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TCC II Sabrina Marques

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CENTRO DE ESDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
SABRINA DIAS GOMES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER:
Agressões gerais, as conseqüências psicológicas e a intervenção do assistente social
Dourados - MS
2020
10
9
SABRINA DIAS GOMES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER:
Agressões gerais, as conseqüências psicológicas e a intervenção do assistente social
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhanguera - UNIDERP de Dourados/MS como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Jôsi da Costa Greffe.
Dourados - MS
2020
FOLHA DE APROVAÇÃO
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
Termo de aprovação
SABRINA DIAS GOMES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER:
Conseqüências psicológicas e intervenção do assistente social
Trabalho apresentado ao Curso de bacharelado em Serviço Social, para apreciação das professoras orientadoras Jôsi da Costa Greffe e Emilia Fátima Pott, que após suas análises consideraram o Trabalho ______________________, com nota ______________.
Dourados, MS, ____ de ____________ de _______.
Prof.ª Emilia Fátima Pott 
(Orientadora Presencial)
Dedico esse trabalho primeiramente a minha irmã Samara Dias, fonte de minha inspiração como mulher, mãe e esposa. Aos meus pais, Liane e Ramir, e ao meu irmão Denis, sem eles isso tudo não seria possível. Quando todos desacreditaram, eles me incentivaram a tornar esse momento realidade. Meus principais motivadores de objetivos de vida;
Aos meus sobrinhos Kleber Lucas e Heloysa, que mesmo ainda crianças, quero lhes servir como exemplo e poder tornar o mundo de certa forma melhor através de minha profissão;
As mulheres que assim como eu, carregam cicatrizes invisíveis resultantes de relacionamentos abusivos, mas que não desistiram de si.
AGRADECIMENTOS
A Deus por tantas bênçãos concedidas durante os intensos anos de formação;
À minha família pelo apoio incondicional durante todos os momentos da minha vida e por compreender as minhas ausências devido à dedicação a esses quatro anos de estudos;
Aos meus amigos que sempre torceram pela minha formação profissional, mesmo sabendo que não ficarei rica com a profissão que escolhi (risos);
Em especial ao meu amigo Vinicius, que dedica tempo, carona nos dias de chuva, e muito empenho para meus estudos nesses anos;
Aos meus orientadores â distancia e nossa tutora presencial Emilia que, pacientemente, contribuiu com o meu conhecimento e atenção para a concretização deste trabalho;
E por fim, todo o suporte e empenho oferecido pela Faculdade Anhanguera – UNIDERP para tornar isso tudo possível.
Muito obrigada!
“Eu não sou livre enquanto alguma mulher não o for, mesmo quando as correntes dela forem muito diferentes das minhas.” 
Audre Lorde
RESUMO
A violência doméstica contra a mulher é um problema universal que atinge um número alto de pessoas e muitas vezes de forma silenciosa, dissimulada e destruidora. Em consonância a isso o presente trabalho reflete a atuação do Assistente Social nas questões de violência contra a mulher com ênfase nas conseqüências psicológicas, visto que é um profissional capacitado para atuar, orientar, discutir estratégias para o enfretamento, além de encaminhar as mulheres para onde possam receber atendimento e ter seus direitos garantidos. Tem como objetivo compreender o impacto das situações de violência doméstica na vida das mulheres e as estratégias de mudança e de recuperação das vítimas. Serão abordadas as principais conseqüências psíquicas decorrentes de violência doméstica e que podem ocasionar graves danos à saúde física e mental da mulher, bem como as interferências na sua vida individual e familiar.
Palavras - chave: Violência doméstica. Conseqüências psicológicas. Intervenções.
ABSTRACT
Domestic violence against women is a universal problem that affects a large number of people and often in a silent, covert and destructive way. In line with this, the present work reflects the role of the Social Worker in issues of violence against women with an emphasis on psychological consequences, since he is a professional trained to act, guide, discuss strategies for coping, in addition to directing women to where receive care and have their rights guaranteed. It aims to understand the impact of situations of domestic violence on the lives of women and the change and recovery strategies of the victims. The main psychological consequences resulting from domestic violence, which can cause serious damage to the woman's physical and mental health, as well as interferences in her individual and family life, will be addressed.
Keywords: Domestic violence. Psychological consequences. Interventions.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................09
1. VIOLÊNCIA CONTRA MULHER...........................................................................11
1.1Revisões da literatura......................................................................................11
1.2 Movimento feminista no Brasil.........................................................................13
1.3 Formas de violência contra a mulher...............................................................14
2. ESSA QUESTÃO EM NÚMEROS........................................................................ 15
3. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA .................................................................................16
3.1 Conseqüências da violência psicológica...................................................18
3.2 Direitos legais das vítimas de violência .................................................19
4. A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COM AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA .............................................................................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................27
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão de curso teve por finalidade discutir a violência contra a mulher, com foco nas conseqüências psicológicas, este é um fenômeno que atinge todas as classes sociais e faz parte do cotidiano de mulheres no Brasil e no mundo. 
