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FACULDADE FUTURA CONTABILIDADE INTERNACIONAL VOTUPORANGA – SP 1 CONTABILIDADE INTERNACIONAL E O GAAP US GAAP – É a sigla utilizada para identificar a expressão United States Generally Accepted Accounting Principles e significa Princípios Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos da América, é exclusivamente do território contábil, e não fiscal ou tributário como muitos podem pensar. Fonte de: www.blog.intradebook.com Em nível internacional, os órgãos reguladores mais conhecidos dos princípios e normas contábeis são os seguintes: AICPA (American Institute of Certified Public Accountants) – Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados; O instituto americano dos contadores públicos certificados (AICPA) possui um comitê técnico sênior denominado Comitê Executivo de Padrões da Contabilidade (AcSEC). Esse comitê é composto de 15 membros voluntários, com representantes da indústria, da academia, analistas, e empresas de contadores públicos nacionais e regionais. Além disso, todos os membros do AcSEC são contadores certificados (CPAs) e membros do AICPA. O AcSEC está autorizado a formular padrões de contabilidade, bem como a representar o AICPA em matérias da contabilidade. Esses padrões de contabilidade são elaborados através do trabalho de comitês do AICPA e de forças-tarefa. O comitê emite pronunciamentos de posição (SOPs), guias de auditoria e de contabilidade, os quais são revisados e cancelados pelo FASB. APB (Accounting Principles Board) – Junta de Princípios Contábeis; Foi criada em 1959 como réplica às críticas de Leonard Spacek, da Arthur Andersen & Company, em relação às falhas na educação do público sobre as limitações da contabilidade. Nisso a APB emitiu 31 Opiniões que lidavam com assuntos controversos entre 1959 e 1973. A American Accounting Association também participou do processo com várias pesquisas e tentativas de desenvolver um relatório de teoria básica de contabilidade. Nem todos os esforços tiveram sucesso e a APB foi extensamente criticada (RIAHI-BELKAOUI, 2004). Schmidt e Santos (2008) acrescentam que o CAP e a APB contribuíram respeitosamente ao progresso doutrinário e ao desenvolvimento dos Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos. Todavia, ambos receberam muitas críticas, dentre elas a de que as pesquisas eram insuficientes em relação à importância do AICPA entre os profissionais da área1. FASB (Financial Accounting Standards Board) – Junta de Normas de Contabilidade Financeira; O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB), criado em 1973, caracteriza-se por ser uma entidade independente, cujos membros componentes devem ser totalmente desvinculados do mercado de capitais. Todavia, historicamente a maioria dos membros do conselho foi anteriormente auditores, funcionários de grandes corporações mundiais, servidores governamentais e membros da academia, porque, para o desempenho dessa função, é exigido conhecimento. 1 Texto extraído de: www.contabilidade-financeira.com SEC (Securities and Exchange Comission) – Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio; Nos Estados Unidos da América, o formato e o conteúdo das demonstrações financeiras das companhias abertas são regulados pela SEC, que é a comissão de valores mobiliários norte-americanos. IASC (Internacional Accounting Standard Committee) – Comissão Internacional de Padrões Contábeis2; O IASC - Comitê de Padrões de Contabilidade Internacional foi constituído no ano de 1973 através de um acordo feito entre organismos profissionais de Contabilidade da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos. Entre 1983 e 2001, os membros do IASC incluíram todas as entidades de profissionais contábeis que são membros da Federação Internacional de Contadores - IFAC. Em maio de 2000, uma nova constituição, em termos de estrutura organizacional, foi aprovada; nela o IASC foi estabelecido como uma entidade independente, comandada por 19 curadores. 1.1 IFRS x BR GAAP x US GAAP: Sobre as BR GAAP As BRGAAP estão relacionadas com os Princípios Contábeis geralmente aceitos no Brasil. Em outras palavras, a denominação BR GAAP é dada ao conjunto de normas, leis e princípios que regem a ciência contábil aqui no nosso país. 2 Texto extraído e adaptado de: www.metacontabil.wordpress.com Fonte de: www.treasy.com.br Quando falamos em GAAP é muito comum fazermos a associação com os Estados Unidos. Na verdade, se voltarmos no tempo veremos que por um bom período a contabilidade brasileira inspirou-se na norte-americana. Hoje o quadro mudou, mas para você entender melhor, pense que as BR GAAP são como o apelido do conjunto de normas contábeis em vigor no Brasil. Esse conjunto é formado por normas provenientes de diversos órgãos, como: Lei 6404/76 (a Lei das Sociedades por Ações ou Lei das S/A.): principal lei que norteia a contabilidade em nosso país; Leis 11.638/07 e 11.941/09: alterações da Lei acima; Resoluções, Circulares, Comunicados