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1 DOCÊNCIA ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MODALIDADE REMOTA: PERSPECTIVAS ATUAIS ROCHA, Ione Gonçalves da RESUMO: O ano de 2020 foi revolucionário para a educação principalmente para a Educação de nível Fundamental, anos iniciais. A Pandemia, imposta pela COVID-19 ocasionou a necessidade de que novas configurações metodológicas fossem construídas em função do isolamento social, consequentemente do ensino remoto. Esse artigo trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada através de revisão bibliográfica tendo como objetivo promover reflexões sobre o desenvolvimento de ações que visem intervenções pedagógicas práticas e efetivas, diminuindo a problemática sobre os diversos agentes que dificultam a efetivação do processo ensino-aprendizagem na Educação Fundamental, anos iniciais, durante o ensino remoto. Como resultado será possível demonstrar que os esforços para assegurar a inclusão e o direito à educação de qualidade, durante tal modalidade, se torna viável através da interação entre gestão escolar, gestão pedagógica e família sendo que o planejamento do professor, baseado em novas tecnologias metodológicas, pode ser essencial, aumentando consideravelmente os resultados positivos nesse processo. Logo, pode-se concluir que apesar das grandes lacunas quanto ao conhecimento e desenvolvimento acerca do ensino remoto e Educação Fundamental durante a pandemia, ações práticas baseadas em novas tecnologias, planejadas de forma simples, mas eficiente podem melhorar todo o processo ensino-aprendizagem deixando-o dinâmico, mais humano, eficaz e menos excludente. Palavras-chave: Ensino Fundamental. Anos iniciais. Ensino Remoto. Aprendizagem Significativa. 1-INTRODUÇÃO A partir da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, o ensino fundamental, juntamente com a educação infantil e o ensino médio, passaram a compor a Educação Básica. E após o ano de 2009, o Ensino Fundamental deixou de ser a única etapa considerada obrigatória na educação nacional, essa condição foi alterada pela Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009 que amplia a obrigatoriedade para a partir dos 04 até os 17 anos de idade. Devido a condição de obrigatoriedade, o Ensino Fundamental, mais especificamente as fases iniciais, é foco das principais políticas educacionais do país, buscando a escolarização de seus cidadãos. 2 De acordo com a legislação nacional, todas as orientações do Ensino Fundamental, anos iniciais, principalmente na modalidade remota, necessitam de um ensino adaptado às distinções e às necessidades individuais de cada aluno, com isso, é evidente que os educadores precisam desenvolver habilidades para que possam intervir com competência junto a estes alunos. A pandemia do COVID-19 impôs, através das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a necessidade do isolamento social e o fechamento das escolas, acrescentando um enorme desafio à garantia de acesso, permanência e aprendizagem dos estudantes, principalmente aos alunos de nível fundamental. Logo, foram necessárias ações articuladas e políticas públicas que garantam a educação, segurança e bem estar. Segundo Greenberg (2005), a palavra pandemia vem do grego e significa: pan - tudo/todos e demos - povo, ou seja, é uma epidemia de uma certa doença infecciosa que acaba por se espalhar entre a população de um continente, uma região geográfica ou até mesmo de todo o planeta Terra, e nesse caso o isolamento social é a forma mais precisa e eficiente de cuidar de si e dos outros, o fator crucial então é o uso de ferramentas que minimizem os aspectos excludentes para as pessoas mais vulneráveis. No entanto, na educação o distanciamento social tem potencializado as diferenças sociais e a desigualdade de acesso uma vez que, o sistema remoto de ensino exige, na maioria dos casos, acesso à internet e a equipamentos, o que não é a realidade para muitos brasileiros, principalmente, com relação a educação fundamental, anos iniciais, esse sistema não está sendo inclusivo uma vez que, a maior parte dos