para ambos os lados com os braços estendidos acima da cabeça. 20 EDUCATIVO Nº 2: Deitado sobre o tatame, fazer com o corpo movimentos de uma gangorra sem tocar os braços no solo. EDUCATIVO Nº 3: Realizar movimentos de gangorra para tentar ficar de pé sem auxílio dos membros superiores. EDUCATIVO Nº 4: Em filas, de acordo com o tamanho do espaço, realizar o movimento da gangorra com o empuxo do quadril para trás somente com o auxílio dos membros inferiores. EDUCATIVO Nº 5: Utilizando o movimento de gangorra, trabalhar o rolamento para trás de maneira correta a fim de evitar lesões na cervical. EDUCATIVO Nº 6: Partindo da posição sentado, realizar o educativo de quedas para trás e para os lados, com a pancada dos braços no solo a 45° do corpo. (Podem-se trabalhar os movimentos de um a um e posteriormente o três numa só sequência.) EDUCATIVO Nº 7: Partindo da posição de joelhos ou de cócoras (agora o nível de altura aumentou um pouco), realizar o educativo de quedas para os lados utilizando a pancada dos braços no solo a 45° do corpo. EDUCATIVO Nº 8: Partindo da posição de joelhos ou de cócoras, realizar rolamento para frente. Inicialmente faz-se o movimento com a cabeça encostada no chão, depois, de acordo com a evolução dos alunos, partiremos para a realização do rolamento a partir da posição agachada e para dificultar concluiremos partindo da posição em pé. EDUCATIVO Nº 9: Partindo da posição em pé, realizar os educativos de quedas para trás e para os lados, posteriormente trabalha-se os três em sequência utilizando a pancada dos braços no solo a 45° do corpo. EDUCATIVO Nº 10: Em duplas, um aluno vai ficar na frente do outro, e este que vai estar à frente, na posição em pé, irá deixar o corpo cair livremente para trás para que o colega detrás o segure de forma suave. Dinâmicas do Salto em Distância Para essa dinâmica podemos realizar as seguintes tarefas: 21 EDUCATIVO N° 1: Começar realizando saltos para a frente na posição com os pés unidos, inicialmente, a uma distância de um pé do próprio aluno. Depois dois pés e vai aumentando gradualmente. EDUCATIVO N° 2: Mesma dinâmica do educativo anterior, porém as ações deverão ser realizadas para os lados. EDUCATIVO N° 3: As mesmas dinâmicas dos educativos anteriores deverão ser realizadas para trás. EDUCATIVO N° 4: Com a utilização de bambolês dispostos a uma distância de um passo do aluno, em forma de “zig-zag”, os alunos deverão correr pisando um pé dentro de cada espaço do bambolê e após três passos irão saltar dentro de um quarto bambolê mais distante. Fonte: corville.org.br EDUCATIVO N° 5: O educativo anterior pode ser realizado de várias formas onde o aluno pode efetuar as passadas e os saltos tanto de frente como de lado e para dificultar um pouco pode se propor que se realiza de costas e até com os pés juntos. 22 Dinâmicas de arremessos de Peso Para esta modalidade do atletismo o professor pode propor uma aula de campo levando os alunos para o rio que corta a cidade e lá trabalhar vários conhecimentos como geografia, história, meio ambiente entre outras. Especificamente sobre o arremesso, o profissional pode ordenar que a turma procure pedras na margem para lançá-las ao rio e a partir de aí instigar os alunos a construir outras brincadeiras. Os educativos postados aqui são excelentes para proporcionar os desenvolvimentos cognitivos, sociais e motores dos participantes. Podem ser trabalhados em sala de aula e fora dela, ou seja, em campos de areia, de grama, margens de rio (como citado no item 4.3), enfim, cabe ao professor buscar esses meios para que o trabalho escolar não tome condutas fatigantes. Para Claparèd (1954, p. 185), a escola deve fazer amar o trabalho. Muitas vezes ensina a detestá-lo criando, em torno das obrigações que impõe associações afetivas desagradáveis. É, pois, indispensável que a escola seja um ambiente de alegria, onde os alunos trabalhem com entusiasmo.4 3 MARCHA ATLÉTICA E CORRIDAS A marcha e a corrida são as formas mais comuns de deslocamento do ser humano. São considerados movimentos naturais e fazem parte das ações técnicas realizadas na maioria dos esportes. Atividades fáceis de serem praticadas, não necessitam de equipamentos especiais, não exigem dos praticantes muitas medidas complementares e são acessíveis a quase todas as pessoas. As corridas, por serem atividades utilitárias por excelência, de rápido emprego, de fácil realização e de grandes e profundos efeitos gerais sobre o organismo, são sempre recomendáveis em se tratando de atividade física de lazer, para a saúde ou como treinamento. 4 Texto de: José Willams Ribeiro Parente. Extraído: www.webartigos.com 23 A corrida realizada de forma regular e sistemática é uma das formas de exercício físico que melhor satisfaz, no geral, as necessidades do organismo. A sua prática melhora as condições de funcionamento dos sistemas respiratório, cardíaco e circulatório, exercitando um grande número de músculos. No contexto do Atletismo, a marcha e a corrida são entendidas como práticas esportivas específicas, apresentando algumas normatizações e técnicas. 