O tema escolhido reflete intimamente sobre minha vida, desde que iniciei minha graduação em serviço social já tinha em mente qual assunto seria abordado em meu TCC, eu, assim como milhões de outras mulheres senti na pele a dor, a angústia, todo sofrimento em volto de um relacionamento no qual sua única perspectiva era ser feliz, ter alguém com quem contar, fazer planos, sorrir. Mas ao invés disso as únicas coisas de que restaram são traumas, receios, medos e culpa.
 Segundo Moreira (2013), a maioria das famílias sofre algum tipo de violência e necessitam de apoio profissional. Tem aumentado consideravelmente o número de homicídios e suicídios femininos, fato complexo que infringe os direitos humanos de muitas mulheres, trata-se de um problema de saúde pública. Por violência doméstica, de acordo com o artigo 5º da já referida Lei, entende-se “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” (BRASIL, 2006, p. 1).
O estudo deste tema justifica-se pela necessidade de conscientização da sociedade em geral, para romper preconceitos enraizados culturalmente na ideologia patriarcal alimentada por estereótipos. Respaldado ideologicamente pela sociedade, o homem tem permissão para agredir sua esposa, namorada, ou companheira. A violência sofrida pela mulher é tema de interesse por afetar todo o desenvolvimento nas relações pessoais na sociedade, assim, causa prejuízo à sociedade, às futuras gerações, pois, deixa traços de violência. O objetivo deste trabalho é também contribuir na luta pelo fim da violência.Muitas das vítimas não denunciam e não colocam um ponto final em seus relacionamentos por dependerem financeiramente de seus parceiros. O não rompimento do relacionamento violento por parte da mulher gera prejuízos significativos para a sua vida, principalmente para a sua saúde mental, sendo muito comum a presença de depressão, ansiedade e transtorno de stress pós-traumático nas mulheres vítimas de violência doméstica (ADEODATO et al., 2005; MOZZAMBANI, 2011). Portanto, sentimentos relacionados à baixa autoestima, à solidão, à descrença, o desamparo e à insegurança estão presentes nas mulheres vítimas desse tipo de violência, visto que são sintomas dessas principais doenças psicológicas relacionados à violência doméstica, conforme aponta (LUCAS; FONSECA, 2006; SÁ, 2011).
Será exposto o impacto social e individual dessa forma de violência, elucidar as leis de amparo às vítimas, em especial a Lei Maria da Penha, a atuação e intervenção do assistente social nas relações de familiares e na garantia dos direitos.
A metodologia utilizada em pesquisas bibliográficas com revisão na literatura, pesquisas cientificas documentais para aprofundar o conhecimento e contribuir para o tema, através de livros, artigos científicos e legislações referentes. Também foi realizado entrevistas com cinco mulheres vítimas de violência doméstica para tentarmos entender como esses relacionamentos afetaram e ainda afetam seu dia a dia.
É relevante uma vez que o seu estudo permite a ampliação do conhecimento e reflexões acerca dessa problemática que está muito presente em nossa sociedade e traz sérios prejuízos psíquicos à suas vítimas. Também é relevante acadêmica e socialmente, pois, além de poder contribuir para a análise de publicações sobre a violência doméstica, tem-se, com este trabalho, a possibilidade de contribuir com profissionais de serviço social quanto a ampliação de conhecimento acerca das possíveis intervenções utilizadas no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica na abordagem de impactos psicológicos, bem como, possibilitar o avanço em pesquisas que possam fomentar a criação de políticas públicas com protocolos de atendimentos que utilizem as estratégias e técnicas mais adequadas e eficientes nesse contexto da violência doméstica.
1. VIOLENCIA CONTRA A MULHER
1.1 Revisões da literatura
Na antiguidade aplicava-se a lei do “pater família”, onde o homem era absoluto e incontestável, ele tinha poder de vida ou morte sobre sua esposa e filhos. Sua vontade era lei, no Brasil – Colônia ainda prevalecia essa premissa conforme as legislações portuguesas, onde o homem poderia matar sua mulher em adultério. 
Acreditava que a infidelidade da mulher feria os direitos e a honra do marido e apenas em 1830, com o primeiro código penal brasileiro isso foi suprimido.
Lentamente caminhavam as esperanças das mulheres, mas a cada passo ela se renovava. Diversos movimentos ganharam força, como o SOS Mulher nos anos 70, onde catalogaram mais de 700 casos impunes de violência contra mulheres.
O caso Ângela Diniz que ocorreu em 1976, morta por seu companheiro com quatro tiros comoveu toda a sociedade e posteriormente seu parceiro foi condenado, isso se tornou um marco na luta feminista.
Outro caso que ganhou repercussão nacional e internacional foi o de Maria da Penha, em 1983, que ficou paraplégica por ter sido vítima de seu marido. Com o apoio de organizações pelos direitos humanos surgiu então a Lei 11.340/06, especificamente para tratar da violência doméstica contra a mulher.
Em 1980 essa problemática resultou na criação de Delegacias da Mulher e Casas de abrigo.
Por mais que tenham garantias e direitos por lei, muitas mulheres em seu cotidiano precisam enfrentar preconceitos e superar dificuldades advindas da posição social subordinada que, muitas vezes ocupam em relação aos homens. Além de lidarem com os afazeres domésticos e disputarem vagas no mercado de trabalho, precisam conquistar legitimidade e respeito social em casa e na comunidade, para romper com a ideologia dominante que a mulher deve se sujeitar aos desmandos dos homens, rompendo com a alienação e conquistar autonomia.