alunos ainda não estão alfabetizados. Logo, o objetivo desse trabalho é promover reflexões que visem desenvolvimento de ações e intervenções práticas e efetivas, baseadas, principalmente, em novas tecnologias, para serem desenvolvidas com alunos da Educação Fundamental, anos iniciais, disponibilizando ferramentas para a adequação do ensino remoto. A justificativa dessa pesquisa se pauta nesse momento nada comum que estamos vivenciando, gerando o distanciamento social, o fechamento das escolas, o que ocasionou a suposta ineficácia de como o ensino remoto está chegado aos alunos da Educação Fundamental, anos iniciais. 3 A metodologia se baseia na abordagem de uma pesquisa descritiva, realizada através de revisão bibliográfica. O texto discorrerá a partir da análise de como e porquê da necessidade de aulas remotas inclusivas durante a Pandemia imposta pelo Covid-19. No tópico e subtópicos 3, serão enunciadas as dimensões fundamentais para um ensino remoto de sucesso ocasionando a aprendizagem significativa na Educação Fundamental, anos iniciais. A conclusão demonstrará que apesar das grandes lacunas quanto ao conhecimento acerca do ensino remoto e Educação Fundamental, anos iniciais, durante a pandemia, ações práticas baseadas em novas tecnologias, planejadas de forma simples, mas eficiente podem melhorar todo o processo ensino-aprendizagem deixando-o dinâmico, mais humano, eficaz e menos excludente. 2- AULAS REMOTAS INCLUSIVAS A falta de acessibilidade e ou adesão as aulas remotas demonstram uma triste realidade, que o ensino a distância não é para todos. As aulas híbridas talvez tenham surgido como uma tentativa de preencher as lacunas deixadas quando as escolas fecharam as portas subitamente diante do isolamento social; no entanto, talvez não tenha sido o suficiente para atender às expectativas quanto ao processo de ensino- aprendizagem. Muitas vezes essas aulas são inviabilizadas pela falta de acesso de professores e discentes à internet, limitações quanto ao conhecimento em lidar com os equipamentos e ferramentas tecnológicas, dificuldade e falta de condições econômicas para manter o acesso on-line, perda familiar em razão da doença, dentre outras questões. Na tentativa de chegar mais perto da realidade das vivências da infância no Ensino Fundamental, a psicopedagoga Doutora em distúrbios do desenvolvimento Léon (2020) afirma que “é possível adaptar as aulas para atender as necessidades dos alunos sem exigir muito, que o ideal seria realizar ajustes no conteúdo disponibilizado, na forma de explicação e no uso de diferentes recursos, se apropriando, principalmente, de atividades lúdicas.” 4 Os alunos dos anos iniciais precisam de um canal para constantes diálogos sobre suas emoções, suas rotinas e como estão as relações em casa, isso irá promover mais a interação aluno-professor, do que apenas o foco no conteúdo acadêmico, uma vez que a situação de isolamento físico é estressante para todos, mas principalmente para os alunos que estão na fase de letramento e alfabetização e precisam de constante interação social, pois longe das escolas não encontram as condições para o seu aprimoramento. Para o bom andamento do processo de ensino remoto nos anos iniciais, o professor tem papel fundamental para a garantia de autonomia e aprendizagem, fazendo toda a diferença quando se trata do desenvolvimento da aprendizagem e socialização é preciso estar preparados para cada desafio que possa surgir, pois como informa Jakubowicz (2020), “durante a pandemia, crianças que já apresentavam progressos e consideráveis avanços no que diz respeito à autonomia e autoconfiança e não tiveram contato através de vídeo aulas, principalmente de forma síncrona, com o professor e o restante da turma, retrocederam em virtude da ausênciadesses profissionais e da importante interação com os colegas.” Com isso, as aulas remotas devem contar com a eficiente intervenção pedagógica do professor regente em todos os canais disponíveis, pela escola (e-mail, Google classroom, hangoust, meet, whatsapp), para interação, e a utilização correta dessas novas tecnologias, que pode