3.1 Diferenças entre o andar e o correr Andar: não há interrupção do contato do corpo com o chão – um dos pés está sempre realizando este contato, havendo, inclusive, um momento de duplo apoio com a superfície. Correr: nesta ação somente um dos pés estará em contato com o solo, sendo que, em função da intensidade do impulso, aparece a fase aérea(momento em que os dois pés não têm contato com o solo). Portanto, a diferença essencial entre a marcha e a corrida é a ausência de um período de duplo apoio e a presença de um período de voo no qual nenhum dos pés está em contato com o solo. Por essa razão, a corrida pode ser descrita como uma sucessão de saltos nos quais o corpo se apoia alternadamente. Contudo, para se obter uma maior velocidade característica da corrida deve-se exercer uma força muito maior na direção horizontal. A força vertical também aumenta, mas não numa proporção tão grande. (RASCH e BURKE, 1987) 3.2 Passo e Passada Os termos passo e passada têm sido usados por diferentes profissionais para dizer a mesma coisa. Contudo, a passada deve ser entendida como o ciclo do contato do pé até o contato do mesmo pé, ou seja, intervalo entre os sucessivos contatos do mesmo pé. O passo, por sua vez, é a unidade que consiste de dois contatos consecutivos de pés diferentes, sendo, portanto, a metade de uma passada. 24 3.3 Padrão de Caminhada O ciclo de caminhada (ciclo da marcha) é a distância percorrida por dois “toques” do calcanhar do mesmo pé (passada) e consiste de duas fases básicas: fase de balanço (oscilante) e fase de apoio. De modo geral, quando uma perna está na fase de balanço, a outra está na fase de apoio. A fase de balanço inicia-se quando o pé ou os artelhos de uma perna deixam a superfície de apoio e termina quando o calcanhar ou o pé da mesma perna volta a entrar em contato com o solo. Nesta fase, a perna se desloca no ar com um movimento similar ao do pêndulo. A fase de apoio começa quando o calcanhar, primeiramente, entra em contato com o solo e termina quando os dedos do pé se elevam da superfície. Além das fases de balanço e de apoio, em curto período de tempo, no ciclo da caminhada, ambos os pés estão em contato com o solo. Isso é chamado de período de apoio duplo e constitui uma das principais características que diferencia a caminhada da corrida. 3.4 Marcha Atlética Prova do Atletismo na qual a progressão é executada de tal modo que o marchador mantenha sempre um dos pés no solo, não podendo ocorrer a perda do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar reta, isto é, não flexionada no joelho, do primeiro contato com o solo até a posição vertical. Esta prova é considerada por muitos como a prova mais estressante do Atletismo devido aos movimentos executados ininterruptamente e às distâncias percorridas. As provas de marcha atlética consideradas oficiais são 10 km feminino e 20 e 50 km masculino. De acordo com a CBAT/IAAF (2002/2003), a marcha atlética é uma progressão de passos executados de tal modo que o marchador deverá manter um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer, pelo menos aos olhos humanos, a perda do contato com o mesmo. 25 A perna que avança deve estar reta, isto é, não flexionada no joelho, desde o primeiro contato com o solo, até a posição ereta vertical. Fonte – BALLESTEROS (1992:50) – Manual de Entrenamiento Basico – IAAF. Corrida A corrida pode ser considerada como um prolongamento natural da caminhada. Esta forma de locomoção humana caracteriza-se pela alternância de uma fase de apoio e uma fase de voo ou aérea em cada passo, na qual o corpo fica sem contato com a superfície de apoio. Esta fase de voo é o que distingue mais prontamente a caminhada da corrida. Cada passo da corrida consiste de três fases: apoio (contato), impulso e voo (recuperação). 26 Mecânica da corrida Embora pareça um ato simples, pois todos correm desde pequenos sem que se tenha a preocupação com o “como” está correndo, a corrida tem princípios mecânicos básicos que, quando observados, contribuem para um melhor desempenho. O padrão bem desenvolvido da corrida é fundamental para a participação bem- sucedida em muitas atividades esportivas. A fim de facilitar a análise da mecânica da corrida, serão apresentados alguns de seus movimentos por partes, ressaltando, porém, que a corrida é uma ação sincronizada de todo o corpo. Apoio Acontece ao se realizar o contato com o solo, em função do movimento descendente da perna. O pé dianteiro desce para apoiar-se no solo (sendo o contato do pé feito segundo a velocidade desenvolvida pelo atleta), ao tempo que se flexiona o joelho ligeiramente (“amortecimento”) preparando o impulso; enquanto que o joelho oposto avança flexionando-se consideravelmente (também em função da rapidez da ação da corrida), para ultrapassar a perna de apoio e continuando o movimento para frente durante este período em que a perna de apoio passa a ter a tarefa do impulso. Em uma corrida de curta distância, na qual a velocidade é intensa, o contato dos pés com o solo é realizado com a parte anterior do pé por um período de tempo muito curto, enquanto que, em uma corrida de longa distância, onde a velocidade é muito menor, o contato é feito com um ligeiro predomínio inicial do calcanhar e, sendo assim, com uma maior duração do contato. A ação dos braços também modifica seu sentido depois de um momento de máximo relaxamento em que ambos coincidem nos lados do corpo, enquanto que a cabeça deverá acompanhar a linha do tronco com o olhar dirigido para frente e ligeiramente para baixo. 