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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO AULA 5 Profª Daiane Lolatto 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, será estudado o planejamento tributário no regime de lucro presumido, o que dever ser analisado antes de optar pelo lucro presumido, a distribuição de lucros no regime de tributação do lucro presumido, planejamento tributário usando o lucro arbitrado e planejamento tributário por meio do Simples Nacional. O regime tributário adotado pelas empresas pode decorrer de uma escolha ou de uma imposição do fisco. A empresa pode optar pelo simples nacional, lucro real, presumido ou arbitrado. Quando a pessoa jurídica deixa de cumprir as obrigações acessórias relativas à apuração do lucro real ou presumido, estará obrigada a apurar os tributos pelo lucro arbitrado. O planejamento tributário é realizado de forma individual, não pode ser replicado em várias empresas, pois o estudo envolve particularidades como a análise da atividade econômica, do porte da empresa, do estudo de mercado etc. Por exemplo, se a empresa possuir um lucro superior a 32% do faturamento, o recomendado é apurar os tributos pelo lucro presumido, mas não é regra. Saiba mais Conheça os três regimes tributários. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/conheca-os-tres- regimes-tributarios,1ddf8178de8c5610VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 16 fev. 2020. Ao escolher um regime, deve-se analisar o todo, isto é, tanto as obrigações principais quanto as obrigações acessórias para evitar sanções fiscais. 1.1 Contextualizando A apuração do IRPJ com base no lucro presumido é realizada trimestralmente, com períodos encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. As pessoas jurídicas que no ano-calendário anterior tenham auferido receita igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 podem optar por este regime de tributação. Nesse sentido, a empresa Bonfim, prestadora de serviços em geral, reconheceu receitas de vendas de R$ 1.500.000,00 no primeiro trimestre de 3 2019. Considerando que a empresa realiza a apuração pelo regime tributário pelo lucro presumido, qual será o montante total do IRPJ? Saiba mais Veja a matéria publicada no link a seguir: Disponível em: < http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e- demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa- juridica-2019-arquivos/capitulo-xiii-irpj-lucro-presumido-2019.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2020 TEMA 1 – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO NO REGIME DE LUCRO PRESUMIDO O lucro presumido é uma forma simplificada de tributação do IRPJ e da CSLL e pode ser adotado pelas pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas à apuração do lucro real. O regime de tributação com base no lucro presumido possui menos obrigações acessórias que a apuração pelo lucro real e que deve ser considerado no planejamento tributário. A apuração do IRPJ e CSLL é realizada em períodos trimestrais que se encerram em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, conforme a Lei n. 9.430, de 1996, arts. 1º e 2º. Ainda, o período de apuração pode ocorrer em razão de incorporação, fusão ou cisão e extinção da pessoa jurídica na data do evento. Os percentuais aplicados em cada trimestre para apuração do IRPJ e CSLL são fixados pela legislação de acordo com a atividade da empresa, sobre a receita bruta obtida no período, acrescida de outras receitas, rendimentos ou ganhos de capital que resultará na base de cálculo dos tributos. Diferentemente do lucro real em que a empresa deduz da receita, os gastos decorrentes para realizá-la no lucro presumido, a lei determina a presunção para cada atividade. Por exemplo, para a revenda de combustível, a base de cálculo estimada será de 1,6% da receita bruta. A apuração será objeto de estudo. A princípio, é necessário compreender as pessoas jurídicas que podem optar por esta forma de tributação. 4 1.1 Pessoas jurídicas autorizadas a optar De acordo com o RIR/2018, art. 587, desde que a pessoa jurídica não esteja obrigada à tributação pelo lucro real, cuja receita bruta total no ano- calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 auferido por mês, poderá optar pelo lucro presumido. Dessa forma, as pessoas jurídicas vetadas a optar pelo lucro presumido são aquelas que: auferir, no ano-calendário anterior, a receita bruta superior a R$ 78.000.000,00; realizar atividades bancárias comerciais, de investimento, de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito entre outras do setor financeiro; usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do IR, autorizadas pela legislação tributária; obtiver lucros, rendimentos ou ganhos de capital no exterior; realizar pagamentos por estimativa, suspendido ou reduzido o pagamento do imposto durante o ano-calendário; fizer operações de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito entre outras; efetuar operações de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. 