facilitar, consideravelmente, o desenvolvimento de todo processo ensino-aprendizagem dos alunos da Educação Fundamental, anos iniciais. Ao incluir novas ferramentas, estratégias de ensino e com o domínio de novas linguagens, novas tecnologias, o professor da sequência à programação didática que seria proposta para um ano letivo “normal”. Lembrando sempre que, o uso de recursos tecnológicos exige novos protocolos éticos, envolvendo responsabilidade, domínio de competências digitais e autonomia. Por isso, a importância do envolvimento de toda comunidade escolar no processo, estabelecendo assim, que todos os membros envolvidos teriam de cumprir com seus compromissos de modo responsável, assegurando a mesma qualidade de antes. Assim, a eficiência do ensino remoto é construída e incentivada por meio de um trabalho extremamente organizado, com foco em informações claras e objetivas sobre o projeto do conhecimento. 5 LEONEL 2020, afirma que as formas mais eficientes de ensinar alunos dos anos iniciais nas aulas remotas devem contar com momentos de estimulação, ludicidade e acolhimento através de recursos como plataformas acessíveis, favorecendo assim, o rompimento das barreiras e o acesso à educação. Além da realização das aulas online, as soluções das ferramentas digitais podem ser aproveitadas no compartilhamento de conteúdo, na disponibilização de materiais de apoio, liberação das aulas completas gravadas e na prática do feedback sobre as atividades. Para tanto seria necessário e ideal, que a escola capacite professores, mas, principalmente, pais ou responsáveis pois eles são os mais envolvidos na aprendizagem das crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental durante o período de ensino remoto emergencial (BOSSA, 2020). Mas, ainda assim, o mais importante de todo o ensino remoto é o planejamento da aula online, que como na aula presencial, deve ter como objetivo estimular a descoberta de novas competências, habilidades e a valorização do desenvolvimento socioeducativo além de, preparar e disponibilizar materiais impressos para garantir aprendizagem dos alunos sem acesso à internet. HEISLER (2020), afirma que para que esse processo seja efetivo e as aulas remotas devidamente inclusivas, é necessário que ações sejam desenvolvidas passando por 4 etapas fundamentais que são: - Mapeamento: Esse mapeamento dos alunos da Educação Fundamental, anos iniciais, é especifico para conhecimento dos fatores de acesso (à internet e equipamentos como computador, tablete ou celular) e rotina familiar (para entender melhor como a rotina do aluno está sendo afetada pelo isolamento), fazendo intervenções, com material impresso, caso haja necessidade; - Planejamento: complexo, quase individualizado, adequado à realidade do aluno a qual foi observada através do mapeamento; - Implementação do planejamento: coerente com os objetivos de aprendizagem para esses alunos anteriores ao fechamento das escolas. O foco na aprendizagem, embora lenta, mas contínua seja on-line ou através de material impresso. - Checagem constante: para que eventuais falhas das novas ferramentas, estratégias e atividades possam ser corrigidas rapidamente. 6 3- DIMENSÕES FUNDAMENTAIS PARA UM ENSINO REMOTO DE SUCESSO Toda mudança promovida pelas instituições de ensino, adotadas pelos seus discentes visam o melhor para os estudantes. Contudo, os alunos dos anos iniciais da Educação Fundamental, muitas vezes estão em ritmos e momentos diferentes de suas vidas, principalmente no que se refere ao processo de letramento e alfabetização fazendo com que as mesmas informações, os mesmos conteúdos disciplinares sejam recebidos como oportunidades de desenvolvimento para uma parcela de alunos, como desafio para alguns ou obstáculo e dificuldades para outros dificultando assim, consideravelmente, o processo de uma aprendizagem significativa. Discutir e estudar as experiencias positivas das escolas em relação a transformação do ensino presencial para o ensino híbrido, em um estágio mais avançado e menos traumático, pode ser uma excelente oportunidade de fortalecimento institucional para