27 Impulso A fase de impulso ocorre, obviamente, durante o apoio do pé na superfície, sendo esta organização das fases para fins de análise. Durante o apoio, a perna absorve o impacto do golpe do pé, sustenta o corpo e mantém a movimentação adiante enquanto acelera o CG, quando a perna proporciona o impulso para projetar o corpo à frente. A fase de impulso se caracteriza pela extensão das articulações do tornozelo, joelho e quadril, resultando num período de aplicação de força contra o solo, para frente e para cima. Ao tempo que a outra perna atua flexionada adiante e acima, provocando um acréscimo de forças. A máxima extensão da perna de impulso irá coincidir com a maior elevação da coxa e joelho da perna livre. Os braços se movem compensando o movimento das pernas e inversamente às mesmas, ou seja, o braço correspondente à perna que avança vai para trás e vice-versa. Coincidindo o máximo de sua ação com o momento final da impulsão, de forma que quando o cotovelo se encontra mais atrás, o joelho correspondente alcança maior elevação. Em sua oscilação (ligeiramente convergente para o peito – linha média do corpo), forma um ângulo aproximado de 90º entre o braço e o antebraço. A intensidade do movimento das pernas e braços, assim como a sua amplitude, é diretamente proporcional à velocidade da corrida. Voo A projeção para frente provocada pelo impulso se manifesta na parábola descrita pelo CG uma vez terminado o contato com o solo, sendo esta fase de perda de velocidade. Na fase de voo, verifica-se o início da recuperação da perna que executou o impulso. O pé de impulso se eleva para trás, enquanto a outra perna se estende à frente, começando sua descida com uma tração ativa sobre o solo, à medida que a perna atrasada se flexiona cada vez mais e os braços iniciam seu balanceio em direção contrária. Todo este ciclo pode ser considerado como de relaxamento durante o voo e constitui o maior deslocamento. 28 Ação dos braços na corrida Os braços na corrida visam, sobretudo, a manutenção do equilíbrio do corpo. Eles são mantidos durante toda a sua trajetória, flexionados na articulação do cotovelo em um ângulo próximo a 90º. A movimentação dos braços é feita lateralmente ao tronco, cruzando ligeiramente o plano frontal, sem ultrapassar consideravelmente o nível dos ombros quando vai à frente, sendo importante manter as mãos e os punhos sempre descontraídos. Em relação aos movimentos das pernas, os braços são movimentadosalternadamente, isto é, quando a perna direita vai à frente, o braço esquerdo também vai e vice-versa. Portanto, os braços são usados em oposição às pernas. Em corridas de fundo não há necessidade de um movimento vigoroso dos braços como nas de velocidade. 3.5 Corrida de Competição A corrida de competição requer por parte do atleta o domínio de gestos técnicos apurados com a finalidade de proporcionar um ótimo desempenho em relação aos aspectos mecânicos e energéticos. Fatores básicos 29 A velocidade desenvolvida pelo corredor será considerada tendo como referência a velocidade média (Vm) e esta dependerá do tempo utilizado para percorrer a distância estabelecida para a prova. Outra forma de mensurar a Vm é através da frequência e da amplitude dos passos. Pesquisas demonstraram que as pessoas aumentam a Vm da corrida em função do aumento do comprimento do passo (cp) e do aumento da frequência dos passos (fp). Contudo, verifica-se que o cp apresenta uma tendência em alcançar um platô em altas velocidades. A fp, consequentemente, tende a apresentar uma maior contribuição em altas velocidades. Portanto, em relação a esta análise, pode-se observar que a frequência é, também, um fator determinante do desempenho do corredor de velocidade. Considerações para a corrida em velocidade elevada (com esforço máximo) Durante o impulso deve ocorrer uma potente contração dos músculos extensores do quadril, joelho e tornozelo (flexão plantar), e no seu limite possível, ficando, portanto, totalmente estendida, isto visando obter um comprimento ótimo do passo. Já na fase de voo ou recuperação, o corredor flexiona o joelho para que o calcanhar da perna em recuperação chegue muito próximo da nádega. A seguir, o joelho é projetado para frente até que a coxa fique praticamente paralela com a superfície da corrida. Essa posição alta da perna livre é alcançada normalmente no momento em que o pé de apoio está deixando a superfície. Enquanto o corpo está no ar, o joelho da perna da frente é estendido, permitindo ao pé descer na direção da superfície da corrida. O corredor não coloca o pé muito adiante de seu CG a ponto de produzir um efeito de frenagem. Em relação a este último aspecto, no instante em que o pé tocar o solo, o CG do corredor deverá estar posicionado acima deste, permitindo que o mesmo execute a ação de empurrar o solo para trás e não puxar o solo para trás, o que diminuiria o movimento eficiente do CG para frente (CARNAVAL, 2000). 