Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 Introdução Bactéria Não se cora pelo método de gram – não absorve os corantes comuns Há espécies que circulam em humanos e em animais. Bovis – no boi, mas pode infectar humano (não é algo normal). A espécie adaptada a nós seres humanos é a mycobacterium tuberculosis. – mais prevalente Mycobacterium Africanum – mais na áfrica. MTB, BK, bacilo de Koch – mycobacterium tuberculosis A vacina que utilizamos é feita com uma cepa de mycobacterium bovis atenuada. Lepra – é causada por uma espécie dessa família. Cada espécie dessa família tem uma parede especial, tem que fazer uma coloração diferente pois não se cora pelo método de gram. Características É difícil ver no microscópio convencional, são extremamente finos. São resistentes devido a parede celular rica em ácidos micólicos, mas não esporulam e nem possuem cápsula (fator de virulência que impede fagocitose). Intracelular facultativo – pode se multiplicar dentro ou fora das células (fator de virulência), pode se multiplicar até dentro de macrófagos, pode impedir a formação do fagolisossomo e se multiplicar dentro do macrófago. Crescimento lento: divisão/fissão binária de 15 a 20 horas. Cultura positiva pode demorar muito, até mais de 2 semanas. Aeróbios estritos – predileção pelo pulmão; tropismo; vai encontrar uma oxigenação nos ápices dos pulmões onde se replica muito bem. Sem oxigênio o bacilo não se divide. BAAR – bacilos álcool ácidos resistentes (é característica da família – não dá para afirmar a Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 espécie). Apresentam parede celular resistente a álcool e ácido, para corar e um corante penetrar é preciso levar ao fogo para desestabilizar a parede celular. Tratar leva tempo e com muitas drogas, 6 meses de tratamento – por conta da parede difícil, divisão lenta e fatores de virulência. Sobrevivem a expectorações – elimina nas superfícies e dependendo das condições ambientais, o patógeno fica viável por um tempo. Parede celular Ácidos micólicos – conferem resistência/impermeabilidade a parede celular. Lam (lipoarabinomanano) – apresenta vários manoses que apresentam receptores de encaixe para o macrófago – é como se atraísse o macrófago para fagocitá-lo. Com isso, internaliza o mycobacterium para o citoplasma, endocita e com isso vai para o macrófago e impede a formação do fagolisossoma – impede a digestão. Dentro do macrófago pode se dividir dentro do macrófago. (ótimo mecanismo de evasão). Peptideoglicano – camada fina Arabinogalactano – confere rigidez Essa parede é impermeável por conta do ácido micólico a ação de vários corantes, resistente a álcool, ácido e a vários antibióticos. Epidemiologia A AIDS contribuiu para o ressurgimento da tuberculose. Afeta principalmente país pobres, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Doença de notificação compulsória. – médico tem que fazer a notificação e a epidemiologia tem que fazer o estudo, mapear família e etc. Prevalência mais elevada: Faixa etária produtiva: 15 a 54 anos de idade – afeta a economia. Transmissão Transmissão por perdigotos. Contato muito íntimo e constante com a pessoa bacilífera. Objetos contaminados são fontes – tudo separado. Reservatório é o homem – transmissão humano x humano. Há grande quantidade de pessoas no Brasil que foram infectadas e não sabem. Pode ter sinal como se fosse uma gripe, nosso sistema imunológico conteve. – porque fomos imunizados na infância, porque temos boa nutrição, boa resposta Th1 efetiva... Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 5 a 10% não tiveram boa resposta e adoeceram. – não tem uma boa resposta imunológica, não tem uma boa nutrição, não foi vacinado, tem alguma doença imunológica ou genética... O principal sintoma é a tuberculose pulmonar, é a forma clássica. Há casos graves e de evolução clínica complicada – tuberculose extra pulmonar (grave). Além do pulmão, pode atingir vários órgãos e tecidos. Miliar é a mais grave, pode atingir as meninges e causar meningite que é muito difícil tratar – é raro e quando acontece, está associado a HIV, imunodeprimidos ou que não tomou vacina. A vacina reduz o risco para essa forma sintomática e principalmente para a gravidade. Evolução clínica Brasil: 5 a 10% evoluem com sintomas. Em países como África, que tem desnutrição, AIDS pode chegar a 20% ou mais. 90 a 90% dos que vão ter sintomas, terão a forma pulmonar/clássica. *Nesse caso clínico – sintomas característicos de forma clássica. 