o enfrentamento de outras crises repentinas e duradouras como a da Covid-19. Trabalhando de forma assertiva em sala de aula virtual, o professor fará que o benéfico não seja apenas para o bom andamento e rendimento das aulas, mas também para que os estudantes estejam preparados para viver em sociedade e para enfrentar as mais diversas situações. A experimentação do ensino remoto está sendo um exercício não programado de uma metodologia pouco conhecida para muitos professores, por isso, é importante que as instituições busquem entender junto aos seus públicos-alvo a aceitação dessas mudanças buscando formas de minimizar resistências no sentido de transformarem a relação ensino-aprendizagem de forma permanente no pós-pandemia. Segundo Heisler (2020), dentro do planejamento e implementação do professor, devem ser consideradas 6 dimensões fundamentais para o sucesso dessa nova fase da educação, são eles: 3.1- ORGANIZAÇÃO E ROTINA Estruturar facilitadores para os pais e alunos planejando uma rotina através de cronogramas claros, planilhas para ajudar na realização de tarefas, aulas e trabalhos, instruções diretas e objetivas e sugestão de pequenas paradas (esticar, lanche). 7 Essas recomendações vão ajudar os alunos que estão em casa a manter o foco, a atenção e memória evitando distrações. Para tanto, o apoio das famílias é fundamental, para que os alunos consigam momentos e locais tranquilos para estudar e fazer suas atividades. De acordo com Vieira, toda educação remota necessita de organização e rotina, mas, é essencial que nos anos iniciais do Ensino Fundamental exista um direcionamento direto as crianças, uma vez que o processo de amadurecimento escolar ainda é incompleto. “É preciso exercitar a autonomia e a autodisciplina, que são competências fundamentais e que requerem um bom investimento de energia, uma vez que são exigidas também nas mais diversas esferas do mundo social e do mercado de trabalho” (VIEIRA, 2020). O direcionamento da criança nesse processo vai facilitar a auto-organização melhorando consideravelmente sua atenção, concentração e disciplina, evitando assim a procrastinação. Para tanto, Vieira (2020) diz que a adoção de práticas que facilitem a rotina da criança é essencial e podem ser desenvolvidas através de simples ações como: • fixar um horário para acordar e dormir durante as semanas de aulas; • ter à mão materiais necessários para seus estudos, como: fones de ouvido, cabos, celular e/ou computador; bem como um caderno (interessante os cadernos digitais onde é possível inserir diferentes formatos de anotações e de pesquisa); • estabelecer horários para término de atividades; • elaborar um cronograma de atividades semestrais, mensais, semanais e diárias facilitarão o reconhecimento de horários de lazer e de descanso (interessante elaborar em um recurso digital como em um planner); • manter organizada sua área de trabalho (da mesa, do computador), inserindo pastas de arquivos com nomes das disciplinas, semestres, datas (um padrão de nomenclatura ajudará o acesso e consulta); • facilitar o acesso da criança aos espaços virtuais acadêmicos disponíveis; • verificar sua caixa de e-mails, atentando para o mural de avisos deixando a criança sempre informada sobre os acontecimentos diários; 8 • estabelecer relação sadia de ensino e de aprendizagem entre professor/aluno/colegas(dialogando, comentando, indagando, contribuindo com reflexões, participando das aulas e estabelecendo vínculos); • fortalecer a sua vida em grupo virtual para estudos, trocas, trabalhos, projetos e inspirações, mesmo que essas aconteçam de forma virtual. 