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Página | 1 Histologia do sistema digestório – O tubo digestório (parte 1) Estrutura geral do sistema digestório Tubo oco composto por um lúmen circundado por 4 camadas: • Mucosa: composta pelo epitélio e sua lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo. Essa lâmina própria é rica em macrófagos e células linfoides do GALT (tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal). • Submucosa: composta por tecido conjuntivo e o plexo de meissner (plexo submucoso). • Muscular: Composta por duas subcamadas, uma circular interna e uma longitudinal externa. Entre essas camadas é encontrado o plexo de auerbach (plexo mioentérico). • Serosa: camada delgada de tecido conjuntivo frouxo recoberto pelo mesotélio. Na cavidade abdominal o mesotélio é denominado de peritônio visceral e parietal, já em outros locais onde o tubo está unido a outros órgãos, a serosa é substituída pela adventícia (e. g. esôfago). Cavidade Oral A cavidade oral é recoberta por tecido epitelial do tipo estratificado pavimentoso não queratinizado, sendo possível a presença de regiões queratinizadas. A lâmina própria tem papilas similares a encontrada na derme. Nos lábios observa-se a brusca transição entre os tipos de epitélio. O palato mole contém musculo estriado esquelético e glândulas mucosas, além de nódulos linfoides. Língua: É uma massa muscular estriada esquelética recoberta pela mucosa fortemente aderida a musculatura. A superfície ventral (inferior) é lisa, mas a dorsal é composta por muitas eminencias, as papilas. As papilas são elevações do epitélio oral que admite 4 formas diferentes: filiformes (formato cônico alongado), fungiformes (assemelham-se a cogumelos), foliadas (duas ou mais rugas separadas por sulcos), circunvaladas (grandes circulares com superfície achatada). A maioria das papilas apresentam botões gustativos, estruturas em forma de cebola com uma abertura, o poro gustativo. Na língua existem numerosas glândulas serosas, as glândulas de Von Ebner, que secreta seu conteúdo no interior de depressões que circundam cada papila, possibilitando a remoção de partículas Os plexos nervosos do sistema digestório são compostos por agregados de células nervosas que formam pequenos gânglios parassimpáticos. Página | 2 sensitivas ao botões para renovação do paladar. Dentes: A dentição de um humano adulto é composta por 32 dentes, organizados em 4 quadrantes nos ossos maxilar e mandibular. Cada quadrante contém 2 incisivos, 1 canino, 2 pré-molares e 3 molares. Vinte desses é precedido por um dente decíduo (de leite). Cada dente contém uma coroa, porção que se exterioriza, e raízes, que fixam o dente aos alvéolos, alojamento ósseo. Recoberto pelo esmalte na coroa e pelo cemento nas raízes, ambos tecidos mineralizados. Internamente encontramos a dentina circundando a cavidade pulpar, que contém a polpa dental. • Dentina: Composto por fibrilas de colágeno tipo 1, glicosaminoglicanos, fosfoproteínas, fosfolipídios e sais de hidroxiapatita. Sua matriz orgânica é formada pelos odontoblastos, que apresentam os chamados prolongamentos odontoblásticos (fibras de tomes) ao longo de toda a dentina. A matriz produzida inicialmente não mineralizada é chamada de pré-dentina. Sua mineralização ocorre após o surgimento de vesículas contendo cálcio e fósforo produzidas pelos próprios odontoblastos, as vesículas da matriz. • Esmalte: é o componente mais duro do corpo humano. Composto 96% de mineral, principalmente os cristais de hidroxiapatita. Produzido apenas durante o desenvolvimento do dente pelos ameloblastos com sua matriz orgânica composta de amelogeninas e enamelinas. O esmalte é organizado em colunas alongadas, os prismas do esmalte, unidas entre si pelo esmalte interprismático. • Polpa dental: Tecido conjuntivo frouxo cujos principais componentes são fibroblastos, odontoblastos e uma matriz com fibrilas de colágeno. Tecido altamente vascularizado e inervado através do forame apical. • Periodonto: Corresponde as estruturas responsáveis por manter os dentes nos ossos maxilar e mandibular. Consiste em cemento, ligamento periodontal, osso alveolar e gengiva. o Cemento: semelhante ao tecido ósseo, porém sem estruturas como sistemas harvesianos e vasos sanguíneos. Apresentam cementócitos, análogos a osteócitos, organizados em lacunas e nutridos pelo ligamento periodontal. o Ligamento periodontal: tipo de tecido conjuntivo especial cujas fibras são arranjadas em feixes grossos (fibras de sharpey). Essas fibras são organizadas penetrando o cemento e as paredes ósseas do alvéolo, suportando pressões e permitindo movimento limitados do dente Página | 3 o Osso alveolar: um tipo imaturo de osso cuja organização das fibras colágenas difere do osso adulto normal. Isso permite que seja atravessado por vasos sanguíneos, os vasos perfurantes. o Gengiva: membrana mucosa aderida ao periósteo. Esôfago Tubo muscular cuja função é transportar o alimento da boca até o estômago. Próximo ao estomago existem glândulas esofágicas da cárdia produtoras de muco. A presença de tecido muscular estriado esquelético se dá em quase todo órgão, exceto na região mais distal. Apenas a porção do esôfago na cavidade peritoneal é recoberto por uma serosa. Estômago Responsável pela digestão parcial dos alimentos com função endócrina e exócrina. É um segmento dilatado relacionado com a digestão química (produção de HCl, pepsina, lipase gástrica, fator intrínseco e hormônios). São identificadas 4 regiões: cárdia, fundo, corpo, piloro ou antro. O fundo e o corpo são histologicamente idênticos, sendo então analisado em 3 regiões para a histologia. A mucosa gástrica é rica em epitélio glandular tubular que desemboca em uma área denominada fosseta gástrica. Cárdia: área de transição entre o esôfago e o estômago. Sua mucosa contém as chamadas glândulas da cárdia, produtoras de muco e lisozima, mas também poucas células parietais. Fundo e corpo: As suas glândulas contem 3 regiões distintas com diferente distribuição de glândulas: istmo, com células mucosas, células- tronco e células parietais, colo, com células tronco, mucosas do colo e parietais, e base, com células parietais e zimogênicas. Página | 4 • Células-tronco: células colunares baixas com elevada taxa de mitoses. Sua atividade é de reposição para outras células e glândulas do órgão. • Células mucosas do colo: observadas agrupadas ou isoladamente entre as células parietais. Seu muco, além de função protetora contra o ácido, também apresenta atividades antibióticas. • Células oxínticas: células arredondadas ou piramidais com elevado número de mitocôndrias e uma invaginação circular profunda, formando um canalículo intracelular. Essas células podem se apresentar com diferentes conformações tubulovesiculares a depender do grau de atividade secretora. • Células zimogênicas: Células abundantes na porção basal com produção característica de pepsinogênio e lipase gástrica. Células enteroendócrinas também são presentes na base produzindo hormônios como grelina e serotonina no corpo. Piloro: apresenta fossetas gástricas mais profundas e glândulas mais curtas. A região pilórica possui muitas células g, produtoras de gastrina, Intestino Delgado É o sítio terminal de digestão dos alimentos. É dividido histologicamente em 3 segmentos: duodeno, jejuno e íleo. O revestimento do intestino delgado apresenta uma série de pregas permanentes (plicae circularis) mais evidentes no jejuno (dedos de luva), mas também presentes no duodeno e íleo. Na camada mucosa, as vilosidades intestinais (villus) são projeções alongadas, cujo epitélio é do tipo cilíndrico simples formado por células absortivas, enterócitos, e células caliciformes. O intestino também apresenta criptas, invaginações da mucosa representando um compartimento proliferativo dointestino com variados tipos celulares. • Células absortivas: células colunares altas cuja membrana apresenta microvilosidades criando uma borda em escova, promovendo um aumento de 600x na superfície intestinal, resultando em uma área de aproximadamente 200m2. • Células caliciformes: produtoras de mucina, glicoproteínas que interagem entre si para originar o muco, cuja função é proteção e lubrificação do revestimento. • Células de Paneth: células exócrinas localizadas na porção basal das criptas especializadas na produção de lisozimas e defensinas, cuja atividade antibacteriana é fundamental para o controle da microbiota intestinal. • Células tronco. Página | 5 • Células M: células epiteliais especializadas que revestem as placas de Peyer, localizadas no íleo. Essas células podem funcionar como apresentadoras de antígenos para macrófagos ou células linfoides subjacentes. Além dos tipos celulares já discutidos, o sistema digestório apresenta uma ampla variedade de células enteroendócrinas