1.2 Percentuais de presunção da receita bruta O RIR/2018, art. 592, determina os percentuais de presunção a ser aplicados sobre a receita bruta para definição da base de cálculo do IRPJ, conforme descrito no Quadro 1 a seguir: Quadro 1 – Percentuais de presunção do IRPJ Atividades Percentuais (%) Atividades em geral 8,0 Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural 1,6 Prestação de serviço de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput do art. 591 16% Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora desses serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas estabelecidas pela Anvisa 32% 5 Intermediação de negócios 32% Administração, locação ou cessão de bens, imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza 32% Prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público 32% Fonte: adaptado de Receita Federal (2018). A Instrução Normativa RFB n. 1.700 de 2017 estabelece algumas especificidades quanto à aplicação dos percentuais de presunção, como a redução do percentual de 32% para 16% para as pessoas jurídicas, cuja receita bruta anual seja de até R$ 120.000,00. Os percentuais de presunção para apuração da base de cálculo da CSLL serão de 12% para as atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte e de 32% para serviços em geral, intermediação de negócios e administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza, conforme Instrução Normativa RFB n. 1.700/2017. 1.3 Exemplos de cálculo do lucro presumido O lucro presumido é utilizado para apuração do IRPJ e da CSLL, pagos trimestralmente. As alíquotas que incidem sobre a base de cálculo independem do regime tributário, ou seja, a alíquota do IRPJ é de 15% mais adicional de 10% sobre o lucro presumido trimestral que exceder R$ 60.000,00 e a alíquota da CSLL é de 9%. A base de cálculo depende do percentual de presunção. Se a empresa obtém lucro superior à base presumida, esse regime tende a ser o mais vantajoso. No entanto, é importante analisar todos os tributos incidentes no negócio, como o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A alíquota do PIS e da Cofins para a maioria das receitas no regime cumulativo é de 0,65% e 3% respectivamente,conforme Lei n. 9.718, art. 4º, inciso IV. No regime não cumulativo, a alíquota do PIS é de 1,65% e da Cofins é de 7,6%, regido pelas Leis n. 10.637/2002, art. 11, parágrafo 7º e n. 10.833/2003, art. 12, parágrafo 9º. Considerando as informações supracitadas, apura-se os tributos de uma empresa que aufere receita trimestral de R$ 180.000,00 com percentual de 6 presunção de 32%. Sendo assim, a base de cálculo para o IRPJ e CSLL será de 57.600,00. Quadro 2 – Tributos lucro presumido – exemplo 1 Tributo Valor (R$) % sobre faturamento PIS = R$ 180.000,00 x 0,65% 1.170,00 0,65% COFINS = R$ 180.000,00 x 3% 5.400,00 3% IRPJ = R$ 57.600,00 x 15% 8.640,00 4,8% CSLL = R$ 57.600,00 x 9% 5.184,00 2,88% Total 20.394,00 11,33% Suponha-se que a empresa no trimestre seguinte tenha auferido R$ 400.000,00 de receita. Logo, a base de cálculo presumida é de R$ 128.000,00 (R$ 400.000,00 x 32%). Quadro 3 – Tributos lucro presumido – exemplo 2 Tributo Valor (R$) % sobre faturamento PIS = R$ 400.000,00 x 0,65% 2.600,00 0,65% COFINS = R$ 400.000,00 x 3% 12.000,00 3% IRPJ = R$ 128.000,00 x 15% 19.200,00 4,8% IRPJ = (R$ 128.000,00 – R$ 60.000,00) x 10 6.800,00 1,7% CSLL = R$ 128.000,00 x 9% 11.520,00 2,88% Total 52.120,00 13,03% Desta forma, a carga tributária efetiva precisa ser análise para fins de planejamento tributário. TEMA 2 – O QUE ANALISAR ANTES DE OPTAR PELO LUCRO PRESUMIDO O primeiro passo para decidir entre o lucro presumido e o lucro real é verificar a lucratividade em relação à receita bruta. Em geral, tem-se um IRPJ de 25% sobre 8% da receita bruta, ou seja, alíquota normal de 15% mais o adicional de 10% sobre a base de cálculo presumida. Nesse caso, se a empresa gera lucros superiores a 8%, será mais viável optar pelo lucro presumido. Se os ganhos efetivos forem menores que 8%, a empresa deve estudar a apuração pelo lucro real. A lógica de análise para a CSLL será a mesma. As empresas que explorem mais de uma atividade devem analisar cada uma delas, visto que o percentual de presunção pode variar. Exemplo 1: Suponha-se que