A violência contra a mulher apesar de ocorrer freqüentemente no âmbito doméstico, também ocorre nos espaços públicos. A formação da sociedade se faz com as ações e interações pessoais, e, as gerações futuras serão prejudicadas com o fenômeno da violência, que se não controlada torna-se um círculo vicioso, gerando cada vez mais violência.
Por muito tempo a violência doméstica foi tida como um problema particular, de âmbito privado, e, em grande medida, naturalizada da relação entre homens e mulheres. Um dos efeitos desse entendimento, é que em sociedades, como a nossa, em que prevalecem práticas sexistas e misóginas, a mulher é alvo de violência tanto dentro de casa como fora dela.
Themis (citado por Rovinski, 2004), afirma que violência contra a mulher é qualquer ato de violência que tem por base o gênero e que resulta ou pode resultar em dano ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológica, inclusive ameaças, coerção ou privação arbitrária da liberdade, que se produzam na vida pública ou privada. As mulheres vítimas são submetidas às piores atrocidades em seu abrigo inviolável, são atacadas, ameaçadas, espancadas, humilhadas, sujeitadas à condição de coisa e expostas às mais temíveis formas de agressão.
Segundo Silva (1992), as relações estabelecidas entre homens e mulheres são, quase sempre, de poder deles sobre elas, pois a ideologia dominante tem papel de difundir e reafirmar a supremacia masculina, em detrimento à correlata inferioridade feminina.
Nesta perspectiva Oliveira e Gomes (2011), afirmam que os homens agressores podem ver a violência até como normal, com a justificativa de que é um ato educativo. O argumento dos homens para o uso da violência contra a mulher é identificado pelo ciúme/infidelidade, desemprego ou dificuldade financeira, dependência química, “erros dela” (como cobrança e falta de compreensão, recusa sexual, confrontação, domínio sobre o companheiro, desonestidade, desobediência), discussões sobre criação de filhos e finanças da casa, divergências quanto aos papéis de homem e mulher, dificuldade de dialogar e medo de perder o controle sobre a mulher. 
Desta forma se faz necessário, como aponta Monteiro (2012), uma atuação para além da clínica tradicional, que leve em consideração todo o contexto cultural, comunitário e social que a mulher está inserida, se utilizando de intervenções tanto individuais como grupais além de um trabalho de caráter socioeducativo nessa temática, uma vez que a mulher, muitas vezes, nem se dá conta de que está sendo vítima de violência doméstica, devido a falta de informação sobre o que caracteriza esse tipo de violência, visto que não há apenas a violência física, mas também a moral, psicológica, sexual e patrimonial.
1.2 Movimento feminista no Brasil
Para entendermos melhor toda a perspectiva em torno da violência contra a mulher, vamos voltar um pouco e revisar como a luta das mulheres se deu início para hoje ter esse reconhecimento jurídico e social.
A luta das mulheres no Brasil teve início em 1918 com Berta Lutz, onde propagava ideais de liberdade e igualdade. As mulheres passaram a serem alvos de atenção e discussão no país, onde expressavam suas vontades de ter direitos aos estudos e a votar. No período da ditadura militar o movimento feminista se manifestou, embora com limitações, representava força e mobilização em prol de direitos das mulheres (PINTO, 2010).
O feminismo é visto como um movimento de mulheres críticas e ativas nos setores econômicos e sociais, que questionam e buscam igualdade com os homens. As lutas dos movimentos feministas foram importantes no sentido de produzir avanços na legislação relativa à violência doméstica em diversas partes do mundo, assim como a Lei Maria da Penha, aqui no Brasil.
Leite (1994) acrescenta que a presença da mulher é sentida como provocadora de conflitos em um sistema sofisticado, desconhecido e dominado pelohomem. Confrontando-se com alguns valores patriarcais, as mulheres passaram a questionar o machismo na relação conjugal, assim como a infidelidade, a grosseria e o abandono do homem (BLAY, 2003).
Saffioti (2011) menciona que grande parte das brasileiras possui posturas conservadoras, e que há diferenças entre mulheres femininas e feministas, estas possuem visão crítica, enquanto as demais por desconhecerem as engenhosidades que estruturam a desigualdade social em nossa sociedade não questionam a ordem estabelecida. 
Algumas mulheres que integravam o movimento feminista eram intelectualizadas e de origem da classe média, mas também por mulheres trabalhadoras assalariadas, com menor poder econômico. Portanto, seus interesses variavam, enquanto as assalariadas desejavam creches, melhores condições de trabalho e remuneração, as intelectuais pleiteavam educação, equidade de gênero e ocupar espaços políticos. A mídia em geral tentava desqualificar o movimento acusando as feministas de desconhecerem os reais problemas brasileiros. Estas apontadas como alienadas, direcionaram suas ações para as dificuldades das mulheres em todas as classes, desde direitos econômicos, sobre o corpo e a sexualidade, e a uma vida sem violência, planejamento familiar e outros. (BLAY, 1999).
Para Costa (2009), na atualidade, embora o movimento não tenha a mesma propagação, ele ainda existe e sofreu mudanças significativas quanto à sua visibilidade, apresentando-se com novas roupagens e novos desafios.
