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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Ronaldo Pereira de Almeida
A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
EM AMBIENTES DE VIOLÊNCIA CONTRA À MULHER.
Nova Iguaçú
2021
RONALDO PEREIRA DE ALMEIDA
A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
EM AMBIENTES DE VIOLÊNCIA CONTRA À MULHER.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado a faculdade de Serviço Social da Faculdade Estácio, para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
 Orientador: TACIANA LOPES BERTHOLINO
 Nova Iguaçú
 2021
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Serviço Social
 DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho primeiramente a
Deus que na sua infinita sabedoria, me
guiou nos momentos mais difíceis, dando-
me forças, ânimo, paciência e coragem
para que não desistisse jamais, a minha
mãe Elzi Elias, pelas orações que sempre
desejou que eu tivesse uma formação acadêmica.
Em especial aos amores da minha vida Vanessa
Almeida filha e Ronald Borges meu filho, que todos
os dias me incentivou para que eu chegasse até
aqui, sempre se orgulhou do meu interesse pelos
meus estudos, e ao meu Amigo Wilian Silva, pelo
apoio e incentivo nessa etapa tão importante
durante a elaboração desse trabalho.
ALMEIDA Pereia Ronaldo. Violência contra as mulheres e o assistente social no enfrentamento dessa problemática. 42. Trabalho de conclusão de curso de bacharel em Serviço Social – Universidade Estácio de Sá, 2021
RESUMO
Quando falamos sobre a violência doméstica contra as mulheres nos dias atuais, percebemos que existe por parte das pessoas a disposição de levantar questões procedentes ou não, de travar diálogo, de desenvolver o debate e elaborar reflexões. Devemos sempre procurar da melhor forma possível erradicar a violência, e por isso se fazem tão necessárias as Políticas Públicas, elas existem principalmente para trazer mais proteção dessas mulheres, para que possam falar sem temor, por saber que serão acolhidas e protegidas pelo Estado. Neste processo de empoderamento o assistente social pode participar como mediador ou propulsor, ou seja, pode mostrar os caminhos institucionais pertinentes e atuar na proposição, elaboração e execução de políticas públicas que venham ao encontro das reivindicações destas mulheres. Desta forma, este trabalho objetiva, principalmente, reconhecer as políticas públicas que propiciam o processo de empoderamento à estas mulheres e propõe sugestões de políticas públicas que propiciem seu empoderamento, com vistas ao rompimento da situação de violência, tais como: capacitação permanente dos profissionais que trabalham com mulheres em situação de violência, voltada à igualdade entre mulheres e homens, direitos humanos e cidadania, principalmente nas áreas de saúde, segurança pública e judiciário; inclusão do profissional de Serviço Social no quadro efetivo nas instituições que atendem mulheres em situação de violência (Delegacias de Mulheres e IML, entre outras); criação de políticas de trabalho e renda para estas mulheres, possibilitando a independência e autonomia financeira, entre outros.
 
.Palavras-chave: violência. Serviço Social. Assistente Social. Mulher. 
ALMEIDA. Pereira Ronaldo. Violence against women and the social worker in coping with this problem. 42. Work to conclude a bachelor's degree in social services-universidade estácio de sá, 2021.
ABSTRACT
When we talk about domestic violence against women today, we realize there by people the willingness to raise issues and whether or not to halt dialogue, to develop the debate and prepare reflections. We must always seek the best possible way to eradicate violence, and so are made as necessary for Public Policy, they exist mainly to bring more protection of these women so that they can speak without fear, knowing they will be welcomed and protected by the state.In this process of empowerment of the social worker may participate as a mediator or propellant, ie, can show the relevant institutional ways and act in proposing, drafting and implementation of public policies that meet the demands of these women.Thus, this work aims primarily to recognize public policies that promote the empowerment process to these women and makes suggestions for public policies that facilitate their empowerment, in order to break the situation of violence, such as ongoing training of professionals work with women in situations of violence, focused on equality between women and men, human rights and citizenship, especially in the areas of health, public security and justice; inclusion of professional social work in permanent staff in the institutions that assist women in situations of violence (Police Stations for Women and IML, among others); job creation policies and income for these women, allowing independence and financial autonomy, among others.
Key-words: violence. Social service. Social Worker. Woman.
LISTA DE SIGLAS
	ABNT
	Associação Brasileira de Normas Técnicas
	UNOPAR
CREAS
	Universidade Norte do Paraná
Centro de Referencia Especializado de Assistência Social
	PNAS
	Politica Nacional de Assistência Social
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	9
1	O SERVIÇO SOCIAL E A HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER	12
1.1 AS LEIS QUE ATUAM NO COMBATE DA VIOLENCIA CONTRA A MULHER	22
1.2 OS MOTIVOS QUE CONDUZEM OS INDIVIDUOS A PRATICAR A VIOLENCIA CONTRA A MULHER	28
2	OS MEIOS DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA VIOLÊNCIA	35
2.1 O ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA............................................................................................................... 38
3	CONSIDERAÇÕES FINAIS	42
REFERÊNCIAS	45
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca retratar a realidade sobre o processo de trabalho do assistente social na demanda da violência contra a mulher.
O tema violência contra a mulher é complexo, pois mesmo com os avanços que a sociedade vem alcançando, a mulher continua sendo um produto para atender as necessidades masculina sendo esta uma violência frequente no nosso dia a dia que necessita do acompanhamento do assistente social quando as vitima fazem suas denuncias e são encaminhadas aos projeto da atenção básica como o CREAS – Centro de referencia especializado de assistência social, contribuindo na divulgação das políticas públicas de enfrentamento a todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres. A realidade da violência da contra as mulheres é uma epidemia mundial. Muitas vezes, a mulher se mantém em estado de violência, por falta de esclarecimento e reconhecimento sobre seus direitos, informando sobre a lei n 11.340/2006, conhecida como lei Maria da Penha, que cria mecanismo para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O objetivo deste trabalho é contribuir na luta pelo fim da violência.
Para tentar responder a questão norteadora desse trabalho, delimitamos o seguinte objetivo geral: Explanar sobre o desempenho profissional do assistente social com foco na centralidade da violência doméstica contra a mulher, através da análise dos fatores condicionantes e estruturais (econômico, cultural e social) que provocam o aumento da violência;
Os objetivos específicos são: Resgatar a história da violência contra as mulheres, identificar as leis que atuam no combate dessa violência, identificar os motivos que conduzem os indivíduos a pratica desta violência e também identificar meios de intervenção do serviço social no enfrentamento dessa problemática.
 (
9
)
Dentro dessa lógica se faz necessário aderir a um estudo bibliográfico para a compreensão dos fenômenos buscando documentos históricos referentes aos conceitos abordados, origem do município do Rio de Janeiro, tentando construir um parâmetro lógico de eventos ocorrentes e recorrentes na trajetória da
produção e reprodução daquele fenômeno investigando e comparando possíveis elementosgeradores do atual contexto ao que se encontra o objeto pesquisado, além de documentos de cunho mais político administrativo (público) ou institucional como é o caso do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Sistema de Informações de Segurança Pública da Policia Militar, Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) que visa criar, índices, tabulações, gráficos e planilhas, além de metas objetivas de desenvolvimentos por via de um planejamento ordenado e sustentado em dados concretos coletados sob um espacialização materializado em um representação gráfica dos espaços pesquisados que daria aporte a uma possível expansão e controle de dados e informações representativos da realidade. Esses documentos aliados a literatura geográfica encontradas nos meios digitais e impressos (artigos, livros e revistas), utilizando-se de índice fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, além de dados acessíveis e de controle da PMBA onde poderão dar suporte à análise dos fatores que implicaram na dinâmica social atual, facilitando a identificação dos principais agentes atuantes no tempo histórico.
A Metodologia utilizada foi através de pesquisa bibliográfica, que de acordo com Gil (2008), é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Há muitas demandas que acabam por vezes a limitar a ação profissional impedindo-a de romper com as barreiras do pontual e emergencial tanto por exigirem uma atuação diferenciada e rápida por parte dos profissionais de Serviço Social.
Este trabalho esta dividido em 2 capítulos.
O capitulo 1 traz o retrato do serviço social considerando que o objeto de trabalho do Assistente Social são as diferentes expressões da questão social.Traremos um resgate da historia da violência na sociedade para entendermos melhor as causas determinantes do comportamento agressivo ou violento que leva a um indivíduo a usar de maus tratos contra uma mulher. 
Estudaremos as leis que atuam no combate a violência contra a mulher e os motivos que conduzem os indivíduos essa prática.
