Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Página inicial A COMPREENSÃO DA DEFICIÊNCIA NO CONTEXTO HISTÓRICO Professor (a) : Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia Objetivos de aprendizagem • Conhecer a deficiência em diferentes contextos históricos; • Compreender a percepção da sociedade em relação às pessoas com deficiência no contexto da institucionalização. • Apreender sobre as mudanças provocadas pelos serviços oferecidos às pessoas com deficiência como também as suas restrições. • Assimilar os princípios fundamentais da Inclusão social e educacional. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Deficiência: Revelações da História • Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: Paradigma da Institucionalização • Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: Paradigma de serviços • Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: Paradigma de suporte Introdução A proposta para esse estudo é apresentar a você um conhecimento histórico sobre a trajetória de lutas, perseguições, isolamento, integração e inclusão na qual as pessoas com deficiência foram conquistando seu espaço tanto no contexto social quanto educacional. A princípio vamos retomar a antiguidade para identificar como era o enfrentamento dos povos do antigo Egito, da Grécia, em Roma diante daquele que apresentasse alguma deficiência. Para então compreender que mudanças ocorreram a partir do cristianismo, passando pela Idade Média, pelos ideais humanistas chegando até o Século XIX. Partindo desta resgate histórico vamos nos aprofundar no conhecimento sobre a maneira com que a sociedade foi se relacionando com as pessoas com deficiência ao longo dos anos. Para isso, teremos como referência a teoria de Aranha que estabeleceu três paradigmas importantes nesta relação: o paradigma da institucionalização, o paradigma de serviços e o paradigma de suporte. O paradigma que permaneceu por mais tempo foi o da institucionalização, sendo importante conhecermos o contexto em que foi instituído, suas propostas de atendimento à pessoa com deficiência e os questionamentos que o destituiu. No paradigma dos serviços vamos compreender a ideologia de normalização vigente naquele momento e em consequência desta o conceito de integração; perpassando pelos benefícios que estes serviços proporcionaram às pessoas com deficiência e as severas críticas por centralizarem a dificuldade no sujeito. E por fim, estaremos discorrendo sobre o paradigma de suporte que possibilitou um avanço significativo na relação das pessoas com deficiência com a sociedade, mas que ainda encontra muitos impedimentos em sua efetivação. O conhecimento sobre esta trajetória é muito importante, pois nos possibilita compreender o quanto a inclusão não é fruto de um momento, mas sim um resultado da luta das pessoas com deficiência pelo seus direitos enquanto cidadãos. Por isso convido você a fazer esta retomada histórica e aprofundar seu conhecimento neste tema. Bom estudo. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial https://getfireshot.com Avançar DOWNLOAD PDF UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/unidade-1 https://drive.google.com/file/d/169JKVGQ9KBgfxzaTS8n5cmafyGl_fVze/view?usp=sharing Página inicial Deficiência: revelações da história A inclusão educacional de pessoas com deficiência hoje, tem sido um tema bastante difundido no meio escolar, sendo que, cada vez mais é comum encontrarmos pessoas com deficiência frequentando salas de aula do ensino fundamental, médio e no ensino superior. Mas será que foi sempre foi assim? Convido você a fazer um breve resgate histórico a fim de compreender como se deu a relação da sociedade com as pessoas com deficiência ao longo dos tempos. Nesta aula estaremos percorrendo períodos remotos da história e conhecendo como estas pessoas eram vistas em na antiguidade até o Século XIX. A pessoa com deficiência na perspectiva de diferentes civilizações No Egito Segundo Silva (1987), no Egito antigo, acreditava-se que a deficiência acontecia em decorrência de “maus espíritos”; no entanto aqueles que pertenciam à nobreza, também os guerreiros e os sacerdotes podiam receber tratamento, diferente dos pobres que muitas vezes eram explorados por charlatões e acabavam sendo atrações circenses ou ainda, sendo objeto de treinamento de cirurgias e estudos de sacerdotes. Na Grécia https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial Nesta, todo aquele que apresentasse alguma diferença, ou seja, que fosse uma fraqueza, imaturidade ou algum defeito era eliminado de forma proposital (ARANHA, 2001). A exemplo disso Wilkinson (2002) relata a história de Hefaísto, que ao nascer sua mãe Hera o arremessou no rio Oceano devido ter nascido manco e feio; no entanto ele foi salvo pelas ninfas e posteriormente tornou-se um famoso artesão, chamado de ferreiro divino. Este dado é mais relevante quando falamos de Esparta, exemplo de eugenia negativa, segundo Amaral (1995) as pessoas que apresentassem algum desvio, diferença ou deficiência “[...] tinham, conforme o momento histórico e os valores vigentes, seu destino selado de forma inexorável: ora eram mortas, assim que percebidas como deficientes, ora eram simplesmente abandonadas à sua sorte , numa prática então eufemisticamente chamada de exposição”(p.43). Segundo o autor, muitas destas crianças eram recolhidas por pessoas da plebe e usadas na mendicância. No entanto, Plutarco (apud SILVA, 1987) revela que leis que protegiam àqueles que viessem adquirir uma deficiência ao longo da vida: Solón estabeleceu normas bem claras para proteger também cidadãos atenienses enfraquecidos por doenças ou vitimados por deficiência. Em Atenas essas normas além de garantir alimentação, davam ampla liberdade para que qualquer agressor fosse processado por atos de injúria ou de ataques físicos, caso algum desses cidadãos deficientes fosse assaltado, espancado ou sofresse qualquer tipo de violência (p.126). Com isto percebe-se que para os Espartanos a exclusão e a inclusão ocorre de acordo com o momento em que a deficiência é detectada. Em Roma A civilização romana é conhecida como a grande criadora de leis, diante disso, segundo Silva (1987) haviam leis que garantiam os direitos do recém nascido, no entanto eram especificadas as circunstâncias em que estes eram garantidos ou negados. Como condições de negação eram consideradas, principalmente, a forma humana e a vitalidade. Como exemplo poderemos mencionar que, tanto os bebês nascidos prematuramente (antes do 7º mês de gestação) quanto os que apresentavam sinais da chamada “monstruosidade”, não tinham condições básicas de direito (SILVA, 1987, p. 127). Segundo Moreira Alves (apud SILVA, 1987), a família tinha o poder de decidir pela morte do filho, no entanto, antes de deixá-lo nas margens do Rio Tibre ou num outro local sagrado deveriam apresentá-lo a cinco vizinhos para que fosse constatada a anomalia ou mutilação. Schewinsky (2004) acrescenta que, muitas destas crianças eram levadas por escravos para praticarem mendicância posteriormente uma ocupação rendosa. Com o advento do Cristianismo Neste momento histórico houve uma mudança na visão de homem, pois segundo Aranha (2001, p. 3) “[...] todos passaram a ser igualmente considerados filhos de Deus, possuidores de uma alma e portanto merecedores de respeito à vida e a um tratamento caridoso”.Silva (1987) acrescenta que as pessoas com deficiência passaram a ser considerados como criaturas de Deus, sendo https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com digno de cuidados e com um destino imortal. Diante disso, “[...] a alma não é manchada por deformidades no corpo (...) uma grande alma pode ser encontrada num corpo pequeno e disforme” (p.150). O pensamento cristão inspirou a lei de Constantino em 315 depois de Cristo, na qual pessoas que tivessem qualquer má formação congênita ou deficiência tinham o direito de ser protegidas. Na Idade Média A exclusão das pessoas com deficiência na Idade média era realizada pela Igreja Católica e comum acordo com o Estado. Estas pessoas eram recolhidas em mosteiros. Sendo que a deficiência era compreendida como atuação do demônio ou de maus espíritos, sendo regido por bruxas; outra explicação estava relacionada a ira e ao castigo de Deus. No entanto, ambas levavam a segregação e ridicularização das pessoas com deficiência (SCHEWINSKY, 2004). Este período também foi marcado pela Inquisição, no qual ocorreu grande perseguição às pessoas com deficiência. Título: Vítima da Inquisição espanhola sendo torturada diante de um tribunal da Inquisição espanhola. No Humanismo A valorização do homem, segundo Schewinsky (2004), passou por um processo de mudança com o advento do Humanismo, sendo que as pessoas com deficiência e como também os mais pobres começaram a ter um tratamento diferenciado; sendo que a comunidade é responsabilizada pelos serviços de saúde. Amaral (1995, apud SCHEWINSKY, 2004, p. 8) ao falar deste período ressalta que: Paracelmo e Cardano (ambos do século XVI) são os primeiros a trazer a questão da deficiência para o âmbito da Ciência, mais especificamente da medicina (pois eram médicos e alquimistas), demarcando uma fronteira entre a visão teológica ou moral e científica. Esses estudiosos, embora mantivessem uma estreita ligação com as teorias que enfatizavam as forças cósmicas, afirmavam a legitimidade de tratamento para pessoas com deficiência. A partir do Século XVII, passaram a ser organizados hospitais gerais; estes por sua vez funcionavam como local de estudos e cura, como também como asilo, para exclusão. De acordo com Foucault (1985), é no Século XVIII que a medicina passa a ter um caráter de medicina social. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com No entanto, conforme Aranha (2001) estes hospitais proliferaram nessa época, mas seus objetivos estavam mais voltados para o confinamento de pessoas com deficiência e doenças mentais do que para o tratamento das mesmas, funcionando como asilos e conventos. Algumas destas instituições eram como que prisões. No Século XIX De acordo com Schewinsky (2004), a concepção da deficiência no Século XIX sofreu modificações decorrentes de influências da filosofia humanista e da Revolução Industrial. Conforme Aranha (2001) haviam interesses sócio-econômicos que justificam estas mudanças, na qual a educação passa a ter o objetivo de preparar mão de obra para efetivar a produção. Amaral (1995, p. 50) explica que: Nesse período há a coexistência de múltiplas representações do fenômeno e consequentemente, de múltiplas abordagens e atuações: algumas de caráter mais educacional, outras de cunho médico. Mas de uma forma geral, pode-se assinalar esse período como o da superação da visão de deficiência como doença e o início de seu entendimento como estado ou condição. Diante deste breve resgate histórico podemos perceber o quanto a exclusão de pessoas com deficiência esteve constante em diferentes momentos da história da humanidade. No entanto, não devemos julgar a história e sim buscar compreender as reais motivações que levaram a tais atitudes naquela situação. Segundo Aranha (2001), esses fatos revelam a maneira com que a sociedade estabelece sua relação com o diferente. Aranha (2001, p. 3) explica que: "A síntese de tais informações, entretanto, vai pouco além do fato de que a existência das pessoas hoje chamadas com deficiência era registrada e conhecida. Ela nos diz que a abordagem ao diferente variava de grupo a grupo. Alguns, matavam-nos; outros, advogavam a convivência amigável; outros ainda, puniam-nos por considerarem a doença, a fraqueza e a deficiência resultantes de possessão demoníaca, sendo a punição a única forma de se livrar do pecado, da possessão e de se reparar os pecados. Assim, observa-se que sua desimportância no contexto da organização sócio-político- econômica associava-se ao conjunto de crenças religiosas e metafísicas, na determinação do tipo de relação que a sociedade mantinha com o diferente." Fonte: ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, DF, 11(21), 160-173, 2001. Disponível em: http://www.anpt.org.br/site/download /rev_mpt_21.pdf. Acesso em: 25, julho 2017. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: paradigma da institucionalização A institucionalização de pessoas com deficiência teve seu início no Século XIX, no entanto, ainda é realidade em alguns lugares no mundo. Aranha (2001) ao discorrer sobre o tema o caracteriza como um paradigma da institucionalização. Paradigma: Segundo Kuhn (1962, apud RIBEIRO et al, 2010) o paradigma constitui-se numa estrutura de pensamento, na qual valores, crenças e técnicas são compartilhadas entre os participantes de uma comunidade científica. Sendo considerado mais que uma teoria, mas sim uma estrutura que pode gerar novas teorias. Fonte: RIBEIRO, W. C.; LOBATO, W.; LIBERATO, R. C. Paradigma tradicional e paradigma emergente: algumas implicações na educação. Revista Ensaio. Belo Horizonte, v.12, n.01, p.27-42, jan-abr, 2010. A institucionalização Aproximadamente em 1800, na Suíça, foi organizada por Guggenbuhl uma instituição que tinha o intuito de cuidar e tratar de maneira residencial pessoas que apresentavam deficiência mental. Seu trabalho chamou a atenção para a necessidade de mudanças significativas no sistema de internamento da época, que se resumiam em abrigos e prisões. Este projeto foi pioneiro no que se refere ao cuidado institucional de pessoas com deficiência intelectual, sendo que suas ideias chegaram até ao continente americano (ARANHA, 2001). No entanto, segundo Aranha (2001), estas instituições com o tempo deixaram de ter um cunho de tratamento e educação tornando-se instituições de custódia e asilares, provendo ambientes segregados, chamados de Instituições Totais. Para a autora, este é o primeiro paradigma da relação da sociedade com as pessoas com deficiência - a Institucionalização. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com O ato de excluir pessoas com deficiência da sociedade foi muito comum até o século XIII, não podendo realizar nenhum tipo de atividade devido ao fato de julgá-las como incapazes, sem condições de exercer qualquer trabalho, independente da deficiência. Neste período não há registros de atividade educacional com estas pessoas com deficiência (JONSSON, 1994; MENDES, 1995). Neste período, segundo Pessotti (1984), a finalidade das instituições era propiciar tratamento médico, como também amenizar a sobrecarga tanto familiar quanto social, não tendo intenção de propiciar educação aos internos. Então a educabilidade das pessoas com deficiência neste período provinha de iniciativas médicas, acontecendo em instituições de cunho religiosos ou filantrópicas. O governo consentia com o funcionamento das mesmas, no entanto não havia nenhum envolvimento do poder público. Deste modo, as pessoas com deficiência eram retiradas de suas famílias e de suas comunidades sendo encaminhadas para instituiçõesresidenciais ou escolas especiais. Nestas, ficavam isoladas da sociedade perante a justificativa da necessidade de proteção, de tratamento ou ainda de um processo educacional diferenciado (ARANHA, 2001). Goffman (1962) por sua vez, fez sérias críticas a este tipo de instituição total, explicando que se constituíam em: “[...] um lugar de residência e de trabalho, onde um grande número de pessoas, excluídos da sociedade mais ampla por um longo período de tempo, levam juntos uma vida enclausurada e formalmente administrada”(p.XIII). O autor ainda afirma que a experiência de institucionalização exclui de forma significativa o indivíduo da vida em sociedade, criando um estilo de vida institucional difícil de reverter. Buscando compreender o mundo social de pessoas internadas em hospitais, Goffman fez uma pesquisa de campo em um hospital, em Washington D. C., Estados Unidos, nos anos de 1955 a 1956. Neste tempo, conviveu com os pacientes, procurando compreender sua perspectiva subjetiva. Com esta vivência e estudos bibliográficos foi que elaborou o conceito de “instituição total”. Caracterizando- a: “[...]pelo seu “fechamento” mediante barreiras que são levantadas para segregar os internados do contato social com o mundo exterior. As proibições à saída estão muitas vezes incluídas no plano físico e arquitetônico da mesma. Seu traço principal é que ela concentra todos os diferentes aspectos da vida de uma pessoa (trabalho, lazer, descanso) no mesmo local e sob a autoridade de uma equipe dirigente" (GOFFMAN, 1987,p.7 apud BENELLI, 2014, p.23) Fonte: BENELLI, SJ. Goffman e as instituições totais em análise. In: A lógica da internação: instituições totais e disciplinares (des)educativas [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 23-62. No entanto, por muito tempo, este tipo de instituição era o único recurso de atendimento à pessoas com deficiência. Imperando “[...] a ideia de separar o diferente, colocá-la em um espaço próprio, de tal modo que a sociedade se sinta protegida do contato com essas categorias de pessoas geralmente consideradas indesejáveis” (BARTALOTTI, 2006, p. 14). Aranha (2001) destaca que vários autores, após a década de 60, fizeram críticas severas relacionadas a ineficiência e inadequação deste sistema. Vail (1966, apud ARANHA, 2001) a título de exemplo, destaca que as práticas utilizadas no contexto institucional eram irrealistas, não tendo relação com as demandas do meio externo. Com isso, acabava por dificultar a adaptação destas pessoas na sociedade, limitando-as ao contexto da instituição. O autor evidencia alguns dos procedimentos “[...] como o de admissão, sistemas de recompensa e de punição, a uniformidade de massa e a impersonalidade automatizada da interação entre os provedores de serviços e seus usuários” (ARANHA, 2001, p. 9). Conforme relatório de estudo realizado na Inglaterra por Pauline Morris (1969, apud ARANHA, 2001), as condições desse tipo de atendimento institucional eram precárias, com prédios decadentes, as roupas eram utilizadas de forma comunitária, não havia nem incentivo e nem mesmo permissão para que mantivessem objetos pessoais; as informações sobre os pacientes eram limitadas e muitas vezes não fidedignas; restrita estimulação e tratamento sem diferenciação, não atendendo as necessidades individuais; profissionais não qualificados para realizar o acompanhamento; afastamento da comunidade; e as regras não atendiam ao que era importante para o interno, sendo elaborada por pessoas que não conheciam suas necessidades. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com O movimento de desinstitucionalização A institucionalização, no entanto, começou a ser questionada no início do século XX, quando passam a reconhecer que a vida no contexto institucional era desumana, causava danos a auto-estima, não oferecia condições para que os pacientes fossem inseridos na sociedade, como também não apresentavam formas adequadas de tratamento. Outro dado relevante é que é era muito caro para o governo manter essas pessoas segregadas e improdutivas (SILVA, 2003). Bradley (1978, apud ARANHA, 2001) revela que este movimento de desinstitucionalização, já vinha se organizando há muito tempo, mas que a forma com que foi se encaminhando envolveu etapas diferentes que culminaram no seu encaminhamento. dentre elas o autor destaca: 1. A melhoria do sistema de recursos e serviços da comunidade 2. A exigência dos consumidores pelo acesso a esses recursos e serviços 3. O início do uso de antibióticos, que reduziu o índice de mortalidade nas instituições 4. A resultante sobrecarga de pessoas institucionalizadas exigia que ou se construíssem novas instituições, ou se criassem novas alternativas comunitárias (BRADLEY, 1978,apud ARANHA, 2001, p. 10). Diante destes fatos, Aranha (2001) esclarece que o movimento de desinstitucionalização naquele momento histórico estava relacionado a diferentes interesses e questionamentos das mais diversas direções. Sendo que a autora destaca três aspectos mais relevantes: 1. Interesse do sistema: porque estava ficando cada vez mais caro subsidiar os custos desta população que encontrava-se institucionalizada, segregada e na improdutividade. Com isso, o sistema político-econômico assumiu um discurso de incentivo a produtividade e autonomia. 2. Processo geral de reflexão e de crítica : estes por sua vez relacionados a temas como direitos humanos e das minorias, “[...] sobre a liberdade sexual, os sistemas de organização político-econômica e seus efeitos na construção da sociedades e da subjetividade humana [...]” (ARANHA, 2001, p. 10-11); que já eram comuns às sociedades ocidentais. 3. Duras críticas a institucionalização : passaram a ser comuns, advindas principalmente da academia científica, como também das mais diversas categorias de profissionais. Sendo assim, independente do motivo ou da natureza destas hipóteses, o importante é que elas conduziram a uma revisão da visão da deficiência, estimulando a pesquisa de novas maneiras de lidar com pessoas com deficiência. Isto ressalta que a década de 60 foi deveras importante no que se refere a mudanças ocorridas na maneira da sociedade relacionar-se com as pessoas com deficiência, visto que a institucionalização havia fracassado “[...] na busca de restauração de funcionamento normal do indivíduo no contexto das relações interpessoais, na sua integração na sociedade e na sua produtividade no trabalho e no estudo[...]” (ARANHA, 2001, p. 11). No entanto, este processo de mudança de paradigma veio acompanhado de muitas inquietações. Jones et al (1975, apud ARANHA, 2001) elencaram alguns problemas na desinstitucionalização: a falta de informação sobre como as pessoas com deficiência intelectual reagiriam se fossem tratadas como pessoas normais; e quando os indivíduos “[...] não se encaixam na política da desinstitucionalização; quando concentra profissionais cujas atitudes faz deles pessoas incapazes de administrá-la e finalmente e quando impõe a ambos expectativas que são manifestamente irrealistas” (p. 12-13). Valerie J. Bradley (1978, apud ARANHA, 2001) destacou que o planejamento inadequado de um programa de desinstitucionalização pode acarretar vários problemas relacionados: insegurança dos pais (incerteza de que não pudessem ter um cuidado global e estável); sistema financeiro (busca das entidades por apoio em fontes de financiamento); prestadores de serviço irritados (preocupados em perder seus empregos); baixa confiabilidade (os serviços da comunidade não ofereciam segurança de que tinham competência para este serviço); e o papel do setor público (divergências e competições entre provedores de serviço privados e públicos acabam por dificultar o desenvolvimento de recursos para o atendimento destas pessoas. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Enfim, houveramdiferentes motivações para o movimento de desinstitucionalização relacionados aos direitos humanos e civis da pessoa com deficiência, aproveitando o espaço criado “[...] pelas contradições do sistema sócio-político-econômico vigente (o qual defendia a diminuição das responsabilidades sociais do Estado e buscava diminuir o ônus populacional) para avançar na direção de sua integração na sociedade” (ARANHA, 2001, p. 14-15). Apesar de hoje, as instituições fechadas não serem comum no trabalho com pessoas com deficiência, a ideia de institucionalização ainda permeia no imaginário de muitos até os dias de hoje. Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: paradigma de serviço Caro(a) aluno(a) a maneira com que a pessoa com deficiência foi sendo compreendida a partir da década de 60 desencadeou um novo paradigma na sua relação com a sociedade, que Aranha (2001) denominou de Paradigma de Serviço. De acordo com Leite e Sartoreto (2012) essa mudança aconteceu em decorrência de muitos questionamentos sobre a ineficiência e inadequação das instituições fechadas que acabavam por não oferecer recuperação aos indivíduos. Com isso, aconteceu um movimento que visava a desinstitucionalização, mas de uma maneira que houvesse um planejamento das ações comunitárias que proporcionam a inserção das pessoas com deficiência na sociedade. Segundo Aranha (2001), o objetivo não se restringia a retirar as pessoas destas instituições, mas sim colocá-las “[...] num sistema, o mais próximo possível, do que fosse o estilo de vida normal numa comunidade”(p. 11). Convido você a conhecer um pouco mais sobre esse momento e suas implicações na forma de compreendera pessoa com deficiência. A normalização Questões relacionadas ao ensino segregado e a não participação no mercado de trabalho tiveram um peso importante na desinstitucionalização. O incômodo causado por estas instituições como também as tendências sobre as concepções de desvio e normalidade levaram a uma nova maneira de estar compreendendo as pessoas com deficiência. O conceito de normalização passa a fazer parte do contexto da sociedade, no que se refere às pessoas com deficiência. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Segundo a American National Association of Rehabilitation Counseling - A.N.A.R.C. (1973, apud ARANHA, 2001, p. 12) o objetivo era de “[...] ajudar pessoas com deficiência a obter uma existência tão próxima ao normal possível, a elas disponibilizando padrões e condições de vida cotidiana próxima às normas e padrões da sociedade.” Com o afastamento destas pessoas das instituições, a sociedade passou a preocupar- se com a implantação de programas comunitários que propusessem serviços adequados suas necessidades. A ideologia de normalização fundamentava-se na expectativa de que os centros de tratamento especializado pudessem proporcionar à pessoa com deficiência, aparência e atitudes que fossem parecidas com a daqueles que não tinham deficiência. Esta concepção novamente evidencia no sujeito a condição de deficiente, não considerando a diferença como uma parcela da própria constituição humana. Diante desta concepção, a preocupação da sociedade concentrou-se em oferecer uma quantidade de serviços que possibilitasse a estas pessoas a habilitação e ou reabilitação, sempre com o intuito de emancipá-los socialmente (LEITE et al, 2012). Aranha (2001) explica que, diante desta nova realidade, surgem as organizações ou entidades de transição, como alternativa de atendimento às pessoas com deficiência. Estas por sua vez, apresentavam-se menos cerceada e determinante de dependência, mas apresentavam certa proteção em relação a sociedade externa. A autora destaca ainda que: Tais entidades foram planejadas e delineadas para promover a responsabilidade e enfatizar um grau significativo de auto-suficiência da pessoa com deficiência, através do trabalho ou do preparo para o trabalho, envolvendo treinamento e educação especiais, bem como um processo de colocação cuidadosamente supervisionado (p. 15). À vista disso, verifica-se uma necessidade de que estas pessoas retornassem ao sistema produtivo, pois o poder público não tinha mais interesse em sustentar um número elevado de pessoas em ambientes segregados. E com isso surge um novo conceito, o da integração (ARANHA, 2001). A integração O fundamento do conceito de integração, segundo Aranha(2001), nasceu dentro da ideologia de normalização, na qual compartilhavam-se ideias de que as pessoas com deficiência tinham o direito e a necessidade de serem habilitadas ou reabilitadas num nível o mais próximo da normalidade (estatística e funcional). Desta forma, quando falamos em integração estamos entendendo que a mudança deve acontecer com o sujeito, mesmo sabendo que também são necessárias modificações na comunidade. Estas modificações no entanto: [...] não tinham o sentido de se reorganizar para favorecer e garantir o acesso do diferente a tudo o que se encontra disponível na comunidade para os diferentes cidadãos, mas sim o de lhes garantir serviços e recursos que pudessem “modificá-los” para que estes pudessem se aproximar do “normal” o mais possível (ARANHA, 2001, p. 16). As organizações que compartilham dessa filosofia, são chamadas de Casas de passagem e Centros de Vida Independente; mais especificamente na esfera educacional, podemos encontrar as classes especiais e as escolas especiais, cujo o trabalho educacional estava focado em preparar o aluno para ser reinserido as salas de aula chamadas de normais. No campo profissional eram oferecidas atividades em oficinas abrigadas e centros de reabilitação (ARANHA, 2001). De acordo com Beyer (2006), por muito tempo as escolas especiais eram vistas como ambientes de segregação, sendo consideradas como depósitos de pessoas rejeitadas, fracassadas ou deficientes que não se enquadraram no que é esperado no currículo regular. Como também, realizar um trabalho com aqueles alunos que o sistema regular não sabia ou não queria empenhar-se em desenvolver. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Segundo Mazzotta (2005), nos ano de 1950 havia no Brasil cerca de quarenta estabelecimentos públicos que realizavam algum tipo de atendimento especial aos alunos com deficiência mental no ensino regular, enquanto as demais deficiências estavam distribuídas em outros quatorzes estabelecimentos. Oito instituições especializadas, públicas ou particulares prestavam atendimento a deficientes mentais e outras oito, às outras deficiências. Fonte: Mazzotta, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas. (5 ed). São Paulo: Cortez, 2005. O trabalho desenvolvido dentro destas instituições visavam o treinamento para a vivência na sociedade, sendo orientados por equipes formadas por profissionais de diferentes áreas. Dentre as atividades desenvolvidas estavam: “[...] atividades da vida diária (higiene, cuidados pessoais), atividades de vida prática (preparo de alimentos, limpeza doméstica, planejamento orçamentário, administração orçamentária) e outras habilidades consideradas necessárias para sua sobrevivência e para a vida independente” (ARANHA, 2001, p. 16). Conforme Aranha (2001)o padrão utilizado na atenção a estas pessoas seguiu três etapas: 1. Avaliação : Nesta etapa é feito o reconhecimento do aspectos que precisam ser modificados no indivíduo, de forma que possibilite a ele ter uma vida o mais próxima do “normal”; segundo a opinião da equipe de profissionais. 2. Intervenção : Nesta é oferecido o atendimento de maneira formal e sistematizada ao indivíduo em questão, promovendo atividades de ensino, treinamento, capacitação, entre outras, baseado na avaliação. Esta etapa encerra-se, quando a equipe verifica que os objetivos traçados foram alcançados e constata que este indivíduo está pronto para uma vida independentena sociedade. 3. Encaminhamento: Neste momento é realizado o direcionamento da pessoa para a vida em comunidade. A autora destaca que, mesmo havendo maior envolvimento, como também uma proximidade da comunidade na relação e integração com as pessoas com deficiência, ainda a mudança estava focada no indivíduo (ARANHA, 2001). Diferente do Paradigma da Institucionalização, que permaneceu por muitos séculos, o Paradigma de Serviço começou a receber críticas logo em seu início. Estas por sua vez, eram advindas de membros da comunidade científica, como também das pessoas com deficiência que passaram a organizarem-se em associações e órgãos de representação (ARANHA, 2001). Estas críticas, conforme Aranha (2001) em sua maioria fundamentam-se em dificuldades em estar efetivando o processo de “normalização” das pessoas que apresentavam alguma deficiência. Destacamos a seguir algumas delas: 1. Apesar de muitas pessoas com deficiência conseguirem uma vida independente e produtiva em serviços oferecidos pela comunidade, muitos não conseguiam alcançar o que era esperado quanto a aparência e funcionamento equivalente àqueles sem deficiência, em decorrência de suas características típicas da deficiência, como também o nível de comprometimento. 2. “[...] à expectativa de que a pessoa com deficiência se assemelhasse ao não deficiente, como se fosse possível ao homem o “ser igual” e como se ser diferente fosse razão para decretar a menor valia enquanto ser humano e ser social” (ARANHA, 2001, p.17). Dentre pesquisas realizadas com o intuito de compreender o porquê da desqualificação destas pessoas, Aranha (2001) destaca a reflexão etológica, na qual explica que é comum em muitas espécies excluir os que têm menor valor no processo de sobrevivência de sua linhagem. De acordo com Aranha (1995) a deficiência é uma condição social, cuja a característica principal está relacionada a limitação e impedimento das pessoas com alguma diferença de participarem de diferentes contextos da sociedade, principalmente da tomada de decisões e debate de ideias. Sendo assim, a desqualificação destas pessoas está relacionado ao fato de serem consideradas no contexto capitalista, como um entrave para a sociedade, pelo fato de não produzirem ou contribuírem para aumentar o capital. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Diante das discussões levantadas, o processo de normalização foi enfraquecendo. E iniciou-se as discussões sobre os direitos da pessoa com deficiência enquanto cidadão, tanto de determinação quanto de oportunidades acessíveis na sociedade, não se considerando o tipo de deficiência, nem seu nível de comprometimento (ARANHA, 2001). Sendo assim, Aranha (2001) afirma que as discussões demarcavam a necessidade dos serviços, tanto de avaliação quanto de capacitação das pessoas com deficiência em seu contexto social; no entanto, evidenciaram que estas não seriam os únicos encaminhamentos importantes em uma sociedade que busca possibilitar a estas uma relação de honestidade, respeito e de justiça. Desta forma, a sociedade é quem precisa organizar-se quanto a acessibilidade para todos (incluindo as pessoas com deficiência) a tudo que faz parte dela e a caracteriza, não sendo relevante a proximidade com a normalidade. Diante desta nova concepção, ficam assegurados aos cidadãos com deficiência o acesso aos serviços que forem necessários nas mais diferentes áreas, como: física, psicológica, educacional, social, profissional; como também a tudo que é disposto na sociedade (ARANHA, 2001). O Paradigma de Serviços com seus ideais de normalização e integração ainda aparecem de maneira subliminar no contexto tanto educacional, de saúde, social entre outros; demonstrando a dificuldade em romper com este paradigma. Relação da sociedade com a pessoa com deficiência: paradigma de suporte Nesta aula estaremos conhecendo o paradigma que vem trazer uma nova realidade a maneira de compreender a pessoa com deficiência. Este por sua vez foi denominado de Paradigma de Suporte. De acordo com Leite e Sartoreto (2012) esta ideia foi construindo-se a partir do momento em que as pessoas com deficiência começaram a organizarem-se em associações, órgãos representativos, que visavam garantir os direitos destas enquanto cidadãos, como também o respeito às diferenças. No entanto, para que isso fosse possível, a mudança deveria acontecer na sociedade, reorganizando sua estrutura física e rompendo com a ideologia de normalização. Desta forma, caracterizou-se o Paradigma de Suporte, no qual “[...] tem se caracterizado pelo pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e ao acesso aos recursos disponíveis aos demais cidadãos” (ARANHA, 2001, p.19). Mas como isto pode ser garantido? Nesta aula vamos identificar o que pode assegurar estas prerrogativas. Diferença entre Integração e Inclusão https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com Como na integração, a inclusão também pressupõe a igualdade o acesso da pessoa com deficiência a todos os espaços da vida em sociedade. Entretanto, difere-se no fato de que, no paradigma de serviços a mudança deveria acontecer com o indivíduo, visando a normalização, sendo que a atuação da sociedade acontece como um uma complementação nesta intervenção, tendo conotação de auxiliares no processo de aceitação e busca da normalização(ARANHA, 2001). Já no Paradigma de Suportes, contextualiza-se o conceito de inclusão, buscando intervenções eficazes e decisivas tanto no desenvolvimento do indivíduo quanto em sua adequação à realidade social. Para isso, é necessário o planejamento do trabalho a ser desenvolvido com o indivíduo, no qual o objetivo principal e imediato seja a intervenção nas diferentes jurisdições nas quais ele está inserido em sua comunidade, buscando ajustá-las de maneira que a pessoa com deficiência encontre condições de acesso a todos os contextos da vida em sociedade.