Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Problema 11 - Preparando o ninho Objetivos 1. Alterações fisiológicas na gestação: - Aparelho genital e mamas. - Componentes hematológicos. - Fatores hemodinâmicos. - Sistema gastrintestinal. - Sistema urinário. - Metabolismo. - Sistema respiratório. - Sistema endócrino. - Sistema articular. - Pele e cabelo. - Alterações atróficas. - Sentidos. 2. Exames laboratoriais solicitados na gestação (pensando nos trimestres: quais e porquê). Alterações fisiológicas na gestação 1. Aparelho genital e mamas Útero Consistência ● Alterada pela embebição gravídica, que amolece o útero como um todo, especialmente o local da implantação ovular. Volume ● O útero não gravídico tem capacidade menor que 10 ml, comprimento de 7cm, largura de 4,5 e espessura de 2,5. ● Durante a gravidez sua capacidade aumenta para mais ou menos 5.000ml ou mesmo 10.000 ml em situações especiais, como nas gestações múltiplas e no hidrâminio, por exemplo. ● Esse aumento volumétrico faz-se nas fases iniciais da gestação, com o auxílio da hipertrofia muscular da parede uterina. A partir da segunda metade da gestação, ele prossegue, a despeito da redução da espessura da parede uterina por estiramento. ● O aumento do volume uterino faz-se à custa do estiramento, hipertrofia e hiperplasia das fibras musculares miometrais, além do aumento de tecido conjuntivo, existente de permeio entre as fibras musculares. Soma-se a isso o aumento de volume decorrente do incremento nos vasos sanguíneos e linfáticos, além do sistema nervoso. ● O aumento da massa muscular uterina é mais evidente na região do corpo e istmo, já que o colo é pobre em fibras musculares e rico em tecido colágeno. ● À medida que a gravidez evolui, as fibras hipertrofiadas e espessas são alongadas, concorrendo para isso o crescimento do produto conceptual e seus anexos, o que acaba por determinar a redução em sua espessura. Peso ● Fora da gravidez pesa em torno de 70g e durante a gravidez passa a pesar 1.100 gramas. Forma 2 ● O útero não gravídico é piriforme e de localização intrapélvica. Com o início da gravidez, a implantação do ovo em um dos cornos uterinos promove maior crescimento nesta área, tornando-se um pouco assimétrico ao toque. ● A partir de 12 semanas gestacionais, já é possível apalpá-lo acima da sínfise púbica devendo-se atentar para seu crescimento a cada mês. ● Até a 12ª semana, o útero cresce em todas as direções passando de piriforme para a forma globosa, preenchendo com isso os fundos e sacos laterais ao toque. ● Daí até a 20ª semana, o aumento uterino continua-se pela hipertrofia das fibras musculares, chegando ao limite de crescimento por isquemia. Nesse momento ocorre o fenômeno da conversão uterina de forma globosa para a cilíndrica ou ovoide, cuja característica é o alongamento das fibras musculares, com consequente melhora do fluxo sanguíneo e aceleração do crescimento fetal. ● Após a 20ª semana, o útero é palpado próximo à cicatriz umbilical. Na gravidez a termo, o útero é encontrado tangenciando o apêndice xifóide. Posição ● O útero não gravídico apresenta-se em geral anteversofletido na região intrapélvica. ● O amolecimento da região ístmica nas fases iniciais da gestação cria condições para exagerar a referida anteversoflexão, que somada ao aumento de peso e volume uterino promovem a compressão da bexiga, dando origem à polaciúria. ● À medida que cresce para o abdome o útero desloca-se para a direita pressionado pela presença, à esquerda, do sigmóide. ● Quando em decúbito dorsal horizontal, o útero comprime os grandes vasos abdominais, como a aorta e a veia cava inferior. A última é mais afetada pelo peso uterino, podendo a redução do fluxo sanguíneo para o coração direito levar à chamada síndrome de hipotensão supina, cuja correção é feita pela mudança de decúbito para lateral, preferencialmente o esquerdo. Coloração ● O útero adquire tom vinhoso com o intenso fluxo sanguíneo. Vascularização ● Ocorre o aumento de volume e fluxo sanguíneo durante a gestação. ● Dessa maneira, pode-se compreender o aumento do calibre dos vasos sanguíneos e a importância das ligaduras provenientes da contração uterina pós-parto, como um dos fatores para prevenir a hemorragia na parturiente. Colo uterino 3 ● Sua estrutura é formada por tecido conjuntivo, com poucas fibras musculares e apresenta-se com fraca e mesmo ausente reação tecidual. ● Apresenta coloração arroxeada na gravidez pela intensa vascularização que ocasiona o seu edema. ● Sua consistência é amolecida em decorrência da embebição gravídica. ● Há intensa hiperplasia e hipertrofia glandular onde as glândulas secretam muco espesso, não filante, opaco, que oblitera o canal cervical, recebendo o nome de tampão mucoso ou rolha de Schroeder com papal de proteção ao ambiente ovular. Esse tampão é expelido nos dias que antecedem o parto em decorrência do afinamento e encurtamento observados no colo. ● Há transformação do epitélio colunar dessas glândulas em epitélio escamoso