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-Introdução: -A informação epidemiológica é produzida a partir de dados. -Há inúmeros dados que interessam ao raciocínio epidemiológico -Resultam da aplicação de amplo espectro de métodos das ciências da saúde, ciências humanas e sociais, das ciências biológicas, entre outras. -Duas Opções: -Estabelecer as fontes de dados existentes que, embora que não tenham sido preparadas com esse propósito, facilitem a elaboração de um indicador confiável. -Delinear mecanismos próprios de coleta de dados para a elaboração do indicador ou conjunto de indicadores. Estas duas opções definem o que se denominam: Dados Secundários: provenientes de fontes secundárias. Dados Primários: provenientes de fontes primárias A decisão entre criar uma fonte de dados para um certo objetivo de monitoramento em saúde de uma população ou usar fontes de dados disponível deve se basear nas vantagens e limitações de cada opção. Fontes Primárias de Dados -Os dados provenientes de fontes primárias fornecem evidências diretas de um evento. -A coleta de dados pode ser feita de maneiras distintas: censo populacional ou pesquisa nacional ou local (em geral inquéritos, amostrais ou não). Os indicadores são baseados em dados primários se a fonte de dados foi criada para atingir um objetivo específico. VANTAGENS -Maior controle da qualidade e coleta mais adequada com a normalização dos procedimentos, melhor definição das variáveis e da população-alvo de interesse, entre outros fatores. -Menor dificuldade de estratificar os indicadores em subgrupos populacionais de interesse. --Maior comparabilidade dos indicadores no tempo e espaço devido à possibilidade de estabelecer maior normalização das definições e procedimentos usados entre os grupos, bem como à ampliação do período de análise (mais adequado aos objetivos propostos) DESVANTAGENS -Maior custo e consumo de tempo para obter o dado, o que pode comprometer o senso da oportunidade do indicador (sobretudo no uso na gestão de saúde) e limitar o potencial de uso. Coleta e Tabulação de Dados Primários em Epidemiologia Fontes Secundárias de Dados: -Os dados de fontes secundárias são aqueles que foram originalmente coletados para outros propósitos (dados obtidos de fontes existentes). -Embora essas fontes não tenham sido criadas para esta finalidade, facilitam a elaboração dos indicadores necessários. Dados obtidos de censos, pesquisas e sistemas de informação são exemplos de FONTES SECUNDÁRIAS. VANTAGENS -Menor custo e maior senso de oportunidade na obtenção de dados e elaboração de indicadores. DESVANTAGENS -Maior esforço analítico para extração, definição e interpretação dos indicadores de interesse devido a: -Possibilidade de serem inadequados (quanto aos objetivos e indicadores de interesse) para definir o caso e a população alvo. -Dúvidas quanto à qualidade dos dados (falta de normalização dos procedimentos e capacitação dos encarregados por gerar os dados) -Maior dificuldade de estratificar os indicadores em subgrupos populacionais de interesse por potencial falta de variáveis relevantes que permitam essa estratificação. -Maior dificuldade de comparar os indicadores no tempo e espaço por possíveis mudanças nas definições e procedimentos usados. Como Desenvolver um Estudo Epidemiológico: -Para desenvolver estudos epidemiológicos, você deve iniciar por um problema de pesquisa relacionado a uma doença ou agravo em uma dada população e as possíveis formas de controlá-la. EXEMPLO DE PROBLEMA DE PESQUISA - Doll e Hill (1950) observaram um aumento da mortalidade por câncer de pulmão no Reino Unido de 612 óbitos para 9.287 entre os anos de 1922 e 1947, sem grandes mudanças populacionais ou alterações dos critérios diagnósticos. A partir dessa observação questionaram: O QUE ESTAVA PROVOCANDO ESTE AUMENTO? Este foi o problema de pesquisa apontado para desenvolver seus estudos clássicos sobre tabaco e câncer de pulmão. - A partir do problema apontado, se formula, então, uma hipótese epidemiológica, em cujo enunciado pode estar contida uma VARIÁVEL, que pode ser um fator de risco para determinada doença. - Desse modo, os testes estatísticos são utilizados para aceitar ou refutar a hipótese a ser testada. Hipótese Epidemiológica: Entretanto, mesmo que exista uma associação estatística, somente quando o controle do fator de risco ocasiona a redução da doença é que a hipótese é efetivamente comprovada. A hipótese formulada se traduz no objetivo de pesquisa para responder ao problema levantado. EXEMPLO DE HIPÓTESES EPIDEMIOLÓGICAS - Conforme o problema de pesquisa enunciado por Doll e Hill (1950), foram formuladas as seguintes hipóteses: 1) O TABAGISMO não se associa com o carcinoma de pulmão. 