1.3 Formas de violência contra a mulher
Tapas, empurrões, murros, estupros e tiros são características comuns de violências praticadas contra a mulher. Há também uma violência que é pouca divulgada, que é a violência psicológica, ela não deixa marcas físicas, mas cicatrizes internas que destroem a autoestima da vítima por toda a vida. O agressor usa meios de descriminação, podendo ser, humilhação, desprezo ou culpabilização da vítima. A violência psicológica pode levar a vítima, além do sofrimento intenso, chegar a tentar ou cometer suicídio (KASHANI; ALLAN, 1998).
A lei nº. 11.340/2006 conceitua a violência doméstica e familiar como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no âmbito da unidade doméstica ou em qualquer relação íntima de afeto, tendo por base as relações de gênero. A Lei expõe como formas de violência doméstica, a violência física, violência psicológica, violência sexual, a violência patrimonial e a violência moral.
Lei 11340/2006. Art. 7º:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria (BRASIL, 2006).
Existe um clima de insegurança e injustiça, não são raros os casos de violência com extrema crueldade, inclusive perpetrados pelo Estado. Os órgãos de segurança por vezes atuam de modo truculento, agravando o medo, pois a arbitrariedade é uma realidade em suas atuações. Esta postura impacta as atitudes e comportamentos, especialmente dos jovens. A ineficácia do poder público reforça a imagem de ausência de justiça. Desta forma, há um clima de ameaça à cidadania e impunidade de criminosos, perpetuando e agravando os atos de violência, onde as vítimas se sentem enfraquecidas para realizar denúncias e acessar a justiça. Cotidianamente a ausência de cidadania e a desigualdade são confirmadas (VELHO, 2000). Assim, se faz necessário um espaço de atendimento, como o serviço de saúde para atender especificamente os casos de violência praticada contra a mulher. Um espaço de escuta e acolhimento às mulheres vitimadas, pois este tipo de serviço poderia auxiliar e potencializar o serviço já realizado pela delegacia da mulher existente em cada município. Mostrar que através de programas e planejamentos de assistência podem contribuir prevenir e resolver situações onde haja violência.
2. ESSA QUESTÃO EM NÚMEROS
No Brasil, uma mulher é assassinada a cada duas horas. Um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) entre os meses de março a maio desse ano onde as medidas de isolamento social estavam mais rigorosas revelou que a taxa de feminicídio aumentou 2,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse levantamento foi realizado em 12 estados brasileiros. Os dados com as estatísticas de violência doméstica no Brasil são alarmantes. Conforme o Relatório Nacional Brasileiro, publicado no ano de 2002, a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil, totalizando, em 24 horas, 5.760 agressões praticadas contra mulheres.
	Segundo dados fornecidos em um painel digital pelo Senado Federal, no ano de 2017 ocorreram 4.928 homicídios de mulheres, foram 220.514 notificações de violência contra mulheres nos órgãos de saúde. Foram 452.988 novos processos relacionados a boletins de violência doméstica.
Em 2015, o governo federal brasileiro divulgou um boletim onde dizia que cerca de 70% da população feminina iria sofrer algum tipo de violência doméstica ao longo de sua vida. A cada quatro mulheres, uma revelou já ter sofrido violência psicológica ou física. Neste mesmo ano uma pesquisa do DataSenado onde entrevistada várias mulheres, todas sabiam da lei Maria da Penha, mas apenas 21% procuravam ajuda e iam em busca dos seus direitos. Essa baixa procura por respaldo jurídico dá-se a boa parte (cerca de 80%) das mulheres, não querem seus agressores presos, outras sentem vergonha de buscar ajuda. O Brasil ocupa a 5ª posição entre os países com crimes de violência contra a mulher. 
De acordo com os dados da Central de denúncias de violência contra a mulher, ou seja, o Ligue 180, dentre os tipos de violência que mais ocorreram nos últimos anos foram à violência física (15.541 relatos); seguida pela psicológica (9.849 relatos); moral (3.055 relatos); sexual (886 relatos) e a patrimonial (634 relatos).
3. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
A principal diferença entre violência doméstica física e psicológica é que a primeira envolve atos de agressão corporal à vítima, enquanto a segunda forma de agressão decorre de palavras, gestos, olhares a ela dirigidos, sem necessariamente ocorrer o contato físico. Os abusos psicológicos fazem parte de rodas de conversa, são discutidos na mídia, em escolas e universidades, entre parentes e amigos. Muita gente conhece o mecanismo desse tipo de violência que prende tantas pessoas ao sofrimento e até aponta maneiras de como sair da situação. Mas pouco se fala sobre uma questão igualmente importante: os danos causados à saúde emocional e física. 
Segundo Azevedo & Guerra (2001, p.25), o termo violênciapsicológica doméstica foi cunhado no seio da literatura feminista como parte da luta das mulheres para tornar pública a violência cotidianamente sofrida por elas na vida familiar privada. Iniciou-se em 1971, na Inglaterra, tendo sido seu marco fundamental a criação da primeira "CASA ABRIGO" para mulheres espancadas, iniciativa essa que se espalhou por toda a Europa e Estados Unidos (meados da década de 1970), alcançando o Brasil na década de 1980.