No capitulo 2 estudaremos os meios de intervenção do Serviço social para o enfrentamento a violência contra a mulher. Considerando que o objeto deste estudo versa sobre a prática profissional do assistente social no enfrentamento da violência, torna-se oportuno levantar alguns elementos necessários para a compreensão das particularidades dessa especialização do trabalho. Inicialmente é fundamental situar o Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais, o que remete à necessidade de compreensão do significado social da profissão, que só pode ser entendida a partir de sua inserção neste modelo de sociedade.
Finalizaremos com as considerações finais, pois nos últimos vinte anos a sociedade brasileira reconheceu a violência doméstica contra a mulher como um problema público e não apenas privado. Décadas atrás a violência doméstica ficava restrita ao lar, não sendo questionada por quem a presenciava, só mais tarde este silêncio foi rompido, devido às conquistas do movimento feminista e às publicações de autores que dedicaram suas reflexões sobre a violência cometida contra a mulher. A erradicação da violência contra a mulher só será possível com a efetivação das políticas públicas de enfrentamento à violência.
1 O SERVIÇO SOCIAL E A HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
Considera-se que o objeto de trabalho do Assistente Social são as diferentes expressões da questão social.
Explica Iamamoto (2005), que a questão social, por ser desigualdade, também representa rebeldia, ao envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem e se opõem. Contextualiza a autora que é nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os Assistentes Sociais, situados nesse terreno movidos por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. Exatamente por isso, segundo a autora, é que decifrar as novas mediações, por meio das quais se expressa a questão social hoje, é de fundamental importância para o Serviço Social em uma dupla perspectiva:
[...] para que se possa tanto apreender as várias expressões que assumem na atualidade as desigualdades sociais – sua produção e reprodução ampliada – quanto projetar e forjar formas de resistência e de defesa da vida. Apreender a questão social é também captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de reinvenção da vida construído no cotidiano, pois é no presente que estão sendo recriadas formas novas de viver, que apontam um futuro que está sendo germinado. (IAMAMOTO, 2005, p.28).
Varias ações de assistencialismo foram realizadas, no entanto a mais popular foi a Ação Católica, um movimento de leigos que tinha por objetivo a divulgação da doutrina cristã como meio de desenvolver a reforma social. É de elementos da Ação Católica que surge o Serviço Social dentro da Igreja e os aspectos doutrinários messiânicos irão fazer parte da ideologia da profissão.
Barroco (2003) diz que o profissional de Serviço Social tendo como base a instrumentalização de sua formação, possui capacidade para intervir no contexto social através de uma prática comprometida com as transformações das relações do contexto, contribuindo com propostas que viabilizem o fortalecimento dos sujeitos sociais excluídos das mais diferentes condições sociais. Sob esta concepção, novos resultados passaram a ser obtidos no processo de trabalho realizado, assim como tantas outras dúvidas passaram a emergir nas mais diferentes situações que se apresentavam.
A questão social se intensifica na medida em que o luta de classes continua a ser mascarada pela igreja e suas ações assistencialistas, com isso, o Serviço Social passa a necessitar de um aprimoramento profissional que o auxilie no trabalho com a realidade social vivida.
O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho. Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem, segundo Iamamoto (2005), uma gênese comum, na qual, a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. ( Iamamoto2005, p.64)
Apreende-se que os Assistentes Sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas. Dentre estas, a violência emerge com destaque, como uma expressão reiterante, presente cotidianamente no atual contexto social. Meios de comunicação tais como televisão, rádio, jornal ou revista, têm documentado diferentes notícias relacionadas à sua proliferação.
“Os sujeitos, usuários dos serviços prestados pelo assistente social, se colocam muitas vezes frente ao profissional em estado de sofrimento, aparente passividade ou revolta, desacreditado ou esperançoso de possíveis soluções para situações singulares que vivenciam” (FÁVERO, 2004).
Cada vez mais, estes, deixam explícito que, onde quer que se esteja, independente de raça, idade, sexo, grau de instrução ou classe social, se está vulnerável à violência, obrigando a se constatar que ela invadiu todas as áreas da vida e das relações da sociedade entre elas a violência contra a mulher. As consequências da violência contra a mulher se estendem e provocam efeitos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Através de estudos nos artigos publicados na internet sobre a violência no Brasil, apresentaremos conceitos de violência, defendidos por diferentes autores. Especificamente nos atentaremos aos conceitos de violência defendidos no II Plano Nacional de Política para as Mulheres, que estão consolidados na lei 11340/2006, denominada Lei Maria da Penha
Conforme Odalia (2004),
a violência se transformou em uma maneira de viver e o ato mais visível da violência se figura na agressão física. Relata que a violênciaindepende da classe social, estando inserida desde as classes mais altas até as mais baixas. O autor exemplifica o processo de sucessão da violência com a mudança na construção das casas. Algumas décadas atrás as casas possuíam jardins, valorizando o ambiente externo. Na contemporaneidade, há uma maior preocupação com a segurança devido ao agravamento da violência. Surge assim um novo modelo arquitetônico para as construções no qual os jardins cederam seus lugares aos muros.
Por outro lado, Odalia (2004), argumenta que há camadas da sociedade em que os indivíduos não podem refugiar-se desta maneira, pois a violência está inerente ao ambiente em que vivem. O autor reflete ainda que: “O viver em sociedade foi sempre um viver violento”. O autor relata a importância dos jornais, como um dos instrumentos capazes para se fazer uma reflexão acerca da violência.
Os jornais diários são imprescindíveis para conhecer-se como vai a violência em nossa sociedade. Eles fazem a história do presente. Lendo-os da primeira à última página, pode-se ter um quadro bem diversificado das violências que cercam o homem contemporâneo (ODALIA, 2004, p. 92).
Para o autor, o ato de violência humano é similar ao dos animais que buscam proteger a cria quando está ameaçada e garantir a conquista dos alimentos e espaços para proteger a vida. Sendo assim, podemos comparar o homem e seu instinto violento aos animais. Em suma, o homem em situação de perigo, coação e ameaça pode agir de forma violenta.
O conceito de agressão, por sua vez, traduz tecnicamente uma disposição natural dos organismos mais evoluídos para o ataque e defesa, quando determinados sinais físicos emitidos por outros organismos são “interpretados” como ameaça a própria sobrevivência.
As múltiplas expressões da violência manifestadas de diferentes formas e níveis de complexidade se apresentam aos assistentes sociais, em seus diversos espaços sócios ocupacionais temos que um dos principais instrumentos normativos da profissão atenta para a necessidade do posicionamento profissional diante de diferentes manifestações da violência. Longe de se limitar ao campo do discurso, os princípios éticos que norteiam o exercício da profissão exigem dos assistentes sociais não apenas posicionamento contrário às formas de violação dos direitos humanos, mas, requer um esforço desse profissional no deciframento de tais manifestações, o que é absolutamente necessário para construção de ação prático-crítica que combatam a violência.
Para entendermos melhor as causas determinantes do comportamento agressivo ou violento que leva a um indivíduo a usar de maus tratos contra uma mulher, primeiro temos que entender a definição de violência os tipos da mesma.
O termo violência é complexo e polissêmico e apresenta diversos sentidos. A violência vem ser o uso de agressividade de uma forma intencional e excessiva, para ameaçar e também cometer algum ato que venha a resultar em acidente, morte e também em trauma psicológico.
Por ser um fenômeno sócio histórico, a violência não é, em si, uma questão de saúde pública, nem um problema médico típico. Mas afeta fortemente a saúde: 1) provoca morte, lesões e traumas físicos e um sem-número de agravos mentais, emocionais e espirituais; 2) diminui a qualidade de vida das pessoas e das coletividades; 3) exige uma readequação da organização tradicional dos serviços de saúde; 4) coloca novos problemas para o atendimento médico preventivo e curativo e 5) evidencia a necessidade de uma atuação muito mais específica, interdisciplinar, multiprofissional, intersetorial e engajada do setor, visando às necessidades dos cidadãos. Nos últimos anos o setor saúde introduziu o tema em sua pauta, consciente de que pode contribuir para a discussão e prevenção. (MINAYO, 2006, p.45)
De acordo com Significados (2016) a violência “Pode ser identificada como violência contra a mulher, a criança e o idoso, violência sexual, violência urbana, etc. Existe também a violência verbal, que causa danos morais, que muitas vezes são mais difíceis de esquecer-se do que os danos físicos”.
Significados (2016) também fala que a palavra violência significa “A palavra violência deriva do Latim “violentia”, que significa “veemência, impetuosidade”. Mas na sua origem está relacionada com o termo “violação” (violare)”. Fante afirma que:
Juridicamente, violência é uma espécie de coação, ou forma de constrangimento, posta em pratica para vencer a capacidade de resistência de outrem, ou para demovê-lo da execução de um ato, ou para leva-lo a executá-lo, mesmo contra a sua própria vontade. É, igualmente, ato de força quando exercido contra as coisas, na intenção de violenta-las, devassa-las ou delas se apossar. (Fante 2005, Pag.155)
Também se pode dizer que de um modo geral a violência se define como palavras ou ações que machucam as pessoas, ações como abuso de poder, uso da força que resulta em ferimentos bem como tortura e morte.