2) O TABAGISMO se associa com o carcinoma de pulmão. Variáveis - Em estudos epidemiológicos, a população estudada apresenta diferenças denominadas de VARIÁVEIS, tais como sexo ou gênero, idade, peso, estatura. - As variáveis podem ser categorizadas em QUALITATIVAS e QUANTITATIVAS. Variáveis Quantitativas: Podem ser medidas em termos de frequência e intensidade. Podem ser classificadas como: CONTÍNUAS: admite qualquer valor numérico em determinado intervalo de variação. Exemplo: peso, pressão arterial, glicemia, idade. DISCRETAS OU DESCONTÍNUAS: Podem assumir somente valores inteiros obtidos por contagem. Exemplo: número de gestações, número de habitantes. Variáveis Qualitativas: São aquelas compostas por CATEGORIAS diferentes entre si. Podem ser classificadas como: -ORDINAIS: Possuem ordem ou hierarquia. Exemplo: Escore de Apgar, Escala de Glasgow, classificação de hipertensão. -NOMINAIS: As categorias não têm ordenação, são exaustivas (todos os indivíduos da população devem ser classificados pela variável) e mutuamente exclusivas (um indivíduo não possui duas categorias simultaneamente) O grupo pode ser dividido em: -DUAS CATEGORIAS, são as variáveis DICOTÔMICAS: sexo (feminino/masculino), doente (sim/ não) -EM VÁRIAS CATEGORIAS: situação conjugal, ocupação. -Variáveis Dependentes e Independentes: - A variável dependente varia em função da independente. -Nos estudos epidemiológicos, a variável independente (variável preditora), é aquela que produz a mudança no estado de saúde/ doença, ou seja, o fator de risco ou a exposição. Já a variável dependente ou variável resposta é o efeito, doença/ agravo. -Ainda de acordo com o estudo de Doll e Hill: -VARIÁVEL DEPENDENTE: resposta-efeito- desfecho: carcinoma de pulmão (diagnóstico de alta hospitalar ou exame histológico obtido por necropsia). -VARIÁVEL INDEPENDENTE: preditora- exposição- fator de risco: hábito de fumar (considerou fumante quem fumou pelo menos um cigarro por dia durante um ano). -As variáveis podem ser mensuradas de maneira a evitar erros de aferição. -Então, os instrumentos utilizados para as aferições, sejam elas, dosagens, medidas, ou perguntas de questionários devem ter precisão e acurácia para evitar erros e sistemáticos. - A PRECISÃO de uma medida refere-se à semelhança dos valores em cada medição ou reprodutibilidade. -A ausência de precisão é consequência de erros aleatórios, são devidos ao acaso, decorrentes de variabilidade do aferidor, do instrumento e do sujeito da pesquisa. -A ACURÁCIA de uma variável é a capacidade de representar o que deveria apresentar. Erros de acurácia podem ser ocasionados por viés do aferidor, do instrumento e do sujeito. -ALTA PRECISÃO: o aferidor tem bastante experiência com o método auscultatório para a verificação da pressão arterial, por isso, verifica com precisão a medida. -BAIXA PRECISÃO: verificação da pressão arterial sem repouso de 5 minutos, provocando variabilidadedevido ao sujeito, superestimando a pressão real. -BAIXA ACURÁCIA: o aferidor arredonda os valores de pressão arterial aferidos. -ALTA ACURÁCIA: o esfignomanòmetro está calibrado. Sujeitos da Pesquisa - O número de indivíduos ideal para a realização de um estudo seria toda a população, no entanto, utiliza-se uma amostra (subconjunto da população), em virtude do tempo que levaria para a realização do estudo, obtenção de resultados e custo em avaliar toda a população. Amostra A amostra deve ser representativa da população de referência do estudo a fim de possibilitar generalização dos resultados obtidos para toda a população, ou seja, permitir a inferência estatística. A amostragem pode ser PROBABILÍSTICA ou POR CONVENIÊNCIA. -Amostragem Probabilística: Ideal para a generalização dos resultados, pois, seleciona de maneira aleatória os indivíduos para compor a amostra, desse modo, todos têm a mesma probabilidade de participar do estudo, possibilitando obter significância estatística. Apresenta quatro tipos: -ALEATÓRIA SIMPLES: seleção dos indivíduos por sorteio a partir de uma tabela de números aleatórios. -SISTEMÁTICA: a seleção é feita por um processo definido pelo pesquisador. -ALEATÓRIA ESTARTIFICADA: divide a população em estratos e seleciona para cada estrato. -CONGLOMERADOS: a seleção de indivíduos é feita a partir de agrupamentos naturais inicialmente sorteados, como quarteirões, bairros. -Por Conveniência: A seleção dos participantes atende a uma facilidade de acesso pelo pesquisador, mas pode induzir a erro no resultado do estudo, por não ser representativa da população. - Desenvolvimento de novos instrumentos de pesquisa: O primeiro passo é conhecer muito bem o evento que se quer avaliar. - Essa fase do desenvolvimento de um novo instrumento tem como procedimento principal a pesquisa bibliográfica, pois é no material já publicado que se verificará como o tema tem sido abordado por diferentes autores. -Pesquisa Bibliográfica Sua principal meta é o levantamento dos itens que compõem o constructo de interesse, identificando os mais representativos. É interessante aglomerar os itens por afinidade, que pode ser chamado de bloco ou dimensão de perguntas, que abordam um mesmo