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Unidade 1 Educação Especial no Brasil e no Mundo TULIANE FERNANDES DUTRA ISABELA CRISTINA MARINS BRAGA Educação Inclusiva Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor TULIANE FERNANDES DUTRA ISABELA CRISTINA MARINS BRAGA AS AUTORAS Tuliane Fernandes Dutra Eu, Tuliane, sou formada em Pedagogia e Sistemas de Informação, com experiência técnico-profissional na área de Análise de Sistemas e desenvolvimento de materiais para Educação a Distância há mais de 15 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida. Isabela Cristina Marins Braga Eu, Isabela, sou Doutora em Educação (UCB-DF), Mestre em Educação (UCB-DF), especialista em Gestão Empresarial (Instituto de Ensino Superior Cenecista de Unaí) e graduada em Administração (Instituto de Ensino Superior Cenecista de Unaí). Professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Unaí – FACTU desde 2013, lecionando as disciplinas de Metodologia do Trabalho Acadêmico, Pesquisa Aplicada, Hermenêutica, Teorias das Organizações, Gestão de Pessoas 1 e 2, Comportamento Organizacional, Gestão Estratégica, Negociação e Resolução de Conflitos, Administração da Produção e Economia básica. Sou orientadora de Trabalhos Acadêmicos, examinadora de bancas de monografia, revisora e consultora de trabalhos acadêmicos, além de pesquisadora do grupo de Pesquisa de Políticas Federais de Educação – GPPFE da UCB-DF Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Educação Especial no Mundo ...............................................................10 Da Antiguidade a Idade Média ..............................................................................................10 Criação das instituições especializadas para atender as pessoas por tipo de deficiência ..................................................................................................................................... 13 Educação Especial no Brasil ...................................................................19 Médico-pedagógica ......................................................................................................................25 Vertente psicopedagógica .......................................................................................................25 Terminologias utilizadas na história da Educação Especial .............................26 Legislação da Educação Especial: percurso histórico ................31 Como tudo começou ................................................................................................................... 31 Legislação Brasileira .....................................................................................................................34 Educação Especial versus Educação Inclusiva ...............................44 Inclusão social ...................................................................................................................................47 7 UNIDADE 01 Educação Inclusiva 8 INTRODUÇÃO Olá estudante! Nesta unidade de estudo, vamos abordar sobre a história da Educação Especial no Mundo e no Brasil. Você sabe como as pessoas com deficiência eram vistas e tratadas pela sociedade? Quando as pessoas com deficiência começaram a ser reconhecidas e valorizadas como cidadãos? É importante que você compreenda que a Educação Especial é o primeiro passo para a Educação Inclusiva. Dessa forma, você estudará o percurso da legislação brasileira na Educação Especial até os dias atuais, em que a sociedade e o governo buscam uma Educação Inclusiva de qualidade para todos. Mas afinal, qual a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva? Você sabe? Vamos descobrir? Bons estudos! Educação Inclusiva 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 01. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender a história da Educação Especial no mundo, seus marcos históricos e percurso até os dias atuais; 2. Discernir sobre o percurso histórico da Educação Especial no Brasil até os dias de hoje; 3. Compreender o percurso da legislação brasileira referente à Educação Especial até os dias atuais; 4. Diferenciar a Educação Especial da Educação Inclusiva. Então, vamos iniciar os estudos! Educação Inclusiva 10 Educação Especial no Mundo INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como começou a Educação Especial no Mundo. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. É importante saber que a Educação Especial tem um papel muito importante na história das pessoas com deficiência, pois foi a partir dela que os indivíduos com deficiência começaram a ser vistos como cidadãos, capazes de conviver e desenvolver atividades em sociedade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Da Antiguidade a Idade Média Antes de adentrar a Educação Especial, vamos entender como as pessoas com deficiências eram vistas e tratadas pela sociedade na Antiguidade. Veja uma síntese na tabela 1 a seguir. Educação Inclusiva 11 Tabela 1: Pessoas com deficiência da Antiguidade ÉPOCA CARACTERÍSTICAS Egito Antigo Existem evidências arqueológicas que mostram que as pessoas com deficiência ocupavam seu lugar na sociedade, desenvolvendo suas atividades juntamente com as outras pessoas. (GUGEL, 2010 apud SILVA, 2012). Observe na Imagem 1. Imagem 1 - Representação de um homem com deficiência física com a sua família. Fonte: Stele of Roma the Doorkeeper, dedicated to the goddess Astarte, ca 1400-1365 BC, 2020. Antiguidade Clássica Neste período, as pessoas com alguma deficiência não recebiam qualquer tipo de atendimento, elas eram negligenciadas e condenadas ao abandono (SILVA, 2012). Educação Inclusiva 12 ÉPOCA CARACTERÍSTICAS Grécia Antiga Esta época é marcada pelo ideal da pessoa saudável e forte. Nesse contexto, em Esparta, as crianças nascidas com deficiências físicas ou mentais, eram consideradas subumanas, por isso eram eliminadas ou abandonadas. Nesta cidade, as crianças passavam pela inspeção do Estado antes mesmo de ficarem sob os cuidados da família, para verificar se elas eram sadias e fortes. As crianças com algum problema de saúde, frágeis ou deficientes eram abandonadas até a morte. Já na cidade de Atenas, a decisão de abandonar um filho com deficiência ou com problema de saúde era tomada pelo pai e não pelo Estado (SILVA, 2012). Roma Antiga Na Roma antiga, era o pai que julgavase a criança com alguma deficiência ou do sexo feminino seria ou não um adulto saudável. A criança era colocada aos seus pés, ele fazia um sinal e o bebê era abandonado para que morresse por falta de alimento, proteção e cuidados básicos (SILVA, 2012). Fonte: Adaptado (SILVA, 2012). IDADE MÉDIA Nesta época, por causa da propagação da doutrina cristã, esse quadro de abandono das pessoas com deficiência é alterado, pois para esta doutrina o homem era uma criatura divina. Logo, todos deveriam ser aceitos e amados como tal (SILVA, 2012). De acordo com Silva (2012) é na era cristã, que os indivíduos com deficiência foram alvo de caridade, sendo acolhidos em conventos ou igrejas, possivelmente em troca de serviços. Entretanto, nesta época, as pessoas com deficiências eram culpadas pela própria deficiência, pois a deficiência era compreendida como um castigo de Deus pelos pecados cometidos. (SILVA, 2012). Foi na Idade Média, em Paris, por volta de 1260, que o Rei Luís IX criou o primeiro hospital para pessoas cegas. O objetivo deste hospital era atender os soldados que tinham ficado cegos durante a Sétima Cruzada. Educação Inclusiva 13 O nome dado para o hospital foi Quize-Vingsts, o que significa “15 vezes 20”, ou seja, 300 soldados cegos (GUSGEL, 2010 apud SILVA, 2012). Conforme pudemos observar, as pessoas com deficiência já foram consideradas incapazes, foram discriminadas, rejeitadas e excluídas pela sociedade, além de sofreram infanticídio. De acordo com Bergamo (2012), no século XVII os deficientes eram internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de instituições, eles eram excluídos do convívio social. Somente no final do século XVIII e início do século XIX que a sociedade passou a oferecer ajuda assistencial (como abrigo e alimentação) para as pessoas com deficiência, com objetivo de afastar essas pessoas da vida em sociedade, pois os deficientes eram considerados um perigo social. IMPORTANTE: “A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade, porque antigamente eram consideradas inválidas, sem utilidades social e incapazes para trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que tivessem algumas deficiência (SASSAKI, 2002, p. 31).” Criação das instituições especializadas para atender as pessoas por tipo de deficiência De acordo com Sassaki (2002) foram criadas instituições especializadas que atendiam as pessoas com algum tipo de deficiência, por exemplo, instituições para pessoas com deficiência auditiva (surdos). Por isso, que esse autor afirma que a segregação institucional continuava sendo praticada. Sassaki (2002) explica que os objetivos dessas instituições eram fornecer todos os serviços possíveis, já que a sociedade não aceitava que as pessoas com deficiência tivessem acesso aos serviços existentes na comunidade. A década de 60, por exemplo, testemunhou o boom de instituições especializadas, tais como: escolas especiais, centros Educação Inclusiva 14 de habilitação, centros de reabilitação, oficinas protegidas de trabalho, clubes sociais especiais, associações desportivas especiais. (SASSAKI, 2002, p. 31) Veja no quadro a seguir as primeiras instituições criadas e as primeiras pessoas a explanar sobre as deficiências. Quadro 1: As primeiras Instituições Especializadas – Parte 1 1664 - Tomas Willis publica o livro Cerebri anatome, explicando cientificamente a deficiência mental como um produto de estruturas cerebrais defeituosas ou eventos neurais falhos. 