uma empresa realize serviços advocatícios com alta lucratividade e serviços de cobrança com lucros pequenos, mas com faturamento significativo. A representatividade do lucro sobre a receita nos 7 serviços advocatícios é de 35%, enquanto nos serviços de cobrança é de 5%. O faturamento da empresa é de R$ 500.000,00 por ano. A análise baseada na atividade de serviços de cobranças será: Quadro 4 – Custo no lucro presumido versus real Apuração no Lucro Presumido R$ Base de cálculo presumida para o IRPJ = R$ 500.000,00 x 32% 160.000,00 IRPJ (15%) 24.000,00 Base de cálculo presumida para a CSLL= R$ 500.000,00 x 32% 160.000,00 CSLL (9%) 14.400,00 Total IRPJ e CSLL 38.400,00 Apuração no Lucro Real R$ Lucro de 5% sobre o faturamento = R$ 500.000,00 x 5% 25.000,00 IRPJ (15%) 3.750,00 CSLL (9%) 2.250,00 Total IRPJ e CSLL 6.000,00 Diferença de Tributação 32.400,00 Ao analisar uma única atividade, o lucro real seria o mais vantajoso, visto que o lucro real é menor que o lucro presumido. Antes de optar pelo lucro presumido, também deve-se considerar as adições e exclusões da base de cálculo. Os ganhos na venda de bens do ativo imobilizado são adicionados à base de cálculo do IRPJ. O estudo da obrigação tributária é indispensável, mas as obrigações acessórias também precisam fazer parte da análise. As pessoas jurídicas que não possuem um rigor na contabilidade, uma administração consistente e as alíquotas no simples nacional sejam elevadas, recomenda-se a apuração pelo lucro presumido. 2.1 Obrigações acessórias do lucro presumido As obrigações tributárias acessórias na esfera federal referem-se a: Nota Fiscal Eletrônica (NFE); Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); EFD-Contribuições; ECD – Escrituração Contábil Digital; ECF- Escrituração Contábil Fiscal; EFD-Reinf – Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais; e-Social – Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas. Na esfera estadual, as obrigações acessórias consistem na entrega da Escrituração Fiscal Digital – EFD ICMS/IPI; Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA; GIA-ST – Guia Nacional de Informação e Apuração do ICMS 8 Substituição. E, por fim, na esfera municipal Nota Fiscal de Serviço Eletrônica (NFS-e); DES – Declaração Eletrônica de Serviço. A maior parte das obrigações mencionadas faz parte do projeto do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). 2.2 Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) Este projeto foi instituído mediante Decreto n. 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Os benefícios do SPED são inúmeros, como a diminuição dos custos em razão da dispensa de impressões, agilidade no acesso das informações, redução da sonegação fiscal, dentre outras. De acordo com o sítio do SPED, a escrituração digital proporciona a integração dos fiscos, racionalização e uniformização das obrigações acessórias para os contribuintes e acelera a identificação de ilícitos tributários. A escrituração contábil e fiscal de forma digital já é utilizada pela maioria dos contribuintes. Desta forma, constata-se a importância de incluir no planejamento tributário as obrigações acessórias, pois estas terão impacto no resultado das empresas. TEMA 3 – DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS NO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DO LUCRO PRESUMIDO De acordo com o RIR/2018, art. 725, os lucros e dividendos apurados com base no lucro real, presumido ou arbitrado não estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e não integrarão a base de cálculo do imposto sobre a renda do beneficiário. No entanto, a legislação determina que a parcela do lucro que exceder o montante do lucro presumido ou arbitrado, deduzido do imposto sobre a renda, da CSLL, da Cofins e do PIS incidirá imposto de renda. Nesse caso, somente será isento se a empresa demonstrar, por meio de escrituração contábil, que o lucro efetivo é maior que o definido nas normas de apuração da base de cálculo do lucro presumido ou arbitrado. Considerando essas informações, a apuração do valor passível de distribuição sem incidência do imposto de renda de uma empresa que tenha como faturamento R$ 100.000,00 trimestral será o seguinte: 9 Quadro 5 – Distribuição sem incidência do Imposto de Renda Descrição R$ Faturamento trimestral 100.000,00 Valor da base de cálculo do IRPJ e CSLL (32% base presumida) 32.000,00 (-) IRPJ devido no trimestre – 15% 4.800,00 (-) CSLL devida no trimestre – 9% 2.880,00 (-) PIS devido no trimestre – 0,65% 650,00 (-) COFINS devida no trimestre – 3% 3.000,00 (=) valor que pode ser distribuído sem tributação do imposto de renda 20.670,00 A distribuição dos lucros tende a ter carga tributária menor que a remuneração por meio de pró-labore, em virtude de a distribuição de lucros não sofrer incidência do INSS de 20%. Entretanto, o Decreto n. 4.729/2003, inciso II, parágrafo 5º do art. 201, estabelece que quando não houver distinção entre a remuneração resultante do trabalho e o decorrente do capital social ou referir-se ao adiantamento do lucro não evidenciado na demonstração do resultado do exercício, os valores pagos ou creditados aos proprietários serão tributáveis. 