A violência simbólica confere poder aos Meios de Comunicação em reproduzir o estereótipo patriarcal que relega uma posição de subalternidade à mulher, apresentando-a como inferior ao homem. Dessa forma, pode servi-lo como seu objeto de prazer e de consumo ideológico (fetiche), sexual. (LIRA e VELOSO, 2008, p. 02)
A violência vem acompanhando a humanidade ao longo de sua história, segundo Biella (2005, Pag.15) Atualmente, violência, em seu sentido mais usual, significa “empregar a força física, intimidar, subjugar, constranger, obrigar alguém a fazer algo que não está com vontade, impedir alguém de manifestar seu desejo e vontade, cercear a liberdade, coagir, violar os direitos das pessoas, ofender a integridade física, sexual e psicológica”.
A violência contra mulher é violação de direitos humanos, que pode ser em consequências físicas, sexuais e mentais que podem levar até a morte.
Segundo Braga (2005), “a violência doméstica se expressa de diversas formas e suas causas são múltiplas, porém, existem cenários que facilitam a ação, como um uso de drogas ou de álcool, problemas psicológicos, falta de diálogo, posse, ciúmes, traições, desemprego, pobreza, dentre outros”. Entretanto, muitas causas são apontadas como motivos para as quais levam os homens a iniciar uma agressão contra as mulheres, como as sociais, as individuais, as econômicas, de relacionamento, comunitárias, culturais e também as de história pessoal.
De acordo com a Declaração das Nações Unidas, de 1949, onde fala sobre a Violência Contra a Mulher, aprovada pela Conferência de Viena em 1993, a violência se constitui em “[...] todo e qualquer ato embasado em uma situação de gênero, na vida pública ou privado, que tenha como resultado dano de natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, coerção ou a privação arbitrária da liberdade. ” (ADEODATO, 2006, p.2).
Temos vários tipos de violência dentro da nossa sociedade atual, que afetam as mulheres como, por exemplo, a violência de gênero, violência institucional, violência física, a violência psicológica, a violência sexual, violência moral, violência doméstica e a violência familiar.
A violência de gênero segundo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) (2016) fala que “violência sofrida pelo fato de se ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição, produto de um sistema social que subordina o sexo feminino”.
O termo vem do latim “violentĭa” e está vinculado à acção que é executada com força ou brutalidade, e que se realiza contra a vontade do outro e, de acordo com Conceito de (2016)
É considerada violência de género aquela que é exercida de um sexo sobre o sexo oposto. Em geral, o conceito refere-se à violência contra a mulher, sendo que o sujeito passivo é uma pessoa do género feminino. Neste sentido, também se aplicam as noções de violência machista, violência no seio do casal e violência doméstica (designação mais usada). Os casos de violência familiar ou de violência no lar raramente são denunciados por uma questão de vergonha ou por receio. (Conceito. 2016 p.2)
A questão da violênciaaparece também como desafio para o Serviço Social. É preciso resgatar a vida denunciando a violência que a destrói e promover novas formas de relações que revolucionem o que está posto.
Segundo Mury (2004) a violência institucional é aquela praticada em “ instituições prestadoras de serviços públicos como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias, judiciário. É perpetrada por agentes que deveriam proteger as mulheres vítimas de violência garantindo-lhes uma atenção humanizada, preventiva e também reparadora de danos”.
Tal ideologia desconsidera que a Violência está intrinsecamente vinculada ao modo como se produzem e se reproduzem as desigualdades na sociedade capitalista, gerando, entre outras coisas, um esvaziamento de seu conteúdo político. Apesar de a Violência ser um fenômeno encontrado em diversas sociedades e em diferentes tempos históricos, não se pode deixar de considerá-la na sua relação com a sociedade capitalista que produz desigualdades e, consequentemente, mais Violência.
A violência Institucional é cometida principalmente contra os grupos mais vulneráveis como crianças, adolescentes, mulheres e idosos, segundo Martinez (2008 Pag.2) afirma que
É aquela exercida pelos próprios serviços públicos, por ação ou omissão. Pode incluir desde a dimensão mais ampla da Falta de Acesso a serviços, até a Má Qualidade dos Serviços. Abrange abusos cometidos em virtude das relações de poder desiguais entre usuários e profissionais dentro das instituições. Esta violência pode ser identificada de várias formas: • Peregrinação por diversos serviços até receber atendimento; • Falta de escuta, tempo, privacidade para os usuários; • Frieza, rispidez, falta de atenção, negligência; • Maus-tratos dos profissionais para com os usuários, motivados por discriminação, abrangendo as questões de raça, idade, opção sexual, gênero, deficiência física, doença mental; • Desqualificação do saber prático, da experiência de vida, diante do saber científico; • Tortura e violência física; • Banalização das necessidades e direitos dos usuários; • Críticas ou agressões a quem expressa desespero, diante da ausência de serviços que atenda às suas necessidades, ao invés de se promover uma aproximação e escuta atenciosa visando acalmar a pessoa e fornecer informações necessárias; • Violação dos direitos reprodutivos (discriminação das mulheres em processo de abortamento, aceleração do parto para liberar leitos, preconceitos acerca dos papéis 2 sexuais e em relação às mulheres soropositivas [HIV], quando estão grávidas ou desejam engravidar. A Violência Institucional é aquela praticada nas instituições prestadoras de serviços públicos como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias, judiciário, serviços Socioassistenciais, entre outros. É perpetrada por agentes que deveriam proteger as mulheres vítimas de violência garantindo-lhes uma atenção humanizada, preventiva e também reparadora de danos. (Martinez, 2008 p.2)
A violência física é atos de agressão física que se traduz em marcas visíveis ou não. A violência pode caracterizar-se por agressão física, psicológica (dano emocional e diminuição da autoestima); sexual (relação sexual não desejada); patrimonial (subtração de objetos, documentos pessoais) e moral (calunia, injuria e difamação contra a vítima).
Essa é uma forma de violência mais comum do que se pensa. Ela se caracteriza pela manipulação, humilhação, depreciação, discriminação e desrespeito, ou seja, é a tentativa de degradação do emocional do outro. É um tipo de violência desumana, pois não deixa marcas físicas, mas emocionais para o resto da vida. (Meus Dicionários, 2016 p. 2)
A violência psicológica, por ser mais subjetiva torna-se mais difícil de se perceber, descrever ou avaliar até por quem é agredido, por muitas vezes não compreender o seu próprio sofrimento.
Segundo a APAV (Apoio a vítima) (2016) fala que a violência física é “qualquer forma de violência física que um agressor (a) inflige ao companheiro (a). Pode traduzir- se em comportamentos como: esmurrar, pontapear, estrangular, queimar, induzir ou impedir que o (a) companheiro (a) obtenha medicação ou tratamentos”.
Este tipo de violência nem sempre provoca dor física, mas para quem vivencia sentimentos de humilhação, estresse e sofrimento psíquico, pode gerar desagradáveis consequências futuras.
Geralmente a violência psicológica é evidenciada pelo prejuízo à competência emocional da mulher, pois é expresso através da tentativa de controlar suas ações, crenças e decisões, por meio de intimidação, manipulação, ameaças dirigidas a ela ou a seus filhos, humilhação, isolamento, rejeição, exploração e agressão verbal. Sendo assim, é considerado violento todo ato que cause danos à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal, como por exemplo, negar carinho, impedi-la de trabalhar, ter amizades ou sair de casa. São atos de hostilidade e agressividade que podem influenciar na motivação, na autoimagem e na autoestima feminina.
A violência psicológica contra a mulher se caracteriza por comportamentos sistemáticos que seguem um padrão específico, objetivando obter, manter e exercer controle sobre a mulher. Tem início com as tensões normais dos relacionamentos, provocadas pelos empregos, preocupações financeiras, hábitos irritantes e meras diferenças de opinião. Nestes tipos de relacionamentos, as tensões aumentam, começando então uma série de agressões psicológicas, até chegarem às vias de fato. Em contrapartida, nos relacionamentos não violentos, as pessoas discutem sobre as tensões ou as ignoram, e estas tendem a diminuir (MILLER, 1999, p.53).
A violência sexual é algo não visual, e causa danos psicológicos irreparáveis muitas vezes, e também segundo a Coordenadoria da Mulher (2016) “dano emocional e diminuição da autoestima da mulher, nesse tipo de violência é muito comum a mulher ser proibida de trabalhar, estudar, sair de casa, ou viajar, falar com amigos ou parentes, exemplos: Depressão e Ansiedades”. Muitas vezes há uma relação de poder com abuso da autoridade ou da ascendência sobre o outro, de forma inadequada e com excesso ou descaso, usando de Coerção.