No que se refere à violência psicológica, o isolamento é uma de suas principais formas de manifestação. Nesta prática, o homem busca, através de ações que enfraqueçam sua rede de apoio, afastar a mulher de seu convívio social, proibindo-a de manter relacionamentos com familiares e amigos, trabalhar ou estudar. O objetivo primário do isolamento social é o controle absoluto da mulher, já que, ao restringir seu contato com o mundo externo, ela dependerá ainda mais de seu parceiro, tornando-se submissa a ele. Quando há uma dependência financeira da mulher em relação ao homem, esta se torna obrigada a recorrer ao marido, sempre que necessitar de dinheiro, situação que favorece a violência, pois, em muitos casos, o homem utiliza seu poder econômico como forma de ameaçá-la e humilhá-la.
Algumas palavras e atitudes podem ferir uma mulher tanto quanto uma agressão física. A violência psicológica é o tipo de violência mais subjetiva e difícil de identificar, a maioria das vítimas não reconhece essa agressão, por não conseguir perceber que ela vem mascarada pelos ciúmes, controle, humilhações, ironias e ofensas.
Esse é um tipo de violência mais difícil de ser provado, pois enquanto na violência física ou sexual, é bastante um laudo do IML (Instituto Médico Legal), para demonstrar os danos, a violência psíquica depende também de laudos profissionais, que não são tão fáceis de interpretar. Por isso, pode-se considerar que a violência doméstica psicológica é muito negligenciada pelas autoridades, e que precisa tratamento mais especializado.
Para a OMS (1998), a violência psicológica ou mental inclui: ofensa verbal de forma repetida, reclusão ou privação de recursos materiais, financeiros e pessoais. Para algumas mulheres, as ofensas constantes constituem uma agressão emocional tão grave quanto às físicas, porque abalam a auto-estima, segurança e confiança em si mesma. Um único episódio de violência física pode intensificar o impacto e significado da violência psicológica. Para as mulheres, o pior da violência psicológica não é a violência em si, mas a tortura mental e convivência com o medo e terror. Por isso, este tipo de violência deve ser analisado como um grave problema de saúde pública. 
Nogueira (2017) afirma que, muitos comportamentos masculinos como desqualificar a mulher e impedi-la de sair, por exemplo, são vistos como normais na sociedade e, portanto, são reforçados e tendem a aumentar a freqüência de emissão durante o relacionamento. Além disso, Gomes e Costa (2014) destacam que muitos padrões comportamentais são exigidos e reforçados pela sociedade e ressaltam que o ciúme é um evento comportamental relevante para o desencadeamento da agressão e, muitas vezes, é utilizado como justificativa para a violência na tentativa de minimizar as conseqüências negativas do seu comportamento.
Azevedo (1985) apóia-se em Gregori para enunciar dois grandes fatores responsáveis por tais condições de violência: constituem o primeiro os fatores condicionantes, que se referem à opressão perpetrada pelo sistema capitalista, pelo machismo e pela educação diferenciada; o segundo fator é formado pelos precipitantes como álcool e drogas ingeridos pelos agentes nos episódios de violência, além do estresse e cansaço, que podem desencadear o descontrole emocional e os atos agressivos.
3.1 Conseqüências da violência psicológica
O dano psíquico caracteriza-se como um prejuízo ocasionado após evento ou vivência traumática. Nesse sentido, é possível que haja o comprometimento das funções psíquicas tais como: emoção, atenção, memória, raciocínio, entre outras. Por conseguinte, há a possibilidade de que ocorra diversas conseqüências à vida social da pessoa atingida, por exemplo, a incapacidade de exercer atividades cotidianas e/ou profissionais, apresentando dificuldades de enfrentamento e adaptação a novas situações.
Em 1980 foi introduzido o conceito de DSPT (Distúrbio de Stress Pós-Traumático), pela Associação de Psiquiatria Americana, como uma nova desordem psiquiátrica. O DSPT contribuiu para o reconhecimento dos efeitos de eventos traumáticos tal como a violência doméstica. Mulheres que sofrem com a violência doméstica são afetadas por eventos cruéis que alteram as suas vidas e destroem o seu bem-estar (SLEGH, 2006, p.3). A princípio, o que ocorre é uma reação estressada, ansiosa e de culpa em relação ao agressor. No entanto, com o passar do tempo, a pessoa pode desenvolver ansiedade com outros relacionamentos, retraimento social, baixa-autoestima e, conseqüentemente, depressão. Compreende um ciclo vicioso que inicia com a construção da tensão, no qual ocorre uma gradual escalada da tensão acarretando o aumento dos atritos, como ofensas e ameaças. 
FONSECA et al. (2006) reitera que,
Os sintomas psicológicos freqüentemente encontrados em vítimas de violência doméstica são: insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite, e até o aparecimento de sérios problemas mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, além de comportamentos autodestrutivos como o uso de álcool e drogas, ou mesmo tentativas de suicídio.