por metaplasia que é caracterizado por ser friável e sangrante ao menor traumatismo (ectopia fisiológica da gestação). ● O muco cervical não se cristaliza ou tem cristalização fragmentada, típica de efeito progestogênico. O aumento dos níveis de progesterona determina a diminuição das concentrações de sódio nas secreções cervicais, e é fundamental para que o muco apresente o padrão arboriforme quando desidratado. ● Está posicionado posteriorizado e apresenta-se longe durante toda a gravidez, ficando a sua anteriorização e encurtamento restritos a fase final da gravidez, como prenúncio do trabalho de parto. Ovários e ovidutos ● A embebição gravídica e o encurtamento da vascularização são responsáveis pelo discreto crescimento dos ovários. ● Novos folículos tem seu aparecimento inibido, restando nas fases iniciais da gestação a maturação do corpo lúteo gravídico, responsável hormonalmente, pela manutenção da gravidez por estímulo do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG) produzido pelo sinciciotrofoblasto. ● Os ovários também respondem pela grande produção de progesterona observada nas primeiras 6 ou 7 semanas de gravidez, acontecimento essencial para a manutenção da gestação até o completo funcionamento placentário. ● A vascularização ovariana está muito aumentada durante a gestação. ● Nos ovidutos, o aumento da vascularização e a embebição gravídica justificam a coloração violácea e o aumento, especialmente das fímbrias, que se apresentam edemaciadas e congestas. A hipertrofia muscular é pequena e a reação decidual inconstante e descontínua. Os ovidutos apresentam-se mais rígidos, com menor motilidade, devido ao efeito da progesterona. Sua localização é alterada pelo crescimento do útero, deslocando-se em direção à cavidade abdominal. ● O ligamento redondo, também hipertrofiado e aumentado, com os ovários e ovidutos, acompanha o útero em seu crescimento em direção ao abdome, e estará posteriorizado quando a implantação placentária for anterior, e anteriorizado na implantação posterior. Vagina ● As paredes vaginais ficam aumentadas em comprimento e largura e perdem sua rugosidade característica ao longo da gestação. 4 ● A hipertrofia da musculatura lisa vaginal, somada a embebição gravídica e o afrouxamento do tecido conjuntivo são responsáveis pelo aumento das paredes vaginais. ● A vascularização aumentada promove a mudança de tonalidade das paredes vaginais para o arroxeado. ● O fluxo vaginal apresenta-se aumentado como consequência de maior afluxo de secreções cervical e vaginal. Isso se deve ao aumento da vascularização e a maior atividade glandular. A secreção assume aspecto leitoso por conter grande quantidade de células epiteliais descamadas. ● O pH vaginal é mais ácido em decorrência da ação dos lactobacilos sobre o glicogênio acumulado na parede da vagina. ● Durante a gestação não se observam variações cíclicasno epitélio vaginal que se assemelha às condições encontradas na fase lútea do ciclo menstrual. Com a evolução da gravidez podem ser observadas na citologia células da camada intermediária e os núcleos desprovidos de citoplasma. Vulva ● Exibe sinais de hipertrofia podendo manter os pequenos lábios pouco entreabertos. ● A vascularização aumentada torna a mucosa vulvar com tom violáceo. ● Na região externa nota-se hiperpigmentação que se estende ao períneo, tornando a região mais escurecida. Mamas ● Tão logo a amenorreia gestacional se estabelece (a partir de 5 ou 6 semanas), a gestante queixa-se de hipersensibilidade mamária (mastalgia), que em geral diminui até a 10ª semana. ● Como preparação para a lactação, na dependência de estímulo hormonal, a mama cresce, torna-se dolorosa, túrgida e com nodulações que correspondem a hipertrofia do tecido alveolar o que ocasiona mastalgia. Além disso, há hiperplasia dos elementos glandulares com proliferação dos canais galactóforos e ramificações dos dutos mamários. ● A vascularização aumentada pode ser vista sob a pele, formando a característica rede venosa de Haller. ● O mamilo também aumenta de volume e hiperpigmenta-se junto com a aréola primária. Ocorre com frequência o aparecimento de uma aréola externa de pigmentação esmaecida denominada de aréola secundária (sinal de Hunter). Na aréola as glândulas sebáceas tornam-se hipertróficas e salientes e são chamadas de tubérculos de Montgomery. ● A expressão ou mesmo espontaneamente, podemos notar secreção mamária incolor a partir da 20ª semana que recebe o nome de colostro. ● O aumento mamária induz ao aparecimento de estrias avermelhadas, pela vascularização do tecido conjuntivo cicatricial subepidérmico. Estas estrias, como decorrência do fim do processo cicatricial e em gestações futuras, tornam-se mais claras e brilhantes. 