e afins de órgãos como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Conselho Monetário Nacional (CMN); Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); Banco Central (BACEN); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Receita Federal do Brasil (RFB); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Seguindo a partir do mesmo raciocínio que as BR GAAP, já entendemos que as US GAAP são os Princípios Contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos, ou seja, o padrão contábil adotado pelos EUA (mais precisamente pela SEC – Securities and Exchange Commission – Comissão de Valores Mobiliários). O órgão que emite tais normas e princípios e que também é responsável pela regulamentação das práticas contábeis na terra do Tio Sam é a FASB (Financial Accounting Standards Board). Todas as empresas de outros países que forem negociar com alguma organização dos EUA devem utilizar as US GAAP. As GAAP são as legislações contábeis de cada país (sempre haverá duas letras antes de “GAAP” que identificará a que país a norma se refere). 2 A CONTABILIDADE INTERNACIONAL EM PEQUENAS EMPRESAS Em 2001, o IASB deu início a um projeto que visava desenvolver padrões Contábeis adequados para as PMEs. Em julho de 2009, a IASB publicou então o IFRS para Pequenas e Médias Empresas (IFRS for PMEs). Segundo o Banco Mundial (Deloitte, 2011) o IFRS para PMEs “é um excelente modelo de prestação de contas para entidades menores, por ser mais adaptável ao porte de operações e a estrutura societária das PMEs, e isso deve facilitar o acesso das pequenas e médias empresas a fontes de financiamento”. Nas mesmas perspectivas (Deloitte, 2011), a Federação Internacional de Contadores afirmou que o padrão melhorará a comparabilidade e qualidade das declarações financeiras, o que auxiliará na captação de financiamento. Conjuntamente com as empresas, os usuários da informação contábil e os clientes também serão beneficiados com o novo modelo. 2.1 Caracterização das pequenas e médias empresas As pequenas e médias empresas possuem grande importância para a economia bem como para as relações empresariais e contábeis. Conforme informações de pesquisa da Deloitte (2011), em quase todos os países independentemente do tamanho da economia, mais de 99% das empresas possuem menos de 50 colaboradores e logo são classificadas como PMEs. Segundo mesma pesquisa na União Europeia há 28 milhões de PMEs, nos Estados Unidos 20 milhões e no Brasil são 6 milhões. Neste aspecto, nota-se a grande importância da conversão das práticas contábeis para o padrão internacional para as PMEs. Cumpre então verificarquais empresas realmente estão enquadradas na classificação de PMEs. É importante salientar que há diversas terminologias, tais como: pequenas e médias empresas, microempresas, pequenas empresas e empresas de pequeno porte (EPP). No que tange as definições e terminologias para as Pequenas e Médias Empresas, segundo o IASB (2010a), muitas jurisdições desenvolvem suas próprias classificações, como a prescrição de obrigações de relatório financeiro, critérios quantitativos baseados em receita, ativos, empregados e outros fatores que auxiliam na definição do termo para determinadas empresas. O termo PME, conforme Deloitte (2011, p. 5), é definido como: as sociedades por ações fechadas (sem negociação de suas ações ou outros instrumentos patrimoniais ou de dívida no mercado e que não possuam ativos em condição fiduciária perante um amplo grupo de terceiros), mesmo que obrigadas à publicação de suas demonstrações financeiras, são tidas, para fins deste Pronunciamento, como pequenas e médias empresas, desde que não enquadradas pela Lei nº 11.638/07 como sociedades de grande porte (sociedades ou conjunto de sociedades sob controle comum que, no exercício social anterior, apresentem ativo total superior a R$240 milhões ou receita bruta anual superior a R$300 milhões). As entidades classificadas como PME deverão elaborar suas demonstrações contábeis em conformidade com as IFRS para PME, orientadas no Brasil pelos CPC para PME. O objetivo destas demonstrações contábeis é informar os usuários sobre a posição financeira, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade, com vistas a auxiliá-los no processo de tomada de decisões. 