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Universidade Politécnica/ Apolitécnica Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 0/14 CCaappííttuulloo 11 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOO BBEETTÃÃOO AARRMMAADDOO.. PPRROOPPRRIIEEDDAADDEESS EE CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS DDOOSS MMAATTEERRIIAAIISS ÍÍnnddiiccee TTeemmááttiiccoo 1. Introdução ao Betão Armado .......................................................................................................1 1.1 Noções Gerais .......................................................................................................................1 1.2 Aplicação ...............................................................................................................................1 1.3 Vantagens e desvantagens ...................................................................................................1 1.3.1 Vantagens: ......................................................................................................................1 1.3.2 Desvantagens: ................................................................................................................1 2. Tipos de Elementos Estruturais...................................................................................................2 2.1. Classificacao em funcao dos sistemas portantes .................................................................2 3. Propriedades e Características dos Materiais Constituintes....................................................2 3.1. Betão .....................................................................................................................................2 3.1.1. Fluência (deformacção lenta)..........................................................................................2 3.1.2. Retracção/Expansao.......................................................................................................3 3.1.3. Resistência à compressão do betão...............................................................................4 Exemplo 1.................................................................................................................................6 3.1.4. Resistência à tracção do betão.......................................................................................6 3.1.5. Módulo de elasticidade ...................................................................................................7 3.1.6. Coeficiente de Poisson (REBAP - Art 17º).....................................................................7 3.1.7. Variacção de temperatura...............................................................................................7 3.1.8. Estanqueidade, isolamento térmico e acústico...............................................................8 3.1.9. Relações tensões-extensões de cálculo.........................................................................8 3.2. Aço ........................................................................................................................................9 3.2.1. Tipos, Características Mecânicas ...................................................................................9 3.2.2. Relações tensões-extensões de cálculo.......................................................................11 4. Funcionamento conjunto dos dois materiais ...........................................................................12 Exercicios Propostos ..............................................................................................................12 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 1/14 1. Introdução ao Betão Armado 1.1 Noções Gerais O Betão armado é um material composto, constituído por betão simples e aço. Os dois materiais constituintes (betão e aço) devem agir solidariamente para resistir aos esforços a que forem submetidos e devem ser dispostos de maneira a utilizar econômica e racionalmente as resistências próprias de cada um deles. 