e do sistema neuroendócrino difuso. Estomago: Células G (gastrina), D(somatostatina). Intestino: Células S (secretina), I (CCK), K (GIP), L (GLP1), Mo (motilina), D(somatostatina). A submucosa apresenta no duodeno, as células da mucosa duodenal produtoras de muco (glândulas de Brunner) fundamentais para o diagnostico diferencial do órgão. Já o íleo apresenta numerosos nódulos linfáticos chamados nesse órgão de Placas de Peyer. Intestino grosso Constituído por ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, sigmoide, reto e ânus. Caracterizado por abundancia de células caliciformes e ausência de vilosidades e pregas, exceto no reto. Especializado em absorção de água, fermentação, formação de muco e produção da massa fecal. A camada muscular externa apresenta as fibras unidas entre si formando 3 bandas longitudinais, denominadas tênias do cólon. Glândulas de Lieberkuhn são comuns nesse órgão (glândulas tubulares). Obs.: As células do sistema digestório estão sempre se renovando a partir das células tronco presentes na luz. O apêndice, por exemplo, tem um fundo cego e por não ser renovado rapidamente está susceptível a inflamações. Mecanismos de defesa do TGI: sIgA, Junções oclusivas, grande quantidade de macrófagos e linfócitos formando o GALT Página | 6 Histologia do sistema digestório – Glândulas anexas (parte 2) Os órgãos acessórios ao sistema digestório incluem as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. Suas secreções apresentam importante atividade para o funcionamento ideal desse. A saliva, além de umidificar e lubrificar a mucosa oral, inicia a digestão de carboidratos, secreta substancias bactericidas e mantem o PH adequado. O pâncreas atua produzindo enzimas digestivas e secretando hormônios fundamentais, como insulina e glucagon. Já o fígado produz bile e participa do metabolismo de inúmeros nutrientes. Glândulas salivares São glândulas exócrinas que produzem saliva. Além das pequenas dispersas na cavidade oral, existe as glândulas salivares maiores: parótida, sublingual e submandibular. Essas glândulas são revestidas por uma capsula de tecido conjuntivo e são organizadas em terminações secretores e um sistema de ductos separados entre si por septos que surgem do tecido conjuntivo. • Células seroras: têm formato piramidal e apresentam características de células polarizadas secretoras de proteínas. Formam entre si uma massa esférica denominada ácino, contendo lúmen central. • Células mucosas: têm formato cuboide. Exibem características de células secretoras de muco. Seu exsudato é composto por glicoproteínas do tipo mucina (70%). Sua organização se dá frequentemente em forma de túbulos. A distribuição dessas células nas glândulas submandibular e sublingual estão arranjadas de uma forma característica com as mucosas formando túbulos e as serosas em forma de semiluas serosas nas extremidades dos túbulos. • Células mioepiteliais: Duas ou mais células mioepiteliais envolvem a terminação secretora, várias são as características em comum com as células musculares, como a contratilidade, mas estabelecem junções entre si e as células secretoras. Apesar de sua contração acelerar a secreção de saliva, sua função está mais ligada a prevenção da distensão excessiva durante a secreção. Sistema de ductos: Glândula parótida: glândula acinosa composta. Constituída exclusivamente de glândulas serosas com atividade excretora de proteínas e principalmente amilases. Glândula submandibular: glândula tubuloacinosa composta. É uma glândula que possui porções serosas (90%) e mucosas (10%). Suas células serosas apresentam uma fraca atividade de produção de amilase, estando relacionadas a lisozimas. Ductos intercalares Ducto estriado Ductos interlobulares (excretores) Página | 7 Glândula sublingual: glândula tubuloacinosa composta. É uma glândula que possui porções mucosas e serosas, sendo predominantemente mucosa. Pâncreas O pâncreas é uma glândula mista, cuja função exócrina está associada a ácinos serosos e sua função endócrina está associada às ilhotas de Langerhans. Uma característica marcante é a presença de células dos ductos intercalares invadindo o lúmen do ácino, nas células centroacinosas, além de uma extensa rede de capilares. A concentração de zimogênios nas células secretoras varia de acordo com a fase digestiva, aumentando em jejum. A atividade pancreática é regulada por dois hormônios, a colecistocinina