A APAV (Apoio a vítima) (2016) conceitua a violência sexual na mulher como:
Qualquer comportamento em que o (a) companheiro (a) força o outro a protagonizar actos sexuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou forçar o companheiro para ter relações sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou tentar que o (a) companheiro (a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o outro a ter relações com outras pessoas. (APAV,2016 pag.2)
Segundo a Coordenadoria da mulher (2016) fala sobre a violência sexual contra a mulher onde diz que:
A violência sexual está baseada fundamentalmente na desigualdade entre homens e mulheres. Logo, é característica como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, acontece quando a mulher é obrigada a se prostituir, a fazer aborto, a usar anticoncepcionais contra a sua vontade ou quando a mesma sofre assédio sexual, mediante intimidação, ameaça coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade. (Coordenadoria da mulher, 2016 p.2)
A violência moral é aquela que tem ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher e, também pode ocorrer via internet através redes sociais. Entende-se por violência moral qualquer conduta que importe em calúnia, ocorre quando o agressor ou agressora afirma falsamente que aquela praticou crime que ela não cometeu, difamação, ocorre quando o agressor atribui à mulher fatos que maculem a sua reputação, ou injúria, ocorre quando o agressor ofende a dignidade da mulher. (Exemplos: Dar opinião contra a reputação moral, críticas mentirosas e xingamentos). (Coordenadoria da mulher, 2016).
A violência moral segundo o autor citado, é o ato de praticar injúrias, calúnias, mexer com a idoneidade e a hora de uma pessoa, como por exemplo falar coisas que prejudiquema sua imagem para amigos e familiares, e também acontece de inventar coisas que atrapalhem a vida dela, por exemplo, a mulher consegue um emprego e o parceiro vai na empresa e diz que ela foi despedida de outro emprego anterior por ter roubado. Geralmente a violência moral, que faz parte das violências contra a mulher antecede de várias formas de agressões.
Há hoje em dia na nossa sociedade muitas mulheres que acreditam que o homem não fará nada contra elas fisicamente, mas mesmo já sofrendo violência psicológica e moral, quando normalmente são embutidas no processo que traz sentimento de tristeza, angústia e de tempo perdido em função do outro, não largam o parceiro em questão.
De acordo com o Blog Relatos da Nossa Vida (2010) conceitua a violência moral como:
É um tipo de violência cujos resultados não vemos de imediato, ela vai tirando a energia de uma pessoa em seu psicológico, levando-a a futuramente ter distúrbios, deixando sequelas por toda a sua vida. Ofender uma pessoa, pressioná-la psicologicamente, inferiorizá-la perante a uma outra pessoa ou em um grupo, levá-la a fazer coisas que lhe causam constrangimento e mágoas por muito tempo sãoalguns tipos de violência moral. (Relatos da Nossa Vida, 2010)
Para a assistente social, é importante que a mulher denuncie estas formas de violência, pois de psicológica ela pode evolui para física. O processo é gradativo. Começa com um xingamento e prossegue com o impedimento de contato com colegas e família, privando a mulher de todo o espaço social, indo até tapas e surras, e, mesmo, homicídios. (Compromisso e Atitude, 2016, p.5).
A violência doméstica é algo que sobrevive nas sociedades democráticas nas quais os direitos humanos são pressupostos e a violência contra a mulher é considerada crime, pois é um atentado aos direitos humanos das mulheres.
A Lei Maria da Penha (2006) define os lugares onde ocorre a violência doméstica e familiar, sendo eles na unidade doméstica: na casa onde convivem parentes ou não, incluindo pessoas que frequentam essa casa ou vivem ali como agregadas; Na família: comunidade familiar formada por pessoas que são ou se consideram parentes por laços de sangue ou afinidade; Nas relações íntimas de afeto: situações nas quais o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independente do fato de ter vivido sob o mesmo teto, em uma mesma casa.
De acordo com o Manual de Capacitação Multidisciplinar (2016, Pag.21) onde coloca Medidas preventivas e repressivas na Lei 11.340 de 07.08.2006, a Lei Maria da Penha fala que:
A violência de gênero, aquela contra a mulher pelo fato de ser mulher, é uma forma de discriminação que impede as mulheres usufruir os direitos e liberdades em uma base de igualdade com os homens tais como: o direito à vida; o direito à liberdade; à segurança da pessoa; o direito à igual proteção perante a lei; o direito à igualdade na família; o direito ao mais alto padrão quanto à saúde física e mental; o direito a condições justas e favoráveis de trabalho. O Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher – Comitê CEDAW - aponta a violência familiar como uma das mais insidiosas formas de violência, predominante em todas as sociedades e, em seu entendimento, esta violência se baseia em nocivos preconceitos, atitudes e práticas tradicionais que precisam ser superados. Em 2003, o Comitê recomendou ao Brasil a adoção, sem demora, de legislação especial sobre violência doméstica, medida que só agora foi adotada. Vale lembrar que vários países do mundo já possuem este tipo de legislação inclusive mais da metade dos países da América Latina e Caribe. (Manual de Capacitação Multidisciplinar, 2016 p.21)
A nova lei não é esdrúxula ou inconstitucional, e sim, encontra fundamento na Constituição Federal de 1988, que determina a criação de mecanismos para coibir a violência no âmbito das relações familiar.
1.1 AS LEIS QUE ATUAM NO COMBATE DA VIOLENCIA CONTRA A MULHER 
Com o decorrer do tempo surgem as Leis que começam a proteger as mulheres quebrando esse silencio ou seja essa subordinação. Conforme destacam Lisboa e Pinheiro (2005, p. 204)
Na violência contra a mulher, que se configura como uma das interfaces da questão social. O assistente social no combate à esta violação tem papel fundamental na formulação, execução e gestão de políticas públicas de combate e prevenção da violência, bem como no atendimento e na orientação das mulheres em situação de violência. Desta forma, o assistente social também realiza ações de intervenção nesta situação específica de violência. LISBOA E PINHEIRO (2005, p. 204)
De acordo com o Guia de Direitos fala que os casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres são “um problema mundial. Já em 1979, a ONU criou a Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. O governo brasileiro foi um dos que assinaram a convenção, comprometendo-se a tomar medidas para que os objetivos fossem alcançados”.
A partir do ano de 1999, foram apresentados diversos projetos de lei versando sobre a violência doméstica sobre diversos aspectos como, por exemplo: definição de institutos básicos (definição de violência familiar e violência psicológica, por exemplo), tipificação das condutas como crime, afastamento cautelar do agressor, etc. De acordo com Fonseca (2010) fala que:
O primeiro a ser apresentado foi o Projeto Lei nº 905/1999, que tratou principalmente de definir institutos básicos, como os tipos de violência (psicológica, familiar, etc.) e tipificando diversas condutas como crime. Além disso, trouxe alguns aspectos processuais, como a representação pela vítima para se proceder a ação penal. Entretanto, este projeto foi considerado inconstitucional por ferir o princípio do devido processo legal.
O Projeto seguinte, de número 1.439/1999 foi apresentado como anexo ao anterior, praticamente idêntico, apenas tentando suprir a inconstitucionalidade apontada.
No ano seguinte, foi apresentado o Projeto Lei nº 2.372/2000, que tratava do afastamento cautelar do agressor do lar conjugal. Porém, foi integralmente vetado pelo Presidente da República. Já o Projeto de Lei nº 5.172/2001 visava acrescentar um artigo à Lei do Divórcio, tratando do abandono justificado do lar conjugal.
Ainda no ano de 2000, foi apresentado o Projeto de nº 3.901/2000, que foi convertido na Lei nº 10.455/2002, que levou a violência doméstica à competência dos Juizados Especiais Criminais. Com esse projeto houve a substituição da exceção à regra da não imposição da prisão em flagrante e fiança pela possibilidade de determinação judicial cautelar de afastamento do lar conjugal nos casos de violência doméstica.
Em 2002, houve um Projeto Lei que visava alterar o artigo 129 do Código Penal, aplicando uma pena mais severa caso a lesão corporal fosse praticada por cônjuge ou companheiro; este foi o Projeto Lei nº 6.760/2002.
Foi apenas no ano de 2004 que o Projeto Lei nº /2004, que seria convertido na Lei nº 11.340/2006, conhecida como “Lei Maria da Penha” em homenagem à luta desta mulher, inconformada com a impunidade de seu ex-marido.
A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, ganhou este nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso. Segundo Compromisso (2016) diz que:
Embora o Brasil tenha sido um dos últimos países na América Latina a aprovar uma legislação especial introduzindo no cenário normativo nacional uma lei para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, a Lei nº 11.340/2006 – popularmente conhecida como Lei Maria da Penha – foi considerada em 2012 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a terceira melhor lei do mundo no combate à violência doméstica, perdendo apenas para Espanha e Chile.
A Violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado, Segundo Guia de Direitos (2016) diz que a Lei Maria da Penha dá “proteçãomelhor e mais rápida para mulheres vítimas de violência familiar e doméstica. Uma das principais mudanças é que, em apenas 48 horas, o agressor pode ser afastado de casa, ser proibido de chegar perto da vítima e de seus filhos”.
De acordo com Compromisso (2016) Diz que além da Lei nº 11.340, a violência contra as mulheres também é objeto de muitos outros instrumentos normativos no país. Um exemplo são os Decretos que promulgam as convenções internacionais das quais o governo brasileiro é signatário e que, após aprovadas pelo Congresso e sancionadas pela Presidência da República, passam a fazer parte do ordenamento jurídico nacional. 
Guia de Direitos (2016) ainda afirma que:
Pela lei, violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no fato de a vítima ser do sexo feminino, que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. A lei se refere aos casos em que a vítima e o agressor fazem parte de uma família ou unidade doméstica.
A unidade doméstica é o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar. Pessoas agregadas (pessoas que moram “de favor” e empregada doméstica, por exemplo) também fazem parte da unidade doméstica. A família é o grupo formado por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços legais (casamento) naturais (pais, irmãos e filhos) ou por afinidade. A lei se aplica a casos em que haja qualquer relação íntima de afeto (independentemente da orientação sexual), na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de morarem no mesmo lugar.
Temos também a Lei de n° 12.845, DE 1º de agosto de 2013 que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual.
Segundo Compromisso (2016) tras a lei comentada, onde fala que
Art. 1º Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social. Art. 2º Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida. Art. 3º O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os seguintes serviços: I – diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; II – amparo médico, psicológico e social imediatos; III – facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual; IV – profilaxia da gravidez; V – profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST; VI – coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; VII – fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis. 1º os serviços de que trata esta Lei são prestados de forma gratuita aos que deles necessitarem. No tratamento das lesões, caberá ao médico preservar materiais que possam ser coletados no exame médico legal. 3º cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA para identificação do agressor. Art. 4º Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial.
Segundo a Cartilha de combate a violência contra a mulher (2016) afirma que a violência contra a mulher é “toda e qualquer ação ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual, psicológico ou moral à mulher que ocorra dentro da própria casa, em relações pessoais e/ou de convívio, inclusive nas relações de namoro”. O estupro, a violação, os maus-tratos e o abuso também são considerados violência contra a mulher.
Temos também a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é a principal legislação brasileira para enfrentá-la a violência contra a mulher, e esta norma é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência de gênero, onde pune agressores que usam da Violência psicológica e moral contra as mulheres.
Além da Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2015, colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesse caso.
Mas o que poucos sabem é que a violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro, que de acordo com Portal Brasil (2015) “a Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica”. Sabe-se que a Lei Maria da Penha foi uma grande conquista para a sociedade, pois, representa um inegável avanço na ordem jurídica, já que essa Lei modifica a resposta que o Estado dá a violência doméstica e familiar contra as mulheres demonstrando repúdio e intolerância a qualquer tipo de violência.
Ainda o Portal Brasil (2015) cita algumas formas de agressões que são consideradas violência doméstica no Brasil, que são elas
Na Cartilha do Combate da Violência contra a mulher (2016) fala que “Durante muito tempo o ambiente familiar foi tratado como um lugar privado e restrito, onde o Estado tinha muita dificuldade para entrar e combater a violência doméstica”.
Somado a isto, o medo, a vergonha e a falta de informação contribuíram para que mulheres agredidas dentro desse espaço não denunciassem seus agressores, principalmente por se tratar, na maioria das vezes, de pessoas muito próximas, como maridos, companheiros, namorados, pais, irmãos, filhos ou outro integrante da família.
A Cartilha do Combate da Violência contra a Mulher (2016) ainda exemplifica
que com a criação em 2003 da Secretaria de Políticas para Mulheres
(SPM), da Presidência da República, com os acordos internacionais assinados pelo Brasil com vistas à eliminação da violência, e com a sanção da Lei 11.340 - Lei Maria da Penha - em 2006, as mulheres passaram a ser amparadas por inúmeros instrumentos e serviços para garantir seus direitos e o atendimento em situações de violência. (Cartilha do Combate da Violência contra a Mulher, 2016)
De acordo com Âmbito Jurídico (2016) fala sobre os tipos de violência citados na lei 11.340/2006, em seu artigo 7°, prevê cinco espécies de violência, que são:
A violência física, que está contida no inciso I do artigo 7° da Lei:
“I – A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da vítima. A violência psicológica O inciso II do artigo7º da Lei descreve como: II – À violência`psicológica, entendida coío qualquer conduta que lhe causd eano emociona, e diminuiçã• da autoestima ou que lhe prejudique e pev4urbe0o pleno dEselvolvimendo ou que viså degsadar ou controla2 wuaq ações, compgrtamentos, crenças e dåcisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolimento, viwilância c• nstanue, perseguição convumaj, insulto, chantagem, 2i`icularizarão, explOração e limipagæo do diòeito de ir e viò ou qualquer(outro maio que lhe cause pråjuízo à saúDa psicodógica!e à autodeterminação;” E, aom"precisão, Dias (2008: 104), ressalta que: “essa espécie de violência não estcvc contida na hegislação prática, uma vez que fOé inkmrporada ao conceéto de violência coftra a`mulher îa Cnnvenção Belé- do Pará”.27A violância sexual é prevista no iîciso III do artkgo7º da Lei descrefe como:
“À vinlência sexual, e.tendida como qualquer konduta que a0constralja a presencicr,(a manter ou a particiðar de relação sexual não desejada, mediante intimidAção, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.”A violência patrimonial tem previsão no inciso IV do artigo 7º da Lei descreve como: “À violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; ” E, por fim, verifica-se a violência moral como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Quase 30 anos depois de ter ficado paraplégica devido a um tiro de espingarda disparado pelo economista e professor universitário Marco Antônio Heredia Viveros, seu marido à época, os relatos de agressão e maus-tratos repetidos à exaustão por Maria da Penha ainda são atuais e fazem parte, infelizmente, do cotidiano de milhares de mulheres no Brasil. (Compromisso, 2016)
Temos também as medidas protetivas que de acordo com Guia de Direitos (2016) fala que:
Como o nome já diz, são medidas de urgência adotadas em casos em que a vítima corre sério risco de ser agredida ao voltar para o domicílio, depois de fazer a denúncia. Quem decide se há ou não necessidade de tomar essas medidas é o juiz. Veja algumas: Obrigar que o suspeito da agressão (lembre-se de que todos são inocentes até que se prove o contrário) seja afastado da casa ou do local de convivência da vítima. Proibir que o suspeito se aproxime ou que mantenha contato com a vítima, seus familiares e testemunhas. Obrigar o suspeito à prestação de alimentos para garantir que a vítima dependente financeiramente não fique sem recursos. Proibir temporariamente contratos de compra, venda ou aluguel de propriedades que sejam possuídas em comum. (Guia de Direitos, 2016)
Guia de Direitos (2016) ainda afirma que temos também outras determinações da Lei 11.340:
Em caso de violência sexual, a mulher tem direito a serviços de contracepção de emergência (para evitar uma possível gravidez indesejada), a prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários. Caso seja comprovada a culpa do agressor, é proibido aplicar penas de cesta básica ou a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. A vítima deverá ser informada do andamento do processo e também do ingresso e saída da prisão do agressor. O juiz pode determinar que o agressor compareça obrigatoriamente a programas de recuperação e reeducação. (Guia de Direitos, 2016)
De acordo com Guia de Direitos temos também medidas de assistências para essas mulheres que sofreram de violência, onde diz:
Outra mudança trazida pela Lei Maria da Penha, é o reconhecimento de que as mulheres que vivem em situação de violência, muitas vezes dependem financeiramente de seus maridos ou companheiros, que são também os seus agressores. Além da garantir que a mulher receba tratamento médico gratuito, tratamento especial para os casos de violência sexual, o juiz também poderá determinar que a mulher seja incluída em programas de assistência mantidos pelo governo. Alguns exemplos: Bolsa Família, programas de cesta básica, garantir vaga nas escolas e creches para seus filhos (principalmente, quando todos são obrigados a sair de casa e mudar-se para outro lugar, em outro bairro, por exemplo).
Duas medidas são importantes para as mulheres que trabalham: no caso da mulher ser servidora pública, o juiz pode determinar que ela seja removida para outro setor, sem que ela sofra qualquer prejuízo (perdas salariais, de benefícios, etc.) para mulheres com outros vínculos trabalhistas (CLT, por exemplo) quando for necessário seu afastamento, os vínculos serão mantidos por até seis meses.