3.2- CONEXÃO PROFESSOR/ALUNO Segundo Oliveira (2021), estabelecer conexões com o outro relaciona-se ao trabalho com as competências socioemocionais, que, por sua vez, começa com o professor investindo em seu próprio autoconhecimento. Isso vai possibilitar que cada um conheça o que tem de potência e de vulnerabilidades, entendendo onde precisa se desenvolver para, depois, possibilitar o mesmo a seus alunos. “Ninguém ensina ou aprende bem quando não se sente visto, acolhido e ouvido”. O bom relacionamento professor/aluno faz com que o aprendizado se torne mais eficiente existindo assim, maior engajamento entre ambas as partes. Nos anos iniciais essa relação é extremamente importante, pois o aluno visualiza o professor e a escola como sendo extensões de sua família e casa. Essa relação positiva faz com que a dinâmica ensino/aprendizagem flua naturalmente, facilitando as trocas de experiências, informações e conhecimentos mantendo a motivação dos alunos e assim da sala, de maneira geral. Na Educação Fundamental, anos iniciais, o fechamento das escolhas pode significar retrocesso não somente na parte pedagógica, mas nos processos de socialização. Então, a criação de mecanismos para que essas conexões se mantenham devem acontecer, principalmente, através de construção de páginas online para compartilhar aprendizados e trabalhos entre os alunos, com mediação do professor e a própria conceção aluno/professor através de conversas individuais, sejam de apenas 10 minutos por semana, é extremamente importante, pois mesmo sem o contato físico, o acolhimento do professor é fundamental para o engajamento dos estudantes. Em relação aos alunos que não possuem acesso à internet, essa conexão é mais prejudicada, esse aluno, geralmente, tende a ser mais vulnerável socialmente e mais propício a evasão escolar. Logo, utilizar a estratégia de ligação telefônica, 9 quando possível, pode ser uma forma eficaz de manter o vínculo professor/aluno, através de conversas informais e instruções das atividades impressas que deverão ser entregues pela escola. Nesses casos, o professor precisa ter a sensibilidade e observar que o que esses alunos buscam é sentir-se amparados e acompanhados, eles querem e precisam saber quem está ao lado deles para atravessar essas incertezas, a falta de clareza sobre o futuro, assim fazer-se presente pode mudar, consideravelmente, a vida dessa criança. 3.3- COLABORAÇÃO O trabalho interdisciplinar entre professores, gestores e família é parte essencial para o desenvolvimento eficaz do ensino remoto. O papel dos gestores na transformação da educação regular em ensino remoto é mobilizar, organizar e atuar diretamente na articulação das condições exigidas para a efetivação do processo educacional. Ele tem como objetivo principal o engajamento de sua equipe, a fim de melhorar a aprendizagem dos estudantes constantemente e alcançar desempenhos positivos para a instituição de ensino. Então, cabe ao gestor à liderança em implementar iniciativas que tragam unidade e coerência à escola. Para tanto, o gestor escolar pode criar junto aos professores e pedagogos um planejamento educacional que englobe as tendências para educação, considerando as particularidades da escola evidenciando sempre um atendimento humanizado através de uma visão analítica, de suas capacidades de inovação, flexibilidade e adaptabilidade. O professor é parte essencial em todo o processo que envolve o ensino remoto, sem um bom planejamento pedagógico e aplicação de todas as ações propostas pela equipe gestora é praticamente impossível atingir uma aprendizagem significativa. Para tanto, é necessário que o professor, como profissional, desenvolva competências e habilidades socioemocionais individuais para atingir o sucesso. Tais competências e habilidades são demonstradas por Drumont (2020) da seguinte forma: • Bem-estar: entendendo que tudo começa com a relação que você desenvolve consigo. Sendo assim, é preciso estabelecer uma relação de cuidado consigo mesmo para cuidar dos outros; 10 • Confiança: ao cuidar de si, é possível desenvolver a confiança, diretamente relacionada à autoestima. Essa confiança é fundamental para um ambiente escolar que faça sentido para todos e não apenas para o aluno; • Escuta ativa: a confiança gera a escuta ativa. • Comunicação: quando eu escuto o outro eu me comunico melhor. • Inovação: se eu escuto as pessoas, eu conheço suas crenças e consigo trabalhar a inovação. • Negociação: ouvir o outro e conhecê-lo me ensina a negociar. O futuro é coletivo, assim como o ambiente escolar, as incertezas e complexidades são inúmeras. Dessa