aspecto do conteúdo. -Definir o público a ser estudado -O público-alvo do estudo é determinante na construção do novo instrumento, pois a redação deve ser adequada à compreensão dos sujeitos da pesquisa. -A faixa etária que será abordada, a escolaridade, a linguagem e a região geográfica são determinantes para definição do método de aplicação. -A substituição de termos muito técnicos, apesar de corretos, é recomendada quando o público-alvo é a população de baixa escolaridade. Exemplo: é sabido que não se “tira” nem se “mede” a pressão arterial, mas que ela é aferida, no entanto a raridade do uso desse termo pode comprometer o entendimento de uma questão que envolva esse assunto. - Escolha do método - Os instrumentos autorrespondidos demandam certa escolaridade da população de estudo, enquanto as entrevistas podem ser aplicadas aos diferentes grupos populacionais, apesar de seu maior custo. -A entrevista por telefone é uma opção mais barata, restrita a um menor número de perguntas e por isso certamente mais rápida, embora de difícil delimitação da população alvo -Com o advento da internet, a metodologia de amostragem em rede e o uso de questionários eletrônicos podem ser uma alternativa eficiente para desenvolver pesquisas em população alfabetizada digitalmente. -Outro aspecto importante é buscar local e horário que garanta a confidencialidade e facilite a participação dos sujeitos. Pode-se aplicar abordagens diferentes de um mesmo item. -Formato A forma de apresentação do questionário, no seu layout, arranjo dos itens, espaço entre as linhas e entre as questões deve ser pensado considerando a população-alvo, visando sempre a facilidade do preenchimento e o manuseio do instrumento. É preciso que haja espaço suficiente para anotar os diferentes tipos de resposta: questões de múltipla escolha, questões abertas, “outros”, etc. -Tamanho -É um tópico importante a ser considerado e que demanda a atenção do pesquisador. É desejável que todas as respostas sejam fruto de uma cuidadosa análise da questão e fornecidas com atenção. Questionários longos tendem a ter os últimos itens respondidos de forma displicente e descompromissada. O tempo estimado para seu preenchimento deve ser informado aos respondentes na apresentação. -Pré-teste - O pré-teste, também chamado de piloto ou pesquisa-piloto, não tem como objetivo gerar resultados, e sim contribuir para o desenvolvimento da metodologia e operacionalização do estudo. - Questões do questionário organizadas, os entrevistadores selecionados e treinados para coleta de dados. O pré-teste deve ser aplicado em uma população similar àquela em que o instrumento será aplicado. -Identificar problemas nos itens que só aparecem na aplicação do instrumento, tais como questões ambíguas e leque de respostas possíveis. -Permite, ainda, sugestões de ajustes dos entrevistados, favorecendo a adequação do instrumento à população em que será aplicado. -É possível testar os pressupostos básicos do estudo, avaliar efetivamente o tamanho e o tempo de aplicação do instrumento, gerar parâmetros para determinação do tamanho da amostra. Nessa fase o instrumento ainda pode (e deve) sofrer alterações. -Pesquisa de Campo Após a coleta dos dados, algumas considerações ainda são pertinentes. É recomendado: Guardar os originais em lugar seguro, pois são, em última análise, sua cópia de segurança; Preparar o banco de dados antes de começar a pesquisa; Identificar os questionários para digitação por código; Fazer dupla digitação, para prevenir eventuais erros ao entrar com os dados no banco. -Tabulação 1° etapa – Numeração de questionários. Antes de começar a tabulação de dados, é necessário numerar as informações dos questionários de acordo com cada categoria. Numerar cada questionário e suas respectivas perguntas. 2° etapa – Base modelo no Excel. Abra uma planilha no Excel e coloque as questões referentes ao questionário Cada linha da planilha deve corresponder à pessoa que respondeu e cada coluna representa as variáveis estudadas. 3° etapa – Quando o modelo base estiver pronto, é hora de fazer a tabulação de dados. Considerando cada linha da planilha um questionário, preencha com as informações correspondentes. As perguntas que não foram respondidas devem ser deixadas em branco na planilha. - É recomendado que as respostas sejam em dados numéricos, pois facilita a análise estatística da base. Para as questões de múltipla escolha com mais de uma resposta, deve-se fazer mais de uma coluna e colocar o número 1 no lugar selecionado. 4° etapa – Revisão do material tabulado. Uma das etapas mais importantes é revisar o material depois de terminado. Para isso, o próprio Excel disponibiliza uma ferramenta bem simples, o Filtro. Clique na aba “Dados” na parte superior da tela; Em seguida, clique em “Filtro” na figura que se assemelha a um funil. Fonte:https://eaulas.usp.br/portal/video?idItem= 8681
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