1.2 Aplicação Algumas aplicações do betão são relacionadas a seguir: − Edifícios; − Pisos industriais ou para fins diversos; − Obras hidráulicas e de saneamento: barragens, tubos, canais, reservatórios, estações de tratamento etc. − Estradas: pavimentação de betão, pontes, viadutos, passarelas, túneis, galerias, obras de contenção etc. − Estruturas diversas: elementos de cobertura, chaminés, torres, postes, muros de suporte, piscinas, silos, cais, fundações etc. 1.3 Vantagens e desvantagens 1.3.1 Vantagens: − Economia: mais econômico que estruturas de aço. − É moldável, permitindo grande variabilidade de formas e de concepções arquitectónicas. − Apresenta boa resistência à maioria dos tipos de solicitação, desde que seja feito um dimensionamento correcto e uma pormenorização adequada das armaduras. − A estrutura é monolítica, fazendo com que a funcione quando solicitada. − Manutenção e conservação quase nulas e grande durabilidade. − Boa resistência à compressão. − Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes mecânicos. − Possibilidade de trabalhar com Pré-fabricados. 1.3.2 Desvantagens: − Peso próprio elevado: 2,5t/m3 = 25KN/m3. − Custo de cofragens para a moldagem. − Transmissão de calor e som. − Fragilidade. − Fissuração. − Baixa resistência à tracção. Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 2/14 2. Tipos de Elementos Estruturais 2.1. Classificacao em funcao dos sistemas portantes a) Estruturas Lineares (reticuladas) Sao estrutura constituidas por peças lineares em que uma das dimensões (o comprimento) é muito superior às outras duas (que definem a seccao transversal). Exemplos: vigas, pilares, pórticos, trelicas, arcos, tirantes, escoras. b) Estruturas Laminares Sao estruturas em que duas das dimensões (comprimento e largura) sao da mesma ordem de grandeza e de valor substancialmente superior à outra dimensao (espessura). Exemplos: Lajes, paredes, vigas-parede, cascas. c) Estruturas maçicas As estruturas macicas apresentam tres dimensões (altura, comprimento e profundidade) da mesma ordem de grandeza, sendo em geral submetidas a um estado de tensão triaxial. Exemplos: Barragens e fundacoes macicas. 3. Propriedades e Características dos Materiais Constituintes 3.1. Betão O betão é um material formado pela mistura de inertes (areia, britas ou godos, etc.) cimento e água. Após o endurecimento da pasta, o betão constitui uma pedra artificial com as seguintes características: − Peso específico: γ = 24 a 26kN/m3 − Resistência à compressão: fck≈15 a 55MPa − Resistência à tracção: fct≈1.5 a 4MPa − Módulo de elasticidade: Ec≈30GPa − Coeficiente de Poisson: υ=0.2 Estas características referem-se a betões normais ou correntes, existem no entanto betões especiais, tais como os “betões leves” ou os betões de “alto desempenho”. 3.1.1. Fluência (deformacção lenta) É o aumento da deformação, sem que haja uma mudança no carregamento da peça. Consideremos, a peça de betão representada na Figura 1, carregada axialmente com uma tensão de compressão constante ao longo do tempo, de valor σc. No instante de aplicação do carregamento, ela sofrerá uma deformação imediata Δlci, causando uma redução no volume da peça.Esta redução provocará o deslocamento da água quimicamente inerte existente no interior do betão para regiões onde a Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 mesma já tenha evaporado, desencadeando um processo análogo à retração, aumentando a deformação até um máximo de Δlct no tempo infinito. Figura 1 - Deformações em uma peça de betão (SÜSSEKIND, 1981). A fluência varia com: - Humidade do Ambiente: Quanto mais seco o ambiente, maior a fluência do betão; - Espessura da peça: Maior fluência em peças menos espessa; - Prazo de descofragem: Quanto mais jovem o betão no momento do carregamento, maior a deformacção lenta; - Composição do betão: A fluência aumenta com o aumento do factor água/cimento e do consumo de cimento na peça. Como efeitos favoráveis da fluência no betão, temos o alívio das concentrações de tensões e dos esforços de deformações impostas à estrutura, como a retracção. São efeitos desfavoráveis o aumento da flecha e da curvatura dos pilares com cargas excêntricas, provocando um acréscimo na excentricidade inicial; a perda de tensão em cabos de peças em betão pré-esforçado. Resumindo, a fluência traduz o aumento de deformação ao longo do tempo mesmo que o carregamento seja constante. − No instante do carregamento t0 quando se aplica a tensão tem-se apenas uma deformação instantânea elástica. − Num instante posterior, há duas deformações, a elástica (já definida) e a deformação de fluência de valor crescente. Note-se que o efeito da fluência é equivalente a uma diminuição do módulo de elasticidade. 