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Educação Inclusiva

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Unidade 1
Educação 
Especial no Brasil 
e no Mundo
TULIANE FERNANDES DUTRA
ISABELA CRISTINA MARINS BRAGA
Educação Inclusiva
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
TULIANE FERNANDES DUTRA
ISABELA CRISTINA MARINS BRAGA
AS AUTORAS
Tuliane Fernandes Dutra 
Eu, Tuliane, sou formada em Pedagogia e Sistemas de Informação, 
com experiência técnico-profissional na área de Análise de Sistemas e 
desenvolvimento de materiais para Educação a Distância há mais de 15 
anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência 
de vida.
Isabela Cristina Marins Braga
Eu, Isabela, sou Doutora em Educação (UCB-DF), Mestre em 
Educação (UCB-DF), especialista em Gestão Empresarial (Instituto de 
Ensino Superior Cenecista de Unaí) e graduada em Administração (Instituto 
de Ensino Superior Cenecista de Unaí). Professora da Faculdade de Ciências 
e Tecnologia de Unaí – FACTU desde 2013, lecionando as disciplinas de 
Metodologia do Trabalho Acadêmico, Pesquisa Aplicada, Hermenêutica, 
Teorias das Organizações, Gestão de Pessoas 1 e 2, Comportamento 
Organizacional, Gestão Estratégica, Negociação e Resolução de Conflitos, 
Administração da Produção e Economia básica. Sou orientadora de 
Trabalhos Acadêmicos, examinadora de bancas de monografia, revisora e 
consultora de trabalhos acadêmicos, além de pesquisadora do grupo de 
Pesquisa de Políticas Federais de Educação – GPPFE da UCB-DF
Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar 
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Educação Especial no Mundo ...............................................................10
Da Antiguidade a Idade Média ..............................................................................................10
Criação das instituições especializadas para atender as pessoas por tipo 
de deficiência ..................................................................................................................................... 13
Educação Especial no Brasil ...................................................................19
Médico-pedagógica ......................................................................................................................25
Vertente psicopedagógica .......................................................................................................25
Terminologias utilizadas na história da Educação Especial .............................26
Legislação da Educação Especial: percurso histórico ................31
Como tudo começou ................................................................................................................... 31
Legislação Brasileira .....................................................................................................................34
Educação Especial versus Educação Inclusiva ...............................44
Inclusão social ...................................................................................................................................47
7
UNIDADE
01
Educação Inclusiva
8
INTRODUÇÃO
Olá estudante! 
Nesta unidade de estudo, vamos abordar sobre a história da 
Educação Especial no Mundo e no Brasil. Você sabe como as pessoas 
com deficiência eram vistas e tratadas pela sociedade? Quando as 
pessoas com deficiência começaram a ser reconhecidas e valorizadas 
como cidadãos? É importante que você compreenda que a Educação 
Especial é o primeiro passo para a Educação Inclusiva. Dessa forma, você 
estudará o percurso da legislação brasileira na Educação Especial até 
os dias atuais, em que a sociedade e o governo buscam uma Educação 
Inclusiva de qualidade para todos. Mas afinal, qual a diferença entre 
Educação Especial e Educação Inclusiva? Você sabe? Vamos descobrir?
Bons estudos!
Educação Inclusiva
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 01. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta 
etapa de estudos:
1. Entender a história da Educação Especial no mundo, seus marcos 
históricos e percurso até os dias atuais;
2. Discernir sobre o percurso histórico da Educação Especial no 
Brasil até os dias de hoje;
3. Compreender o percurso da legislação brasileira referente à 
Educação Especial até os dias atuais;
4. Diferenciar a Educação Especial da Educação Inclusiva.
Então, vamos iniciar os estudos!
Educação Inclusiva
10
Educação Especial no Mundo 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como começou a Educação Especial no Mundo. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. É importante 
saber que a Educação Especial tem um papel muito 
importante na história das pessoas com deficiência, pois foi 
a partir dela que os indivíduos com deficiência começaram 
a ser vistos como cidadãos, capazes de conviver e 
desenvolver atividades em sociedade. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
Da Antiguidade a Idade Média
Antes de adentrar a Educação Especial, vamos entender como 
as pessoas com deficiências eram vistas e tratadas pela sociedade na 
Antiguidade. Veja uma síntese na tabela 1 a seguir.
Educação Inclusiva
11
Tabela 1: Pessoas com deficiência da Antiguidade
ÉPOCA CARACTERÍSTICAS
Egito Antigo
Existem evidências arqueológicas que mostram que 
as pessoas com deficiência ocupavam seu lugar na 
sociedade, desenvolvendo suas atividades juntamente 
com as outras pessoas. (GUGEL, 2010 apud SILVA, 
2012). Observe na Imagem 1.
Imagem 1 - Representação de um homem com 
deficiência física com a sua família.
Fonte: Stele of Roma the Doorkeeper, dedicated to the 
goddess Astarte, ca 1400-1365 BC, 2020.
Antiguidade 
Clássica
Neste período, as pessoas com alguma deficiência 
não recebiam qualquer tipo de atendimento, elas eram 
negligenciadas e condenadas ao abandono (SILVA, 
2012).
Educação Inclusiva
12
ÉPOCA CARACTERÍSTICAS
Grécia Antiga
Esta época é marcada pelo ideal da pessoa saudável 
e forte. Nesse contexto, em Esparta, as crianças 
nascidas com deficiências físicas ou mentais, eram 
consideradas subumanas, por isso eram eliminadas ou 
abandonadas. Nesta cidade, as crianças passavam pela 
inspeção do Estado antes mesmo de ficarem sob os 
cuidados da família, para verificar se elas eram sadias 
e fortes. As crianças com algum problema de saúde, 
frágeis ou deficientes eram abandonadas até a morte. 
Já na cidade de Atenas, a decisão de abandonar um 
filho com deficiência ou com problema de saúde era 
tomada pelo pai e não pelo Estado (SILVA, 2012).
Roma Antiga
Na Roma antiga, era o pai que julgavase a criança 
com alguma deficiência ou do sexo feminino seria ou 
não um adulto saudável. A criança era colocada aos 
seus pés, ele fazia um sinal e o bebê era abandonado 
para que morresse por falta de alimento, proteção e 
cuidados básicos (SILVA, 2012).
Fonte: Adaptado (SILVA, 2012).
IDADE MÉDIA
Nesta época, por causa da propagação da doutrina cristã, esse 
quadro de abandono das pessoas com deficiência é alterado, pois para 
esta doutrina o homem era uma criatura divina. Logo, todos deveriam ser 
aceitos e amados como tal (SILVA, 2012). De acordo com Silva (2012) é na 
era cristã, que os indivíduos com deficiência foram alvo de caridade, sendo 
acolhidos em conventos ou igrejas, possivelmente em troca de serviços. 
Entretanto, nesta época, as pessoas com deficiências eram culpadas pela 
própria deficiência, pois a deficiência era compreendida como um castigo 
de Deus pelos pecados cometidos. (SILVA, 2012).
Foi na Idade Média, em Paris, por volta de 1260, que o Rei Luís IX 
criou o primeiro hospital para pessoas cegas. O objetivo deste hospital era 
atender os soldados que tinham ficado cegos durante a Sétima Cruzada. 
Educação Inclusiva
13
O nome dado para o hospital foi Quize-Vingsts, o que significa “15 vezes 
20”, ou seja, 300 soldados cegos (GUSGEL, 2010 apud SILVA, 2012).
Conforme pudemos observar, as pessoas com deficiência já foram 
consideradas incapazes, foram discriminadas, rejeitadas e excluídas pela 
sociedade, além de sofreram infanticídio. 
De acordo com Bergamo (2012), no século XVII os deficientes 
eram internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de 
instituições, eles eram excluídos do convívio social. Somente no final do 
século XVIII e início do século XIX que a sociedade passou a oferecer 
ajuda assistencial (como abrigo e alimentação) para as pessoas com 
deficiência, com objetivo de afastar essas pessoas da vida em sociedade, 
pois os deficientes eram considerados um perigo social.
IMPORTANTE:
“A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as 
pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade para 
qualquer atividade, porque antigamente eram consideradas 
inválidas, sem utilidades social e incapazes para trabalhar, 
características estas atribuídas indistintamente a todos que 
tivessem algumas deficiência (SASSAKI, 2002, p. 31).”
Criação das instituições especializadas para 
atender as pessoas por tipo de deficiência
De acordo com Sassaki (2002) foram criadas instituições 
especializadas que atendiam as pessoas com algum tipo de deficiência, 
por exemplo, instituições para pessoas com deficiência auditiva (surdos). 
Por isso, que esse autor afirma que a segregação institucional continuava 
sendo praticada. Sassaki (2002) explica que os objetivos dessas instituições 
eram fornecer todos os serviços possíveis, já que a sociedade não aceitava 
que as pessoas com deficiência tivessem acesso aos serviços existentes 
na comunidade. 
A década de 60, por exemplo, testemunhou o boom de 
instituições especializadas, tais como: escolas especiais, centros 
Educação Inclusiva
14
de habilitação, centros de reabilitação, oficinas protegidas de 
trabalho, clubes sociais especiais, associações desportivas 
especiais. (SASSAKI, 2002, p. 31)
Veja no quadro a seguir as primeiras instituições criadas e as 
primeiras pessoas a explanar sobre as deficiências.