5 a 10% podem ter a forma grave que é chamada de tuberculose extrapulmonar, além do pulmão pode atingir vários órgãos e tecidos. A mais grave é a miliar ou disseminada, que acomete principalmente as meninges podendo levar a um quadro de meningite tuberculosa; mais letalidade e dificuldade de tratar – rara, quando acontece muitas vezes tem uma associação com AIDS, imunossupressão, não imunização na infância, desnutrição... Uma criança que não tomou BCG na infância, pode virar um adulto com a forma grave de tuberculose. A vacina que nós temos hoje não evita a infecção, quem foi vacinado pode ser infectado pelo mycobacterium tuberculosis. Mas, quando você toma vacina, reduz o risco de evoluir para essa forma sintomática e principalmente a grave. Tuberculose primária/clássica Período longo de incubação (4-12 semanas) e a bactéria se divide lentamente, interfere no diagnóstico – cultura demora muito; semanas. No organismo ela se divide lentamente, consequentemente a resposta imunológica vai evoluir de forma lenta e progressiva, os sintomas podem demorar semanas para aparecer. Sintomas: Tosse produtiva, o paciente produz escarro que muitas vezes é mucosanguinolento. Dificuldade para respirar Tosse tanto que o tórax doí; a respiração já incomoda. Falta de apetite e emagrecimento. Sudorese noturna. Febre baixa vespertina. Cansaço fácil, fadiga, mau estar. Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 Fatores de virulência Parasita intracelular facultativo - como tem receptor de manose, estimula a fagocitose mas dentro do macrófago ele consegue ter fatores que permitem a sua viabilização. Inclusive, o próprio LAM que está na parede celular, além de induzir a endocitose e fagocitose pelo macrófago, impede formação do fagolisossoma. Quando a bactéria é endocitada e está ali presa no endossoma, os lisossomas das nossas células vão se fundir com os fagossomos e liberar conteúdos para fazer a digestão intracelular fagocítica. Mas, se ele tem uma estrutura que impede a formação do fagolisossoma, ele fica dentro do endossoma protegido, se dividindo e depois pode induzir uma apoptose do macrófago e sair para a corrente sanguínea infectando novas células. Parede celular complexa: Contém o LAM. Apresenta proteínas que são capazes de inibir ou estimular a apoptose. Ação imunomoduladora – relacionada a patogênese; algumas pessoas produzem uma resposta efetiva Th1 que conseguem conter esse patógeno e outras por imunomodulação, não conseguem produzir essa resposta Th1 de controle e acabam expressando citocinas e estimulando uma resposta Th2, que já não tem uma boa evolução para controle da tuberculose. Essa imunomodulação que depende da cepa do patógeno mas também da resposta imune individual do hospedeiro.Proteína quinase G (PknG) e amônia: da bactéria, vai impedir a maturação do fagolisossoma. Quando o macrófago engloba o patógeno e ele está no endossoma, se por acaso houver a fusão do fagolisossoma com o endossoma, ela consegue impedir a digestão intracelular fagocítica; Impede essa ligação também liberando amônia, porque o lisossoma tem como função vários grânulos ácidos, vai acidificar o conteúdo e matar a bactéria. Amônia alcaliniza o conteúdo do endossoma – impede a ação dos metabolitos ácidos lisossomais que vão fazer a digestão intracelular. Produz superóxido dismutase A: enzima, obtém mais oferta de oxigênio e reduza a ação de metabolitos tóxicos também associados a digestão intracelular fagocítica e oxigênio reativo permitindo a viabilidade da bactéria no tecido pulmonar que também já é rico de oxigênio. Mutações e resistência a drogas: cepas multirresistentes. O tratamento é longo e os sintomas passam logo no primeiro mês – acho que está curado e para de tomar remédio – a bactéria volta mais resistência/selecionada – já não responde a primeira linha de tratamento – não há investimento específico para produzir novas drogas. Proteína Quinase G x Virulência da cepa Tem algumas cepas que produzem a PKnG, as pesquisas demonstraram que ela é importante enzima na viabilidade e disseminação do mycobacterium tuberculosis. Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 A cepa que produz algumas vezes consegue ficar viva no endossoma, impedir a digestão intracelular fagocítica. Uma cepa que não produz vai haver a formação do fagolisossoma. Defesa 0 a 3 semanas para apresentar sintomas. Reconheceu a manose do LAM, fez a endocitose, está dentro do endossoma no macrófago, produz amônia para alcalinizar e impedir a digestão junto com PKnG para não formar o fagolisossoma. Há pesquisas que mostram que o LAM também impede a formação do fagolisossomo. Vai se multiplicando dentro do macrófago, vai ser induzida uma apoptose ou até um necrose, mas a morte do macrófago vai gerar uma bacteremia. Essa bactéria vai sair do ambiente intracelular, vai pro extracelular e vai infectar novas células e vai se multiplicar nessas novas células. Ele é intracelular facultativo, também pode se multiplicar fora da célula. Inibição do mecanismo oxidativo pela enzima superóxido dismutase, essa enzima vai ajudar a impedir a digestão intracelular fagocítica. Resposta imune em geral é efetiva. 4 a 8 semanas após a infecção, os macrófagos são células apresentadoras de antígeno e vão para os linfonodos e ativam os linfócitos CD4 e CD8. Principalmente nesse momento de entrada da bactéria no trato respiratório superior e inferior, os macrófagos e as células dendríticas são os principais reservatórios para transporte e multiplicação da bactéria. O linfócito T CD4 vai comandar toda a resposta imunológica, tem um papel chave na resposte imune em geral. Ele vai ativar o linfócito T CD8 que é importante, pois vai se ligar a célula infectada e matá-la, vai ativar as NK e ativar linfócito B para produção de anticorpos específicos. Quando a direção da resposta é para Th1, o Th1 vai liberar citocinas pró-inflamatórias induzindo todo esse processo. A resposta Th1 é a resposta protetora na infecção pelo mycobacterium tuberculosis. A maioria das pessoas vai evoluir com uma resposta Th1, vão produzir essa migração de células para o sítio da infecção e vão produzir a Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 formação do granuloma. Isso a nível pulmonar, os macrófagos são alveolares no pulmão. E toda essa resposta inflamatória e a migração das células de defesa vai fazer com que haja a conteção do mycobacterium em um processo chamado Granuloma epitelioide. O granuloma é formado por um conjunto de células, tanto células epiteliais como células de defesa e que tem como objetivo conter o mycobacterium. A formação do granuloma leva a um meio anóxido – sem oxigênio. Sem oxigênio, o mycobacterium para de se dividir porque é uma bactéria aeróbia estrita/obrigatória. O interior do granuloma é um meio sem oxigênio. Isso é o que vai acontecer com a maioria das pessoas, não vão ter sintomas clássicos, uma boa resposta e vão conter. Quem não formar o granuloma e tiver uma resposta Th1 fraca, vai apresentar a doença pulmonar clássica. Se tiver HIV ou não foi vacinado, corre o risco de evoluir para a forma grave. O HIV infecta os linfócitos T CD4, ou seja, vai impedir a formação do granuloma e vai ter infecção sistêmica. A bactéria não se divide, mas pode ficar viva nesse granuloma por décadas. A pessoa pode ter infecção com 15, 20 anos e depois ter um HIV com 40 e ter tuberculose por um foco que ela tinha, pulmonar. O granuloma é favorável a contenção da disseminação da doença. Tem um teste chamado PPD ( derivado proteico purificado) que mede a introderma reação, mede a resposta imune Th1. O paciente vai ter uma produção de anticorpos e uma resposta de hipersensibilidade tipo 4. O PPD, quando eu injetar no braço do paciente o antígeno, derivado proteico purificado do mycobacterium, vai haver a formação de uma região edematosa eritematosa (rubor), uma pápula, no local onde foi injetado e eu vou medir o tamanho dessa pápula. – é uma reação de hipersensibilidade, de resposta imune contra o mycobacterium para aquelas pessoas que já tiveram contato com essa bactéria. Quem formou o granuloma, já tem algum nível de resposta. O PPD avalia a resposta imunológica. 2 a 3 semanas esse foco de ghon pode gerar uma celular e gerar um quadro de necrose, pode inclusive ser reativado para aquelas pessoas que não foram imunizadas e que podem ter a manifestação clínica. Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 No granuloma, os bacilos passam para a forma inerte, rica em lipídeos e ficam latentes contidos pela massa celular heterogênea. Problema de saúde pública – ressurgimento da tuberculose nos pacientes com AIDS. Controlando a imunossupressão causada pelo HIV com as drogas antirretrovirais, você também controla o surgimento de tuberculose nesses grupos. Para o indivíduo transmitir, tem que estar bacilífero. Quanto mais bacilífero, mais chance de transmitir. Adoecer ou não depende da cepa do mycobacterium, da carga bacilífera, do quanto a exposição e da resposta imunológica do hospedeiro. *intérferon alfa - uma das citocinas que é chave no processo de formação da resposta imune, que controla a infecção e o desenvolvimento da doença. Fatores de risco HIV – linfócitos T CD4. HTLV – mexe no controle do linfócito T CD4. Desnutrição é um fator de risco. Silicose – indivíduos que trabalham em fábricas que contenha sílica; ex: construção civil, fábrica de cimento; pulmão já debilitado Diagnóstico Sintomatologia e diagnóstico clínico são soberanos. As vezes você faz um atendimento e o paciente vem com sintomas clássicos de tuberculose, você pede o exame laboratorial e não confirma. Em quem você confia? No clínico e repete o exame laboratorial; clínica clássica. Rx do tórax – evidenciar lesões pulmonares, focos que são compatíveis com suspeita de tuberculose. Baciloscopia – exame clássico laboratorial; exame do escarro (vem do pulmão), que é coletado em potinho estéril e vai ser analisado em laboratório, para fazer uma coloração especial (coloraçãode Ziehl-Neelsen), usa o fogo para o corante penetrar Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 na parede celular. Esse exame tem como finalidade encontrar o BAAR. Quando identifica, pode-se dizer se esse paciente é palcibacilar (poucos bacilos) ou multibacilar (muitos bacilos) nessa lâmina. Cultura – bactéria fastidiosa, não cresce em qualquer meio. Meio de Lowenstein-Jensen. Cultura demora muito, 3 a 6 semanas. PPD – Método que auxilia o médico, não detecta a bactéria mas sim uma resposta imune elaborada contra a bactéria. Vai medi a hipersensibilidade 4, a resposta principalmente th1 que o paciente elabora na resposta imune contra mycobacterium. A vacina interfere – quem já tomou é reator fraco porque já foi exposto, se tomou vacina recentemente vai dar reator forte. Não dá para confiar só no PPD, sofre interferência de vários fatores. Só com PPD não pode iniciar tratamento, é uma ferramenta complementar. É quantitativa. Importante para diagnosticar e controlar/monitorar a terapia. Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 Durante o tratamento se pede várias vezes para ver se a droga está funcionando. Exemplo de cepa resistente, tem que trocar os medicamentos. Ou pode ser do paciente não estar tomando a droga. Não está escarrando, vai pedir líquido cefalorraquidiano. Sangue em caso de suspeita sistêmica. A cultura tem como vantagem confirmar a suspeita e é muito importante para os casos de multirresistente. – cultura com antibiograma. Determina se tem o genoma da bactéria no escarro ou não, determina resistência a rifampicina. Caso a suspeita clínica seja forte, repete no caso de não detectável. Baciloscopia vai acontecer simultaneamente. Thalia Feitosa, 2°P– Aula 5 Profilaxia e controle Vacinar com BCG é indicado na infância. Há casos de pessoas que revacinam e desenvolvem necrose tecidual. BCG – Bacilo de Calmette e Guérin Bacilo mycobacterium bovis. A vacina para mycobacterium tuberculosis é feita a partir de uma bactéria que circula em bovinos. Essa vacina vai desencadear no indivíduo uma resposta imune que consegue identificar o mycobacterium, mas não consegue prevenir a infecção pela mycobacterium tuberculosis. A pessoa vacinada pode ser infectada, a vacina vai fazerm com que sua resposta seja mais rápida e uma resposta efetiva de Th1 para formar granuloma. *dificilmente uma criança vai escarrar mucosanguinolento. Considerações importantes 1- Não há uma vacina que proteja contra a infecção 2- Fator de virulência, pode desencadear formas latentes 3- Não a manifestação clínica clássica para todo mundo, pode ser sintomas como gripe, assintomática, sintomas pulmonares clássicos ou até mesmo sintomas graves como de meningite bacteriana. 4- Cresce lento e é fastidiosa 5- 6 meses, multidrogas
Compartilhar