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Hipopituitarismo Deficiência parcial ou completa da hipófise anterior, causada por distúrbios hipofisários ou hipotalâmicos adquiridos ou, mais raramente, hereditários. Pan-hipopituitarismo: deficiência de 2 ou + hormônios hipofisários. Se não adequadamente tratado - elevada morbimortalidade. Quadro clinico e as complicações, dependem - etiologia, do tipo e da gravidade da insuficiência hormonal. A reserva funcional da hipófise é grande, e as manifestações clínicas são evidentes apenas quando ocorre o comprometimento de, pelo menos, 75% de seu parênquima. As deficiências na secreção dos hormônios hipofisários manifestam-se, em geral, na seguinte ordem: gonadotrofinas (LH, FSH), hormônio de crescimento (GH) ou somatotrofina, tireotrofina (TSH), seguida de corticotrofina (ACTH) e, por último, prolactina (PRL). Hipopituitarismo congênito: ocorre a partir de anomalias estruturais da hipófise ou de distúrbios hereditários que levem a problemas na citodiferenciação e na secreção hormonal de uma ou mais linhagens celulares. Anomalias estruturais: raras; manifestam-se com aplasia (ausencia), hipoplasia parcial ou tecidos hipofisarios rudimentares ectópicos. Tais alterações podem vir acompanhadas de outras anormalidades, como anencefalia, encefalocele basal e hipoplasia do nervo óptico, além de lábio leporino e palato em ogiva. Quando as crianças sobrevivem, a reposição dos hormônios hipofisários torna-se necessária por toda a vida. Distúrbios hereditarios: Ao nascimento, a hipófise anterior é composta por 5 tipos celulares, classificados de acordo com os hormônios que secretam: corticotrofos (ACTH); tireotrofos (TSH); somatotrofos (GH); gonadotrofos (LH e FSH); e lactotrofos (prolactina). Existe participação de vários fatores de transcrição, necessários para que a produção hormonal seja adequados - sendo assim, mutações nos genes que codificam esses fatores de transcrição, hormônios ou receptores podem levar a deficiências isoladas ou combinadas com hormônios hipofisários. Doenças congênitas: Sínd. de Laurence-Moon-Biedl: autossômico recessivo; caracteriza-se por hipogonadismo hipogonadotrófico, retardo mental, obesidade, retinite pigmentosa, hexadactilia, braquidactilia ou sindactilia; A maioria dos pacientes, aos 30 anos - cegos; Causa preponderante do hipogonadismo - GnRH, cerca de 25% dos indivíduos do sexo masculino com a síndrome podem ter insuficiência testicular primária. Introdução Etiologia Sínd. de Prader-Willi: retardo mental discreto, baixa estatura, hipotonia muscular, hiperfagia intensa e obesidade; Comum a deficiencia de GH e o hipogonadismo. Sínd. de Kallmann: tipo + comum de hipogonadismo hipogonadotrófico; Consiste na associação de HH e alterações do olfato (anosmia ou hiposmia). Tal associação é resultado da migração inadequada dos neurônios produtores de GnRH e olfatórios, determinando agenesia ou hipoplasia dos bulbos e tratos olfatórios; Pacientes com síndrome de Kallmann são expostos a esteroides sexuais baixos ou ausentes desde o nascimento. Por consequência, as mulheres são altas e apresentam-se com amenorreia primária e ausência do desenvolvimento sexual secundário, ao passo que os homens têm puberdade atrasada e micropênis. Hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático: secreção deficiente de GnRH e clinicamente diferencia-se da SKM por ausência de distúrbios do olfato. Hipopituitarismo adquirido: (1) tumor hipofisário ou consequência do seu tratamento (cirurgia e/ou radioterapia) – 76%; (2) tumor extra-hipofisário (craniofaringiomas, cordomas, gliomas, meningiomas) – 13%; (3) idiopático – 8%; (4) doenças inflamatórias e infiltrativas – 1%; e (5) síndrome de Sheehan – 0,5%. Traumática: cirurgia, radioterapia, traumatismo craniano. Infiltrativa ou inflamatória: sarcoidose, histiocitose X, granulomatose de Wegener, hemocromatose. Tumoral: adenoma hipofisario, meningioma, tumores hipotalâmicos, metástases hipofisárias ou hipotalâmicas, neoplasias hematológicas. Infecciosa: tuberculose, toxoplasmose, etc; Vascular: DM, hipotensão, arterite, aneurismas, anemia falciforme, etc. Funcional: nutricional, atividade física excessiva, doenças críticas, distúrbios endócrinos, substâncias. Para pacientes com lesões hipotalâmico-hipofisárias podem apresentar sintomas compressivos, caracterizados por cefaleia (compressão da dura-máter ou hipertensão intracraniana), alterações de campo visual (compressão do nervo óptico), paralisias de nervos periféricos (extensão lateral da lesão) ou relativos à deficiência hormonal. Em relação à deficiência hormonal, o quadro clínico é variável e depende do grau de comprometimento da glândula e da época em que a doença surgiu. Manifestações clínicas @isabeldantasdias/ Medicina - Fametro Deficiência de GH: Causas: idiopática (esporádica; familiar; associada ao diabetes insipido); Iatrogênica (pós-cirurgia; pós- radioterapia); Tumores selares ou suprasselares; Doenças crônicas ( DM 1; talassemia; disgenesia gonádica; displasias ósseas) Na criança: diminuição na velocidade de crescimento, baixa estatura, implantação anômala dos dentes, micropênis, hipoglicemia, lipodistrofia abdominal, hipotrofia muscular. No adulto: fraqueza, depressão, osteoporose, labilidade emocional, redução na massa magra e na capacidade para o exercício, aumento da massa gorda (com distribuição predominante no tronco), aumento do LDL- colesterol e aumento do risco de doença cardiovascular. A maior morbimortalidade cardiovascular em adultos com DGH deve-se, pelo menos em parte, à alta prevalência de síndrome metabólica nesses pacientes. Deficiência de gonadotrofinas: ocorre de modo precoce no curso do hipopituitarismo. Quando surge antes da puberdade, os pacientes não apresentam as características sexuais secundárias. Após esse período: Mulheres: amenorreia secundária, perda da libido, atrofia mamária, dispareunia, osteoporose e infertilidade. No homem: redução da massa muscular, astenia, atrofia testicular, ginecomastia, redução do liquido ejaculado e azoospermia. Deficiência de TSH: quando o hipopituitarismo já está bem avançado; Muitos são assintomáticos ou oligossintomaticos; Manifestações mais marcantes - astenia, sonolência, intolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, hiporreflexia profunda, edema facial, anemia e bradicardia. Deficiência de ACTH: leva a perda da estimulação das camadas fasciculada e reticular da adrenal, o que prejudica a secreção de glicocorticoides (sobretudo o cortisol) e androgênios; são incomuns os sintomas referentes a distúrbios hidroeletrolíticos graves. Principais manifestações: fraqueza, astenia, anorexia, perda de peso, hipotensão postural leve, hipoglicemia e, somente em casos + graves, hiponatremia. Deficiência de prolactina: rara; apenas quando a hipófise anterior é completamente destruída ou em pacientes com deficiência congênita de prolactina. Quando presente, está associada à deficiência grave de outros hormônios, e o principal sinal clínico será a incapacidade para a lactação. GH: Atraso na velocidade de crescimento, baixa estatura, micropênis, implantação anômala de dentes, hipoglicemia, lipodistrofia abdominal, hipotrofia muscular, depressão. ACTH: fraqueza, astenia, perda ponderal, hipotensao postural, nauseas e vomitos, diarreia, mialgias. TSH: fraqueza, astenia, constipação intestinal, depressão. Gonadotrofinas - LH e FSH: atraso puberal, amenorreia, diminuição da libido, hipotrofia testicular, infertilidade. A avaliação diagnóstica do paciente com suspeita de hipopituitarismo deve determinar: (1) a presença, o tipo e o grau de deficiência hormonal; (2) a etiologia; e (3) a presença de alterações visuais. Um rastreamento inicial da função hipofisária pode ser realizado a partir das dosagens basais dos hormônios hipofisários e/ou das glândulas-alvo. Geralmente, para o diagnóstico da deficiência de GH e ACTH, fazem-se necessários testes de estímulo, como o teste de tolerância à insulina (ITT). Níveis baixos do TSH e T4 livre (FT4) confirmam o diagnóstico de hipotireoidismo central. Entretanto, em algunsindivíduos acometidos, o TSH pode estar normal ou ainda discretamente elevado (em geral, < 10 mUI/ℓ), refletindo um TSH imunologicamente ativo, mas biologicamente inativo. O diagnóstico de hipogonadismo central fica sugerido pela presença de níveis baixos de testosterona (em homens) e estradiol (em mulheres), na presença de valores de LH e FSH baixos ou normais. Diagnóstico Os principais objetivos: alívio dos sintomas, a melhora nos diferentes aspectos relacionados à qualidade de vida, e a normalização ou redução das comorbidades e da taxa de mortalidade associadas com a enfermidade Deficiência de GH: Aqueles que desenvolvem a deficiência na idade adulta: variedade de problemas morfológicos, metabólicos, físicos e psicológicos - aumento de massa gorda e da adiposidade visceral; massa magra anormalmente baixa; dislipidemia; diminuição da força muscular e do desempenho do exercício; baixo teor mineral ósseo, levando a osteoporose e aumento de risco de fratura. Objetivo do TTO: corrigir as alterações clinicas. Usar o IGF-1 como um marcador de tratamento Indicação de uso: nos adultos - evidência de doença orgânica comprometendo a região hipotálamo-hipofisária Contraindicações absolutas: doença maligna ativa, hipertensão intracraniana benigna e retinopatia diabética proliferativa. Tratamento Deficiência de ACTH (insuficiência adrenal secundária ou terciária): não há comprometimento do sistema renina-angiotensina- aldosterona na IA por deficiência de ACTH. Reposição apenas de glicocorticoide. Obj. do TTO: repor, do modo + fisiológico possível, a menor dose de glicocorticoide que mantenha o paciente livre dos sintomas de insuficiência adrenal e sem os riscos do hipercortisolismo iatrogênico. Com o tratamento prolongado, mesmo doses suprafisiológicas modestas de GC podem provocar obesidade visceral, aumento de pressão arterial, dislipidemia, perda acentuada de massa óssea e fraturas vertebrais, além de potencial impacto negativo sobre a mortalidade. Os quadros agudos, como apoplexia hipofisária, podem colocar o paciente em risco de morte por crise adrenal (hipotensão, hipoglicemia e choque) e requerem tratamento imediato com hidrocortisona por via intravenosa.21 Nos quadros mais brandos de baixa reserva adrenal, em que o paciente permanece assintomático no seu cotidiano, a reposição do GC pode ser realizada somente em situações de estresse, assegurando-se que o paciente seja muito bem orientado e carregue sempre consigo um cartão de alerta, bracelete ou corrente, com informações sobre sua doença e a possibilidade de crise adrenal. Cuidados: As doses do GC podem necessitar de ajustes nos pacientes que iniciam tratamento com rhGH, já que o GH inibe a conversão de cortisona em cortisol; Nas situações de estresse, como doenças infecciosas agudas, gastrenterites, cirurgias de médio e grande porte e traumas, o paciente deve dobrar ou triplicar a dose do GC oral ou fazer reposição por via parenteral; Na presença de qualquer sinal de crise adrenal aguda, deve-se administrar uma dose de 50 a 100 mg de hidrocortisona por via intravenosa ou intramuscular, que, dependendo da situação, será repetida outras vezes na evolução, até a resolução da crise adrenal e de seu fator desencadeante. Deficiência de TSH (hipotireoidismo central): O tratamento dos hipotireoidismos primário e central não difere e consiste na administração de levotiroxina (L-T4) em dose única ao acordar pela manhã, aproximadamente 30 a 60 minutos antes de se alimentar. Deficiência de FSH e LH (hipogonadismo hipogonadotrófico): Sexo masculino: reposição de testosterona. A reposição de esteroides gonadais por 3 a 4 meses é uma abordagem usada em casos de retardo puberal, sendo muitas vezes útil para diferenciar o hipogonadismo hipogonadotrófico do atraso constitucional da puberdade. A idade cronológica ideal para início da terapia é por volta dos 14 anos. Um esquema bastante usado consiste em injeções intramusculares mensais de 50 a 100 mg de ésteres de testosterona durante 3 a 6 meses. Nos casos de hipogonadismo permanente, a dose é aumentada progressivamente até atingir 200 a 250 mg a cada 2 a 4 semanas. Sexo feminino: estroprogestogênica.