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GRUPOS BALINT AULA 6 – MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE (CÁP. 24) Esse capítulo trata de um livro desenvolvido por um médico psicanalista chamado de Michael Balint. O livro é chamado de médico, seu paciente e a doença. Ele analisou médicos e seus comportamentos com o paciente. Ele descreveu as categorias Balintianas na teoria da relação médico-paciente. → O médico como droga → Organização da doença → Oferta da doença → Concluio do anonimato → Função apostólica MÉDICO COMO DROGA Pode causar benefícios à pessoa, mas também pode levar a efeitos adversos. Quando os profissionais de saúde colocamos a frente do paciente, estamos sendo um tipo de droga, ou seja, um tipo de tratamento, medicamento. Portanto, podemos causar efeitos adversos, indicoes precisas ou contraindicações. Um médico que trata um paciente bem, que tem paciência é uma droga curativa. Já o médico que age com impaciência, grosseria, vai afastar o paciente e assim o paciente pode não aderir o tipo de orientação ou tratamento dele. Aí vamos lembrar dos conceitos de transferência e contratransferência. É o sentimento, toda aquele peso e carga que o paciente traz consigo uma consulta diante do médico. Quando ele ve o médico pode ver ele que ele é uma pessoa boa, pode ter um sentimento de afeto ou de raiva – transferência positiva/negativa. E a contratransferência é do médico pra com o paciente. ORGANIZAÇÃO DA DOENÇA OFERTA DA DOENÇA São duas características intrínsecas que estão relacionadas ao adoecer que é um processo psíquico de organização da doença a partir de situações vividas e não elaboradas adequadamente. Quando o paciente chega para nós no consultório, está trazendo consigo uma carga emocional, sua história, aquilo que ele organiza e oferece para nós – sentimento, tristeza e as vezes podemos perceber que o paciente nem consegue descrever seus sentimentos e fica difícil de a gente receber. Isso está relacionado a organização da doença e a oferta da doença que o paciente nos oferece. Fala de Balint: “não se pode, hoje, negar os fatores genéticos envolvidos no adoecimento humano; no entanto, o homem por mais que seja geneticamente predisposto a uma patologia, não adoecerá sem que possa organizar sobre o seu substrato genético os determinantes psicossociais envolvidos em sua experiência de vida. Por mais que a pessoa venha de uma familia com umas características fortes para obesidade, hipertensão, diabetes, assim fatores externos influenciaram processo saúde-doença. Esse paciente pode estar disposto a realizar atividade física intensa, comer bem e assim e não desenvolver nenhuma doença que tinha característica forte em sua família. E o mesmo pode ser aplicado inversalmente, famílias saudáveis podem sofrer danos emocionais, eventos traumáticos como trauma, assalto e assim faz com que eles desenvolvam depressão, posteriormente obesidade e algumas doenças. E assim, temos que estar disposto não só a doença, mas o paciente que traz consigo a doença. CONCLUIO DO ANONIMATO Insegurança do médico, insegurança do paciente e com a permanência da relação professor-aluno. O médico que tem medo de assumir responsabilidades, muitas vezes não quer dar uma resposta definitiva para o paciente. Tem medo de assumir uma resposta firme. E assim, o paciente fala que quer um especialista e ele encaminha o paciente apenas pelo seu pedido e isso quer dizer que o médico não tem confiança na sua conduta. Assim, os alunos passam a encaminhar para seus professores, médicos antigos. Isso é totalmente diferente da regulação do SUS. Quando falamos nisso, estamos falando de referência e contra referência. A referência é a mesma coisa que encaminhamento. E o especialista faz uma contrareferência. O concluio do anonimato é querer empurrar o paciente para outro especialista. FUNÇÃO APOSTÓLICA Os profissionais querem converter as pessoas aquilo que acreditam. Exemplo: pular corda e as vexes a paciente dança. Ou religião, vaganismo. Se o que indicar para o paciente não estiver comprovado em evidencias, o profissional esta fazendo uma função apostólica. Foi verificado que a partir da manutenção dos grupos Balints eram percebidos os INSIGHTS que era chamado de flashes. É quando tem a consciência de algo. Por exemplo em um determinado momento pode ter falado de uma forma rude com uma pessoa e nem percebeu, ai depois uma pessoa fala, assim, tem um insight e ve que foi rude. E importante que o profissional tenha insight da sua conduta e não acredite que tenha melhora. Esses sinais devem ser notados, olhar demais o relógio isso, focar apenas da doença, traz uma insatisfação do paciente. Esse grupo também auxilia na prevenção de Síndrome de burnout ou síndrome de esgotamento profissional que resume na tríade de: exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. O médico está submetido a diversas situações que são difíceis de lidar: Exaustão emocional sintomas orgânicos e psíquicos, como cansaço, falta de forças para enfrentar as exigências laborais e sensação de estar sendo exigido além de seus limites emocionais. Despersonalização distanciamento emocional e frieza em relação ao trabalho ou às pessoas. Diminuição da realização pessoal frustração do profissional, que se sente incompetente, fracassado, irritado e sem perspectivas para o futuro. O "médico como droga" é a categoria embasadora da teoria da relação médico-pessoa descrita por Michael Balint. Atualmente, pode-se observar que não só o médico tem função "droga", mas também os outros profissionais da equipe de saúde. Hoje, as pessoas têm médicos para seu coração, para seus pulmões, para sua pele, mas não têm médicos para si próprias. A Estratégia de Saúde da Família pretende acabar com esse conluio do anonimato, propiciando às pessoas um médico que possa cuidar delas não só de forma integral e integrada, mas também de sua família. A participação nos grupos Balint permitiu aos médicos perceberem os sinais luminosos presentes nos casos relatados, seus mecanismos de defesa e também a aquisição de autoconhecimento sobre as próprias reações emocionais. Na atenção primária à saúde, a discussão dos casos atendidos pelas equipes em conjunto durante um grupo Balint permite a circulação de emoções, dúvidas, questionamentos, decisões, responsabilidades e tantas outras possibilidades, o que ajuda o grupo a reconhecer-se enquanto uma equipe e assumir de forma democrática seu trabalho, desenvolvendo uma verdadeira gestão compartilhada. médico como droga organização da doença oferta da doença concluio do anonimato função apostólica