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VARICELA CONGÊNITA INTRODUÇÃO Agente: Vírus de DNA varicela-zoster da família Herpesviridae, que causa infecções primária (varicela), latente (nos gânglios nervosos sensoriais) e recorrente (herpes zoster). Patogenia: O vírus é transmitido por gotículas e pelo líquido das lesões cutâneas, sendo o período de contagiosidade de 24 a 48 horas antes do aparecimento das erupções até 3 a 7 dias após o exantema (até todas as vesículas tornarem-se crostas). Transmissibilidade: O momento da gestação em que ocorre a infecção primária materna (varicela) determina o tipo de doença no recém-nascido, podendo ser: • Congênita: decorrente da infecção no 1º ou 2º trimestres da gestação. • Neonatal: infecção materna no 3º trimestre gestacional ou até 10 dias após o parto. Imediatamente antes (5 dias) ou após (48h) o parto ⇨ Forma mais grave (risco de varicela disseminada). Risco de transmissão fetal de 25% quando a infecção ocorre nas primeiras 20 semanas de gestação; apenas 2% apresentarão embriopatia pelo vírus. QUADRO CLÍNICO INFECÇÃO CONGÊNITA: • Nervos sensoriais: lesões cutâneas cicatriciais (seguindo trajeto de um dermátomo); hipopigmentação. • Olhos: microftalmia, catarata, coriorretinite, atrofia óptica. • SNC: microcefalia, hidrocefalia, calcificações. • Plexos nervosos cervicais e lombossacro (fibras simpáticas, motoras e sensitivas): HIPOPLASIA de extremidades, déficit motor e sensitivo, síndrome de Horner, disfunção esfinctérica anal e retal. INFECÇÃO NEONATAL: Febre e exantema polimórfico maculopapulovesicular disseminado típico da varicela, que pode ser, inclusive, hemorrágico e cursar com visceralização (comprometimento de outros órgãos, como fígado) nos casos mais graves. Obs.: criança pequena que fica ‘cansada’ durante as mamadas => pensar em insuficiência cardíaca DIAGNÓSTICO E INVESTIGAÇÃO O diagnóstico da síndrome da varicela congênita é baseado no histórico de varicela na gestação combinado com os estigmas observados no feto. O diagnóstico da varicela neonatal é feito pelo encontro do exantema polimórfico associado à história de varicela materna no final da gestação, podendo ser confirmado pela identificação do vírus varicela-zoster nas lesões cutâneas por fluorescência direta ou pelo teste de amplificação da reação em cadeia de polimerase (PCR). O vírus também pode ser identificado por cultura tecidual, mas esse exame demora de 3 a 10 dias. A sorologia tem pouca utilidade. TRATAMENTO ↪ Não há necessidade de tratamento antiviral da síndrome de varicela congênita, pois o dano fetal causado pelo VZV não progride após o parto. ↪ Apenas a varicela neonatal deve ser tratada com aciclovir endovenoso por 10 dias (10mg/kg/dose de 8 em 8 horas) e outros cuidados de suporte de acordo com sua gravidade. PREVENÇÃO ↪ A principal forma de profilaxia da varicela no recém-nascido é a vacinação prévia das mulheres em idade fértil suscetíveis (não faz parte do calendário vacinal do MS). ↪ Imunoglobulina para a gestante suscetível que entra em contato com caso de varicela. ↪ Os RNs de mães que desenvolveram o quadro de varicela entre 05 dias antes e 02 dias após o parto devem receber imunoglobulina específica para varicela-zóster.