3.1 Distribuição de lucros versus pró-labore Considerando um rendimento mensal de R$ 6.000,00, a tributação por pró-labore e distribuição de lucros será: Quadro 6 – Tributação por pró-labore e distribuição de lucros Descrição Pró-labore (R$) Distribuição de lucros (R$) INSS – 20% 1.200,00 0,00 IRRF (tabela 2019) * 604,00 0,00 ** Total 1.804,00 0,00 * cálculo sem considerar dependentes e outras deduções permissíveis. ** Lei n. 9.249/95, art. 10, desde que apurados a partir do mês de janeiro/1996 Então, a economia tributária potencial podechegar a R$ 1.804,00 x 12 meses = R$ 21.648,00 no ano de 2019. TEMA 4 – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO USANDO O LUCRO ARBITRADO O lucro arbitrado pode ser adotado pelo contribuinte ou pode ser exigido pela autoridade tributária. O arbitramento do lucro pela Receita Federal ocorre quando a empresa não cumpre as obrigações necessárias. A utilização do lucro arbitrado normalmente ocorre pela imposição do fisco, pois tende a resultar em uma carga tributária maior. 10 A apuração corresponderá a todos os trimestres do ano, sendo submetida à tributação com base no lucro real ou presumido nos meses em que não houver arbitramento. A base de cálculo no lucro arbitrado será determinada por meio da aplicação dos percentuais de presunção, acrescidos de 20% sobre a receita bruta conhecida e, quando a receita não for conhecida, sobre valores fixados pela legislação fiscal. 4.1 Receita conhecida Quando a receita bruta for conhecida, será aplicada sobre a receita os percentuais de presunção acrescidos de 20%, conforme disposto no art. 605 do RIR/2018. Assim, pode-se comparar os percentuais de presunção do imposto de renda descritos no Quadro 1 e a apuração dos percentuais de arbitramento: Quadro 7 – Percentuais de presunção e arbitramento Percentuais de Presunção Percentuais de Arbitramento 1,6% 1,92% (20% de 1,6% + 1,6%) 8% 9,6% (20% de 8% + 8%) 16% 19,2% (20% de 16% + 16%) 32% 38,4% (20% de 32% + 32%) O percentual do lucro arbitrado para as instituições financeiras é de 45% (art. 606 do RIR/2018). Sendo assim, uma empresa de prestação de serviços de informática teve seu lucro arbitrado no 1º trimestre de 2019 pela autoridade tributária, devido à impossibilidade de apuração do lucro efetivamente apurado na contabilidade, uma vez que somente as receitas da empresa eram conhecidas: receita com serviços prestados: R$ 200.000,00; receita com venda de mercadorias: R$ 50.000,00; ganho de capital: R$ 2.000,00. A apuração do IRPJ e da CSLL com base no lucro arbitrado será: Quadro 8 – Lucro arbitrado receita conhecida: apuração do IRPJ e da CSLL Descrição Receita (R$) IRPJ CSLL % Base de Cálculo (R$) % Base de Cálculo (R$) Receita com serviços prestados 200.000,00 38,4 76.800,00 32 64.000,00 11 Receita com venda de mercadorias 50.000,00 9,6 4.800,00 12 6.000,00 Ganho de capital 2.000,00 100 2.000,00 100 2.000,00 Base de cálculo do lucro arbitrado 83.600,00 Base CSLL 72.000,00 IRPJ devido – 15% 12.540,00 IRPJ adicional – 10% 2.360,00 IRPJ a recolher 14.900,00 CSLL a recolher – 9% 6.480,00 Observa-se que a presunção no lucro arbitrado é maior que a presunção do lucro presumido. 4.2 Receita desconhecida Quando a receita é desconhecida, são aplicados os valores fixados no art. 608 do RIR/2018, sendo: Art. 608 I – um inteiro e cinco décimos do lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais; II – quatro centésimos da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível, existentes no último balanço patrimonial conhecido; III – sete centésimos do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade; IV – cinco centésimos do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido; V – quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês; VI – quatro décimos da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem; VII – oito décimos da soma dos valores devidos no mês a empregados; ou VIII – nove décimos do valor mensal do aluguel devido. Considerando que a empresa comercial Delta apurou no ano-calendário de 2018 um lucro real de R$ 500.000,00 e que manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais, mas