(ARANHA, 2001). De acordo com Aranha (2001) existem muitos equívocos relacionados a estes conceitos; no entanto, baseado no processo de construção histórico a diferenciação entre os termos integração e inclusão está relacionado: [...] no fato de que enquanto que no primeiro se procura investir no “aprontamento” do sujeito para a vida na comunidade, no outro, além de se investir no processo de desenvolvimento do indivíduo, busca-se a criação imediata de condições que garantam o acesso e a participação da pessoa na vida comunitária, através da provisão de suportes físicos, psicológicos, sociais e instrumentais (p. 20). Conceito de Inclusão Social De acordo com Omote (2008), o conceito de Inclusão Social não descarta a importância da capacitação de pessoas com deficiência tanto para suas relações sociais quanto para o desempenho de diversos papéis na sociedade; no entanto, explica que para que o processo de inclusão aconteça é preciso que a sociedade ofereça condições de acolhimento a pessoa com deficiência. Para isso, é preciso oportunizar os suportes que forem necessários, seja social, físico, econômico e instrumental, para que possam usufruir de maneira igualitária o espaço comum e de todos. Desta forma: [...] levou finalmente à compreensão de que, em vez de isolar os portadores dessas condições, a sua presença e a participação nos principais segmentos da sociedade deveriam ser preservadas. Supõe-se que tanto os deficientes quanto os demais membros da comunidade ganham em seu desenvolvimento pessoal e social, com essa convivência (OMOTE, 2008, p. 24). Desta maneira, a inclusão social é um processo que envolve todos os cidadãos, não só aqueles que apresentam alguma deficiência. Para que haja a inclusão das pessoas com deficiência é preciso que a sociedade seja inclusiva. Para isso é preciso que ela seja democrática oferecendo oportunidades iguais tanto nas instânciasde debates quanto na tomada de decisões; garantido os suportes necessários para que esta participação seja efetiva (ARANHA, 2001). Mas para que as pessoas com deficiência possam usufruir de todos serviços necessários ao seu desenvolvimento e tratamento, faz- se necessário que a sociedade disponibilize as adaptações necessárias para que o seu acesso seja imediato. Não adianta um discurso de igualdade de oportunidades, se estas não forem garantidas às pessoas com deficiência. É evidente que alguns suportes são possíveis de se oferecer de imediato, enquanto que outros precisam de planejamento tanto de médio quanto de longo prazo; mas todos devem ser viabilizados, para se alcançar uma sociedade democrática e justa (ARANHA, 2001). Neste processo de inclusão é fundamental que a sociedade viabilize soluções relacionadas a convivência na diversidade, expressando o quanto esta pode ser enriquecedora e significativa para todos. Favorecendo a convivência e a familiaridade com as pessoas com deficiência pode-se desfazer as barreiras (sociais, psicológicas, físicas e instrumentais) que dificultam a convivência em um espaço comum (ARANHA, 2001). https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com A realização da inclusão social das pessoas com deficiência depende de uma ação conjunta entre família, setores públicos e a população geral. Para isso, é preciso planejamento e experiências, para que seja identificado as mudanças necessárias em cada comunidade, para que tanto as pessoas com deficiência da comunidade, quanto aqueles que possam visitá-la, tenha garantido o acesso aos serviços ali existentes (ARANHA, 2001). Aranha (2001) destaca ainda que a inclusão social não acontece por meio de decreto, mas sim pelo envolvimento efetivo de toda a sociedade, visando um país humanizado, justo e que se compromete com seu bem estar e futuro. Para que a sociedade brasileira seja realmente democrática é fundamental que se construa um respeito efetivo às pessoas com deficiência, que vem ao longo da história lutando para fazer valer seus direitos, já garantidos por lei. A Inclusão Escolar Os movimentos anti-segregacionistas da França, nos anos 1960, foram responsáveis pelas primeiras discussões sobre a inclusão. Mas no entanto, somente em 1986 aconteceu a educação inclusiva neste país, sendo aplicada à todas as crianças (SIMON, 1991, apud TESSARO, 2011). Na década de 1970, o mesmo aconteceu nos Estados Unidos, onde crianças com deficiência passaram a frequentar salas de ensino regular por meio período; até aquelas com comprometimentos graves que antes não recebiam nenhum tipo de atendimento escolar, passaram a frequentar escolas regulares em seus bairros. No ano de 1986, foi instituída a Iniciativa de Educação Regular (REI) cujo o objetivo era incrementar formas de atendimento a estes alunos no ensino regular (KARAGIANNIS et al, 1999). Já na Itália, mudanças ocorreram a partir de 1971, quando foi instituído por lei que todos deveriam estudar em salas regulares das escolas públicas, com exceção daqueles que apresentassem deficiência grave ou profunda que não lhe possibilitasse compreender os conteúdos da sala regular. No entanto, a partir de 1977, a legislação do país garantiu o acesso a todos a escola regular, visando uma escola para todos. (SIMON, 1991 apud TESSARO, 2011). Segundo Werneck (1997) o México foi pioneiro na busca por uma escola que fosse para todos, na época de 1979. Este país por sua vez, fez parte de um projeto em parceria com outros países e o apoio da Unesco no qual buscavam acabar com elitização das escolas em países da América Latina. O mais importante documento elaborado foi a Declaração de Salamanca, que foi elabora durante a conferência realizada nesta cidade da Espanha, no ano de 1994. Participaram desta mais de 300 representantes de 92 países e 25 organizações internacionais, que tinham como objetivo possibilitar a educação para todos. Foi nesta declaração que se utilizou o termo inclusão de forma oficial no contexto da educação (WERNECK, 1997). De acordo com Janial e Manzini (1999 apud TESSARO, 2011), uma das principais decisões tomadas nesta conferência foi que todas as pessoas com deficiência deveriam ser incluídas no ensino comum, sendo essa uma meta mundial. Segundo Karagiannis et al (1999, p.21) a mensagem principal desta conferência foi que “[...] A educação é uma questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos”. Bueno (2001) foi a partir da Declaração de Salamanca que a maioria dos países iniciaram a implantação de ações e legislações que promovesse a inclusão de alunos portadores de deficiência no ensino regular. Isto ocorreu a partir do reconhecimento de que ensino deve ser de qualidade para todos, como também de que todas as crianças dispõem de características, habilidades, interesses e necessidades próprias, por isso a importância da escola adaptar-se a ela. Baleotti e Del-Masso (2008, apud LEITE et al, 2012) afirmam que a partir da década de 1990, inicia-se o movimento pela Escola Inclusiva no Brasil, que possibilitou mudanças importantes no sistema educacional, pois incorporou toda a população, inclusive os alunos da Educação Especial, que sofriam com a discriminação e segregação, que acontecia na escola e também na sociedade como um todo. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com A Educação Inclusiva, segundo Leite e Sartoreto (2012), possibilitou um avanço significativo com relação tanto ao tratamento de pessoas com deficiência como também a gênese de uma escola que possa atender a todos, garantida por lei. No entanto, as autoras explicam que: “[...] ainda hoje as escolas públicas encontram dificuldades pedagógicas e administrativas para promover um ensino de qualidade aos alunos que por longas décadas ficaram a margem da apropriação dos conhecimentos veiculados pela escola, por apresentarem significativas desvantagens acadêmicas, em decorrência de condições diferenciadas de natureza anátomo-fisiológicas, psicossociais, etnoculturais e econômicas, dentre os quais estão aqueles com graves prejuízos são qualificados como pessoas com deficiência (p. 26-27). Com isso, podemos verificar que a Educação Inclusiva requer transformações significativas no sistema educacional, que perpassa por diferentes instâncias, que vai desde a formação do professor à compreensão da diversidade de alunos que fazem parte da escola; levando a uma maneira diferente de compreender a relação do aluno e professor. Sendo fundamentais mudanças tanto conceituais, operacionais metodológicas e comunitárias no sistema educacional, visto que as propostas de ensino para alunos com deficiência precisam ser revistas como um todo, desde suas concepções (LEITE et al, 2012). Segundo dados do Censo Escolar, divulgados no Portal Brasil, no ano de 2014 houve um aumento no número de matrículas de alunos com deficiência. Os dados revelam que 698.768 alunos com deficiência foram matriculados em classes comuns; sendo que o percentual subiu em 93% nas escolas públicas. Vale ressaltar que em 1998, a quantidade de alunos com deficiência matriculados na educação básica chegava a 200.000, no entanto apenas 13% estavam e m classes comuns. Já no ano de 2014, foram 900.000 matrículas, das quais 79% aconteceram em turmas comuns. Fonte: PORTAL BRASIL. Dados do Censo Escolar indicam aumento de matrícula de alunos com deficiência. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/educacao/2015/03/dados-do-censo-escolar-indicam-aumento- de-matriculas-de-alunos-com-deficiencia>. Acesso em: 03 ago. 2017. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/unidade-1 https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/atividadesPágina inicial ATIVIDADES 1. Em uma das civilizações da antiguidade eram garantidos os direitos do recém nascido, no entanto eram especificadas as circunstâncias em que estes poderiam ser negado. O direito de viver ou morrer dependia da sua forma física e vitalidade. Assinale a civilização que garantia este direito. a) Grécia. b) Roma. c) Idade Média. d) Egito. e) Esparta. 2. O planejamento inadequado de um programa de desinstitucionalização pode acarretar vários problemas. Assinale a alternativa que corresponde a este processo: a) Segurança dos pais. b) Alta confiabilidade. c) Papel do setor privado. d) Prestadores de serviços irritados. e) Sistema monetário. 3. Na ideologia de normalização as pessoas com deficiência tinham direito e a necessidade de serem habilitadas ou reabilitadas num nível o mais próximo da normalidade, sendo que este processo era realizado em instituições. Assinale a organização que não faz parte deste trabalho: a) Centro de Vida Dependente. b) Classe especial. c) Casas de passagem. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/atividades https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial d) Escola especial. e) Oficinas abrigadas. 