1690 - John Locke publica An essay concerning human understanding, o início da teoria organicista, que explica que a deficiência decorre de fatores orgânicos, tais como modificações estruturais cérebro. Segundo Pessotti (1984 apud SILVA, 2012), John Locke contribuiu para o processo de ensino das pessoas com deficiência ao ressaltar que a experiência sensorial deve se basear na prática pedagógica e, ainda, que deve haver individualidade no processo de aprendizagem. Século XVII - o abade Charles Michel de L’Epée fundou a primeira escola pública para surdos em Paris. Ele é conhecido como o pai dos surdos. 1784 - Valentin Haüy fundou o Instituto Nacional dos Jovens Cegos, em Paris. Na época, eram utilizadas letras em relevo no processo de aprendizagem dos cegos (Mazzotta, 2005 apud Silva, 2012). 1829 - Louis Braille, adaptou o código militar de comunicação noturna criado por Charles Barbier de La Serre. Esse código ficou conhecido inicialmente pelo nome de sonografia e, posteriormente, Braille. Jean Marc Gaspard Itard - médico francês que foi o responsável por educar o menino selvagem de Aveyron, capturado por volta de 1800. Esse médico foi reconhecido tanto pela sua habilidade de ensinar uma língua aos surdos quanto por sua perspicácia na reeducação de Victor de I’Aveyron. 1832 - Foi fundada uma instituição para prestar atendimento aos deficientes físicos, na Alemanha, em Munique. Em Roma - A médica italiana, Maria Montessori, contribuiu para a evolução da educação especial, ao criar um programa de treinamento para crianças com deficiência mental nos internatos de Roma. Fonte: Adaptado (SILVA, 2012). Educação Inclusiva 15 Segundo Sassaki (2002), a integração social buscou a inserção de pessoas com deficiência aos sistemas sociais como a educação, o trabalho, a família e o lazer. O autor elucida que essa abordagem teve incentivo de certos princípios e respectivos processos: normalização e mainstreaming. Normalização: [...] significa criar para pessoas atendidas em instituições ou segregadas de algum outro modo, ambientes tão parecidos quanto possível com aqueles vivenciados pela população em geral. Fica evidente que se trata de criar um mundo (moradia, escola, trabalho, lazer etc.) separado embora muito parecido com aquele em que vive qualquer outra pessoa. (SASSAKI, 2002, p. 32) Mainstreaming: [...] uma tentativa de integração, (...) que significa levar os alunos mais próximo possível dos serviços educacionais disponíveis na corrente principal da comunidade. (...) ele estudava em uma escola comum, embora se tratasse de uma simples colocação física do mesmo em várias salas comuns. (SASSAKI, 2002, p. 32) Foi no século XX o início da criação das escolas especiais, com objetivo de atender crianças e jovens com deficiência. Segundo Bergamo (2012), essas escolas tinham um currículo próprio, diferente do ensino regular. Era um subsistema dentro do sistema educativo geral, que estimulava a discriminação e a rotulação social das crianças em função de suas deficiências. Conheça as convenções, reuniões e conferências que ocorreram no século XX: • Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, das Nações Unidas; • Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 em Jomtien, Tailândia. Esta conferência teve uma particular importância por ser a matriz da política de inclusão brasileira; Educação Inclusiva 16 • Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais de 1994 em Salamanca, Espanha; • Reunião dos Ministros da Educação da América Latina e Caribe em 1996; • Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência realizada em 1999, na Guatemala; • Reunião Regional das Américas, preparatória para o Foro Mundial de Educação para Todos realizada em San Domingos, em 2000; • VII Reunião Regional de Ministros da Educação de 2001, em Cochabamba; • Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em 2006, que objetiva assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino. VOCÊ SABIA? É importante citar, que além das conferências, também temos as declarações, normas e cartas que buscam garantir os direitos das pessoas com deficiência. • 1948 - Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU): deter- mina osdireitos humanos - direito à vida, direito à integridade físi- ca, direito à liberdade, direito à igualdade e à dignidade e o direito à educação, são os direitos fundamentais de todos os indivíduos e, consequentemente, estes devem ser respeitados. • 1971 - Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Re- tardadas (ONU): declara os direitos das pessoas com deficiência intelectual. • 1980 – Carta para a década de 80: organização das Nações Uni- das. Esta carta determina metas que os países membros deverão cumprir para garantir a igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com deficiência. Educação Inclusiva 17 • 1993 – Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pes- soas com Deficiência: organização das Nações Unidas. Estas nor- mas indicam os padrões mínimos para promover a igualdade de direitos, tais como, o direito à educação em todos os níveis para crianças, jovens e adultos com deficiência em ambientes inclusivos. • 1993 – Declaração de Manágua: delegados de 39 países das Américas impõem a inclusão curricular da deficiência em todos os níveis da educação. Além disso, determina as medidas que garan- tem o acesso aos serviços públicos e privados, incluindo saúde, educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para os jovens. • 1994 - Declaração de Salamanca - proclamada na Conferência Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais Especiais que reafirma o compromisso com a Educação para To- dos: Princípios, Política e Prática em Educação Especial. • 1999 - Declaração de Washington: representantes dos 50 países participantes do encontro “Perspectivas Globais em Vida Inde- pendente para o Próximo Milênio” reconhecem a responsabilida- de da comunidade no fomento à educação inclusiva e igualitária (Washington D.C., Estados Unidos da América). • 2002 - Declaração de Caracas: constitui a Rede Ibero-americana de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiên- cia e suas Famílias: organização e coordenação de ações para de- fesa dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência e suas famílias. • 2002 - Declaração de Sapporo: foi na 6ª Assembleia Mundial da Disabled Peoples International (DPI), representando 3 mil pessoas, em sua maioria com deficiência, 109 países. Essa declaração bus- ca encorajar os governos em todo o mundo a eliminarem a educa- ção segregada, bem como a determinarem a política de educação inclusiva. • 2004 – Declaração de Montreal: aborda um novo redimensio- namento sobre o conceito de Deficiência Mental para Deficiência Intelectual. Educação Inclusiva 18 VOCÊ SABIA? Pedro Ponce de Léon, monge espanhol beneditino, foi o primeiro educador de surdos da história. Ele dedicou uma boa parte da sua vida ao ensino de surdos filhos de nobres. Figura 1 – Monumento a Pedro Ponce de Léon Fonte: Wikimedia Commons RESUMINDO: Neste capítulo, você conheceu um pouco da história das pessoas com deficiência no mundo e compreendeu como aconteceu o processo de criação das instituições especializadas para atender as pessoas por tipo de deficiência e o objetivo dessas instituições. Para finalizar, não poderíamos deixar de apresentar os primeiros documentos (declarações, normas e cartas) que buscam garantir os direitos das pessoas com deficiência. Os estudos sobre a história da Educação Especial não terminam aqui. No próximo capítulo vamos estudar a história dessa educação no Brasil. Educação Inclusiva https://www.bancodeimagenesmedicina.com/index.php/banco-de-imagenes/retratos/ponce-de-leon-fray-pedro-281 19 Educação Especial no Brasil INTRODUÇÃO: Ao final deste capítulo você será capaz de identificar como o liberalismo influenciou a educação das pessoas com deficiência no Brasil. Irá conhecer e compreender como as primeiras instituições especializadas do país atendiam as pessoas com deficiência. Conhecer esse contexto histórico é muito