maneira, o professor ao compreender a escola a partir do conceito de comunidade, é fundamental que se pense nas comunicações e nas maneiras de se negociar e aprender com as pessoas. A participação dos pais ou responsáveis em todo o processo que envolve o ensino remoto, que vai desde a facilitação de acesso dos filhos aos materiais e aparatos necessários até a atuação direta na resolução de atividades, pode ser essencial não somente na parte pedagógica, mas para o aprendizado de valores sociais, o desenvolvimento de competências socioemocionais e a manutenção da motivação com os estudos, uma vez que a criança não terá acesso direto a outras pessoas além do grupo familiar. Por isso, as escolas, mais do que nunca, buscam formas de incentivar a sua presença nas atividades e aproximá-los do processo educativo de seus filhos, sendo eles o principal agente facilitador de todo o processo que envolve a educação remota. 3.4- EMOCIONAL De acordo com Rueda et al (2013) o desenvolvimento emocional da criança envolve o aumento da capacidade de sentir, entender e diferenciar emoções cada vez mais complexas, bem como a capacidade de autorregulá-las, para que o indivíduo possa se adaptar ao ambiente social ou atingir metas presentes ou futuras. Os desenvolvimentos emocional e social estão estreitamente vinculados entre si. Uma vez que, o componente social é fator importante do desenvolvimento emocional, ou seja, a regulação da emoção, não é menos importante para a socialização. Nas atividades sociais (por exemplo, na escola), muitas vezes é 11 necessário controlar as reações emocionais, tanto positivas (por exemplo, o entusiasmo) como negativas (por exemplo, a frustração), para que o indivíduo possa se adaptar às normas e aos objetivos. Portanto, o desenvolvimento do controle executivo é fundamental para a regulação da emoção (RUEDA et al, 2013). A escola tem grande importância na formação de vínculos, relacionamentos, que vão além do desenvolvimento cognitivo da criança nos anos iniciais, ela é fundamental para o desenvolvimento emocional e social, é vista pela criança como sua segunda casa, a extensão de sua família, um porto seguro. O afastamento da rotina escolar e da incerteza de um retorno presencial, muitos alunos começaram a apresentar comportamentos regressivos, como se desaprendessem as normas de convivência, o dividir alegrias e as emoções. As partilhas passaram a ser somente no vínculo familiar, com as limitações e singularidades de cada núcleo. O trabalho pedagógico baseado na afetividade professor/aluno e na inclusão de atividades adaptadas no formato lúdico, demonstram ser uma forma eficaz na efetivação do processo ensino/aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental pois, no ensino remoto o fator carência afetiva/emociona é maximizado devido ao distanciamento social. Devemos trazer as experiências lúdicas às crianças de forma real a fim de potencializaro seu desenvolvimento, em especial a social e emocional. “Sair das telas” nesse momento é essencial para o reconhecimento do brincar. Os pais e educadores podem utilizar o jogo como meio para o desenvolvimento das crianças (SILVA; ARAÚJO, 2019). A vivência e a experiência com as brincadeiras servem de elo entre a relação do indivíduo com a interior e realidade externa. O brincar é caracterizado como um ato de diversão, conferindo enorme dimensão simbólica e a existência de regras simples, sendo fundamental, em potencial, para o desenvolvimento integral das crianças (SILVA; ARAÚJO, 2019). Outras formas eficazes de ajudar as crianças, no quesito emocional, durante o ensino remoto e o isolamento social é ensinar e incentivar a prática de meditação e atividades físicas viáveis de serem feitas, com segurança, no ambiente doméstico. A meditação não tem a ver com a competência intelectual ou com a formação educacional, mas, possui várias influências positivas nas partes cognitivas, 12 emocionais e corporais do aluno, já as atividades físicas propriamente ditas, são relevantes para a saúde física, evitando a diminuição da força muscular pela falta de estímulos dos músculos, diminuindo