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Hermeneutica - Unidade II - Livro Texto

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Unidade II
Unidade II
MÓDULO V – CIÊNCIA DA HERMENÊUTICA JURÍDICA, TEORIA GERAL DA 
HERMENÊUTICA E SISTEMA JURÍDICO
A Interpretação Jurídica enquanto Atividade de Compreensão
Podemos dizer que a interpretação das normas jurídicas diante do caso concreto tem como intérpretes 
os operadores do direito, dentre os quais estão os advogados doutrinadores e juízes, cabendo a estes 
últimos a concretização da jurisdição.
Jurisdição tem por definição o poder de dizer o direito, pois iuris = direito e dictio = dizer. Dessa forma, 
pode-se afirmar que a jurisdição é um meio de traduzir a norma aos interlocutores (jurisdicionados) 
diante dos fatos concretos. É aqui que a interpretação jurídica ocorre com maior relevância, como dito, 
no âmbito da jurisprudência.
Essa importância da interpretação jurisdicional decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição 
previsto no artigo 5, XXXV da CF/88. Trata-se de regra cogente direcionada ao Poder Judiciário, na busca 
por uma solução a todas as demandas, mesmo aquelas não regulamentadas pelo legislador. Daí porque, 
diz-se que a jurisdição, além de “dizer o direito”, “cria o direito”, tudo para não fugir do seu dever legal 
de sempre dar uma resposta às demandas e solucionando o caso concreto.
Por exemplo, tem-se as relações jurídicas entre homoafetivos no Brasil. A ausência de normas que 
regulamentem os direitos e deveres dos casais homossexuais, demandou do Judiciário, quando provocado, 
a se manifestar sobre o tema, interpretando o Direito e aplicando os métodos jurídicos disponíveis. É a 
jurisprudência brasileira quem hoje regulamenta as situações jurídicas dessas pessoas, de modo que as 
regulamentações sobre os direitos dos homossexuais decorrem do chamado “direito judicial”.
Assim sendo, se por um lado, é vedado ao Judiciário deixar sem resposta o caso concreto, por outro, 
onde não houver regulamentação legal, é dado aos juízes o poder de criar a regra jurídica para o caso 
concreto. Trata-se de um paradoxo, sem dúvidas. Mas tudo é resolvido por meio da hermenêutica jurídica. 
Os tribunais criam além das normas individuais, como acima explicado, normas gerais quando as 
decisões do caso concreto tenham força vinculante. Neste sentido, a atividade se assemelha a atividade 
legiferante do Poder Legislativo e reforça o princípio da segurança jurídica. Hans Kelsen compartilha 
dessa ideia:
“A função criadora de Direito dos tribunais, que existe em todas as circunstâncias, surge com 
particular evidência quando um tribunal recebe competência para produzir também normas gerais 
através de decisões com força de precedentes”.
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HERMENÊUTICA
Assim sendo, o papel da jurisdição ao interpretar o Direito é mais relevante que o papel dos outros 
intérpretes justamente porque é capaz de preencher os “espaços vazios” deixados pelo legislador. Como 
será demonstrado abaixo, o papel dos outros intérpretes é fundamental para auxiliar a jurisdição a 
solucionar os casos concretos, como é o caso da interpretação doutrinária do direito. 
Doutrina vem do latim doctrina, que por sua vez decorre do verbo docere que significa lecionar ou 
ensinar. Para o direito, a doutrina significa fonte forma e não estatal (como é a lei) que se forma por 
um conjunto de obras (livros, artigos, resenhas, comentários etc.) e pareceres (opinião fundamentada), 
que são produzidos por conceituados juristas. Não tem a doutrina força vinculante e obrigatória, 
mas contribui para a evolução dos sistemas jurídicos contemporâneos. Certo é que tanto o legislador 
quanto o juiz encontram nas mais diversas obras jurídicas elementos teóricos indispensáveis para o 
aperfeiçoamento da legislação e da jurisprudência. Neste particular, a doutrina oferece o que chamamos 
de argumento de autoridade.
Já a jurisprudência, é considerada uma fonte formal e estatal do direito. Concebemos jurisprudência 
como decisões reiteradas num mesmo sentido, capazes de criar um padrão normativo tendente a 
influenciar futuras decisões judiciais. 
Podemos citar exemplos de mudança jurisprudencial que demonstram o papel construtivo dos juízes 
brasileiros: reconhecimento do furto famélico, relativização da autonomia da vontade pela adoção da 
teoria da imprevisão, reconhecimento da sociedade de fato antes mesmo da regulamentação legislativa 
da união estável, guarda compartilhada, abandono afetivo antes mesmo da positivação no direito de 
família.