importante para você contextualizar a história da Educação Especial no Brasil. Vamos lá? “A sociedade para todos, consciente da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados” (WERNECK, 1997, p. 21 apud SASSAKI, 2002, p. 164). Neste capítulo vamos retornar ao final do século XVIII e início do século XIX, período em que as ideias liberais são difundidas no Brasil. De acordo com Jannuzzi (2004) apud Silva (2012) foram essas ideias que influenciaram o surgimento da educação das crianças com deficiência. Com o liberalismo, houve a luta pela abolição de algumas instituições coloniais, a crítica ao dogmatismo e ao poder autocrático, a oposição à interferência do Estado na economia e a defesa da liberdade de expressão e da propriedade privada (COSTA, 1979). Foi uma doutrina que baseou ideologicamente as revoluções antiabsolutistas ocorridas na Europa durante os séculos XVII e XVIII e também a luta pela independência dos Estados Unidos. O liberalismo defendia principalmente a liberdade de todos os indivíduos, nos campos econômico, político, religioso e intelectual (SANDRONI, 1999) e influenciou o início da educação das pessoas com deficiência no Brasil, porque o movimento estava vinculado com a democratização dos direitos para todos os cidadãos. (SILVA, 2012, p. 21) De acordo com Silva (2012), a Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, teve um papel importante na educação das pessoas com Educação Inclusiva 20 deficiência, pois era uma instituição que atendia os pobres e os doentes e, no ano de 1717, passou a acolher as crianças de 7 anos que eram abandonadas. Segundo a autora, não existem registros oficiais de como acontecia o atendimento a essas crianças, entretanto, se supõe que muitas delas apresentavam alguma deficiência física ou mental. Depois dos 7 anos de idade, meninos e meninas eram enviados para outros seminários que os preparavam para o futuro, atitude essa que não era comum na época. É possível que algumas crianças com deficiência leve tenham recebido esse mesmo tratamento, enquanto as crianças com deficiência mais severa permaneciam nas Santas Casas com adultos doentes e alienados. (SILVA, 2012, p. 22) No início do século XIX, o Asilo dos Expostos contribuiu para a admissão de crianças com alguma deficiência ou abandonadas, que segundo Moraes (2000) apud Silva (2012), pode ser comprovado pela seguinte citação: Nesta época, o campo de assistência social reduzia-se ao setor médico hospitalar, representado pela Santa Casa da Misericórdia, e por outras poucas obras, como o Lazareto, fundado pelo governo provincial em 1802. Com o objetivo de resolver o problema, o então presidente da Província, Lucas A. M. de Barros, Barão de Congonhas do Campo, criou em 1825, a Casa da Roda ou Casa dos Expostos e a instalou no pavimento térreo da Santa Casa da Misericórdia. O Asilo dos Expostos era também chamado de Casa da Roda em alusão ao dispositivo nela existente, uma roda que, girando em torno de um eixo perpendicular, ocupava toda uma janela - sempre aberta do lado de fora, de modo que quem desejasse se desfazer de uma criança pudesse depositá-la na caixa e, movimentando a roda, passá-la para o interior do prédio. Na mesma ocasião, o governo da Província funda, na capital, em 1824, o asilo para meninos órfãos - o Seminário de Sant’Anna -, e, em 1825, para as meninas, o Seminário da Glória. (MORAES, 2000, p. 73 apud SILVA, 2012, p. 22) Educação Inclusiva 21 SAIBA MAIS: ACESSE o site “Viajantes sem fim” para conhecer mais sobre a história da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/3b0cKTc. É importante lembrar que desde a primeira Constituição do país, em 1824, o direito das pessoas com deficiência à educação já estava previsto. Entretanto, somente em 1857 alguns brasileiros, influenciados por experiências realizadas por médicos, filósofos e educadoresde outros países, da Europa e dos Estados Unidos começaram a organizar serviços voltados para o atendimento das pessoas com deficiência sensoriais, mentais e físicas, quando acontecia no Brasil um crescimento econômico, a estabilização do poder imperial e a crescente influência das ideias trazidas do exterior (principalmente da França), segundo Mazzotta (2005 apud SILVA 2012). É nesse contexto que em 17 de setembro de 1854, o Imperador D. Pedro II inaugura o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Segundo Silva (2012), José Álvares de Azevedo, um cego brasileiro que havia sido aluno do Instituto de Jovens Cegos de Paris, contribuiu muito para criação do instituto. Em 1890, devido ao aumento do número de alunos, o prédio atual começou a ser utilizado. Posteriormente, em 1891, em homenagem a Benjamim Constant Botelho de Magalhães, o nome do instituto foi alterado para Instituto Benjamin Constant. O Imperial Instituto de Surdos-Mudos criado em 1857 no Rio de Janeiro, foi o primeiro instituto para atendimento das pessoas surdas no Brasil. De acordo com Silva (2012), este instituto foi fundado por meio da Lei n°. 839, de 26 de setembro de 1857, aprovada por D. Pedro II. Segundo Feneis (2010) apud Silva (2012) em 1956, o instituto passa a ser chamado de Instituto Nacional de Surdos e Mudos e, em 1957, o seu nome é novamente alterado para Instituto Nacional de Educação de Surdos. É importante evidenciar, que de acordo com Mazzota (2005) apud Silva (2012), o Instituto de Surdos-Mudos foi a primeira escola de alunos Educação Inclusiva https://bit.ly/3b0cKTc 22 com faixa etária entre 7 e 14 anos a se preocupar com o ensino literário e profissionalizante de meninos surdos. Os dois institutos eram mantidos e administrados pelo poder central. Segundo Jannuzzi (2004) apud Silva (2012), apesar do atendimento precário, é a partir destes dois institutos que se inicia a discussão, em 1883, sobre a educação das pessoas com deficiência no Primeiro Congresso de Instrução Pública. [...] assim como a instrução pública primária, a educação das pessoas com deficiência não foi considerada importante. Por sua vez, o ensino superior progrediu com o apoio da corte, já que interessava a elite. Como as escolas eram escassas e de pouca qualidade, ela não exerceu o papel de identificadora de deficientes. Em uma sociedade pouco urbanizada e pouco aparelhada, cuja população era em sua maior parte iletrada, as pessoas com deficiência realizavam a maior parte das tarefas assim como as demais pessoas sem grandes problemas. Apenas crianças com deficiências mais severas chamavam a atenção e eram colocadas em instituições. (SILVA, 2012, p. 25) É importante evidenciar que a valorização da educação na década de 60, de acordo com Silva (2012), ocorreu por causa do desenvolvimento econômico do país, o qual pregava e ainda prega, a máxima produtividade individual e também, por causa do contexto político da época. A escola passou, portanto, a ser vista e enfatizada como um elemento importante para a produção da mão de obra e dos recursos humanos ajustados às necessidades das formas de produção, justamente para ocupar os quadros superiores da administração, técnicos, planejadores que exerciam o papel de racionalização da produção. O trabalho era valorizado e, ainda, como capital necessário e indispensável para o desenvolvimento econômico do país. Dessa forma, a educação era louvada como elemento de promoção individual, de acesso aos melhores empregos, inclusive para aumento da renda. (SILVA, 2012, p. 33) Educação Inclusiva 23 Segundo Mazzotta (2005 apud Silva (2012), além dos dois institutos já citados, outros serviços passaram a ser oferecidos à pessoas com deficiência. Esses serviços faziam parte do sistema regular de ensino: • 1887 (Rio de Janeiro) - Escola México: atendia pessoas com deficiências mentais, físicas e visuais. • 1892 (Manaus) - Unidade Educacional Euclides da Cunha: atendia os deficientes auditivos e mentais. • 1909 (Rio Grande do Sul) - Escola Borges de Medeiros e a Escola Delfina Dias Ferraz: acolhiam deficientes sensoriais e mentais, sendo que a primeira se refere às pessoas com problemas de comunicação, auditivos e mentais. Já na década de 30, surgiram as primeiras associações organizadas por pessoas preocupadas com a questão das pessoas com deficiência. De acordo com Silva (2012), nesse mesmo período, paralelamente, se tem algumas ações governamentais planejando a criação das instituições para atender às necessidades das pessoas com deficiência. Além disso, principalmente, a partir da década de 50, instituições filantrópicas continuam sendo fundadas. 1926 - Instituto Pestalozzi do Brasil: atendimento de pessoas com deficiência mental. (Observação: se expandiu por várias regiões do país). 1928 - Instituto de Cegos Padre Chico: educar crianças com deficiência visual em idade escolar. 1929 - Instituto Santa Terezinha: funcionava em regimento de internato e recebia apenas meninas surdas. (Observação: em 1970 ampliou o atendimento para os meninos, como externato, e ainda, passou a integrar os alunos com deficiência, com os seus alunos do ensino regular). 