Muitas vítimas não conseguem sair desse tipo de relacionamento, pois acham que seus companheiros agem dessa forma por querer o seu bem, outras se sentem culpadas e insuficientes, buscam justificativas por não serem “boas” para seu parceiro. A confusão entre cuidar, atender ou servir o outro faz a pessoa sentir-se forçada a atos ou funções que ultrapassam a possibilidade de escolha. Os efeitos deste tipo de violência são imensuráveis e podem ser irreversíveis para o resto da vida. Um grande número de mulheres relata como principal conseqüência psicológica decorrente da violência sofrida, o sentimento de tristeza, que influencia no cumprimento de suas atividades. Muitas afirmaram sentir menos vontade de exercer seus afazeres diários, desejo de chorar freqüentemente, além de querer consumir bebidas alcoólicas mais do que o habitual.
Estados de ansiedade, estresse e agressividade são citados pelas vítimas, que admitem estarem mais nervosas e impacientes com amigos, familiares e até mesmo com os filhos. A violência psicológica compromete a saúde mental, ao interferir na crença que a mulher possui sobre sua competência, isto é, sobre a habilidade de utilizar adequadamente seus recursos para o cumprimento das tarefas relevantes em sua vida. A mulher pode apresentar distúrbios na habilidade de se comunicar com os outros, de reconhecer e comprometer-se, de forma realista, com os desafios encontrados, além de desenvolver sentimento de insegurança concernente às decisões a serem tomadas. Ocorrências expressivas de alterações psíquicas podem surgir em função do trauma, entre elas, o estado de choque, que ocorre imediatamente após a agressão, permanecendo por várias horas ou dias (BRASIL, 2001). 
3.2 Direitos legais das vítimas de violência
Todos nós conhecemos alguma mulher que já foi vítima de violência, podemos não sabemos, mas conhecemos. As vítimas se calam por conta da justiça falha, falta de políticas públicas e leis severas aos agressores. E quando a vítima denuncia seu agressor deve se preparar para horas de interrogatórios, perguntas desconexas onde os envolvidos buscam respostas de perguntas como “O que você fez para isso acontecer?” Exatamente, a vítima é colocada como causadora, sem falar de exames extremamente invasivos, não poder se lavar para ter “provas”, perguntam se há provas visuais, físicas e testemunhas, a palavra da vítima apenas não basta. E quando se trata de violência psicológica? Como provar isso ajustiça? De acordo com o Mapa da Violência divulgado em 2018, a cada 17 minutos uma mulher é agredida fisicamente no Brasil. De meia em meia hora, uma mulher sofre violência psicológica ou moral. A cada três horas, uma mulher relata um caso de cárcere privado. No mesmo dia, oito casos de violência sexual são descobertos no país e, toda semana, 33 mulheres são assassinadas por parceiros antigos ou atuais. Infelizmente, esses números poderiam ser maiores se houvesse maior conscientização das vítimas, familiares e amigos para fazerem a denuncia, mesmo assim esses números gritantes estão caminhando em processos lentamente na justiça brasileira.
No dia de 03 de novembro de 2020 em uma audiência para a apuração dos fatos em uma possível violência sexual cometida por Andre Aranha em 2018, denunciada pela vítima Mariana Ferrer, mobilizou o Brasil, onde a mesma relata ter sido abusada enquanto ainda virgem. Provas como sêmem, sangue e imagens não foram suficientes para a condenação do acusado, a promotoria apresentou as provas e o júri sentenciou como circunstanciais e não definitivas para a acusação. Além da exposição da vítima, a mesma ainda sofreu agressões verbais por parte da defesa do acusado. O caso foi sentenciado como estrupo culposo, onde o agressor não tem intenção, perante a legislação brasileira esse ato não se configura crime, uma vez que não esta prevista na lei. Este é apenas mais um caso como muitos outros em que a vítima fica sem segurança jurídica. Casos assim fazem com que boa parte das mulheres não denuncie seus agressores. 
Segundo a professora de filosofia do direito da PUC/SP Silvia Pimentel,
“É necessário que as mulheres tenham noção de seus direitos. É preciso, em primeiro lugar, informá-las que têm direitos; em segundo, quais são e que elas podem exigir esses direitos; e, em terceiro, aonde ir para exigi-los. É preciso ainda promover a educação em direitos não só para as mulheres, mas para toda a população. Precisamos mostrar que nós, mulheres, não queremos acesso à Justiça porque somos vítimas, mas porque somos sujeitos de direitos.”
Embora a Lei Maria da Penha, promulgada em 2006, tenha sido uma espécie de divisor de águas no combate à violência contra a mulher, ainda há muitas barreiras a serem vencidas para que esses números desoladores deixem de ser realidade. 
A violência psicológica sob o olhar jurídico é vista como crime de lesão corporal, pois esse crime não só protege a integridade do corpo, mas de todo o ser do indivíduo, inclusive a saúde mental e psicológica. Para se provar esse crime não basta apenas a reclamação no registro de ocorrência, é necessário avaliação psicológica, psiquiatra, testemunhas dentre outras provas que demonstrem que houve de fato a violência. Quanto comprovado o dano psíquico, o agressor é passível de condenação e cumprimento de pena de acordo com o código penal.
Em setembro de 2019, o magistrado Marcelo Volpato de Souza, a partir de laudo psicológico fundamentado, condenou um ex-marido à pena de sete anos de detenção pelos crimes de lesão corporal contra idosa e dano qualificado. O casal conviveu por nove anos, sempre com registros de agressão verbal e psíquica contra a mulher. 