2.2 A importância da adequação das IFRS para PME Em termos de benefícios, de acordo com o artigo 179 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, as micro e pequenas empresas deliberadas por lei, devem receber tratamento jurídico diferenciado, com o objetivo de apoiá-las na facilitação, ou redução de suas obrigações. Neste prisma, verifica-se então que as IFRS direcionadas às empresas de pequeno porte cumprem não somente os objetivos do IASB, mas também ao que desde 1988 é disposto na Constituição Federal. Este dispositivo por sua vez, prioriza a questão de simplificar os tratamentos jurídicos, às obrigações tributárias, administrativas e creditícias para as entidades classificadas como PME, de forma que estas possam ser melhores atendidas, uma vez que em muitos casos estas empresas não possuem a mesma estrutura em sistemas e capacitação em comparação às entidades de grande porte. Segundo IASB (2010a), a publicação do IFRS para PME marcou um grande avanço para as companhias no mundo, pois poderá ser aplicável para grande parte das companhias ao redor do mundo, passo identificado como importante, pois conforme o mesmo órgão havia-se uma carência dessa versão das normas internacionais para pequenas e médias empresas. Em se tratando ainda dos benefícios trazidos pelo CPC-PME em conformidade com as IFRS para PME, a Price Waterhouse Coopers (2010) apresentou uma pesquisa elencando os seguintes motivos e benefícios de se adotar o novo padrão contábil para as pequenas e médias empresas: • A partir de 2010, a adoção destes CPCs na contabilidade brasileira passa a ser obrigatória; • Os novos CPCs impactam a mensuração e contabilização das transações; • Por sua vez, a nova mensuração e contabilização das transações impactam nas apurações das obrigações fiscais (não contempladas pelo Regime Tributário Transitório) e nos relatórios e informações preparadas para clientes e fornecedores, bancos, seguradoras; • CPC PMEs concedem diversas simplificações na mensuração e contabilização de transações e na apresentação das demonstrações financeiras; • Facilita o processo de adoção das novas normas contábeis brasileiras convergentes com IFRS e os CPCs plenos; • Facilita acesso aos investidores (privados ou mercado de capitais); • Facilita acesso e negociação com bancos, por meio da alta qualidade de divulgações e demonstrações financeiras obtendo potencial redução em taxa de juros; • Adoção encorajada pelo BNDES e outras entidades governamentais; e • Demonstra boa governança corporativa, transparência e atende padrões da contabilidade brasileira; Segundo a mesma pesquisa mostra, embora o CPC para PMEs tenha seus benefícios, trás também alguns desafios. Para esta adoção são necessários controles internos, treinamento interno, mudanças nos sistemas e divulgações em bases recorrentes (PWC, 2010). Fonte de: www.jrmcoaching.com.br Em termos de prejuízos para quem não adotar, segundo o CRC SP (2011), os empresários podem sofrer sanções do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que somente aceitará balanços nos padrões IFRS. Embora o CPC para PME reduza as exigências de divulgação das normas completas, consideradas onerosas, as empresas precisam considerar outras questões também como as necessidades dos usuários, os aspectos fiscais, exigências legais e regulatórias para o setor. Questionamentos são levantados acerca dos aspectos fiscais, que por sua vez, acredita-se que com as IFRS para PME as entidades que adotarem o pronunciamento do CPC para PME não sofrerão impacto fiscal, uma vez que já estarão sujeitas às regras do RTT – Regime Tributário de Transição. Entretanto atenção deverá ser despendida a respeito de implicações nos controles internos e na adaptação destes necessários para o cumprimento de suas obrigações fiscais e acessórias, com as autoridades fiscais, e na determinação do lucro base para distribuição aos sócios. Contudo, apesar das normas para pequenas e médias empresas serem simplificadas, no geral resgatam o que é disposto nas normas completas, visando proporcionar qualidade à informação e por sua vez utilizar uma linguagem comum e aparato para uma melhor comparabilidade, podendo potencializar o fluxo de capitais e a atratividades de investidores3. 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS Da mesma forma como os negócios de uma unidade econômica (uma sociedade de capitais, uma sociedade de pessoas, uma firma individual, uma sociedade de economia mista, ou um segmento-filial, divisão, ou departamento de um desses organismos) não se confundem com os dos proprietários, ou dos administradores dessas unidades econômicas, não se confundem as demonstrações contábeis consolidadas de 3 Texto extraído de: www.congressousp.fipecafi.org um grupo de empresas sob controle acionário comum, com as demonstrações contábeis de cada uma dessas empresas. A consolidação enseja o aparecimento de uma entidade distinta das entidades consolidadas e não se confunde com a matriz ou qualquer uma das subsidiárias aglomeradas na consolidação. Fonte de: www.udemy.com Demonstrações contábeis consolidadas são aquelas produzidas pela agregação das demonstrações contábeis de uma ou mais controladas, linha por linha (isto é, somando os ativos, passivos, receitas e despesas semelhantes) com as demonstrações contábeis da controladora, depois de eliminados os saldos e transações entre as companhias, e feita uma provisão para os interesses de minoritários nas controladas. Demonstrações contábeis consolidadas são o reconhecimento de que as entidades legais, separadamente, são componentes de uma unidade econômica distinta da controladora e das controladas. Assim, as demonstrações contábeis consolidadas devem refletir as operações da controladora e de suas controladas-consolidadas, no país ou no exterior, a partir da data de aquisição destas4. 