1943 - Lar-Escola São Francisco: especializada na reabilitação de pessoas com deficiência física. 1946 - Fundação para o Livro Cego no Brasil: produção e distribuição de livros impressos em Braile. (Observação: em Educação Inclusiva 24 1991, o nome da fundação foi alterado para Fundação Dorina Nowil para Cegos). 1950 - Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) - atende crianças, jovens e adultos com deficiência física buscando prevenir, habilitar e reabilitar, e ainda, propiciar a integração social. 1951 - Escola Municipal de Educação Infantil e de Primeiro Grau para Deficientes Auditivos Helen Keller. 1954 - Instituto Educação São Paulo (Iesp): atual Centro de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Cerdic). Realiza atendimento educacional para crianças surdas e também atendimento clínico para crianças e adultos com distúrbios de comunicação. 1954 - Primeira Apae (Rio de Janeiro). Fonte: Elaborado pela autora (Adaptado de SILVA, 2012. Na década de 60, a educação especial é firmemente evidenciada, pelo menos nos discursos oficiais (SILVA, 2012). Essa informação pode ser comprovada pelas campanhas nacionais, promovidas pelo Ministério da Educação nessa época para as pessoas com deficiência: • Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, em 1957; • Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários Visuais em 1958; • Campanha Nacional de Educação do Deficiente Mental, em 1960. Na história da Educação Especial no Brasil, não podemos deixar de citar as duas vertentes pedagógicas: a médico-pedagógica e a psicopedagógica que foram observadas durante a história da Educação Especial no país. Os médicos foram os pioneiros do campo de produção teórica das deficiências, seguidos por pedagogos, que por sua vez, foram influenciados pela psicologia. (SILVA, 2012, p. 28) Educação Inclusiva 25 Médico-pedagógica A vertente médico-pedagógica está relacionada ao campo médico. Nesta vertente, de acordo com Silva (2012), as decisões relacionadas com o diagnóstico e com as práticas pedagógicas são subordinadas ao médico. Percebendo a importância da pedagogia e também o quanto poderia ser prejudicial segregar as crianças mais comprometidas com adultos com diagnósticos de doença mental, médicos criaram instituições escolares em salas anexas aos hospitais psiquiátricos. Embora esses pavilhões tivessem continuado com a segregação dos deficientes, havia a tentativa de ir além do atendimento médico e alcançar a educação. Iniciou-se a preocupação em sistematizar conhecimentos que pudessem ajudar na participação das crianças na vida do grupo social. Assim passou a ser estabelecida na educação da pessoa com deficiênciaa questão segregação versus integração na prática social mais ampla. (JANNUZZI, 2004 apud SILVA, 2012) Além disso, de acordo com Silva (2012), o médico escolar era o profissional que classificava a pessoa com deficiência. A autora explica que no modelo do exame médico tinha uma ficha para informar as condições físicas, os dados antropométricos e os aspectos cognitivos do aluno. Vertente psicopedagógica Segundo Silva (2012), os influenciadores desta vertente foram da área de psicologia, em destaque para as obras de Alfred Binet, pedagogo e psicólogo francês e Théodore Simon, com os testes de inteligência. Jannuzzi (2004) citado por Silva (2012) explica que eles criaram e utilizaram uma escala métrica de inteligência, o que representou uma nova forma de classificar as pessoas com deficiência com base nos critérios de aproveitamento escolar. “Com isso, cresceu significativamente o número de alunos que a escola passou a apontar desviantes, iniciando a rejeição dos que apresentavam deficiências mais evidentes” (SILVA, 2012, p. 31). Educação Inclusiva 26 [...] os educadores sentiam dificuldade em reconhecer os alunos com deficiência e definir os critérios a serem utilizados para a identificação. Diante dessa dificuldade, passaram a ser considerados normais todos os alunos que eram capazes de se adaptar às condições de vida diária, sendo que essa capacidade era identificada com a simples observação do comportamento dos alunos. Essa observação era realizada pelos professores e, principalmente, por psicólogos. (SILVA, 2012, p. 31) É importante evidenciar que, de acordo com Silva (2012), essa vertente foi também influenciada pelas reformas do sistema educacional propostas pelo movimento da Escola Nova. Os princípios deste movimento de acordo com Cunha (1988) apud Silva (2012, p. 31) são: “crença no poder da educação, interesse pelas pesquisas científicas e preocupação em reduzir as desigualdades sociais, assim como estimular a liberdade individual das crianças”. Terminologias utilizadas na história da Educação Especial Você já estudou sobre a história da Educação Especial no Mundo e no Brasil. Entretanto, antes de finalizar esse capítulo sugerimos que você veja a seguir, uma síntese das terminologias utilizadas na história da Educação Especial. O quadro 2 a seguir foi montado a partir do texto “Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, de Romeu Kazumi Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, p. 160). Educação Inclusiva 27 Quadro 2: Mídia e Deficiência – 1981 a 1993 ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA De 1981 até 1987. Por pressão das organizações de pessoas com deficiência, a ONU deu o nome de “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” ao ano de 1981. “pessoas deficientes”. Pela primeira vez em todo o mundo, o substantivo “deficientes” (como em “os deficientes”) passou a ser utilizado como adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substantivo “pessoas”. Foi atribuído o valor “pessoas” àqueles que tinham deficiência, igualando-os em direitos e dignidade à maioria dos membros de qualquer sociedade ou país. De 1988 até 1993. Alguns líderes de organizações de pessoas com deficiência contestaram o termo “pessoa deficiente” alegando que ele sinaliza que a pessoa inteira é deficiente, o que era inaceitável para eles. “pessoas portadoras de deficiência”. Termo que, utilizado somente em países de língua portuguesa, foi proposto para substituir o termo “pessoas deficientes”. O “portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à pessoa. A deficiência passou a ser um detalhe da pessoa. O termo foi adotado na Constituição Federal e nos estatutos Estaduais e em todas as leis e políticas pertinentes ao campo das deficiências. Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003). No quadro 3 destacamos também do texto as terminologias sobre deficiência, adotados na década de 1990. Esta tabela foi construída de acordo com o texto “Terminologia sobre Deficiência na era da inclusão”, de Romeu Kazumi Sassaki, publicado no texto Mídia e Deficiência (2003, p. 160). Veja que o autor cita termos como “pessoas com necessidades especiais”, “pessoas com deficiência” – utilizado até nos dias atuais – e, Educação Inclusiva 28 “pessoas com necessidades educacionais especiais – também utilizado até os hoje. Quadro 3 - Mídia e Deficiência – Década de 1990 ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA De 1990 até hoje. O art. 5º. da Resolução CNE/CEB no. 2, de 11/9/01, explica que as necessidades especiais decorrem de três situações, uma das quais envolvendo dificuldades vinculadas às deficiências e dificuldades não- vinculadas a uma causa orgânica. “pessoas com necessidades especiais”. A expressão surgiu primeiramente para substituir “deficiência” por “necessidades especiais”, daí a expressão “portadores de necessidades especiais”. Depois, esse termo passou a ter significado próprio sem substituir o nome “pessoas com deficiência”. De início, “necessidades especiais” representava apenas um novo termo. Depois, com a vigência da Resolução no 2, “necessidades especiais” passou a ser um valor agregado tanto à pessoa com deficiência quanto a outras pessoas. Em junho de 1994. A Declaração de Salamanca preconiza a educação inclusiva para todos, tenham ou não uma deficiência. “pessoas com deficiência” e pessoas sem deficiência, quando existirem necessidades educacionais especiais e se encontrarem segregadas, têm o direito de fazer parte das escolas inclusivas e da sociedade inclusiva. O valor agregado às pessoas é o de fazerem parte do grande segmento dos excluídos que, com o seu poder pessoal, exigem sua inclusão em todos os aspectos da vida da sociedade. Trata-se do empoderamento. Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003). De acordo com Sassaki (2003), a década de 1990 e a primeira década do século XXI estão sendo marcados por eventos mundiais, guiados por instituições de pessoas com deficiência que elaboraram diversos documentos sobre está temática. Inclusive, segundo o autor, o Educação Inclusiva 29 termo “pessoas com deficiência” é usado cada vez mais pelas pessoas com deficiência, elas não gostam do termo “portadora de deficiência”. É nesta época que surgem novos valores agregados às pessoas com deficiência: como o do empoderamento (uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação de cada um); e o da responsabilidade de contribuir com seus talentos para mudar a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência (SASSAKI, 2003). Quadro 4 - Mídia e Deficiência – Dias atuais ÉPOCA TERMOS E SIGNIFICADOS VALOR DA PESSOA Mais recentemente, com a Nova Política da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e na égide da Convenção sobre os Direitos das pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, a expressão Pessoas com Necessidades educacionais especiais se amplia e reconhece a importância da expressão pessoas com deficiência, entre outras necessidades especiais. Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais. Conceito que amplia educacionalmente a sua abrangência incluindo nesse grupo todos os alunos em situação de exclusão escolar, desde aqueles que apresentam deficiências, que vivem nas ruas ou que trabalham, as superdotadas, em desvantagem social, as que apresentam diferenças linguísticas, étnicas ou culturais, com deficiência ou altas habilidades. Considera a singularidade das pessoas, respeita as necessidades educacionais especiais dos alunos e reconhece “que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las”. Assume a educação Inclusiva como primeira alternativa para responderàs demandas da sociedade contemporânea e reconhece a necessidade de uma abordagem sistêmica das políticas públicas para a Educação. Fonte: Adaptado (SASSAKI, 2003). Educação Inclusiva 30 RESUMINDO: Neste capítulo estudamos a história da Educação Especial no Brasil, que se inicia a partir das ideias liberais. Além disso, foi apresentada a primeira instituição, Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, que atendia os pobres e os doentes, e a criação dos primeiros institutos - Instituto Benjamin Constant (que atendia as pessoas com deficiência visual) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos, e os outros institutos, que surgiram depois desses para atender as pessoas com deficiência. Além disso, explicamos as duas vertentes pedagógicas (a médico-pedagógica e a psicopedagógica) que foram observadas ao longo da história da Educação Especial. Para finalizar, foi apresentada uma tabela com as terminologias utilizadas na história da Educação Especial. No próximo capítulo será apresentado o percurso histórico da legislação brasileira na Educação Especial até os dias atuais, que busca a inclusão, isto é, a convivência entre todos, pessoas com ou sem deficiência. Educação Inclusiva 31 Legislação da Educação Especial: percurso histórico INTRODUÇÃO: Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de analisar como os movimentos internacionais e nacionais de Educação Especial influenciaram no percurso da construção da legislação brasileira da Educação Especial até os dias atuais. Conhecer a legislação brasileira é fundamental para o exercício da sua profissão. Vamos lá! Como tudo começou Então, você sabe quando tudo começou? O Primeiro Projeto de Lei para as pessoas com deficiência foi proposto em 29 de agosto de 1835 pelo deputado Cornélio Ferreira França. O documento propõe a criação de uma classe para surdos-mudos e cegos (ALIAS, 2016, p. 13). Veja no quadro 2 a cronologia no período do Reino e Império, com os principais marcos históricos, referente às pessoas com deficiência. O Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE, 2020) apresenta em seu site os principais marcos históricos das pessoas com deficiência no período do Reino e Império: • 1835 – 29 de agosto - Projeto de lei do deputado Cornélio Ferreira França: “art. 1º. - na capital do império assim como nos principais lugares de cada província foi criada uma classe para surdos- mudos e para cegos”; • 1852 – 14 de maio – É instalado na avenida São João, próximo à praça da República e depois transferido para a rua Tabatingüera (1862) o Asilo Provisório de Alienados da Cidade de São Paulo (Hospício São Paulo), criado pela lei provincial de 18 de setembro de 1848. Considerado o primeiro hospício do país, tinha por objetivo a exclusão social dos loucos; Educação Inclusiva 32 • 1853 – É inaugurado o Hospício Dom Pedro II no Rio de Janeiro, criado pela lei imperial de 18 de julho de 1841. Como o de São Paulo, seu principal objetivo era garantir a segurança e a tranquilidade das “pessoas normais” através da exclusão social dos considerados como ameaça; • 1854 – 12 de setembro – D. Pedro II cria o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, na cidade do Rio de Janeiro (Decreto Imperial nº. 1.428); • 1856 – Chegam ao Brasil, por encomenda de D. Pedro II, as primeiras regletes (chapas para escrita e os primeiros livros de pontos combinados em relevo chamados de “escrita pelo método Braille”). Foi o primeiro passo no sentido de internacionalizar esse método, recém-criado e já utilizado em outra língua que não a francesa; • 1857 - 26 de setembro – É fundada por Dom Pedro II no Rio de Janeiro, através da Lei nº. 839, a primeira escola para surdos no Brasil, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, por iniciativa de Ernesto Huet. Neste Instituto os alunos eram educados pela língua escrita, dactológica e de sinais; • 1868 – 29 de julho – Inauguração do Asilo dos Inválidos da Pátria, na Ilha do Bom Jesus, na Baía da Guanabara, Rio de janeiro, por Dom Pedro II. Empresários da época, três anos antes, tomaram a iniciativa de criar uma instituição que abrigasse os soldados mutilados durante a guerra do Paraguai. Anteriormente, em março de 1840, Dom Pedro II havia criado asilos para soldados sem condições para o serviço militar por doença, deficiência ou por motivo de idade. Os asilos estavam localizados no Rio de Janeiro e nas províncias do Pará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso; • 1874 – O Hospital Estadual de Salvador, na Bahia (hoje Hospital Juliano Moreira) inicia a assistência aos deficientes mentais; • 1875 - Flausimo José Gama, ex-aluno do Instituto Nacional dos Surdos-Mudos, cria um pequeno vocabulário de sinais baseado Educação Inclusiva 33 em desenho, com o objetivo de mostrar os sinais brasileiros. Hoje sem uso; • 1882 – 12 de setembro – Parecer de Rui Barbosa, apresentado na Câmara dos Deputados ao projeto de número 224, “Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública”. Apesar de ser uma proposta de ação para valorizar a atividade física na escola, aparece no documento a visão da época com relação às pessoas que apresentam deficiência; • 1883 – Realização do 1º. Congresso de Instrução Pública convocado no ano anterior por Dom Pedro II. Durante este evento, entre outros assuntos, foi apresentada a sugestão de currículo e formação de professores para cegos e surdos. É importante destacar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, é o primeiro documento que garante a igualdade de direitos para todos os cidadãos sem qualquer distinção. Neste contexto, a Declaração beneficia os grupos minoritários (inclusive as pessoas com deficiência), que ao longo da história sofreram com exclusão e os maus- tratos (SILVA, 2012, p. 38). Leia a seguir alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948): Art. I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Art. II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. (...) Art. V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Art. VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito Educação Inclusiva 34 a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. (...) (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1948) Legislação Brasileira A Educação Especial começou a se tornar questão de política pública na década de 1960, quando começa a se notar a preocupação do poder público com esse ramo da educação. Ela foi tratada pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961, a lei no 4.024 (BRASIL, 1961), em que aparece um título com dois artigos (art. 88 e 89). De acordo com essa lei, o atendimento aos estudantes com deficiência (chamados na lei de “excepcionais”) poderia ser realizado na escola comum ou em instituições particulares, que podiam receber financiamento do governo. (ALIAS, 2016, p. 14) Já em 1971, uma nova versão da Lei de Diretrizes e Bases foi publicada, segundo Alias (2016), essa lei era diferente da de 1961, pois tinha somente o artigo 9 dedicado à Educação Especial. “De acordo com a lei, alunos com deficiência física ou intelectual tratados na lei como deficientes mentais, superdotados ou que apresentassem atraso quanto à idade de matricula deveriam ter tratamento especial” (ALIAS, 2016, p. 16). Pesquisadores relatam que, nessa época, as escolasespeciais acabaram recebendo muitos alunos com problemas de aprendizagem (GLAT, 2007; MENDES, 2010). Isso acontecia porque era o aluno que tinha que se adequar ao meio e, portanto, não havia preocupação com a adaptação