Segundo Doneda (2016) fala especificamente para quem a Lei Maria da Penha foi feito onde diz que:
Ela é aplicável em casos de agressões contra a mulher de qualquer orientação sexual e idade, inclusive quando é menor e a violência doméstica é praticada por seu genitor. “Importa mencionar, também, que, além do marido, do companheiro e do pai, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a Lei Maria da Penha é aplicável entre irmãos (HC 184.990/RS), entre ex-namorados (CC 103.813/MG) e com relação à cunhada (HC 172.634), sendo que, em todos estes casos, o elemento comum é a caracterização de relação familiar ou de afeto entre o agressor e a vítima (art. 5º, III da Lei Maria da Penha) ”, explica. De acordo com dados do Núcleo de Gênero do MP-SP (obtidos através do disque 180), cerca de 37% dos casos relatados são frutos de relação agressiva há mais de dez anos. Das mulheres que procuraram ajuda, 11% revelaram que o relacionamento tinha menos de um ano. Para agravar os casos, 65% das agressões acontecem na presença dos filhos, sendo que, em 17% destes, as crianças também acabam apanhando.
De acordo com a Cartilha de Combate a violência (2016) contra a mulher, diz que hoje um número de denúncia contra essa violência que é o 180 é a Central de Atendimento à Mulher criado em 2005 e coordenado diretamente pela Secretaria de Política para Mulheres, da Presidência da República. O serviço é gratuito, confidencial e funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana, incluindo feriados. O Ligue 180 tem como objetivo receber relatos de violência contra as mulheres, acolher e orientar mulheres em situação de violência doméstica e familiar, assim como divulgar serviços disponíveis na rede de atendimento à mulher em todo o país.
1.2 OS MOTIVOS QUE CONDUZEM OS INDIVIDUOS A PRATICAR A VIOLENCIA CONTRA A MULHER
Sabe-se que a violência doméstica é um tema bastante atual, apesar de existir desde os primórdios, quando a mulher era submetida às vontades do homem. Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a mulher, na raiz de tudo estão a maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.
As mulheres muitas vezes se submetem a uma relação de violência por não terem condições de manter um nível adequado de vida ou até mesmo de subsistência para os mesmos. A história da mulher é marcada pela discriminação, ela sempre foi vista como sexo frágil, dominada pela autoridade do homem, restrita as atividades domésticas e aos cuidados com os filhos. A sociedade machista, construiu culturalmente papéis de gênero, definindo o masculino, que exerce o poder e domínio sobre a figura feminino
A violência à mulher atinge, indistintamente, todas as classes sociais, etnias e religiões e, a partir da década de 1970, no Brasil, ganha visibilidade com o trabalho do Movimento Feminista. Na década 1980, com engajamento e mobilização de um maior contingente de mulheres o Movimento demonstra à sociedade que a violência contra a mulher não é algo natural, mas sim, uma construção histórica que pode ser desconstruída. A mulher que se encontra enlaçada numa relação de dominação vive em frequente insegurança, sempre a espera que algo possa lhe acontecer, que a qualquer momento será agredida novamente, e mais uma vez. E, consequentemente, expressa essa violência sofrida – entre outras formas – através do isolamento, pois, não são raros os casos onde são proibidas de fazer amizades, de frequentar a casa dos familiares, ficando confinadas ao lar, sentindo- se sozinhas e tristes, e não raras vezes, sendo consideradas como objeto sexual, à mercê da satisfação do homem. Mizuno (2010, p.18).
As mulheres muitas vezes se submetem a uma relação de violência por não terem condições de manter um nível adequado de vida ou até mesmo de subsistência para os mesmos.
A história da mulher é marcada pela discriminação, ela sempre foi vista como sexo frágil, dominada pela autoridade do homem, restritaas atividades domésticas e aos cuidados com os filhos. A sociedade machista, construiu culturalmente papéis de gênero, definindo o masculino, que exerce o poder e domínio sobre a figura feminina. A inclusão da palavra poder, completando a frase uso de força física, amplia a natureza de um ato violento e expande o conceito usual de violência para incluir os atos que resultam de uma relação de poder, incluindo ameaças e intimidação. O uso de poder também leva a incluir a negligência ou atos de omissão, além dos atos violentos mais óbvios de execução propriamente dita. Assim, o conceito de uso de força física ou poder deve incluir negligência e todos os tipos de abuso físico, sexual e psicológico, bem como o suicídio e outros atos auto infligidos. (ORGANIZAÇÃO MUDIAL DA SAÚDE [OMS], 2002, p. 05)
As relações cotidianas presentes na realidade social das famílias empobrecidas são, via de regra, desconsideradas na formulação e constituição das políticas públicas, especialmente no tocante às particularidades regionais que desenham características socioculturais, econômicas e políticas específicas a partir da processualidade histórica, em que as famílias estão mergulhadas.
Mizuno (2010, p.21) afirma que quando acontece isso, as mulheres ficam presas na relação, onde diz que:
Assim, as mulheres sentem-se presas nessa relação de fases, pois, logo depois da agressão e das brigas o companheiro se mostra amoroso, arrependido, com juras de que nunca mais irá agredi-la, desculpando-se, com o intuito da mulher se sentir fortalecida para manutenção da relação. Nesta ciranda, a mulher, busca salvar a relação e se submete, acreditando no arrependimento do companheiro e desistindo de deixá-lo. Em pouco tempo, a relação volta a ficar tensa até o momento em que as agressões se reiniciam. As ameaças se apresentam de formas variadas podendo ser contra si próprio – muitos homens colocam à companheira que se os deixar irão cometer suicídio ou agressões contra seus filhos. Neste período, em que sente que poderá perdê-la, o risco à integridade desta mulher assume proporções assustadoras. Ao sentir que a está perdendo, por deixá-lo, tornasse ainda mais agressivo, mais violento. Trata-se de um período muito crítico Mizuno (2010, p.21)
Em sua maioria a violência doméstica é perpetrada pelo parceiro íntimo, sendo a vítima, na maioria dos casos a mulher. Esse dado se revela por um processo histórico que vê na mulher um papel de filha, esposa e mãe, a qual deve zelar e respeitar a figura patriarca durante toda sua existência. Às mulheres destinavam-se à obediência e a procriação. Eram “boas” esposas e “boas” mães, e pertenciam ao espaço doméstico. Através da imagem de fragilidade física da mulher construiu-se que a sua natureza era inferior ao homem. Ela estaria propensa à passividade, a submissão, à docilidade, à meiguice e à clareza dos sentimentos. Deveria ser exemplo da moral e dos bons costumes. Então lhe era negado o direito de estudar ou de manifestar-se socialmente. (SILVA, 2009, p. 28)
Segundo ONG das Marias (2009) fala que:
A violência doméstica é um problema muito grave. A média nacional estimada é que a cada 15 segundos uma mulher é agredida por marido ou companheiro, em geral em seu lar. Uma em cada três mulheres no mundo é ou já foi vítima de agressão. Uma em cada cinco brasileiras declara ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem e para 28% destas a violência se repete. (Marias, 2009, p.32)
Muitos são os motivos que levam o homem a bater em uma mulher, mas nenhum são justificais para tal ato cruel de tamanha maldade, a agressão conta a mulher não é continua, ela segue um padrão que pode tornar-se um ciclo vicioso e repetitivo, do qual a mulher não consegue sair. Esse ciclo possui três fases: a criação da tensão no relacionamento, a explosão da violência, e a lua-de-mel.
De acordo com ONG Marias (2009) os motivos que levam o homem a agredir sua companheira é: Problemas conjugais; - alcoolismo; - traição; - machismo; - ciúmes (dos filhos, dos amigos); - submissão ("mulheres não cumpriram atividades domésticas"); - drogas; - possessividade; - problemas financeiros; - passividade; - falta de instrução (baixa escolaridade). Marias (2009)
De acordo com Miranda (2016, p.4) diz que:
O ciclo inicia-se pela construção da tensão no relacionamento. Nessa fase se apresentam incidentes menores, como agressões verbais, crises de ciúmes, destruição de objetos, críticas, ameaças, calúnia, injúria. Esse período pode durar dias ou anos. Os comportamentos adotam uma frequência crescente e a mulher começa a perceber a agitação do companheiro. Na fase um a mulher acaba sempre buscando no cansaço, álcool, drogas, entre outros, justificativas para as manifestações agressivas, enquanto o homem apresenta uma postura ameaçadora e violenta. Negando que algo errado está acontecendo, a mulher busca adotar medidas de preventivas relacionadas a atividades que podem vir causar algum sentimento raivoso e despertar a ira no parceiro.