a gordura corporal, aumentando consideravelmente a imunidade das crianças e para a saúde mental, a pratica exercícios físicos conta com uma significativa parceria: a produção de hormônios como a endorfina, dopamina e serotonina, conhecidos como hormônios da felicidade. Também é papel do professor, no desenvolvimento e controle emocional da criança, ajudar os alunos a construir uma atitude positiva o encorajando a se desafiar diariamente a fazer melhor, buscar suas próprias estratégias, fazer uma auto avaliação, ajudar colegas, pois tais ações podem ser formas eficientes de diminuir os fatores emocionais negativos durante a pandemia. O diálogo, a troca de experiencias entre professor/aluno/colegas, pode diminuir consideravelmente o sentimento de solidão durante o distanciamento social e na volta a escola pós pandemia. A escola precisa estar preparada para a volta do ensino presencial, não apenas em seus aspectos didáticos e metodológicos, mas sim, aberta ao diálogo e também preparando seus professores, funcionários e gestores. A escola é um espaço de formação educacional do indivíduo, mas que precisa também, propiciar esse acolhimento emocional, ser mais empática e sociável como as crianças nesse período de incertezas. Contudo, a escola e o professor não são responsáveis em resolver todos os conflitos e problemas que irão chegar até ela devido a esse período educacional tão diferente e conturbado, mas acolher, dialogar e ouvir é um exercício de humanidade. 3.5- CONTEÚDO Para um ensino remoto de qualidade é preciso muito mais do que uma adaptação, o conteúdo deve ser totalmente replanejado. Mudar o formato, utilizar as ferramentas do mundo digital, como vídeos pessoais, vídeos disponíveis por outros educadores, filmes, documentários, aplicativos, testes entre outros é essencial para dar uma nova dinâmica ao conteúdo regular. E pensando nos alunos dos anos iniciais, esse é um momento em que se tem diversas ferramentas que podem ajudar nesse 13 processo e que podem ser adotadas de forma permanente agregando valor e qualidade a Educação de nível Fundamental. Um conceito que se mostra eficaz na introdução de conteúdo nos anos iniciais é o da sala invertida (do inglês, flipped classroom) que significa a inversão da lógica do modelo tradicional em que o professor em uma aula expositiva explica a matéria no quadro para que depois os alunos façam, sozinhos, a lição de casa. Na sala invertida primeiro o aluno faz a internalização dos conteúdos essenciais antes das aulas, conteúdo que geralmente são enviados nos grupos de WhatsApp, e- mail dos pais ou através de material impresso distribuído na escola, e somente depois, esse aluno, junto à turma, discute os conhecimentos adquiridos e tira possíveis dúvidas de conteúdo com a ajuda e orientação do professor. Assim, a sala invertida pode ser uma ferramenta eficaz para o aluno no sentido de: • Desenvolver habilidades: como a autonomia, a capacidade na resolução de problemas, o senso crítico, a colaboração e a criatividade. • Protagonismo: ao estudar previamente o tema proposto, o aluno se organiza melhor, controla seu tempo e tem autonomia para seguir seu ritmo e escolher o formato que julga ter mais facilidade para assimilar o conteúdo proposto. • Otimizar o tempo de estudo: como os alunos já tiveram um contato prévio com o conteúdo antes da aula, surgem menos dúvidas e há a possibilidade de se trabalhar o conteúdo com mais rapidez e profundidade. • Conteúdo prático e debates avançados: a produção de debates mediados pelo professor, através de questionamentos e reflexões sobre o conteúdo aprendido, e podem gerar experimentos mão na massa, explorando a ludicidade, onde o aluno irá fazer o trabalho e ou brincadeira individualmente em casa e depois compartilhar os resultados com o grupo. Essa apresentação de conteúdo pode ser extremamente inclusiva e significativa. É importante lembrar que ensino remoto não é sinônimo de tarefa de casa, mas também, é importante que o aprendizado seja retomado e consolidado em uma atividade síncrona, de discussão sobre o tema, de compartilhamento e ou avaliação. Os alunos precisam de devolutivas e incentivo do professor para progredirem e efetivarem a aprendizagem de forma significativa. 