Texto adaptado da publicação A hermenêutica jurídica de Hans Kelsen em cotejo com a hermenêutica 
de Karl Larenz: a busca pela resposta correta de Roberto M. dos Santos. Âmbito Jurídico. 
MÓDULO VI – METODOLOGIA DA CIÊNCIA DA HERMENÊUTICA JURÍDICA
Dogmática x Zetética 
Podemos dizer que a dogmática jurídica é o método de observar, de analisar e de atuar perante o 
Direito segundo orientações por casos concretos ocorridos anteriormente. Há, ainda, a possibilidade de 
a orientação ser fundamentada em valores e princípios gerais do Direito. 
Preocupa-se, portanto, a dogmática, em orientar a ação e possibilitar uma decisão, sempre fundada 
em premissas previamente estabelecidas, pressupostos válidos conforme a lógica, a experiência concreta 
ou os valores fundamentais do Direito. 
A dogmática pretende instaurar uma sociedade juridicamente segura, retirando parte da área 
de decisão do operador do Direito, que deve agir de maneira a respeitar os limites do que foi 
imposto pela legislação. A interpretação do jurista, desta maneira, se submete à norma em vigor, 
sem questioná-la. 
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Unidade II
Na concepção de Miguel Reale, a interpretação dogmática do jurista é o momento máximo de 
aplicação da Ciência do Direito, é “quando o jurista se eleva ao plano teórico dos princípios e conceitos 
gerais indispensáveis à interpretação, construção e sistematização dos preceitos e institutos de que 
se compõe”. 
A dogmática jurídica adota uma postura não-problemática em face a seus pressupostos e a adoção de 
uma função voltada para a decidibilidade dos casos concretos. Desta forma, o saber jurídico-dogmático 
pretende alcançar a estabilidade social, conferindo segurança jurídica, pois condiciona a solução dos 
conflitos de forma a causar a menor perturbação social possível. 
Na dogmática há certa padronização da resposta jurídica ao ocorrer determinado fato jurídico. 
Desta forma o estado-juiz transmite confiança à sociedade de que existe resposta e de que maneira ela 
ocorre após determinado fato jurídico. 
A dogmática indica ao operador do Direito algumas soluções possíveis para determinado conflito, 
desta forma, orienta a ação dentro dos limites estabelecidos pela norma em vigor para a interpretação 
do operante. 
Podemos falar que existe uma “legitimação” das decisões através da institucionalização dos poderes 
do Estado, que criam e aplicam a legislação, sem retirar a interpretação necessária para cada caso 
concreto, servindo como guia do jurista perante o litígio. 
Já a Teoria Zetética do Direito pode ser entendida pela oposição à Teoria dogmática do Direito, 
onde determinados conceitos e fatos são simplesmente aceitos como dogmas. Em oposição, a zetética 
coloca o questionamento como posição fundamental, o que significa que qualquer paradigma pode 
ser investigado e indagado. Qualquer premissa tida como certa pela dogmática pode ser reavaliada, 
alterada e até desconstituída pelo ponto de vista zetético.
A palavra “zetética” possui sua origem no grego zetein que significa perquirir, enquanto “dogmática” 
origina também do grego dokein, ou seja, doutrinar. No Brasil, a teoria zetética foi postulada por Tércio 
Sampaio Ferraz Júnior, com base na obra do jusfilósofo alemão Theodor Viehweg.
Outra distinção entreas teorias dogmática e zetética pode ser encontrada em sua função 
desempenhada, enquanto a visão dogmática busca a formação de opiniões, a zetética procura se 
relacionar com a investigação e com a dissolução, através do questionamento, das opiniões já formadas.
É também característica da teoria zetética a extrapolação das fontes usualmente reconhecidas do 
direito, as formais (leis, jurisprudência, súmulas), utilizando fontes secundárias como Sociologia, História, 
Geopolítica etc. Desta forma, muitos consideram esta visão como mais ampla e completa do que as 
teorias tradicionais, entendendo como origem das normas e como perpétua fonte de seu conteúdo a 
sociedade que as mesmas visam regular. 
A teoria zetética do Direito tem como fundamento o questionamento de pressupostos, a dúvida, o 
processo de fundamentação, justificação e questionamento, promovendo a quebra de dogmas. O zetético 
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HERMENÊUTICA
é a dissolução das opiniões, a especulação explícita e infinita. Preocupa-se com o questionamento dos 
significados, perquirindo o que é e não o que deve ser. 
Assim, para facilitar o entendimento da correlação funcional entre a dogmática jurídica e a teoria 
zetética do Direito, é necessário que se explicite as diferenciações básicas. 
A dogmática procura a ação, enquanto à zetética importa a especulação. A zetética não tem reserva em 
perquirir, sentir dúvida, já a dogmática almeja respostas. A zetética se faz de questionamentos infinitos, a 
dogmática tem finitude. A zetética é informativa; a dogmática, por sua vez, além de informativa, é diretiva. 