a receita bruta é desconhecida, a apuração será realizada da seguinte forma: Quadro 9 – Lucro arbitrado receita desconhecida: apuração do IRPJ e da CSLL Lucro real R$ 500.000,00 1,5 do lucro real do ano-calendário anterior de R$ 500.000,00 R$ 750.000,00 (+) Ganhos de capital R$ 20.000,00 Lucro arbitrado R$ 770.000,00 IRPJ devido – 15% R$ 115.500,00 IRPJ adicional – 10% sobre o que excede R$ 240.000,00 ano R$ 53.000,00 CSLL – 9% R$ 69.300,00 12 Então, a carga tributária para as receitas desconhecidas no lucro presumido é extremamente alta. O interesse do fisco é inibir ações fraudulentas elevando as alíquotas. TEMA 5 – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO POR MEIO DO SIMPLES NACIONAL O Simples Nacional consiste em um regime diferenciado e simplificado de tributação. Este regime tributário entrou em vigor em 01/07/2007, por meio da Lei Complementar n. 123, de 13 de dezembro de 2006. Todos os entes federados estão envolvidos, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Para optar pelo Simples Nacional, é preciso ser microempresa ou empresa de pequeno porte, atender aos requisitos previstos na legislação e formalizar a escolha pelo Simples Nacional. As principais características do Simples Nacional são: a opção é facultativa; a escolha é irrevogável para todo o ano-calendário; o recolhimento é realizado em documento único de arrecadação – DAS e compreende os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, COFINS, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP); o sistema eletrônico é disponibilizado para as microempresas e empresas de pequeno porte para geração do DAS, e desde janeiro de 2012 para constituição do crédito tributário; a entrega de declaração é única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais; o prazo para pagamento do DAS é até o dia 20 do mês seguinte àquele em que tiver sido obtida a receita bruta; a possibilidade de os Estados admitirem sublimites para as empresas de pequeno porte em função da participação no Produto Interno Bruto (PIB). Caso exista essa possibilidade, as empresas deverão recolher o ICMS e o ISS diretamente ao Estado e ao Município. 5.1 Enquadramento no Simples Nacional De acordo com a Lei Complementar n. 123/2006, art. 3º, as microempresas são aquelas que, em cada ano-calendário, aufira receita bruta 13 de até R$ 360.000,00. A empresa de pequeno porte é aquela que, em cada ano- calendário, aufira receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. Conforme a referida lei, art. 3º, parágrafo 1º, a receita bruta corresponde à “venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos”. A legislação descreve as empresas que não poderão beneficiar-se deste regime tributário, como é o caso das pessoas jurídicas cujo capital participe de outra sociedade. As alíquotas utilizadas para apuração do DAS constam nos Anexos I a V e dependerá da atividade. O Anexo I é utilizado para as empresas comerciais, o Anexo II para as empresas industriais, o Anexo III para as receitas de locação de bens móveis e de prestação de serviços não relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 da Lei Complementar n. 123/2006, o Anexo IV sobre as receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 e o Anexo V para as receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no parágrafo 5º-I do art. 18. 5.2 Microempreendedor Individual A análise tributária deve ser realizada especificadamente em cada empresa, pois existem inúmeras particularidades a ser observadas. O Microempreendedor Individual (MEI) optantepelo Simples Nacional é outra opção para as pessoas jurídicas que obtêm receita bruta no ano-calendário de até R$ 81.000,00. Apenas as empresas que exerçam as atividades constantes do Anexo XIII da Lei Complementar n. 123/2006 podem ser MEI, que tenha um único estabelecimento, que não faça parte de outra empresa como titular, sócio ou administrador, e que não contrate mais de um empregado. O valor máximo a ser pago pelo MEI será de R$ 58,25, conforme observa-se no Quadro 10 a seguir: Quadro 10 – Contribuição do MEI - Microempreendedor Individual 2020 MEIs – Atividade INSS – R$ ICMS/ISS – R$ Total – R$ Comércio e Indústria - ICMS 52,25 1,00 53,25 Serviços – ISS 52,25 5,00 57,25 Comércio e Serviços - ICMS e ISS 52,25 6,00 58,25 14 O valor do Salário Mínimo é de R$ 1.045,00 (um mil e quarenta e cinco reais), por mês, conforme Medida Provisória n. 919, de 30 de janeiro de 2020. Fonte: Portal do Empreendedor, 2020. TROCANDO IDEIAS O fisco estabelece alguns critérios para optar pelos regimes tributários, dentre eles, o faturamento anual e a atividade da empresa. No entanto, havendo