2. Componentes hematológicos Volume plasmático 5 ● O volume plasmático cresce marcadamente (cerca de 40-50%) com o início no primeiro trimestre da gestação e se acentua ao longo do segundo trimestre, atingindo valores máximos em torno de 30 a 34 semanas. ● Provavelmente esse aumento decorre da ação da aldosterona e de outros hormônios e acarreta hipervolemia e diminuição da viscosidade sanguínea (quadro de hemodiluição). É uma resposta às demandas uterinas aumentadas e compensa a queda do retorno venoso por compressão da veia cava inferior. Hemácias ou eritrócitos ● O volume total de hemácias apresenta incremento de 20 a 30% refletindo o aumento da demanda de oxigênio materno-fetal. ● O crescimento da massa de hemácias é precedido por aumento na produção de eritropoietina, o que justifica a presença de reticulose discreta após 20 semanas de gestação. ● Devido a desproporcional subida do volume plasmático, quando comparado com a massa de hemácias, o hematócrito cai 2 ou 3 pontos (30%) e a concentração total de hemoglobina diminui progressivamente, constituindo quadro conhecido como anemia fisiológica da gestação, fruto da hemodiluição. ● Nos últimos meses da gestação, o aumento do volume plasmático se dá de forma mais lenta e a queda do hematócrito é menos significativa, principalmente em gestantes que receberam suplemento de ferro. Existe um aumento das necessidades de ferro durante a gestação, caso este não seja reposto pode haver um quadro de anemia. Por isso é recomendado para toda gestante uma suplementação dietética de 30 a 60 mg de ferro elementar por dia durante o segundo e terceiro trimestres de gestação e também durante toda a lactação ou por 2 a 3 meses nas não lactantes. ● O volume globular, o hematócrito e a hemoglobina retornam aos valores iniciais em aproximadamente seis semanas após o parto. Leucócitos ● Observa-se leucocitose, especialmente no segundo e terceiro trimestres, secundária ao número aumentado de neutrófilos segmentados. ● Após 38 semanas de gestação a quantidade de leucócitos decresce. ● Existe tendência à monocitose e a progressiva diminuição de basófilos e eosinófilos. ● A contagem de leucócitos é aceitável entre 8.000 e 12.000 por mm3 e retorna aos valores basais em aproximadamente 4 semanas. ● Há a diminuição da função quimiotáxica e de aderência dos leucócitos após o segundo trimestre, aumentando a suscetibilidade a processos infecciosos e a uma relativa supressão da imunidade humoral e celular. ● As respostas cutâneas e de anticorpos estão seletivamente diminuídas, assim como processos celulares de inflamação. ● As células secretoras de imunoglobulinas aumentam, a resposta inflamatória diminui, as proteínas plasmáticas se alteram e os imunocomplexos circulantes podem estar presentes. Plaquetas ● A contagem de plaquetas se encontra relativamente inalterada. ● Pode ocorrer quadro de trombocitopenia (5-7% das gestações) que, em sua maioria, é uma variação da normalidade, mas é recomendável excluir outras causas de trombocitopenia. 6 Coagulação ● Alterações no sistema coagulativo e fibrinolítico já podem ser detectadas a partir do terceiro mês de gravidez. ● Ocorre aumento acentuado de alguns dos fatores de coagulação principalmente VII, VIII, IX e fator de Von Willebrand, de fibrinogênio (aumento até de 50%) e, em geral, de agentes pró-coagulantes. ● Há diminuição da resistência dos anticoagulantes endógenos e diminuição da proteína S e do cofator da proteína C. Porém, o tempo de coagulação, a antitrombina III, o fator V e a proteína C não se alteram durante a gravidez. ● Há redução dos fatores fibrinolíticos e nos fatores XI e XIII que contribuem para um estado de hipercoagulabilidade. ● A atividade fibrinolítica do plasma permanece baixa, inclusive durante todo o processo de parturição, voltando ao normal até 24 horas após a saída da placenta. A rápida volta à normalidade da atividade fibrinolítica sugere que a inibição da fibrinólise seja intermediada pela placenta. ● Essas modificações, junto com o aumento do volume sanguíneo, ajudam a combater os riscos de hemorragia na dequitação placentária. Em contrapartida, produzem estado de vulnerabilidade à coagulação intravascular disseminada, trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP). Há o aumento de até 5 vezes de TEP e TVP durante a gestação. 3. Fatores hemodinâmicos Coração ● A frequência dos batimentos cardíacos do coração materno aumenta em 10 a 15 bpm, sendo importante para a manutenção do débito cardíaco. ● O diafragma se eleva e desloca o coração para a esquerda e para cima, e seu ápice é movido lateralmente, aumentando a silhueta cardíaca na radiografia de tórax. ● Um discreto derrame pericárdico pode aparecer em gestação normal, contribuindo para o aumento da área do coração e dificultando a identificação de moderados graus de cardiomegalia pela radiografia de tórax. ● Quanto à contratilidade miocárdica, parece não haver alterações significativas durante a gravidez. ● Sopros sistólicos, extrassístoles e desdobramento de bulhas são frequentes. ● Em geral não há alteração no eletrocardiograma, embora ocorra discreto desvio do eixo elétrico cardíaco para a esquerda decorrente da posição alterada do coração. Débito cardíaco ● Na gravidez espera-se diminuição da pressão arterial e da resistência vascular periférica, assim como o crescimento do volume sanguíneo, do peso e do metabolismo basal. ● Após 10 ou 12 semanas de gestação o débito cardíaco aumenta, alcançando seu máximo entre 20 e 24 semanas (aumento de 30-40%), mantendo-se relativamente constante até o termo. ● Ao final da gravidez, o débito cardíaco é maior com a paciente em decúbito lateral esquerdo, uma vez que na posição supina, o útero é aumentado de tamanho, comprime a veia cava inferior e dificulta o retorno venoso. ● O débito cardíaco também é maior durante o trabalho de parto devido a autohemotransfusão e aumento do retorno venoso. 