30 Os braços trabalham com os cotovelos flexionados em 90º e desenvolvem uma vigorosa ação de “bombeamento” no sentido ântero-posterior do corpo, sendo ligeiramente direcionados para a linha média, porém, sem atravessá-la, favorecendo o momento (momentum) para frente. Na movimentação anterior, ou seja, na flexão do ombro, a mão atingirá a altura dos ombros, podendo ultrapassá-lo um pouco, alcançando a altura da boca. Na movimentação posterior, extensão do ombro, ao estar na posição mais atrasada, a mão atingirá a altura do quadril. Carnaval (2000) cita que no início de uma prova de velocidade, o atleta inclina seu tronco muito à frente devido à reação do solo às forças imprimidas por ele no bloco de partida. À medida que a corrida avança, o atleta não tem mais condições de imprimir grandes forças no solo, como no momento da largada e, por isso, diminui a inclinação do tronco à frente. Quadro sinóptico das características técnicas básicas das corridas 31 Respiração durante a corrida A respiração durante a corrida deverá acontecer naturalmente. Não é necessária qualquer preocupação adicional com a quantidade de ar a ser inspirado, visto que o nosso organismo possui mecanismos que controlam a maior ou a menor necessidade de captação de oxigênio. “Com um exercício mais intenso, o aumento no volume corrente começa a alcançar um platô com cerca de 60% da capacidade vital; a ventilação minuto aumenta ainda mais através de aumentos na frequência respiratória. Essas ajustagens se processam inconscientemente. Cada pessoa desenvolve um ”estilo” de respiração no qual a frequência respiratória e volume corrente se combinam para proporcionar uma ventilação alveolar eficiente. Qualquer tentativa consciente de modificar a respiração durante as atividades físicas em geral, como correr, não é benéfica em termos de desempenho. A manipulação consciente da respiração costuma ser prejudicial para os ajustes fisiológicos regulados magistralmente e induzidos pelo exercício. Em repouso e durante o exercício, a pessoa sadia deve respirar da maneira que parece mais natural. ” (MAcARDLE, KATCH & KATCH, 1998). Corridas Oficiais do Atletismo: • 100 m rasos • 200 m rasos • 400 m rasos • 800 m rasos • 1.000 m rasos • 1.500 m rasos • 1 milha (1.609 m) • 2.000 m rasos • 3.000 m rasos • 5.000 m rasos • 10.000 m rasos • 100 m com barreiras (fem) 32 • 110 m com barreiras (masc) • 400 m com barreiras • 3.000 m com obstáculos • Revezamento 4x100 m • Revezamento 4x400 m • Maratona (42.195 m) 3.6 Classificações das Corridas As corridas classificam-se quanto ao local de realização, à participação na prova, à característica principal, ao balizamento e ao esforço fisiológico (extensão do percurso/velocidade na prova). Fonte: oimparcial.com.br 33 Característica principal – “Natureza” da prova • Provas rasas – realizadas em pista de Atletismo sem obstáculos. • Provas com barreiras – realizadas em pista de Atletismo, em raias marcadas, com 10 barreiras colocadas em cada raia. • Provas com obstáculos – realizadas em pista de Atletismo com 5 obstáculos artificiais comuns aos corredores. • Provas de revezamento – realizadas normalmente em grupos de 4 atletas por equipe, todos percorrendo trechos iguais e sendo realizada a passagem de um bastão entre os integrantes. Contudo, existem outras formas de revezamento como, por exemplo, o revezamento medley, onde os atletas correm distâncias diferentes: 1º.: 100m; 2º.: 200m; 3º.: 300m; e o 4º.: 400m. Esta prova de revezamento é, atualmente, oficial para a categoria de 16 e 17 anos (menores). Local de realização • Corrida de pista – Ex: 100m rasos, 110m c/barreiras e 1.500m rasos. • Corrida de rua ou campo – Corridas realizadas em estradas e terrenos variados – corridas de rua, cross country (prova realizada através de bosques, campos, trilhas, parques, gramados); os percursos destas provas também são variados: subidas, declives, areia, poças d’água, etc. • Corrida “mista” (pista e rua) – Ex: maratona olímpica. Participação na prova • Corrida individual – Ex.: 200m rasos, 400m c/barreiras e 5.000m rasos. • Corrida coletiva – Ex.: revezamentos 4x100m e 4x400m. Balizamento • Corrida raiada – Todo o percurso é feito no interior da mesma raia – Ex: 100m rasos e 110m c/barreiras (provas até os 400m). • Corrida parcialmente raiada – Somente parte do percurso é realizado no interior de uma mesma raia – Ex: 800 m rasos e revezamento 4x400m. 34 • Corrida não raiada – Corrida com raia livre – Ex.: 1.500m e 5.000m (provas de 1.500m em diante). Esforço fisiológico – Extensão do percurso/Velocidade na prova – Intensidade da prova Fontes energéticas A execução dos diversos e complexos movimentos da corrida é possível devido a ação dos músculos sobre o sistema locomotor passivo (os ossos). Para que os músculos contraiam é necessário o envio de estímulos nervosos e a liberação de energia química. A energia utilizada no mecanismo de contração muscular é proveniente da composição da molécula de ATP (trifosfato de adenosina). A degradação do ATP libera a energia necessária à contraçãomuscular. A produção de ATP e, sendo assim, da energia para a atividade muscular, é gerada através da interação de três sistemas metabólicos: (1) ATP-CP – sistema dos fosfagênios armazenados ou anaeróbio alático; (2) glicólise anaeróbia ou anaeróbio lático; e (3) metabolismo oxidativo ou aeróbio. Observações sobre as vias: - Anaeróbias – quando não há oxigênio suficiente à disposição da célula e as reações químicas ocorrem sem sua participação; e - Aeróbias – quando as reações químicas ocorrem com a participação do oxigênio. Sistema ATP-CP - Sistema anaeróbio alático Da utilização da molécula de ATP para o fornecimento de energia para a contração muscular resultam os componentes ADP (difosfato de adenosina) e P. A ressíntese do ATP irá ocorrer a partir da energia liberada na quebra da fosfocreatina (CP), composto de alta energia que funciona como reserva imediata para a recomposição da molécula de ATP. 35 Contudo, a CP é esgotada rapidamente, sendo suficiente somente para