3.1.2. Retracção/Expansão A retracção e a expansão são deformações volumétricas do betão, independentes de carregamento e direcção. Estas variações ocorrem devido à perda (retracção) ou a absorção humidade do ambiente, a espessura da peça, e o factor água/cimento da mesma. Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 3/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 A retracção do betão traduz-se na diminuição do comprimento das peças após a descofragem e é independente das tensões aplicadas. A extensão de retracção final é dada em função da humidade da classe do betão e da espessura equivalente do elemento. No processo de retração, a água é inicialmente expulsa das fibras externas do betão, criando deformações diferenciais que, por sua vez, geram tensões capazes de provocar fissuração em peças de betão armado, e perda de tensão em cabos de peças em betão protendido. Para minimizarem-se os efeitos da retração, deve ser efetuado um processo de cura no betão, por pelo menos sete dias, de forma que a umidade existente ao seu redor impeça a perda de água do interior do mesmo. No caso de estruturas com comprimento muito elevado, somente a cura não é suficiente para se evitar a retração, devendo então este comprimento ser reduzido, através de juntas de concretagem, que pode ser definitiva (gerando estruturas distintas), ou provisórias, que serão preenchidas após o processamento da parcela principal de retração. Nota: Em geral a fluência e a retracção são consideradas apenas nos estados limites de utilização (excepção é a encurvadura de pilares). 3.1.3. Resistência à compressão do betão Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), “A resistência de um material é definida como a capacidade de este resistir à tensão sem ruptura”. O valor característico da resistência à compressão do betão é determinado através de ensaios de provetes cilíndricos (com 150 mm de diâmetro e 300 mm de altura) ou em provetes cúbicos (com 150 mm de aresta) aos 28 dias de idade, sendo classificado conforme se apresenta no quadro 1.1 abaixo. Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 4/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Quadro 1.1 – Classificação dos betões segundo as tensoes características. Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 5/14 Classe de resistência C12 B15 C16 B20 C20 B25 C25 B30 C30 B35 C35 B45 C40 B50 C45 C50 B55 B60 f ck, cyl (MPa) 12 16 20 25 30 35 40 45 50 fck, cubo (MPa) 15 20 25 30 35 45 50 55 60 são (resistência característica) é uma medida estatística que leva em consideração não só o valor da resistência média, f ,como também o coeficiente de variação δ. Assim, é obtida a partir da que: urva de Gauss, a resistência ca é dada pela fórmula: ou em que o coeficiente de variação, δ, é dado por: Esta ten cj sua resistência média determinando-se primeiro o desvio padrão da mesma (amostra) pela fórmula: 1-nn n 1 2)cjf-ci(f S ∑ = em e, pela C característi nS 1,64 - cjf =ckf ) δ 1,64 -1 ( cjf =ckf cj O valor característico c uantilho de 5%, isto é, a probabilidade de ocorrer um valor inferior ao característico é de 5%. adro 1.1, poderão tomar-se os valores , extraídos do gráfico proposto pelo C.E.B. f nSδ = , (15%≤δ≤25%) orresponde ao q Para idades diferentes dos Betões apresentados no qu indicados no quadro 1.2 Quadro 1.2 - Coeficientes parciais de endurecimento Idade do betão (dias) 3 7 14 28 90 360 ∞ Coeficiente de endurecimento 0.40 0.65 0.85 1.00 1.20 1.35 1.45 Os valores d tensão de rotura do Betão à compressão, f e à tracção fctd aos 28 dias de idade são os a tabela 1.3 abaixo. e cálculo da constantes n cd Quadro 1.3 – Valores médios e característicos da tensão de rotura do betão à tracçãosimples Classe de resistência B15 B20 B25 B30 B35 B45 B50 B55 B60 f 33.3 cd (Mpa) 8.0 10.7 13.3 16.7 20.0 23.3 26.7 30.0 fctd (MPa) 0.80 0.93 1.07 1.20 1.33 1.47 1.60 1.73 1.87 n 1 ci cjf = n f∑ Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Exemplo 1 Para a caracterização das propriedades mecânicas de um betão em duas situações diferentes foram oldados cubos de 150x150x150 mm3. Numa situação foram moldados 3 cubos e noutra 15 cubos. ram ensaiados aos 28 dias de idade tendo-se obtido os resultados que em seguida se apresentam. Situação b m Os cubos fo Situação a Determine para ambas as situações: a) Tensão média de rotura à compressão. b) Tensão característica de rotura à compressão. 