7 ● O aumento do débito cardíaco é maior na gravidez múltipla, decorrente doaumento do inotropismo. Em consequência do aumento do inotropismo e da frequência cardíaca, há redução da reversa cardiovascular. Resistência vascular periférica ● Durante a gravidez a resistência vascular periférica diminui de modo considerável, mais acentuadamente no início do que próximo ao termo, provavelmente como consequência da circulação uteroplacentária e da ação de progesterona, prostaglandinas, estrogênio e óxido nítrico sobre a parede dos vasos. ● Um nível mínimo da resistência vascular periférica é alcançado até a 20ª semana de gestação, com retorno gradual até o termo. Entretanto, permanece 20% menor em comparação com os níveis pré-gravídicos. Pressão arterial ● A pressão arterial decresce expressivamente no primeiro e segundo trimestres da gestação, em especial, seu componente diastólico (queda de 10-15 mmHg). A queda da pressão arterial é causada pela diminuição acentuada da resistência vascular periférica. ● A pressão sistólica apresenta uma diminuição mais discreta, porque a queda da resistência vascular periférica é compensada pelo aumento do débito cardíaco (queda de 3-4 mmHg). ● No trabalho de parto observa-se aumento de 15 a 25 mmHg na pressão diastólica. Essa queda ocorre em virtude de causas diversas, incluindo alterações do sistema renina-angiotensina-aldosterona e, também, devido às flutuações hormonais. Pressão venosa ● O útero da gestante comprime as veias pélvicas e a cava inferior, dificultando o retorno venoso e aumentando em cerca de três vezes a pressão venosa nos membros inferiores. ● Essas alterações são as principais responsáveis pelo surgimento de edema dos membros inferiores, varicosidades vulvares e hemorróidas, iniciando-se no segundo trimestre e sendo mais frequentes na gestação avançada. ● Hipotensão supina: compressão da veia cava inferior pelo tamanho aumentado do útero na segunda metade da gravidez quando a grávida assume o decúbito dorsal, isso dificulta o retorno venoso, reduz o débito cardíaco e provoca a queda da pressão sistólica superior a 30%. Após 4 ou 5 minutos nessa posição, ocorre bradicardia, sinal indicativo de reflexo vagal. É rapidamente corrigida quando a gestante se posiciona em decúbito lateral esquerdo, liberando o fluxo sanguíneo na veia cava inferior. Outros parâmetros hemodinâmicos ● A resistência vascular pulmonar sofre redução de 34% na gestação. ● A pressão pulmonar diminui 28%. ● A pressão venosa central não se altera. 4. Sistema gastrintestinal ● As modificações do aparelho digestivo tem como objetivo básico o aumento da absorção de nutrientes para fornecimento ao feto. ● Há o aumento do apetite e da sede que começam no primeiro trimestre e persistem por toda a gestação. A causa pode estar relacionada a diminuição dos níveis de 8 glicose e aminoácidos ou porque o aumento das gorduras cause alteração central no balanço energético. ● Há lentidão da evolução do bolo alimentar em toda a extensão do trato digestino. O tempo de esvaziamento gástrico é maior para aumentar o contato dos alimentos com o suco gástrico, facilitando a degradação dos mesmos. Há diminuição da secreção do ácido clorídrico. Boca ● Cáries dentárias e periodontais não surgem e nem pioram em decorrência direta da gravidez, embora encontradas com frequência na gestação. ● A gengivite gravídica (edema e sangramento da gengiva) é consequência da saturação gestacional por estrogênio, progesterona e hCG sobre o tecido conjuntivo e se acentua no segundo trimestre da gestação. ● O ptialismo (produção excessiva de saliva) tem como causas hipertonia vagal, fatores psíquicos e estímulos do segundo e terceiro ramos do nervo trigêmeo. Esôfago e estômago ● O crescimento uterino desloca o estômago, elevando seu fundo e provocando uma leve dextrorrotação. ● O aumento da progesterona e a diminuição da motilina são fatores que retardam o esvaziamento gástrico. ● Estes, associados a redução do tônus do esfíncter esofagiano inferior e a diminuição da amplitude e da velocidade das ondas peristálticas do esôfago, facilitam o surgimento de pirose e refluxo gastroesofágico. ● Hérnia de hiato pode ser encontrada em até 20% das grávidas, regredindo no pós- parto. Intestino delgado e grosso ● A progesterona provoca hipotonia da musculatura lisa do trato gastrintestinal e juntamente