4. Mudanças relacionadas a inclusão de pessoas ocorreram em 1971 na Itália. Assinale a alternativa que apresenta uma destas mudanças. a) Primeiras discussões sobre inclusão. b) Crianças com deficiência passaram a frequentar salas de ensino regular por meio período. c) Todos deveriam estudar em salas regulares das escolas públicas, com exceção daqueles que apresentassem deficiência grave ou profunda que não lhe possibilitasse compreender os conteúdos da sala regular. d) No ano de 1986, foi instituída a Iniciativa de Educação Regular (REI). e) Todas as pessoas com deficiência deveriam ser incluídas no ensino comum, sendo essa uma meta mundial. Resolução das atividades Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/atividades https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/resumo Página inicial RESUMO Neste estudo fizemos um resgate histórico sobre como as pessoas com deficiência foram compreendidas pela sociedade, sempre considerando que o contexto social na qual estavam inseridas influenciou diretamente nesta concepção. Quando retomamos as civilizações antigas, como Egito, Roma e Grécia percebemos que a deficiência estava muito relacionada a questões místicas, como decorrente de algo negativo, que deveria ser eliminado. Salvo, quando adquiridas durante a vida, principalmente se tivesse contraído em alguma batalha. Com o advento do cristianismo todos passaram a ser iguais diante de Deus e as pessoas com deficiência passaram a ser protegidas. Mas com a Idade Média, há uma inversão neste contexto e a exclusão em mosteiros passou a ser a maneira de protegê-las. No século XII a exclusão das pessoas com deficiência deu-se por meio de hospitais gerais e instituições asilares que acabavam por ser depósitos de pessoas, não só com deficiência mas também de doentes mentais e daqueles que não se ajustavam a sociedade. Seguindo o pensamento de Aranha, conhecemos os três paradigmas que permeiam a relação da pessoa com deficiência com a sociedade, o paradigma da institucionalização, o paradigma de serviços e o paradigma de suporte. No paradigma da institucionalização, discorremos sobre as instituições totais e a precariedade dos serviços oferecidos nas mesmas, que muitas vezes não proporcionavam condições dignas aos seus internos; e que por isso, desencadeou o movimento pela desinstitucionalização fundamentado em interesses do sistema social, como também por críticas tanto científicas quanto de direitos humanos. Com isso, se estabelece um novo paradigma, o de serviços; com a ideologia da normalização, ou seja, oferecer os serviços necessários para que o sujeito ter uma existência o mais próxima do normal. As entidades de transição realizavam um trabalho com o intuito de integrar a pessoa com deficiência na sociedade. No entanto, neste paradigma a mudança estava centrada no sujeito e as críticas voltaram-se para os direitos das pessoas com deficiência enquanto cidadãos. Sendo assim, surge o paradigma de suporte sustentado no direito de convivência das pessoas com deficiência e ao acesso a tudo o que é ofertado a todos os cidadãos. Assim a mudança passa a ser na sociedade, que deve oferecer condições de acesso a todos, proporcionando os suportes necessários para sua efetiva participação; promovendo assim a Inclusão social. Partindo desta, desenvolveu-se a inclusão escolar com princípios de uma escola para todos, que ainda encontra dificuldades de implementação até os dias de hoje. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/resumo https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/eu-indico Página inicial Material Complementar Leitura Educação Especial na Escola Inclusiva: Políticas, Paradigmas e Práticas Autor: Rosângela Machado Editora: Cortez Sinopse : Inovar as práticas de educação especial e dar novos rumos para a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular A autora apresenta o desafio, à reorganização dos serviços de educação especial de forma que seja complementar ao ensino regular e não um substitutivo. Filme Primeiro da classe (Front of the Class) Ano : 2008 Sinopse : Drama familiar inspirado na vida de Brad Cohen com síndrome de Tourette, que desafiou a doença para realizar o sonho de ser professor e vencer suas dificuldades. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/eu-indico https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/refer%C3%AAncias Página inicial REFERÊNCIAS AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São Paulo: Ed. Robel, 1995. ARANHA, M.S.F. Integração Social do Deficiente: Análise Conceitual e Metodológica. Temas em Psicologia, 1995, nº 2, pp. 63- 70. ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, DF, 11(21), 160-173, 2001. Disponível em: < http://www.anpt.org.br/site/download /rev_mpt_21.pdf >. Acesso em: 25 jul. 2017. BARTALOTTI, C. C. Inclusão social das pessoas com deficiência: utopia ou possibilidade? São Paulo: Paulus, 2006. BENELLI, SJ. Goffman e as instituições totais em análise. In: A lógica da internação: instituições totais e disciplinares (des)educativas [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 23-62. ISBN978-85-68334-44-7. Avaliado por SciELO Books < http://books.scielo.org >. BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidade educacionais especiais. 2ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2006. BUENO, J. G. S. Educação inclusiva e a escolarização e a escolarização de surdos. Revista Integração. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial. Ano 13, nº23, p. 37-42. DICHER, M.; TREVISAM, E. A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: inclusão como exercício do direito à dignidade da pessoa humana. In: Direitos fundamentais e democracia III [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI/UFPB; coordenadores: Jonathan Barros Vita, Jamile Bergamaschini Mata Diz, Narciso Leandro Xavier Baez. – Florianópolis : CONPEDI, 2014. FOUCAULT, M. Microfísica do poder.Rio de Janeiro: Editora Graal; 1985. GOFFMAN, E. Asylums. Chicago: Aldine Publishing, 1962. JÖNSSON, T. Inclusive education. Hyderabad Índia: THPI, 1994, 158p. KARAGIANNIS, A.; STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Visão geral histórica da inclusão. IN: S. Stainback (org) Inclusão: um guia para educadores. Tradução Magda França Lopes. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. LEITE, L. P., SARTORETO, S. E. Fundamentos e estratégias pedagógicas inclusivas: respostas às diferenças na escola. São Paulo : Cultura Acadêmica, Marília : Oficina Universitária, 2012. MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas. (5 ed). São Paulo: Cortez, 2005. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/refer�ncias https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fwww.anpt.org.br%2Fsite%2Fdownload&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNEsvuE5FbEkI3Q3XUkHXXnrPJ56kA http://www.google.com/url?q=http%3A%2F%2Fbooks.scielo.org&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNElozfftNdCynzVOcES2a_UpgO7jg MENDES, E. G. Deficiência Mental: A construção científica de um conceito e a realidade. Tese de Doutorado - USP: São Paulo, 1995. OMOTE, S. Diversidade, Educação e Sociedade Inclusiva. In OLIVEIRA, A.A.S.; GIROTO, C.R.M; OMOTE, S.(orgs) Inclusão Escolar: as contribuições da educação especial. 1ª ED. Marília: Fundepe/ Cultura Acadêmica, 2008, p 15-32. PESSOTTI, I. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: T. A. Queiroz Editor Ltda, EDUSP, 1984. RIBEIRO, W. C.; LOBATO, W.; LIBERATO, R. C. Paradigma tradicional e paradigma emergente: algumas implicações na educação. Revista Ensaio. Belo Horizonte, v.12, n.01, p.27-42, jan-abr, 2010. SILVA, R. A. A Trajetória da Educação Especial Brasileira: das Propostas de Segregação à Proposta Inclusiva: O Olhar da Cidade de Mairiporã. Monografia apresentada para conclusão do curso de Especialização Latu Sensu “A Educação Inclusiva na Deficiência Mental”, PUC, São Paulo, 2003. SILVA, O.M. A epopéia ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo: Cedas Editora; 1987. SCHEWINSKY, S. R. A barbárie do preconceito contra o deficiente – todos somos vítimas. Acta fisiátrica. 2004. SZASZ, T.S. A fábrica de loucura. Tradução Dante Moreira Leite, 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1971. TESSARO, N. S. A Inclusão escolar: concepções de professores e alunos da educação regular e especial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. WERNECK, C. Ninguém mais pode ser bonzinho, na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: EVA, 1997. WILKINSON, P. O livro ilustrado da mitologia: lendas e histórias fabulosas sobre grandes heróis e deuses do mundo inteiro, tradução de Beth Vieira, 2 ed. São `Paulo: Publifolha, 2002. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/refer�ncias https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/aprofundando Página inicial APROFUNDANDO Neste, estaremos evidenciando os aspectos principais destacados em cada um dos paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência apresentados por Aranha (2005), ou seja, paradigmas: da institucionalização, de serviços e de suporte. PARADIGMA DA INSTITUCIONALIZAÇÃO: • As pessoas com deficiência eram isoladas da sociedade, em conventos, asilos, instituições. • Mesmo com os avanços da medicina, este paradigma permaneceu por mais ou menos 500 anos e ainda é comum em alguns países. • Formado por instituições segregadoras que geralmente eram situadas distante da sua comunidade de origem. • Começou a ser criticado e analisado a partir da década de 1960. • Publicação em 1962 do Livro Asylums, de Goffman, no qual faz duras críticas sobre as instituições totais, falando sobre os efeitos da institucionalização nos sujeitos. • O sistema passa a ter interesse na desinstitucionalização devido ao alto custo de manutenção desta demanda, vista como improdutiva. • Reflexões e críticas relacionadas aos direitos humanos e das minorias, nos países ocidentais, também contribuíram para o repensar sobre este tipo de atendimento. • Novos conceitos passam a ser apresentados o da desinstitucionalização e o da normalização. PARADIGMA DOS SERVIÇOS: • Baseado na ideologia de normalização, que tinha como princípio inserir as pessoas com deficiência na comunidade, buscando oferecer condições para que ela pudesse ter uma vida o mais próxima do que era considerado normal. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/aprofundando https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial • Conceito de integração: evidenciava a necessidade de que a pessoa com deficiência se adequasse aos padrões de normalidade estabelecidos na época, para que assim pudesse ser inserida na sociedade. • O foco da mudança era centralizado no indivíduo. • A sociedade passa então a oferecer recursos e serviços que possam auxiliar as pessoas com deficiência a integrarem na sociedade. • A oferta de serviços era realizada em três etapas: avaliação, intervenção e encaminhamento. • Na avaliação, realizada por uma equipe de profissionais que verificavam as mudanças que seriam necessárias para que o sujeito se aproximasse da normalidade. • Já a intervenção era realizada por meio de atendimentos sistematizados, que tinham como subsídio à avaliação realizada anteriormente; sendo realizadas em diferentes locais e instituições. • Construção de escolas especiais e classes especiais. • Inserção de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular de forma gradativa. • A última etapa compreendia o encaminhamento (ou reencaminhamento) para a vida em sociedade. • Efetivou-se por nas escolas especiais, centro de reabilitação e entidades assistenciais. • Recebeu muitas crítica da academia científica, como também das pessoas com deficiência que passaram a organizarem-se em associações. • Críticas relacionadas à normalização, como se o fato de ser diferente decretasse menos valia. • O movimento perdeu força e passou a se refletir sobre os direitos das pessoas com necessidades educacionais especiais como cidadãos. PARADIGMA DE SUPORTE: • Reconhece a necessidade dos serviços oferecidos no contexto da sociedade, no entanto, estes não são vistos como a única opção de desenvolvimento. • Garantia de acesso á todos, independente de suas características individuais. • Disponibilização de suportes e recursos necessários ao seu desenvolvimento. • Mudança caracterizada como inclusão social. • Diferentes tipos de suportes: físico, social, instrumental e econômico. • Processo bidirecional: implicando em mudanças tanto da pessoa com necessidades educacionais especiais quanto da sociedade. PARADIGMA DE SUPORTE: • O contexto em que a pessoa com necessidades educacionais especiais está inserido terá que fazer os ajustes necessários e oferecer os suportes para que ele se desenvolva. • Necessidade de mudanças quanto ao currículo, avaliação, metodologias, ambiente escolar, formação do professor para que o aluno com ou sem deficiência possam desenvolver seu potencial. • Respeito às características individuais e ritmo de aprendizagem. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/aprofundando https://getfireshot.com • A convivência com a diversidade, respeitando as diferenças possibilita o crescimento de todos. • Está vigente até o momento, tentando estruturar um sistema educacional democrático que possibilite o acesso e a permanência de alunos com necessidades educacionais educacionais. Algumas considerações sobre os paradigmas: Apesar de, no momento, o movimento inclusivo apresentar grande visibilidade, principalmente naspolíticas públicas, podemos ainda encontrar no contexto, principalmente educacional, profissionais que ainda acreditam nos paradigmas anteriores. Ainda encontramos discursos convictos que o meu lugar para esses alunos são as escolas especiais. Mas felizmente, isso tem mudado ao longo dos anos e cada vez mais as barreiras estão sendo derrubadas. Isto decorre, grande parte, pela capacitação do professor, pois é somente por meio do conhecimento que podemos desfazer preconceitos. “Inclusão é sair das escolas dos diferentes e promover a escola das diferenças” Maria Teresa Eglér Mantoan PARABÉNS! Você aprofundou ainda mais seus estudos! REFERÊNCIAS ARANHA, M. S. F. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola : necessidades educacionais especiais dos alunos. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. Avançar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/aprofundando https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial/editorial Página inicial EDITORIAL DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ . Núcleo de Educação a Distância; GARCIA, Raquel de Araújo Bomfim. Educação Inclusiva na Sociedade Contemporânea. Raquel de Araújo Bomfim Garcia. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 37 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Educação. 2. Inclusão. 3. Deficiente. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 371 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional Equipe Produção de Materiais Fotos : Shutterstock NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Retornar UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p�gina-inicial/editorial https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc1/p%C3%A1gina-inicial Página inicial HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Professor (a) : Me. Raquel de Araújo Bomfim Garcia Objetivos de aprendizagem • Conhecer como se estruturam as primeiras instituições que ofereceram atendimento a pessoas com deficiência no Brasil. • Compreender como foram se estruturando os atendimentos às pessoas com deficiência até a década de 1950. • Verificar as ações, tanto governamentais quanto da sociedade civil, em prol da educação de pessoas com deficiência a partir de 1950. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p%C3%A1gina-inicial Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • As primeiras iniciativas de atendimento a pessoas com deficiência • A Educação Especial até a década de 1950 • Educação Especial: ações governamentais e da sociedade civil Introdução Caro(a) aluno(a), neste estudo nos propomos a estar fazendo junto com você um resgate histórico de como foi se estruturando a Educação Especial no Brasil, por meio de fatos que foram relevantes neste contexto. A Educação Especial em sua trajetória inicial não se difere muito do ensino comum, pois também esteve atrelada a interesses políticos, econômicos e sociais de cada momento histórico. Diante disso iniciaremos conhecendo como foram organizadas as primeiras instituições que ofereceram atendimento a pessoas com deficiência, atentos as razões e a maneira com que foram constituídas. Conheceremos então como foram se estruturando os atendimentos, que a princípio eram baseados na institucionalização, principalmente no período do Império, sendo que as iniciativas eram direcionadas a pessoas com deficiência auditiva e visual. Após a Proclamação da República e da Constituição de 1881, você vai perceber que algumas iniciativas isoladas de atendimento a pessoas com deficiência junto ao ensino comum começam a aparecer, mas de maneira bastante irrisória. Também irá conhecer as primeiras instituições que se preocuparam com o atendimento de pessoas com deficiência física e intelectual. A partir da década de 1950 você vai perceber algumas ações do poder público que legitimaram e apoiaram o atendimento educacional de pessoas com deficiência. Assim como, reconhecerá instituições que desenvolvem até hoje um trabalho importante na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Este conhecimento histórico é fundamental para que reconheçamos o processo de enfrentamento no qual pessoas com deficiência, suas famílias e a sociedade foram se organizando para que estas pudessem fazer parte do sistema educacional. Então, vamos começar nossa percurso histórico. Bons estudos. Avançar https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p�gina-inicial https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p%C3%A1gina-inicial/unidade-2 UNICESUMAR | UNIVERSO EAD https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p�gina-inicial https://getfireshot.com Página inicial As primeiras iniciativas de atendimento a pessoas com deficiência Para compreendermos como foi se organizando a Educação Especial no Brasil precisamos retomar os fatos históricos marcados por movimentos e ações em prol das pessoas com deficiência. A busca por espaço no sistema educacional iniciou ainda no Império e neste período teve sua trajetória marcada por ações isoladas, muitas vezes relacionadas a casos específicos e fundamentadas por idéias vindas principalmente da Europa. Nesta aula estaremos detalhando eventos que foram relevantes para a educação de pessoas com deficiência no Brasil. As primeiras iniciativas A educação no Brasil, conforme Jannuzzi (2006), desenvolveu-se em decorrência dos propósitos de determinados segmentos da sociedade. Durante o Império os filhos de famílias abastadas iam estudar no exterior, principalmente na Europa; já a necessidade de alfabetizar os menos favorecidos esteve atrelada a interesses políticos, à necessidade eleitoral, à manutenção de ideologias e ainda ao atendimento à carência de mão de obra especializada pelo sistema de produção vigente. Partindo deste pressuposto, o que podemos considerar é que a necessidade de oferecer educação às classes menos favorecidas estava subordinada a interesses da classe dominante, ou seja, à necessidade que tinha o sistema de produção de trabalhadores qualificados para exercer suas atividades. De acordo com Jannuzzi (2006), esta forma de conduzir a educação foi comum e perdurou até que movimentos populares organizados passaram a reivindicar o direito à educação para todos. Com a Educação Especial não foi diferente, pois o deficiente no período do Império era segregado da sociedade; com exceção de algumas iniciativas isoladas de atendimento educacional. Assim, como na Educação Geral, na Educação Especial houve interesses do sistema social que favoreceram o atendimento destes alunos. Segundo Jannuzzi (2006, p. 53), “[...] a defesa da educação de anormais, foi feita em função da economia dos cofres públicos e dos bolsos dos particulares, pois assim se evitariam manicômios, asilos e penitenciárias, tendo em vista que essas pessoas seriam incorporadas ao trabalho”. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p%C3%A1gina-inicial https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p%C3%A1gina-inicialApesar de a Educação Geral e a Educação Especial terem caminhos semelhantes em sua estruturação, com o tempo a primeira passou a absorver as ideias dominantes, realizando a seleção dos “anormais” com um critério impreciso de “normalidade”. Assim, aqueles que apresentavam uma deficiência foram sendo intitulados ao longo da história como excepcionais, retardados, atrasados, dentre outros qualificativos, seguindo o que é determinado pelo modelo social da época, ou seja, conforme o comportamento esperado para aquele momento, naquela sociedade (JANNUZZI, 2006). Isto pode ser constatado por meio da história da Educação Especial, sobre a qual trataremos a seguir. Esclarecemos que foram mantidos os termos utilizados pelos autores para se referir às pessoas com deficiência, por isso você pode observar em alguns momentos o uso de anormais, deficientes, excepcionais, deficitários entre outros. Segundo Sassaki (2002), a maneira correta de se utilizar um termo depende dos valores e conceitos da época e da sociedade a qual está inserido; com isso os termos vão se alterando em conformidade com as mudanças ocorridas nos conceitos e valores da mesma. Fonte: Sassaki, R. K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, São Paulo, ano 5, n. 24, jan./fev, 2002. De acordo com Jannuzzi (2006), a preocupação com a educação das crianças deficientes começou a partir dos séculos XVIII e XIX, mas só se evidenciou após a independência do Brasil, com ideias justificadas no liberalismo de elite, que concordava com concepções que não prejudicasse seus interesses; tendo influência de ações que vinham sendo desenvolvidas em países da Europa e dos Estados Unidos da América. Diante desta realidade, a primeira iniciativa aconteceu em 1835, com a elaboração de um projeto que visava criar, no Rio de Janeiro e em outras províncias, o cargo de professor primário para surdos-mudos, porém o projeto foi arquivado. Projetos como este só se concretizaram muitos anos depois, a partir de avanços no setor econômico do país, maior estabilidade no governo imperial, como também pela adesão de ideias trazidas pela elite brasileira que realizava sua formação acadêmica na Europa (JANNUZZI, 2006), pois na realidade, políticas públicas para estas pessoas só vieram a concretizar-se no século XX, entre as décadas de 50 e 60, por iniciativas oficiais e particulares (MAZZOTA, 2005). Os primeiros atendimentos institucionais Uma das referências deste fato foi a fundação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos na cidade do Rio de Janeiro, ocorrida em 1854 pelo Decreto Imperial n.º 1.428, marco inicial de políticas públicas referentes a pessoas com deficiência no Brasil (MAZZOTTA, 2005). Segundo Jannuzzi (2006), esta teve influência de um fato isolado: José Alvares Azevedo, cego brasileiro que estudou na França, ao retornar ao Brasil indignou-se com o descaso na educação dos cegos e traduziu o livro “História do Instituto dos Meninos Cegos de Paris”, de J. Dondet. Quando um médico do imperador, José Francisco Xavier Sinaud, conheceu esta obra, entrou em contato com Azevedo para que este alfabetizasse sua filha cega. Sinaud, que era médico particular do imperador, intermediou as propostas de Azevedo para a criação deste instituto. Nesta instituição o regime era de internato e retratava o pensamento segregativo da época, instaurando um universo pedagógico de vigilância. É importante ressaltar que aos alunos era oferecida a possibilidade de serem “repetidores”, e após dois anos nesta atividade podiam tornar-se professores. Mesmo sendo uma atividade profissional realizada dentro da instituição, havia certa preocupação em oferecer um trabalho a estes alunos. Mazzotta (2005) destaca que em 1890 o Governo Republicano, editou o Decreto n.º 408, mudando o nome da instituição para Instituto Nacional dos Cegos e validando o regulamento, elaborado por Benjamin Constant. A instituição tinha entre suas propostas o ensino das primeiras letras, de disciplinas científicas e de práticas profissionais. O número de vagas foi aumentado para 150 alunos (Jannuzzi, 2006). No ano de 1891, pelo Decreto n.º 1.320, foi novamente mudado o nome da instituição, que passou a ser denominada de Instituto Benjamin Constant (IBC), em homenagem ao seu ex-diretor e professor de matemática. https://sites.google.com/fabrico.com.br/poseinsc2/p�gina-inicial/unidade-2 https://getfireshot.com Figura 1 - Instituto Benjamin Constant Fonte: Wikipedia (2009, online). No ano de 1958 foi também criada a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários Visuais, que, vinculada ao Instituto Benjamin Constant, buscava suscitar a educação e a reabilitação de deficientes visuais brasileiros de todas as idades. Entre as estratégias de trabalho chama a atenção a preocupação com a integração dos cegos e amblíopes em todos os campos da sociedade e principalmente em estabelecimentos de ensino destinados a videntes. Esta estratégia foi regulamentada pela Portaria n.º 477/1958. No ano de 1960 esta campanha passou a ser denominada Campanha Nacional de Educação dos Cegos (CNEC), e desde então, subordinada ao Ministério da Educação, e não mais ao Instituto Benjamin Constant (MAZZOTTA, 2005). Ainda no governo imperial, no ano de 1857 foi fundado o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, também no Rio de Janeiro. Este, por sua vez, foi organizado por um educador francês surdo chamado Edouard Huett, que veio para o Brasil por influência de autoridades da época e dirigiu o instituto até 1861. No ano de 1862 a direção passou para o Dr. Manuel de Magalhães Couto, que para isso foi receber formação no Instituto de Paris (Jannuzzi, 2006). No ano de 1957, pela Lei n.º 3.198, a nova instituição passou a denominar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Este, desde sua fundação, tinha como proposta oferecer educação literária e profissionalizante a estes alunos (MAZZOTTA, 2005). A intenção de ensinar um ofício a estes alunos foi evidenciada logo após o início das atividades destes institutos, com a criação de oficinas específicas; no entanto, em 1872, o atendimento a esta população (35 cegos e 17 surdos) era inexpressiva em relação à quantidade de cegos e surdos apurada pelo recenseamento do Brasil de 1909, em que somavam 15.848 cegos e 11.595 surdos. Não obstante, este dado revela um fator importante: a inserção dessa parcela da população nas estatísticas da população brasileira (JANNUZZI, 2006). O trabalho do IBC e do INES deu motivo para a discussão da educação de portadores de deficiência no 1º Congresso de Instrução Pública, realizado em 1883, que incluiu na pauta a busca por “sugestões de currículo e formação de professores para cegos e surdos” (Mazzotta, 2005, p. 30). No entanto, após este congresso a educação dos deficientes passou por um momento de estagnação, quando foi delegada aos governos provinciais. Não havia muito interesse pela educação dessa população, nem mesmo pela educação popular, pois, como a sociedade era basicamente rural, havia sempre alguma atividade que poderiam desenvolver, por isso não eram considerados deficientes. Havia poucas escolas, e estas eram disponíveis apenas para as classes mais abastadas, e deste modo “[...] a escola não funcionou como um crivo, como um elemento de patenteação de deficiências” (JANNUZZI, 2006, p. 16). Com isto, apenas às crianças que apresentavam muitas dificuldades eram recolhidas em instituições. No Segundo Império houve outras ações referentes ao atendimento aos deficientes, porém a maioria delas estava relacionada à assistência médico-pedagógica, e não à educação, como era o caso do Hospital Estadual de Salvador, que acolhia deficientes mentais no ano de 1874 (MAZZOTTA, 2005). Jannuzzi (2006) contesta esta informação afirmando que registros revelam que foi o Pavilhão Bourneville o primeiro a abrigar uma Escola Especial para Anormais no ano de 1903, com a reforma do Hospital
Compartilhar