4 Texto extraído de: www.portaldecontabilidade.com.br As características da informação contábil referem-se às qualidades que ela possui para que seja útil, não só doponto de vista dos usuários internos, mas também dos usuários externos (principalmente os investidores). Apesar dos usuários serem diferentes, pois alguns exigem informações mais complexas do que outros, todos desejam informações oportunas em tempo hábil. As informações contábeis devem possuir um alto nível de compreensibilidade para facilitar a sua análise e interpretação por parte dos usuários que a utilizam. Fonte de: www.savere.com.br É razoável dizer que as demonstrações contábeis devam ainda apontar os resultados e responsabilidades da administração pelos recursos a ela confiados, o que se faz através das notas explicativas tratadas em capítulo específico. As características qualificativas das informações contábeis já haviam sido previstas na NBC T 1 - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovada pela Resolução CFC 1.121/2008. 1. Compreensibilidade Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações contábeis é que elas sejam prontamente entendidas pelos usuários. Para esse fim, presume-se que os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, da atividade econômica da empresa e também de contabilidade. Estes conhecimentos devem se complementar ainda pela disposição de estudar as informações com razoável diligência, ou seja, os informes contábeis não precisam ser feitos para que qualquer leigo entenda, mas sim visam facilitar o entendimento de pessoas com um conhecimento que o capacite a interpretar os valores. No entanto, não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, informações sobre assuntos complexos que devam ser incluídas nas demonstrações contábeis por causa da sua relevância no processo de tomada de decisão pelos usuários, mesmo com o pretexto de que tal informação seria de difícil entendimento para certos usuários. 2. Relevância Para serem úteis, as informações devem também ser relevantes à necessidade dos usuários na tomada de decisões. Desta forma, a informação pode ser considerada relevante quando em algum instante influencie nas decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros ou confirmando e corrigindo as suas avaliações anteriores. As funções de prever e confirmar dados são inter-relacionadas. As informações sobre o nível atual e a estrutura dos ativos têm valor para os usuários na tentativa de prever a capacidade que a entidade tenha de aproveitar as oportunidades e a sua capacidade de reagir a situações adversas. As mesmas informações têm o papel de confirmar as previsões passadas sobre, por exemplo, a forma na qual a entidade seria estruturada ou o resultado de operações planejadas. Informações sobre a posição patrimonial e financeira e o desempenho passado são frequentemente utilizadas como base para projetar a posição e o desempenho futuros, assim como outros assuntos nos quais os usuários estejam diretamente interessados, tais como pagamento de dividendos e salários, alterações no preço das ações e a capacidade que a entidade tenha de atender seus compromissos à medida que se tornem devidos. 3. Materialidade A relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade. Em alguns casos, a natureza das informações, por si só, é suficiente para determinar a sua relevância. Por exemplo, reportar um novo segmento em que a entidade tenha passado a operar pode afetar a avaliação dos riscos e oportunidades com que a entidade se depara, independentemente da materialidade dos resultados atingidos pelo novo segmento no período abrangido pelas demonstrações contábeis. Em outros casos, tanto a natureza quanto a materialidade são importantes; por exemplo: os valores dos estoques existentes em cada uma das suas principais classes, conforme a classificação apropriada ao negócio. Uma informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou do erro, julgado nas circunstâncias específicas de sua omissão ou distorção. 4. Confiabilidade Para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros, desvios substanciais ou vieses relevantes e representar adequadamente aquilo que se propõe a representar. Fonte de: www.blogdaqualidade.com.br Uma informação pode ser relevante, mas a tal ponto não confiável em sua natureza ou divulgação que o seu reconhecimento pode potencialmente distorcer as demonstrações contábeis. Por exemplo, se a validade legal e o valor de uma reclamação por danos em uma ação judicial movida contra a entidade são questionados, pode ser inadequado reconhecer o valor total da reclamação no balanço patrimonial, embora possa ser apropriado divulgar o valor e as circunstâncias da reclamação. Assim, para ser confiável, a informação deve representar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar. O balanço patrimonial de determinada data, por exemplo, deve representar adequadamente as transações e outros eventos que resultam em ativos, passivos e patrimônio líquido da entidade e que atendam aos critérios de reconhecimento. 