Quadro 1: As primeiras Instituições Especializadas – Parte 1
1664 - Tomas Willis publica o livro Cerebri anatome, explicando 
cientificamente a deficiência mental como um produto de estruturas 
cerebrais defeituosas ou eventos neurais falhos.
1690 - John Locke publica An essay concerning human understanding, 
o início da teoria organicista, que explica que a deficiência decorre de 
fatores orgânicos, tais como modificações estruturais cérebro. Segundo 
Pessotti (1984 apud SILVA, 2012), John Locke contribuiu para o processo 
de ensino das pessoas com deficiência ao ressaltar que a experiência 
sensorial deve se basear na prática pedagógica e, ainda, que deve haver 
individualidade no processo de aprendizagem.
Século XVII - o abade Charles Michel de L’Epée fundou a primeira escola 
pública para surdos em Paris. Ele é conhecido como o pai dos surdos.
1784 - Valentin Haüy fundou o Instituto Nacional dos Jovens Cegos, 
em Paris. Na época, eram utilizadas letras em relevo no processo de 
aprendizagem dos cegos (Mazzotta, 2005 apud Silva, 2012).
1829 - Louis Braille, adaptou o código militar de comunicação noturna 
criado por Charles Barbier de La Serre. Esse código ficou conhecido 
inicialmente pelo nome de sonografia e, posteriormente, Braille.
Jean Marc Gaspard Itard - médico francês que foi o responsável por 
educar o menino selvagem de Aveyron, capturado por volta de 1800. 
Esse médico foi reconhecido tanto pela sua habilidade de ensinar uma 
língua aos surdos quanto por sua perspicácia na reeducação de Victor 
de I’Aveyron.
1832 - Foi fundada uma instituição para prestar atendimento aos 
deficientes físicos, na Alemanha, em Munique.
Em Roma - A médica italiana, Maria Montessori, contribuiu para a 
evolução da educação especial, ao criar um programa de treinamento 
para crianças com deficiência mental nos internatos de Roma.
Fonte: Adaptado (SILVA, 2012).
Educação Inclusiva
15
Segundo Sassaki (2002), a integração social buscou a inserção 
de pessoas com deficiência aos sistemas sociais como a educação, o 
trabalho, a família e o lazer. O autor elucida que essa abordagem teve 
incentivo de certos princípios e respectivos processos: normalização e 
mainstreaming.
Normalização: 
[...] significa criar para pessoas atendidas em instituições ou 
segregadas de algum outro modo, ambientes tão parecidos 
quanto possível com aqueles vivenciados pela população em 
geral. Fica evidente que se trata de criar um mundo (moradia, 
escola, trabalho, lazer etc.) separado embora muito parecido 
com aquele em que vive qualquer outra pessoa. (SASSAKI, 
2002, p. 32)
Mainstreaming: 
[...] uma tentativa de integração, (...) que significa levar os alunos 
mais próximo possível dos serviços educacionais disponíveis 
na corrente principal da comunidade. (...) ele estudava em uma 
escola comum, embora se tratasse de uma simples colocação 
física do mesmo em várias salas comuns.  (SASSAKI, 2002, p. 32)
Foi no século XX o início da criação das escolas especiais, com 
objetivo de atender crianças e jovens com deficiência. Segundo Bergamo 
(2012), essas escolas tinham um currículo próprio, diferente do ensino 
regular. Era um subsistema dentro do sistema educativo geral, que 
estimulava a discriminação e a rotulação social das crianças em função 
de suas deficiências. Conheça as convenções, reuniões e conferências 
que ocorreram no século XX:
 • Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, das Nações 
Unidas;
 • Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 
em Jomtien, Tailândia. Esta conferência teve uma particular 
importância por ser a matriz da política de inclusão brasileira; 
Educação Inclusiva
16
 • Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais 
Especiais de 1994 em Salamanca, Espanha; 
 • Reunião dos Ministros da Educação da América Latina e Caribe 
em 1996; 
 • Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas 
de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência 
realizada em 1999, na Guatemala;
 • Reunião Regional das Américas, preparatória para o Foro 
Mundial de Educação para Todos realizada em San Domingos, 
em 2000; 
 • VII Reunião Regional de Ministros da Educação de 2001, em 
Cochabamba;
 • Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em 
2006, que objetiva assegurar um sistema de educação inclusiva 
em todos os níveis de ensino.
VOCÊ SABIA?
É importante citar, que além das conferências, também 
temos as declarações, normas e cartas que buscam 
garantir os direitos das pessoas com deficiência.
 • 1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU): deter-
mina osdireitos humanos - direito à vida, direito à integridade físi-
ca, direito à liberdade, direito à igualdade e à dignidade e o direito 
à educação, são os direitos fundamentais de todos os indivíduos 
e, consequentemente, estes devem ser respeitados.
 • 1971 - Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Re-
tardadas (ONU): declara os direitos das pessoas com deficiência 
intelectual. 
 • 1980 – Carta para a década de 80: organização das Nações Uni-
das. Esta carta determina metas que os países membros deverão 
cumprir para garantir a igualdade de direitos e oportunidades para 
as pessoas com deficiência.
Educação Inclusiva
17
 • 1993 – Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pes-
soas com Deficiência: organização das Nações Unidas. Estas nor-
mas indicam os padrões mínimos para promover a igualdade de 
direitos, tais como, o direito à educação em todos os níveis para 
crianças, jovens e adultos com deficiência em ambientes inclusivos. 
 • 1993 – Declaração de Manágua: delegados de 39 países das 
Américas impõem a inclusão curricular da deficiência em todos os 
níveis da educação. Além disso, determina as medidas que garan-
tem o acesso aos serviços públicos e privados, incluindo saúde, 
educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para 
os jovens.
 • 1994 - Declaração de Salamanca - proclamada na Conferência 
Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais 
Especiais que reafirma o compromisso com a Educação para To-
dos: Princípios, Política e Prática em Educação Especial.
 • 1999 - Declaração de Washington: representantes dos 50 países 
participantes do encontro “Perspectivas Globais em Vida Inde-
pendente para o Próximo Milênio” reconhecem a responsabilida-
de da comunidade no fomento à educação inclusiva e igualitária 
(Washington D.C., Estados Unidos da América).
 • 2002 - Declaração de Caracas: constitui a Rede Ibero-americana 
de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiên-
cia e suas Famílias: organização e coordenação de ações para de-
fesa dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas 
com deficiência e suas famílias. 
 • 2002 - Declaração de Sapporo: foi na 6ª Assembleia Mundial da 
Disabled Peoples International (DPI), representando 3 mil pessoas, 
em sua maioria com deficiência, 109 países. Essa declaração bus-
ca encorajar os governos em todo o mundo a eliminarem a educa-
ção segregada, bem como a determinarem a política de educação 
inclusiva.
 • 2004 – Declaração de Montreal: aborda um novo redimensio-
namento sobre o conceito de Deficiência Mental para Deficiência 
Intelectual.
Educação Inclusiva
18
VOCÊ SABIA?
Pedro Ponce de Léon, monge espanhol beneditino, foi o 
primeiro educador de surdos da história. Ele dedicou uma 
boa parte da sua vida ao ensino de surdos filhos de nobres.
Figura 1 – Monumento a Pedro Ponce de Léon 
 
Fonte: Wikimedia Commons
RESUMINDO:
Neste capítulo, você conheceu um pouco da história 
das pessoas com deficiência no mundo e compreendeu 
como aconteceu o processo de criação das instituições 
especializadas para atender as pessoas por tipo de 
deficiência e o objetivo dessas instituições. Para finalizar, não 
poderíamos deixar de apresentar os primeiros documentos 
(declarações, normas e cartas) que buscam garantir os 
direitos das pessoas com deficiência. Os estudos sobre 
a história da Educação Especial não terminam aqui. No 
próximo capítulo vamos estudar a história dessa educação 
no Brasil.
Educação Inclusiva
https://www.bancodeimagenesmedicina.com/index.php/banco-de-imagenes/retratos/ponce-de-leon-fray-pedro-281
19
Educação Especial no Brasil
INTRODUÇÃO:
Ao final deste capítulo você será capaz de identificar como 
o liberalismo influenciou a educação das pessoas com 
deficiência no Brasil. Irá conhecer e compreender como as 
primeiras instituições especializadas do país atendiam as 
pessoas com deficiência. Conhecer esse contexto histórico 
é muito importante para você contextualizar a história da 
Educação Especial no Brasil. Vamos lá?
“A sociedade para todos, consciente da diversidade da raça humana, 
estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das 
maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados” (WERNECK, 
1997, p. 21 apud SASSAKI, 2002, p. 164).
Neste capítulo vamos retornar ao final do século XVIII e início do 
século XIX, período em que as ideias liberais são difundidas no Brasil. 
De acordo com Jannuzzi (2004) apud Silva (2012) foram essas ideias que 
influenciaram o surgimento da educação das crianças com deficiência.