poucos segundos de exercício intenso (vigoroso). Figura: O ATP pode ser ressintentizado através da ligação fosfato inorgânico (Pi) à adenosina difosfato (ADP) com a energia derivada da creatina-fosfato. A reação apresentada na Fig. acima ocorre em presença de enzimas e tão rapidamente quanto a depleção do ATP na contração muscular, sendo interrompida pelo esgotamento da reserva de PC, que existe em menor quantidade que o ATP no organismo. A ressíntese da CP necessita de energia liberada na quebra de moléculas de ATP que serão produzidas nas vias químicas metabólicas (vias aeróbias). Somente após o término do exercício é que a reserva de CP será reconstituída, pois o ATP produzido durante o exercício físico será utilizado nas contrações musculares. As vias químicas metabólicas de produção de ATP se diferenciam do sistema anaeróbio alático pelo fato de utilizarem moléculas de gordura, carboidratos e ou proteínas para produzir ATP. A metabolização destes nutrientes acontecerá no interior da célula muscular através de duas vias distintas: via anaeróbia ou glicólise e via aeróbia. Sistema da glicólise anaeróbia – Sistema anaeróbio lático Esta via utiliza a glicose ou o glicogênio (forma em que a glicose se encontra armazenada no fígado e no músculo) para a produção de ATP. Moléculas de glicose e glicogênio serão depledadas através de uma série de reações químicas catalisadas por enzimas. 36 Ocorrendo este metabolismo com O2 insuficiente, a degradação será incompleta, resultando em 4 ATPs e lactado. O lactado, quando acumulado em grandes quantidades no organismo, pode causar fadiga muscular (acidose metabólica) e diminuição da capacidade de desenvolver força. Em outras palavras, este fato poderá acarretar a diminuição da intensidade do exercício ou a sua interrupção. Fonte: ativo.com Sistema aeróbio Caracteriza-se pela utilização do O2 nas reações químicas de desdobramento das moléculas de glicose ou de glicogênio e de ácidos graxos livres até CO2 e H2O, produzindo ATP. Na oxidação da glicose ou do glicogênio ocorre as mesmas reações que na via anaeróbia lática, até a formação do ácido pirúvico, o precursor do ácido lático. Esse em presença de oxigênio suficiente nas células irá passar para o interior da mitocôndria e através de um complexo processo (ciclo de Krebs) irá ter como produto final: ATP, CO2 e H2O. 37 Integração das vias energéticas Em atividades de reduzida intensidade como, por exemplo, caminhar, o ATP necessário às contrações musculares é produzido aerobiamente, pois, o sistema de transporte de oxigênio supre as necessidades das células. Em atividades de intensidade máxima e curtíssima duração, como corridas de 100 e 200m, a via predominante é a anaeróbia alática. Sendo a intensidade elevada e a duração um pouco mais prolongada, como nas corridas de 400 e 800m, a via anaeróbia lática irá predominar. Já em atividades onde a duração oscila entre aproximadamente 2 e 4 minutos, como nas provas de 1000 e 1500m, haverá a contribuição significativa da via anaeróbia como da aeróbia. Após o término do exercício o consumo de oxigênio permanece relativamente alto e vai reduzindo até voltar ao nível de repouso. A intensidade e a duração do exercício determinarão a via energética predominante para a produção de ATP. 38 Gráfico: utilização das vias energéticas em provas do Atletismo. O ANEXO 1 apresenta dois quadros contendo possibilidades de classificação das corridas no Atletismo. Após a apresentação desta classificação das provas atléticas associadas à duração do esforço e sistema energético predominante durante sua realização, se tem uma melhor visualização das fontes de energia que sustentam o atleta. 3.7 Corridas de Velocidade As corridas de velocidade têm como principais características o trabalho em distâncias e tempos relativamente reduzidos e, sendo assim, visando esforços altíssimos. O objetivo visado em todas as provas de corridas é o de maximizar a velocidade durante o percurso da mesma. Especificamente nas corridas de velocidade, o corredor deve se concentrar em conseguir alcançar e manter a velocidade desenvolvida com esforço máximo. As corridas de velocidade são provas que exigem ao mesmo tempo velocidade “pura” (tempo de reação, velocidade de ação, velocidade de aceleração e velocidade frequencial) e resistência de velocidade. 39 A resistência de velocidade permite que se mantenha a velocidade (máxima ou próxima da máxima) durante um tempo mais prolongado. Em síntese, pode-se colocar que as corridas de velocidade são constituídas pelas seguintes fases: partida – aceleração (visando o alcance da velocidade máxima) – manutenção da velocidade máxima – desaceleração (em esforços máximos ou muito próximo do máximo, esta fase acaba por acontecer, porém, visa-se ter a menor perda possível) – chegada. São consideradas provas de velocidade: 100, 200, 400 e 800m rasos, 100m com barreiras (fem.), 110m com barreiras (masc.) e 400m com barreiras (fem. e masc.), e os revezamentos 4x100 e 4x400m. Em relação às provas e velocidade prolongada (400 e 800m), tem-se que na maioria dos casos, um bom corredor nos 800m rasos também o é nos 400m, mas nem sempre é um verdadeiro corredor de 1500m. Isto porque um corredor que tenha um tempo de 1min50s nos 800m, pode fazer os 400m próximo de 50s sem uma preparação especial para isto; da mesma forma que um bom corredor de 400m rasos também consegue boa marca para