com a compressão das estruturas abdominais pelo útero, retarda o trânsito intestinal. ● A maior absorção de líquidos leva ao ressecamento das fezes e pode provocar constipação intestinal, queixa frequente na gestação, especialmente no último trimestre. ● Hemorróidas são comuns, aparecendo como resultado da constipação intestinal, da vasodilatação periférica e do aumento da pressão nas veias retais por compressão da circulação de retorno. ● As relações anatômicas dos intestinos se alteram em decorrência da ocupação da cavidade abdominal pelo útero, podendo o apêndice cecal ser encontrado no flanco direito da gestante. Fígado ● Não foram evidenciadas alterações importantes na morfologia e na função hepática durante a gravidez. Vesícula biliar ● Mostra esvaziamento lento por hipotonia muscular provocando estase biliar e favorecendo a formação de cálculos de colesterol, já que o estrogênio e a progesterona saturam a bile com colesterol e diminuem a síntese de ácidos biliares. ● Multiparidade e fatores genéticos também contribuem para a formação de cálculos. 9 Pâncreas ● Sofre hiperplasia das células beta das ilhotas de Langerhans, provável resposta ao bloqueio periférico da insulina pelos hormônios gravídicos, em especial o estrogênio e hormônio lactogênico placentário. Náuseas e vômitos ● São alguns dos sintomas mais comuns da gravidez e ocorrem predominantemente durante o primeiro trimestre, embora mais raramente possam continuar durante toda a gestação. ● Uma pequena porcentagem de mulheres pode desenvolver a forma grave de náuseas e vômitos denominada de hiperêmese gravídica, que se não for tratada, pode levar a uma morbidade materna e fetal significativa. 5. Sistema urinário Rins ● Pode ocorrer aumento do volume dos rins com incremento de aproximadamente 30% em seu peso e discreto aumento em seu tamanho (1cm), devido à hipertrofia e aumento do fluxo plasmático renal. ● O aumento da vascularização e diminuição da resistência vascular periférica acarretam crescimento de 60 a 80% no fluxo sanguíneo renal e um aumento de 40 a 50% na filtração glomerular. ● Em consequência desse processo, ocorre perda de alguns nutrientes (aminoácidos, vitaminas hidrossolúveis) além da redução das concentrações de ureia e creatinina. ● O sistema coletor sofre dilatação em até 80% das gestações, apresentando-se com dilatação uretral e pielocalicial, mais pronunciada à direita. Ureteres ● O relaxamento da musculatura lisa do trato urinário promovido pela progesterona causa hipotonia uretral que adicionada à compressão ou à obstrução pelo crescimento uterino e pela congestão do plexo venoso ovariano, pode acarretar hidronefrose e dilatação dos ureteres. Esses achados podem persistir até quatro meses após o parto. Bexiga ● Com o crescimento uterino bexiga altera sua posição e é recharçada para frente e em direção a cavidade abdominal, deixando de ser um órgão pélvico. ● Essa mudança de posicionamento diminui sua capacidade residual e provoca polaciúria na gestante. ● Sua mucosa mostra-se espessada e com aspecto tortuoso em virtude dos vasos sanguíneos congestos. Também ocorrem elevação do trígono vesical e diminuição do tônus. 6. Metabolismo Ganho ponderal ● A grávida deve ser orientada a seguir recomendações para ganho ponderal conforme seu índice de massa corporal no início da gestação. ● O aumento ponderal é atribuído ao útero e ao seu conteúdo (feto, placenta, líquido amniótico), ao crescimento das mamas, do volume sanguíneo e do líquido extravascular e as alterações metabólicas responsáveis pelo incremento da água10 celular e pela deposição de proteínas e gorduras nos tecidos maternos para formar suas reservas. Metabolismo hídrico ● A retenção de água é uma alteração fisiológica da gravidez em parte mediada pela queda da osmolaridade plasmática. ● É comum observar edema nos membros inferiores, em especial ao final do dia, favorecido pelo aumento da pressão venosa e pela redução da pressão coloidosmótica intersticial. Metabolismo proteico ● Na gravidez as necessidades proteicas aumentam. ● Há redução dos aminoácidos e incremento absoluto das proteínas totais, embora suas concentrações plasmáticas se mostrem diminuídas em consequência da hemodiluição experimentada pela gestante. ● A concentração de albumina circulante sofre redução. ● Para manter o balanço nitrogenado positivo, a gestante necessita de 25% de proteínas do total dos nutrientes por ela ingeridos durante o dia. Metabolismo dos carboidratos ● A gestação normal se caracteriza por resistência a insulina, leve hiperinsulinemia, hipoglicemia de jejum e hiperglicemia pós-prandial. ● Inicialmente, o metabolismo da glicose parece ser alterado pelo aumento dos níveis de estrogênio e de progesterona, hormônios que agem estimulando a secreção endógena de insulina e melhorando a utilização periférica da glicose. Na segunda metade da gestação, crescem os hormônios contrainsulinares, como o hPL e o cortisol, que promovem aumento dos ácidos graxos livres, ao incentivarem a