Com o liberalismo, houve a luta pela abolição de algumas 
instituições coloniais, a crítica ao dogmatismo e ao poder 
autocrático, a oposição à interferência do Estado na economia 
e a defesa da liberdade de expressão e da propriedade privada 
(COSTA, 1979). Foi uma doutrina que baseou ideologicamente 
as revoluções antiabsolutistas ocorridas na Europa durante 
os séculos XVII e XVIII e também a luta pela independência 
dos Estados Unidos. O liberalismo defendia principalmente 
a liberdade de todos os indivíduos, nos campos econômico, 
político, religioso e intelectual (SANDRONI, 1999) e influenciou 
o início da educação das pessoas com deficiência no Brasil, 
porque o movimento estava vinculado com a democratização 
dos direitos para todos os cidadãos. (SILVA, 2012, p. 21)
De acordo com Silva (2012), a Santa Casa da Misericórdia de 
São Paulo, teve um papel importante na educação das pessoas com 
Educação Inclusiva
20
deficiência, pois era uma instituição que atendia os pobres e os doentes 
e, no ano de  1717, passou a acolher as crianças de 7 anos que eram 
abandonadas. Segundo a autora, não existem registros oficiais de como 
acontecia o atendimento a essas crianças, entretanto, se supõe que 
muitas delas apresentavam alguma deficiência física ou mental.
Depois dos 7 anos de idade, meninos e meninas eram enviados 
para outros seminários que os preparavam para o futuro, 
atitude essa que não era comum na época. É possível que 
algumas crianças com deficiência leve tenham recebido esse 
mesmo tratamento, enquanto as crianças com deficiência 
mais severa permaneciam nas Santas Casas com adultos 
doentes e alienados. (SILVA, 2012, p. 22)
No início do século XIX, o Asilo dos Expostos contribuiu para a 
admissão de crianças com alguma deficiência ou abandonadas, que 
segundo Moraes (2000) apud Silva (2012), pode ser comprovado pela 
seguinte citação:
Nesta época, o campo de assistência social reduzia-se ao 
setor médico hospitalar, representado pela Santa Casa da 
Misericórdia, e por outras poucas obras, como o Lazareto, 
fundado pelo governo provincial em 1802. Com o objetivo de 
resolver o problema, o então presidente da Província, Lucas A. 
M. de Barros, Barão de Congonhas do Campo, criou em 1825, a 
Casa da Roda ou Casa dos Expostos e a instalou no pavimento 
térreo da Santa Casa da Misericórdia. O Asilo dos Expostos era 
também chamado de Casa da Roda em alusão ao dispositivo 
nela existente, uma roda que, girando em torno de um eixo 
perpendicular, ocupava toda uma janela - sempre aberta do 
lado de fora, de modo que quem desejasse se desfazer de 
uma criança pudesse depositá-la na caixa e, movimentando a 
roda, passá-la para o interior do prédio. Na mesma ocasião, o 
governo da Província funda, na capital, em 1824, o asilo para 
meninos órfãos - o Seminário de Sant’Anna -, e, em 1825, para 
as meninas, o Seminário da Glória. (MORAES, 2000, p. 73 apud 
SILVA, 2012, p. 22)
Educação Inclusiva
21
SAIBA MAIS:
ACESSE o site “Viajantes sem fim” para conhecer mais 
sobre a história da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 
Disponível em: https://bit.ly/3b0cKTc.
É importante lembrar que desde a primeira Constituição do país, 
em 1824, o direito das pessoas com deficiência à educação já estava 
previsto. Entretanto, somente em 1857 alguns brasileiros, influenciados 
por experiências realizadas por médicos, filósofos e educadoresde outros 
países, da Europa e dos Estados Unidos começaram a organizar serviços 
voltados para o atendimento das pessoas com deficiência sensoriais, 
mentais e físicas, quando acontecia no Brasil um crescimento econômico, 
a estabilização do poder imperial e a crescente influência das ideias 
trazidas do exterior (principalmente da França), segundo Mazzotta (2005 
apud SILVA 2012).
É nesse contexto que em 17 de setembro de 1854, o Imperador D. 
Pedro II  inaugura o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Segundo Silva 
(2012), José Álvares de Azevedo, um cego brasileiro que havia sido aluno 
do Instituto de Jovens Cegos de Paris, contribuiu muito para criação do 
instituto. Em 1890, devido ao aumento do número de alunos, o prédio 
atual começou a ser utilizado. Posteriormente, em 1891, em homenagem 
a Benjamim Constant Botelho de Magalhães, o nome do instituto foi 
alterado para Instituto Benjamin Constant.
O Imperial Instituto de Surdos-Mudos criado em 1857 no Rio 
de Janeiro, foi o primeiro instituto para atendimento das pessoas surdas 
no Brasil. De acordo com Silva (2012), este instituto foi fundado por meio 
da Lei n°. 839, de 26 de setembro de 1857, aprovada por D. Pedro II. 
Segundo Feneis (2010) apud Silva (2012) em 1956, o instituto passa a ser 
chamado de Instituto Nacional de Surdos e Mudos e, em 1957, o seu nome 
é novamente alterado para Instituto Nacional de Educação de Surdos.
É importante evidenciar, que de acordo com Mazzota (2005) apud 
Silva (2012), o Instituto de Surdos-Mudos foi a primeira escola de alunos 
Educação Inclusiva
https://bit.ly/3b0cKTc
22
com faixa etária entre 7 e 14 anos a se preocupar com o ensino literário e 
profissionalizante de meninos surdos.
Os dois institutos eram mantidos e administrados pelo poder 
central. Segundo Jannuzzi (2004) apud Silva (2012), apesar do atendimento 
precário, é a partir destes dois institutos que se inicia a discussão, em 1883, 
sobre a educação das pessoas com deficiência no Primeiro Congresso de 
Instrução Pública.
[...] assim como a instrução pública primária, a educação das 
pessoas com deficiência não foi considerada importante. Por 
sua vez, o ensino superior progrediu com o apoio da corte, já 
que interessava a elite. Como as escolas eram escassas e de 
pouca qualidade, ela não exerceu o papel de identificadora 
de deficientes. Em uma sociedade pouco urbanizada e pouco 
aparelhada, cuja população era em sua maior parte iletrada, as 
pessoas com deficiência realizavam a maior parte das tarefas 
assim como as demais pessoas sem grandes problemas. 
Apenas crianças com deficiências mais severas chamavam a 
atenção e eram colocadas em instituições. (SILVA, 2012, p. 25)
É importante evidenciar que a valorização da educação na década 
de 60, de acordo com Silva (2012), ocorreu por causa do desenvolvimento 
econômico do país, o qual pregava e ainda prega, a máxima produtividade 
individual e também, por causa do contexto político da época.
A escola passou, portanto, a ser vista e enfatizada como um 
elemento importante para a produção da mão de obra e dos 
recursos humanos ajustados às necessidades das formas de 
produção, justamente para ocupar os quadros superiores da 
administração, técnicos, planejadores que exerciam o papel 
de racionalização da produção.
O trabalho era valorizado e, ainda, como capital necessário 
e indispensável para o desenvolvimento econômico do país. 
Dessa forma, a educação era louvada como elemento de 
promoção individual, de acesso aos melhores empregos, 
inclusive para aumento da renda. (SILVA, 2012, p. 33)
Educação Inclusiva
23
Segundo Mazzotta (2005 apud Silva (2012), além dos dois institutos 
já citados, outros serviços passaram a ser oferecidos à pessoas com 
deficiência. Esses serviços faziam parte do sistema regular de ensino: 
 • 1887 (Rio de Janeiro) - Escola México: atendia pessoas com 
deficiências mentais, físicas e visuais.
 • 1892 (Manaus) - Unidade Educacional Euclides da Cunha: 
atendia os deficientes auditivos e mentais.
 • 1909 (Rio Grande do Sul) - Escola Borges de Medeiros e a Escola 
Delfina Dias Ferraz: acolhiam deficientes sensoriais e mentais, 
sendo que a primeira se refere às pessoas com problemas de 
comunicação, auditivos e mentais.
Já na década de 30, surgiram as primeiras associações organizadas 
por pessoas preocupadas com a questão das pessoas com deficiência. 
De acordo com Silva (2012), nesse mesmo período, paralelamente, se 
tem algumas ações governamentais planejando a criação das instituições 
para atender às necessidades das pessoas com deficiência. Além disso, 
principalmente, a partir da década de 50, instituições filantrópicas 
continuam sendo fundadas. 
1926 - Instituto Pestalozzi do Brasil: atendimento de pessoas 
com deficiência mental. (Observação: se expandiu por várias 
regiões do país).
1928 - Instituto de Cegos Padre Chico: educar crianças com 
deficiência visual em idade escolar.
1929 - Instituto Santa Terezinha: funcionava em regimento de 
internato e recebia apenas meninas surdas. (Observação: em 
1970 ampliou o atendimento para os meninos, como externato, 
e ainda, passou a integrar os alunos com deficiência, com os 
seus alunos do ensino regular).
1943 - Lar-Escola São Francisco: especializada na reabilitação 
de pessoas com deficiência física.
1946 - Fundação para o Livro Cego no Brasil: produção e 
distribuição de livros impressos em Braile. (Observação: em 
Educação Inclusiva
24
1991, o nome da fundação foi alterado para Fundação Dorina 
Nowil para Cegos).