Assim sendo, o que deve fazer o intérprete é descobrir quais são os valores protegidos no texto que 
traduz o comando legal, explorando as possibilidades gramaticais, bem como o que pode haver nas 
entrelinhas, conhecendo bem, primeiramente, a lei antes de aplicá-la ao caso concreto. 
O sentido do mais zetético, menos dogmático é no sentido de que os operadores do direito abram 
espaço a pensar nas situações sociais aonde cada assunto, cada norma, cada conceito irá se encaixar.
Schiefler G. H. C. Breve introdução ao estudo da dogmática jurídica.
Duarte, Ícaro de Souza. Mais zetética, menos dogmática. A Hermenêutica como pressuposto para uma melhor formação dos alunos. 
MÓDULO VII – A HERMENÊUTICA E A INTERPRETAÇÃO DO DIREITO
1. Interpretação do Direito e as Cláusulas Gerais
Podemos observar um corrente uso de cláusulas geral como técnica legislativa para a conformação 
dos princípios aplicados ao processo e a tutela de direitos dos cidadãos. 
Segundo Soares, citando Alberto Jorge Junior (2004, p. 123) pode-se dizer que as cláusulas gerais 
funcionam no interior dos sistemas jurídicos, mormente os codificados como elementos de conexão 
entre as normas rígidas e a necessidade de mudança de conteúdo de determinados valores, em meio 
a um ambiente social em transformação, operando, dentro de certos limites, a adaptação do sistema 
jurídico às novas exigências na interpretação desses valores.
Desta forma podemos dizer que, a técnica legislativa das cláusulas gerais vem abrindo a possibilidade 
da inserção no diploma legal de pautas de valoração oriundas do substrato social, possibilitando aos 
juízes e à doutrina, com frequência se socorrer de conceitos integradores como ética, boa-fé, dignidade, 
solidariedade, razoabilidade, probidade, equidade, interesse público, bem comum entre outros.
2. Interpretação do Direito e as Máximas da Experiência
Trata-se de recurso tradicional de controle da atividade jurisdicional, prevista no NCPC no artigo 375 que 
dispõe: O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente 
acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, o exame pericial. 
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Unidade II
Claramente esta experiência deve levar em consideração o homem médio, que está inserido em 
determinada cultura e momento histórico. Nestes casos o juiz poderá socorrer-se do senso comum, 
valendo-se de conhecimentos que devem estar fundados naquilo que comumente ocorre na sociedade, 
sendo fruto do comumente acontece. 
Cabe lembrar que as regras de experiência não se confundem com os fatos notórios que independem 
de prova, conforme previsto no artigo 374 do NCPC que dispõe:
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios; 
[...]
Tal entendimento se dá porque as máximas de experiência resultam de observações de um indivíduo 
sobre vários fatos que tiveram a mesma relação de causa e efeito, enquanto que o fato notório não é 
uma repetição de vários fatos, mas sim, a certeza de um acontecimento.
Segundo Soares “O hermeneuta não pode assim, desprezar as regras /máximas de experiência ao 
proferir uma dada decisão, devendo, ao valorizar a apreciar as provas dos autos, servir-se daquilo que 
comumente acontece na vida social”.
3. Interpretação do Direito e o fenômeno da Discricionariedade
Podemos dizer que discricionário está ligado ao poder que as autoridades constituídas possuem 
de agir com certa liberdade. Por exemplo, no campo do Direito Administrativo, o ato discricionário 
comportaria um juízo subjetivo, situado no campo da conveniência e oportunidade do administrador, 
alcançando os motivos e o objeto da providência administrativa (Soares, 2010, p. 116).
No tocante ao campo jurisdicional, há renomados doutrinadores que entendem que o ato de julgar 
será sempre vinculado e nunca discricionário, já que existe apena uma solução jurídica para determinado 
caso concreto. Não obstante este entendimento, nos parece mais plausível a corrente que entende quer 
o ato de julgar não deixa de ser uma atividade discricionária.
“Ao magistrado cabe optar pela melhor interpretação do texto legal, tendo em vista a realização 
de seus valores e fins, figurando tal opção hermenêutica como o resultado do exercício de um poder 
discricionário”. (Soares, 2010, p. 119).
Certamente o legislador não poderia antever todos os fatos para discipliná-los à luz das normas 
jurídicas, sendo certo que a previsão abstrata da lei tem a intenção clara de que seja aplicada a melhor, 
mais justa e adequada interpretação ao caso concreto, dando margem à discricionariedade que não se 
pode confundir com arbitrariedade.