14 3.6- AVALIAÇÃO Mesmo no ensino remoto, para o quesito avaliação, prevalece a determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) abrangendo sempre o ciclo completo de aprendizagem. Tais leis apontam para princípios de avaliação cuja função não é aferir a “quantidade de conteúdo assimilado”, mas sim investigar o percurso dos alunos no desenvolvimento de habilidades e competências. E é esse o foco da aprendizagem que deve nortear aulas e processo de avaliação, principalmente agora durante o ensino remoto. Todo este processo deve ser formativo: observar o progresso dos estudantes, analisar suas dificuldades e implementar novas práticas e intervenções para que se desenvolvam e aprendam. Na BNCC encontramos 10 competências a serem desenvolvidas para o processo avaliativo que devem ser empregadas no ensino remoto, são elas: – Conhecimento; – Pensamento científico, crítico e criativo; – Repertório cultural; – Comunicação; – Cultura digital; – Trabalho e projeto de vida; – Argumentação; – Autoconhecimento e autocuidado; – Empatia e cooperação; – Responsabilidade e cidadania. Logo, a avaliação será contínua e contextualizada de acordo com a trajetória individual do estudante, visando a socialização, o aperfeiçoamento dos conhecimentos anteriores, a aplicação de estratégias e ferramentas diversificadas, ações práticas, bem como a observações de possíveis intervenções. É necessário levar em consideração a falta de acessibilidade e ou adesão as aulas remotas e diversificar os instrumentos de avaliação de aprendizagem pois, as avaliações formativas são essenciais na checagem do aprendizado no ensino remoto e uma importante estratégia nesses casos são entregas em pequenas etapas para a avaliação do ensino a distância. 15 Logo, avaliar com foco no processo é, sem dúvidas, a melhor maneira de identificar e medir o progresso dos alunos em um momento em que as aulas são mediadas por tecnologias. 4- CONCLUSÃO Sem dúvida alguma, a Pandemia e o isolamento social, impostos pelo Covid- 19, trouxeram mudanças significativas para a Educação a partir do ano de 2020. Estão acontecendo importantes ações pedagógicas, novas formas de valorização do conhecimento. A manutenção dos vínculos e os cuidados com a saúde mental dos alunos, nunca foram tão importantesdurante o processo educativo, principalmente para as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Quando as adaptações e intervenções realizadas através de ações práticas, utilizando o uso de tecnologias e até mesmo através de material impresso, focando nos alunos que não tem acesso e ou não aderiram as aulas remotas, tem como base o diálogo constante professor/aluno, a preocupação em identificar como o aluno está se desenvolvendo, bem como a disponibilidade para modificar ou rearranjar situações de aprendizagem podem promover uma mudança pedagógica satisfatória garantindo a inclusão, socialização e efetivação de uma aprendizagem mais significativa dos alunos em processo de letramento e alfabetização. Logo, pode-se concluir que apesar das grandes lacunas quanto ao conhecimento acerca do ensino remoto na Educação Fundamental, anos iniciais, durante a pandemia, ações práticas baseadas em tecnologia e no processo formativo, planejadas de forma simples, mas eficiente, tendo o diálogo professor/aluno como uma constante, podem melhorar todo o processo ensino-aprendizagem deixando-o dinâmico, mais humano, eficaz e menos excludente. REFERÊNCIAS BOSSA, N. Ansiedade e covid-19, 2020. Disponível em: https://ispnb.com/ansiedade- e-covid-19/. Acesso em 13/12/21. 16 BRASIL, Emenda constitucional nº 59 de 11 de novembro de 2009. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=EMC&numero=59&ano=2009&ato=5 7ccXSE1UeVpWTd7d. Acesso em: 12/12/21. BRASIL. Lei nº 9.394 de 20/12/1996. Lei de diretrizes e bases da Educação (LDB). Brasília, 1996. DRUMONT, K. Competências e habilidades dos professores para os novos tempos. 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