Destaca-se que a Lei Maria da Penha em seu artigo 16, traz a possibilidade de audiência de justificação/retratação, para os crimes de natureza pública condicionada, tais como injúria, calúnia e difamação.
Em cada nível federativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Segurança Pública, a Assistência Social e os órgãos gestores das políticas de Saúde, Educação, Trabalho e Habitação têm responsabilidades específicas para a integração de funções, ações e serviços, visando à efetivação da Lei Maria da Penha e à promoção de programas e políticas educacionais que disseminem o respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de equidade de gênero, raça e etnia. 
No ano de 2004 foi elaborado o “I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres”, legitimando políticas públicas destinadas à prevenção, à assistência e a garantia dos direitos das mulheres nas áreas da saúde, educação, cultura, segurança, justiça e assistência social, com a implantação de serviços de atendimento especializado à mulher. 
Em 2005, foi implantado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o "Ligue 180", um importante serviço de disque denúncia voltado ao atendimento de mulheres em situação de violência, com abrangência nacional e encaminhamento para os diversos órgãos de proteção e defesa da mulher.
Em 2018, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB/SP) protocolou projeto de lei na Câmara para tipificar o crime de violência psicológica contra a mulher. A intenção do PL é alterar o Código Penal e incluir a prática no artigo 132, que tipifica o “perigo para a vida ou saúde de outrem”. O texto define que qualquer ação como as enquadradas no conceito de violência psicológica da Maria da Penha deveria se registrada como tal e render punição de dois a quatro anos ao agressor. Apensado a um outro PL (6622/2013) mais antigo, também de Sampaio, o texto está parado.
A deputada Aline Gurgel (PRB/AP) apresentou o PL 3441/2019. A idéia da parlamentar foi tipificar o crime de violência psicológica contra a mulher como um crime de tortura. Na justificativa, Gurgel explicou que a distinção seria benéfica porque, atualmente, os crimes que podem ser classificados como violência psicológica, como calúnia, difamação e constrangimento, não resultam na “manutenção do agressor na cadeia” na maioria dos casos. O texto foi apensado também ao 6622/2013.
4. A INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COM AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A história mostra que o Serviço Social, enquanto profissão, caminhou paralelo às conquistas do movimento feminista e apenas recentemente integrou na sua agenda a discussão relativa à problemática da violência contra a mulher. A ação e intervenção profissional dos Assistentes Sociais em demandas familiares, inclusive na questão da violência, se apresentam desafiadora, entretanto, vêm avançando com muita competência, o qual possibilita resgatar a dignidade humana. 
Profissionais da rede de assistência social e saúde têm um papel fundamental no enfrentamento à violência contra as mulheres, pois são, geralmente, os primeiros a atender as vítimas deste crime. E como a sociedade ainda culpa muito a mulher vítima pela violência sofrida, a maioria delas tem vergonha de se expor e relatar o problema por iniciativa própria. O apoio no atendimento de saúde ou psicossocial, momento em que a mulher comumente está mais vulnerável ainda que não apresente lesões evidentes, é fundamental para pôr fim ao ciclo de violência. É fundamental que esses profissionais sejam capacitados para ouvir a mulher sem pré-julgamentos e perguntar a ela sobre agressões sem a constranger, que conheçam a rede de atendimento na região da unidade de saúde/assistência para encaminhar a mulher conforme a necessidade. 
Os serviços disponíveis onde se inserem estes profissionais, tanto nas áreas da saúde, da segurança pública e da assistência social não conseguem atender às mulheres de forma integral e articulada. 
O Serviço Social atua no combate à violência doméstica inserido nas instituições que prestam atendimento à mulher vítima de violência, após a reconceituação da profissão e a defesa de um projeto ético-político em favor da construção de uma sociedade mais justa, a profissão tem sido reconhecida, valorizada e requisitada, configurando um espaço na divisão sócio técnica do trabalho, merecendo a confiança das outras profissões e entidades diversas, conquistando espaço e demarcando a identidade da assistência social.
O foco da atuação profissional do assistente social, segundo Faleiros, ou seja, o seu objeto se constrói no processo de articulação do poder dos sujeitos, no enfrentamento das questões relacionais complexas que devem ser captadas e entendidas em cada espaço profissional ocupado e em cada especificidade institucional. Assim, essas intervenções exigem dinâmicas, recursos, organizaçãoe informação e vão construindo e desconstruindo a identidade profissional nas condições históricas.
O Serviço Social, durante o seu exercício profissional juntamente com a mulher, deve propiciar uma reflexão crítica sobre a problemática vivenciada, além de se construir em conjunto com à mesmas alternativas para que ela possa se desvincular dessa situação de violência. Por isso, é fundamental o acompanhamento psicossocial, para que ela possa se sentir mais fortalecida para superar a violência sofrida. O Assistente Social atua no atendimento às mulheres que já efetivaram a denúncia ou que irá fazê-la. Esse acompanhamento é de suma importância na medida em que o Serviço Social tem o papel de empoderar a mulher durante esse processo.