3.1. A re r determinada em ensaios de tracção pura de provetes prismáticos, ou em ensaios de compressão diametral de provetes cilíndricos (ensaio brasileiro), . uando a resistência à tracção fo de rotura à tracção por compressão iametral pode considerar-se para valor aproximado da tensão de rotura à tracção simples, . c) Classifique o betão. 4. Resistência à tracção do betão sistência à tracção pode se Q r determinada como a tensão d Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 6/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Os valores médios e característicos adoptados para a tensão de rotura do betão à tracção simplesaos 28 dias, fctm e fctk, indicados no quadro 1.4, correspondentes às classes dos betões indicados no quadro 1.1. Quadro 1.4 – Valores médios e característicos da tensão de rotura do betão à tracçãosimples Classe de re B15 B20 B25 B30 B35 B45 B50 B55 B60 sistência f 4.0 ctm (Mpa) 1.6 1.9 2.2 2.5 2.8 3.1 3.4 3.7 fctk (MPa) 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.1.5. Módulo de elasticidad O Módulo de elasticidade (Ec) é a relação entre a tensão actuante e a deformação longitudinal dade, Ec,j , pode em geral ser estimado a partir do valor médio da tensão de rotura à mesma idade, fcm,j , pela expressão: e resultante desta tensão. Os valores médios do módulo de elasticidade aos 28 dias de idade a considerar são os indicados no quadro 1.5. Aos j dias de i 3 j,cmf5.9j,cE = . Quadro 1.5 – Valores médios do ódulo de elasticidade do betão, Em c, 28 Classe de resistência B15 B20 B25 B30 B35 B45 B50 B55 B60 Ec,28 (GPa) 26.0 27.5 29.0 30.5 32.0 33.5 35.0 36.0 37.0 3.1.6. Co de Poisson (REBAP - Art 17º) O coeficien cção transversal, ou coeficiente de Poisson (ν) representa a relação entre Varia entre 0,2 e 0 tomando-se nas aplicações correntes o valor constante de 0,20, devido a pequena variação que estes valores representam nos submetida a uma variação uniforme de temperatura T ºC terá uma deformação axial dada é o coeficiente de dilatacção térmica do material. A variação de temperatura pode ser ocasionada pelo meio ambiente e Calor de hidratação, em estruturas com − Prever junta de dilatação na estrutura, de tal forma que as suas dimensões entre as juntas − Considerar os efeitos de temperatura nos cálculos da estrutura. eficiente te de deforma as deformações transversais e longitudinais na peça. cálculos. 3.1.7. Variacção de temperatura Uma peça pela expressão: t x εct = α , onde α grande volume de betão, como o caso das barragens. Para se minimizarem os efeitos da temperatura, deve-se: sejam sempre inferior a 30 m; Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 7/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 3.1.8 E Segundo SÜSSEKIND (1981), a estanqueidade do betão só pode ser considerada razoável quando a peça tem um baixo factor água/cimento, granulometria bem determinada e espessura superior a 20 geral, principalmente no betão fissurado, estanqueidade só é conseguida com a utilizacção de impermeabilizantes. os que são trazidos pelo ar, em ondas sonoras de baixa energia, não produzem vibração no betão, comportando-se este como um excelente isolante acústico; , o betão vibra com grande intensidade, sendo aconselhável a utilização de revestimentos 3.1. Visando dimensionamento, busca-se, para as diferentes resistências à compressão com que se trabalhe na prática, um diagrama ideal, matematicamente tipo de máquina de ensaios, pela idade e condições de conservaçãodos provetes, pela natureza dos inertes e pela dosagem do cimento e água. . stanqueidade, isolamento térmico e acústico cm, além do procedimento de uma vibração cuidadosa. Em a Geralmente, o produto impermeabilizante é ao mesmo tempo um isolante térmico, devido ao facto de o betão proporcionar um isolamento térmico muito deficiente, em comparação com outros materiais de construção. Ainda segundo SÜSSEKIND (1981), quanto ao isolamento acústico, temos duas situações distintas: − Os ruíd − Quando o ruído é provocado pelo contacto com o betão (um móvel arrastado, por exemplo) acústicos em pisos e paredes. 