1950 - Associação de Assistência à Criança Deficiente 
(AACD) - atende crianças, jovens e adultos com deficiência 
física buscando prevenir, habilitar e reabilitar, e ainda, propiciar 
a integração social.
1951 - Escola Municipal de Educação Infantil e de Primeiro 
Grau para Deficientes Auditivos Helen Keller.
1954 - Instituto Educação São Paulo (Iesp): atual Centro 
de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação 
(Cerdic). Realiza atendimento educacional para crianças 
surdas e também atendimento clínico para crianças e adultos 
com distúrbios de comunicação.
1954 - Primeira Apae (Rio de Janeiro).
Fonte: Elaborado pela autora (Adaptado de SILVA, 2012. 
Na década de 60, a educação especial é firmemente evidenciada, 
pelo menos nos discursos oficiais (SILVA, 2012). Essa informação pode ser 
comprovada pelas campanhas nacionais, promovidas pelo Ministério da 
Educação nessa época para as pessoas com deficiência: 
 • Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, em 1957;
 • Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários 
Visuais em 1958;
 • Campanha Nacional de Educação do Deficiente Mental, em 1960.
Na história da Educação Especial no Brasil, não podemos deixar 
de citar as duas vertentes pedagógicas: a médico-pedagógica e a 
psicopedagógica que foram observadas durante a história da Educação 
Especial no país. 
Os médicos foram os pioneiros do campo de produção teórica 
das deficiências, seguidos por pedagogos, que por sua vez, 
foram influenciados pela psicologia. (SILVA, 2012, p. 28)
Educação Inclusiva
25
Médico-pedagógica
A vertente médico-pedagógica está relacionada ao campo médico. 
Nesta vertente, de acordo com Silva (2012), as decisões relacionadas 
com o diagnóstico e com as práticas pedagógicas são subordinadas ao 
médico. 
Percebendo a importância da pedagogia e também o quanto 
poderia ser prejudicial segregar as crianças mais comprometidas 
com adultos com diagnósticos de doença mental, médicos 
criaram instituições escolares em salas anexas aos hospitais 
psiquiátricos. Embora esses pavilhões tivessem continuado 
com a segregação dos deficientes, havia a tentativa de ir além 
do atendimento médico e alcançar a educação. Iniciou-se a 
preocupação em sistematizar conhecimentos que pudessem 
ajudar na participação das crianças na vida do grupo social. 
Assim passou a ser estabelecida na educação da pessoa com 
deficiênciaa questão segregação versus integração na prática 
social mais ampla. (JANNUZZI, 2004 apud SILVA, 2012)
Além disso, de acordo com Silva (2012), o médico escolar era o 
profissional que classificava a pessoa com deficiência. A autora explica que 
no modelo do exame médico tinha uma ficha para informar as condições 
físicas, os dados antropométricos e os aspectos cognitivos do aluno.
Vertente psicopedagógica
Segundo Silva (2012), os influenciadores desta vertente foram da 
área de psicologia, em destaque para as obras de Alfred Binet, pedagogo 
e psicólogo francês e Théodore Simon, com os testes de inteligência. 
Jannuzzi (2004) citado por Silva (2012) explica que eles criaram e utilizaram 
uma escala métrica de inteligência, o que representou uma nova forma 
de classificar as pessoas com deficiência com base nos critérios de 
aproveitamento escolar. “Com isso, cresceu significativamente o número 
de alunos que a escola passou a apontar desviantes, iniciando a rejeição 
dos que apresentavam deficiências mais evidentes” (SILVA, 2012, p. 31).
Educação Inclusiva
26
[...] os educadores sentiam dificuldade em reconhecer os 
alunos com deficiência e definir os critérios a serem utilizados 
para a identificação. Diante dessa dificuldade, passaram a ser 
considerados normais todos os alunos que eram capazes 
de se adaptar às condições de vida diária, sendo que essa 
capacidade era identificada com a simples observação do 
comportamento dos alunos. Essa observação era realizada 
pelos professores e, principalmente, por psicólogos. (SILVA, 
2012, p. 31)
É importante evidenciar que, de acordo com Silva (2012), essa 
vertente foi também influenciada pelas reformas do sistema educacional 
propostas pelo movimento da Escola Nova. Os princípios deste movimento 
de acordo com Cunha (1988) apud Silva (2012, p. 31) são: “crença no 
poder da educação, interesse pelas pesquisas científicas e preocupação 
em reduzir as desigualdades sociais, assim como estimular a liberdade 
individual das crianças”.
Terminologias utilizadas na história da 
Educação Especial
Você já estudou sobre a história da Educação Especial no Mundo 
e no Brasil. Entretanto, antes de finalizar esse capítulo sugerimos que 
você veja a seguir, uma síntese das terminologias utilizadas na história 
da Educação Especial. O quadro 2 a seguir foi montado a partir do texto 
“Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, de Romeu Kazumi 
Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, p. 160). 
Educação Inclusiva
27
Quadro 2: Mídia e Deficiência – 1981 a 1993
ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA
De 1981 até 1987. 
Por pressão das 
organizações 
de pessoas 
com deficiência, 
a ONU deu o 
nome de “Ano 
Internacional 
das Pessoas 
Deficientes” ao 
ano de 1981.
“pessoas deficientes”. Pela 
primeira vez em todo o 
mundo, o substantivo 
“deficientes” (como em “os 
deficientes”) passou a ser 
utilizado como adjetivo, 
sendo-lhe acrescentado o 
substantivo “pessoas”.
Foi atribuído o 
valor “pessoas” 
àqueles que 
tinham deficiência, 
igualando-os em 
direitos e dignidade 
à maioria dos 
membros de 
qualquer sociedade 
ou país.
De 1988 até 1993. 
Alguns líderes 
de organizações 
de pessoas 
com deficiência 
contestaram o 
termo “pessoa 
deficiente” 
alegando que 
ele sinaliza que a 
pessoa inteira é 
deficiente, o que 
era inaceitável 
para eles.
“pessoas portadoras 
de deficiência”. Termo 
que, utilizado somente 
em países de língua 
portuguesa, foi proposto 
para substituir o termo 
“pessoas deficientes”.
O “portar uma 
deficiência” passou 
a ser um valor 
agregado à pessoa. 
A deficiência passou 
a ser um detalhe 
da pessoa. O 
termo foi adotado 
na Constituição 
Federal e nos 
estatutos Estaduais 
e em todas as leis e 
políticas pertinentes 
ao campo das 
deficiências.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
No quadro 3 destacamos também do texto as terminologias sobre 
deficiência, adotados na década de 1990. Esta tabela foi construída de 
acordo com o texto “Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, 
de Romeu Kazumi Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, 
p. 160). 
Veja que o autor cita termos como “pessoas com necessidades 
especiais”, “pessoas com deficiência” – utilizado até nos dias atuais – e, 
Educação Inclusiva
28
“pessoas com necessidades educacionais especiais – também utilizado 
até os hoje.
Quadro 3 - Mídia e Deficiência – Década de 1990
ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS
VALOR DA 
PESSOA
De 1990 até hoje. O 
art. 5º. da Resolução 
CNE/CEB no. 2, de 
11/9/01, explica que 
as necessidades 
especiais decorrem 
de três situações, 
uma das quais 
envolvendo 
dificuldades 
vinculadas às 
deficiências e 
dificuldades não-
vinculadas a uma 
causa orgânica.
“pessoas com 
necessidades especiais”. 
A expressão surgiu 
primeiramente para 
substituir “deficiência” 
por “necessidades 
especiais”, daí a 
expressão “portadores de 
necessidades especiais”. 
Depois, esse termo passou 
a ter significado próprio 
sem substituir o nome 
“pessoas com deficiência”.
De início, 
“necessidades 
especiais” 
representava 
apenas um novo 
termo. Depois, 
com a vigência 
da Resolução no 
2, “necessidades 
especiais” passou 
a ser um valor 
agregado tanto 
à pessoa com 
deficiência quanto 
a outras pessoas.
Em junho de 1994. 
A Declaração de 
Salamanca preconiza 
a educação inclusiva 
para todos, tenham 
ou não uma 
deficiência.
“pessoas com deficiência” 
e pessoas sem deficiência, 
quando existirem 
necessidades educacionais 
especiais e se encontrarem 
segregadas, têm o direito 
de fazer parte das escolas 
inclusivas e da sociedade 
inclusiva.
O valor agregado 
às pessoas é o de 
fazerem parte do 
grande segmento 
dos excluídos que, 
com o seu poder 
pessoal, exigem 
sua inclusão 
em todos os 
aspectos da vida 
da sociedade. 
Trata-se do 
empoderamento.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
De acordo com Sassaki (2003), a década de 1990 e a primeira 
década do século XXI estão sendo marcados por eventos mundiais, 
guiados por instituições de pessoas com deficiência que elaboraram 
diversos documentos sobre está temática. Inclusive, segundo o autor, o 
Educação Inclusiva
29
termo “pessoas com deficiência” é usado cada vez mais pelas pessoas 
com deficiência, elas não gostam do termo “portadora de deficiência”.
É nesta época que surgem novos valores agregados às pessoas 
com deficiência: como o do empoderamento (uso do poder pessoal para 
fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada 
um); e o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar 
a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência 
(SASSAKI, 2003).
