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Sobre a morte e o morrer CESMAC-P4 SAÚDE MENTAL MARIA LUIZA PEIXOTO INTRODUÇÃO - A morte é um tabu que precisa ser trabalhado, pois é tratada como um fracasso. Conceitos relacionados com a morte Distanásia - Prolongamento artificial que prorroga também, por consequência, o sofrimento da pessoa. Eutanásia - Morte provocada por terceiros movida pela compaixão ou piedade, em pessoa com doença incurável ou em estado ter- minal. Mistanásia - Morte miserável, antes da hora, conhe- cida como eutanásia social; pode ocorrer em casos de omissão de socorro, negligên- cia, imprudência e imperícia. Ortotanásia - Morte correta, ou seja, a morte pelo seu processo natural. Paciente terminal Critério de progressão - Define como terminal quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde do paciente, e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsí- vel. Paciente se torna irrecuperável e caminha para a morte, sem que consiga reverter es- te caminhar. Critério de tempo - Faz uma análise geral da doença e os da- dos de tempo de vida restante. MEDICINA PALIATIVA - Medicina que alivia e não tem foco na cura, tendo como meta principal proporcionar o máximo de conforto possível, dentro da vida remanescente do doente. Ênfase no controle dos sintomas e nos aspec- tos emocionais, espirituais, sociais e familia- res do paciente. Fases do paciente terminal Curativa - Quando há expectativas esperançosas e o lado ruim da doença (dor, vômitos, cirur- gias) é melhor tolerado por pacientes, fa- miliares e equipe de saúde. Fase paliativa - Quando ocorrem as recaídas da doença, voltam as dores e aumentam as dúvidas e o pessimismo. O peso dos efeitos colaterais pode come- çar a se sobrepor aos benefícios. CESMAC-P4 SAÚDE MENTAL MARIA LUIZA PEIXOTO A autonomia do paciente deve adquirir ain- da maior relevância na tomada de decisõ- es. A equipe deve ter noção do curso da do- ença e da fase em que se encontra e do que está ao alcance da medicina, sem sacrificar a já precária qualidade de vida do paciente. Principais objetivos da medicina paliativa Paciente chegando à morte em paz com dignidade e bem estar emocional Família sendo amparada de forma a aliviar o sofrimento do paciente e aceitar a morte com tranquilidade Trabalhadores de saúde desempenhando o trabalho de forma competente e saudá- vel ELISABETH KUBLER-ROSS Os 5 estágios da agonia - Reação psíquica determinada pela experiên- cia com a morte ou diante de um diagnóstico médico associado com a perspectiva de vir a morrer. Negação (1º estágio) - É o mecanismo de defesa temporário do ego contra a dor psíquica diante da morte, e a intensidade e duração desses mecanis- mos de defesa dependem de como a pró- pria pessoa e as outras pessoas ao seu re- dor são capazes de lidar com essa dor. Raiva (2º estágio) - O paciente angustiado transforma isso em raiva, revolta, inveja e ressentimento. “Com tanta gente ruim pra morrer porque eu? eu que sempre fiz o bem, sempre tra- balhei e fui honesto” Barganha ou negociação (3º estágio) - A pessoa implora, geralmente a Deus e em segredo, por uma troca ou uma pro- messa de vida dedicada a algo. O paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil nessa fase. Depressão (4º estágio) - O paciente toma consciência de sua de- bilidade física já que não consegue negar a perspectiva da morte, tendo um sentimen- to de grande perda. Há ênfase no desânimo, desinteresse, a- patia, tristeza e choro. Paciente tem a consciência plena de que nascemos e morremos sozinhos. Aceitação (5º estágio) - O paciente já não experimenta o deses- pero, encara essa fase como um momento de repouso antes da longa viagem. Quando o paciente consegue chegar até o último estágio do processo, pode experi- mentar um clima de serenidade, e os que ficam têm mais conforto, compreensão e colaboração para com o paciente. CESMAC-P4 SAÚDE MENTAL MARIA LUIZA PEIXOTO Nas últimas horas - A dor cessa, a necessidade de alimentação se torna mínima, a mente entra em um estado de torpo e a consciência do meio ambiente quase desaparece na escuridão. Ele se separa, passo a passo, de seu ambiente, inclusive das pessoas mais queridas desape- gar lentamente e em paz. Observações Os períodos não se sucedem de forma orde- nada e excludente, podem misturar-se. A autora referiu originalmente também mais dois estágios (reparação e morte). Na reparação, o paciente procura resolver pendências, distribuir bens, reparar culpas e arrumar a vida de sua família antes de partir. ANA CLÁUDIA ARANTES As diversas dimensões do cuidado ao paciente terminal - Deve-se combater o sofrimento físico, emo- cional, familiar, social e espiritual. Sentimento de amorosidade no cuidado - Numa unidade de cuidados paliativos, de- ve haver amorosidade que promove grati- dão ao paciente e amplia a percepção de realidade do médico. Preparação do médico para lidar com a morte - O médico habilitado nos cuidados paliativos o fará sem sofrimento. Se o médico estiver só ocupado com o aspecto de salvar o paciente, vai sofrer muito, pois a cada morte de paciente sofrerá junto e ficará com isso mal resolvido. Quem trabalha com cuidado paliativo tem o menor índice de estresse profissional possível, porque aprende a dar valor à vida. Revelações ao paciente terminal - É preciso estabelecer uma relação com o pa- ciente, em cima da qual irá conhecê-lo e saber a melhor forma de contar a realidade e saber como ele irá reagir. DARVID SERVANT-SCREIBER Desarmar o medo Medo de sofrer - Estabelecer um plano técnico com o paci- ente. Medo do vazio - Encorajar a reflexão sobre a vida e o de- senvolvimento espiritual. Medo de ficar sozinho - Fortalecer os vínculos (inclusive com a e- quipe). Medo de ser um fardo - Colocar as coisas em perspectiva. Medo de abandonar os filhos - Favorecer o desabafo, a reflexão e as a- ções pertinentes. CESMAC-P4 SAÚDE MENTAL MARIA LUIZA PEIXOTO Medo de histórias inacabadas - Favorecer a elaboração emocional e o res- gate; a equipe pode funcionar como ponte.