e a secretina, além da ação parassimpática. Por meio desses a secreção exócrina é aumentada em resposta aos compostos orgânicos dos alimentos (cck) e em resposta à acidez do quimo no duodeno e pela agressão dessa à mucosa do órgão. Fígado Segundo maior órgão do corpo, é o responsável pelo processamento, armazenamento e metabolismo dos compostos da digestão, uma interface entre o sistema digestório e o sangue. Todos os compostos chegam ao fígado pela veia porta hepática, exceto os quilomícrons, que utilizam as vias linfáticas. O fígado também produz bile como excreção e produz importantes proteínas plasmáticas. Lóbulo hepático: O componente estrutural básico do fígado são os hepatócitos. Em cortes histológicos, essas células estão agrupadas em lóbulos hepáticos, estrutura poligonal. Na periferia dos lóbulos, encontramos ductos biliares, vasos linfáticos e vasos sanguíneos. Quando artérias, veias e ductos biliares estão presentes em um vértice, a estrutura recebe a denominação de espaço porta, a tríade portal. Os hepatócitos se organizam como placas, enfileirados, sendo separados por espaços que contém capilares sinusoides hepáticos. O espaço entre os sinusoides são separados dos hepatócitos por um espaço endotelial, o espaço de Disse. O espaço de disse contém propriedades fisiológicas muitas importantes. Líquidos provenientes do sangue percolam do capilar em contato íntimo com os hepatócitos possibilitando um grande fluxo de troca de substancias. Além das células endoteliais, células de Kupffer (macrófagos) também se encontram presente metabolizando hemoglobinas velhas, destruindo bactérias, etc. Células de Ito, armazenadoras de lipídeos e ricas em vitamina A, também se apresentam no fígado saudável. Suprimento sanguíneo do fígado: 80% derivam da veia porta. 20% derivam da artéria hepática. Observa-se que os lóbulos são vascularizados da periferia para o centro justificando algumas patologias que afetam a periferia ou o centro dos lóbulos. • Sistema portal venoso: a veia porta se ramifica enviando vênulas portais para os espaços porta. Essas veias ramificam-se em vênulas distribuidoras que desembocam nos capilares sinusoides convergindo radialmente para formar a veia centrolobular. Ao longo da extensão do órgão essas veias aumentam de Página | 8 calibre e se fundem para formar a veia sublobular, veia hepáticae veia cava inferior. • Sistema arterial: a artéria hepática ramifica-se formando as artérias interlobulares dos espaços porta. Algumas dessas irrigam o espaço porta em si, e outras desembocam nos capilares sinusoides suprindo a necessidade de oxigênio e nutrientes dos hepatócitos. Hepatócitos: células poliédricas que formam a estrutura básica do lóbulo hepático. Aparecem bem coradas com hematoxilina-eosina pelo citoplasma eosinófilo. Cada hepatócito está em contato direto com um capilar sinusoide em um lado e com um canalículo biliar do outro. O fluxo da bile é contrário ao sangue saindo do centro para a periferia onde anastomosam formando os dúctulos biliares (canais de Hearing) e os ductos biliares do espaço porta. Quanto a produção dessas células, no seu REL, a bilirrubina produzida pelos macrófagos é solubilizada pela adição de glucuronato e excretado pela bile. Armazena glicogênio e triglicerídeos, sendo uma das principais fontes de energia para a utilização pelo organismo. Participam da desintoxicação, metabolismo de purinas formando ácido úrico e colesterol, produz também proteínas plasmáticas como albumina, protrombina, fibrinogênio. O fígado também é responsável por realizar a gliconeogênese e ser o principal local de desaminação de aminoácidos. Obs.: O fígado contém um considerável potencial de regeneração nos seres humanos, podendo ser utilizado para transplantes cirúrgicos. Trato biliar Os ductos biliares, os ductos hepáticos e o ducto colédoco são todos revestidos em sua mucosa por epitélio simples cúbico. Vesícula biliar Órgão oco em formato de pera. Apresenta um epitélio colunar simples e lâmina própria com musculatura lisa, tecido conjuntivo perimuscular e uma membrana serosa. Pode ser visível glândulas mucosas. Veia porta Vênulas portais Vênulas distribuidoras capilares sinusoides Veia centrolobular Veia sublobular Veia hepática Veia cava inferior Canalículos biliares Dúctulos biliares Ductos biliares Ductos hepáticos D e E Ducto colédoco
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