Quadro 4 - Mídia e Deficiência – Dias atuais
ÉPOCA
TERMOS E 
SIGNIFICADOS
VALOR DA PESSOA
Mais recentemente, 
com a Nova Política 
da Educação 
Especial na 
perspectiva da 
Educação Inclusiva 
e na égide da 
Convenção sobre 
os Direitos das 
pessoas com 
Deficiência, 
aprovada pela 
ONU em 2006, a 
expressão Pessoas 
com Necessidades 
educacionais 
especiais se amplia 
e reconhece a 
importância da 
expressão pessoas 
com deficiência, 
entre outras 
necessidades 
especiais.
Pessoas com 
Necessidades 
Educacionais 
Especiais. Conceito 
que amplia 
educacionalmente 
a sua abrangência 
incluindo nesse 
grupo todos os 
alunos em situação 
de exclusão escolar, 
desde aqueles 
que apresentam 
deficiências, que 
vivem nas ruas ou 
que trabalham, as 
superdotadas, em 
desvantagem social, 
as que apresentam 
diferenças linguísticas, 
étnicas ou culturais, 
com deficiência ou 
altas habilidades.
Considera a 
singularidade das 
pessoas, respeita 
as necessidades 
educacionais especiais 
dos alunos e reconhece 
“que as dificuldades 
enfrentadas nos 
sistemas de ensino 
evidenciam a 
necessidade de 
confrontar as práticas 
discriminatórias e 
criar alternativas para 
superá-las”. Assume 
a educação Inclusiva 
como primeira 
alternativa para 
responderàs demandas 
da sociedade 
contemporânea 
e reconhece a 
necessidade de uma 
abordagem sistêmica 
das políticas públicas 
para a Educação.
Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003).
Educação Inclusiva
30
RESUMINDO:
Neste capítulo estudamos a história da Educação Especial 
no Brasil, que se inicia a partir das ideias liberais. Além 
disso, foi apresentada a primeira instituição, Santa Casa 
da Misericórdia de São Paulo, que atendia os pobres e 
os doentes, e a criação dos primeiros institutos - Instituto 
Benjamin Constant (que atendia as pessoas com deficiência 
visual) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos, e os 
outros institutos, que surgiram depois desses para atender 
as pessoas com deficiência.  Além disso, explicamos as 
duas vertentes pedagógicas (a médico-pedagógica e 
a psicopedagógica) que foram observadas ao longo da 
história da Educação Especial. Para finalizar, foi apresentada 
uma tabela com as terminologias utilizadas na história da 
Educação Especial. No próximo capítulo será apresentado 
o percurso histórico da legislação brasileira na Educação 
Especial até os dias atuais, que busca a inclusão, isto é, a 
convivência entre todos, pessoas com ou sem deficiência.
Educação Inclusiva
31
Legislação da Educação Especial: 
percurso histórico
INTRODUÇÃO:
Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de 
analisar como os movimentos internacionais e nacionais de 
Educação Especial influenciaram no percurso da construção 
da legislação brasileira da Educação Especial até os dias 
atuais. Conhecer a legislação brasileira é fundamental para 
o exercício da sua profissão. Vamos lá!
Como tudo começou
Então, você sabe quando tudo começou? O Primeiro Projeto de Lei 
para as pessoas com deficiência foi proposto em 29 de agosto de 1835 
pelo deputado Cornélio Ferreira França. O documento propõe a criação 
de uma classe para surdos-mudos e cegos (ALIAS, 2016, p. 13). Veja no 
quadro 2 a cronologia no período do Reino e Império, com os principais 
marcos históricos, referente às pessoas com deficiência.
O Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE, 2020) 
apresenta em seu site os principais marcos históricos das pessoas com 
deficiência no período do Reino e Império:
 • 1835 – 29 de agosto - Projeto de lei do deputado Cornélio Ferreira 
França: “art. 1º. - na capital do império assim como nos principais 
lugares de cada província foi criada uma classe para surdos-
mudos e para cegos”;
 • 1852 – 14 de maio – É instalado na avenida São João, próximo à 
praça da República e depois transferido para a rua Tabatingüera 
(1862) o Asilo Provisório de Alienados da Cidade de São Paulo 
(Hospício São Paulo), criado pela lei provincial de 18 de setembro 
de 1848. Considerado o primeiro hospício do país, tinha por objetivo 
a exclusão social dos loucos;
Educação Inclusiva
32
 • 1853 – É inaugurado o Hospício Dom Pedro II no Rio de Janeiro, 
criado pela lei imperial de 18 de julho de 1841. Como o de 
São Paulo, seu principal objetivo era garantir a segurança e a 
tranquilidade das “pessoas normais” através da exclusão social 
dos considerados como ameaça;
 • 1854 – 12 de setembro – D. Pedro II cria o Imperial Instituto dos 
Meninos Cegos, na cidade do Rio de Janeiro (Decreto Imperial nº. 
1.428);
 • 1856 – Chegam ao Brasil, por encomenda de D. Pedro II, as 
primeiras regletes (chapas para escrita e os primeiros livros de 
pontos combinados em relevo chamados de “escrita pelo método 
Braille”). Foi o primeiro passo no sentido de internacionalizar esse 
método, recém-criado e já utilizado em outra língua que não a 
francesa;
 • 1857 - 26 de setembro – É fundada por Dom Pedro II no Rio de 
Janeiro, através da Lei nº. 839, a primeira escola para surdos no 
Brasil, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, por iniciativa de 
Ernesto Huet. Neste Instituto os alunos eram educados pela língua 
escrita, dactológica e de sinais;
 • 1868 – 29 de julho – Inauguração do Asilo dos Inválidos da Pátria, 
na Ilha do Bom Jesus, na Baía da Guanabara, Rio de janeiro, por 
Dom Pedro II. Empresários da época, três anos antes, tomaram 
a iniciativa de criar uma instituição que abrigasse os soldados 
mutilados durante a guerra do Paraguai. Anteriormente, em março 
de 1840, Dom Pedro II havia criado asilos para soldados sem 
condições para o serviço militar por doença, deficiência ou por 
motivo de idade. Os asilos estavam localizados no Rio de Janeiro e 
nas províncias do Pará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso;
 • 1874 – O Hospital Estadual de Salvador, na Bahia (hoje Hospital 
Juliano Moreira) inicia a assistência aos deficientes mentais;
 • 1875 - Flausimo José Gama, ex-aluno do Instituto Nacional dos 
Surdos-Mudos, cria um pequeno vocabulário de sinais baseado 
Educação Inclusiva
33
em desenho, com o objetivo de mostrar os sinais brasileiros. Hoje 
sem uso;
 • 1882 – 12 de setembro – Parecer de Rui Barbosa, apresentado na 
Câmara dos Deputados ao projeto de número 224, “Reforma do 
ensino primário e várias instituições complementares da instrução 
pública”. Apesar de ser uma proposta de ação para valorizar a 
atividade física na escola, aparece no documento a visão da época 
com relação às pessoas que apresentam deficiência;
 • 1883 – Realização do 1º. Congresso de Instrução Pública 
convocado no ano anterior por Dom Pedro II. Durante este evento, 
entre outros assuntos, foi apresentada a sugestão de currículo e 
formação de professores para cegos e surdos.
É importante destacar que a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948, é o primeiro documento que garante a igualdade de 
direitos para todos os cidadãos sem qualquer distinção. Neste contexto, 
a Declaração beneficia os grupos minoritários (inclusive as pessoas com 
deficiência), que ao longo da história sofreram com exclusão e os maus-
tratos (SILVA, 2012, p. 38). Leia a seguir alguns artigos da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948):
Art. I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em 
relação umas às outras com espírito de fraternidade. 
Art. II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e 
as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção 
de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, 
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou 
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
(...)
Art. V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento 
ou castigo cruel, desumano ou degradante. 
Art. VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem 
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito 
Educação Inclusiva
34
a igual proteção contra qualquer discriminação que viole 
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal 
discriminação. 
(...)
(PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1948)
Legislação Brasileira
A Educação Especial começou a se tornar questão de política 
pública na década de 1960, quando começa a se notar a 
preocupação do poder público com esse ramo da educação. 
Ela foi tratada pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases 
(LDB) de 1961, a lei no 4.024 (BRASIL, 1961), em que aparece 
um título com dois artigos (art. 88 e 89). De acordo com essa 
lei, o atendimento aos estudantes com deficiência (chamados 
na lei de “excepcionais”) poderia ser realizado na escola 
comum ou em instituições particulares, que podiam receber 
financiamento do governo. (ALIAS, 2016, p. 14)
Já em 1971, uma nova versão da Lei de Diretrizes e Bases foi 
publicada, segundo Alias (2016), essa lei era diferente da de 1961, pois 
tinha somente o artigo 9 dedicado à Educação Especial. “De acordo com 
a lei, alunos com deficiência física ou intelectual tratados na lei como 
deficientes mentais, superdotados ou que apresentassem atraso quanto 
à idade de matricula deveriam ter tratamento especial” (ALIAS, 2016, p. 16).