lipólise, e poupam a glicose. Também ocorre supressão da resposta ao glucagon e redução do seu consumo periférico, fatos que caracterizam o estado diabetogênico da grávida e que mantêm constante o aporte de glicose ao feto. Metabolismo lipídico ● As concentrações de lipoproteínas, de apolipoproteínas e de lipídeos totais aumentam no plasma materno durante a gravidez. ● O colesterol pode crescer 50%, e os triglicerídeos podem triplicar. ● A LDL atinge sua maior concentração plasmática por volta de 36 semanas de gestação, resultado da ação da progesterona e do estradiol sobre o fígado da gestante. Já a HDL alcança seu nível máximo por volta de 25 semanas, diminui até 32 semanas e, a partir daí, mantém-se constante até o termo. Metabolismo eletrolítico Sódio ● O crescimento do feto, o aumento do líquido amniótico e a expansão do líquido extracelular são os principais responsáveis pela retenção de sódio no organismo materno. 11 ● A excreção pode aumentar em consequência de aumento da taxa de filtração glomerular, ação da progesterona, que atua promovendo vasodilatação das arteríolas renais e facilitando a natriurese, presença do fator natriurético atrial e redução de albumina, prostaglandinas e dopamina. ● Outras substâncias agem diminuindo a excreção renal de sódio são a aldosterona, o sistema renina-angiotensina, corticosteróides e estrogênios. Cálcio e magnésio ● Os níveis plasmáticos de cálcio e de magnésio diminuem durante a gravidez; entretanto, sua fração ionizada e metabolicamente ativa permanece inalterada, confirmando que a queda nos níveis de cálcio e magnésio não tem importância clínica durante a gestação. ● Sua absorção intestinal dobra durante a gravidez, devido à grande necessidade fetal de cálcio, e sua excreção renal também aumenta, eliminando o excesso de cálcio sérico. Ferro ● O ferro é um elemento essencial tanto para a gestante quanto para o feto em desenvolvimento. ● As necessidades de ferro durante a gravidez estão aumentadas pelo incremento da massa de hemácias, podendo a mãe desenvolver anemia caso esse elemento não seja suplementado em sua dieta. Iodo ● Durante a gravidez, os níveis plasmáticos de iodo estão diminuídos, devido ao aumento de sua filtração renal e por maior demanda fetal, que compete com a mãe pelo iodeto disponível. Metabolismo das vitaminas ● Em geral, as exigências da gravidez levam à diminuição de todas as vitaminas (exceto as vitaminas E e K), fato que exige reforço dietético. ● A carência de vitamina A pode causar anomalias congênitas por defeitos na embriogênese. ● A deficiência de ácido fólico pode levar a distúrbios no crescimento fetal e produzir malformações estruturais, em especial aquelas relativas ao fechamento do tubo neural. ● Na gravidez e no puerpério, há aumento no consumo de vitamina C, e graus elevados de avitaminose C determinam abortamento e/ou morte fetal. ● A vitamina D é fundamental para o metabolismo do cálcio e do fósforo e para a fixação desses elementos no arcabouço ósseo. ● Com a evolução da gravidez, suas necessidades crescem. Por mobilização das reservas maternas e pela síntese placentária e/ou fetal, os teores de vitamina E se elevam durante a gestação, mesmo motivo pelo qual a vitamina K aumenta na gravidez, atuando na formação de trombina e no mecanismo de coagulação sanguínea. Equilíbrio ácido básico ● Na gravidez normal, ocorre uma alcalose respiratória por hiperventilação, diminuindo a pressão parcial de gás carbônico (pCO2) no sangue materno. 12 ● Com isso, o rim aumenta a excreção de bicarbonato, diminuindo seus níveis plasmáticos de 26 para 22 mMol/L, e provoca uma pequena queda do pH, que desvia a curva de dissociação do oxigênio (O2) para a esquerda e aumenta a afinidade da hemoglobina materna pelo O2 – efeito de Bohr. ● A hiperventilação reduz a pCO2 materna e facilita o transporte do CO2 do feto para a mãe, mas parece diminuir a liberação de O2 da mãe para o feto. ● No início do parto, observam-se aumento do pH e redução da pCO2 plasmática, consequência da hiperventilação da parturiente que persiste até o final do período de dilatação. No período expulsivo, os puxos provocam episódios temporários de apneia que aumentam a pCO2 e, por conta da intensa atividade muscular, liberam lactatos, levando à acidose metabólica 7. Sistema respiratório ● A função pulmonar sofre importantes modificações durante a gestão para suprir o organismo materno das necessidades aumentadas de oxigênio. As alterações são mais pronunciadas após 37 semanas e retornam ao normal após o nascimento. ● A progesterona age diretamente na via aérea superior, levando a um aumento de suas secreções e edema dos seus tecidos, e pode provocar congestão nasal. Também promove ação estimulante sobre os centros respiratórios cerebrais e consequente aumento da frequência respiratória e do volume corrente; o volume-minuto está elevado, resultando em alcalose respiratória (diminuição da pCO2 e aumento da pressão parcial de oxigênio [pO2]), compensada pelo aumento da excreção