A partir desse momento a tensão fica nitidamente visível, e os sentimentos de hostilidade, desconforto e descontentamento conduzem a explosão da violência. A fase dois possui um período de duração menor do que a fase um, podendo durar de duas até quarenta e oito horas. É o momento em que ocorre o incidente maior, onde o agressor encontra-se descontrolado e comente agressões físicas e verbais com danos mais sérios. Miranda (2016, p.4)
A mulher consegue recordar frequentemente em detalhes a Fase Dois, o que o homem não consegue. O agressor parece saber como prolongar a violência em sua companheira, sem matá-la. O agressor pode acordar a mulher para bater nela. A mulher provavelmente negará a seriedade dos danos que sofreu para acalmar o agressor e assegurar o término da Fase Dois. (SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICA PARA AS MULHERES, p. 07, 2006)
Sabendo, mesmo que de forma inconsciente, que essa é a fase de menor duração e, não aguentando mais o medo e a insegurança que a tensão construída vem lhe causando, a mulher acaba provocando a explosão da violência, pois, sabe que logo em seguida virá a fase lua-de-mel.
De acordo com Miranda (2016, pag. 4) a fase três vem ser a “é marcada, muitas vezes, pelo arrependimento por parte do agressor. Isso acaba fazendo com que a mulher busque antecipar essa fase do ciclo. É chamada de fase lua-de-mel porque nesse período o companheiro age de forma carinhosa, cuidadosa, amorosa e humilde”.
E a ONG Marias (2009) também citas as consequências dessas agressões que são elas “Consequências: - constrangimento; - hematomas; - infelicidade; - ameaças;
- Dor física e emocional; - trauma; - vergonha; - submissão; - medo; - denúncia; humilhação; - divórcio; - traição; - problemas psicológicos”
Entre os vários motivos que levam a mulher a ser agredida pelo companheiro, um deles é o ciúme.
Esta mulher vitimizada idealizou o casamento para vida toda, não é fácil, de uma hora para outra, romper com esta aliança, envolve conceitos relacionados aos valores religiosos, sociais e culturais, de acordo com o Ministério da Saúde:
Por que as mulheres permanecem em uma relação de violência? As diversas causas atribuídas à violência influenciam os sentimentos e comportamentos da mulher nessa situação, conduzindo a diferentes resultados. Embora não seja possível determinar a causa da permanência da mulher em uma relação marcada pela violência, o conhecimento de alguns fatores envolvidos pode ajudar na compreensão do processo e de sua dinâmica. Autoimagem negativa, levando a mulher a ter dúvidas acerca de seu valor, capacidades e desempenho; Sentimento de desvalorização; Incerteza quanto a se separar de seu companheiro, mesmo que temporariamente. Situação emocional, Padrão de afeto deprimido e sentimentos de inferioridade, insegurança, desamparo e retraimento social; Projeção de expectativas irreais de afeto, proteção, dependência e estabilidade no Casamento; Esperança quanto à possibilidade de mudança nas atitudes do companheiro Insegurança quanto a sua capacidade emocional de sobreviver semum companheiro e sem um pai para seus filhos Sentimento de responsabilidade pelo comportamento agressivo do companheiro Tendência a atribuir e justificar o comportamento violento do companheiro por fatores externos, de responsabilizando-o (dificuldades financeiras, desemprego, uso de drogas, etc.) Tendência a valorizar excessivamente o papel de provedor e "bom pai" no companheiro, justificando a tolerância à violência (ou em detrimento de outras necessidades). Situação econômica: Carência de apoio financeiro e de oportunidades de trabalho, ocasionando a dependência econômica e a falta de autonomia; Medo das dificuldades para prover o seu sustento econômico e o de seus filhos, após a separação. Situação emocional: Medo das represálias por parte do companheiro Crença de que o companheiro cumprirá as ameaças em relação a si, aos filhos e aos seus familiares, tais como: morte, perda da guarda dos filhos, destruição da casa, transtornos no local de trabalho, invasão da casa após a separação, entre outras. Carência de recursos sociais e familiares: Descrédito e falta de apoio dos familiares, levando ao isolamento social; Ausência de uma rede de apoio eficaz no que se refere à moradia, escola, creche, saúde e equipamento policial e de justiça. (2002, p.54 à 56)
O sentimento de posse que, segundo especialistas, acaba fazendo com que o homem não aceite a separação. Em muitos casos, isso acaba em agressão. “Homens que agridem a mulher por causa do vício no álcool, ou por não aceitarem a separação, são os principais motivos que levam as vítimas a registrarem ocorrência”.
Existem muitos fatores que podem facilitar a prática da violência doméstica, sendo eles tanto de cunho social como de cunho econômico. Porém, de acordo com Presser (2014) tras o seguinte princípio “o princípio básico está no fato de um dos elementos da família olhar para o outro como se fosse um objeto que lhe pertence. ”
Isso é verificável, sobretudo, nos casos em que os agressores são homens que fazem das suas mulheres vítimas, por achar que elas estão em desvantagem. Tal situação decorre do fato de que, na maioria das famílias, o homem é o chefe da casa, e que a mulher depende dele para quase tudo, visto que é ele quem sustenta a família, por isso, acha-se o dono de todos os seus membros e no direito de violentá-las
Inegavelmente, essa realidade está presente nos vários casos de mulheres mortas pelos seus maridos ou namorados, cujos atos brutais de violência são explicados pela frase "se não é minha não é de mais ninguém". Hoje, eventualmente, vêm surgindo alguns casos em que o ocorre o contrário, as mulheres detêm o papel de agressoras e os seus maridos ou namorados os de vítimas, mas a primeira situação ainda é mais notória.
Ristum (1996) ilustra que no vetor causador da violência doméstica e familiar
está em jogo uma complexa constelação de fatores, dentre os quais, fatores socioeconômicos. Isso permite fazer-se uma relação entre pobreza e fome com a criminalidade, segundo a qual a miséria transporta para o roubo e a prostituição; o desemprego ou a ausência de renda levam à ilegalidade, o que se torna uma tentadora forma de obter ganhos fáceis, a fim de se incluírem dentro do consumismo promovido pela televisão. Também há fatores institucionais em que cabe destacar a omissão do Estado na prevenção e na repressão da violência, pois o sistema público escolar não garante a transmissão de conhecimentos básicos, e sua desorganização permite a infiltração de drogas dentro do sistema escolar.
Um fator que faz com que o homem queria bater na mulher é o exemplo que foi lhe dado dentro do seu campo familiar, como seria de esperar, muitos homens que batem na mulher cresceram em famílias onde presenciavam a violência.
Nesses lares geralmente tinham questões culturais como machismo, patriarcalismo e outros tipos de subjugação do gênero feminino que nos dias atuais ainda são os fatores mais determinantes nos casos de violência doméstica.
De acordo com Nuci (2014)
A violência doméstica geralmente possui motivação fútil. Alcoolismo, drogadição e questões financeiras são fatores exacerbadores, mas é o machismo revelado no sentimento cotidiano de posse que determina a maioria absoluta de casais do tipo.“Ela estava de saía curta, chegou em casa fora do horário combinado ou não havia feito a comida na hora certa. Estas são principais afirmações dos agressores que vêem as mulheres como objetos de sua propriedade, e ainda tentam culpá-las pelo ocorrido. Tudo isso é fruto do mais puro machismo” (Nuci, 2014, p. 53)
Os direitos humanos das mulheres estão pautados na eliminação de todas as formas de discriminação e violência praticadas contra as mulheres, reflexo das desigualdades de sexo/gênero, que têm no modelo patriarcal e machista, sua base de sustentação e perpetuação. As conquistas dos direitos das mulheres são fruto da luta incansável dos movimentos feministas e de organismos internacionais que ao longo dos anos, vem resistindo para fazer valer os direitos humanos a todas as pessoas, independente de gênero, etnia, classe social, credo, nacionalidade, etc.
2 OS	MEIOS	DE	INTERVENÇÃO	DO	SERVIÇO	SOCIAL	NA VIOLÊNCIA
No Brasil, as respostas sociais à violência contra a mulher surgiram nos anos 80, conquistadas por meio das reivindicações provenientes da atuação do movimento feminista. Essa categoria conseguiu chamar atenção das autoridades para este problema, fazendo surgir às primeiras políticas públicas em combate à violência contra a mulher. As primeiras conquistas foram instituídas, sobretudo, nas áreas ligadas à segurança e justiça. Até a década de 80 as políticas públicas de combate à violência contra mulher eram praticamente inexistentes. Segundo Campos:
A ausência da perspectiva de gênero no direito é responsável pelo encobrimento da violência doméstica contra mulheres (violência conjugal) como uma violação dos direitos humanos, com a consequente negação, por parte dos operadores do direito, dos respectivos tratados internacionais (CAMPOS, 2007, p.137).