Pesquisadores relatam que, nessa época, as escolasespeciais 
acabaram recebendo muitos alunos com problemas de 
aprendizagem (GLAT, 2007; MENDES, 2010). Isso acontecia 
porque era o aluno que tinha que se adequar ao meio e, 
portanto, não havia preocupação com a adaptação curricular, 
por exemplo, ou com a adoção de estratégias para que esses 
alunos pudessem aprender. (ALIAS, 2016, p. 16)
É importante saber que o primeiro órgão público federal, destinado 
à Educação Especial, foi criado em 1973 - Centro Nacional de Educação 
Especial (CENESP) - por meio do Decreto nº 72.425/1973. De acordo com 
Educação Inclusiva
35
Alias (2016), na época que este órgão foi criado, o objetivo dele era de 
expandir o atendimento aos alunos com deficiência e elaborar as políticas 
públicas no âmbito da Educação Especial. 
Art. 2º. O CENESP atuará de forma a proporcionar 
oportunidades de educação, propondo e implementando 
estratégias decorrentes dos princípios doutrinários e políticos, 
que orientam a Educação Especial no período pré-escolar, 
nos ensinos de 1º e 2º graus, superior e supletivo, para os 
deficientes da visão, audição, mentais, físicos, educandos 
com problemas de conduta para os que possuam deficiências 
múltiplas e os superdotados, visando sua participação 
progressiva na comunidade. (BRASIL, 1973)
De acordo com Jannuzzi (2004 apud SILVA, 2012), por meio do 
CENESP são definidas as metas governamentais específicas para a 
Educação Especial, regulamentando uma ação política mais efetiva, para 
organizar o que estava sendo realizado precariamente na sociedade, nas 
escolas e nas instituições especializadas ao atendimento de crianças com 
necessidades especiais.
[...] mesmo com a criação deste órgão, o conceito de educação 
especial não estava claro. Existia de uma maneira muito forte 
o assistencialismo, ação que não se encaixa com a proposta 
da educação especial, já que a área visa, principalmente, a 
sistematização de conhecimentos escolares, acadêmicos 
e procedimentos para sua apropriação. Além disso, não se 
observava a integração de pessoas com deficiência nas 
redes escolares, como propunha o movimento de integração, 
mesmo porque não havia qualquer obrigatoriedade de apoio 
especializado nas redes regulares de ensino. (JANNUZZI, 
2004 apud SILVA, 2012, p. 65)
Educação Inclusiva
36
VOCÊ SABIA?
”Em 1986, o Cenesp foi transformado em Secretaria 
de Educação Especial (Sespe), por meio do Decreto nº. 
93.613/1986, entretanto, manteve a mesma competência 
e estrutura. Essa secretaria foi extinta em 1990, por 
meio do Decreto nº. 99.678/1990 na época em que o 
Ministério da Educação sofreu uma reestruturação. Assim, 
a Secretaria Nacional de Educação Básica (Seneb) passou 
a ser responsável pela área da Educação Especial” (SILVA, 
2012, p. 67).
De acordo com Campbell (2009) as décadas de 80 e 90 são 
marcadas pela defesa da escola pública de qualidade e maior participação 
da sociedade nos destinos da educação. Ainda, segundo a autora, 
neste período, nasce o novo modelo democrático de gestão escolar 
compartilhado entre os profissionais da educação (professores, diretores), 
pais, estudantes e comunidade. Neste contexto, em 1988, foi promulgada 
a nova Constituição Federal do Brasil, que tinha como principal objetivo: 
[...] instituir um Estado democrático, destinado a assegurar 
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e 
a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos. (SILVA, 2012, p. 67)
Para Silva Mendes (2009) apud Silva (2012), a Constituição Federal 
de 1988 traçou as linhas mestras para democratização da educação 
brasileira, além de buscar erradicar o analfabetismo, universalizar o 
atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino e implementar a 
formação humanística, científica e para o trabalho.
É importante destacar que é na Constituição Federal (CF) de 
1988 que aparece pela primeira vez o termo “atendimento educacional 
especializado”, se referindo aos estudantes com deficiência. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado 
mediante a garantia de:
Educação Inclusiva
37
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 
17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta 
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade 
própria; 
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;  
III - atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 
5 (cinco) anos de idade; (...). (BRASIL, 1988) 
Depois da Constituição Federal de 1988, que algumas ações 
referentes à Educação Especial começaram a mudar, conforme explica 
Alias (2016, p. 17):
[...] a Educação Especial começa a ser vista como parte 
integrante da proposta da educação para todos, já que, até 
então, essa educação funcionava como algo à margem do 
sistema educacional comum. Assim, o discurso da educação 
para todos, contido na Constituição, e a universalização da 
educação, passaram a balizar as políticas produzidas a partir 
daí e, consequentemente, a forma como o estudante público-
alvo da Educação Especial é visto na escola. Passa-se do 
paradigma integracionista e normalizador para o paradigma 
inclusivo. (ALIAS, 2016, p. 17)
Em 1994, é publicada a Declaração de Salamanca que recomendava 
a inclusão de “todas as crianças” nas escolas regulares. É importante 
destacar, que quando se fala de “todas as crianças”, a declaração está se 
referindo aos grupos desfavorecidos (as crianças de rua, com deficiência, 
as superdotadas etc.) e ainda, este documento recomenda que o processo 
de aprendizagem seja centrado nos estudantes. 
A Declaração de Salamanca trouxe à tona a importância do 
direito de todos à educação, o que já havia sido abordado na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e na 
Educação Inclusiva
38
Conferência Mundial de Educação para Todos, que aconteceu 
em 1990, também em contexto internacional. (ALIAS, 2016, p. 17)
SAIBA MAIS:
A Declaração de Salamanca (MEC, 1994, online)acredita e 
proclama:
 • Toda criança possui características, interesses, habilidades 
e necessidades de aprendizagem que são únicas;
 • Sistemas educacionais deveriam ser designados e 
programas educacionais deveriam ser implementados no 
sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais 
características e necessidades;
 • Aqueles com necessidades educacionais especiais 
devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-
los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz 
de satisfazer tais necessidades;
 • Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva 
constituem os meios mais eficazes de combater atitudes 
discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, 
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando 
educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma 
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a 
eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo 
o sistema educacional.
De acordo com Alias (2016), a Declaração de Salamanca teve 
grande influência sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN) de 1996 (LEI Nº 9.394). Ainda, segundo a autora, por meio desta 
lei ficou determinado que a escola deveria se adequar para receber os 
estudantes, independentemente das suas características.
Esta é, então, a diferença entre a integração e a inclusão: 
agora, a escola precisa se adequar para receber o estudante, 
já́ que a educação é direito fundamental. Dessa forma, há 
implicações na maneira como esse estudante passa a ser visto 
dentro da escola, dentro da sala de aula, como ele aprende, o 
Educação Inclusiva
39
desenvolvimento de sua aprendizagem e de estratégias que 
corroborem isso. (ALIAS, 2016, p. 17)
A LDBEN nº 9.394 estabelece as diretrizes e bases da educação 
do Brasil.Nesta Lei, o Capítulo V é todo dedicado à Educação Especial e 
já no seu primeiro artigo se tem a definição desta educação. Além disso, 
também determina como serão os serviços de apoio especializado e 
como o atendimento educacional deverá ser oferecido.
Art. 58.  Entende-se por educação especial, para os efeitos 
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 
12.796, de 2013).
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, 
na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela 
de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, 
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função 
das condições específicas dos alunos, não for possível a sua 
integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste 
artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo 
da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único 
do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018). 
(BRASIL, 2020)
Já no artigo 59, do capítulo V, estão explicadas as condições 
especiais que deverão ser asseguradas pelos sistemas de ensino para os 
estudantes com deficiência.
Art. 59.  Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superlotação: (Redação dada pela Lei nº 
12.796, de 2013)
Educação Inclusiva
40
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e 
organização específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem 
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, 
em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir 
em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio 
ou superior, para atendimento especializado, bem como 
professores do ensino regular capacitados para a integração 
desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva 
integração na vida em sociedade, inclusive condições 
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção 
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos 
oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam 
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou 
psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais 
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino 
regular. (BRASIL, 2020)
Depois da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 
1996, foram publicados outros documentos norteadores e oficiais com 
a finalidade de orientar as atividades a serem desenvolvidas com os 
estudantes com deficiência e que buscavam não somente os direitos das 
pessoas com deficiência, mas também das minorias (povos indígenas, 
afrodescendentes, entre outros).
Conforme já mencionado anteriormente, na Declaração de 
Salamanca, “ao incluir todas as crianças”, sem distinção de cor, origem, 
cultura, gênero sexual, entre outras, temos uma Educação Inclusiva para 
todos! De acordo com Mendes (2006) citado por Silva (2012), a Declaração 
Salamanca é o marco mundial da filosofia da educação inclusiva, pois a 
partir dela as teorias e práticas inclusivas são difundidas em muitos países, 
principalmente no Brasil.