curricular, por exemplo, ou com a adoção de estratégias para que esses alunos pudessem aprender. (ALIAS, 2016, p. 16) É importante saber que o primeiro órgão público federal, destinado à Educação Especial, foi criado em 1973 - Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) - por meio do Decreto nº 72.425/1973. De acordo com Educação Inclusiva 35 Alias (2016), na época que este órgão foi criado, o objetivo dele era de expandir o atendimento aos alunos com deficiência e elaborar as políticas públicas no âmbito da Educação Especial. Art. 2º. O CENESP atuará de forma a proporcionar oportunidades de educação, propondo e implementando estratégias decorrentes dos princípios doutrinários e políticos, que orientam a Educação Especial no período pré-escolar, nos ensinos de 1º e 2º graus, superior e supletivo, para os deficientes da visão, audição, mentais, físicos, educandos com problemas de conduta para os que possuam deficiências múltiplas e os superdotados, visando sua participação progressiva na comunidade. (BRASIL, 1973) De acordo com Jannuzzi (2004 apud SILVA, 2012), por meio do CENESP são definidas as metas governamentais específicas para a Educação Especial, regulamentando uma ação política mais efetiva, para organizar o que estava sendo realizado precariamente na sociedade, nas escolas e nas instituições especializadas ao atendimento de crianças com necessidades especiais. [...] mesmo com a criação deste órgão, o conceito de educação especial não estava claro. Existia de uma maneira muito forte o assistencialismo, ação que não se encaixa com a proposta da educação especial, já que a área visa, principalmente, a sistematização de conhecimentos escolares, acadêmicos e procedimentos para sua apropriação. Além disso, não se observava a integração de pessoas com deficiência nas redes escolares, como propunha o movimento de integração, mesmo porque não havia qualquer obrigatoriedade de apoio especializado nas redes regulares de ensino. (JANNUZZI, 2004 apud SILVA, 2012, p. 65) Educação Inclusiva 36 VOCÊ SABIA? ”Em 1986, o Cenesp foi transformado em Secretaria de Educação Especial (Sespe), por meio do Decreto nº. 93.613/1986, entretanto, manteve a mesma competência e estrutura. Essa secretaria foi extinta em 1990, por meio do Decreto nº. 99.678/1990 na época em que o Ministério da Educação sofreu uma reestruturação. Assim, a Secretaria Nacional de Educação Básica (Seneb) passou a ser responsável pela área da Educação Especial” (SILVA, 2012, p. 67). De acordo com Campbell (2009) as décadas de 80 e 90 são marcadas pela defesa da escola pública de qualidade e maior participação da sociedade nos destinos da educação. Ainda, segundo a autora, neste período, nasce o novo modelo democrático de gestão escolar compartilhado entre os profissionais da educação (professores, diretores), pais, estudantes e comunidade. Neste contexto, em 1988, foi promulgada a nova Constituição Federal do Brasil, que tinha como principal objetivo: [...] instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. (SILVA, 2012, p. 67) Para Silva Mendes (2009) apud Silva (2012), a Constituição Federal de 1988 traçou as linhas mestras para democratização da educação brasileira, além de buscar erradicar o analfabetismo, universalizar o atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino e implementar a formação humanística, científica e para o trabalho. É importante destacar que é na Constituição Federal (CF) de 1988 que aparece pela primeira vez o termo “atendimento educacional especializado”, se referindo aos estudantes com deficiência. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: Educação Inclusiva 37 I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (...). (BRASIL, 1988) Depois da Constituição Federal de 1988, que algumas ações referentes à Educação Especial começaram a mudar, conforme explica Alias (2016, p. 17): [...] a Educação Especial começa a ser vista como parte integrante da proposta da educação para todos, já que, até então, essa educação funcionava como algo à margem do sistema educacional comum. Assim, o discurso da educação para todos, contido na Constituição, e a universalização da educação, passaram a balizar as políticas produzidas a partir daí e, consequentemente, a forma como o estudante público- alvo da Educação Especial é visto na escola. Passa-se do paradigma integracionista e normalizador para o paradigma inclusivo. (ALIAS, 2016, p. 17) Em 1994, é publicada a Declaração de Salamanca que recomendava a inclusão de “todas as crianças” nas escolas regulares. É importante destacar, que quando se fala de “todas as crianças”, a declaração está se referindo aos grupos desfavorecidos (as crianças de rua, com deficiência, as superdotadas etc.) e ainda, este documento recomenda que o processo de aprendizagem seja centrado nos estudantes. A Declaração de Salamanca trouxe à tona a importância do direito de todos à educação, o que já havia sido abordado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e na Educação Inclusiva 38 Conferência Mundial de Educação para Todos, que aconteceu em 1990, também em contexto internacional. (ALIAS, 2016, p. 17) SAIBA MAIS: A Declaração de Salamanca (MEC, 1994, online)acredita e proclama: • Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; • Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; • Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá- los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer tais necessidades; • Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. De acordo com Alias (2016), a Declaração de Salamanca teve grande influência sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 (LEI Nº 9.394). Ainda, segundo a autora, por meio desta lei ficou determinado que a escola deveria se adequar para receber os estudantes, independentemente das suas características. Esta é, então, a diferença entre a integração e a inclusão: agora, a escola precisa se adequar para receber o estudante, já́ que a educação é direito fundamental. Dessa forma, há implicações na maneira como esse estudante passa a ser visto dentro da escola, dentro da sala de aula, como ele aprende, o Educação Inclusiva 39 desenvolvimento de sua aprendizagem e de estratégias que corroborem isso. (ALIAS, 2016, p. 17) A LDBEN nº 9.394 estabelece as diretrizes e bases da educação do Brasil.Nesta Lei, o Capítulo V é todo dedicado à Educação Especial e já no seu primeiro artigo se tem a definição desta educação. Além disso, também determina como serão os serviços de apoio especializado e como o atendimento educacional deverá ser oferecido. Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013). § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018). (BRASIL, 2020) Já no artigo 59, do capítulo V, estão explicadas as condições especiais que deverão ser asseguradas pelos sistemas de ensino para os estudantes com deficiência. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superlotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Educação Inclusiva 40 I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, 2020) Depois da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, foram publicados outros documentos norteadores e oficiais com a finalidade de orientar as atividades a serem desenvolvidas com os estudantes com deficiência e que buscavam não somente os direitos das pessoas com deficiência, mas também das minorias (povos indígenas, afrodescendentes, entre outros). Conforme já mencionado anteriormente, na Declaração de Salamanca, “ao incluir todas as crianças”, sem distinção de cor, origem, cultura, gênero sexual, entre outras, temos uma Educação Inclusiva para todos! De acordo com Mendes (2006) citado por Silva (2012), a Declaração Salamanca é o marco mundial da filosofia da educação inclusiva, pois a partir dela as teorias e práticas inclusivas são difundidas em muitos países, principalmente no Brasil. Educação Inclusiva 41 Veja a seguir, uma síntese de algumas leis e alguns decretos que buscam normatizar e orientar o trabalho da Educação Inclusiva em nosso país, de acordo com Silva (2012): 1988 – Constituição Federal (CF). Busca garantir direitos iguais a todos, conforme descrito no art. 5: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin- do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à se- gurança e à propriedade (...)” (BRASIL, 2020); 1990 - Lei n°. 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em seu artigo 53, assegura a todas as crianças e ado- lescentes o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e atendimento educacional especiali- zado, preferencialmente na rede regular de ensino; 1996 – Lei n°. 9394 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelecer, como princípio do ensino, a igualdade de condições tanto para o acesso como para a permanência na escola 1999 – Decreto n°. 