possibilidade de escolher entre o Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrário, qual seria o mais recomendado? Qual é a vantagem de cada um dos regimes? Resposta esperada: O Simples Nacional é o regime mais simples de tributação e com menos obrigações acessórias, mas dependendo da faixa de faturamento, pode ser mais oneroso que o Lucro Presumido. O Lucro Presumido é uma opção para as empresas que faturam até R$ 78.000.000,00 e que o lucro real supera os percentuais de presunção. O lucro real é uma ótima escolha para as empresas que possuem lucros baixos e que mantenham a contabilidade organizada. E, por fim, o lucro arbitrário, apesar de estar entre as escolhas da empresa, é extremamente oneroso e serve de penalidade para as empresas frente às fiscalizações. NA PRÁTICA A empresa Excelência Ltda. apura o IRPJ sobre o lucro presumido trimestral. No último trimestre de 2019, a empresa faturou R$ 200.000,00. O percentual de presunção do lucro da sua atividade é de 8% para fins de tributação do IRPJ. A alíquota do IRPJ é de 15% mais o adicional de 10% sobre a receita mensal que ultrapassar a R$ 20.000,00, qual é o valor da base de cálculo do lucro presumido e do IRPJ a recolher? Resposta esperada: Quadro 11 – Apuração IRPJ no lucro presumido Receitas de vendas R$ 200.000,00 Base de cálculo – 8% R$ 16.000,00 IRPJ devido – 15% R$ 2.400,00 IRPJ adicional – 10% R$ 0,00 Total do IRPJ R$ 2.400,00 15 FINALIZANDO O lucro presumido é uma forma de apuração simplificada do lucro, em que o fisco presume o lucro da empresa com base nos percentuais de presunção. Este regime de tributação deve fazer parte do estudo tributário, visto que é possível obter redução da carga tributária por esse regime tributário. Ao apurar a obrigação principal de uma empresa prestadora de serviços em geral, que reconheceu receitas de vendas de R$ 1.500.000,00 no primeiro trimestre de 2019, terá um montante de R$ 114.000,00 de IRPJ a recolher, conforme pode ser verificado no Quadro a seguir: Quadro 12 – Apuração IRPJ no lucro presumido Receitas de vendas R$ 1.5000.000,00 Base de cálculo – 32% R$ 480.000,00 IRPJ devido – 15% R$ 72.000,00 IRPJ adicional – 10% - R$ 480.000,00 – R$ 60.000,00 = R$ 420.000,00 R$ 42.000,00 Total do IRPJ R$ 114.000,00 Supondo que a empresa em questão gere um lucro real de R$ 600.000,00, o lucro presumido será mais vantajoso, pois com a presunção de 32%, a base de cálculo seria de R$ 480.000,00. Entretanto, é necessário verificar as obrigações acessórias referentes a esta forma de tributação. De antemão, as obrigações acessórias do lucro presumido tendem a ser menores que as do lucro real. Em contrapartida, há o Simples Nacional que consiste na simplificação tributária, em que o contribuinte fará o reconhecimento dos tributos em uma única guia. Nesse sentido, após análise de todos os regimes tributários, é possível constatar a economia tributária. 16 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 4.729, de 9 de junho de 2003. Altera dispositivos do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4729.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Lei n. 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não- cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10637.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Lei n. 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.833.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9430.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a Legislação Tributária Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm 17 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9718compilada.htm>. Acesso em: 16 fev. 2020. ______. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Capítulo XIII - IRPJ - Lucro Presumido 2019. Disponível em: < http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e- demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/erguntas-e-respostas-pessoa- juridica-2019-arquivos/capitulo-xiii-irpj-lucro-presumido-2019.pdf>. Acesso em: 25 de out. 2019. ______. SISTEMA NORMAS GESTÃO DA INFORMAÇÃO. Instrução Normativa RFB n. 1.700, de 14 de março de 2017. Diário Oficial da União, 16 mar. 2017. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=81268>. Acesso em: 26 out. 2019. ______. Sistema Público de Escrituração Digital. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/964>. Acesso em: 16 fev. 2020. SEBRAE. Conheça os três regimes tributários. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/conheca-os-tres- regimes-tributarios,1ddf8178de8c5610VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 16 fev. 2020.
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