Educação Inclusiva
41
Veja a seguir, uma síntese de algumas leis e alguns decretos que 
buscam normatizar e orientar o trabalho da Educação Inclusiva em nosso 
país, de acordo com Silva (2012):
1988 – Constituição Federal (CF). Busca garantir direitos 
iguais a todos, conforme descrito no art. 5: “Todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à se-
gurança e à propriedade (...)” (BRASIL, 2020);
1990 - Lei n°. 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA). Em seu artigo 53, assegura a todas as crianças e ado-
lescentes o direito à igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola e atendimento educacional especiali-
zado, preferencialmente na rede regular de ensino;
1996 – Lei n°. 9394 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Estabelecer, como princípio do ensino, a igualdade 
de condições tanto para o acesso como para a permanência 
na escola
1999 – Decreto n°. 3298 - Política Nacional para a Integra-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência. Assegurar que os 
indivíduos com deficiência possam exercer seus direitos de 
forma plena;
2001 – Plano Nacional de Educação. Explicita a responsabili-
dade da União, dos Estados e Distrito Federal e Municípios na 
implementação de sistemas educacionais que assegurem o 
acesso e a aprendizagem significativa a todos os alunos;
2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na 
Educação Básica, Resolução do Conselho Nacional de Edu-
cação/ Câmara de Educação Básica (CNE/CEB) n°. 02. Ra-
tifica a importância de que todos os alunos possam aprender 
juntos numa escola de qualidade;
Educação Inclusiva
42
2001 - Decreto n°. 3.956 de 8 de outubro. ....................................
Reconhece a Convenção Interamericana para eliminação de 
todas as formas de discriminação contra pessoas portadoras 
de deficiência;
2002 – Lei no. 10.436. Reconhece a Língua Brasileira de Si-
nais (LIBRAS) como meio legal de comunicação e expressão 
dos surdos, e o ensino da Língua Portuguesa como segunda 
língua;
2002 – Portaria no. 2.678. Esta portaria aprova as diretrizes e 
normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sis-
tema Braille em todas as modalidades de ensino, compreen-
dendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e 
sua recomendação para todo o território Nacional;
2004 – Decreto n°. 5296. Regulamenta as Leis n°. 10.048, de 8 
de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 
que estabelecem normas gerais e critérios básicos para a pro-
moção da acessibilidade em vários âmbitos;
2007 – Decreto n°. 6.094. Implementa o Plano de Desenvol-
vimento da Educação, tendo como eixos a formação de pro-
fessores para a educação especial e o compromisso com a 
educação para todos, viabilizando a garantia do acesso, da 
permanência no ensino regular e o atendimento às necessi-
dades educacionais especiais dos alunos, bem como fortale-
cendo o ingresso destes nas escolas públicas;
2008 – Decreto n°. 6.571. Trata do atendimento educacional 
especializado. Tem a finalidade de ampliar a oferta do atendi-
mento educacional especializado aos alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. 
Consolida e altera as ações já existentes voltadas à educação 
inclusiva;
2008 - Lei n°. 11.645. Determina as diretrizes e bases da edu-
cação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de 
Educação Inclusiva
43
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
-Brasileira e Indígena”;
2011 - Decreto n°. 7.611. Dispõe sobre a educação especial, 
o atendimento educacional especializado e dá outras provi-
dências;
2011 - Decreto n°. 7.612. Institui o Plano Nacional dos Direitos 
da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite;
2012 - Lei n°. 12.764. Institui a Política Nacional de Proteção dos 
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera 
o § 3º. do art. 98 da Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
RESUMINDO:
Neste capítulo estudamos o percurso histórico da 
legislação brasileira, referente à Educação Especial e à 
Educação Inclusiva. Vimos que a Declaração de Salamanca 
teve grande influência na elaboração da Lei n°. 9394 - Lei de 
Diretrizese Bases da Educação Nacional. Para finalizar, foi 
apresentada uma tabela com a compilação de algumas leis, 
decretos e documentos que regulamentam e contribuem 
para uma educação inclusiva. Vamos dar continuidade a 
esse assunto no próximo capítulo, em que será abordada 
a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva. 
Aqui, neste capítulo, você já pode compreender que existe 
diferença entre esses dois modelos de educação.
Educação Inclusiva
44
Educação Especial versus Educação 
Inclusiva
INTRODUÇÃO:
Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de 
distinguir a Educação Especial da Educação Inclusiva. 
Saber distinguir essas duas perspectivas educacionais 
é fundamental para o exercício da profissão. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá.
Para iniciarmos os estudos deste capítulo, primeiramente, vamos 
relembrar a exclusão e segregação das pessoas com deficiência. Você 
lembra que estudamos sobre esses períodos nos capítulos anteriores? O 
que você consegue recordar?
A exclusão representa o período em que TODAS as pessoas 
com deficiência eram excluídas totalmente da sociedade, isto é, elas 
não participavam de nenhuma atividade na comunidade, pois eram 
consideradas incapazes para trabalhar e conviver com outras pessoas. 
Assim, elas eram internadas em instituições de caridade, com doentes 
e idosos. É importante lembrar que em algumas culturas era comum o 
infanticídio das crianças com deficiência.
Em um segundo momento, se tem a segregação, isto é, a separação 
dos indivíduos com deficiência da sociedade e, para isso, são criadas as 
instituições especializadas para atender cada tipo de deficiência. Segundo 
Sassaki (2002), os ambientes eram o mais semelhante possível daqueles 
vivenciados pela população sem deficiência (escolas, clubes, oficinas, 
centros de reabilitação, lazer, trabalho, moradia etc.).
Educação Inclusiva
45
Figura : Escola especial
Fonte: Freepik
Estes espaços evidenciavam apenas as limitações das pessoas 
com deficiência. Logo, esses locais, forneciam a estes indivíduos os 
recursos essenciais para a reparação da sua deficiência, assim, atendia às 
necessidades educacionais especiais deles e supostamente, assegurava 
a oportunidade de aprender. É importante destacar que “as atenções 
recaíam mais em patologias do que na educação propriamente dita 
ou nos recursos necessários que conduzissem à aprendizagem, e o 
objetivo era a reabilitação” (CAMPBELL, 2009, p. 134).
É importante lembrar que o estudante com deficiência que 
frequentava uma escola especial, neste período, tinha a sua interação 
com a sociedade limitada e, também, seu convívio com a família. 
Em seguida, se tem um novo paradigma da Educação Especial, 
para as pessoas com deficiência, a integração. De acordo com Campbell 
(2009) a integração representa uma tentativa de integrar os alunos com 
deficiência nas escolas comuns do ensino regular, em classes especiais. 
Em um primeiro momento, a integração parcial, isto é, um espaço 
específico dentro da escola, para depois, uma integração total, na classe 
comum.
Educação Inclusiva
46
Se faz necessário recordar que na integração total era o estudante 
com deficiência que tinha que se adequar a escola, sendo assim, 
a escola mantinha a sua estrutura física e pedagógica inalterada. O 
estudante com necessidades educacionais especiais tinha quer se 
capazes de seguir o currículo adotado pela escola no ensino regular. Mas, 
infelizmente, a maioria deles não conseguiam acompanhar, logo, esses 
estudantes com deficiência continuavam frequentando a classe especial, 
consequentemente, a escola era dividida em dois ambientes: educação 
regular e educação especial. 
A integração exigia que os estudantes com deficiência se adaptem 
às escolas e salas de aula. Logo, a integração é “um processo dinâmico 
de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua 
interação nos grupos sociais. A integração implica em reciprocidade” 
(BRASIL, 1994, p. 18). Ainda, segundo a Política Nacional de Educação 
Especial (BRASIL, 1994, p.18), a integração é um
(...) processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas 
formas de acordo com as necessidades e habilidades 
dos alunos. A integração educacional escolar refere-se ao 
processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, a criança com 
e sem necessidades educacionais especiais durante uma 
parte ou na totalidade do tempo de permanência na escola. 
(BRASIL, 1994, p.18)
De acordo com Sassaki (2002), a integração constitui um esforço 
unilateral somente da pessoa com deficiência e seus aliados (a família, 
algumas pessoas da comunidade, que lutam pela inserção social de todos 
e as instituições especializadas) que tentam torná-la mais aceitável no 
seio da sociedade. Nesse contexto, de acordo com o autor, a sociedade 
fica de “braços cruzados”, isto é, não faz nenhuma alteração para que as 
pessoas com deficiência possam se adaptar ao seu meio. Pelo contrário, 
as pessoas com deficiência só serão aceitas se forem capazes de:
Moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados 
(classe e escola especial, entre outros).  Acompanhar os 
procedimentos tradicionais (de trabalho, escolarização, 
convivência social, entre outros). Contornar os obstáculos 
Educação Inclusiva
47
existentes no meio físico (espaço urbano, edifícios, entre 
outros). Lidar com as atitudes discriminatórias da sociedade 
resultantes de estereótipos, preconceitos e estigmas. 
Desempenhar papéis sociais individuais (aluno, trabalhador, pai, 
mãe, entre outros) com autonomia, mas não necessariamente 
com independência. (SASSAKI, 2002, p. 35)
É importante destacar que, segundo Campbell (2009), a Educação 
Especial deve ter como princípios: a preservação da dignidade humana, 
a busca de identidade e o exercício da cidadania. Ainda, como principal 
objetivo, segundo o autor, derrubar as barreiras que impedem a criança 
de exercer a sua cidadania. 