os 800m, logo nas primeiras tentativas. Portanto, além da grande capacidade de resistência anaeróbica, também é preciso ser veloz para se poder almejar conquistas neste tipo de prova. Outro aspecto importante a ser considerado é o tático; no caso desta prova (800m), os últimos 300- 200m são decisivos; portanto, torna-se necessário dosar bem as energias até o final da prova, mas tendo o cuidado de não deixar que o adversário se coloque muito à frente nos primeiros 500-600m da prova. Desta forma, além da resistência utilizada no decorrer da prova, é preciso que essa mesma resistência também seja suficiente para que o corredor possa servir-se dela a fim de desenvolver toda a sua velocidade no final. Ainda em relação à prova de 800m, é importante ressaltar que a mesma pode ser classificada como de meio-fundo “curto” ao se fazer uma análise com a prova de 1.500m e 3.000m. 40 3.8 As corridas com barreiras • Provas: 100m fem. – 110m masc. – 400m fem. e masc. • Alturas e distâncias para colocação das barreiras na pista estão estipuladas nas regras do Atletismo. • Considerações sobre a barreira:- A barreira deve ser feita de tal forma que para derruba-la seja necessária uma força equivalente a aproximadamente 4kg aplicada no centro da borda de cima da barra superior. Neste sentido, a barreira dispõe de contrapesos. A barreira deve ser ajustável quanto à altura exigida para cada prova. • Para fins didáticos a corrida com barreiras pode ser dividida em 6 fases: - Partida; - Abordagem (ataque) da barreira; - Passagem sobre a barreira; - Apoio após a passagem; - Corrida entre as barreiras; e - Corrida final para a chegada. 41 • Observações: - Todas as corridas devem ser disputadas com raias marcadas, devendo os competidores se manterem em suas raias durante todo o percurso; - A barreira deve ser “passada” e não “saltada”. Partida • Distância até a 1a. barreira – número de passos são pré-definidos; são comuns 7 ou 8 passos até a 1ª. barreira. • Posição dos apoios dos pés no bloco de partida: algumas vezes a posição empregada nas provas rasas não permite que o atleta atinja a 1ª. barreira com a perna preferencial de abordagem. Nesse caso, é mais aconselhável que se mude a posição dos pés no bloco ao invés de mudar a perna de abordagem. • Forma prática de definir o posicionamento dos pés no bloco: se o atleta executa um número ímpar de passos para percorrer a distância do bloco à 1ª. barreira, ele deve colocar a perna de abordagem (ataque) no apoio da frente (perna de impulsão). E, se o atleta executa um número par de passos para alcançar a 1ª. barreira, ele deve colocar a perna de abordagem no apoio de trás (perna de apoio). 42 Abordagem • A perna de abordagem (ataque) deve se elevar estendida. • A perna de impulsão só deixará o solo depois de totalmente estendida. Isso evita que o atleta dê um salto, ocasionando perda de velocidade. • Na prova de 400m deve-se preparar o atleta para que faça a abordagem com uma e outra perna. Um dos fatores para tal procedimento é que nas curvas o corpo estará inclinado para a esquerda e a perna direita que irá passar flexionada sobre a barreira, irá fazê-lo com maior facilidade (neste caso, abordar a barreira com a perna esquerda). Um outro motivo é a grande distância entre as barreiras e a distância total da prova (400m – velocidade prolongada), o que pode ocasionar uma alteração do número de passos realizados entre as barreiras e, desta forma, obrigar o atleta a abordar a barreira com a perna não preferencial. Passagem sobre a barreira • A perna de abordagem, que é a primeira parte do corpo a passar sobre a barreira, deve iniciar o movimento descendente rapidamente (procura do apoio no solo após a passagem). • A parte inferior da coxa da perna de abordagem deverá passar o mais próximo possível da barreira. • A “perna de impulsão”, após deixar o solo, deverá ser flexionada, estando com o joelho e o tornozelo num plano paralelo ao solo ao passar sobre a barreira. • Posição do tronco – deverá estar flexionado para passar sobre a barreira por: - Imprimir maior velocidade ao corpo durante a passagem; - Facilitar a passagem da perna de impulsão, pois, com o tronco flexionado a perna se eleva com maior facilidade. A inclinação para frente do tronco é um procedimento usado na transposição de barreiras altas, sendo menos acentuada nas barreiras mais baixas. • O braço contrário à perna de abordagem deve ser lançado à frente do corpo, visando o equilíbrio do atleta. O outro braço é levado naturalmente para trás. 43 Apoio após a passagem • O pé da perna de abordagem deverá tocar o solo próximo à barreira após a sua ultrapassagem. • O pé da perna de abordagem deverá tocar o solo pela sua parte anterior, com a “perna” semiflexionada. • Após passar a barreira, a perna de impulsão deverá ser trazida rapidamente para frente, até o pé tocar o solo. Corrida entre as barreiras • O número de passos entre as barreiras deve ser constante para assegurar a abordagem das mesmas sempre com a mesma perna. • Nas corridas de 100 e 110m, deverão ser dadas 3 passos entre as barreiras. Corrida final • Após ultrapassar a última barreira, o atleta reunirá toda sua “energia” a fim de cruzar a linha de chegada com o máximo de velocidade possível. 