3298 - Política Nacional para a Integra- ção da Pessoa Portadora de Deficiência. Assegurar que os indivíduos com deficiência possam exercer seus direitos de forma plena; 2001 – Plano Nacional de Educação. Explicita a responsabili- dade da União, dos Estados e Distrito Federal e Municípios na implementação de sistemas educacionais que assegurem o acesso e a aprendizagem significativa a todos os alunos; 2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução do Conselho Nacional de Edu- cação/ Câmara de Educação Básica (CNE/CEB) n°. 02. Ra- tifica a importância de que todos os alunos possam aprender juntos numa escola de qualidade; Educação Inclusiva 42 2001 - Decreto n°. 3.956 de 8 de outubro. .................................... Reconhece a Convenção Interamericana para eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas portadoras de deficiência; 2002 – Lei no. 10.436. Reconhece a Língua Brasileira de Si- nais (LIBRAS) como meio legal de comunicação e expressão dos surdos, e o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua; 2002 – Portaria no. 2.678. Esta portaria aprova as diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sis- tema Braille em todas as modalidades de ensino, compreen- dendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e sua recomendação para todo o território Nacional; 2004 – Decreto n°. 5296. Regulamenta as Leis n°. 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelecem normas gerais e critérios básicos para a pro- moção da acessibilidade em vários âmbitos; 2007 – Decreto n°. 6.094. Implementa o Plano de Desenvol- vimento da Educação, tendo como eixos a formação de pro- fessores para a educação especial e o compromisso com a educação para todos, viabilizando a garantia do acesso, da permanência no ensino regular e o atendimento às necessi- dades educacionais especiais dos alunos, bem como fortale- cendo o ingresso destes nas escolas públicas; 2008 – Decreto n°. 6.571. Trata do atendimento educacional especializado. Tem a finalidade de ampliar a oferta do atendi- mento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. Consolida e altera as ações já existentes voltadas à educação inclusiva; 2008 - Lei n°. 11.645. Determina as diretrizes e bases da edu- cação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de Educação Inclusiva 43 ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- -Brasileira e Indígena”; 2011 - Decreto n°. 7.611. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras provi- dências; 2011 - Decreto n°. 7.612. Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite; 2012 - Lei n°. 12.764. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e altera o § 3º. do art. 98 da Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. RESUMINDO: Neste capítulo estudamos o percurso histórico da legislação brasileira, referente à Educação Especial e à Educação Inclusiva. Vimos que a Declaração de Salamanca teve grande influência na elaboração da Lei n°. 9394 - Lei de Diretrizese Bases da Educação Nacional. Para finalizar, foi apresentada uma tabela com a compilação de algumas leis, decretos e documentos que regulamentam e contribuem para uma educação inclusiva. Vamos dar continuidade a esse assunto no próximo capítulo, em que será abordada a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva. Aqui, neste capítulo, você já pode compreender que existe diferença entre esses dois modelos de educação. Educação Inclusiva 44 Educação Especial versus Educação Inclusiva INTRODUÇÃO: Ao final dos estudos deste capítulo você será capaz de distinguir a Educação Especial da Educação Inclusiva. Saber distinguir essas duas perspectivas educacionais é fundamental para o exercício da profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Para iniciarmos os estudos deste capítulo, primeiramente, vamos relembrar a exclusão e segregação das pessoas com deficiência. Você lembra que estudamos sobre esses períodos nos capítulos anteriores? O que você consegue recordar? A exclusão representa o período em que TODAS as pessoas com deficiência eram excluídas totalmente da sociedade, isto é, elas não participavam de nenhuma atividade na comunidade, pois eram consideradas incapazes para trabalhar e conviver com outras pessoas. Assim, elas eram internadas em instituições de caridade, com doentes e idosos. É importante lembrar que em algumas culturas era comum o infanticídio das crianças com deficiência. Em um segundo momento, se tem a segregação, isto é, a separação dos indivíduos com deficiência da sociedade e, para isso, são criadas as instituições especializadas para atender cada tipo de deficiência. Segundo Sassaki (2002), os ambientes eram o mais semelhante possível daqueles vivenciados pela população sem deficiência (escolas, clubes, oficinas, centros de reabilitação, lazer, trabalho, moradia etc.). Educação Inclusiva 45 Figura : Escola especial Fonte: Freepik Estes espaços evidenciavam apenas as limitações das pessoas com deficiência. Logo, esses locais, forneciam a estes indivíduos os recursos essenciais para a reparação da sua deficiência, assim, atendia às necessidades educacionais especiais deles e supostamente, assegurava a oportunidade de aprender. É importante destacar que “as atenções recaíam mais em patologias do que na educação propriamente dita ou nos recursos necessários que conduzissem à aprendizagem, e o objetivo era a reabilitação” (CAMPBELL, 2009, p. 134). É importante lembrar que o estudante com deficiência que frequentava uma escola especial, neste período, tinha a sua interação com a sociedade limitada e, também, seu convívio com a família. Em seguida, se tem um novo paradigma da Educação Especial, para as pessoas com deficiência, a integração. De acordo com Campbell (2009) a integração representa uma tentativa de integrar os alunos com deficiência nas escolas comuns do ensino regular, em classes especiais. Em um primeiro momento, a integração parcial, isto é, um espaço específico dentro da escola, para depois, uma integração total, na classe comum. Educação Inclusiva 46 Se faz necessário recordar que na integração total era o estudante com deficiência que tinha que se adequar a escola, sendo assim, a escola mantinha a sua estrutura física e pedagógica inalterada. O estudante com necessidades educacionais especiais tinha quer se capazes de seguir o currículo adotado pela escola no ensino regular. Mas, infelizmente, a maioria deles não conseguiam acompanhar, logo, esses estudantes com deficiência continuavam frequentando a classe especial, consequentemente, a escola era dividida em dois ambientes: educação regular e educação especial. A integração exigia que os estudantes com deficiência se adaptem às escolas e salas de aula. Logo, a integração é “um processo dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional, legitimando sua interação nos grupos sociais. A integração implica em reciprocidade” (BRASIL, 1994, p. 18). Ainda, segundo a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994, p.18), a integração é um (...) processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas de acordo com as necessidades e habilidades dos alunos. A integração educacional escolar refere-se ao processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, a criança com e sem necessidades educacionais especiais durante uma parte ou na totalidade do tempo de permanência na escola. (BRASIL, 1994, p.18) De acordo com Sassaki (2002), a integração constitui um esforço unilateral somente da pessoa com deficiência e seus aliados (a família, algumas pessoas da comunidade, que lutam pela inserção social de todos e as instituições especializadas) que tentam torná-la mais aceitável no seio da sociedade. Nesse contexto, de acordo com o autor, a sociedade fica de “braços cruzados”, isto é, não faz nenhuma alteração para que as pessoas com deficiência possam se adaptar ao seu meio. Pelo contrário, as pessoas com deficiência só serão aceitas se forem capazes de: Moldar-se aos requisitos dos serviços especiais separados (classe e escola especial, entre outros). Acompanhar os procedimentos tradicionais (de trabalho, escolarização, convivência social, entre outros). Contornar os obstáculos Educação Inclusiva 47 existentes no meio físico (espaço urbano, edifícios, entre outros). Lidar com as atitudes discriminatórias da sociedade resultantes de estereótipos, preconceitos e estigmas. Desempenhar papéis sociais individuais (aluno, trabalhador, pai, mãe, entre outros) com autonomia, mas não necessariamente com independência. (SASSAKI, 2002, p. 35) É importante destacar que, segundo Campbell (2009), a Educação Especial deve ter como princípios: a preservação da dignidade humana, a busca de identidade e o exercício da cidadania. Ainda, como principal objetivo, segundo o autor, derrubar as barreiras que impedem a criança de exercer a sua cidadania. Inclusão social Agora, vamos falar sobre o paradigma da inclusão social, que é o momento em que estamos vivenciando na sociedade. Este processo se diferencia da integração, pois a inclusão social é