Inclusão social
Agora, vamos falar sobre o paradigma da inclusão social, que é 
o momento em que estamos vivenciando na sociedade. Este processo 
se diferencia da integração, pois a inclusão social é bilateral, isto é, a 
sociedade e as pessoas que estão excluídas trabalham juntas na busca 
de soluções efetivas que possibilitam a equiparação de oportunidade 
para todos e todas.
A prática da inclusão social repousa em princípios até então 
considerados incomuns, tais como: a aceitação das diferenças 
individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência 
dentro da diversidade humana, a aprendizagem através 
da cooperação. A diversidade humana é representada, 
principalmente, por origem nacional, sexual, religião, gênero, 
cor, idade, raça e deficiência. (SASSAKI, 2002, p. 42).
Neste sentido, Sassaki (2002), explica que a inclusão social é um 
processo que busca contribuir para a construção de uma sociedade 
através de transformações, não somente nos ambientes físicos, mas 
também na mentalidade de toda a população, inclusive das pessoas com 
deficiência.
No ambiente escolar, a inclusão busca uma reformulação do 
sistema de ensino. Portanto, neste modelo, a escola precisa estar aberta às 
Educação Inclusiva
48
diferenças e também capacitada para trabalhar com todos os estudantes, 
sem distinção de classe, gênero, raça, deficiência, etc.
A inclusão escolar é para todos aqueles que se encontram 
à margem do sistema educacional, independentemente 
de idade, gênero, etnia, condição econômica ou social, 
condição física ou mental, ou seja, a população desfavorecida 
economicamente ou alvo de estigmas sociais de toda ordem. 
(CAMPBELL, 2009, p. 136)
Diante deste contexto, no sistema educacional, a Educação Inclusiva 
é entendida como um esforço em atender as necessidades educacionais 
especiais de todos e todas estudantes, conforme explica Campbell (2009, 
p. 139):
[...] a educação inclusiva é um meio de assegurar que os alunos 
que apresentemalguma deficiência tenham os mesmos 
direitos que os outros e que todos sejam cidadãos de direito 
nas escolas regulares, bem-vindos e aceitos, formando parte 
da vida daquela comunidade”. (CAMPBELL, 2009, p. 139)
VOCÊ SABIA?
“[...] a educação é uma questão de direitos e indivíduos 
com deficiência devem fazer parte das escolas, as quais 
precisam modificar seu funcionamento para incluir todos 
os alunos, e as características de uma escola de qualidade 
decorrem do paradigma da inclusão, onde enfatiza-se o 
processo de adequação da escola às necessidades dos 
alunos para que possam estudar, aprender, crescer e 
exercer plenamente a sua cidadania. Para tanto as escolas 
precisam eliminar atitudes preconceituosas, adequar 
seus programas, preparar os alunos e famílias e capacitar 
continuamente todos os profissionais que atuam na escola.” 
(STAINBACK, 1999 apud CAMPBELL, 2009, p. 140)
Educação Inclusiva
49
 A Educação Inclusiva é uma possibilidade para o desenvolvimento 
da solidariedade, do respeito ao outro, da dignidade humana e igualdade, 
entre os indivíduos, pois ela possibilita aos alunos e às alunas aprenderem 
a conviver e se relacionarem com diversas pessoas que apresentam 
diferentes habilidades e competências de diversas culturas e religiões, 
entre outras.
A educação inclusiva, atenta à diversidade inerente à espécie 
humana, busca perceber e atender às necessidades educativas 
especiais de todos os alunos em salas de aulas comuns, em 
um sistema regular de ensino, de forma que se promovam a 
aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. 
Educação inclusiva consiste no reconhecimento da 
necessidade de ser caminhar rumo à uma escola que 
inclua todos os alunos, celebre a diferença, responda às 
necessidades individuais e apoie a aprendizagem sustentado 
no pressuposto de que os alunos podem aprender e fazer 
parte da vida escolar e comunitária. (CAMPBELL, 2009, p. 141)
Nesse sentido, Campbell (2009) explica que a Educação Inclusiva 
é a melhor maneira de beneficiar a todos, pois eles aprendem juntos. 
E ainda, segundo a autora, não podemos esquecer que a Educação 
Inclusiva é uma questão de direitos humanos, “uma vez que defende 
que não se pode segregar nenhuma pessoa como consequência de 
sua deficiência ou de sua dificuldade de aprendizagem” (CAMPBELL, 
2009, p. 142).
Então, ficou clara a diferença entre integração e inclusão? Para você 
compreender melhor a diferença entre integração e inclusão, observe na 
abaixo a diferença entre esses dois paradigmas.
Educação Inclusiva
50
Figura – Inclusão versus Integração
Fonte: Adaptado (SOUZA et al., 2005).
De acordo com Souza et al (2005), existem duas teorias que você 
precisa conhecer para entender como a integração e a inclusão se 
constituem:
 • A teoria do meio menos restritivo possível: As pessoas com 
deficiência, desde a infância, devem ser atendidas à parte, em 
serviços e programas individualizados, como os de estimulação 
precoce em instituições especializadas: creches, escolas e 
classes especiais de educação infantil, de ensino fundamental, 
entre outros.
 • A teoria do meio mais favorável possível: Cisa o aperfeiçoamento 
dos atendimentos e programas educativos, sem que precisem ser 
Educação Inclusiva
51
individualizados, mas que possam atender e beneficiar todas as 
crianças na sua pluralidade.
Veja na tabela a seguir mais informações sobre essas duas teorias.
Quadro 5: Teorias do meio mais favorável possível e do meio menos restritivo possível
PARADIGMAS
TEORIA DO MEIO MENOS 
RESTRITIVO POSSÍVEL
TEORIA DO MEIO 
MAIS FAVORÁVEL 
POSSÍVEL
Educação
Todos os alunos na 
mesma escola, mas não 
necessariamente em uma 
mesma sala
Todos os alunos 
em sala de aula 
comum
Inserção da 
criança
Condicionada à adaptação 
da criança, às experiências e 
às exigências do meio
A meta é não deixar 
ninguém de fora. 
Inserção de forma 
mais radical
Diferenças
A busca pela 
homogeneização
As diferenças 
impulsionam as 
mudanças de 
comportamento
Serviços Em atendimento segregado
Acionamento das 
redes de apoio
Modalidade INTEGRAÇÃO INCLUSÃO
Fonte: SOUZA, 2005.
Observa-se na tabela anterior que as características específicas 
das duas teorias buscam modalidade diferentes da educação especial. 
Uma visa para integração na escola, mas em salas de aulas separadas e 
a outra tende para a inclusão de todos os estudantes com necessidades 
educacionais especiais na sala de aula regular, isto é, sala de aula comum.
Educação Inclusiva
52
RESUMINDO:
Para finalizar, vamos recapitular o que foi estudado neste 
tópico. Você viu que a exclusão representa o período em 
que todas as pessoas com deficiência eram totalmente 
excluídas da sociedade, isto é, todos os indivíduos com 
deficiência eram considerados inválidos para realizar 
qualquer atividade ou até mesmo se relacionar com a 
comunidade. Em seguida, foi apresentada a segregação que 
acontece quando são criadas as instituições especializadas 
para atender cada tipo de deficiência, sendo que o ambiente 
destas instituições deveriam ser o mais semelhante possível 
daqueles vivenciados pela população sem deficiência. 
Depois, foi explicado o paradigma da integração, que tem 
como objetivo integrar os estudantes com deficiência 
nas escolas regulares comuns, entretanto, em classes 
especiais. A integração é a fase que os estudantes com 
deficiência que deverão se adaptar às escolas, essas por 
sua vez, não precisam modificar nada na sua estrutura física 
ou nos processos de ensino-aprendizagem. Para encerrar 
este tópico, foi explicado sobre a Educação Inclusiva e, 
nesta perspectiva, o ambiente escolar tem que reformular 
o processo de ensino-aprendizagem, pois este precisa 
estar aberto às diferenças, além de ter recursos humanos 
capacitados para atuar com todos os estudantes, sem 
distinção de classe, gênero, raça, deficiência, entre outros.
Educação Inclusiva
53
REFERÊNCIAS
ALIAS, Gabriela. Desenvolvimento da aprendizagem na Educação 
Especial - Princípios, fundamentos e procedimentos na Educação 
Inclusiva. São Paulo: Cengage, 2016. (Recurso eletrônico).
BERGAMO, Regiane Banzzatto. Educação Especial pesquisa e 
prática. Curitiba: InterSaberes, 2012.
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
DE 1988.  Presidência da República - Casa Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html>. Acesso 
em: 02 nov. 2020.
BRASIL. Decreto nº 72.425, de 3 de Julho de 1973. Câmara dos 
Deputados. Legislação Informatizada - Decreto nº. 72.425, de 3 de Julho 
de 1973 - Publicação Original. Disponível em: <https://www2.camara.leg.
br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888-
publicacaooriginal-1-pe.html.> Acesso em: 01 nov. 2020.
BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Presidência 
da República - Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.html>. Acesso em: 03 nov. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação 
especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 
2008.
CAMPBELL, S. I. Múltiplas Faces da Inclusão. Rio de Janeiro: Wak 
Editora, 2009.
MEC. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e 
Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso 
em: 02 nov. 2020.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio 
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