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HERMENÊUTICA
4. Interpretação do Direito e a Jurisprudência
Podemos entender o termo jurisprudência como sendo uma fonte do Direito por intermédio 
da reiteração de julgados num mesmo sentido, capazes de criar um padrão normativo que poderá 
influenciar futuras decisões. 
Tem importante papel a jurisprudência porque comporta o preenchimento de lacunas do 
ordenamento jurídico. 
Conforme preceitua Soares citando Eros Grau “[...] a norma jurídica é produzida para ser aplicada a 
um caso concreto. Essa aplicação se dá mediante a formulação de uma decisão judicial, uma sentença, 
que expressa a norma de decisão. Este, que está autorizado a ir além da interpretação tão somente 
como produção das normas jurídicas, para delas extrair normas de decisão, é aquele que Kelsen chama 
de intérprete autêntico: o juiz”. (2010, p. 122-123).
Desta forma podemos observar a consagração do poder normativo da Justiça do Trabalho, a 
uniformização da jurisprudência, súmulas comuns dos Tribunais Superiores, inclusive do STF, bem como 
a positivação constitucional da súmula vinculante. Aqui um particular sobre a súmula vinculante que 
além de dirimir uma controvérsia, estabelece um precedente com força vinculante, a fim de assegura 
que casos futuros análogos sejam decididos da mesma forma.
Para Soares “O juiz, quando interpreta o Direito, jamais é neutro. Ele está revelando o seu conjunto 
de valores, que serve de inspiração na descobertada regra ou princípio jurídico adequado ao caso 
concreto. “ (2010, p. 125). 
Soares, Ricardo M. F. Hermenêutica e interpretação jurídica. São Paulo: Saraiva, 2010.
MÓDULO VIII – MODOS DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO
Podemos dizer que a integração do direito é um processo de preenchimento das lacunas das leis, a 
fim de que se possa dar sempre uma resposta jurídica aquele que procura o judiciário (jurisdicionado). 
Quando ocorre uma autointegração, podemos dizer que é o aproveitamento de elementos do próprio 
ordenamento jurídico. Já a heterointegração é a aplicação das normas que não participam da legislação, 
como as regras estrangeiras.
No Brasil, de acordo com o artigo 4º da LINDB temos:
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios 
gerais de direito.
O referido artigo de lei nos traz as formas de integração, quais sejam: a analogia, os costumes e os 
princípios gerais do direito. 
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Vamos ver cada um:
1. Analogia 
É o processo no qual o julgador aplica a um caso não previsto aquilo que o legislador prévio definiu 
para outro semelhante em igualdade de razões – Paradigma.
Espécies de Analogia
Analogia legis: consiste na aplicação de uma regra jurídica existente a caso semelhante, não previsto 
pelo legislador. 
Analogia juris: sugere um processo mais amplo, porque não encontrando regra jurídica que 
regulamente caso semelhante, ao julgador se permite com suporte em diversas regras jurídicas, 
disciplinadoras de um instituto semelhante, descobrir o preceito aplicável ao caso não previsto, pela 
combinação de muitos outros. 
Fundamentos da Analogia
- A necessidade de o legislador dar harmonia e coerência ao sistema jurídico;
- Os princípios do direito natural também dão fundamento a analogia, pois estabelecem que deve 
ser dado igual tratamento para as situações semelhantes impedindo a injustiça. 
2. Princípios Gerais do Direito
São postulados que norteiam o ordenamento jurídico. São enunciações normativas de valor 
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e 
integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. Representam a manifestação do próprio 
espírito de uma legislação.
Funções dos Princípios Gerais do Direito
- Informadora, ou seja, servem de inspiração ao legislador e de fundamento para o 
ordenamento jurídico; 
- Normativa, atuando como fonte supletiva, na ausência da lei, nesse caso constituindo 
meio de integração do direito. Os princípios gerais de direito têm grande importância no 
preenchimento das lacunas da lei, em face de seu caráter normativo à falta de lei ou costume 
aplicável ao caso concreto; 
- Interpretadora, para orientar o intérprete ou o julgador.
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HERMENÊUTICA
3. Costumes
Enquanto fontes do direito, os costumes tratam de comportamentos reiterados dos quais 
podemos extrair normas. Essas normas podem ser secundum legem, praeter legem e contra legem. 
No segundo caso, quando o costume não é previsto pela lei nem por ela proibido, pode ser utilizado 
enquanto mecanismo de preenchimento da lacuna, permitindo ao juiz redigir uma sentença em 
conformidade com ele.
Na ausência de lei, assim, o juiz pode constatar que a própria sociedade estabeleceu um critério para 
regular o fato, repetindo-o ao longo do tempo e tomando consciência de sua obrigatoriedade. Utilizará 
tal critério para julgar o caso.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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