Uma importante ferramenta do/a assistente social é o acolhimento, que pretende ser includente e humanizado. É um instrumento que direciona para o acesso a bens e serviços. Acompanha esta ferramenta a escuta sensível, que Barbier (2010), afirma se tratar de 
“um escutar-ver”. A escuta sensível se apóia na empatia. O pesquisador deve saber sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para poder compreender de dentro suas atitudes, comportamentos e sistema de idéias, de valores de símbolos e de mitos. A escuta sensível reconhece a aceitação incondicional de outrem. O ouvinte sensível não julga, não mede, não compara. Entretanto, ele compreende sem aderir ou se identificar às opiniões dos outros, ou ao que é dito ou feito.
Intervir profissionalmente em processos sociais e institucionais no enfrentamento da violência conjugal significa materializar a ética que compromete assistentes sociais na luta por direitos sociais na perspectiva de uma sociedade emancipada. É imprescindível que os profissionais que atendem as denúncias, bem como a população, estejam preparados para direcionar um olhar atento que possibilite à pessoa se identificar como vítima ou ter condições de perceber a violência ainda em estágio inicial. Que o profissional esteja de posse dos conhecimentos da violência sob a perspectiva dos Direitos Humanos e crimes contra a pessoa e possibilite à vítima e às demais pessoas de suas relações a compreensão dos mesmos, favorecendo a busca de soluções por meio de mecanismos legais e do exercício da cidadania. 
Prestar um atendimento respeitoso, de modo a contribuir para que a vítima possa se expressar livremente, o que propiciará a clara exposição dos fatos, tendo como conseqüência o entendimento da dinâmica da violência e a maior chance de solução da situação, devido ao aniquilamento da auto-estima pela qual passa a vítima, o profissional tem condições de propiciar o resgate da mesma, uma vez que oportuniza um espaço de escuta e de valorização da pessoa como um todo, o profissional também deve reconhecer as conseqüências da violência pregressa nas vítimas que estão sendo revitimizadas, ou nos perpetradores da violência, pode subsidiar o profissional a encontrar saídas para as dificuldades da vítima e fortalecer a mulher agredida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência doméstica constitui-se hoje não apenas como um problema individual característico de uma dinâmica de relacionamentos fragilizados, mas sim um problema do âmbito das políticas públicas tanto na questão social, quanto da saúde física devido a agressões que sofrem de seus companheiros que deixam marcas perceptíveis em seus corpos, quanto a psíquica que deixam cicatrizes invisíveis, afetando o psicológico e emocional das vítimas, causando bastante sofrimento e interferindo significativamente em sua qualidade de vida.
A prevenção da violência psicológica pode ser pensada como uma estratégia de prevenção da violência de modo geral, isto é, não só da violência familiar, mas também da institucional e social. O fato de uma pessoa crescer e desenvolver-se numa família violenta pode repercutir na forma de aprendizado de solução de problemas, produzindo um padrão de comportamento violento.
Constata-se que a desinformação ainda é presente em todos os níveis de ensino, tanto em relação às formas de violência que ocorrem no dia-a-dia, como em relação à existência de serviços para atendimento às vítimas. Esse desconhecimento geral torna-se agudo quando se trata de violência psicológica. Parece existir uma verdadeira negação de que fenômenos como humilhação, desqualificação, críticas destrutivas, exposição a situações vexatórias, bem como desvalorização da mulher como mãe e como amante constituem, de fato, formas de violência contra a mulher e que, muitas vezes, culminam na violência física. A reação de cada mulher à sua situação de vitimação é única. Estas reações devem ser encaradas como mecanismos de sobrevivência psicológica que, cada uma, aciona de maneira diferente para suportar a vitimação.
Provavelmente, todos nós, ainda que num nível superficial, vivenciamos algum desses tipos de violência psicológica. Na escola, em casa, no trabalho, entre conhecidos, na rua, fomos vítimas ou quem sabe agressores. Daí a importância de tomarmos consciência do mal que podemos fazer e renunciar a esse tipo de atitude. Num mundo que, cada vez mais, vive a violência de tantos tipos, precisamos, a partir de nós, romper com todo tipo de agressão, desde os nossos mais simples gestos.
O/a Assistente Social pode realizar e incentivar pesquisas de incidência e prevalência da violência de gênero, além de sugerir o treinamento dos demais profissionais de saúde na intenção de assegurar que as vítimas não sejam vitimizadas novamente por estes serviços. Organizar eventos na área e militar nos conselhos a fim de descobrir alternativas e possibilidades para uma atuação que enfrente todos os desafios postos a essa área, decifrando as situações apresentadas, capacitando-se para o trabalho com as mulheres, trabalhado para a transformação no modo das condições de vida, na cultura de subalternidade imposta às mulheres.
É de suma importância o aprofundamento do Assistente Social a essa questão, pois é ele que vai mediar e intervir através de informação e da orientação à essas mulheres que são vítimas de violência e têm seus direitos violados. Portanto, o combate e a erradicação da violência contra a mulher não dependem apenas recursos humanos e financeiros, mas necessita urgentemente de um olhar diferenciado por parte das autoridades políticas e da presença e luta de toda a sociedade, pois a minoria não combate esse descaso.
As estratégias de prevenção precisam ser ampliadas, fazendo com que as mulheres conheçam os serviços, confiem neles a ponto de buscá-los antes mesmo da ajuda policial, pois quando estes serviços forem acessados é porque foram esgotadas todas as possibilidades de diálogo entre o casal.
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