4 AS CORRIDAS DE REVEZAMENTO • Nos revezamentos, os competidores devem transportar o bastão por todo o percurso. Para tal, deverão passar o bastão em uma zona de 20m e permanecer em suas raias até o final da prova. • As corridas rasas de 100 e 400m deram origem à regulamentação das provas de revezamento, onde, além do valor individual, aparece o trabalho em equipe, no caso composta por quatro corredores. Essa afirmativa do trabalho em equipe tem maior verdade quando se refere ao revezamento 4x100m, onde a transferência do bastão de um corredor para outro deve ser feita em grande velocidade, exigindo, portanto, uma ótima técnica de entrega-recepção do bastão por parte dos integrantes da dupla. • A prova de revezamento 4x100m deverá ser corrida inteiramente na raia estabelecida para a equipe. A prova de 4x400m, a primeira volta e parte da segunda (os primeiros 100m) até a linha de raia livre, deverá ser corrida em raia marcada. 44 • Se um integrante da equipe deixar o bastão cair durante a prova, somente ele poderá pegá-lo, desde que não atrapalhe os outros competidores nem diminua a distância a ser percorrida. • Existem algumas formas de executar a entrega-recepção do bastão. Essas formas são conhecidas como: - Passagens visual e não visual; - Passagens descendente, ascendente e horizontal; e - Passagens com e sem troca de mãos. 4.1 Bastões de revezamento • O bastão é um tubo circular oco, liso, de metal, madeira ou outro material rígido em uma única peça. Possui de 28 a 30cm de comprimento, circunferência de 12 a 13 cm e com o mínimo de 50gr. É colorido para ser facilmente visível. • O bastão deve ser carregado na mão por toda a prova. Se deixado cair, ele deverá ser recuperado pelo atleta que o derrubou. Ele pode deixar sua raia para recuperar o bastão desde que, fazendo isto, não diminua a distância a ser corrida. Desde que este procedimento seja adotado e que nenhum outro atleta seja prejudicado, a queda do bastão não resultará em desqualificação. Em todas as corridas de revezamento, o bastão tem que ser passado dentro do “setor de passagem”. A passagem do bastão começa quando ele é tocado pela primeira vez pelo atleta que o está recebendo e se considera terminado no momento em que o bastão se encontra unicamente em sua mão. 4.2 Provas de revezamento • 4x100m. • 4x400m. • Medley: 100m – 200m – 300m – 400m (os dois primeiros integrantes da equipe – corredores dos 100 e dos 200m – realizam a corrida raiada). 45 Setores do revezamento 4x100m • Pré-setor: 10m. • Setor de passagem do bastão: 20m. Setor do revezamento 4x400m No revezamento 4x400m, na primeira passagem do bastão, que é feita com os atletas em suas respectivas raias, não será permitido que o segundo corredor inicie sua corrida fora de seu setor de passagem do bastão. Similarmente, o terceiro e quarto corredores deverão sair de dentro de seus respectivos setores de passagem. Portanto, nesta prova não se tem o pré-setor como na prova de 4x100m. 4.3 Formas de entrega/recepção do bastão • Entrega descendente, ascendente e horizontal. • Recepção visual e não visual. • Com ou sem troca de mãos após o recebimento. 46 Passagem reta ou horizontal – o bastão é entregue com o deslocamento do mesmo acontecendo quase em linha reta – na horizontal – um pouco abaixo da linha do ombro. Considerado o mais rápido e eficiente dos estilos. A entrega e a pegada acontecem no próprio movimento dos braços. Quem entregaestende um pouco o braço para frente colocando o bastão na mão de quem recebe – o bastão é empurrado de forma horizontal, estando a palma da mão do atleta recebedor direcionada para o atleta que se aproxima (o “v” da mão posicionado para baixo), estando o bastão, portanto, posicionado próximo à vertical. Fotos ilustrativas: • 4x100m 47 • 4x400m (entrega horizontal em “repouso”) Composição da equipe: Cada um dos trechos do revezamento requer capacidades específicas dos corredores. Exemplo para o 4x100m: - 1º. Atleta: saída rápida – melhor rendimento em corrida na curva; - 2º. Atleta: bom rendimento em corrida na reta e habilidade para receber e passar o bastão; - 3º. Atleta: bom rendimento em corrida na curva – habilidade para receber e passar o bastão – maior capacidade de recuperação; - 4º. Atleta: atleta mais veloz e com grande capacidade para a finalização da prova/chegada. 5 CORRIDAS DE “MEIO-FUNDO” • Grupos de provas realizadas com partida alta e com raias livres (provas não raiadas). 48 • Estas provas podem ser divididas em 3 momentos: largada, regularidade (ritmo constante) e chegada. Nestas provas, o ritmo das corridas varia de acordo com a distância a percorrer. De preferência, o ritmo dos passos deve ser regular e econômico, de acordo com a resistência do corredor, de modo a poder concluir a prova com uma boa velocidade, se possível. • A partida – Prevalecendo nestas provas o fator resistência, não há necessidade de utilização da partida baixa (partida com emprego do bloco), pois, a partida não tira as possibilidades de o corredor vencer ou obter boa classificação na prova. Para a partida de pé o corredor toma a seguinte posição: de pé, junto à linha de partida, com o corpo inclinado para frente, uma das pernas e o braço oposto recuados. Ao “tiro”, a perna de trás é levada para frente, juntamente com o braço oposto. • Nestas provas, o treinamento (tempos parciais) é cronometrado e anotado. Nelas, a noção de ritmo, ou seja, o conhecimento da frequência e comprimento dos passos é um aspecto importante. O atleta deve conhecer muito bem as suas possibilidades e seus limites a fim de poder dosar a distribuição de suas energias. É necessária uma distribuição metódica de energia. Com a experiência adquirida e a análise dos dados coletados durante os treinamentos, o atleta terá subsídios em relação ao ritmo (passo e velocidade) a empregar e o esforço a desenvolver para conservar energia a fim de ser utilizada nos momentos finais da prova, assegurando assim, uma posição de acordo com suas aspirações e possibilidades. • Os atletas pouco experientes costumam imprimir um ritmo muito rápido na primeira parte da corrida (ou no início da prova), enquanto que na segunda parte da prova, o ritmo declina consideravelmente. Porém, o corredor que ao final da corrida imprime um ritmo excessivo, demonstra que não soube distribuir as energias no percurso, resguardando-se em demasia para o final. 