5. Primazia da Essência sobre a Forma Talvez a mais importante de todas as características é valorizar a essência de cada operação ao invés do que está descrito em qualquer documento, nota fiscal ou contrato. Para que a informação represente adequadamente as transações e outros eventos que ela se propõe a representar, é necessário que essas transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e realidade econômica, e não meramente sua forma legal. A essência das transações ou outros eventos nem sempre é consistente com o que aparenta ser com base na sua forma legal ou artificialmente produzida. Por exemplo, uma entidade pode vender um ativo a um terceiro de tal maneira que a documentação indique a transferência legal da propriedade a esse terceiro; entretanto, poderão existir acordos que assegurem que a entidade continuará a usufruir os benefícios econômicos gerados pelo ativo e o recomprará depois de um certo tempo por um montante que se aproxima do valor original de venda acrescido de juros de mercado durante esse período. Em tais circunstâncias, reportar a venda não representaria adequadamente a transação formalizada. Outro exemplo bastante recorrente nas entidades é a realização de contratos de leasing, onde a verdadeira operação é um contrato de compra e venda (leasing operacional). Neste caso o bem deve ser ativado e os valores mensais devem ser reconhecidos como um financiamento. 6. Prudência Os contabilistas se deparam com incertezas que inevitavelmente envolvem certos eventos e circunstâncias, tais como a possibilidade de recebimento de contas a receber de liquidação duvidosa, a vida útil provável das máquinas e equipamentos e o número de reclamações cobertas por garantias que possam ocorrer. Fonte de: expressoilustrado.com.br Tais incertezas são reconhecidas pela divulgação da sua natureza e extensão e pelo exercício de prudência na preparação das demonstrações contábeis. Assim a prudência consiste no emprego de um certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimados e que passivos ou despesas não sejam subestimados. Entretanto, o exercício da prudência não permite, por exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas, a subavaliação deliberada de ativos ou receitas, a superavaliação deliberada de passivos ou despesas, pois as demonstrações contábeis deixariam de ser neutras e perderiam a confiabilidade. 7. Integralidade Para serconfiável, a informação constante das demonstrações contábeis deve ser completa, dentro dos limites de materialidade e custo. Salienta-se que uma omissão pode tornar a informação falsa ou distorcida e, portanto, não-confiável e deficiente em termos de sua relevância. 8. Comparabilidade Os usuários devem poder comparar as informações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar os dados contábeis de diferentes entidades a fim de avaliar, em termos relativos, a sua posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira. Uma importante implicação da característica qualitativa da comparabilidade é que os usuários devem ser informados das práticas contábeis seguidas na elaboração das demonstrações contábeis, de quaisquer mudanças nessas práticas e também o efeito de tais mudanças. Os usuários precisam ter informações suficientes que lhes permitam identificar diferenças entre as práticas contábeis aplicadas a transações e eventos semelhantes, usadas pela mesma entidade de um período a outro e por diferentes entidades. A necessidade de comparabilidade não deve ser confundida com mera uniformidade e não se deve permitir que se torne um impedimento à introdução de normas contábeis aperfeiçoadas. Tendo em vista que os usuários desejam comparar a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira ao longo do tempo, é importante que as demonstrações contábeis apresentem as correspondentes informações de períodos anteriores. 9. Tempestividade Tempestividade envolve oferecer a informação confiável dentro do tempo de execução da decisão. Quando há demora indevida na divulgação de uma informação, é possível que ela perca a relevância. Para fornecer uma informação na época oportuna pode ser necessário divulgá-la antes que todos os aspectos de uma transação ou evento sejam conhecidos, prejudicando assim a sua confiabilidade. Por outro lado, se para divulgar a informação a entidade aguardar até que todos os aspectos se tornem conhecidos, a informação pode ser altamente confiável, porém de pouca utilidade para os usuários que tenham tido necessidade de tomar decisões nesse ínterim. Para atingir o adequado equilíbrio entre a relevância e a confiabilidade, o princípio básico consiste em identificar qual a melhor forma para satisfazer as necessidades do processo de decisão econômica dos usuários.