9. Relações tensões-extensões de cálculo estabelecer um critério comum ao definido, diagrama parábola-rectângulo (gráfico 1.1). Estas relações são obtidas a partir dos resultados de ensaios rápidos de prismas ou de cilindros de betão submetidos à compressão simples, contando com factores como a segurança e a influência do factor tempo. São vários os factores que influenciam as relações tensões-extensões dum betão, mesmo em ensaios rápidos. Assim, quanto a tensão de rotura, ela é influenciada pela forma e dimensões dos provetes, pelo Note: A resistência do betão à compressão é para cargas de longa duração, inferior àquela referente a carregamentos rápidos. Trabalhando-se com uma resistência do betão retirada de ensaios de curta duração, precisa-se afectar o valor assim obtido para a resistência característica de um factor redutor. Segundo os ensaios de Rüsch, esta redução deve ser de 15%. Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 8/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 fcd 0,85fcd εr=3,5‰ 2%0 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 9/14 Gráfico 1.1 – Diagrama tensão-deformação Quanto à inclinação da tangente na origem do diagrama (módulo de elasticidade inicial) verifica-se que ela aumenta com a idade do betão e com o teor de humidade dos provetes e que varia consideravelmente com a natureza dos inertes e com a dosagem do cimento. Em relação ao factor tempo, há que verificar a sua influência dado que, por um lado faz aumentar a resistência, por outro, sob acção de cargas constantes elevadas, faz diminuir, pois regista-se nos ensaios que provetes quando sujeitos a tensão constante da ordem de 85% da tensão de rotura, aos 28 dias, obtida em provetes idênticos, acabam por atingir a rotura ao fim de certo tempo. Finalmente, há que para atender à segurança, ter em conta a grande dispersão que apresenta o betão nas suas propriedades e, consequentemente, tomar valores para o cálculo que tenham tal facto em consideração. 3.2. Aço O aço empregado nas peças de betão armado é uma liga constituída principalmente de ferro e carbono, à qual são incorporados outros elementos para melhoria das propriedades. O aço é usado em conjunto com o betão com a finalidade principal de resistir aos esforços de tracção, que não são suportados pelo betão. A introdução deste elemento no betão permite melhorar consideravelmente o comportamento deste material, dado que, após a fendilhação, as tensões de tracção passam a ser resistidas pela armadura. 3.2.1. Tipos, Características Mecânicas Em relação às propriedades mecânicas, para a determinação das capacidades resistentes, interessa fundamentalmente a tensão de cedência no caso de armaduras laminadas a quente ou a tensão limite convencional de proporcionalidade a 0.2% no caso de armaduras endurecidas a frio. Outras propriedades como o módulo de elasticidade, a tensão de rotura, extensão após rotura, entre outros, são elementos importantes, quer do ponto de vista da trabalhabilidade em obra quer para dar ε ‰ Parábola: [ ] 3x102cε250- cε cdf 0,85 cσ = Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 ideia da conformidade do fabrico, quer ainda do ponto de vista da segurança, pois esta é estabelecida de facto para materiais correntes. As armaduras são chamadas ordinárias por forma às distiguir das do pré-esforço e os tipos são apelidados de correntes por se tratar de varões redondos simples e também com as propriedades mecânicas hoje aceites internacionalmente. Quadro 1.6 – Características mecânicas dos aços para o betão armado Tracção Tensão de Designação Processo de fabrico Configuração dasuperfície Característica de aderência cedência Fsyk (MPa) rotura Fsuk (MPa) Extensãao após rotura Esyk (%) A235NL Lisa Normal A235NR Laminado a quente Rugosa Alta 235 360 24 A400NR Laminado a quente Rugosa Alta 400 460 14 A400ER Endurecido a frio Rugosa Alta A400EL Endurecido a frio Lisa Normal 400 460 12 A500NR Laminado a quente Rugosa Alta 500 550 12 A500ER Rugosa Alta A500EL Endurecido a frio Lisa Normal 500 550 10 Quanto aos diâmetros, vão indicados no quadro 1.7 abaixo, figurando aí também as áreas, os perímetros e a massa por metro normalizados. Quadro 1.7 – Diâmetros normalizados Diâmetro mm Secção cm2 Perímetro cm Massa por metro Kg/m 6 0,283 1,89 0,222 8 0,503 2,51 0,395 10 0,785 3,14 0,617 12 1,13 3,77 0,888 16 2,01 5,03 1,58 20 3,14 6,28 2,47 25 4,91 7,85 3,85 32 8,04 10,1 6,31 40 12,6 12,6 9,87 Quadro 1.8 - Áreas de Secções de varões [cm2] Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 10/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Quadro 1.9 – Afastamento das armaduras distribuidas [m] 3.2.2. Relações tensões-extensões de cálculo Pelo que se refere aos tipos correntes de aço para armaduras de betão armado, indicado na tabela 1.6 acima, as relações tensões-extensões a considerar, segundo o