renal de bicarbonato. ● A dispneia fisiológica decorre dos efeitos da progesterona no centro respiratório e SNC da percepção da paciente a hiperventilação, que culmina com o aumento do volume corrente e diminuição da paCO2, resultando em uma alcalose respiratória compensada. ● Os estrogênios promovem alterações na mucosa nasal, como congestão capilar, hiperplasia e hipertrofia das suas glândulas, e estimulam a reatividade dos brônquios, tanto nos indivíduos geneticamente predispostos, quanto naqueles com síndrome respiratória obstrutiva. ● Os corticosteroides levam maior labilidade ao calibre brônquico. ● O trabalho mecânico dos músculos envolvidos na respiração é mais intenso, em consequência do aumento da pressão intra-abdominal favorecido pelo útero gravídico. As gestantes podem sofrer algum grau de restrição respiratória pelo levantamento observado do músculo diafragma no último trimestre da gravidez. A dispneia é uma queixa frequente e resulta do incremento dos estímulos respiratórios não acompanhado pela resposta adequada da musculatura que auxilia na expansão pulmonar. ● A expiração torna-se mais demorada. O volume minuto aumenta de 7,5 L para 10,5 L. ● Observa-se alteração dos volumes pulmonares imposta por esse novo estado fisiológico, em especial a redução do volume de reserva expiratória (VRE) e do volume residual (VR), situação que traduz perda da capacidade residualfuncional. ● Modificações na caixa torácica, como o deslocamento lateral e para baixo dos arcos costais e o aumento da circunferência do tórax, elevam a capacidade respiratória e contrabalançam a diminuição da capacidade residual funcional, mantendo estável a capacidade pulmonar total. A caixa torácica apresenta aumento de 2 cm em seu 13 diâmetro transverso. Os ângulos subcostais se alargam com elevação do diafragma em 4 cm e a circunferência torácica aumenta em 6 cm. ● Como consequência dessas mudanças na caixa torácica e do aumento da frequência respiratória, a capacidade vital mostra-se discretamente aumentada. Embora a complacência pulmonar esteja diminuída em razão da elevação do diafragma pelo crescimento fetal, não se observam alterações na complacência pulmonar. 8. Sistema endócrino Hipófise ● A adeno-hipófise aumenta em 2 a 3 vezes o seu tamanho, principalmente pela hiperplasia das células produtoras de prolactina, raramente ocorrendo compressão do quiasma óptico. ● Os níveis do hormônio luteinizante (LH), do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio de crescimento (GH) se mostram muito baixos, ao contrário da produção de prolactina, que ascende continuamente, chegando ao seu máximo no início do trabalho de parto. ● Após o parto, os níveis de prolactina circulante declinam, e ela passa a ser liberada em pulsos que respondem ao estímulo de sucção mamilar ocorrido na amamentação. A prolactina aumenta 10 vezes o seu valor normal, tendo seu ápido no início do trabalho de parto. Os níveis declinam após o parto. ● Durante a gestação, a prolactina estimula a síntese de DNA e a multiplicação das células glandulares e alveolares da mama, aumenta o número de receptores de estrogênios e de prolactina nas células epiteliais da mama, participa ativamente da galactopoiese e incentiva a produção de caseína, lactoalbumina, lactose e lipídios. Tireoide ● A tireoide exibe moderado aumento no seu tamanho durante a gestação, com hiperplasia do tecido glandular e incremento da sua vascularização, consequente à diminuição na concentração plasmática de iodo e à maior captação de iodeto para equilibrar a depuração renal elevada. ● O aumento da concentração de estrogênios determina um aumento acentuado dos níveis de globulina de ligação de tireoxina sérica (TBG) que reduz os hormônios livres da tireoide e estimula o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. ● A tireotrofina (TSH) está fisiologicamente reduzida no primeiro trimestre, pois, devido à semelhança com o hCG, este estimula a liberação de T3 e T4, que em seguida agem fazendo a retroalimentação negativa sobre a hipófise e provocam a diminuição transitória do TSH entre 8 e 14 semanas. ● À medida que a gestação progride, os limites de normalidade superiores são abaixo de 3 e 3,5 mUI/L no segundo e terceiro trimestres, respectivamente. Paratireóide ● Há uma discreta diminuição plasmática do paratormônio no primeiro trimestre seguida por um aumento nos trimestres seguintes, mas ainda dentro dos limites da normalidade. ● Já a calcitonina aumenta seus níveis plasmáticos durante a gravidez, provavelmente devido à produção placentária, tireoidiana e mamária desse hormônio. Suprarrenais 14 Cortisol ● A produção suprarrenal do cortisol não aumenta e sua depuração renal diminui, levando a um incremento na concentração plasmática desse hormônio, sendo a maior parte ligada à globulinatransportadora do cortisol. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), inicialmente diminuído, aumenta com o progresso da gestação. Aldosterona ● A partir de 16 semanas de gestação, observa-se aumento na secreção de aldosterona, estimulado pela redução da resistência vascular periférica e da pressão arterial. Desoxicorticoesterona ● Ocorre acentuado aumento de desoxicorticosterona na gravidez, e sua maior fonte é a conversão periférica da progesterona em sítios não suprarrenais, como o rim, a pelve e os vasos sanguíneos. 9. Sistema articular Postura e marcha ● Como resultado do peso adicional (útero, feto e anexos), o equilíbrio materno desloca seu centro de gravidade para a frente; a grávida altera sua postura para corrigir o seu eixo corporal e assume atitude involuntária de acentuada lordose lombar, jogando seu tórax para trás e voltando a coincidir seu centro de gravidade com o eixo do seu corpo. Somado a isso, ocorre ampliação da base de sustentação (com afastamento discreto entre um pé e outro): ela assume um andar oscilante, com passos curtos e lentos e um maior ângulo dos pés com a linha média. Todas essas alterações somadas descrevem uma marcha típica da gestante chamada de marcha anserina. ● Essas alterações posturais modificam a anatomia da coluna vertebral da grávida, em especial da coluna lombar, possibilitando espasmos dos músculos intervertebrais e diminuindo os espaços entre as vértebras, o que possibilita compressões radiculares e causa dor lombar, queixa frequente das gestantes. ● No final da gravidez, pode surgir dor na região cervical, causada pela flexão mantida do pescoço. ● O nervo ulnar e o mediano podem sofrer pequenas trações ocasionadas por um deslocamento posterior da cintura escapular que produz desconforto e dormência nos membros superiores. 10. Pele e cabelo Acne e queda de cabelo ● A hipersecreção das glândulas sebáceas decorrente da ação progestagênica torna a pele da grávida mais oleosa e facilita a queda capilar e o surgimento de acne. Alterações pigmentares ● O perfil hormonal da gestação desencadeia um aumento na produção de estrogênio e progesterona que leva a uma hipertrofia do lobo intermediário hipófise. Essa hipertrofia resulta na liberação de α-melanotropina, que exerce ação estimulante sobre os melanócitos. ● É importante destacar que as alterações pigmentares aumentam de acordo com a exposição ao sol. ● Locais naturalmente mais escuros podem adquirir pigmentação mais escura durante a gravidez, como aréola mamária, períneo e axilas. Linha nigra 15 ● A linha nigra é uma pigmentação de cor preto-acastanhada na linha média do abdome resultante da ação estimulante sobre os melanócitos. Cloasma ou melasma gravídico ● O cloasma é uma mancha acastanhada na face consequente à estimulação dos melanócitos. Embora característico da gestação, não é exclusivo dela. 11. Alterações atróficas Estrias gravídicas ● As estrias gravídicas são alterações atróficas por estiramento das fibras colágenas, condicionadas à diminuição da hidratação e ao estiramento da pele. ● Incidem principalmente em abdome, glúteos, mamas e coxas. ● Na gestação, costumam ser avermelhadas; após o parto, são geralmente brancacentas. ● Em multíparas, além das estrias de uma gravidez atual, podem ser encontradas linhas de tonalidade prata, brilhantes, que representam cicatrizes de estrias de gestações anteriores. Alterações vasculares ● As alterações vasculares são consequências da vasodilatação imposta pelo perfil hormonal da gestação. Aranhas vasculares, telangiectasia ou angioma ● Essas alterações vasculares surgem em toda a superfície palmar como uma vermelhidão difusa, notadamente nas eminências tênares e hipotênares. ● São encontradas em até 70% das gestantes, independentemente da etnia. Na maioria dos casos, desaparecem após a gravidez. Varizes ● Quando a atonia dos vasos se associa ao aumento da pressão intravascular decorrente da compressão da circulação de retorno, surgem as varicosidades em membros inferiores e região perineal. 12. Sentidos ● Visão: a acuidade visual pode estar comprometida por edema ou opacificação pigmentar da córnea durante a gestação. A pressão ocular pode estar diminuída por aumento de reabsorção de humor aquoso ● Olfato: a epistaxe é uma queixa frequente da grávida e decorre de aumento da vascularização e espessamento da mucosa nasal ou ação dos estrogênios e da progesterona. A rinite vasomotora com obstrução nasal, no mais das vezes acompanhada dehiposmia ou anosmia, é também acontecimento comum. ● Audição: algumas grávidas apresentam zumbidos e vertigens por alterações circulatórias; outras experimentam diminuição da acuidade auditiva, principalmente para tons altos, decorrente de hiperemia na tuba uterina. ● Tato: parestesias das extremidades são comuns, frequentemente atribuídas a alterações vasomotoras e a deficiências metabólicas. ● Paladar: as alterações do apetite, como perversão (preferência por alimentos ou substâncias exóticas), mudanças qualitativas dos hábitos alimentares e baixa 16 sensibilidade gustativa, não são incomuns; as gestantes preferem degustar alimentos de sabor marcante, mais doces, salgados, ácidos ou amargos.
Compartilhar