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POLIFARMÁCIA AULA 8 – MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE (CÁP. 30) É uma arte importante administrar medicamentos de forma adequada, mas saber quando suspendê-los ou omiti-los por completo é uma arte ainda maior e mais difícil de aprender. A progressão de uma população idosa vem aumentando progressivamente e isso reflete no sistema de saúde a nível econômico. Com o envelhecimento, é comum o aparecimento de patologias múltiplas e consequente a polimedicicação aumentando a predisposição a ocorrência de interações medicamentosas, reações adversas e prescrições de medicamentos potencialmente inapropriados aos doentes geriátricos. A polifarmacia em si pode ser considerada como um problema de saúde, uma vez que está associada a aumento de morbidade e mortalidade. As reações adversas aos tratamentos são a quarta causa mais comum de morte nos EUA. Cerca de 1/5 das internações são decorrentes ao uso inapropriado de medicamentos. 2/3 das internações por uso inapropriado de medicamentos estão ligadas a interações entre fármacos. A prescrição aos pacientes idosos merece uma atenção dos profissionais de saúde e prestadores de serviço. Como definir polifarmacia? Podem ser utilizados diferentes critérios alguns mais baseados em quantidade de medicamentos e outros mais na adequação das medicações. Na literatura vem se adotando mais comumente a definição de que o termo polifarmacia refere-se ao uso de 3 ou mais medicações de forma concomitante. PESO DA POLIFARMÁCIA: Reações adversas aos medicamentos (RAMs): pode ocorrer pelo fármaco diretamente, por interações com outros medicamentos ou pela interação entre fármacos e outros problemas de saúde. Medicina minimamente disruptiva (MMD): é um termo que foi criado para que nos utilizemos os princípios durante a prescrição e atendimento ao paciente idoso. Quatro princípios: → Devemos estabelecer a carga do tratamento → Encorajar a coordenação na pratica clinica → Reconhecer a comorbidade nas evidencias clinicas → Priorizar a partir da perspectiva da pessoa que recebe os cuidados o que vai ser prescrito. RAÍZES DA POLIFARMÁCIA: derivam das influencias das pessoas que vai utilizar a medicação, influencias de políticos, de modelos atuais de evidencias e modelos atuais de cuidados. Cerca da metade das pessoas com mais de 65 anos tem pelo menos três doenças crônicas coexistentes. Cerca de 1/5 tem cinco ou mais doenças. A média de fármacos utilizados entre idosos: sete. Risco de reações adversas aos medicamentos é de: → 13% para 2 ou + fármacos → 38% com 4 ou mais → 82% com 7 ou mais O número de reações adversas ao medicamento auemnta de forma rápida após 5 medicamentos utilizados. Os idosos são mais suscetíveis a RAMs: → Pelo número de fármacos que usam, → Pelo potencial aumentando de interações entre os fármacos e dos fármacos com as doenças → Porque são fisiologicamente menos adaptáveis e mais vulneráveis Idosos experimentam RAMs com frequência 6x maior do que a população de adultos jovens. MODELOS DE CUIDADO: Modelo terapêutico: diagnosticar a doença e fornecer tratamento. A maioria dos médicos querem implementar a aderência a diretrizes clinicas como um todo e é uma obsessão atual com a prevenção. Portanto, é importante entender que pacientes 88 anos, prescrever cada vez mais medicamentos não vai aumentar a qualidade de vida dele. POLÍTICAS DE CUIDADOS DE SAÚDE: muitas vezes querem que batemos metas de desempenho para a atenção primaria e de pagamento por resultado. Então, ocorre uma distorção da atenção primaria que é um conjunto de determinadas doenças e de tratamentos em vez de cuidado coordenado, abrangente e centrado na pessoa. Será que realmente prescrever diversos tipos de medicamentos (7,8) é melhor do que estimular atividade física e redução de medicação? MODELOS DE EVIDENCIAS: esquecem que os pacientes idosos com múltiplas comorbidades costumam ser excluídos dos ensaios clínicos. E ocorre uma prescrição em cascata – a medicação que passa ocorre um efeito adverso, começa a passar medicação para o efeito adverso e assim vai. MANEJO DA POLIFARMACIA: Existe lista de fármacos a serem evitados e critérios para detectar a falta ou o excesso de prescrição em idosos. É importante pensar sobre e revisar as medicações com regularidade. Quando não for possível a suspensão, tentar reduzir a dose. Primeiro passo deve orientar a revisão dos medicamentos para reduzir os danos da polifarmácia e avançar nas diretrizes para a “desprescrição” de classes farmacológicas isoladamente. O paciente vem sempre em primeiro lugar, por isso, devemos avaliar as manifestações especificas de sua doença, sua situação social, suas preferencias e prioridades para o tratamento e abrangendo objetivos funcionais e sintomáticos. Logo, se o paciente preferir que o medicamento seja feito apenas em um horário do dia, devemos tentar adequar as necessidades dele. Como princípios gerais, podemos dizer que não mais que cinco fármacos a serem tomados por uma única pessoa é um bom objetivo. Ajudar a estimular discussões com os pacientes sobre quais medicamentos são prioridades para eles, para a qualidade de vida de cada pessoa, avaliando sua estimativa de vida e o risco das interações. O paciente que utiliza cinco fármacos deve ter uma revisão regular para avaliar se algum fármaco pode ser suspenso ou ter a dose reduzida. Quando uma estimativa de vida média tiver sido alcançada, todos os fármacos preventivos devem ser reavaliados. Para isso, devemos questionar: Tem algum benefício real em populações idosas? Oferecem algum benefício real para esta pessoa individualmente? Isso tudo conforme as circunstâncias e preferencias. Quando houver dois ou mais problemas de saúde, deve-se tentar usar um medicamento que sirva para os dois propósitos. Sempre que um fármaco por proposto, deve-se colocar um alerta para uma data de revisão no prontuário do paciente. – Revisar medicamentos daqui 30 dias para não esquecermos. Quando o problema estiver controlado, os fármacos devem ter sua dose reduzida de forma gradual até a dose mínima necessária para controle de sintoma. – explicar para o paciente que também depende dele para que aquele medicamento seja reduzido. Após revisar as medicações, devemos seguir os passos: → Identificar e documentar as razoes para a suspensão. → Garantir bom planejamento e comunicação com a pessoa, seus familiares e outros médicos. → Monitorar os efeitos benéficos ou prejudiciais e reiniciar tratamento, se for o caso. Garantir que a pessoa saiba o que deve ser monitoramento. – Ele deve saber o que está tratando para o que aquele medicamento serve. EVIDENCIAS PARA OS BENEFICIOS DA SUSPENSÃO ATIVA DE MEDICAMENTOS: Muitos medicamentos tem uma fraca base de evidencias para o uso em idosos daí a importância da individualização do medicamento. Muitos medicamentos tem uma fraca base de evidencias para uso em pessoas com comorbidades. É preciso tomar cuidado ao extrapolar as evidencias. Devem-se documentar as decisões de tratamento e as decisões de não prescrever. Deve-se ter cuidado ao interpretar diretrizes clinicas para pessoas mais jovens – as diretrizes são apenas uma a orientação, não são regras. Ao prescrever, considerar características individuais como expectativa de vida e objetivos de tratamento. Fazer revisões regulares das medicações. Adotar um limiar alto para acrescentar medicamentos. Adotar um limiar baixo para suspender medicamentos. – Não utilizar medicamentos de forma crônica. Considerar a redução gradual ao suspender um medicamento. Ouvir com atenção as pessoas podem ser úteis em muitas decisões difíceis.