	
De acordo com Tavares (2011, p. 8) O Brasil continua sendo um país violentamente desigual. Ao mesmo tempo em que o governo estabelece novas metas de superação da pobreza e das persistentes desigualdades de gênero, raça e etnia, as mulheres continuam a carregar os fardos da pobreza, da desigualdade e da violência.
A violência doméstica atinge mulheres em todo o mundo e também no Brasil, para analisarmos a profissão do Serviço Social atuando frente a esse problema social, se faz necessário uma exposição desse fenômeno como ele ocorre, e como a construção de uma cultura patriarcal acirra ainda mais esse fenômeno, quais são as formas de violência sofridas pelas mulheres e quais as formas de combate a esse problema que acomete a vida da mulher em todos os tempos.
A Violência Doméstica praticada contra a mulher é um dos problemas que mais preocupam as brasileiras, pois segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Patrícia Galvão em 2004, esta preocupação está à frente inclusive de problemas como o câncer de mama e a AIDS. Trata-se de um fenômeno democrático que atinge mulheres em todo o mundo e em todas as esferas sociais e, apesar de ser um fenômeno muito antigo, atualmente vem sendo problematizado e amplamente discutido por todas as profissões que atuam com essa questão, levantando acirrados debates nas sociedades modernas. (AZEVEDO, 1985, p 32)
A violência contra as mulheres tem conotação de gênero, pois este termo é utilizado para denominar as relações construídas culturalmente entre homens e mulheres.
Segundo Scott (1995), esta interpretação limita e aprisiona o conceito de gênero aos papéis domésticos que são construídos na história familiar desde muito tempo atrás. Os papéis definidos na esfera familiar designam o trabalho em âmbito público para os homens e as tarefas domésticas e papéis maternais como a criação dos filhos para as mães, há uma valorização da virilidade em detrimento da feminilidade, ou seja, todos absorvemos esses papéis, crianças mesmo criadas em núcleos monoparentaisabsorvem essas associações e apropriam esse sistema de representação social. Isso pode ser atribuído a forma como as sociedades representam gênero, com o objetivo de construir os significados dos papéis e relações sociais, e esse significado se traduz em regras e normas sociais de comportamento para homens e mulheres.
As regras sociais ou comportamentos culturais são responsáveis por determinar a vida coletiva em sociedade, e a criação de instituições como a família.
Podemos ver então que a violência doméstica faz parte das expressões das questões sociais e, que vem começar a aparecer logo quando são classificados os papeis de gênero de homem e mulher, pois já mostra uma posse do homem com a mulher.
As primeiras expressões da chamada “questão social” foram observadas no início do século XIX, nos primórdios da industrialização. Os protagonistas deste fenômeno social eram representados por trabalhadores rurais que, expulsos do campo, migraram para as cidades em busca de garantir a subsistência. Esses trabalhadores, que num primeiro momento não foram absorvidos pela sociedade industrial emergente, experimentaram uma situação de grande miserabilidade.
Segundo Netto (2004), muitos pensadores laicos percebiam as manifestações da “questão social” como características intrínsecas à sociedade burguesa e a qualquer outra ordem, ou seja, é algo natural e impossível de ser sanado. As mudanças que, por ventura, poderiam ser implementadas, eram ligadas a reformas morais da sociedade e do homem. E com tal pensamento, a questão econômica não era associada às diferentes expressões da “questão social”.
No Brasil, a questão social tomou forma mais concreta no Brasil por volta dos anos 1930. Foi um período marcado por intensas transformações sociais, culturais e políticas.
Para fazer frente à questão social, diversos projetos sociais disputam hegemonia. Essa tensão é marcada pela forma como se estruturam as políticas sociais públicas e os serviços sociais, que são direitos contidos em legislação, e a forma como estes serão implementados na sociedade. A tensão reside entre a defesa dos direitos sociais e a privatização e mercantilização no atendimento das demandas sociais, o que traz fortes implicações para o cotidiano profissional do assistente social. (Veloso, 2013, p 43)
Podemos ver que o assistente social, por ter como objeto de trabalho a questão social, pode atuar em diversas áreas. Uma delas é o atendimento às vítimas de violência doméstica.
Na utilização dos instrumentais, é imprescindível uma postura ética, que vise respeitar a mulher vítima de violência, assegurando o sigilo profissional em todos os atendimentos realizados pelo assistente social e a equipe interdisciplinar. A posição teórico-metodológica do profissional guiará o atendimento para a tentativa de se estabelecer estratégias que possam efetivamente combater a violência. As entrevistas e reuniões em grupo são instrumentos em que podemos constantemente exercitar nossa ética profissional, pois são espaços de troca e escuta em que o profissional precisa assegurar não só o sigilo dos relatos, mas também não conceber julgamentos de valores, criando assim um ambiente de respeito e confiança. (Veloso, 2013).
A atuação interdisciplinar das áreas jurídica, social e psicológica busca primordialmente a reestruturação moral, psíquica e social da vítima. O acesso à justiça significa para essas pessoas o restabelecimento da ordem social individual e familiar, o que implica, em última instância, o controle da violência, o exercício da cidadania e o resgate dos direitos humanos.
O primeiro atendimento que à mulheres vitimas de violência que recorrem é geralmente feito por psicólogos e assistentes sociais que, na oportunidade, colhem as informações necessárias para a instrução do processo de acompanhamento do caso.
O fenômeno mundial pelo qual a violência toma proporções assustadoras, fato que é mais evidentemente percebido nos grandes centros urbanos, mas que existe em todos os rincões do mundo torna as pessoas frequentemente passíveis de vitimizações geradas pelas mais variadas motivações.
No aspecto social, os procedimentos referem-se basicamente ao apoio à família, capacitação e reinserção profissional, encaminhamento para tratamento de saúde etc. Para tanto, são acionadas as várias instituições governamentais e não governamentais com atuação nessas áreas específicas, formando uma rede de parcerias que convergem em seus objetivos principais.
2.1 O ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
	
A violência social em nosso país é fruto de um sistema dominador. Atualmente a violência social é definida como o uso de palavras, ações que machucam as pessoas a violência de forma espontaneamente.
Uma característica marcante da violência está relaciona-se ao uso abusivo do poder de forma injusta, assim como o uso da força que resulta em dor, sofrimentos, ferimentos, torturas ou mortes.
Considerando que o objeto deste estudo versa sobre a prática profissional do assistente social no enfrentamento da violência, torna-se oportuno levantar alguns elementos necessários para a compreensão das particularidades dessa especialização do trabalho. Inicialmente é fundamental situar o Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais, o que remete à necessidade de compreensão do significado social da profissão, que só pode ser entendida a partir de sua inserção neste modelo de sociedade.
Mediante reformas que visam beneficiar a elite da sociedade, causando perdas de direitos a classe trabalhadora, como pode ser observada na reforma trabalhista. Onde os empregadores foram privilegiados ao simplesmente flexibilizar alguns direitos da classe trabalhadora, enfraquecendo os síndicos e fragilizando as relações trabalhistas. Essa desestruturação tem causado fortes impactos no mundo do trabalho e consequente atingido a sociedade como um todo.
Para Iamamoto (2003) a questão social é apreendida como conjunto das expressões das desigualdades na sociedade capitalista madura. Como que sendo desigualdade é também rebeldia, na medida em que envolve sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem e se opõem. Deve-se decifrar a gênesis das desigualdades uma vez que são indissociáveis da concentração de renda, da propriedade e do poder que estão no verso da violência, da pauperização e das formas de discriminação e exclusão.
É nesta tensão entre produção de desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situando nesse terreno movido por interesses sociais distintos, nos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade (Iamamoto, 2003, p. 28).
Para Guerra (2007), o modo de “aparecer” do Serviço Social manifestado pelo “fazer” dos profissionais é redefinido ao longo do processo histórico da profissão, processo este complexo e contraditório, gestados no confronto das classes sociais onde a intervenção profissional se polariza. Dessa forma, o Serviço Social participa tanto do processo de reprodução dos interesses do capital, quanto das respostas as necessidades e interesses da classe trabalhadora, o que demarca seu caráter contraditório.
A questão social entendida como base de fundação sócio histórica do Serviço Social assume um caráter também contraditório, o que permite reconhecer as dimensões contraditórias das demandas postas à profissão, uma vez que a questão social é afetada por forças decorrentes tanto do movimento do capital quanto dos direitos, valores e princípios que fazem parte do ideário dos trabalhadores (Iamamoto, 2008).
Assim, tanto as refrações da violência estrutural materializadas no desemprego, ou no trabalho precário, na ausência de políticas públicas redistributivas e universalizantes, quanto as expressões da violência interpessoal (como a violência doméstica, contra criança e adolescente, mulher, idoso, entre outros) aparecem cotidianamente ao assistente social, imbricando-se, se materializando em experiências concretas de violação de direitos
Para compreender

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