REBAP, são do tipo bilinear conforme o gráfico 1.2 abaixo, em que o primeiro segmento é definido pelo valor do módulo de elasticidade e o segundo pelo valor de cálculo, fsyd, da tensão de cedência ou tensão limite convencional de proporcionalidade a 0.2%, em tracção. ϕ ϕ fsyd fsycd σs εyd 10%0 3,5%0 patamar limite de cedência alongamento de rotura Encurtamento de rotura εs Gráfico 2.2 – Diagrama tensão-deformação do aço É importante referenciar aqui que a distinção entre o comportamento dos aços, laminados e endurecidos, quando submetidos a ensaios, não tem grande influência nos resultados. É aceitável admitir que todos os diagramas apresentam patamares. Os valores de cálculo para a verificação da segurança em relação aos ELU e de encurvadura são obtidos divindindo os respectivos valores característicos, fsyk e fsycd, por um coeficiente de segurança γs tomado igual a 1,15. sγ sykf =sydf GPa0 02 =sE sydε sydf = sE = tg →→ Classe fsyk [MPa] fsyd [MPa] εsyd [×10 -3 ] A235 A400 A500 235 400 500 205 348 435 1.025 1.74 2.175 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 11/14 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 12/14 4. Funcionamento conjunto dos dois materiais A característica mais importante que se pode ressaltar em relação ao betão armado é que ele se constitui na combinação de um material que resiste muito bem à compressão, o betão, com um material que resiste muito bem à tracção, o aço. De maneira geral, pode-se dizer que, nas peças de betão armado, o betão é o responsável por resistir aos esforços de compressão e o aço aos de tracção. Nas peças essencialmente comprimidas, o aço aumenta a capacidade resistente do elemento. Separadamente, o aço resiste tanto à tracção como à compressão, porém o betão possui uma baixa resistência à tracção, da ordem de 10% da sua resistência à compressão, para os betões de baixa resistência. Para resistências à compressão mais altas, essa percentagem diminui. Praticamente não existem tensões internas entre o aço e o betão. O betão protege a armadura da corrosão, garantindo a durabilidade da estrutura (Protecção física através do recobrimento e química através do ambiente em que se encontra normalmente alcalino). Devido à aderência, as deformações do aço e as do betão que as envolve, são aproximadamente iguais. Portanto, o trabalho conjunto desses dois materiais diferentes, neste caso betão e aço, é possível graças à coincidência de duas de suas propriedades físicas essenciais: a aderência recíproca e a proximidade existente nos seus coeficientes de dilatação. A aderência impede a cedência entre as armaduras e o betão, e transmite esforços de um para o outro materiais, sendo a propriedade fundamental para o trabalho conjunto dos mesmos. Os coeficientes de dilatação aproximadamente iguais, implicam em deslocamentos semelhantes provocados por variações de temperatura, desse modo não destrói a aderência, tornando possível o trabalho conjunto desses materiais. Exercícios Propostos 1. Para os valores obtidos num ensaio de verificação de resistência dum betão fazer a avaliação do valor caracteristico da resistência i 1 2 3 4 5 Valor da tensão de rotura do betão (MPa) 27 26.5 28.3 29.1 25.2 2. Determinar o valor caracteristico da acção representada: i 1 2 3 4 5 6 Valor da tensão de rotura do betão (kN/m2) 2.8 2.6 3.2 3.1 3.0 2.5 Engª Civil/ Notas de Aula Betão Armado 1 Criado por Jorge Pindula, Engº Civil Cap.I - 13/14 3. Foram realizados ensaios de betão em cubos tendo-se obtido os seguintes valores de tensão: i 1 2 3 4 5 6 7 8 Valor da tensão de rotura do betão (kN/m2) 28.4 30 28.3 27.5 29.2 31.3 32.1 25 Determine: a) A classe do betão em causa. b) O valor médio da tensão de rotura do betão à tracção aos 28 dias c) O valor caracteristico da tensão de rotura do betão à tracção aos 28 dias d) O valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão aos 28 dias. e) O módulo de elasticidade do betão aos 28 dias f) O valor de cálculo da tensão de rotura do betão à compressão aos 14 e 15 dias. 2. Tipos de Elementos Estruturais 2.1. Classificacao em funcao dos sistemas portantes 3. Propriedades e Características dos Materiais Constituintes Exemplo 1 3.1.6. Coeficiente de Poisson (REBAP - Art 17º) 3.1.7. Variacção de temperatura 3.1.8. Estanqueidade, isolamento térmico e acústico 4. Funcionamento conjunto dos dois materiais Exercícios Propostos
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