49 5.1 Procedimentos na competição O procedimento nas provas de meio-fundo é mais complexo do que em outras provas de pista. Para competir com êxito, o atleta deve analisar seus adversários, tanto quanto a si mesmo, inteirando-se de sua tática habitual, para orientar seu planejamento da corrida de acordo com suas características e limitações. Por exemplo, se o seu adversário tem grande resistência e pouca velocidade, as maiores probabilidades de vencer serão baseadas em deixá-lo imprimir o ritmo e ultrapassá-lo no “sprint” final. Se, ao contrário, ele possui boa velocidade e pouca resistência, há maiores possibilidades de vencê-lo, marcando um ritmo forte desde a saída, para fatigá-lo. Esse mesmo procedimento será empregado se o adversário estiver correndo a sua segunda prova no mesmo dia. Pode ocorrer, entretanto, ter um corredor de grande velocidade e grande resistência; nesse caso é preciso correr desde o início dando o máximo, isto dentro das possibilidades. A prova de 1500m rasos Esta prova é considerada uma prova tática por excelência, sendo muito importante o conhecimento do ritmo e da estratégia a ser utilizada para executar a corrida (FERNANDES, 1979). Para se ter um bom desempenho nesta prova deve-se definir com clareza o ritmo a ser empregado no quarto inicial da prova. Nos dois quartos seguintes deve-se empregar um ritmo constante, guardando “energia” para ter condições de superar ou “lutar” com algum adversário que venha a tentar surpreender no final da prova. Neste sentido, o corredor visará realizar uma corrida com maior velocidade, próximo ao início da última volta. As corridas com obstáculos • Prova de pista oriunda das corridas através de campo e caracterizada pela existência de cinco obstáculos a serem ultrapassados, sendo que um deles é completado com um fosso com água. 50 • Também denominada “steeplechase”. • Distâncias oficiais: 2000 e 3000m. • Obstáculo: - Altura: conforme a categoria da prova; - Largura: mínimo de 3,96m; - Massa: entre 80 e 100kg; • Fosso: - largura e comprimento: 3,66m; - extremidade do obstáculo: 0,70m de profundidade; - fundo com inclinação regular até o nível da pista. • Distância entre os obstáculos será aproximadamente a 5a. parte do comprimento normal de uma volta. • Colocação dos obstáculos na pista: 51 • O competidor deverá passar por cima ou pela água e qualquer um que pisar na parte lateral do fosso ou passar seu pé ou perna abaixo do plano horizontal da parte superior do obstáculo no instante da passagem, será desqualificado. Desde que siga esta regra, o competidor pode ultrapassar cada obstáculo de qualquer maneira. • Considerações para a prova: - Corrida – realização de uma corrida regular em todo o percurso, mantendo um desenvolvimento uniforme entre os obstáculos; - Passagem dos obstáculos – o corredor deve saber executar a passagem com “ataque” de perna esquerda e direita. É importante acelerar a corrida antes de cada obstáculo, o que permite não reduzir o ritmo empregado para a distância. O corredor aborda o obstáculo, fazendo uma forte elevação da perna de “ataque”, executando a passagem do mesmo à semelhança da passagem dos 400m sobre barreiras, porém com um pouco mais de altura, como margem de segurança. Após a passagem, a queda se processa com o apoio do pé de “ataque” próximo ao obstáculo e a perna de impulso, a de trás, vem flexionada. Como os obstáculos podem oferecer apoio para a impulsão, em virtude de sua própria construção e por serem pesados, os corredores não especialistas, fazem a passagem tomando esse apoio, o que além de prejudicar a passagem pode quebrar o ritmo de corrida e representa uma perda de tempo na cobertura da distância. 52 Abordagem e transposição do obstáculo do fosso – quando o corredor se aproxima do fosso, deve acelerar sua corrida e efetuar o impulso no momento da abordagem. Executando o impulso, a perna de “ataque” vai flexionada sobre o obstáculo. O apoio sobre o obstáculo deve ser feito com a planta do pé na borda do mesmo, fazendo- se a seguir, um rolamento sobre sua parte superior e terminando com a impulsão de saída na outra borda, e com um forte impulso, o corredor procura ultrapassar o fosso e continuar sua corrida. O impulso de saída do obstáculo deve ser alongado proporcionando uma queda o mais distante possível, reduzindo-se assim, uma subida nos passos seguintes e a resistência oferecida à saída dos pés da água; - Trecho final – após a passagem do último obstáculo, há ainda um trecho a ser percorrido, o que deve ser feito com a maior velocidade possível.
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