bilateral, isto é, a sociedade e as pessoas que estão excluídas trabalham juntas na busca de soluções efetivas que possibilitam a equiparação de oportunidade para todos e todas. A prática da inclusão social repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação. A diversidade humana é representada, principalmente, por origem nacional, sexual, religião, gênero, cor, idade, raça e deficiência. (SASSAKI, 2002, p. 42). Neste sentido, Sassaki (2002), explica que a inclusão social é um processo que busca contribuir para a construção de uma sociedade através de transformações, não somente nos ambientes físicos, mas também na mentalidade de toda a população, inclusive das pessoas com deficiência. No ambiente escolar, a inclusão busca uma reformulação do sistema de ensino. Portanto, neste modelo, a escola precisa estar aberta às Educação Inclusiva 48 diferenças e também capacitada para trabalhar com todos os estudantes, sem distinção de classe, gênero, raça, deficiência, etc. A inclusão escolar é para todos aqueles que se encontram à margem do sistema educacional, independentemente de idade, gênero, etnia, condição econômica ou social, condição física ou mental, ou seja, a população desfavorecida economicamente ou alvo de estigmas sociais de toda ordem. (CAMPBELL, 2009, p. 136) Diante deste contexto, no sistema educacional, a Educação Inclusiva é entendida como um esforço em atender as necessidades educacionais especiais de todos e todas estudantes, conforme explica Campbell (2009, p. 139): [...] a educação inclusiva é um meio de assegurar que os alunos que apresentemalguma deficiência tenham os mesmos direitos que os outros e que todos sejam cidadãos de direito nas escolas regulares, bem-vindos e aceitos, formando parte da vida daquela comunidade”. (CAMPBELL, 2009, p. 139) VOCÊ SABIA? “[...] a educação é uma questão de direitos e indivíduos com deficiência devem fazer parte das escolas, as quais precisam modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos, e as características de uma escola de qualidade decorrem do paradigma da inclusão, onde enfatiza-se o processo de adequação da escola às necessidades dos alunos para que possam estudar, aprender, crescer e exercer plenamente a sua cidadania. Para tanto as escolas precisam eliminar atitudes preconceituosas, adequar seus programas, preparar os alunos e famílias e capacitar continuamente todos os profissionais que atuam na escola.” (STAINBACK, 1999 apud CAMPBELL, 2009, p. 140) Educação Inclusiva 49 A Educação Inclusiva é uma possibilidade para o desenvolvimento da solidariedade, do respeito ao outro, da dignidade humana e igualdade, entre os indivíduos, pois ela possibilita aos alunos e às alunas aprenderem a conviver e se relacionarem com diversas pessoas que apresentam diferentes habilidades e competências de diversas culturas e religiões, entre outras. A educação inclusiva, atenta à diversidade inerente à espécie humana, busca perceber e atender às necessidades educativas especiais de todos os alunos em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma que se promovam a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Educação inclusiva consiste no reconhecimento da necessidade de ser caminhar rumo à uma escola que inclua todos os alunos, celebre a diferença, responda às necessidades individuais e apoie a aprendizagem sustentado no pressuposto de que os alunos podem aprender e fazer parte da vida escolar e comunitária. (CAMPBELL, 2009, p. 141) Nesse sentido, Campbell (2009) explica que a Educação Inclusiva é a melhor maneira de beneficiar a todos, pois eles aprendem juntos. E ainda, segundo a autora, não podemos esquecer que a Educação Inclusiva é uma questão de direitos humanos, “uma vez que defende que não se pode segregar nenhuma pessoa como consequência de sua deficiência ou de sua dificuldade de aprendizagem” (CAMPBELL, 2009, p. 142). Então, ficou clara a diferença entre integração e inclusão? Para você compreender melhor a diferença entre integração e inclusão, observe na abaixo a diferença entre esses dois paradigmas. Educação Inclusiva 50 Figura – Inclusão versus Integração Fonte: Adaptado (SOUZA et al., 2005). De acordo com Souza et al (2005), existem duas teorias que você precisa conhecer para entender como a integração e a inclusão se constituem: • A teoria do meio menos restritivo possível: As pessoas com deficiência, desde a infância, devem ser atendidas à parte, em serviços e programas individualizados, como os de estimulação precoce em instituições especializadas: creches, escolas e classes especiais de educação infantil, de ensino fundamental, entre outros. • A teoria do meio mais favorável possível: Cisa o aperfeiçoamento dos atendimentos e programas educativos, sem que precisem ser Educação Inclusiva 51 individualizados, mas que possam atender e beneficiar todas as crianças na sua pluralidade. Veja na tabela a seguir mais informações sobre essas duas teorias. Quadro 5: Teorias do meio mais favorável possível e do meio menos restritivo possível PARADIGMAS TEORIA DO MEIO MENOS RESTRITIVO POSSÍVEL TEORIA DO MEIO MAIS FAVORÁVEL POSSÍVEL Educação Todos os alunos na mesma escola, mas não necessariamente em uma mesma sala Todos os alunos em sala de aula comum Inserção da criança Condicionada à adaptação da criança, às experiências e às exigências do meio A meta é não deixar ninguém de fora. Inserção de forma mais radical Diferenças A busca pela homogeneização As diferenças impulsionam as mudanças de comportamento Serviços Em atendimento segregado Acionamento das redes de apoio Modalidade INTEGRAÇÃO INCLUSÃO Fonte: SOUZA, 2005. Observa-se na tabela anterior que as características específicas das duas teorias buscam modalidade diferentes da educação especial. Uma visa para integração na escola, mas em salas de aulas separadas e a outra tende para a inclusão de todos os estudantes com necessidades educacionais especiais na sala de aula regular, isto é, sala de aula comum. Educação Inclusiva 52 RESUMINDO: Para finalizar, vamos recapitular o que foi estudado neste tópico. Você viu que a exclusão representa o período em que todas as pessoas com deficiência eram totalmente excluídas da sociedade, isto é, todos os indivíduos com deficiência eram considerados inválidos para realizar qualquer atividade ou até mesmo se relacionar com a comunidade. Em seguida, foi apresentada a segregação que acontece quando são criadas as instituições especializadas para atender cada tipo de deficiência, sendo que o ambiente destas instituições deveriam ser o mais semelhante possível daqueles vivenciados pela população sem deficiência. Depois, foi explicado o paradigma da integração, que tem como objetivo integrar os estudantes com deficiência nas escolas regulares comuns, entretanto, em classes especiais. A integração é a fase que os estudantes com deficiência que deverão se adaptar às escolas, essas por sua vez, não precisam modificar nada na sua estrutura física ou nos processos de ensino-aprendizagem. Para encerrar este tópico, foi explicado sobre a Educação Inclusiva e, nesta perspectiva, o ambiente escolar tem que reformular o processo de ensino-aprendizagem, pois este precisa estar aberto às diferenças, além de ter recursos humanos capacitados para atuar com todos os estudantes, sem distinção de classe, gênero, raça, deficiência, entre outros. Educação Inclusiva 53 REFERÊNCIAS ALIAS, Gabriela. Desenvolvimento da aprendizagem na Educação Especial - Princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Inclusiva. São Paulo: Cengage, 2016. (Recurso eletrônico). BERGAMO, Regiane Banzzatto. Educação Especial pesquisa e prática. Curitiba: InterSaberes, 2012. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Presidência da República - Casa Civil. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html>. Acesso em: 02 nov. 2020. BRASIL. Decreto nº 72.425, de 3 de Julho de 1973. Câmara dos Deputados. Legislação Informatizada - Decreto nº. 72.425, de 3 de Julho de 1973 - Publicação Original. Disponível em: <https://www2.camara.leg. br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888- publicacaooriginal-1-pe.html.> Acesso em: 01 nov. 2020. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Presidência da República - Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9394.html>. Acesso em: 03 nov. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. CAMPBELL, S. I. Múltiplas Faces da Inclusão. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009. MEC. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2020. SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. Educação Inclusiva http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888-publicacaooriginal-1-pe.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888-publicacaooriginal-1-pe.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-72425-3-julho-1973-420888-publicacaooriginal-1-pe.html
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